| 02 de Agosto de 2019
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| | | | | Linha de montagem de veículos em São Bernardo do Campo, no ABC paulista
O acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia coloca a indústria brasileira diante de um desafio de vida ou (quase) morte.
Ou ela evolui e passa a ser mais competitiva ou diminui e se torna ainda menos importante na economia nacional. Analistas ouvidos pelo UOL afirmam que se prevalecer a segunda alternativa as consequências serão graves para o país.
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) projeta crescimento no curto prazo, mas reconhece que o desafio é grande. O acordo, que ainda precisa ser aprovado pelos parlamentos, prevê a redução de tarifas de importação de produtos europeus ao longo dos anos. Se a indústria brasileira não conseguir competir com os importados nem abrir novos mercados, o país ficará em uma situação mais frágil, com dependência econômica ainda maior de matérias-primas como minérios e produtos agrícolas.
"É um acordo que vai impactar o Brasil de uma forma que nenhum outro impactou. Como ele é mais previsível [referência ao calendário de redução de tarifas por setor] e também traz ganhos de acesso ao Brasil no exterior, há chances de que, se o governo e o setor empresarial fizerem bem o dever de casa, a gente aproveite bem essa nova etapa da nossa economia mais internacionalizada", diz Fabrizio Panzini, gerente de Negociações Internacionais da CNI.
Nem todas as informações sobre o acordo foram divulgadas, mas já se sabe que tarifas de importação de produtos industrializados europeus serão reduzidas ou eliminadas em até 15 anos. A indústria brasileira tem pela frente, então, uma luta contra o relógio.
"A concorrência com produtos europeus vai aumentar. A União Europeia é o berço de várias indústrias. Vai gerar uma pressão competitiva no país, mas é uma pressão mais planejada. Ao menos, você tem um calendário planejado", comenta o representante da CNI.
Analistas dizem que a indústria de alimentos pode ter vantagens com o acordo Mercosul-União Europeia
Que setores podem se dar bem com o acordo?
A CNI estima que os setores têxtil, de equipamentos de transporte, de produtos de metais e de madeira crescerão com o acordo.
Os professores Paulo Roberto Feldmann, da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo), e Célio Hiratuka, integrante do Núcleo de Economia Industrial do Instituto de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), acreditam que indústrias do setor de alimentos têm chance de tirar proveito.
"Algumas empresas do setor automotivo também podem ser beneficiadas caso consigam aumentar a eficiência e a competitividade", avalia Hiratuka. Desta forma, diz o pesquisador, elas teriam condições de elevar as exportações, não para a Europa, mas para outros mercados, como o próprio Mercosul.
Para Panzini, da CNI, a importação de insumos da Europa pode tornar a indústria mais competitiva e em condições de exportar para outros países.
"Outro ponto é que geralmente esses acordos de livre comércio estão associados a um aumento de investimentos diretos. Há uma expectativa de aumento de investimento europeu no país. Outro ponto: haverá mais acesso ao mercado europeu de compras públicas, que é muito grande. E alguns custos de serviços de exportação podem cair para a indústria", acrescenta o gerente da confederação.
O que pode dar errado?
Analistas alertam que os setores de maior complexidade tecnológica, que já vêm sofrendo nos últimos tempos, são os mais ameaçados pelo acordo.
"Quanto maior o conteúdo tecnológico dos produtos maior a vantagem competitiva europeia e daí o maior o risco de uma inibição do desenvolvimento desses produtos no país."
Célio Hiratuka afirma que o Brasil deve perder força na indústria de bens de capital (máquinas e equipamentos), na indústria química, na farmacêutica e na automotiva.
"São setores com grande presença de empresas multinacionais, muitas delas europeias, e essas empresas podem diminuir o papel da filial brasileira". Uma consequência grave seria a redução dos empregos industriais no país.
"Quinze anos [de prazo para a redução das tarifas de importação de produtos europeus] não é pouco. Seria um prazo suficiente para a indústria nacional correr atrás e se equiparar aos parâmetros europeus. Meu medo é que isso não ocorra porque pode ser mais interessante para algumas empresas trocar a produção local pelas importações", avalia o economista Mauro Rochlin, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e da PUC (Pontifícia Universidade Católica) no Rio.
"O pouco que resta da nossa indústria vai ser completamente aniquilado", prevê Feldmann, que compara as perspectivas do acordo com a abertura comercial promovida pelo governo Fernando Collor (1990-1992).
"O Collor resolveu abrir as importações de uma forma generalizada. Em pouquíssimo tempo, conseguimos quebrar o setor de brinquedos, o setor de roupas, o setor de calçados, o de computadores. Foram à ruína porque não conseguiram enfrentar, na época, o produto chinês."
Hiratuka frisa que o Brasil deveria articular políticas de apoio à indústria como as que existem em países avançados.
"Quando se faz críticas ao acordo Mercosul-União Europeia não é necessariamente ao fato de ter o acordo, mas ao fato de ele estar acontecendo sem que o país tenha uma estratégia clara de desenvolvimento produtivo e de inovação tecnológica. O problema é o contexto internacional onde o esforço de coordenar ações do setor privado com o apoio estatal tem acontecido fortemente. Então, entrar nesse jogo sem ter os instrumentos adequados e uma estratégia de coordenação é complicado."
Atraso e urgência
O que agrava a situação é que a indústria de transformação vem perdendo força dentro da economia brasileira há quase 30 anos. Em 2018, a participação do setor no PIB (Produto Interno Bruto) caiu para 11,3%, o nível mais baixo da série iniciada em 1947.
"A indústria brasileira está atravessando uma situação muito grave. O Brasil vive um momento de desindustrialização. Nossa indústria não é competitiva. O produto industrial brasileiro é, de uma forma geral, inferior ao europeu e mais caro", observa o professor Feldmann, que foi diretor da Microsoft e da Philips.
Além disso, países mais avançados vêm apostando nas tecnologias inovadoras da quarta revolução industrial como a inteligência artificial, a realidade aumentada e a impressão 3D.
Diante deste quadro, fortalecer a indústria no país seria um caso de urgência. "Não vai ser na última semana desses 15 anos [de prazo para a queda das tarifas de importação] que a gente vai ter que correr atrás. Os programas têm que começar agora", diz Mauro Rochlin.
"É possível fazer uma restruturação nos nossos parques industriais que tendem a ser mais prejudicados. Cabe ao governo agora traçar essas áreas mais estratégicas. Há soluções, há formas de a gente minimizar as perdas", aponta Juliano Cortinhas, professor do Instituto de Relações Internacionais da UnB (Universidade de Brasília).
Mas por que salvar a indústria?
A indústria teve papel fundamental no crescimento econômico do Brasil ao longo do século 20 e continua a ser crucial em outros países. "Esse movimento de desindustrialização no Brasil é preocupante porque a indústria é um setor dinâmico, agrega muito valor, impulsiona o setor de serviços. O emprego no setor industrial é de melhor qualidade, o nível médio salarial é maior. Esse acordo acentua a nossa posição de fornecedor de produtos primários e de importador de produtos industriais de maior valor agregado", declara Rochlin.
O Brasil, ressalta o professor da FGV, não deve deixar de aproveitar as vantagens que possui nos setores de commodities, mas nações dependentes desses produtos ficam mais sujeitas a enfrentar crises porque seus preços apresentam oscilações maiores. Eles sobem e caem de acordo com o tamanho da oferta no mercado internacional.
Os preços dos produtos manufaturados, por sua vez, são menos voláteis, o que proporciona maior estabilidade aos países industrializados.
