Faturamento cresce, horas trabalhadas e emprego caem
O aumento do faturamento real, de 2%, destaca-se entre os dados dos Indicadores Industriais de julho. Esse foi o segundo mês consecutivo de crescimento. Contudo, esse aumento do faturamento não foi acompanhado de crescimento das horas trabalhadas na produção ou do emprego, que registraram queda pelo terceiro mês consecutivo.
A indústria registrou perdas na produção em 11 das 26 atividades pesquisadas na passagem de junho para julho, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na média global, a produção recuou 0,3%, o terceiro mês seguido de resultado negativo, acumulando perda de 1,2% no período.
"Se tem algo diferente este mês, é o fato de que o recuo ficou mais concentrado, teve um número menor de segmentos em queda. Mas tem segmentos importantes que têm comportamento de queda na margem. Essa ideia de que a queda está concentrada é verdadeira. O peso maior dessa queda está nas atividades de maior importância no total da indústria", apontou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.
Em julho, as principais influências negativas foram de outros produtos químicos (-2,6%), bebidas (-4,0%) e produtos alimentícios (-1,0%).
"Alimentos vem com característica adicional que é o terceiro mês seguido de queda na produção. Isso tem relação com açúcar. Tem uma mudança no processamento de cana de açúcar, que direciona a maior parte da cana para o etanol do que para o açúcar. Isso traz impactos negativos para o setor de alimentos", observou Macedo.
Outras contribuições negativas relevantes foram de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-3,3%) e de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-2,6%).
Na direção oposta, as indústrias extrativas tiveram crescimento de 6,0% em julho ante junho, a terceira taxa positiva consecutiva, acumulando uma expansão de 18,5% no período. Nos quatro meses anteriores, porém, houve queda na produção, quando as extrativas acumularam perda de 24,5%.
Em julho, houve retomada de unidades de extração de minério de ferro, mas também alta na produção e petróleo, apontou André Macedo.
Houve expansão também na fabricação de máquinas e equipamentos (6,0%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (6,5%), veículos automotores, reboques e carrocerias (1,5%), manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (8,4%), celulose, papel e produtos de papel (2,6%) e perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (6,2%).
Revisões
O IBGE revisou também na divulgação desta terça-feira o resultado da produção industrial em junho ante maio, de -0,6% para -0,7%.
Na categoria de bens intermediários, a taxa de junho ante maio foi revisada de -0,3% para -0,6%.
O desempenho dos bens de consumo semi e não duráveis em junho ante maio passou de -1,2% para -1,0%. A taxa de maio ante abril saiu de -1,6% para -1,5%.
Dados de julho mostram que o setor ainda enfrenta dificuldades para se recuperar. Na comparação com o mesmo mês de 2018, todos os indicadores industriais são negativos
O faturamento da indústria brasileira aumentou 2% em julho na comparação com junho, na série livre de influências sazonais. “Esse foi o segundo mês consecutivo de crescimento e a primeira vez no ano em que o faturamento cresce por dois meses seguidos”, afirma a pesquisa Indicadores Industriais, divulgada nesta segunda-feira, 2 de setembro, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Contudo, na comparação com julho do ano passado, o faturamento do setor registra queda de 0,5%.
Outros indicadores positivos em julho foram a utilização da capacidade instalada, com aumento de 0,1 ponto percentual, e a massa real de salários, que subiu 0,2% frente a junho, na série dessazonalizada. A utilização da capacidade instalada alcançou 77,7% e está 0,1 ponto percentual abaixo da verificada em julho de 2018. A massa real de salários ficou 0,9% inferior é de julho do ano passado.
No entanto, as horas trabalhadas na produção, o emprego e o rendimento médio real do trabalhador recuaram em julho. As horas trabalhadas na produção caíram 0,5% em relação a junho, na série com ajuste sazonal.
Foi a terceira queda consecutiva do indicador, que está 0,3% menor do que o verificado em julho de 2018. O emprego recuou 0,1% e o rendimento médio do trabalhador diminuiu 0,2% em julho frente a junho, na série dessazonalizada. Na comparação com junho do ano passado, a queda no emprego é de 0,5% e a do rendimento médio é de 0,4%.
