| 20 de maio de 2020
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Em 20/05/2020
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Índice de evolução da produção teve 26 pontos em uma escala de 0 a 100
A pesquisa Sondagem Industrial mostra um recuo sem precedentes na atividade industrial brasileira na passagem de março para abril deste ano, devido aos efeitos da crise provocada pelo novo coronavírus, informou hoje (20) a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O índice de evolução da produção registrou 26 pontos em uma escala de 0 a 100. Nessa metodologia, os valores abaixo de 50 pontos mostram queda.
A nova contração da atividade industrial provocou o recuo de 9 pontos percentuais da utilização da capacidade instalada de março para abril, indo para 49%. Esse dado indica que mais da metade da capacidade instalada da indústria ficou ociosa em abril. E a forte queda no número de empregados levou o índice para 38,2 pontos em abril, bem distante da linha divisória de 50 pontos. Esse é o menor de toda a série mensal iniciada em 2011.
“A maior disseminação da crise entre as empresas no mês de abril era esperada, pois, no início de março, grande parte da indústria ainda não tinha sentido a queda na demanda. Em abril, as empresas passaram todo o mês sob os efeitos das medidas de distanciamento social”, disse o gerente executivo de Pesquisa e Competitividade, Renato da Fonseca, em nota.
Apesar disso, acrescenta a CNI, os índices que medem as expectativas tiveram uma ligeira melhora. No entanto, essa melhora já era esperada “em razão da forte queda dos meses anteriores”.
Expectativas
O índice de expectativa de demanda registrou crescimento de 3,2 pontos, para 35,1 pontos. Indicadores abaixo de 50 pontos retratam pessimismo do empresariado. Ou seja, a expectativa é de queda na demanda.
O índice de expectativa de número de empregados cresceu 2,9 pontos na comparação com abril, e foi para 38,1 pontos, enquanto o de compras de matérias-primas cresceu 1,4 ponto, para 34,7 pontos.
Segundo a CNI, o índice de intenção de investimentos reflete os efeitos da pandemia sobre a atividade, a elevada incerteza e o consequente pessimismo dos empresários.
O índice praticamente não se alterou em maio, após a forte queda de abril. O indicador havia recuado de 58,3 pontos em março, para 36,7 pontos, em abril e agora encontra-se em 36,9 pontos.
A equipe superou esse desafio escolhendo um plástico conhecido como "polímero termoendurecível", devidamente reforçado com fibras de carbono, vidro ou aramida. O resultado é um material quimicamente resistente, capaz de suportar elevadas temperaturas e resistir a grandes esforços mecânicos.
"O módulo da árvore de comando fica localizado no cabeçote, então normalmente ele fica no espaço superior do motor. Aqui, faz especialmente sentido reduzir o peso, pois isso também contribui para diminuir o centro de gravidade do veículo," disse Thomas Sorg, do Instituto Fraunhofer de Tecnologia Química, na Alemanha.
Comando de válvulas de plástico
A equipe construiu o comando de válvulas de plástico na forma de um módulo monolítico, o que significa que até os rolamentos estão integrados - em outras palavras, ele é fabricado como uma peça única, reduzindo assim o tempo de montagem na fábrica de motores.
Os testes em bancada, com o motor funcionando por 600 horas, mostrou como ganho adicional uma significativa redução no ruído emitido pelo motor.
"Nós podemos produzir módulos de comando de válvulas de polímero termoendurecido com muito mais facilidade do que seus equivalentes de metal leve [alumínio], e podemos fazê-lo economicamente em um processo de moldagem por injeção," enfatizou Sorg. "Embora a rigidez do polímero termoendurecido seja apenas um quarto da do alumínio, cuidados no projeto nos permitiram atender à deformação máxima permitida."
Embora a tecnologia pareça ter chegado tarde, tendo em vista a acelerada adoção dos carros elétricos, a substituição dos metais por polímeros pode dar uma sobrevida aos motores a combustão.
| Agência Brasil | | | | Robson Braga de Andrade defendeu atuação estratégica para impedir fechamento de empresas e impedir o agravamento da situação econômica do país
Em entrevista ao programa Impressões, da TV Brasil, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, afirmou que o impacto da pandemia sobre a indústria é grande e defendeu medidas para preservar a operação das empresas antes que elas fechem as portas.
“O momento de salvar as empresas é agora. Se esperar até chegarem a um estágio terminal, será sem volta. Isso vai desencadear o agravamento da situação, com mais desemprego, diminuição de impostos pagos”, afirmou.
Andrade explicou que a paralisação do comércio e dos serviços tem consequências imediatas sobre a indústria, que tem nos setores seus principais clientes. “A pandemia também afetou as exportações. Não tem como produzir, sem capital de giro, não tem como se sustentar”, afirmou Andrade. “As empresas precisam de capital de giro e financiamento, mas há muita dificuldade. Pode, sim, ter empresas que não vão sobreviver”, avaliou.
Entre os principais problemas enfrentados pela indústria, Andrade citou ainda o aumento da inadimplência, a queda na demanda e nos estoques e a dificuldade de importação de insumos.
A CNI tem apresentado ao Governo Federal uma série de medidas para amortecer o impacto da pandemia na economia. De acordo com o presidente da CNI, as sugestões têm sido bem recebidas e muitas se tornaram medidas de crise.
No entanto, Andrade pediu uma coordenação para que o país possa planejar a retomada. “Por meio das Federações de Indústrias, temos apresentado as mesmas medidas aos governos estaduais. Mas temos visto medidas muito diferentes sendo tomadas. O que falta é um planejamento desse retorno e das pessoas saberem que ele será implantado no momento possível”, observou.
Padrão de consumo vai mudar
Robson Braga de Andrade também falou sobre a mudança no comportamento dos consumidores. Pesquisa recente da CNI mostra que 3 em cada 4 brasileiros reduziram o consumo e pretendem manter o nível mais baixo mesmo quando a pandemia passar.
Confira a íntegra da pesquisa sobre o padrão de consumo do brasileiro durante a pandemia
“A percepção mudou. Hoje, as compras estão concentradas em alimentos, saúde, vestuário e calçados. a forma de entretenimento mudou. Tudo isso pode gerar diferentes impactos para os setores industriais”, disse.
Atuação do SENAI no combate à pandemia é destaque
Por fim, o presidente da CNI destacou o trabalho do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), que colocou sua estrutura de inovação e tecnologia a serviço do combate ao coronavírus.
Ele destacou a criação do túnel de desinfecção, pelo SENAI da Bahia, que aumentará a segurança para profissionais de saúde. Também citou o projeto que está sendo financiado pelo Edital de Inovação para a Indústria para a produção de um spray que é capaz de desinfectar superfícies por mais tempo. Segundo ele, o SENAI já investiu mais de R$ 60 milhões na produção de máscaras, equipamentos de proteção individual e tecnologias de combate ao vírus.
“Com isso, demonstramos como o SENAI e o SESI trabalham pela saúde dos brasileiros”, arrematou.
| CNI (publicado em 18-05-2020) | | | | Em meio à crise causada pela covid-19, nova plataforma permite emissão do Certificado de Origem Digital (COD) de forma mais intuitiva e prática. Documento garante benefícios alfandegários para 23 países
O sistema permite que o empresário emita de forma simplificada o documento que garante ao produto brasileiro benefícios tarifários em 23 países
Em meio à crise desencadeada pela pandemia de Covid-19, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) lança, nesta segunda-feira (18), uma nova plataforma para a emissão do Certificado de Origem Digital (COD) para exportadores brasileiros. Com identidade visual mais moderna, numa plataforma mais ágil e intuitiva, o sistema permite que o empresário emita de forma simplificada o documento que garante ao produto brasileiro benefícios tarifários em 23 países.
No primeiro quadrimestre deste ano, a emissão de COD pela CNI mais que dobrou na comparação com o mesmo período de 2019. O salto registrado foi de 116%. Para a confederação, facilitar esse processo é fundamental neste momento de crise, uma vez que o comércio exterior costuma ser o primeiro a instrumento a ajudar um país a sair da recessão.
“Fazer uso dos benefícios alfandegários garantidos nos acordos do Brasil com diversos países é fundamental para aumentar a competitividade dos produtos nacionais no mercado global. Daí a importância de o empresário ter a sua disposição um sistema moderno e ágil para emitir os Certificados de Origem Digital”, comentou o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Eduardo Abijaodi.
Além do benefício econômico, no contexto da pandemia de Sars-CoV-2, o COD reduz a circulação de papeis e pessoas que podem se tornar vetores da doença.
A emissão do COD é feita pela Rede Brasileira de Centros Internacionais de Negócios (Rede CIN), coordenada pela CNI. Presente nas federações de indústrias dos estados e do Distrito Federal, ela promove a internacionalização das empresas brasileiras por meio da oferta de um conjunto de serviços customizados a suas necessidades. Em casos específicos, a depender do acordo comercial entre os países, o COD pode garantir a isenção completa das tarifas alfandegárias.
| CNI ( publicado em 18-05-2020) | | | | Ideia é que operação desses financiamentos seja feita por meio de parceria entre a Caixa e empresas que operam os aparelhos
O Ministério da Economia anunciou nesta terça-feira (19) que prepara um sistema de liberação de crédito com garantia do Tesouro a micro e pequenas empresas por meio das maquininhas de cartão.
A ideia é que a operação desses financiamentos seja feita por meio de uma parceria entre a Caixa Econômica Federal e empresas que operam os aparelhos de cartão.
O objetivo é aproveitar a capilaridade das maquininhas no país, que estão nas mãos até dos menores empresários, para facilitar a concessão do crédito, especialmente diante da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus.
De acordo com o assessor especial do Ministério da Economia Guilherme Afif Domingos, após a aplicação neste momento de emergência, o mecanismo pode ser incorporado ao sistema.
“Vamos chamar as maquininhas para ajudar no processo porque elas têm interesse em manter esses pequenos negócios vivos. O banco empresta o dinheiro e a maquininha leva até a ponta”, disse à Folha.
Hoje, já é possível obter crédito pelas maquininhas de cartão, mas, com a crise econômica, o governo decidiu oferecer recursos públicos como garantia a essas operações.
Na liberação do crédito, valores que a empresa tem a receber na conta da maquininha também poderão ser usados como garantia da operação.
O presidente Jair Bolsonaro sancionou o projeto de lei que cria um programa de crédito para micro e pequenas empresas. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (19).
Pontos do texto foram vetados e voltarão para avaliação do Congresso, mas a essência da proposta foi mantida.
O projeto cria uma linha de crédito estimada em R$ 15,9 bilhões destinada a esses segmento de empresas.
O texto estabelece o Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte).
A ideia é que ele sirva a essas empresas de forma permanente, não apenas no período de pandemia do novo coronavírus.
Os bancos que fizerem parte do programa terão de operar com recursos próprios para conceder os créditos às empresas. No entanto, contarão com garantia aportada pelo Tesouro de até 85% do valor de cada operação.
O texto libera a participação de fintechs e empresas do sistema de pagamentos, desde que regulamentado pelo Banco Central.
Segundo Afif Domingos, o governo prepara uma MP (medida provisória) para autorizar a liberação do crédito do Tesouro que será usado na garantia.
Também é necessária regulamentação do CMN (Conselho Monetário Nacional). Ele disse acreditar que o programa estará em pleno funcionamento na próxima semana.
De acordo com a proposta, a linha de crédito para a empresa corresponderá a 30% da receita bruta anual registrada pela companhia.
No caso de empresas com menos de um ano de funcionamento, o limite pode ser de até 50% do seu capital social ou de até 30% da média do seu faturamento mensal –o que for mais vantajoso.
O dinheiro emprestado pode ser usado para o financiamento da atividade empresarial e para capital de giro, mas está vedada o seu emprego para a distribuição de lucros e dividendos.
De acordo com a lei agora sancionada, a taxa de juros anual máxima aplicada no âmbito do programa é igual à Selic, acrescida de 1,25%. Já o prazo de pagamento é de 36 meses.