"O Brasil é cada vez mais um país exportador de commodities. Mas essa é uma situação com a qual não deveríamos nos conformar. Os países desenvolvidos têm grande capacidade industrial. Países que dão atenção apenas para o setor agrícola são, em geral, pobres, com nível de vida sofrível, renda per capita baixa", argumenta Feldmann.
"O agronegócio tem as próprias fronteiras de expansão, mas não diria que é através dessas fronteiras que a gente vai poder daqui a dez, 20, 30 anos ter uma participação mais relevante no comércio mundial nem no ranking das nações de maior PIB", analisa Rochlin.
Mais investimentos em ferrovias ajudariam a indústria, afirmam analistas Imagem: Mônica Zarattini/Estadão Conteúdo
O que fazer, então?
Uma série de medidas poderia tornar a indústria brasileira mais competitiva. Panzini, da CNI, cita, por exemplo, a reforma tributária, com simplificação da carga de impostos, e um programa de apoio aos setores mais afetados pelo acordo.
"Estados Unidos, Coreia do Sul, União Europeia, quando fazem acordos comerciais, têm programas de ajustes para empresas que são mais negativamente afetadas. Não é subsídio, não é dinheiro de governo. É trabalho de consultoria para aumentar a produtividade das empresas".
O gerente da confederação também defende medidas governamentais que desburocratizem e impulsionem o comércio exterior, mas admite que as indústrias precisam fazer uma "lição de casa": investir em inovação.
Juliano Cortinhas, da UNB, aponta outras medidas necessárias, como a melhora da infraestrutura de ferrovias, portos e rodovias, e políticas que incentivem a ciência e a tecnologia e aproximem as indústrias e as universidades. "É preciso planejamento, e isso ainda não tenho observado nas medidas do atual governo".
E o consumidor final?
No curto prazo, o acordo com a União Europeia será positivo para o consumidor brasileiro, na opinião dos analistas.
"A realidade para o consumidor será mais tentadora no primeiro momento porque ele terá uma gama de produtos muito maior, uma oferta muito mais ampla, e consequentemente preços mais baixos", diz Rochlin. O professor Hiratuka, da Unicamp, declara, porém, que os preços de produtos industriais de setores com menos concorrência tendem a não cair.
Em um prazo maior, porém, os ganhos com reduções de preços podem ser anulados para boa parte da população. "A gente teria uma redução da inflação, mas se houver realmente um cenário negativo para a indústria, com aumento do desemprego, os preços mais baixos nas prateleiras não significariam muito."
| UOL | | | | Nenhum país hoje rico se desenvolveu sem indústria
A produção industrial brasileira caiu 0,6% em junho deste ano comparada a maio. Nosso nível de produção industrial está hoje 20% abaixo do nível observado em 2014 e a apenas 20% acima do registrado anos 1980, uma tragédia.
A indústria brasileira passou por um boom de produção a partir de 2003.
A primeira fase do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi caracterizada por forte expansão e exportação de manufaturas graças ao câmbio ultradeslavorizado de 2002 a 2003 e ao forte impulso de demanda interna que veio com a expansão do crédito.
A segunda fase do governo Lula e o governo Dilma Rousseff (PT) se caracterizaram por forte expansão do crédito e pela retração das manufaturas na pauta de exportação.
A crise mundial de 2008 interrompeu a bonança de crescimento externo e cortou a demanda mundial por manufaturas.
A reposta da China à crise causou explosão do preço de commodities e reforçou a trajetória de apreciação da moeda brasileira, que já vinha com força desde 2006.
Até 2007, a indústria brasileira conseguiu acompanhar o boom de demanda aumentando a produção, ainda na esteira da desvalorização cambial de 2002.
A partir da crise de 2008, nossa indústria sucumbiu à concorrência internacional, aos aumentos de custos de produção em reais (principalmente aumento de salários acima da produtividade) e à forte apreciação do câmbio nominal e real.
A expansão de PIB observada no pós-2008 foi toda baseada em serviços. A demanda interna por bens industriais passou a ser suprida por importações.
Sem estímulos para produzir domesticamente por causa do câmbio muito apreciado e sem condições de se lançar na competição mundial, o empresário industrial brasileiro passou a ser importador, montador ou simplesmente encerrou seu negócio.
Houve enorme perda de complexidade produtiva da economia brasileira pós-2010, com desindustrialização e reprimarização da pauta exportadora e avanço das commodities.
Em 2014, por exemplo, cinco produtos responderam por quase 50% das exportações brasileiras: ferro, soja, açúcar, petróleo e carnes.
Hoje, a taxa de câmbio brasileira está em um nível bem mais desvalorizado do que a média histórica.
As exportações de manufaturados brasileiros estão mais baratas no exterior e mais lucrativas internamente.
Os produtos estrangeiros estão mais caros aqui, facilitando a concorrência com nacionais.
Nossa indústria deveria ter reagido, mas por que isso não ocorreu?
Desde a abertura comercial dos anos 1990, as indústrias brasileiras ficaram viciadas em nosso mercado interno.
O que deveria ter sido uma catapulta para conquistar o mercado mundial, como fizeram os asiáticos, virou fim em si mesmo.
As apreciações câmbios da era FHC e da era Lula reforçaram o sinal da produção para abastecer o mercado nacional e tiraram o ímpeto exportador de nossas empresas.
A implosão da economia brasileira em 2014 e 2015 arrastou nossa indústria, que já vinha se arrastando, para o buraco.
O desaparecimento do crédito e da demanda interna tiveram efeitos diretos e violentos na produção doméstica de carros, motos, caminhões, móveis, eletrodomésticos, bens de consumo em geral, matérias da construção civil, aço, entre outros.
Nossa produção industrial colapsou com queda de 20%, de 2014 a 2016, e por lá ficou até hoje. Nossa retomada econômica desde então foi muito tênue, se é que houve.
O pouco que crescemos foi baseado em serviços de baixa qualidade; novos empregos com salários menores e mais precários foram gerados.
O pouco nível de proteção que ainda existe para a nossa indústria nacional também não resolveu o problema. Hoje, a única salvação para nossa indústria seria uma injeção maciça de demanda, interna ou externa. De fora não virá, pois o comércio mundial se estagnou graças à guerra comercial.
Para vir de dentro, uma nova onda de estímulos seria necessária, algo que também não parece estar no horizonte.
Se nossa indústria conseguir crescer a 2% ao ano, levaremos quase 10 anos para recuperar o nível de produção de 2014. Isso para não mencionar nosso cada vez maior atraso tecnológico em relação aos países emergentes dinâmicos e aos ricos.
As notícias não são boas. Nenhum país hoje rico se desenvolveu sem indústria.
| Folha de S. Paulo (publicado em 01-08-2019) | | | | Indicadores da CNI mostram estagnação da atividade industrial
Pesquisa informa que o faturamento foi o único índice que registrou alta em junho. O emprego ficou estável. As horas trabalhadas na produção, a massa real de salários e o rendimento médio do trabalhador caíram em junho
Depois da queda de 2,2% registrada em maio, o faturamento da indústria aumentou 0,3% em junho frente a maio na série livre de influências sazonais. Nesta mesma base de comparação, o emprego ficou estável. Nos últimos 12 meses, o indicador do emprego teve sete meses de estabilidade, quatro meses de queda e apenas um de crescimento. A utilização da capacidade instalada caiu 0,7 ponto percentual frente e maio e ficou em 77,2% em junho, informam os Indicadores Industriais, divulgados nesta quinta-feira (1º), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A pesquisa confirma o fraco desempenho da atividade. As horas trabalhadas na produção tiveram uma leve queda de 0,1% em junho frente a maio na série dessazonalizada. Foi a segunda queda consecutiva do indicador, que está 2,6% abaixo do registrado em junho de 2018.