“A indústria continua sem registrar recuperação significativa na comparação com 2018”, avalia a CNI. “A indústria se ressente de uma demanda mais forte, que estimule o aumento da produção e a ocupação da capacidade instalada. A redução da ociosidade é fundamental para a retomada do investimento, o que aceleraria a recuperação da indústria”, afirma o economista da CNI, Marcelo Azevedo.
SAIBA MAIS: Acesse a página de Estatísticas do Portal da Indústria e leia a íntegra dos Indicadores Industriais.
Entidade reitera importância de estratégia clara e com boa governança para conduzir modernização e diversificação da indústria diante da revolução digital
O mundo vive um momento de valorização da política industrial. O tema é particularmente caro a grandes potências econômicas em função das oportunidades e dos desafios relacionados à quarta revolução industrial - a chamada Indústria 4.0 - e quem quer liderar esse movimento. Assim, é fundamental que o Brasil construa uma política industrial que tenha como objetivo a mudança estrutural da produção - com diversificação e sofisticação do que é produzido no país - aliada ao aumento de produtividade da economia, defende a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
"Não se trata de um mero pacote de incentivo e subsídios. A política industrial mudou e tem sido utilizada por Alemanha, China e Estados Unidos, por exemplo, para desenvolver segmentos industriais e tecnologias específicas. O surgimento da própria Indústria 4.0 é exemplo disso. A experiência internacional não deixa dúvidas de que apenas melhorias do ambiente de negócios e políticas horizontais de estímulo a pesquisa e desenvolvimento, apesar de essenciais, não são mais suficientes quando a competitividade da indústria está em jogo", afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
FALHA DE MERCADO - No estudo inédito Critérios para uma nova agenda de política industrial, a CNI demonstra que nestes países a política é usada para corrigir falhas de mercado, em que é preciso a presença do Estado para coordenar esforços ou estimular o desenvolvimento de novas atividades e o fazem empregando diversos instrumentos, a depender dos desafios que a política se propõe a superar.
Uma falha de coordenação particularmente importante para o Brasil é a conectividade rural. De nada adianta desenvolver máquinas agrícolas, software e sensores se não houver banda larga no campo. Ao mesmo tempo, nenhuma empresa investirá para levar banda larga para zonas rurais remotas se não houver expectativa de retorno. O Estado, nesse caso, pode atuar como coordenador, para que os investimentos necessários sejam realizados simultaneamente, assegurando que a regulação setorial viabilize as novas atividades e tomando outras medidas que sejam necessárias para viabilizar os investimentos envolvidos.
A CNI também reconhece que planejar e executar políticas industriais no Brasil é tarefa mais difícil porque o país ainda não solucionou entraves sistêmicos à competitividade que criam um ambiente de negócios limitador para a política industrial cumprir seu papel.
"A política industrial deve promover uma transformação estrutural. Isso significa desenvolvimento e absorção de novas tecnologias, modernização da forma e do resultado da produção, com produtos de maior valor agregado. Não é simplesmente aumentar a produção, mas sofisticá-la", prossegue o presidente da CNI.
Para isso, a partir da análise da forma como foram implementadas políticas bem sucedidas no exterior, o estudo traz recomendações de governança para garantir que a política industrial tenha condução adequada e atinja os objetivos alinhados ao interesse nacional.
RECOMENDAÇÕES - Entre elas, as principais são a criação de instância de articulação institucional entre os vários órgãos públicos envolvidos no planejamento e na execução de políticas, bem como uma instância de alto nível que mantenha diálogo permanente com o setor privado para identificação precisa de problemas e oportunidades para aplicação da política industrial; estabelecimento de metas claras e mensuráveis, com sistema de monitoramento que identifique falhas e promova ajustes prontamente; adoção de instrumentos temporários e específicos; gestão transparente; e estabelecimento de contrapartidas por parte do setor privado, compatíveis com os instrumentos e a duração dos estímulos propostos pela política.
A principal recomendação é que a boa política industrial não nasce com a escolha de um conjunto de instrumentos. Ela nasce a partir de uma estratégia, que identifica objetivos e, a partir daí, estabelece os mecanismos necessários para atingi-los.