Ao avaliar o texto, Bolsonaro vetou o dispositivo que definia que Receita Federal deveria encaminhar ao Banco Central informações sobre as empresas para que possam ser atendidas na liberação do crédito. O presidente argumentou que a proposta gera insegurança jurídica.
Também foi vetado um artigo que prorrogou por oito meses o prazo para que os micro e pequenos empresários possam começar a pagar as dívidas.
O governo afirma que a medida contraria o interesse público e coloca em risco a execução do programa.
Outro veto diz respeito a uma proibição que os bancos consultassem bases de dado públicas ou privadas com informações do contribuinte para negar as concessões.
Para o governo, essa medida liberaria crédito a empresas com risco de insolvência gerando potencial prejuízo aos cofres públicos.
O presidente ainda vetou um ponto que adia parcelamentos de contribuintes com a Receita e a PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional). Programa semelhante foi anunciado pelo governo nesta semana.
Ao justificar o veto no Diário Oficial, o Ministério da Economia argumentou que a medida acarretava renúncia de receita sem a indicação de fonte alternativa ou de estimativa do seu impacto financeiro.
Segundo Afif, esse ponto não tem nenhuma relação com programas de crédito e, por isso, foi vetado para ser tratado em proposta separada.
| Folha de S.Paulo ( publicado em 19-05-2020) | | | | Intenção é incluir empresas com faturamento anual de mais de R$ 10 milhões. Governo também planeja aporte em fundo garantidor do BNDES para ampliar crédito a pequenas empresas.
A equipe econômica do governo planeja ampliar o número de empresas que podem usar a linha de crédito criada para financiar a folha de pagamento.
A intenção é que durante a tramitação da medida provisória que criou a linha de financiamento sejam incluídas, por exemplo, empresas com faturamento superior a R$ 10 milhões por ano.
Atualmente a medida disponibiliza financiamento para empresas com faturamento anual de R$ 360 mil a R$ 10 milhões, com o limite de dois salários mínimos por trabalhador.
O governo responde por 85% do dinheiro das operações, com outros 15% de recursos dos bancos que atuarem no programa. A linha tem R$ 40 bilhões à disposição das empresas.
A equipe econômica também quer que a linha de crédito permita financiar outras despesas das empresas.
Até agora, dos R$ 40 bilhões disponibilizados, foi emprestado R$ 1,7 bilhão, para 71,4 mil empresas.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) acredita que a baixa adesão à linha de financiamento deve-se à resistência dos bancos em liberar o crédito – 15% do risco da linha de crédito são financiados pelos bancos e 85% pelo Tesouro Nacional.
O BNDES também avalia que muitas das empresas que precisam do empréstimo não têm folha de pagamento cadastrada em banco.
Fundo Garantidor
Para facilitar o acesso de empresas de pequeno porte às linhas de crédito do BNDES, está sendo estruturado um aporte. O governo deve publicar na semana que vem uma medida provisória para aportar R$ 20 bilhões ao Fundo Garantidor para Investimentos do BNDES.
A injeção de recursos será autorizada em nova medida provisária. O fundo é um complemento para as garantias exigidas pelos bancos.
A estimativa do governo é que os R$ 20 bilhões têm potencial para facilitar a liberação de R$ 100 bilhões.
A expectativa do BNDES é que esses recursos ajudem a minimizar os riscos das operações e as resistências dos bancos em emprestar. O fundo deve garantir até 80% do valor da operação.
| G1 (publicado em 19-05-2020) | | | | Apesar da sanção do presidente, a linha de crédito com garantia da União e juros abaixo de 5% ao ano não tem prazo para chegar até os micro e pequenos empresários que precisam dos recursos.
Para ser oferecido pelas instituições financeiras, o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) precisa antes ter o Fundo de Garantia de Operações (FGO) regulado e aprovado pelo Conselho Monetário Nacional, segundo fontes ouvidas pelo blog.
O FGO, administrado pelo Banco do Brasil, receberá um aporte de R$ 15,9 bilhões do Tesouro Nacional, que irá arcar com 85% das linhas de crédito para empresas com faturamento de até R$ 4,8 milhões. O valor do empréstimo é de até 30% da receita bruta anual da empresa em 2019. O montante máximo do benefício é de R$ 108 mil para microempresas e de R$ 1,4 milhão para pequenas empresas.
Não há prazo ainda para o CMN aprovar a regulação da nova linha, anunciada ainda em março pelo governo e que precisou ser analisado e aprovado pelo Congresso.
Um dos maiores problemas enfrentados pelas empresas é a falta de linhas de crédito para que possam manter a sobrevida do seu negócio e os funcionários empregados.
Na manhã desta terça-feira (19), um dono de pequena empresa relatou ao blog que entrou em contato com seu banco e ouviu do gerente que não há previsão de oferta do Pronampe. Segundo ele, havia disponível outra linha, com juros de 1,19% ao mês – os juros no Pronampe são a Selic (3%) acrescidos de 1,25% ao ano.
| G1 ( publicado em 19-05-2020) | | | | Companhias devem sair da crise econômica provocada pelo coronavírus com o caixa ainda mais enfraquecimento e sem fôlego para novos investimentos. Aumento da capacidade ociosa na indústria também deve dificultar aceleração do PIB.
A recuperação da economia brasileira - quando vier - deverá ser lenta. Endividadas, as empresas caminham para sair da crise provocada pelo coronavírus com o caixa ainda mais comprometido e sem fôlego para investir, uma combinação que reduz a possibilidade de uma volta acelerada da atividade econômica.
O tamanho do endividamento fica evidente quando se analisa o balanço das empresas de capital aberto. Das 226 companhias não-financeiras com ações negociadas na bolsa de valores, a relação entre capital próprio e endividamento encerrou o ano passado em 76,8%, mostra um levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Isso quer dizer que, para cada R$ 1 em dinheiro dos sócios, as empresas têm quase R$ 0,77 em financiamentos.
O estudo apontou que o endividamento recuou em relação a 2018, mas segue no mesmo patamar de 2014, quando teve início a última recessão no país. Além disso, boa parte da queda pode ser atribuída ao processo de desalavancangem realizado por Vale e Petrobras.
"Com o ambiente de recuperação fraca entre 2017 e 2019, o país não criou condições suficientes para que as empresas reduzissem as suas dívidas. Muitas mantêm um nível de endividamento superior ao que era observado em 2014", afirma o economista-chefe do Iedi, Rafael Cagnin. "Depois do primeiro baque do coronavírus, as companhias, assim como os estados, vão passar por um período de recuperação com medidas que ajudem a gerenciar o endividamento delas."
O impacto de Vale e Petrobras é notável ao fazer o recorte do tamanho do endividamento apenas do setor industrial. Sem as duas empresas, a relação entre endividamento líquido e capital próprio na indústria é de 94%. Com a mineradora e a petroleira no cálculo, esse índice cai para 73,7%.
Nos últimos anos, o alívio para as empresas também se deu mais com a troca da dívida de curto prazo pela de longo prazo. As companhias aproveitaram o cenário de queda dos juros e fortalecimento do mercado de capitais para se refinanciar. "Com a crise do coronavírus, a dívida curta deve subir de novo devido à necessidade de capital de giro das empresas", afirma Cagnin.
Aumento da capacidade ociosa
Há um segundo fator que deve levar a postergação do investimento no país: o aumento da capacidade ociosa. Com a economia num ritmo lento, o nível de utilização da capacidade instalada da indústria despencou para 57,3 pontos em abril, segundo o Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). É o índice mais baixo da série histórica iniciada em janeiro de 2001.
No curto prazo, o baixo nível de utilização da capacidade instalada é fácil de ser recuperado. Basta a empresa usar maquinário já disponível e contratar mais trabalhadores para acelerar a produção se houver um aumento da demanda. Mas, no longo prazo, os investimentos capazes de garantir um ritmo crescimento mais sustentável da economia brasileira são postergados e apenas destravados quando todo esse processo é concluído.
"Quanto o menor o nível da capacidade instalada, menos as empresas vão ter estímulos para investir", afirma Renata de Mello Franco, economista do Ibre/FGV. "Talvez, seja preciso esperar esse momento de isolamento social passar para que as empresas voltem a produzir sem restrição sanitária para só aí ser possível identificar quão comprometida ficou a produção."
Crise atual é a ‘cereja do bolo’
Com uma fábrica de confecções no Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo, a empresária Natasha Macedo diz que a crise provocada pelo coronavírus "é a cereja do bolo" dos últimos anos marcados pela enorme dificuldade de manter a sobrevivência do seu negócio.
"A gente espera uma melhora todo ano. Mas ela nunca vem", diz.
Há cinco anos, a fábrica chegou a ter 20 funcionários. Hoje, são 12 – três foram demitidos em março quando as medidas de isolamento social tiveram início em São Paulo. No início da pandemia, a empresa interrompeu todas as atividades, mas reabriu para a produção de máscaras.
"Com as lojas todas fechadas, somos afetados diretamente porque não temos para quem vender o que produzimos. Agora, estamos fabricando máscaras de tecido e só com a metade do quadro dos funcionários", diz Natasha. Quem não trabalha teve o contrato suspenso.
Hoje, o faturamento da empresa está 60% mais baixo do que o observado antes da crise e tudo que entra no caixa vai para pagar os salários dos funcionários e o aluguel do prédio.
"Todos os pedidos que eu tinha feito de tecido para chegar foram cancelados. O que entra é para pagar o que tem de ser pago", diz Natasha. "Um novo investimento é algo bastante distante."
Economia em revisão
No início desta crise, os economistas já projetavam um tombo bastante acentuado do PIB neste ano com a paralisação de boa parte das atividades, mas apontavam que retomada poderia ser rápida. Num jargão economês, a trajetória de recuperação esperada seria em V.
Nas últimas semanas, no entanto, as projeções para o desempenho da atividade econômica deste e do próximo ano já começam a ser revisadas por boa parte de bancos e consultorias.
"Não vai ser nada fácil a saída dessa crise. A recuperação não será em V. Não podemos ter a ilusão de que tudo se normalizará rapidamente depois de destruirmos tantos empregos e empresas", diz o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale. "Olhando para frente, vamos levar em alguns casos 10 anos para voltar onde estávamos."
A MB Associados projeta queda de 7,3% para o PIB deste ano e alta de 2% no ano que vem. Mas não descarta uma nova recessão em 2021.
Mais perdas a cada semana
O Brasil tem registrado um agravamento da pandemia, o que obrigou estados e municípios a ampliarem a quarentena para evitar a propagação do vírus e o colapso do sistema de saúde.
"A cada semana que a economia fica fechada aumenta a probabilidade de o maior número de empresas não conseguir atravessar essa ponte", afirma o economista-chefe do banco BNP Paribas, Gustavo Arruda. De uma recessão estimada inicialmente em 4% para 2020, ele mudou esse número para uma queda de 7%.
'Prévia' do PIB do Banco Central indica queda de 1,95% no 1º trimestre de 2020
Governo revisa estimativa para o PIB de 2020, de alta de 0,02% para queda de 4,7%
O vírus traz esse impacto para a atividade no curto prazo. Mas no médio e longo prazo, no entanto, as preocupações dos analistas englobam a incerteza política em relação ao futuro do governo Jair Bolsonaro e sobre a capacidade do país de retomar o equilíbrio fiscal.
Hoje, os economistas entendem que o aumento de gastos é justificável e necessário para conter os efeitos da pandemia. Mas, se essa piora fiscal se consolidar no próximo ano, a percepção de risco dos investidores sobre a economia brasileira deve crescer, afugentando ainda mais os investimentos.
"Há muita incerteza com os gastos que estão sendo feitos para combater a doença, se eles vão ficar contidos para este momento da crise ou se vão se estender, se o país vai ter uma dinâmica de dívida pública mais complexa lá na frente”, afirma Luka Barbosa, economista do banco Itaú.
A questão fiscal tem sido o principal entrave da economia brasileira. No ano passado, o Brasil aprovou a reforma da Previdência, considerada essencial para o acerto das contas públicas, mas a agenda para reduzir o endividamento do país é bastante longa. Neste ano, o Itaú espera um crescimento da dívida bruta para 92,2% do PIB, com uma queda para 88,3% do PIB no ano que vem.