A massa real de salários diminuiu 0,7% e o rendimento médio dos trabalhadores também recuou 0,7% em junho na relação com maio, na série dessazonalizada. Com a queda de junho, a massa real de salários reverteu o crescimento verificado nos dois meses anteriores e é 0,8% menor do que a de junho do ano passado. O rendimento médio do trabalhador caiu 0,5% frente a junho de 2018.
Os resultados de junho mostram que a indústria ficou estagnada no primeiro semestre. O faturamento do setor teve queda de 1% na comparação com o mesmo semestre de 2018, as horas trabalhadas na produção ficaram estáveis, o emprego teve leve queda de 0,1%, a massa real de salários recuou 1,9% e o rendimento médio real do trabalhador diminuiu 1,8% na comparação com o primeiro semestre de 2018. A utilização média da capacidade instalada no primeiro semestre é 0,1 ponto percentual inferior ao mesmo período de 2018.
“A indústria encerra o semestre sem avanços em termos de atividade e emprego. Fica evidente que, além das medidas estruturantes, de longo prazo, necessárias para um novo ciclo de crescimento, também são urgentes e críticas medidas de curto prazo para estimular a economia. A redução de 0,5 ponto percentual na taxa Selic foi um fundamental primeiro passo nesse sentido. Há espaço para novas quedas. Adicionalmente, medidas que facilitem e reduzam o custo do financiamento também seriam muito importantes”, afirma o economista da CNI Marcelo Azevedo.
| CNI (publicado em 01-08-2019) | | | | Encontro aconteceu na casa de Salim Mattar, secretário de privatizações
Passou despercebido em Brasília nesta semana um jantar discreto entre os empresários do núcleo de apoio ao presidente Jair Bolsonaro na casa do secretário de privatização, Salim Mattar, ele próprio também empresário, que deixou o posto na Localiza no início do ano para se juntar ao governo.
Na quarta-feira (31), o presidente deixou o Palácio do Planalto às 18h37. Está tudo registrado e publicado com a devida transparência na agenda oficial, mas não houve alarde.
Escalação Às 19h40 ele teria um encontro com nomes como Luciano Hang, sócio da rede varejista Havan, Flavio Rocha, da Riachuelo, Sebastião Bomfim, da Centauro, além de empresários de outros setores, como Meyer Nigri, da Tecnisa, e Winston Ling, que apresentou o ministro da Economia Paulo Guedes a Bolsonaro ainda na campanha.
Zaga Pessoas próximas do presidente afirmam que o jantar foi uma demonstração de apoio feita pelos únicos seis empresários que saíram publicamente em sua defesa desde a campanha eleitoral.
Amigos, amigos Há no governo a percepção de que o setor privado em geral está satisfeito com a eleição de Bolsonaro e a orientação da equipe econômica até aqui, principalmente diante da alternativa que havia em 2018, de um novo governo petista. Mas são raros os empresários que de fato têm disposição de apoiá-lo em público.
Negócios a parte Procurados pela coluna, a maior parte dos convidados não quis comentar. Alguns pediram discrição e até chegaram a negar o fato, antes de serem informados que o encontro estava na agenda oficial. Luciano Hang disse que os assuntos de interesse do empresariado, como a defesa da MP da Liberdade Econômica, foram tratados ao longo do dia, em reuniões com outros setores do governo.
Celebração Segundo alguns dos presentes, os convidados comemoraram o corte na taxa básica de juros para 6% ao ano, anunciada horas antes do jantar, e também falaram sobre a reforma tributária, mas o jantar teve um caráter de reunião íntima, sem demandas empresariais.
Ausência Apesar de ter seu nome listado como presença no evento, Sebastião Bomfim não conseguiu comparecer.
| Folha de S. Paulo | | | | Presidente se encontrou com executivos de Tecnisa, Havan e Riachuelo
O presidente Jair Bolsonaro se encontrou com empresários de seu núcleo de apoio mais próximo em Brasília nesta quarta-feira (31).
Foi uma recepção calorosa, com direito a abraços de tirar do chão os pés de seus visitantes. Ao ver Meyer Nigri (Tecnisa), Flávio Rocha (Riachuelo) e Luciano Hang (Havan), Bolsonaro os levantou no ar com abraços fortes.
"Rapaz, puta merda, puta merda", disse Bolsonaro ao abraçar Nigri. "Fala, Flavio, porra", disse enquanto abraçava Rocha, durante a tarde, no palácio do Planalto.
Um outro encontro foi registrado na agenda oficial do presidente nesta quarta, que marcava às 19h40 uma reunião com a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), o secretário de privatizações Salim Mattar, além dos empresários Hang, Nigri, Sebastião Bomfim (da rede varejista Centauro), Rocha e Winston Ling.
| Folha de S. Paulo (publicado em 01-08-2019) | | | | Agora presidente, ele critica a medida; não há, porém, registros de que a pena foi aplicada
O presidente Jair Bolsonaro, que criticou por pelo menos duas vezes nesta semana a tipificação do trabalho escravo no país, votou a favor da emenda constitucional que introduziu a possibilidade de confisco de propriedade quando constatada prática de trabalho escravo no local.
Ao deixar o Palácio da Alvorada na manhã de quarta-feira (31), por exemplo, o presidente disse ser contrário a punições como a de tirar a propriedade de quem cometeu o crime.
"Quem pratica trabalho escravo tem que ter uma punição. Agora, por outro lado, vamos supor que o cara estava acorrentado lá, era o trabalho escravo, você tem que punir o Seu João, com 80 anos de idade. Ao você expropriar, você puniu a Dona Maria, que estava há 60 anos trabalhando com ele na fazenda, os filhos, que estavam há 40 anos trabalhando, os netos, que estavam há 20 anos trabalhando. Você pune todo mundo. A punição tem que atingir você, não todo mundo", disse.
A crítica do presidente se refere à EC 81 (emenda constitucional 81). Ela determina a expropriação, para efeito de reforma agrária e sem indenização, de propriedades onde foram identificadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas e exploração de trabalho escravo.
O programa de governo de Bolsonaro, apresentado durante a campanha, já questionava essa emenda na seção de propostas dedicadas à segurança e combate à corrupção.
Previa o texto do programa do então candidato: “Retirar da Constituição qualquer relativização da propriedade privada, como exemplo nas restrições da EC/81 [emenda constitucional 81]”.
Quando deputado, contudo, o presidente votou a favor da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) no primeiro turno, em agosto de 2004, que levou a EC 81. Bolsonaro não votou quando a proposta foi a plenário em segundo turno, em 2012.
Na terça, em cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente disse ser contrário também a regras que caracterizam trabalho análogo à escravidão e disse que seu governo discute mudanças na legislação atual.
Posteriormente, afirmou que o tema seria tratado por meio de uma PEC, sem dizer que mudanças seriam feitas.
“Aquele que pratica trabalho escravo, a pena é expropriação do imóvel. Pô, ninguém é favorável ao trabalho escravo, mas prezado Ives Gandra [ministro do TST], alguns colegas de vossa excelência entendem que o trabalho análogo à escravidão também é escravo e pau nele", afirmou na terça.
Para Bolsonaro, é "muito tênue" a linha entre trabalho escravo e trabalho análogo à escravidão e é necessário dar essa garantir ao empregador.
A Câmara Criminal do Ministério Público Federal, porém, diz que “não há pedidos expropriação de propriedades porque a PEC (...) nunca foi regulamentada. A PEC não tem aplicação.”