O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, ressalta que a Alemanha é o quarto principal parceiro comercial brasileiro, com participação de 3,75% na corrente de comércio em 2018
O Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA) é o mais antigo fórum internacional do qual a Confederação Nacional da Indústria (CNI) faz parte e tornou-se referência de diálogo empresarial no país. Desde sua criação, a CNI, em parceria com a Federação das Indústrias Alemãs e com a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, trabalha para ampliar o ambiente de negócios, e aumentar o fluxo de comércio e de investimentos entre os dois países.
Neste ano, o 37ª EEBA ocorre em Natal, de 15 a 17 de setembro, com apoio da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN), e uma extensa pauta para promover e ampliar as parcerias estratégicas.
Há sete meses, a CNI concluiu uma consulta com o setor produtivo brasileiro e levantou os principais temas prioritários para o relacionamento com a Alemanha. O resultado foi entregue ao governo brasileiro e deverá subsidiar a pauta da Comissão Mista de Cooperação Econômica Brasil-Alemanha, que se reúne em 17 de setembro.
Entre os principais temas da consulta estão: o apoio do setor privado para a rápida internalização do acordo Mercosul-União Europeia e o lançamento de negociações para a celebração de um novo acordo para evitar a dupla tributação (ADT). Esse tipo de pacto evita que royalties, dividendos, lucros e outras rendas recebidas por pessoas ou empresas sejam tributados duas vezes. Os ADTs aumentam a segurança jurídica nos negócios bilaterais, os investimentos e as exportações. Além disso, estimulam a aquisição de tecnologia e de empréstimos internacionais.
No passado, Brasil e Alemanha tiveram um acordo desse tipo, que acabou denunciado por aquele país em 2005. O governo alemão não concordava com o modelo vigente à época. Atualmente, o setor privado do Brasil entende que há espaço para iniciar a negociação do acordo que reduzirá parte da carga tributária nos investimentos. Na última década, o Brasil assinou novos ADTs em modelo com maior alinhamento aos padrões da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A Alemanha é um mercado estratégico nas relações comerciais e de investimentos para o Brasil. O país é o quarto principal parceiro comercial brasileiro, com participação de 3,75% na corrente de comércio em 2018. Segundo dados do Banco Central, as empresas brasileiras tinham, em 2017, US$ 386 milhões investidos na Alemanha, com destaque para os setores de software e serviços de TI, componentes eletrônicos, serviços de negócios, químicos e componentes automotivos.
O acordo de reconhecimento mútuo entre os programas brasileiro e europeu de Operador Econômico Autorizado tem, também, relevância na agenda dos instrumentos que precisam ser negociados. Para agilizar a elaboração de seu texto, a CNI propõe a adoção de um plano de trabalho conjunto para iniciar as tratativas do acordo, conforme experiência brasileira com a Argentina, os Estados Unidos e o México.
A agenda é extensa e será discutida no 37º Encontro Econômico Brasil-Alemanha, pois acreditamos que são em foros como esse, com a participação maciça do setor produtivo, que vamos construir um Brasil mais desenvolvido, competitivo e presente no mundo.
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Nova cota é de 750 milhões de litros; importações ficam limitadas a 187,5 milhões de litros por trimestre
O governo brasileiro elevou para 750 milhões de litros, ante 600 milhões anteriormente, uma cota para importações anuais de etanol sem tarifa, segundo publicação no Diário Oficial da União durante o final de semana. A medida vigorará por 12 meses.
As importações ficam limitadas a 187,5 milhões de litros por trimestre, segundo portaria do Ministério da Economia e da Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais.
A medida, que deve favorecer principalmente os Estados Unidos, principais exportadores de etanol para o Brasil, veio após reunião do presidente americano Donald Trump com o chanceler brasileiro Eduardo Araújo e o deputado federal Eduardo Bolsonaro, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir a embaixada do país em Washington.
A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), que anteriormente chegou a defender o fim das importações sem tarifa, disse em nota que viu "uma grande vitória do governo brasileiro" na nova cota, uma vez que havia pressões pela liberalização total do mercado, com taxa zero para qualquer volume.
A associação citou "meses de tensão" antes do resultado das negociações e disse que o acordo final "demonstra firmeza do Brasil", uma vez que estabeleceu "condições para um incremento futuro do comércio bilateral de etanol".
No final de julho, a Unica defendeu que manter qualquer facilidade para importações favoreceria os Estados Unidos e prejudicaria a indústria de cana do Brasil, que havia se preparado para o final da cota para importações.