A dívida bruta encerrou o ano passado em 75,8% do PIB.
| G1 | | | | Dados da Serasa mostram que houve alta no volume de processos em abril, na comparação com março, mesmo com represamento de pedidos. Especialistas preveem disparada no número de casos de quebra de empresas nos próximos meses.
Os pedidos de falências e recuperações judiciais aumentaram em abril, na comparação com março. E a avaliação é que o volume de processos deverá disparar nos próximos meses, diante da perspectiva de um forte tombo da economia brasileira e mundial em 2020 e das dificuldades financeiras das empresas em meio à pandemia de coronavírus.
Levantamento mensal da Serasa Experian antecipado ao G1 mostra que no mês de abril foram registrados 120 pedidos de recuperação judicial no país, uma alta de 46,3% na comparação com março. Já os pedidos de falência somaram 75, um aumento de 25% frente ao mês anterior.
Entenda o que é a recuperação judicial e como ela funciona
Apesar do salto mensal, os números ainda ficaram abaixo dos observados em abril de 2019.
Segundo o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, por conta do isolamento social e das medidas de restrições, muitos cartórios e varas judiciais não funcionaram normalmente, o que provocou um represamento no número de pedidos. Por conta disso e do cenário de forte recessão, ele prevê uma avalanche de pedidos neste ano e um retorno ao patamar recorde observado durante a crise econômica de 2016.
"Com a recessão se instalando e com as dificuldades que vários setores estão apresentando, tanto o número de falências quando de recuperações judiciais é esperado que aumentem. Independentemente do tempo de isolamento, os impactos na economia já ocorreram e vão demorar para ser integralmente superados", diz o especialista.
Pelos números da Serasa, até agora o ano com o maior número de insolvência de empresas foi em 2016, quando se atingiu o recorde de 1.863 pedidos de recuperação judicial no país.
"No começo do ano, parecia que o número de pedidos de recuperação ficaria abaixo de 1.400 e da média dos anos anteriores. Com a crise, deve voltar ao patamar da recessão de 2016", avalia Rabi, destacando que a inadimplência voltou a atingir patamar recorde no país. De acordo com a Serasa, 6,2 milhões de empresas tinham dívidas ou compromissos financeiros atrasados em março.
"A insolvência acontece em etapas. Primeiro as empresas ficam com dificuldades para honrar seus compromissos e ficam inadimplentes. Num segundo momento, os próprios credores, em função desse acúmulo da inadimplência entram com pedidos de falência, ou a própria empresa, por iniciativa própria, solicita que seja aberto um processo de recuperação judicial para tentar chegar a um acordo financeiro", explica.
Para o advogado Guilherme Marcondes Machado, especialista em recuperação judicial, a crise atual deverá ser mais profunda do que a dos anos 2016/2017 por se tratar de uma recessão global e de duração ainda incerta.
"A gente vive hoje em uma economia globalizada, interdependente. A cadeia inteira de fornecimento foi quebrada", afirma. "O aumento nesses números virá mais substancialmente no segundo semestre, e seguramente bem maior do que 2016".
O advogado alerta, porém, que a recuperação judicial é uma ferramenta que deve ser utilizada com cautela, uma vez que não garante maior chance de acordo com credores e menor risco de falência.
"Temos sido bastante procurados por empresas buscando algum tipo de solução para a crise, e recomendamos sempre tentar a renegociação extrajudicial antes de partir para uma recuperação judicial. Judicializar o problema pode dificultar a negociação – principalmente com bancos –, e, inclusive, ter o efeito inverso, acelerando a quebra da empresa", explica.
Pequenas empresas lideram casos de insolvência
Os dados da Serasa mostram que nos períodos de crise os pequenos negócios são os mais vulneráveis e os mais impactados por processos de insolvência.
Do total de 120 pedidos de recuperação judicial feitos em abril, 53 foram de micro e pequenas empresas, 44 de empresas médias e 23 de grandes empresas. De janeiro a abril, dos 377 casos no país, 226 envolveram pequenos negócios, 99 empresas de médio porte e 52 de grande porte.
Nos 75 casos de requisição de falência, 39 foram conta micro e pequenas empresas, 20 contra grandes e 16 contra empresas médias. No acumulado no ano, dos 315 pedidos, 173 envolveram pequenos negócios, 85 grandes empresas e 57 as de média porte.
"Sempre que há uma recessão os bancos ficam mais restritivos e cautelosos na hora de conceder crédito. A corda sempre estoura nas pequenas empresas, que são o elo mais fraco da cadeia", afirma o economista da Serasa. "Um mês sem faturamento já praticamente quebra essas empresas, que não costumam ter reserva de capital nem acionistas que possam injetar recursos".
Reportagem do G1 mostrou que pequenas empresas têm enfrentado dificuldades para ter acesso às linhas financiamento emergenciais anunciadas pelo governo e evitar que as portas não voltem a abrir.
Pesquisa do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) divulgada nesta segunda-feira (18) mostrou que, desde o início das medidas de isolamento no Brasil, apenas 14% das micro e pequenas empresas que solicitaram crédito conseguiram.
O Brasil tem atualmente cerca de 17 milhões de pequenos negócios. Desses, quase 7 milhões (38%) procuraram crédito no período. Mais da metade delas (58%), entretanto, não conseguiu o dinheiro, e 28% ainda estão aguardando a liberação do banco, de acordo com o Sebrae.
Governo sanciona com vetos lei que cria linha de crédito para micro e pequenas empresas
Setor de serviços lidera número de pedidos de recuperação
Na análise por setores, o levantamento da Serasa revela que o setor de serviços foi o mais impactado, com o número de solicitações de recuperação judicial saltando de 44 em março para 92 em abril. No mesmo mês do ano passado, foram 56.
No comércio, foram 13 solicitações em abril, na indústria, 12, e no setor primário, 3.
"O setor de serviços é o que concentra a maior quantidade de empresas inadimplentes do país, metade do total", observa Rabi.
O levantamento da Serasa monitora apenas os casos de insolvência judicializados, não incluindo acordos extrajudiciais nem os casos em que empresas decidiram encerrar as atividades por iniciativa própria.
Segundo o estudo do Sebrae, 44% dos pequenos negócios interromperam as atividades com a crise do coronavírus, pois dependem de funcionamento presencial. Os empresários relataram uma queda média de 60% no faturamento com a pandemia.
Embora todos os setores tenham registrado perdas, elas foram mais acentuadas nas atividades da chamada economia criativa, que envolvem eventos e produções (-77%), no turismo (-75%) e nas academias de ginástica.
| G1 ( publicado em 19-05-2020) | | | | Países com baixo isolamento social têm projeção de queda no PIB semelhante a vizinhos mais rigorosos
Países que adotaram isolamento social mais brando devem sofrer impacto econômico similar a nações vizinhas que foram mais rigorosas na quarentena. No caso de Suécia, Brasil e Chile, as medidas não foram suficientes para frear o avanço do coronavírus, e os três, para além das perdas econômicas, apresentam taxas de mortalidade substancialmente maiores do que países fronteiriços.
Mesmo a Alemanha, menos rigorosa na quarentena mas exitosa no combate à Covid-19, anunciou recessão no último trimestre e deve ter queda no PIB similar à média da Europa.
Citada pelo presidente Jair Bolsonaro como exemplo na pandemia, a Suécia, que teve regras de isolamento social mais brandas que seus vizinhos escandinavos, terá impacto econômico semelhante ou pior, segundo o previsão do FMI.
O país manteve estabelecimentos abertos, escolas funcionando e nem mesmo chegou a indicar oficialmente o uso de máscara pela população. Por lá, o isolamento social se parece mais com uma recomendação do governo a seus cidadãos do que com uma política efetiva de Estado.
Dados anônimos de mobilidade de usuários do Google mostram que os suecos reduziram suas atividades, mas foram mais às ruas que dinamarqueses, finlandeses e noruegueses, cujos governos implantaram maiores restrições.
O efeito da pandemia em termos econômicos, contudo, é parecido. A queda do PIB sueco em 2020 deve ficar em 6,8%, diz o FMI. A média dos outros três países é redução de 6,3%.
Também deve ter alta de três pontos percentuais no índice de desemprego —menos que a Noruega, que pode ter salto de nove pontos, porém mais que o dobro do crescimento de Dinamarca e Finlândia.
Dos escandinavos, os suecos têm a maior taxa de mortos por coronavírus: 36,1 a cada 100 mil habitantes, três vezes a da Dinamarca (9,4). A Suécia também é o único dos quatro países que teve mais mortes do que seria esperado para um mês de abril, de acordo com o projeto EuroMomo, que analisa a mortalidade em mais de 20 nações europeias.
Abril de 2020, por sinal, foi o mês com mais óbitos na Suécia em 20 anos, segundo a agência oficial de estatísticas do país.
Na América do Sul, a situação é semelhante no Brasil e no Chile. Com isolamento menor em comparação a Colômbia e Argentina, os dois países também devem ter quedas mais bruscas no PIB e já acumulam taxas maiores de mortes por coronavírus.
Dos quatro, a Argentina é a única que já tinha previsão de recessão antes mesmo de o mundo descobrir o coronavírus. Em outubro de 2019, o FMI projetava que o PIB caísse 1,3%. Em abril, houve uma revisão diante da pandemia, e a queda passou para 5,7%.
Em comparação, Brasil e Chile, que tinham previsão de crescimento de 2% e 3% em outubro, respectivamente, devem ter queda de 5,3% e 4,5%.
A Argentina adotou lockdown em todo o país, e, nesta segunda (18), tinha 0,8 mortos por 100 mil habitantes. O país já ensaia a saída da quarentena, com flexibilização de algumas regras.
No Brasil, são 7,7 mortos por 100 mil pessoas e, no Chile, 2,4. Na semana passada, a capital chilena endureceu as regras e decretou confinamento da população para tentar conter o avanço da Covid-19.
O Brasil, por sua vez, tem reabertura em alguns estados, como Santa Catarina, e lockdown em cidades de outros quatro. Nesta segunda, tornou-se o terceiro no mundo com mais casos da doença e já tem mais de 16 mil mortos.
Pesquisador de economia aplicada da FGV-IBRE (Instituto Brasileiro de Economia), Livio Ribeiro afirma que nenhum país é uma ilha e que dificilmente algum escapará dos efeitos econômicos da pandemia. A economia mundial, projeta o FMI, deve retrair 3%.
“Você tem países com políticas de isolamento mais soft, só que isso não quer dizer que eles são capazes de se blindar totalmente de um forte desaceleração global e regional. Não tem saída boa nem faz sentido opor saúde e economia”, diz.
Para ele, o fenômeno deve ser especialmente forte na zona do euro, altamente interligada.
A Alemanha, por exemplo, demonstrou que a quarentena mais branda não implica necessariamente alta taxa de mortes. O país teve números de óbitos muito mais tímidos que os vizinhos Bélgica (campeã mundial na taxa por 100 mil habitantes) e Holanda, mas nem por isso escapou da recessão.
Nenhum dos três adotou lockdown, mas os dados de mobilidade do Google mostram que os alemães foram os que menos aderiram ao isolamento social.
Ainda assim, o FMI projeta retração 7% ao fim do ano. Holanda e Bélgica têm prognóstico parecido, com -6,9% e -7,5%, respectivamente. Todos eles já deram início à reabertura há algumas semanas.
Situação semelhante é observada na Autrália e na Nova Zelândia, bem como nos vizinhos Estados Unidos, México e Canadá. São países com diferentes níveis de mortalidade e isolamento social, mas com previsão de queda do PIB de 6,2% a 7,2%.
| Folha de S.Paulo | | | | OIT antecipa que, no segundo semestre, 195 milhões de empregos terão sido destruídos por causa da pandemia, principalmente nos países onde impera a economia informal. Nos países atingidos, pouco mais de um terço dos trabalhadores possui proteção social.