Para a Procuradoria, a desapropriação por trabalho escravo depende de regulamentação legal, que não foi aprovada pelo Congresso.
“O artigo que trata desse tema é o 243, que antes só previa a expropriação de terras sem indenização em caso de plantio de plantas psicotrópicas, como forma de combate às drogas”, diz André Gondinho, sócio do escritório Siqueira Castro.
“As sanções por submeter trabalhador a situação análoga à escravidão costumam ser no âmbito criminal e trabalhista, mas raramente se toca na possibilidade de expropriação”, afirma.
“Não encontrei nenhum caso em que essa expropriação tenha sido determinada pelo Poder Judiciário como punição à prática de trabalho escravo ou análogo à escravidão.
Esse dispositivo ainda depende de regulamentação”, diz Henrique Melo, sócio do escritório NHMF.
Para ambos, as situações de trabalho análogo à escravidão já estão tipificadas na legislação atual.
“O código penal trata do tema em três artigos. É uma soma de condições que nos dão a possibilidade de afirmar que um trabalhador está submetido a essa condição”, afirma Gondinho.
| Folha de S. Paulo (publicado em 01-08-2019) | | | | O presidente da República, Jair Bolsonaro, comemorou nesta quinta-feira, 1º de agosto, a decisão do Banco Central de decidir cortar na quarta-feira, 31, em 0,50 ponto porcentual a Selic, de 6,50% para 6,00% ao ano. “Todos os dias temos boas notícias, ontem foi a taxa Selic, mais baixa da história”, disse durante lançamento do programa Médicos pelo Brasil, que substitui o Mais Médicos.
Bolsonaro também afirmou que a Câmara e o Senado “vêm dando contribuição”. “Estamos tendo governabilidade, respeitando a independência dos poderes”, declarou.
Ele voltou a dizer que o governo “espera” entregar o País, ao final do mandato, com “economia viável”.
E, mais uma vez, deixou em aberta a possibilidade de reeleição, dizendo que pode terminar seu mandato em 2022 ou 2026. Os convidados, nesse momento, reagiram com gritos de “2026”.
| Tribuna PR (publicado em 01-08-2019) | | | | Pesquisa mostra piora no cenário diante de inércia na economia no primeiro semestre
Uma pesquisa feita com cerca de 2.500 empresas de transporte de cargas mostra que caiu a expectativa em relação ao mercado rodoviário: 56% dos executivos afirmaram que a situação está pior do que antes.
A mesma pesquisa feita em janeiro de 2019 apontava para 36%. O índice voltou a patamares de janeiro e agosto de 2018. Em janeiro de 2017, a insatisfação chegou a 82%.
Os dados são da NTC&Logística - Associação Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas e Logística e foram divulgados em evento do setor em São Luís (MA).
Para 35%, o valor futuro do frete vai piorar. Em janeiro, o percentual era de 13,5%.
O faturamento diminuiu para 62% das empresas no último semestre, com menor volume de cargas transportado e aumento de custos.
Para José Hélio Fernandes, presidente da NTC, o horizonte negativo é constatação óbvia diante da incerteza no mercado.
"As empresas sentem no faturamento e porque transportam menos. A economia está andando de lado. Se não tem produção, não tem transporte", diz.
Os dados da pesquisa anterior, de janeiro, mostravam otimismo, o que não se concretizou em valores praticados no segmento rodoviário.
"Já estamos em agosto e a economia, vamos dizer, não deu sinal de vida. Com ociosidade na indústria e consumo menor do que o esperado, o sentimento do empresário é de que vai piorar se nada acontecer."
De acordo com a pesquisa, a defasagem do frete chegou a 16%, 3 pontos percentuais acima do apurado em janeiro de 2019. A maior parte das empresas (86%) não aumentou ou concedeu desconto no valor do frete. Quase 60% afirmaram receber abaixo do custo e 54% têm frete a receber em atraso.
Já o piso mínimo do frete instituído depois da paralisação de maio de 2018 levou 38,5% das empresas a substituir os motoristas terceirizados. Pouco mais de 50% disseram não ter sido afetados.
Vista como um paliativo pelo atual governo, a maior parte (41,5%) dos empresários considera a tabela de piso mínimo boa para o transporte rodoviário. Fernandes destaca que, apesar de o número ser alto, cai a cada pesquisa do setor.
"Quando foi lançada, 60% imaginou que poderia ser boa, mas isso vem caindo. As empresas veem que é difícil implementar a tabela", diz.
O tabelamento gerou novo impasse entre os caminhoneiros, que estão rediscutindo valores com o Ministério da Infraestrutura. A ideia do governo é fechar acordos coletivos com todas as categorias.
| Folha de S. Paulo (publicado em 01-08-2019) | | | | Os pedidos de falência aumentaram 53,8% em julho ante junho, mas recuaram 11,7% no acumulado dos últimos 12 meses, segundo dados da Boa Vista. Da mesma forma, as falências decretadas avançaram 15% na margem, mas recuaram 12,3% em 12 meses, enquanto as recuperações judiciais deferidas cresceram 43,2% no sétimo mês e caíram 13,1% em 12 meses. Já os pedidos de recuperação judicial caíram tanto na margem (40,8%) quanto em 12 meses (16,3%).
A Boa Vista avalia que os resultados em 12 meses estão atrelados à melhora nas condições econômicas desde 2017, que permitiu às empresas apresentarem sinais mais sólidos nos indicadores de solvência. Mas pondera que a continuidade desse processo depende da evolução da atividade econômica nos próximos períodos.
“Os pedidos de falência, por exemplo, já apresentaram alta em julho tanto na comparação com junho quanto em relação a julho do ano passado. Contudo, ainda não é possível falar em mudança de tendência. A situação financeira das empresas, de maneira geral, segue positiva, mas pode ser afetada pela deterioração do cenário econômico.”
| Tribuna PR | | | | Segundo pesquisa, redução ocorreu por aumento de preços e diminuição da renda
Sete em cada dez brasileiros (70%) tiveram de fazer algum tipo de corte nas finanças nos primeiros seis meses deste ano. É o que mostra pesquisa do SPC (Serviço Brasileiro de Proteção ao Crédito) Brasil e da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas).
“Vemos que as pessoas estão se planejando mais. A queda de renda e casos de desemprego na família vêm fazendo com que se pense mais em gastar apenas o necessário. Sem dor, não vai”, diz o educador financeiro do SPC José Vignoli.
A pesquisa mostra ainda que 60% conseguiram manter as contas em dia. Por outro lado, 34% dizem ter tido o CPF negativado por não pagar alguma conta no período e 33% afirmam ter recorrido a empréstimos.
“Se o empréstimo foi bem planejado, não tem problema, é uma forma de organizar as finanças. Agora, é preciso direcionar bem. Usar um consignado para comprar presente de Dia dos Pais, por exemplo, não é bom. Já para quitar dívidas é recomendável”, diz Vignoli.
O educador enfatiza que o ideal é fugir do parcelamento no cartão de crédito e do cheque especial e que, depois de acertar as contas, é preciso dar um passo a mais no orçamento.
“As pessoas têm que ter reserva. É preciso economizar e investir o dinheiro. E, para isso, são necessários sacrifícios. Deve-se diferenciar o que é sonho e o que é um desejo”, explica.