O governo brasileiro ainda não se manifestou oficialmente sobre a decisão em relação à cota de importações, mas segundo a Unica, o novo limite foi estabelecido após negociações lideradas pela ministra da Agricultura, Teresa Cristina, com respaldo do presidente Jair Bolsonaro.
CONTRAPARTIDA
Segundo a Unica, as condições em troca da cota envolveriam "abertura do mercado americano de açúcar, um dos mais protegidos do mundo, e a implementação efetiva do E15 (mistura de 15% de etanol na gasolina, versus os 10% atuais) nos Estados Unidos". A associação, no entanto, não cita prazos para essas medidas.
A Unica disse que o tom proposto para as negociações pelo Ministério da Agricultura foi adotado por membros da equipe econômica, como o ministro da Economia, Paulo Guedes, e transmitido ao governo americano pelo chanceler brasileiro Ernesto Araújo em "encontro que contou com a presença e influência de Eduardo Bolsonaro".
O filho do presidente Bolsonaro teve a indicação para a embaixada em Washington elogiada por Trump, mas a nomeação ainda não foi submetida ao Senado Federal.
CNI alerta que a retomada efetiva da atividade depende da combinação de ações que estimulem o consumo no curto prazo e de reformas estruturais, como a tributária. Baixo nível de investimento preocupa o setor
O crescimento de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, liderado pela expansão de 0,7% da indústria no segundo trimestre do ano, é um sinal positivo para a economia. No entanto, a retomada do crescimento depende da combinação de ações urgentes e de reformas estruturantes.
Entre as ações urgentes, está o estímulo ao consumo, com medidas que facilitem o crédito, e, entre as reformas estruturantes, estão as mudanças no sistema tributário. A avaliação está no Fato Econômico 9, publicação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que avalia os dados do PIB, divulgados nesta quinta-feira, 29 de agosto, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
De acordo com a publicação, o Brasil ainda não conseguiu sair da crise. “Segundo o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (CODACE), a última recessão durou 11 trimestres – entre o segundo trimestre de 2014 e o quarto trimestre de 2016.
A partir do primeiro trimestre de 2017, a economia brasileira teria iniciado um ciclo de expansão que, contudo, mostra-se muito fraco. O PIB segue 4,8% abaixo do que era há 21 trimestres, enquanto a indústria se reduziu 12% na mesma comparação”, diz o Fato Econômico. “Como o crescimento médio do PIB desde o primeiro trimestre de 2017 é de apenas 0,4% ao trimestre, seriam necessários 11 trimestres – quase três anos – para retomarmos o nível de atividade do início de 2014, caso esse ritmo se mantenha.”
A indústria está especialmente preocupada com o baixo nível de investimentos. “Mesmo com a melhora no segundo trimestre de 2019, o investimento segue 24,7% abaixo do registrado no primeiro trimestre de 2014”, alerta a CNI. “O longo período de baixo investimento traz preocupações sobre possível obsolescência de parte da capacidade instalada e preocupações adicionais sobre a competitividade da indústria, tendo em vista o avanço das tecnologias de automação e troca de dados na produção”, avalia a CNI.
EXPANSÃO DE 0,7% - O Fato Econômico destaca que, conforme os dados do IBGE, a indústria saiu da recessão. O setor cresceu 0,7% no segundo trimestre em relação ao período imediatamente anterior. O crescimento, que vem depois de dois trimestres consecutivos de queda do PIB Industrial, é resultado da expansão de 2% da indústria de transformação e de 1,9% da construção. “O crescimento trimestral da indústria da construção é o maior em cinco anos”, destaca a publicação.
Depois da queda de 7,5% no primeiro trimestre, a indústria extrativa recuou 3,8% no segundo trimestre, especialmente em razão do rompimento da barragem em Brumadinho e suas consequências, como a paralisação de outras unidades de mineração em Minas Gerais.
“Os dados sugerem que há uma reação positiva que deve se potencializar com os avanços que tivemos de junho para cá com a reforma da Previdência, as privatizações, a medida provisória da Liberdade Econômica, a redução dos juros e, mais recentemente, em relação à reforma tributária”, afirma o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.