Ninguém pode antecipar como estará o mundo quando a pandemia de Covid-19 passar – mas os impactos da crise no mercado de trabalho já são históricos. Nunca, em tão pouco tempo, houve uma destruição tão violenta de empregos. Jamais a precariedade da economia digital se mostrou tão às claras. Os milhões de trabalhadores em home office obrigam as empresas a se adaptar à força a uma tendência que veio para ficar.
"Devemos pressupor que essa ruptura deixará cicatrizes no funcionamento do mercado de trabalho”, resume o economista Yannick L’Horty, da Universidade Paris-Est-Marne-la-Valée, pesquisador do tema. "Estamos no meio do choque e ainda não temos como avaliar o que será permanente a partir do que estamos vivendo agora. É uma circunstância totalmente inédita.”
A Organização Mundial do Trabalho (OIT) antecipa que, no segundo semestre de 2020, 195 milhões de empregos terão sido destruídos por causa da pandemia, principalmente nos países onde impera a economia informal. A crise revigora a antiga discussão sobre o tamanho do Estado: nos países atingidos, pouco mais de um terço dos trabalhadores possui proteção social.
"Há uma perspectiva muito séria de termos a maior crise social em décadas. Temos de estar preparados”, adverte o economista Thomas Coutrot, cujas pesquisas são focadas no impacto da globalização no mercado de trabalho. A chamada “uberização da economia” mostrou seus limites: de um dia para o outro, milhões de trabalhadores se viram sem renda por conta das restrições de deslocamento impostas para conter a expansão do coronavírus.
“Na França, que tem um dos melhores sistemas de proteção social do mundo, mais de 1 milhão de autônomos estão completamente excluídos da assistência do Estado. A curto prazo, é urgente viabilizar uma renda mínima para esses trabalhadores, sem medo de se endividar nesse momento de crise aguda. Se não, teremos não apenas o problema de aumento de fome e da miséria, mas também uma espiral recessiva, depressiva, que vai se prolongar por muito tempo”, ressalta Coutrot.
Menos flexibilização?
L’Horty nota que a crise do coronavírus resulta, desde já, na revalorização das políticas de proteção do emprego – que vinham sendo cada vez mais decepadas mundo afora. "Países como os Estados Unidos e o Brasil, que consideraram que isso favoreceria a diminuição do desemprego estrutural. No entanto, estamos vendo o quanto esses trabalhadores ficaram superexpostos aos choques."
A médio prazo, Coutrot vai além: avalia que, mais do que nunca, chegou a hora de os aplicativos de serviços se responsabilizarem pelos seus prestadores. “Nada mais justo: eles são a mão de obra dessas empresas!”, insiste.
Consolidação da economia digital
A economia digital terá um antes e um depois da pandemia, que acelerou mudanças em curso no comércio e nos serviços, com impacto no trabalho. As lojas físicas manterão sua relevância depois que meio mundo aprendeu a viver e consumir fechado em casa?
“O digital se consolidou. Houve um desenvolvimento súbito de tudo que auxilia o desenvolvimento das relações à distância”, nota L’Horty. “Veja na área da educação, por exemplo. Ganhamos uma década em dois meses. A forma de trabalhar vai mudar em muitos setores.”
Home office não é tão maravilhoso assim
O mesmo vale para o trabalho remoto, uma prática avançada em países como Holanda, mas que na maioria dos demais ainda engatinhava. “Mas atenção: temos de diferenciar entre um home office desejado e um suportado. Se o home office chegou para ficar, é preciso que os trabalhadores tenham as condições adequadas para executar suas tarefas”, sublinha o professor da Universidade Paris-Est-Marne-la-Valée.
Autor de “Libérer le travail face à l’obsession du contrôle” (Liberar o trabalho diante da obsessão pelo controle, em tradução libre), Coutrot é ainda mais cético quanto ao futuro do trabalho à distância. “Talvez as pessoas se deem conta de que o trabalho remoto não tem nada a ver com o paraíso com que elas sonhavam, de conciliação entre vida profissional e a pessoal. Trabalho remoto é difícil: é uma pressão, um isolamento, uma dificuldade de comunicação e cooperação com os colegas. É uma situação bastante precária”, afirma.
Ele observa que, em poucas semanas, as empresas já constatam o aparecimento de problemas de saúde física e mental dos funcionários que estão em casa devido à pandemia – um problema que só tende a aumentar.
“O controle do empregador é ainda mais acirrado quando os empregados estão à distância. O trabalhador fica conectado em tempo integral no sistema da empresa. os chefes podem saber o que cada um está fazendo em tempo real”, frisa Coutrot. “Além disso, é uma situação que limita a autonomia, a criatividade, a possibilidade de tomar um tempo para conversar com os colegas sobre assuntos não diretamente ligados ao trabalho, mas que propiciam novas ideias e soluções.”
| G1 | | | | Independentemente da opinião que se tenha sobre quais as melhores medidas de isolamento social para frear a pandemia do coronavírus, parece evidente que há uma necessidade imperativa de se fazer o que estiver ao alcance do poder público para preservar o emprego e a renda dos brasileiros, seja durante o caos provocado pelo fechamento dos negócios, seja quando a pior fase da pandemia estiver passado e o país consiga avaliar melhor os estragos.
Mesmo antes da Covid-19, o desemprego já era uma urgência nacional, insistindo em se manter nos níveis alarmantes herdados da era lulopetista, mas a equipe econômica já trabalha com um aumento significativo no número de brasileiros sem trabalho – apenas em abril, foram quase 750 mil solicitações de seguro-desemprego, e o governo estima que outros 250 mil trabalhadores ainda não conseguiram fazer o pedido por não haver atendimento presencial nos postos do Sistema Nacional de Emprego (Sine).
Já existe um arcabouço de proteção em funcionamento, mas que precisa de melhorias para efetivamente ajudar empresas e trabalhadores. A MP 936, que permitiu a redução de salários e jornada ou a suspensão dos contratos de trabalho, garantindo ao trabalhador uma compensação governamental e a estabilidade no emprego por um período igual à duração do acordo com o empregador, ainda precisa ser votada pelo Congresso Nacional. Também há outras medidas, direcionadas especialmente a micro, pequenas e médias empresas, as mais vulneráveis neste período e as que menos têm caixa para se proteger em tempos difíceis. No entanto, alguns detalhes importantes parecem ter escapado à percepção dos formuladores dessas políticas.
É absurdo que, havendo recursos para mitigar a quebradeira e o desemprego, eles não cheguem a quem deles necessita
Um exemplo é a linha de crédito para bancar a folha de pagamento, um dinheiro que está inacessível a inúmeras pequenas empresas pelo simples fato de elas não terem sua folha de pagamento bancarizada. Em outros casos, os bancos têm feito exigências adicionais para liberar os recursos – a única contrapartida exigida pelo governo é o compromisso de não haver demissões.
Dificuldades impostas pelos grandes bancos, aliás, têm sido reclamação constante de empresários em busca de maneiras de manter vivo o seu negócio (e os empregos por ele gerados) apesar da queda brutal na receita, indicando que o esforço do governo e do Banco Central para facilitar o crédito está encontrando gargalos em um sistema bancário hiperconcentrado, que desestimula a competição. São falhas que terão de ser corrigidas o quanto antes, pois é absurdo que, havendo recursos para mitigar a quebradeira e o desemprego, eles não cheguem a quem deles necessita.
Como o país está diante de um desafio duplo – agora, manter os empregos em carteira e a renda de autônomos e informais; depois, facilitar que os empregos perdidos sejam recuperados e manter a rede de apoio aos demais trabalhadores –, a equipe econômica começa a pensar em medidas que possam continuar em prática depois da pandemia.
É o caso da desoneração da folha de pagamento, que o governo já vem tentando emplacar há um bom tempo, mas que volta a entrar no radar com a perspectiva de aumento do desemprego. “Vem redução de encargo trabalhista. Produzir emprego no país vai ser algo bom”, afirmou o ministro Paulo Guedes na quinta-feira passada, em videoconferência com empresários. Uma possibilidade que está na mesa é seguir o exemplo do contrato de trabalho verde e amarelo, extinto quando a MP que o havia criado caducou no Congresso. O problema, no entanto, tem sido encontrar uma forma de compensar a perda de arrecadação, já que impostos no molde da antiga CPMF têm encontrado enorme resistência.
O governo também está estudando uma forma de prorrogar ou até mesmo tornar permanente o auxílio emergencial que hoje é de R$ 600 mensais e está sendo pago a várias categorias de trabalhadores, como autônomos e informais. Para que isso ocorra, no entanto, será preciso rever uma série de outros benefícios sociais que existem hoje, pois o custo atual do auxílio não caberá no orçamento federal quando terminar o estado de calamidade pública.
Quando se observam exemplos de outros países, como o Reino Unido, que está bancando até 80% dos salários de trabalhadores que corriam risco de demissão, ou a Austrália, que deu (não emprestou) até 100 mil dólares australianos a pequenas empresas para se manterem vivas e pagarem seus empregados durante o fechamento dos negócios, é legítimo perguntar se não é possível fazer mais também no Brasil.
Mas também é preciso ter em mente o lastimável estado das contas públicas mesmo antes do coronavírus, e que já sofrerá deterioração considerável com as medidas atualmente em curso. A equipe econômica não tem fugido do desafio, e fazer o Brasil sair da pandemia com a geração de empregos facilitada e com uma rede de proteção social melhorada e que cumpra as regras de responsabilidade fiscal quando elas voltarem a vigorar será um feito realmente excepcional."
| Gazeta do Povo ( publicado em 19-05-2020) | | | Pesquisa Ibre FGV sobre efeitos da Covid-19 mostra profundidade da crise e risco de ela entrar em 2021
As demissões, suspensões de contratos ou cortes de jornada e de remuneração, entre outras medidas adotadas no mercado de trabalho, já afetaram 53,5% das famílias brasileiras.
Entre elas, as mais pobres, com rendimentos até R$ 2.100, foram as mais atingidas pelo encerramento definitivo de contratos, fato que afligiu uma em cada cinco dessas famílias.
Na média de todas as faixas de remuneração, quase 13% dos lares já tiveram ao menos um dos membros demitido.
Entre as empresas, cerca de 45% das que operam nos serviços e na construção, setores com mão de obra intensiva e geralmente de menor qualificação, já cortaram pessoal.
No comércio, mais de um terço do total foi pelo mesmo caminho; na indústria, uma em cada quatro também. Na média desses quatro setores, quase 40% já demitiram.
O primeiro grande retrato dos efeitos da epidemia da Covid-19 que emerge de pesquisa entre 2.528 empresas e 1.300 consumidores revela uma parada abrupta na economia, além de uma expectativa bastante reduzida de que a atividade volte ao normal tão cedo.
Realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre FGV), o levantamento foi a campo entre os dias 2 e 13 e constitui uma prévia de pesquisa com um universo ainda maior a ser divulgada no final do mês.
Segundo a pesquisa, são raros os segmentos ainda não afetados pelas medidas de distanciamento social. A grande exceção são os supermercados.
Na contramão, o tombo nas áreas de vestuário, alojamento e alimentação (sobretudo restaurantes) é impressionante.
Entre os consumidores, a grande maioria, mesmo os de maior renda, cortou o consumo de bens e serviços ao estritamente essencial, e quase a metade se vê impedida de trabalhar por conta das medidas de isolamento social.
A redução na atividade, a incerteza sobre a duração da epidemia e a queda prolongada do consumo de bens duráveis e de serviços não essenciais fazem com que cerca de 40% das empresas entrevistadas esperem uma volta à normalidade somente no final do ano ou ao longo de 2021.
Segundo Viviane Seda Bittencourt, economista do Ibre FGV, uma preocupação quanto a esse ponto é que as medidas de redução salarial e de jornada garantem aos afetados estabilidade no emprego somente durante um período futuro igual aquele em que o mecanismo esteve em vigor.
Caso não haja recuperação econômica após o fim do prazo de estabilidade previsto para o trabalhador, os empregadores poderão acabar demitindo com mais força.