Pesquisa | Perspectivas para o segundo semestre
Três em cada dez consumidores sentiram piora na sua situação financeira no primeiro semestre. O motivo? Alta dos preços e diminuição da renda familiar
Dentre as pessoas que precisaram "dar uma segurada" nos gastos, as principais medidas escolhidas foram: cortar as refeições fora de casa (56%), diminuir as idas a bares e baladas (54%) e maneirar nas compras de roupas e outros itens de consumo (51%)
59% das pessoas acreditam que terão dificuldade para realizar algum projeto planejado para 2019 (guardar dinheiro, fazer uma grande viagem ou reformar a casa)
50% dizem que a economia no primeiro semestre foi pior do que o esperado
53% tiveram que recorrer a bicos e trabalhos extras para complementar a renda
46% dos entrevistados estão desempregados
27% tiveram de vender bens para conseguir dinheiro
Otimismo com o futuro
43% acham que o segundo semestre será melhor do que o primeiro
94% pretendem tomar alguma atitude para superar as dificuldades econômicas (pesquisar preços, organizar as contas e pagar compras à vista)
| Folha de S. Paulo | | | | O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou, por 6 votos a 4, nesta quinta-feira, 1º, reajustar decisão tomada em 2017 que definiu que a administração pública não deve ser considerada responsável por dívidas trabalhistas de uma empresa terceirizada contratada por ela.
Apesar de ter conseguido uma vitória à época, a União alegou ao Supremo que a tese fixada pela Corte há dois anos poderia dar brecha ao entendimento de que, em determinadas situações, a administração pública poderia ser responsabilizada de forma solidária pelos encargos. Ou seja, o problema estaria na redação final da decisão tomada pela Corte.
Em 2017, por 6 votos a 5, o plenário decidiu que o “inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário”. Para a União, a expressão “automaticamente” abriria margem para interpretações em desfavor da máquina pública. Além do governo federal, o Estado de São Paulo e a Associação Brasileira das Secretarias de Finanças das Capitais Brasileiras (Abrasf) também reclamaram sobre o ponto ao STF.
Relator, o ministro Luiz Fux sugeriu então uma nova redação para a tese. Nela, se excluiria a palavra “automaticamente” e seria adicionado que as dívidas não são de responsabilidade da administração pública, salvo em caráter excepcional, “quando cabalmente comprovada a conduta culposa da administração, causadora de dano ao empregado”. Segundo Fux, isso significaria que a parte prejudicada é que teria de comprovar a omissão culposa.
Fux, no entanto, ficou vencido. Ministros apontaram que aceitar esse reajuste seria uma forma de reabrir o debate sobre o assunto, o que não poderia ser feito através do tipo de recurso analisado pela Corte. O processo analisado tem repercussão geral, ou seja, o que é decidido nele deve ser seguido por juízes em todo o Brasil.
| Tribuna PR (publicado em 01-08-2019) | | | | O governo federal lançou nesta terça-feira (30), no Palácio do Planalto, um amplo processo de atualização de regras que regulam o universo trabalhista brasileiro. Foram anunciadas a modernização de três das 36 Normas Regulamentadoras (NRs) de Segurança e Saúde no Trabalho. Para o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, as medidas devem garantir a segurança do trabalhador e regras mais claras e racionais, capazes de estimular a economia e gerar mais empregos.
“Acreditamos que as atualizações apresentadas hoje envolvendo as NRs 1, 2 e 12 preservam a segurança e a saúde do trabalhador e aumentam a competitividade das empresas brasileiras e dão uma mostra do que está por vir. A próxima que vai entrar em consulta pública é a NR 18, que trata da construção civil, e deverá representar um grande avanço para o setor”, afirmou Martins, ao fim da solenidade.
A NR 1, que trata das disposições gerais sobre saúde e segurança no trabalho; e a NR 12, que dispõe sobre a segurança na operação de máquinas e equipamentos, tiveram a redação modernizada, com regras menos rígidas. A NR 2, que previa inspeções prévias, foi revogada.
As revisões e a revogação ocorreram após os debates promovidos desde fevereiro pela Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP), presidida pelo Ministério da Economia. Segundo a Pasta, nos três casos houve consenso integral entre o governo, trabalhadores e empregadores, alinhando os textos às melhores práticas internacionais de diálogo social e de normas de saúde e segurança no trabalho.
“Nossa preocupação desde sempre foi preservar a segurança e a saúde do trabalhador, mas ao mesmo tempo retirar os entulhos burocráticos que atrapalham quem empreende nesse país. Essa situação não podia continuar. Não é à toa que se fala de custo Brasil”, explicou o secretário Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho.
As novas normas de segurança e saúde do trabalho, sancionadas pelo presidente Jair Bolsonaro, gerarão economia de pelo menos R$ 68 bilhões nos próximos dez anos, segundo estimativa da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia. Além de Bolsonaro, a solenidade contou com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, além de secretários de governo, parlamentares, representantes de entidades do setor produtivo e empresários.
Racionalização
A Norma Regulamentadora nº 12, de segurança do trabalho em máquinas e equipamentos, foi criada na década de 1970, com sua última revisão em 2010. Para a comissão tripartite, o texto de nove anos atrás é complexo, de difícil execução e não está alinhado aos padrões internacionais de proteção de máquinas. Além disso, onera as empresas com imposições que não contribuem para proteger o trabalhador e gera insegurança jurídica devido às dúvidas sobre sua correta aplicação.
Existem até mesmo casos de perda de garantia pelo fabricante em decorrência de adulterações no maquinário original. Por esses motivos, decidiu-se revisar a norma. Estudo realizado pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia aponta que a revisão da NR 12 poderá reduzir até R$ 43,4 bilhões em custos para o agregado da indústria, refletindo em aumento entre 0,5% e 1% da produção industrial.
A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) realizou estudo comparativo entre os textos de 2010 e o proposto este ano. A entidade estimou uma economia de mais de R$ 450 milhões para o setor calçadista com a atualização da norma. Já o setor de proteína animal prevê, apenas nos estabelecimentos com Serviços de Inspeção Federal (SIF), haverá redução nas despesas superior a R$ 5 bilhões.
Burocracia e treinamento
A nova NR 1 deixa o texto mais harmônico e moderno, com medidas que reduzirão a burocracia e o custo Brasil. Sem retirar a proteção aos trabalhadores, vai beneficiar especialmente microempresas e empresas de pequeno porte. Construiu-se, por exemplo, um capítulo voltado para capacitação, matéria que estava prevista em 232 itens, subitens, alíneas ou incisos de NRs.
Com a nova redação da NR 1 será permitido, por exemplo, o aproveitamento total e parcial de treinamentos quando um trabalhador muda de emprego dentro da mesma atividade. A medida deve gerar uma economia de R$ 2 bilhões no período de dois anos.
A NR2, sobre inspeção prévia, tinha redação de 1983, da antiga Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho. Exigia uma inspeção do Trabalho prévia até para abrir uma simples loja em um shopping. A revogação diminui burocracia e reduz a intervenção estatal na iniciativa privada.
Redução de acidentes
Acordos de cooperação técnica entre a Secretaria Especial de Trabalho e Previdência (SEPRT) do Ministério da Economia e as federações das indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), do Estado de São Paulo (Fiesp) e do Estado de Santa Catarina (Fiesc) estabelecem o desenvolvimento de ações conjuntas em segurança e saúde no trabalho. Trata-se de projeto piloto que poderá ganhar novos parceiros nos próximos meses, sempre com foco na redução de acidentes no trabalho e de doenças ocupacionais.
Ainda neste ano, será iniciada a revisão da Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho, estabelecida pelo Decreto nº 7.602, de 7 de novembro de 2011, buscando construir uma estratégia nacional para redução de acidentes.