“A consolidação desse ambiente mais favorável deve se refletir em maior confiança, mais investimento e consumo das empresas e das famílias, de tal modo que, para 2020, há expectativas de um crescimento mais expressivo do que os 0,9% esperados para este ano”, completa Castelo Branco.
SAIBA MAIS: Acesse a página de Estatísticas do Portal da Indústria e conheça as pesquisas da CNI.
A Lei Geral de Proteção de Dados obriga a todo o ecossistema de segurança da informação, entre outros, a rever procedimentos e reavaliar o uso e tratamento de dados. E esse processo, segundo defende o coordenador geral do Centro de Tratamento de Incidentes de Redes de Governo, major Democlydes Carvalho, vai tornar o tema de segurança da informação como uma prática muito mais ‘civilizada’.
“Sempre dou exemplo da política nacional de trânsito, em que já vivemos um momento que poderíamos chamar de bizarro em determinada época. Em relação à segurança digital também estamos passando por uma adaptação, para uma maior atenção com relação a esse tema”, aposta o coordenador do CTIR.gov. Carvalho participou do painel sobre a nova legislação durante o RNPSeg, evento que fez parte do Fórum RNP, realizado em Brasília.
“O tema é bastante desafiador. E na verdade é mais um foco com que estamos lidando. O incidente de vazamento de dados é cada vez mais usado para quem atua de forma ilícita. Como nós temos a função de coordenar, apoiar e também orientar outras equipes de tratamento de redes do governo, precisamos nos atualizar. Essa discussão nos traz uma avaliação do que aconteceu com ao GDPR europeia e a expectativa que a gente tem com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais. É mais uma questão para a gente se preocupar”, diz ele.
“A questão de proteção de sistemas e de redes é bastante importante visando o apoio à própria sociedade. O departamento de segurança de informação está publicando sua estratégia nacional de segurança da informação com seus respectivos planos, entre eles o plano nacional de tratamento e resposta a incidentes cibernéticos. É resultado de um grupo de trabalho com vários atores e que ainda vai ser submetido à sociedade. É um trabalho que precisa ser feito", complementa. Assistam a entrevista com o major Democlydes Carvalho.
Um ano de implementação da General Data Protection Regulation na União Europeia trouxe aprendizados que devem ser absorvidos pelo Brasil na jornada de implantação por aqui da Lei Geral de Proteção de Dados, a Lei 13.709/18, que entra em vigor em agosto de 2020.
“Em um ano, aprendemos muito mas nem tudo já está claro. É uma jornada. E é louvável que o Brasil esteja trilhando esse caminho também. Até por estar na posição favorável de poder compartilhar um pouco da nossa experiência”, defendeu o diretor de governança do Imperial College de Londres, Okan Kibaroglu.
Ao participar de debate sobre a LGPD e a GDPR durante o RNPSeg, parte do Fórum RNP realizado em Brasília, Kibaroglu compartilhou parte desse processo de aprendizado e ressaltou a importância crucial de um engajamento generalizado das organizações, não apenas daqueles diretamente ligados à missão de coleta, tratamento ou armazenamento de dados.
“O mais importante é a definição de responsabilidades, de prestação de contas. E definir responsáveis. Mas não são os únicos que precisam saber da o que precisa ser feito. Todos na organização precisam participar disso”, insistiu o diretor de governança do Imperial College.
Segundo afirmou, é um processo que exige considerável investimento na capacitação. “Isso implica também em muito treinamento. O máximo possível. O maior número de pessoas possíveis. Especialmente aqueles que vão lidar com dados pessoais, porque eles são muito importantes. Assistam a entrevista com Okan Kibaroglu.
“Li e aceito a política de privacidade.” Esta frase está presente antes de quase todas as ações no ambiente digital. As empresas pedem acesso aos dados dos usuários em letras miúdas e textos tão longos que, muitas vezes, a pessoa clica só para seguir em frente navegando, sem se dar conta do que acaba de autorizar.
As pequenas empresas costumam usar sua base de dados para enviar aos clientes novidades por e-mail e comunicar horário de funcionamento, por exemplo. Já o Facebook tem dados mais detalhados. Onde a pessoa foi, com quem esteve, do que gosta. Com essas informações, pode vender publicidade, telemarketing ou até mesmo fornecer dados ao governo ou outras redes. Com os dados de alguém mapeados, é possível traçar crenças, ideologias e até o perfil político.