A pesquisa mostra que o setor de serviços tem sido, proporcionalmente, o mais afetado pela crise, o que é preocupante pelo fato de a área representar cerca de 70% do PIB (Produto Interno Bruto) e dos empregos existentes no país.
Outra sondagem do Ibre FGV mostra que a expectativa dos agentes econômicos em relação ao futuro caiu ao menor patamar da série, iniciada em junho de 2008.
Agora em 39,7 pontos, antes o menor nível registrado pelo indicador havia sido de 62 pontos, em setembro de 2015. No começo de 2020, ele estava perto dos 90 pontos.
O economista Rodolpho Tobler afirma que o indicador já apontava tendência de piora antes mesmo da epidemia.
Um terceiro termômetro do Ibre FGV, sobre níveis de incerteza na política e na econômica, mostra o Brasil no topo de uma lista de 21 países.
Segundo a pesquisadora Anna Carolina Gouveia, o levantamento já havia atingido níveis extremamente elevados antes da chegada do coronavírus, refletindo as incertezas políticas e as dificuldades econômicas e fiscais do país.
“Isso tudo foi agravado agora pela percepção de que não há uma resposta coordenada do governo no enfrentamento dessa pandemia”, afirma.
| Folha de S.Paulo ( publicado em 19-05-2020) | | | | Artigo da CLT citado por Bolsonaro em ataque a adversários está sendo usado por empresas para evitar pagamento completo da rescisão
O artigo da legislação trabalhista que transfere aos entes públicos a responsabilidade por indenizações quando o trabalho tiver que ser paralisado não poderia ser aplicado às demissões realizadas por empresas durante a pandemia do coronavírus.
Especialmente não deveria ser invocado para evitar o pagamento de verbas rescisórias, dizem especialistas ouvidos pela Folha.
O funcionário que não receber a totalidade de suas verbas salariais, como 13º e férias vencidas, e os valores indenizatórios, como aviso prévio e a multa do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), tem o direito de ir à Justiça do Trabalho cobrar o pagamento.
O artigo 486 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) foi utilizado por empresas como a rede de churrascarias Fogo de Chão, a pizzaria carioca Parmê, a construtora catarinense Elevação e a Viação Marte, da Bahia, para evitar o pagamento do valor total da rescisão a funcionários demitidos.
O tal artigo, conhecido no meio jurídico como a teoria do fato do príncipe, diz que "no caso de paralisação temporária ou definitiva do trabalho, motivada por ato de autoridade municipal, estadual ou federal, ou pela promulgação de lei ou resolução que impossibilite a continuação da atividade, prevalecerá o pagamento da indenização, que ficará a cargo do governo responsável".
Para a advogada Caroline Marchi, sócia da área trabalhista do Machado Meyer, mesmo que a interpretação desse artigo transferisse a responsabilidade pelo pagamento da indenização aos governo, caberia às empresas fazer essa cobrança.
A rescisão paga aos funcionários ainda precisaria ser feita de maneira integral.
Essa utilização do artigo 486 da CLT já foi parar na Justiça do Trabalho. Em pelo menos três situações, a aplicação foi barrada pelo judiciário.
Na Bahia, o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Intermunicipais de Transportes Rodoviários buscou a Justiça depois que a Marte Transportes demitiu dez funcionários e informou que a multa de 40% do Fundo de Garantia não seria paga.
Esses funcionários estavam com o contrato suspenso com base na autorização dada pela Medida Provisória 936. A juíza Isabella Borges de Araújo determinou, de maneira provisória, a reintegração dos funcionários. A empresa recorreu.
Em outro caso, a juíza do trabalho Angela Maria Konrath considerou oportunismo a decisão da Construtora Elenco, de Santa Catarina, que pagou somente 50% das rescisões de seus funcionários.
Segundo a decisão, quando dispensou 40 funcionários, o decreto estadual que definiu medidas de enfrentamento ao coronavírus tinha apenas nove dias.
A ação foi iniciada pelo sindicatos dos trabalhadores da indústria da construção de Joaçaba e terminou na semana passada, após acordo.
O professor de direito do trabalho da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) Ricardo Calcini diz ainda que a aplicação do artigo 486 se restringe à indenização da multa do FGTS e não ao pagamento das demais verbas contratuais.
“O fato do príncipe não pode ser invocado quando a empresa resolve despedir alguns empregados em virtude da dificuldade financeira provocada pela paralisação. Há que gerar situação de encerramento irreversível da atividade econômica. Logo, deve ser analisado, caso a caso, se situação do coronavírus impediu efetivamente a continuidade da empresa”, afirma Calcini.
O Ministério Público do Trabalho em São Paulo prepara uma manifestação oficial sobre o assunto, mas informou que “demitir empregados sem o pagamento das verbas rescisórias é ilegal, ainda que, de alguma forma ou interpretação, se entenda aplicável o art. 486 da CLT.”
No fim de março, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em guerra com prefeitos e governadores que determinaram medidas de distanciamento social, afirmou que a legislação trabalhista previa a possibilidade de se cobrar a indenização das autoridades.
"Tem um artigo na CLT que diz que todo empresário, comerciante, etc, que for obrigado a fechar seu estabelecimento por decisão do respectivo chefe do Executivo, os encargos trabalhistas, quem paga é o governador e o prefeito, tá ok?", afirmou Bolsonaro, na época.
Para o advogado Maurício Guidi, do Pinheiro Neto, as demissões em meio à pandemia do novo coronavírus poderiam ser consideradas em consequência de atos administrativos tomados por gestores públicos. Ou seja, a determinação de que os estabelecimentos comerciais fiquem fechados foi o que resultou na necessidade de reduzir o quadro de funcionários ou mesmo fechar a empresa.
Há, porém, outro fator que precisaria ser levado em conta –e que as empresas que aplicam esse entendimento estão ignorando. “Você tem aqui uma externalidade, uma doença nova, sem nenhum tratamento comprovado e sem uma vacina. A Constituição prevê o direito à saúde. Então, a quarentena não é um capricho das esferas de poder”, afirma.
Para o advogado, há ainda outros pontos que tornariam a utilização do artigo questionável do ponto de vista legal. Bares e restaurantes que fazem entregas e retiradas, transporte e construção civil estão entre os segmentos considerados essenciais e cujo funcionamento ainda é permitido.
No caso do setor de alimentação, com exceção dos locais em que a quarentena precisou ser ampliada –os chamados lockdowns–, o funcionamento ainda é permitido para entregas e compras para viagem (os take away). O que não é permitido é o atendimento ao público.
No Rio de Janeiro, uma ação apresentada pelo Ministério Público do Trabalho pedia, entre outras coisas, a aplicação desse artigo, chamado no meio jurídico de “Teoria do Fato do Príncipe”, para responsabilizar os três entes públicos - União, governo e prefeitura- por indenizações trabalhistas a todos aqueles que perdessem o emprego.
O juiz do trabalho Helio Ricardo Silva Monjardim da Fonseca negou o pedido e afirmou que não era possível a responsabilização das autoridades públicas uma vez que o Brasil enfrentava uma força maior.
“Ou seja, uma situação sem parâmetros, sem paradigma, atípica, desproporcional, absurdamente imprevisível, além do controle humano, no que se pode lembrar de uma expressão inglesa, sendo um act of God, possível, é verdade, de levar ao fechamento de inúmeras empresas/estabelecimentos, a começar pelos pequenos e médios, justamente aqueles que absorvem a maior colocação da mão de obra relativa aos contrato de empregos formais”, afirmou o magistrado. O MPT do Rio recorreu.
A rede Fogo de Chão confirmou em nota a utilização do artigo 486, mas não explicou que interpretação deu à previsão legal. A pizzaria Parmê disse, em nota, que precisou desligar um terço dos funcionários, e que isso foi feito de forma legal.
| Folha de S.Paulo | | | | Ainda não temos um plano geral de saída desta crise
Os auxílios emergenciais de R$ 600 e o gasto estimado pelo governo com seguro-desemprego extra devem somar uma despesa de R$ 52,3 bilhões por mês, em uma hipótese conservadora. É o equivalente a 25% de toda a massa de rendimentos mensais do trabalho de março de 2020, segundo dados da Pnad, do IBGE.
Estão incluídos aí também os rendimentos de servidores públicos, que devem perder pouca renda, e de empregadores, muitos deles pequenos, muitos dos quais estão vendo seus rendimentos desaparecerem.
Na mera hipótese de que as perdas fossem exatamente de 25% da massa de rendimentos do trabalho, haveria uma compensação de um por um. As perdas se concentrariam, além do mais, nos indivíduos de renda mais alta (desconsidera-se aqui que os rendimentos dos mais ricos são subestimados).
E daí?
Primeiro, é razoável especular que haveria algum aumento relativo de despesas com bens essenciais, comida e remédio. As despesas com bens mais caros, bens duráveis (de eletrodomésticos a carros, por exemplo), sofreriam impacto relativo maior.
Segundo e mais importante, essa compensação de renda deve terminar em três meses. Mas daqui a três meses a crise ainda será pavorosa.
Dadas as mais recentes informações do morticínio da epidemia, na melhor, mais otimista e mais esperançosa das expectativas, apenas em duas semanas haveria uma estabilização do número de mortes diárias. As medidas de isolamento social e o grande medo ainda provocariam danos econômicos, fora o efeito defasado das demissões e falências que já ocorreram.
Terceiro, há a questão social e política. Como cancelar os benefícios, sem mais, daqui a três meses?
Note-se de passagem que não temos a menor ideia de quanto foi a perda de rendimentos nem mesmo em abril passado, que dirá nos três meses em que, por ora, vão valer os benefícios emergenciais e de seguro-desemprego extra. As perdas serão pavorosas, mas não há por enquanto nenhuma medida nem mesmo indireta do tamanho do desastre.
Pode ser que o pagamento de benefícios seja ainda maior. Este primeiro cenário se baseia no número de pessoas que já foi autorizada a receber o auxílio emergencial, cerca de 58,7 milhões.
Nas contas da Instituição Fiscal Independente (IFI), pode ser que quase 79,9 milhões de pessoas recebam o auxílio emergencial, uma despesa mensal média de R$ 51,5 bilhões. É o cenário-base da IFI, órgão independente de acompanhamento e análise das contas públicas, ligado ao Senado.
Somadas à despesa média com seguro-desemprego (na estimativa do governo), seriam R$ 68,5 bilhões. Equivale a mais de 32% da massa mensal de rendimentos de março.
Nesta terça-feira (19), o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, também disse que o auxílio pode chegar a 80 milhões de pessoas. Ele e outros integrantes do Ministério da Economia dizem que não será possível prorrogar o programa, nesses termos e valores, além de três meses.
Ressalte-se que não sabemos qual será a perda de renda, quem perderá mais ou qual o tamanho do seu impacto no consumo (que de resto depende de confiança do consumidor que ainda tenha renda e de crédito). Sabemos que ao fim de três meses podemos ter um buraco de renda equivalente a uns 25% da massa mensal de rendimentos do trabalho e que ainda não temos um plano geral de saída desta crise.
Para começar, não temos nem plano federal de lidar com a epidemia, só ideias lunáticas e perversas que a tornam ainda pior.
Vinicius Torres Freire - Jornalista, foi secretário de Redação da Folha. É mestre em administração pública pela Universidade Harvard (EUA).
| Folha de S. Paulo ( publicado em 19-05-2020) | | | | Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) estima que renda per capita global deve recuar 4% este ano. Sem acesso à internet, 86% das crianças estão fora da escola em países com IDH baixo.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) global pode retroceder neste ano pela primeira vez desde que o conceito foi desenvolvido, em 1990, alerta o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em relatório divulgado nesta quarta-feira (20).
O IDH global é uma medida combinada dos níveis mundiais de educação, saúde e padrão de vida. No total, são considerados os indicadores de 189 países, incluindo o Brasil.
"O mundo passou por muitas crises nos últimos 30 anos, incluindo a crise financeira global de 2007 a 2009. Cada uma delas afetou fortemente o desenvolvimento humano, mas, em geral, os ganhos de desenvolvimento foram acumulados globalmente ano a ano”, afirmou o Administrador do PNUD, Achim Steiner. “A covid-19, com seu triplo impacto em saúde, educação e renda, pode mudar essa tendência.”