Por fim, a Secretaria de Trabalho propõe a edição de decreto para dispor sobre o Conselho Nacional do Trabalho e a Comissão Tripartite Paritária Permanente, de forma a viabilizar o diálogo social com empregadores e trabalhadores no que se refere às relações de trabalho e às normas de segurança e saúde no trabalho.
| CIMM (publicado em 01-08-2019) | | | | O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quinta-feira, 1, que as prioridades da equipe econômica para o próximo semestre são o pacto federativo e a reforma tributária. Durante evento em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, ele ponderou, contudo, que uma nova forma de relacionamento com os Estados e municípios deve demorar, no mínimo, entre seis meses e um ano.
Ele afirmou que já tem conversado com senadores, deputados, com o Tribunal de Contas da União (TCU) e com o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre um novo pacto federativo e tem tido boa disposição por parte dessas instituições.
Mais cedo, ele já havia dito que pretende desvincular todas as receitas para que os Estados, que hoje vivem uma situação financeira muito complicada, não acabem em uma situação em que possuem recursos em fundos que não podem ser utilizados para suas necessidades reais, por estarem “carimbados”, ou seja, têm vinculação específica.
Ele comemorou ainda a aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara dos Deputados. “Apesar da turbulência política, saiu uma reforma duas vezes maior do que o que seria no sistema anterior (governo Temer)”, disse, ponderando, contudo, que não considera os recursos que virão de aumento de CSLL para bancos – incluído na reforma no Congresso – no bojo do impacto. Guedes destacou ainda que a aprovação da reforma no primeiro turno “foi um ato de racionalidade do Congresso em relação à premência do problema fiscal”.
Guedes também comemorou o acordo comercial firmado com a União Europeia e afirmou que, após a assinatura do entendimento com os europeus, os americanos despertaram para o assunto. Nessa semana, o governo recebeu o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, que falou em livre comércio. “Quando assinamos acordo com a UE, os americanos chegaram e disseram e eu?”, disse.
| Tribuna PR (publicado em 01-08-2019) | | | | BC de Campos Neto pode se mostrar independente e corrigir o erro de seu antecessor
O Banco Central finalmente se moveu! A Selic caiu de 6,5% para 6% nesta semana, e a redução deve continuar nos próximos meses.
O corte da Selic encerrou 16 meses de taxa constante em 6,5%, quando o BC rasgou todos os manuais de política monetária e inventou desculpas para evitar cortar juros em uma economia em risco de recessão.
A parada técnica da taxa básica de juros foi até justificada no início de 2018, pois o efeito da greve dos caminhoneiros sobre os preços e o nível de atividade era bastante incerto.
Porém, no fim do ano passado, após as eleições e com sinais claros de que a economia voltava a patinar, a decisão de manter a Selic constante se revelou uma grande barbeiragem.
Para colocar a questão em perspectiva, recorro a um texto recente de meus colegas do Ibre Manoel Pires e Bráulio Borges, escrito em conjunto com Gilberto Borça Jr, do BNDES.
Segundo os três autores, a economia brasileira está hoje 6% abaixo do seu potencial produtivo.
Traduzindo do economês, há recursos ociosos suficientes para aumentar a produção sem gerar pressões de demanda sobre a inflação.
No caso da política monetária, Pires, Borges e Borça estimam que a Selic já poderia estar entre 3% e 5% com base no que recomenda o sistema de metas de inflação.
Como sou conservador, fico com a estimativa superior dos meus colegas, de que a Selic deveria estar em 5%. Em termos práticos, isso significa que, mesmo após o corte desta semana, nossa política monetária ainda não é suficientemente expansionista diante da baixa inflação da economia.
Diminuir a Selic obviamente não resolve todos os problemas, pois já tivemos redução da taxa básica de juro real desde 2016, de 9% para 3% ao ano, e ainda assim a economia não se recuperou de modo adequado
Hoje, o corte da Selic ajuda mais no reequilíbrio fiscal, pois há grande correlação entre o custo da dívida bruta do governo e a taxa de juro fixada pelo BC.
Com Selic mais baixa, é preciso um resultado primário menor para estabilizar o endividamento público, o que, por sua vez, permite preservar programas sociais e investimentos de cortes orçamentários.
A Selic menor também diminui a apreciação do real, sobretudo no atual contexto internacional de redução de juros nos EUA e na Europa. Diante do atual nível de atividade econômica no Brasil, mais apreciação cambial seria negativo para a recuperação do crescimento.
Em terceiro lugar, a redução do juro básico ajuda na desalavancagem de quem está endividado, famílias e empresas, desde que isso se transmita para as taxas de mercado, o que não necessariamente acontece.
Mas, se a Selic poderia estar mais baixa, por que o BC ficou tão atrás da curva? Por dois motivos.
Primeiro, a política monetária foi excessivamente expansionista em 2013-14, e isso exigiu o movimento oposto em 2015-16, ainda no governo Dilma, para controlar a inflação.
Segundo, há uma assimetria na política monetária brasileira, pois errar a Selic para cima é tolerado e até elogiado pelo mercado, porque isso eleva o rendimento real das aplicações financeiras. Já errar a Selic para baixo é pecado mortal exatamente pelo motivo oposto.
Se o BC fosse independente do mercado financeiro, um erro compensaria o outro, e a Selic estaria próxima de 5% hoje. Como nosso BC é muito influenciado pela Faria Lima, tivemos erros sistemáticos para mais desde meados de 2016.
Mas antes tarde do que nunca! Agora, o BC de Campos Neto pode se mostrar independente, corrigir o erro de seu antecessor e colocar a Selic abaixo de 5% no final deste ano.
Nelson Barbosa - Professor da FGV e da UnB, ex-ministro da Fazenda e do Planejamento (2015-2016). É doutor em economia pela New School for Social Research.
| Folha de S. Paulo | | | | O Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) acelerou em todas as sete capitais analisadas entre a terceira quadrissemana de julho e a última medição do mês, informou a Fundação Getulio Vargas na manhã desta sexta-feira, dia 2. No período, o indicador avançou de 0,18% para 0,31%. Em junho, o IPC-S teve queda de 0,02%.
Por capitais, o IPC-S acelerou de 0,04% para 0,13% em Salvador, passou de 0,25% para 0,35% em Brasília, e avançou de 0,35% para 0,36% em Belo Horizonte. Em Recife, o acréscimo na taxa foi de 0,31% para 0,54%, enquanto no Rio de Janeiro foi de 0,16% para 0,23%. O IPC-S também ganhou força em Porto Alegre (-0,05% para 0,20%) e em São Paulo (0,29% para 0,41%).
| Tribuna PR | | | | Exportações tiveram queda de 14,8% ante julho de 2018; importações caíram 8,9% na mesma base de comparação
A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 2,293 bilhões (R$ 878 bilhões) em julho, pior para o mês desde 2014 (US$ 1,562 bilhão, R$ 6 bilhões), com a fraqueza da economia sendo refletida tanto na ponta das exportações quanto das importações.
O dado, divulgado pelo Ministério da Economia nesta quinta-feira (1º), também veio abaixo da expectativa de um saldo positivo em US$ 3,8 bilhões (R$ 14,5 bilhões), conforme pesquisa da Reuters com analistas.
No mês, as exportações tiveram queda de 14,8% ante julho de 2018, pela média diária, a US$ 20,054 bilhões (R$ 76,8 bilhões).
Já as importações caíram 8,9% na mesma base de comparação, a US$ 17,761 bilhões (R$ 68 bilhões).
No acumulado dos sete primeiros meses do ano, a balança comercial ficou positiva em US$ 28,369 bi (R$ 108,6 bilhões), recuo de 16,3% sobre igual etapa do ano passado.