O que cada empresa faz com esses dados não era, até pouco tempo, uma grande preocupação dos cidadãos brasileiros no geral. Mas, pelo grande volume de informações deixadas principalmente para as bigtechs (grandes empresas de tecnologia, como Facebook e Google) e empresas de telecomunicação, acendeu-se um alerta para o governo do país. Essas empresas já possuem mais dados sobre os cidadãos do que o próprio Estado brasileiro e, por isso, a análise dos perfis em redes sociais, rastreamento de chamadas telefônicas e registros de localização são, muitas vezes, o primeiro passo de uma investigação criminal, por exemplo.
E se nada fosse feito, provavelmente em 20 anos, o governo teria de comprar dados dos seus próprios cidadãos de empresas privadas.Para administrar essa nova realidade foi criada a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), aprovada em julho e sancionada em agosto de 2018. A LGPD foi baseada em uma mais completa e detalhada, a General Data Protection Regulation (GDPR) ou regulamentação geral de proteção de dados da União Europeia. Há um ano em vigor, resultou em mais de 90 multas aplicadas e 56 milhões de euros arrecadados (sendo 50 milhões apenas para o Google, grande detentor de informações pessoais de seus usuários).
Essa legislação determinou que as empresas europeias só podem compartilhar dados com outras empresas que estejam em um mesmo nível de proteção de dados – o que acelerou um movimento mundial na mesma direção. Afinal, organizações de países de fora da Europa não queriam interromper seus negócios que incluem fluxo de dados com empresas do continente.
No Brasil, depois de dois anos de tramitação no Senado, o governo brasileiro viu-se obrigado a acelerar a regulamentação desta lei e se adequar aos moldes europeus. Pela urgência e pressão internacional, a LGPD se apresenta como uma versão compacta e simplificada da GDPR, mas com os mesmos pilares que garantem a privacidade dos usuários digitais.
Basicamente, a nova lei garante proteção de todos os dados que geram identificação ou o cruzamento de dados que identifiquem uma pessoa física. Além disso, implementa a categoria de “dados sensíveis”, aqueles que exigem uma proteção ainda maior, como opiniões políticas, dados genéticos e biométricos ou convicções religiosas, por exemplo.
A lei também prevê a autorregulação das companhias: que todas as empresas que utilizem dados de usuários criem mecanismos de governança de dados e medidas preventivas para que não ocorra vazamento. É preciso ter um “encarregado de dados”, profissional especializado que atue como um fiscal de segurança virtual dentro da empresa. Caso ocorra qualquer descumprimento da lei, serão aplicadas advertências e posteriormente multas que podem chegar a até 4% do faturamento anual da empresa.
A nova regra exige ainda a criação de um órgão nacional para regular a implementação, analisar o cumprimento e interpretar os processos dessa lei, o que se revelou uma das principais travas para a aprovação no Brasil. A criação da Autoridade Nacional de Proteção de Dados, órgão administrativo da Presidência da República regulador da LGPD, enfrentou muita dificuldade para ser aprovada pela falta de verba disponível para um novo órgão.
Passou pelo Senado como uma medida provisória, porque expressa claramente que não haverá novos custos ao governo. E agora, após essa medida expirar, foi finalmente aprovada e convertida dentro dessa lei, publicada no início de julho. Porém, ainda há uma grande incerteza em torno do funcionamento de um órgão com essa responsabilidade, mas sem orçamento.
Apesar dos gastos para se adequar à nova lei, as empresas, no geral, apoiam a regulamentação. As companhias menores não serão tão afetadas, pois muitas vezes o seu banco de dados é pequeno e básico e, por isso, não correm risco de grandes vazamentos. As bigtechs, por sua vez, possuem um banco de dados mais rico de informações sobre seus usuários e, agora, é de seu interesse que outras empresas não tenham acesso a esse material.
Marcar-se em foto, ativar localização, permitir visualização e interagir com amigos dos amigos… Cada clique que fazemos permitindo a publicação de nossas informações são dados que jogamos na rede e disponibilizamos para que as empresas utilizem como quiserem. Mas há um paradoxo nessa liberdade. Ao mesmo tempo que os usuários querem expor suas conquistas na rede, pedem privacidade com aquilo que não consideram tão agradável de se mostrar. Como definir esse limite? Como barrar o Google ou o Facebook, se cada um é responsável por alimentar esse mercado de exposição?