Segundo o documento, as quedas nos níveis fundamentais do desenvolvimento humano estão sendo sentidas na maioria dos países, sejam estes ricos ou pobres. A estimativa do Pnud é de que a renda per capita global recue 4% neste ano.
Educação
Por outro lado, estima-se que a queda no IDH seja muito maior nos países em desenvolvimento, já que estes estão menos preparados para lidar com as consequências socioeconômicas da pandemia, do que nos países mais ricos.
Um exemplo deste cenário está na área na educação. As estimativas do Pnud para a taxa de abandono escolar indicam que 60% das crianças em todo o mundo não estão recebendo educação, um nível nunca visto desde os anos 1980.
Muito disso é explicado pela falta de acesso à internet. Com escolas fechadas e grande exclusão no acesso ao aprendizado online, as estimativas do Pnud mostram que 86% das crianças da educação primária estão, agora, efetivamente fora da escola em países com desenvolvimento humano baixo – em comparação com apenas 20% delas nos países com desenvolvimento humano muito alto.
Por isso, a organização recomenda que os líderes dos países implementem ações para aumentar o acesso à internet e, com isso, diminuir as diferenças no acesso à educação.
O Pnud estima que o custo para fechar a lacuna do acesso à internet em países de renda baixa e média é de apenas 1% dos pacotes emergenciais de auxílio fiscal que as nações estão implementando para combater os impactos do coronavírus.
“Esta crise mostra que, se não conseguirmos trazer a igualdade para o conjunto de ferramentas de políticas, muitas pessoas ficarão ainda mais para trás. Isso é particularmente importante para as ‘novas necessidades’ do século XXI, como o acesso à internet, que está ajudando a nos beneficiarmos da educação continuada a distância, telemedicina e trabalho remoto”, diz o diretor do Escritório do Relatório de Desenvolvimento Humano do Pnud, Pedro Conceição.
Desigualdade de gênero
O relatório aponta ainda que a atual crise gera outros problemas, como por exemplo, a dificuldade em de se avançar na igualdade de gênero.
Como a pandemia de coronavírus impacta de maneira mais severa a vida das mulheres em todo o mundo
"Os impactos negativos sobre mulheres e meninas abrangem aspectos econômicos – ganhos e economias cada vez menores, insegurança no trabalho, saúde reprodutiva, aumento do trabalho não remunerado e violência baseada em gênero", diz o documento.
Para lidar com a crise atual, a Pnud recomenda 5 etapas prioritárias para as lideranças dos países:
- proteger os sistemas e serviços de saúde
- aumentar a proteção social
- proteger empregos, pequenas e médias empresas e trabalhadores informais
- fazer com que as políticas macroeconômicas funcionem para todos
- promover a paz, a boa governança e a confiança para construir coesão social
Por fim, o Pnud faz um apelo à comunidade internacional para investir rapidamente na capacidade dos países em desenvolvimento de seguir essas etapas.
| G1 | | | | Organização estimou no mês passado que o comércio mundial poderá cair entre 13% e 32% este ano, dependendo da duração da pandemia.
A Organização Mundial do Comércio informou nesta quarta-feira (20) que seu indicador de comercialização de mercadorias caiu para o nível mais baixo desde seu lançamento, indicando que o comércio global deve cair "de forma acentuada" no primeiro semestre de 2020 devido aos problemas causados pelo Covid-19.
O indicador, lançado em julho de 2016, caiu a 87,6 de 95,5 em fevereiro, disse o órgão com sede em Genebra. Leituras abaixo de 100 indicam comércio abaixo das tendências de médio prazo.
"A leitura atual captura as fases iniciais do surto de Covid-19, e não mostra sinais do declínio do comércio saindo do fundo do poço ainda", disse a OMC em comunicado.
Mesmo antes da pandemia a tendência já vinha desacelerando devido a uma guerra comercial entre grandes economias como China e Estados Unidos, além da desaceleração do crescimento econômico.
A OMC estimou no mês passado que o comércio mundial de mercadorias poderia cair entre 13% e 32% este ano, dependendo da duração da pandemia e da efetividade das respostas. A nova leitura é consistente com essa estimativa, destacou o comunicado.
O indicador sobre o cenário comercial da OMC é um composto de dados sobre encomendas de exportação em pesquisas empresariais, frete aéreo, embarques de contêineres, produção de carros e vendas e comércio de componentes eletrônicos e materiais agrícolas.
| G1 | | | | O governo federal aceitou na noite desta terça-feira (19) os termos do acordo elaborado pela Comissão Especial de Conciliação no Supremo Tribunal Federal (STF), composta por representantes dos estados e da União, que põe fim à divergência que já dura 24 anos sobre a Lei Kandir.
A informação foi confirmada ao blog por integrantes da equipe econômica.
Pelo acordo, a União deve repassar até R$ 65,6 bilhões até 2037 para estados e municípios. Em troca do repasse, todas as ações protocoladas na Justiça pelos estados contra a União, e relacionadas à Lei Kandir, serão retiradas.
O acordo prevê um repasse mínimo de R$ 58 bilhões. Do restante, R$ 3,6 bilhões estão condicionados à aprovação da proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Pacto Federativo – a transferência será feita em até três anos após a promulgação das novas regras.
Outros R$ 4 bilhões dependem do leilão de petróleo dos blocos de Atapu e Sépia, que estavam previstos para este ano mas ainda não têm data confirmada.
Lei Kandir
Aprovada em 1996, a Lei Kandir desonerava parte das exportações e definia a uma compensação provisória, pelo governo federal, de perdas também temporárias dos Estados na arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Como as transferências deveriam ser regulamentadas por um novo dispositivo, em 2013 o estado do Pará entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal questionando a situação. Os governos estaduais chegaram a defender a revogação da Lei Kandir e a retomada da cobrança de ICMS sobre exportações.
Na sexta (15), os governadores informaram ao STF que tinham chegado aos termos do acordo. A mediação foi feita pelo ministro Gilmar Mendes.
| G1 ( publicado em 19-05-2020) | | | | O plenário do Senado aprovou nesta terça-feira (19) o Projeto de Lei 1.179/2020 que cria um regime jurídico especial durante a pandemia. De autoria do senador Antonio Anastasia (PSD-MG), a proposta flexibiliza regras de contratos de aluguel e agrários, suspende liminares de ações de despejo, aumenta o poder de síndicos e estabelece prisão domiciliar para casos de atraso no pagamento de pensão alimentícia. O documento segue agora para sanção do presidente Jair Bolsonaro.
O texto amplo instaura, nas palavras da equipe do senador, um Regime Jurídico Emergencial e Transitório das relações jurídicas de Direito Privado (RJET) no período da pandemia. Leia alguns dos principais pontos da proposta :
Atos associativos, como reuniões de colegiados e assembleias, poderão ser realizados de forma remota.
Todos os prazos legais para a realização de assembleias e reuniões de quaisquer órgãos, presenciais ou não, ficam prorrogados até 30 de outubro.
As liminares para ações de despejos de imóveis prediais ficam suspensos até 31 de dezembro, a não ser que o locador retome o local para uso próprio ou de familiares.
As regras para contratos agrários ficam flexibilizadas. Mas a contagem do tempo de ocupação de terrenos, para efeito de usucapião, é suspensa.
Os síndicos e responsáveis pela condomínios ficam autorizados a criar restrições temporárias para o acesso a áreas comuns e a realização de obra. E as assembleias podem ser realizadas de forma remota.
Os dividendos fornecidos por sociedades comerciais a seus sócios poderão ser antecipados.
Passa a ser liberada, até 30 de outubro, a celebração de contratos de arrendamento com empresas nacionais cujo capital social pertença majoritariamente a pessoas naturais ou jurídicas estrangeiras.
A falta de pagamento de pensão alimentícia passa a ter a prisão domiciliar como pena.
No caso de compras em delivery, fica suspenso o artigo 49 do Código de Defesa do Consumidor, que afirma: “O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio”.
A data de vigência da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) fica adiada em 18 meses.
| Gazeta do Povo | | | | Segundo administradoras, lojistas estão preparados para retomada parcial e gradual
Mesmo com a queda de até 50% no fluxo médio de pessoas e uma retração de 55% das vendas, representantes dos 88 shoppings que já estão operando pelo país, são categóricos: preferem ganhar menos do que manter as portas fechadas.
Na serra gaúcha, por exemplo, onde os shoppings estão prestes a completar um mês de reabertura, a avaliação é que mesmo com a queda de circulação, abrir as portas é vantajoso.
Segundo o vice-presidente de operações da Iguatemi Empresa de Shopping Centers, Charles Krell, ainda que o volume de vendas e de pessoas ainda esteja abaixo dos níveis pré-pandemia, o resultado tem sido satisfatório, principalmente porque as taxas de conversão (vendas efetivas) se aproximam de 100%.
O Iguatemi possui duas estruturas de outlet funcionando até o momento: uma em Tijucas (SC) e outra em Novo Hamburgo (RS).
“Os lojistas estão satisfeitos por estarem abertos e com as vendas em retomada. Todos têm plena consciência de que essa é uma volta pausada, ninguém tinha ilusão que seria uma arrancada de vendas. E saber disso tem sido a chave para a recuperação”, afimou.
Dados da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers) apontam que a maior concentração de reabertura dos shoppings é na região Sul, cujos três estrados (Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina) respondem por 56 do total de estruturas operantes no país – o equivalente a 63,6%.
Especificamente no Rio Grande do Sul, os shoppings já podem abrir desde 16 de abril. Cabe às prefeituras decidirem se os shoppings devem seguir fechados. Inicialmente, porém, o decreto estadual não permitia a reabertura dos shoppings na região metropolitana de Porto Alegre, mas já houve a liberação da capital também.
Desde 14 de maio, uma portaria determina as normas de funcionamento dos shoppings por meio de um sistema de bandeiras coloridas para organizar as atividades econômicas em 20 regiões durante a pandemia da Covid-19. A operação é liberada, com algumas restrições, para bandeiras amarela e laranja.
No caso da bandeira vermelha, as vendas só podem ocorrer por tele-entrega o drive-trhu. Na bandeira preta, os shoppings não podem funcionar. Não há nenhuma região sob essas bandeiras mais restritivas.
Ainda segundo a Abrasce, a região Centro-Oeste é a segunda com a maior concentração de shoppings abertos, 16 no total. Em seguida vem a região Sudeste com 15 e o Nordeste com apenas um em operação.
Segundo o presidente da associação, Glauco Humai, grande parte da redução das vendas e da circulação observada é pela redução das atividades de lazer – como cinemas e estruturas infantis – e pela maior conscientização por parte do consumidor, que faz uma compra mais assertiva e programada.
“Esse também é um comportamento que vimos mudar. O consumidor que antes gastava, na média, 76 minutos em uma visita, agora fica apenas pouco mais de 25 minutos no shopping. Isso mostra que as compras são previstas, ele vai, compra o que quer e vai embora”, diz Humai.
Para o vice-presidente institucional da Multiplan, Vander Giordano, a redução do tempo de permanência dos consumidores nas estruturas físicas também significa a possibilidade de manutenção da operação do shopping sem eventos que poderiam gerar aglomeração.
“O ParkShoppingCanoas [no RS] é o primeiro da nossa rede a reabrir e adotou uma série de medidas rigorosas para preservar a saúde e segurança de todos. É uma retomada gradual e temos uma perspectiva otimista sobre o futuro.
Entendemos que é possível fazer a reabertura de forma segura, especialmente em ambientes controlados como o dos shopping centers”, afirma Giordano. O shopping tem operado com metade da capacidade de vagas nos estacionamentos e uso obrigatório de máscaras, entre outros.
Em Caxias do Sul, na serra gaúcha, o Shopping Prataviera — o mais antigo da cidade — reabriu ainda em 22 de abril, com queda de 40% no volume de frequentadores diários. Ainda não é possível calcular a queda nas vendas. Ainda assim, a avaliação é de que é melhor manter o shopping aberto.