“(Há) menor demanda externa por conta da desaceleração da economia mundial e menor demanda interna por conta de desempenho aquém do esperado para a economia nacional”, avaliou o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão.
Depois de iniciar 2019 prevendo uma alta de 2,5% para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, o governo foi revisando sua perspectiva para baixo, até cortá-la a 0,81% no último mês.
Para o resultado consolidado da balança no ano, a expectativa de analistas ouvidos pelo Banco Central na mais recente pesquisa Focus é de um saldo positivo de US$ 52 bilhões (R$ 199,1 bilhões) nas trocas comerciais, contra um superávit de US$ 58 bilhões (R$ 222 bilhões) de 2018.
No mês passado, o Ministério da Economia ajustou suas estimativas e passou a prever um superávit comercial de US$ 56,7 bilhões (R$ 217,1 bilhões) para este ano.
DESTAQUES EM JULHO
Do lado das exportações, o desempenho negativo foi verificado em todas as categorias em julho, com destaque para os embarques de produtos básicos, que recuaram 16,7% ante igual mês do ano passado.
No mês, houve diminuição de 61,2% nas vendas de petróleo em bruto e de 34,6% da soja em grão, dois importantes produtos da pauta comercial brasileira.
“Esses dois produtos apresentaram queda tanto de volume quanto de preço no mês”, disse Brandão.
Ele apontou que o apetite por petróleo é afetado pela desaceleração da economia mundial, com reflexo nas cotações internacionais do produto.
Já as vendas de soja têm sido impactadas pelos problemas sanitários da China, pontuou Brandão. A soja comprada do Brasil é utilizada principalmente na alimentação de porcos, mas a produção suína no gigante asiático sofreu forte redução em função do surto de peste suína africana no país.
Olhando para as demais categorias, as exportações brasileiras de manufaturados e semimanufaturados caíram 12,3% e 4,6% em julho, respectivamente.
Na ponta das importações, as compras de combustíveis e lubrificantes subiram 22% em julho. Também cresceram as aquisições de bens intermediários (+4,9%) e de bens de consumo (+1%).
Em contrapartida, as importações de bens de capital despencaram 53% sobre julho do ano passado. O Ministério da Economia chamou a atenção para a retração verificada principalmente em barcos-faróis, guindastes, docas e diques flutuantes.
| Folha de S. Paulo (publicado em 01-08-2019) | | | | O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação na cidade de São Paulo, subiu 0,14% em julho, após ter avançado 0,15% em junho, segundo dados publicados nesta sexta-feira, 2, pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
O resultado de julho ficou dentro das estimativas de 11 instituições de mercado consultadas pelo Projeções Broadcast, que variaram de altas de 0,13% a 0,31% no período, mas acima da mediana, de 0,13%.
Quatro dos sete componentes do IPC-Fipe mostraram aceleração em julho. Os custos de Habitação apresentaram alta de 0,54%, em ritmo menor do que a alta de 0,69% registrada em junho. Já Saúde subiu 0,46%, contra alta de 0,18% no mês anterior, enquanto Vestuário ganhou 0,39%, após cair 0,21% em junho. Educação também apresentou alta, de 0,48%, depois de avançar 0,02%.
Por outro lado, três itens mostram deflação em julho: Alimentação (-0,11%, de -0,51% em junho); Transportes (-0,14%, de -0,29%) e Despesas Pessoais (-0,33%, de 0,82%).
Veja abaixo como ficaram os componentes do IPC-Fipe em julho:
– Habitação: 0,54%
– Alimentação: -0,11%
– Transportes: -0,14%
– Despesas Pessoais: -0,33%
– Saúde: 0,46%
– Vestuário: 0,39%
– Educação: 0,48%
– Índice Geral: 0,14%
| Tribuna PR | | | | A venda de veículos novos cresceu 12% em julho ante igual mês do ano passado, informou a Fenabrave (Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores). Foram 243,6 mil unidades vendidas no mês, em conta que considera os segmentos de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. É o maior resultado para julho desde 2014.
O volume, se comparado a junho, também apresenta expansão, de 9,1%. No acumulado do ano, os emplacamentos somam 1,551 milhão de unidades, avanço de 12,1% em relação a igual intervalo do ano passado e no maior volume para o período desde 2014. O desempenho parcial de 2019 supera a projeção da Fenabrave para o ano todo, de alta de 8,3% sobre 2018, para 2,78 milhões de veículos vendidos.
O balanço da Fenabrave também informa que, considerando somente os veículos leves (automóveis e comerciais leves), que representam mais de 90% do setor, as vendas cresceram 11,4% em julho ante igual mês de 2018, com 232,2 mil emplacamentos. De janeiro a julho, foram 1,481 milhão de unidades vendidas, crescimento de 10,9% em relação a igual intervalo de 2018.
No caso dos caminhões, o mercado cresceu 35% em julho ante igual mês de 2018, com a venda de 9 mil unidades. Em relação a junho, o segmento teve expansão de 15,3%. No acumulado do ano, a categoria registra 55,8 mil vendas, aumento de 43,2% sobre o resultado registrado de janeiro a julho do ano passado.
O mercado de ônibus, por sua vez, vendeu 2,4 mil unidades em julho, avanço de 3% sobre julho do ano passado e de 21,5% ante o resultado de junho. No ano, o segmento acumula 14,8 mil emplacamentos, crescimento de 54,7% na comparação com o acumulado de janeiro a julho de 2018.
| Tribuna PR (publicado em 01-08-2019) | | | | A Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia alterou, temporariamente e por quotas, para 2% a alíquota ad valorem do Imposto de Importação de três mercadorias. A Portaria com a decisão está publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira, 1º de agosto.
A Ametrina poderá ser importada por essa alíquota de 2% até o limite de 3.750 toneladas, por 170 dias. Essa alíquota também poderá ser adotada para as importações de até 72.000 toneladas de lignossulfonatos, por até 12 meses.
A regra vale ainda para importações de poliacetal poliéter (pape), em solução aquosa, até o limite de 2.000 toneladas por 12 meses.
No caso da Ametrina e do lignossulfonatos, os dois produtos já tinham sido beneficiados com a redução da alíquota para importação no ano passado, mas também por um prazo de 12 meses.
| Tribuna PR (publicado em 01-08-2019) | | | | Equipe de São Carlos conquistou prêmio de US$ 17 mil depois de vencer três das quatro categorias em uma disputa internacional que envolveu 211 participantes
Foi preciso percorrer 6.582 quilômetros por mais de 5,7 mil horas para que os 69 carros autônomos dos melhores laboratórios de pesquisa do mundo concluíssem uma competição inédita. São quilômetros mais do que suficientes para cruzar, de carro, a distância que separa o Oiapoque, no extremo norte do Brasil, do Chuí, no extremo sul. A questão é que esses carros não alcançaram a façanha enfrentando estradas pavimentadas ou de terra, mas usando uma plataforma virtual que simula percursos, o Car Learning to Act (CARLA).
Tal como em um rally da vida real, a competição internacional demandava que os veículos criados pelos 211 participantes percorressem rotas virtuais, encarando engarrafamento, chuva, placas de trânsito, semáforos, carros desavisados, pedestres incautos além de outros imprevistos.
No entanto, diferentemente dos jogos eletrônicos, nesse caso não havia controle remoto: os participantes da disputa programavam seus veículos diretamente de seus laboratórios de pesquisa, espalhados por vários locais do planeta, e enviavam os códigos para computadores que processavam essas informações. Automaticamente, a plataforma de simulação verificava como cada veículo tinha se comportado e computava os pontos obtidos. Nesse rally virtual, não é quem anda mais rápido que se torna campeão, mas quem comete o menor número de infrações e acumula mais pontos.