Questionamentos como esses começam a ser feitos pelos brasileiros. A geração mais jovem, que nasceu na era digital, demonstra mais cuidado e preocupação com a sua privacidade. Muitos usam as redes sociais em modo privado, sendo necessária sua autorização para acesso de outros usuários. É provável que, com a aplicação da lei, esse tema se torne cada vez mais frequente nas discussões entre brasileiros de qualquer idade.
Dezenas de caminhoneiros participaram de ato, nesta segunda-feira, na BR-116
Dezenas de caminhoneiros participaram de ato, nesta segunda-feira, na BR-116 (Foto: Franklin de Freitas)
02/09/19 às 23:00 Atualizado às 12:26 Rodolfo Luis Kowalski
Os caminhoneiros de Curitiba e região metropolitana já deram início às mobilizações visando a paralisação da categoria a partir desta quarta-feira (4), data em que aconteceria o julgamento da constitucionalidade dos pisos mínimos para a categoria no Supremo Tribunal Federal (STF), mas que acabou adiado a pedido da Advocacia Geral da União (AGU). De acordo com o Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Sao José dos Pinhais (Sinditac SJP), durante o dia de ontem cerca de 50 caminhoneiros participaram do protesto que foi realizado no posto Costa Brava, na região de Quatro Barras. “Os caminhoneiros estão vindo voluntariamente, sendo solidários. Estamos aqui por tempo indeterminado”, afirma Plínio Dias, presidente do Sinditac.
Alguns profissionais já estão parados desde a manhã desta segunda-feira (2) e devem seguir nesta terça (3) com as manifestações, reivindicando um piso justo e também o CIOT (Código Identificador da Operação de Transportes, que regulamenta o pagamento do valor do frete referente à prestação dos serviços de transporte rodoviário de cargas) para todos. Até agora, não teria acontecido nenhuma tentativa de diálogo por parte do governo federal com os líderes do movimento, que promete em breve se tornar grevista.
“Está previsto para começar amanhã (a paralisação), fazer os caminhoneiros encostar nos postos. Está dando bastante repercussão e a partir de amanhã começa a vir mais gente”, explica o presidente do sindicato, que garante ainda ter apoio maciço no Paraná. “Pode colocar que 90% estão apoiando e 10% ainda está meio perdido. Vamos tentar chegar a um consenso.”
Apesar da declaração de Plínio, a divisão dentro da categoria ainda parece ser grande. A revista Carga Pesada, por exemplo, entrevistou presidentes do Sindicam de São Paulo e Londrina, que se posicionaram contrários à paralisação. Para eles, os caminhoneiros devem insistir na continuidade das negociações com o governo. Em Pernambuco, por outro lado, já há profissionais que deram início à paralisação, a exemplo do que acontece na RMC.
A produção da indústria de bens de capital caiu 0,3% em julho ante junho, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com julho de 2018, o indicador avançou 6,6%. Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física (PIM-PF).
No ano, houve elevação de 1,5% na produção de bens de capital. No acumulado em 12 meses, a taxa ficou positiva em 2,8%.
Em relação aos bens de consumo, a pesquisa registrou alta de 0,8% na passagem de junho para julho. Na comparação com julho de 2018, houve elevação de 1,5%. No ano, a produção de bens de consumo subiu 0,7%. No acumulado em 12 meses, a produção ficou estável (0,0%).
Na categoria de bens de consumo duráveis, o mês de julho foi de aumento de 0,5% ante junho. Em relação a julho de 2018, houve crescimento de 1,0%. Entre os semiduráveis e os não duráveis, houve alta de 1,4% na produção em julho ante junho. Na comparação com julho do ano passado, a produção subiu 1,7%.
Para os bens intermediários, o IBGE informou que a produção teve redução de 0,5% em julho ante junho. Em relação a julho do ano passado, houve uma diminuição de 5,4%. No ano, os bens intermediários tiveram redução de 3,0%. Em 12 meses, houve diminuição de 2,4% na produção.
O índice de Média Móvel Trimestral da indústria teve queda de 0,4% em julho.
Bem Paraná
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