Resultado: o carro autônomo criado por seis alunos de pós-graduação e dois professores da USP obteve o melhor desempenho em três das quatro categorias do Desafio de Direção Autônoma CARLA, que foi patrocinado por empresas líderes na corrida pelo desenvolvimento da tecnologia para veículos autônomos. O time ainda conseguiu o segundo lugar na única categoria que não venceu e conquistou um prêmio total de US$ 17 mil.
“A principal motivação dos pesquisadores em direção autônoma é promover segurança. A ideia é, no futuro, ter um nível de automação em que os veículos autônomos sejam capazes de alcançar resultados melhores do que um ser humano”, explica Júnior Rodrigues da Silva, doutorando do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP e um dos membros da equipe campeã.
Coordenada pelos professores Denis Wolf e Fernando Osório, do Laboratório de Robótica Móvel do ICMC, a equipe foi composta por mais cinco pós-graduandos: Angelica Mizuno Nakamura; Iago Pachêco Gomes; Jean Amaro; Tiago Cesar dos Santos e Luis Alberto Rosero. O doutorando Júnior ressalta ainda que, para se tornarem mais competentes que os humanos, os veículos autônomos ainda têm uma longa estrada pela frente. Daí a relevância de participar de desafios de simulação, que possibilitem às máquinas passarem por situações muito próximas às que os motoristas vivenciam no mundo real.
“Essa primeira edição da competição ajudou a identificar em que patamar estão os trabalhos na área e como os pesquisadores lidam com os principais dilemas nesse campo de pesquisa. A ideia é que a disputa aconteça anualmente para que os cientistas acompanhem a evolução dos estudos”, conta o mestrando Iago Pachêco Gomes. “As estatísticas produzidas durante a competição servem para instigar as equipes a melhorarem seus sistemas. Por exemplo, nenhum time conseguiu, sem cometer qualquer infração, cumprir o trajeto com menor nível de dificuldade”, completa.
Reduzindo as incertezas – Até recentemente, não havia uma plataforma on-line aberta que possibilitasse realizar simulações com carros autônomos, propiciando uma aproximação razoável do mundo real. Os custos para fazer testes com esses veículos em vias públicas são muito altos, o que restringia a realização de pesquisas. Com o surgimento de uma plataforma como o CARLA, os pesquisadores têm à disposição um meio mais acessível e seguro para os testes.
“Como um carro autônomo vai agir ao se deparar com uma situação muito inusitada como, por exemplo, um cachorro que surge de repente na pista depois de sair detrás de uma árvore?”, questiona Júnior. Cenários inesperados como esses, que acontecem frequentemente na vida real, estão entre os obstáculos encontrados pelos pesquisadores da área. Afinal de contas, esse tipo de situação é desafiadora até mesmo para os seres humanos: muitas vezes, desviar do cão implicará atropelar uma criança que está do outro lado da rua ou até mesmo causar um acidente grave e colocar em risco a vida de muitas pessoas.
Note que diversos processos ocorrem nos poucos segundos em que um motorista capta os dados do cenário à frente – por meio dos órgãos de percepção que propiciam, por exemplo, ver e ouvir. A seguir, o condutor deve interpretar essas informações, analisar as opções de que dispõe e tomar, finalmente, uma decisão. Só então, caso necessário, os músculos serão movimentados e vão acionar os dispositivos do carro para desviar ou colidir com o animal. Agora imagine quanto trabalho demanda transformar todos esses processos em um passo a passo (algoritmos) a ser executado rapidamente por um computador.
“Se você está a 50 quilômetros por hora e vê uma placa com a indicação de 30 quilômetros por hora, precisa interpretar essa informação e, a seguir, tomar a decisão de reduzir a velocidade. No caso do carro autônomo, a nossa função é programá-lo para que, a partir dos dados provenientes dos sensores, as informações do ambiente sejam interpretadas adequadamente e as decisões possam ser tomadas”, explica Júnior.
Primeiro, é necessário substituir os órgãos perceptivos do motorista por câmeras, sensores a laser e GPS (sistema de posicionamento global). Depois, esses dados captados devem ser transformados em informações úteis para a posterior tomada de decisão. “Para o computador, uma imagem é uma matriz de números. Então, precisamos criar algoritmos que consigam extrair informações relevantes daquela imagem, possibilitando, por exemplo, identificá-la como sendo uma placa, um semáforo ou um ser vivo”, relata a doutoranda Angélica Nakamura.
A direção autônoma ficará comprometida caso a imagem tenha pouca qualidade e seja interpretada de forma inadequada. É o que acontece com muitos motoristas em dias de chuva. “Dependendo, por exemplo, da qualidade dos sensores de percepção empregados, é possível afirmar, com 90% de certeza, que o sinal está vermelho. Não é 100% porque sempre existe uma possibilidade de erro.
Então, os pesquisadores precisam criar um sistema de tomada de decisão que leve em conta esse grau de incerteza”, explica Júnior.
Por isso, a qualidade do sistema de percepção e de tomada de decisão – desenvolvidos a partir de ferramentas da área de inteligência artificial – é fundamental. Só depois de realizados os processos de percepção, interpretação e tomada de decisão, o carro autônomo de fato partirá para a ação e, caso necessário, serão acionados dispositivos como volante, acelerador e freio.
O doutorando Júnior revela também que as quatro categorias do Desafio de Direção Autônoma CARLA se diferenciavam devido aos tipos de sensores disponíveis. Em algumas havia menos equipamentos à disposição – apenas câmera e GPS – já em outras era possível captar dados usando sensores a laser, por exemplo. “Em cada categoria, o veículo deveria percorrer várias rotas. E os pontos conseguidos na categoria eram calculados pela média obtida em cada rota”, completa Júnior.
Ampliando os conhecimentos – O carro autônomo campeão, criado pelos seis alunos de pós-graduação e dois professores da USP, é resultado de um trabalho que vem sendo realizado desde 2010 no Laboratório de Robótica Móvel do ICMC. Responsável por promover o primeiro teste de carro autônomo em vias públicas da América Latina em 2013, o Laboratório também criou um caminhão autônomo em parceria com a Scania em 2015.
“Já tínhamos desenvolvido algoritmos de percepção para o projeto do Carro Robótico Inteligente para Navegação Autônoma (CARINA) e para o caminhão. Então, aproveitamos esses algoritmos no desafio internacional, fazendo os ajustes necessários. A ideia, agora, é que essas melhorias testadas na plataforma simulada possam ser implementadas no CARINA II, possibilitando que nosso carro possa se movimentar por cenários mais complexos”, afirma Júnior.
É fato que os benefícios potenciais dos veículos autônomos são imensos e vão desde a eliminação de acidentes causados por erros humanos até a redução da emissão de dióxido de carbono e o uso mais eficiente de energia e infraestrutura. No entanto, muitas questões tecnológicas permanecem sem resposta, tais como: qual é a melhor combinação de sensores para um carro autônomo? Quais componentes do sistema podem ser aprimorados com os próprios dados obtidos durante os percursos? Em quais situações de tráfego diferentes algoritmos falham?
Perguntas como essas poderão ser respondidas mais rapidamente com a participação das equipes de pesquisadores em competições como o Desafio de Direção Autônoma CARLA. Os brasileiros largaram na frente, mas estamos ainda no começo da era dos veículos autônomos. A manutenção da liderança depende da valorização da ciência brasileira e de futuros investimentos.
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