“É muito melhor aberto do que fechado. O lojista precisa movimentar. Tem gente fazendo promoções e usando as mercadorias que ficaram paradas para fazer ofertas”, explica João Prataviera Neto, gerente-geral do shopping.
No Iguatemi de Caxias do Sul (da administradora BR Malls), que reabriu em 20 de abril, o movimento caiu 50% em relação a 2019, explica Thiago Quina, superintendente. “Apesar do fluxo estar mais baixo, é muito importante para que os nossos lojistas possam ter receita em um momento tão difícil como esse”, diz Quina sobre a reabertura.
Tanto o Prataviera como o Iguatemi Caxias obedecem ao limite máximo de 50% da capacidade, horário reduzido e protocolos de higiene para clientes e lojistas.
Apesar da expectativa para a reabertura, os executivos também afirmam que a tendência é que os shoppings mantenham as estruturas de drive-thru e delivery ao menos nos primeiros momentos para atender clientes que ainda não se sintam confortáveis em compras presenciais ou aqueles que estejam no grupo de risco.
Os executivos afirmam, ainda, que a depender dos decretos dos demais governos estaduais e municipais, os shoppings ao redor do país já estão prontos para operar.
“Estamos completamente prontos e documentados, com todo o aparato de segurança e higiene prontos. Temos equipes a postos e planos prontos para entrar em contato individual com cada lojistas e informá-los sobre a data de reabertura, que até agora está no dia 31 de maio.
E mesmo que não ocorra nesta data, nosso processo é abrir em até 48h após qualquer data definida por governos municipais e estaduais”, disse Krell, da empresa de shoppings Iguatemi.
| Folha de S.Paulo ( publicado em 19-05-2020) | | | | Formas de compartilhamento de recursos humanos, bens e serviços crescem durante a pandemia
Há muitas dúvidas sobre qual será o ‘novo normal’ pós-pandemia. Mas uma certeza: teremos de nos esforçar e unir para superar a depressão econômica. O consumo das famílias, principal motor da economia brasileira, retraiu-se 6,5% em março. Os números de abril e maio também deverão ser ruins. Como o mundo virou de cabeça para baixo, a reconstrução do mercado de consumo exigirá colaboração e desprendimento, especialmente quando a tempestade passar. Não sei se isso ocorrerá, mas deveríamos nos esforçar nesse sentido.
Na verdade, as pessoas já vinham despertando para algumas formas de compartilhamento de recursos humanos, bens e serviços. Também repensavam hábitos, como o automóvel, roupas e acessórios de grife como símbolos de status.
Não é incomum ver em grupos do Facebook como o "Dicas de Perdizes" —com quase 55.000 membros, geralmente moradores ou interessados na região Oeste de São Paulo—, ofertas e solicitações de doação de produtos.
Também, como diz o próprio nome, trocam dicas sobre itens e serviços, o que se tornou ainda mais relevante durante o isolamento social. Isso fortaleceu, por exemplo, o trabalho de quem passou a confeccionar máscaras para proteção contra o coronavírus.
Fazer máscaras, diga-se, retoma a prática da manufatura, ou seja, da confecção de artigos em casa, à mão ou em máquinas simples, algo corriqueiro antes da Revolução Industrial (surgida na Inglaterra no século XVIII).
Certamente, não haveria condições de suprir hoje, exclusivamente com produtos caseiros, todas as necessidades dos bilhões de habitantes da Terra, mas esta forma de produção poderia ganhar mais espaço, em um mundo que, mesmo antes da Covid-19 e da quarentena, já sofria com desemprego e subemprego crônicos.
Partilhar conhecimentos e bens é uma forma inovadora de reduzir o impacto negativo da informalidade, que achata a renda das famílias. Alguém que soubesse consertar uma geladeira, por exemplo, talvez precisasse de algum conhecimento seu. E você, assim, teria a geladeira consertada em troca de suas habilidades.
As mensagens via celular ativaram compras de mercados e profissionais de bairros, o que tem contribuído para a atenuar a perda de faturamento de quem teve de fechar as portas de sua lojinha ou ficou sem encomenda de serviços. E, dessa forma, é abastecida a vizinhança.
Condôminos em grupos de WhatsApp, além de apoio mútuo e discussões sobre questões do prédio, também têm exercitado o desapego. Às vezes, uma poltrona, substituída por uma nova em um apartamento, passa a proporcionar conforto a um vizinho ou conhecido dele.
Pais têm enfrentado dificuldade para pagar boletos de escolas particulares. Por que não pensar na criação de cooperativas de ensino?
Faz muito tempo que as empresas praticamente se igualam em tecnologia, estrutura e qualidade. O que as diferenciava, mais recentemente, além do marketing, era o nível dos serviços e a proximidade dos consumidores. Esses diferenciais serão ainda mais importantes na reconstrução do que o vírus tem destruído, se também acrescermos a eles relações mais igualitárias, consumo consciente e colaborativo.
Maria Inês Dolci - Advogada especialista em direitos do consumidor, foi coordenadora da Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor).
| Folha de S.Paulo ( publicado em 19-05-2020) | | | |
Governos deveriam financiar suas dívidas pelas taxas ultrabaixas de hoje, com as maturidades mais longas possíveis
A pandemia foi comparada a uma guerra, embora contra uma doença, e não outros seres humanos. Assim como uma guerra, ela está reformulando economias e exigindo enormes aumentos dos gastos públicos e suporte monetário. Certamente ela demandará uma dívida pública muito maior e balanços dos bancos centrais.
Isso quer dizer que a pergunta sobre se esse longo ciclo de dívida deve acabar em inflação tem de ser respondida na afirmativa? Não, mas é possível. Depois da Primeira Guerra Mundial, a Alemanha afastou sua dívida interna da guerra com a hiperinflação de 1923. Depois da Segunda Guerra Mundial, o Reino Unido surgiu com uma dívida fiscal de 250% do PIB. Uma inflação modesta ajudou a desgastar parte dela.
E o que poderá acontecer agora? Precisamos começar pelas condições iniciais.
Entramos nesta crise com altos níveis de dívida privada, baixas taxas de juros e uma inflação persistentemente baixa. No grupo dos sete países de maior renda, nenhum tem uma dívida próxima daquela do Reino Unido em 1945. Mas a dívida líquida do Japão antes da crise era de 154% do PIB e a da Itália, 121%.
O impacto econômico da Covid-19 é diferente do de uma grande guerra. As guerras reestruturam as economias e destroem o capital físico. O coronavírus encolheu as economias suprimindo ao mesmo tempo a oferta e a demanda que dependem de contato humano próximo.
O impacto imediato, como afirma Olivier Blanchard, do Instituto Peterson para Economia Internacional, parece fortemente deflacionário: o desemprego disparou, os preços das commodities despencaram, muitos gastos desapareceram e as poupanças precaucionárias subiram muito. Os padrões de consumo mudaram tanto que os índices de inflação são insignificantes.
Durante mais de uma década, os histéricos afirmaram que os balanços expandidos dos bancos centrais são precursores de hiperinflação. Os seguidores de Milton Friedman sabiam que isso estava errado: a expansão do dinheiro do banco central compensava a contração do dinheiro apoiado por crédito. As medidas gerais de oferta de dinheiro cresceram lentamente desde a crise de 2008.
Mas desta vez é realmente diferente. Nos últimos dois meses, a medida US M2, que inclui demanda, poupança e depósitos por períodos de tempo fixos, e a Divisia M4, um índice mais amplo que sopesa componentes por seu papel nas transações, ambas mostram grandes saltos em crescimento.
Para um monetarista, como Tim Congdon, a combinação de produção restrita com rápido crescimento monetário anuncia um salto da inflação. Mas é possível que a pandemia tenha reduzido a velocidade da circulação: as pessoas podem segurar esse dinheiro, e não gastá-lo. Mas não se pode ter certeza. Eu não esqueço o aumento da inflação quase universalmente inesperado nos anos 1970. Pode acontecer de novo.
E em longo prazo? Blanchard sugere que provavelmente teremos mais do mesmo: demanda estruturalmente fraca, baixa inflação e taxas de juros ultrabaixas –a situação do Japão há uma geração. A mudança da China para o crescimento mais lento e investimentos mais fracos acrescenta tons cinzentos a essa imagem.
Blanchard sugere três motivos pelos quais a inflação poderá surpreender pelo lado bom: aumentos na proporção de dívida pública muito maiores que os 20 a 30 pontos percentuais esperados hoje; um grande salto nas taxas de juros necessário para manter as economias operando perto da produção potencial; e "dominação fiscal", ou a subordinação do banco central às exigências do governo por finanças baratas.
O aumento na proporção das dívidas não pode ser descartado. Mas, na situação atual, os países que parecem mais expostos fiscalmente são o Japão e a Itália. O primeiro não consegue aumentar a inflação há anos. O último está, por enquanto, contido na zona do euro.
Sobre as taxas de juros, Charles Goodhart, da London School of Economics, e o economista empresarial Manoj Pradhan afirmam que haverá enormes mudanças estruturais. O ambiente deflacionário criado pelo aumento das exportações chinesas e a globalização acabou. A pressão dos salários aumentará. Quando o surto de gastos alimentado pela bonança fiscal e monetária transbordar em inflação, será considerada temporária, ou apenas bem-vinda, enquanto o peso real da dívida é erodido.
Entre os beneficiários dessa erosão do peso real da dívida estarão os governos, segundo os autores. Os políticos ficarão furiosos se os bancos centrais aumentarem as taxas de juros acima do crescimento nominal do PIB, e forçarem a contenção fiscal além do necessário para conter os enormes deficits fiscais criados (apropriadamente) pelos programas anticrise. A resistência popular à repetição dos cortes de gastos públicos que ocorreram depois da crise financeira será intensa. Como também será a resistência aos aumentos de impostos necessários para encolher os deficits fiscais enquanto o pleno emprego é restabelecido.
Então os governos provavelmente pedirão finanças baratas ao banco central, provavelmente reforçadas por outras formas de repressão financeira, incluindo controles de capital. Elas serão justificadas como uma expressão desejável de soberania nacional.
Algo disso é inevitável? Certamente não. Os governos sensíveis devem financiar toda a sua dívida pelas taxas ultrabaixas de hoje, com as maturidades mais longas possíveis. Se e quando a economia se recuperar, eles também devem aumentar os impostos para os que podem pagá-los.
As mudanças estruturais adversas imaginadas por Goodhart e Pradhan são possíveis. Mas uma maior erosão da posição da força de trabalho, conforme a automação se acelera, e a continuidade do excesso de poupança, enquanto os investimentos atingidos pela crise continuam fracos, parecem ainda mais prováveis. A independência do banco central poderá sobreviver. Muitos ainda o apoiam.
Muitos países que não podem contrair empréstimos em suas próprias moedas certamente entrarão em moratória, com membros da zona do euro em um centro de reabilitação. Além disso, o futuro é incerto.
Sim, a pandemia criou algumas características de uma economia de guerra. As probabilidades de inflação podem ter aumentado. Mas ainda são modestas. Proteja-se disso. Não aposte suas calças.
Martin Wolf - Comentarista-chefe de economia no Financial Times, doutor em economia pela London School of Economics.
| Folha de S.Paulo ( publicado em 19-05-2020) | | | | Enquanto entes políticos brasileiros brigam, a crise sanitária do coronavírus se agrava no Brasil e empurra a economia global para a pior crise desde a Grande Depressão de 1929. Para o presidente do banco de investimento BR Partners, Ricardo Lacerda, é a hora de o brasileiro decidir prioridades.
"A gente quer governos polarizando questões técnicas ou tentando amenizar um pouco a gravidade da situação, como a gente vê em outros países?", disse, durante a série de entrevistas Economia na Quarentena, do jornal O Estado de S. Paulo.
Buscar confluências é essencial até porque o executivo vê uma realidade imutável em relação à pandemia. "Todos sairemos mais pobres desta crise." Nesse sentido, ele diz que é necessário mostrar que existe capacidade técnica no Brasil para lidar com o problema. Assim, quem sabe, o capital externo pode voltar ao País. "Precisa haver esforço para recuperar o interesse estrangeiro pelo nosso ambiente de negócios."
Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:
Como a pandemia está afetando o ambiente de negócios?
Temos de analisar que vivemos três crises: sanitária, econômica e política. A crise sanitária é global e grave, além de estar ainda envolta em muita incerteza. Não é uma coisa feita contra o Brasil, não é armação. A crise econômica também é grave e se manifesta numa retração do PIB (Produto Interno Bruto) muito violenta, entre 10% a 20% no segundo trimestre e, no ano, de 5% a 10% - o Brasil aí incluído. Para entender a crise política, é preciso voltar às duas últimas eleições presidenciais no Brasil, nas quais vimos muita polarização. Houve uma escalada da agressividade verbal. Essa divisão continuou durante o mandato do presidente Jair Bolsonaro. Essa polarização tem causado muita insegurança.
Como o sr. avalia o combate da crise até aqui?
Há algumas boas notícias - temos visto algumas reaberturas pelo mundo, estabilização do número de casos em vários países asiáticos. Há protocolos de tratamento e imunização do coronavírus bastante promissores. Então é possível que a gente entre em um ambiente mais favorável. Na questão econômica, a atuação do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) injetou liquidez elevou o mercado financeiro a alguma recuperação. Com relação à questão política, é difícil ver alguma coisa positiva.
A dicotomia entre reabrir ou não a economia é prejudicial?
Já vivemos um ambiente de enorme incerteza. Se as autoridades causam mais incerteza ainda, é um problema. Todo mundo entende que a dívida pública crescerá, que vai haver um novo normal no que se refere ao endividamento no mundo. Porque todo mundo entende que tem de se gastar o que for necessário para salvar o máximo de vidas. Confundir a agenda de combate à pandemia com agenda ideológica gera insegurança nos investidores e nos empresários. Gerar incerteza é o caminho errado.
O câmbio vem batendo recordes atrás de recordes. O que isso nos diz sobre o Brasil de hoje?
O câmbio está extremamente desvalorizado. Deveria estar em R$ 4,60 ou R$ 4,80, e não a R$ 5,70. O governo tomou a decisão acertada de fazer uma injeção de capital grande na economia, reduzindo juros. Quando se faz uma redução de juros na magnitude, a coisa tem de desaguar para outro lado. E esse lado foi o câmbio. É inevitável, mas acho que o governo tem subestimado a questão do câmbio. Essa volatilidade do real pode afetar nossa credibilidade com investidores.
De qual maneira?
O investidor se assusta. Além da questão do câmbio, a gente vinha num cenário de recuperação da disciplina fiscal. Esse cenário foi para o espaço com os efeitos da pandemia. No curtíssimo prazo não há ambiente para as reformas estruturais. Vamos ter de passar a crise para recuperar esse debate.
Uma eventual saída de Paulo Guedes do governo seria prejudicial ao País?
Certamente. Acho que uma troca ministerial nesse momento seria péssimo. Vejo isso com muita preocupação.
São Paulo está próximo de um lockdown. Como o sr vê isso?
Não sou especialista. Mas miraria muito nos exemplos de fora. Onde precisou ter lockdown (isolamento total), teve. E vemos muitos desses países voltando ao normal. Essa decisão tem de ser remetida aos epidemiologistas e cientistas. Precisamos de um caminho. Vamos fazer o lockdown? Vamos fazer, não vai ser o fim do mundo. Quem vai definir isso não vai ser o governo federal ou o estadual, vai ser o vírus.
| Bem Paraná | | | | Os preços no varejo passaram a cair e o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) ficou praticamente estável na segunda prévia de maio, registrando variação positiva de 0,01% depois de ter subido 1,0% no mesmo período do mês anterior, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta quarta-feira.
Os dados mostram que o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por 60% do índice geral e apura a variação dos preços no atacado, reduziu a alta a 0,18%, contra avanço de 1,36% na segunda prévia de abril.
Dentro do IPA, o grupo Bens Finais aprofundou a queda a 0,33% na segunda leitura de maio, ante variação negativa de 0,02% no mês anterior, depois que os preços dos alimentos in natura passaram de alta de 8,18% para perda de 0,90%.
Para o consumidor a pressão diminuiu em maio, já que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que tem peso de 30% no índice geral, passou a cair 0,59% no período, contra alta de 0,28% no mês anterior.
A principal colaboração para esse resultado veio do grupo Transportes, que aprofundou a queda de 1,04% para 2,74% em maio diante do recuo de 8,93% nos preços da gasolina.
“A queda de braço entre os preços dos alimentos e dos combustíveis segue influenciando o resultado do IGP”, disse em nota André Braz, coordenador dos índices de Preços da FGV. “Os aumentos autorizados nas refinarias devem contribuir para aceleração do IGP-M até o final do mês”, completou.
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) avançou 0,21% na segunda prévia de maio, depois de alta de 0,22% em abril.
O IGP-M é utilizado como referência para a correção de valores de contratos, como os de aluguel de imóveis.
A segunda prévia do IGP-M calculou as variações de preços no período entre os dias 21 do mês anterior e 10 do mês de referência.
| Reuters | | | | B3 divulgou nesta terça-feira (19) um levantamento sobre o perfil dos novos investidores em renda variável.
A B3, bolsa de valores brasileira, divulgou nesta terça-feira (19) um estudo demográfico sobre os investidores em ativos de renda variável, como ações, fundos de investimento imobiliários, BDRs e ETFs. O marco que motivou o levantamento foi o saldo de 2 milhões de investidores pessoas físicas atingido neste mês de abril, mesmo em meio à queda de renda da população em virtude da pandemia do novo coronavírus.
Bovespa opera em alta nesta terça, mas volátil com pandemia ainda no radar
O primeiro milhão de investidores na bolsa foi alcançado em meados de 2019. A migração de investimentos tem como plano de fundo a redução da taxa básica de juros a 3%, mínima histórica em um país acostumado a rentabilizar patrimônio por meio da renda fixa. A queda do índice em meio à pandemia também baixou preços dos papéis, incentivando novas entradas.
Segundo a B3, o crescimento está relacionado a uma "mudança estrutural no mercado de capitais brasileiro". A entrada é cuidadosa, com preferência do investidor por aportes mais baixos. Apesar de dobrar o número de CPFs em meses, o volume negociado por pessoas físicas chega a quase R$ 260 bilhões, apenas 30% a mais que março de 2017.
Volatilidade dos mercados turbina receita e lucros da B3 no 1º trimestre
Segundo a B3, 30% dos 223 mil investidores que aplicaram em renda variável em março fizeram o primeiro investimento com menos de R$ 500. Também até março, 54% de todos os investidores tinham carteiras com menos de R$ 10 mil.
"De forma geral, ele é mais jovem, se preocupa em diversificar seus investimentos e começa a montar sua carteira com valores baixos", diz a B3 em nota. "Além disso, tem demonstrado uma visão de longo prazo ao manter suas posições mesmo no auge da volatilidade dos mercados."
Em relação à faixa etária, houve aumento expressivo de investidores de 25 a 39 anos. O grupo representa 49% do total, enquanto somava 28% em 2017. Quanto à diversificação, 48% da base analisada tem ao menos as ações de cinco empresas na carteira e 46% tem mais de um produto de renda variável na carteira.
“Trazer a pessoa física para a bolsa, contribui para que o mercado de capitais brasileiro seja mais forte e resiliente e o trabalho conjunto que vem sendo feito pela B3 e pelos agentes de mercado indicam que estamos dando passos importantes”, diz em nota Tarcísio Morelli, diretor de Inteligência de Mercado da B3.
| G1 ( publicado em 19-05-2020) | | | | A Nissan ainda vai confirmar se retomará a produção de veículos na fábrica de Resende (RJ) prevista para segunda-feira, mas já antecipou uma campanha de vendas inédita. A partir desta quinta-feira, 21, os modelos da marca podem ser adquiridos em até 36 parcelas, mas o consumidor só começa a pagar daqui um ano.
Outras marcas já anunciaram planos para início de pagamento de parcelas em janeiro (Fiat) e fevereiro (Jeep), mas, no caso da Nissan, se a compra for feita neste mês a primeira prestação será paga só em maio de 2021.
"Diante das dificuldades e incertezas que todos têm no momento, pensamos numa forma de dar tranquilidade a quem quer comprar um carro neste momento", afirma Tiago Castro, recém-empossado como diretor sênior de marketing e vendas da Nissan do Brasil.
Segundo ele, pesquisas feitas pela empresa mostram que, apesar das dificuldades em razão da crise provocada pela pandemia do coronavírus, "tem gente querendo comprar ou trocar de carro". Em abril, diz ele, as vendas da marca caíram 90% em relação ao mesmo mês de 2019. Neste mês, a queda está em 70%, o que sinaliza uma melhora.
Para que a Nissan assuma as primeiras 12 parcelas, o consumidor precisa dar 60% de entrada do valor do carro. Muitas vezes é o preço obtido com a troca do modelo usado, ressalta Castro. No caso da Jeep, que banca as primeiras oito parcelas, a entrada é de 75% do valor do carro. Nos modelos da Fiat, a entrada é de 40% a 50%.
Em simulação feita pela Nissan Kicks, seu modelo mais vendido, pode ser adquirido com entrada de R$ 52 mil (valor de um Versa 2018, por exemplo), e saldo financiado em 12 parcelas de R$ 131 - que serão pagas pela empresa -, e 36 fixas de R$ 1.180. O juro é de 0,74% ao mês. O consumidor pagaria, ao todo, R$ 94,4 mil. À vista o SUV custa R$ 86,7 mil.
A Nissan também banca a primeira revisão. Para quem já tem modelo financiado pelo CrediNissan, o braço financeiro da marca, há possibilidade de adiar parcelas por 60 dias. A Ford suspende até três parcelas dos carros financiados da marca.
No vale-tudo para vender e fazer caixa num momento de paralisação de toda a economia, a Mercedes-Benz sorteia dois caminhões entre quem adquirir produtos e serviços da marca, enquanto a General Motors tem uma loja exclusiva de carros novos no portal Mercado Livre e a BMW uma de usados.
Plano de investimentos
Em plena pandemia da covid-19, a direção mundial da Nissan vai anunciar um plano global de negócios no dia 28, quando apresenta o balanço financeiro do ano fiscal do grupo, encerrado em março.
Com as diretrizes do plano global, a filial brasileira poderá definir o programa de investimento local para os próximos cinco anos, aguardado desde meados de 2019.
Entre os projetos previstos para este ano, apenas o lançamento do novo Versa, fabricado no México, previsto para o fim deste trimestre, será remarcado.
Parcerias que a marca tem com universidades no desenvolvimento de ações voltadas a programas de eletrificação, como o reúso de baterias de carros elétricos, estão mantidas.
Segundo Castro, a marca japonesa que globalmente tem aliança com a Renault e a Mistsubishi projeta para este ano queda de 25% a 30% das vendas totais do mercado brasileiro, para cerca de 1,8 milhão a 2 milhões de unidades. Para a Nissan, a expectativa é de manter sua participação no mercado, hoje de 4%.
O executivo brasileiro, que antes era diretor da divisão de veículos comerciais leves da Nissan nos Estados Unidos, deveria ter voltado ao País em março, mas, por causa da pandemia do coronavírus ainda não conseguiu sair dos EUA, mas está trabalhando em home office.
| Bem Paraná | | | | O corte representa cerca de 17% do total de funcionários da empresa.
O fabricante britânico de motores de aviões Rolls-Royce anunciou nesta quarta-feira (20) que cortará pelo menos 9 mil vagas de trabalho e reduzirá custos, devido à crise no setor de aviação causada pela pandemia do novo coronavírus.
"Estamos propondo uma grande reorganização para acomodar o novo nível de demanda dos clientes", afirmou o CEO da empresa, Warren East, em um comunicado.
"Como resultado, esperamos a perda de pelo menos 9.000 empregos da nossa força de trabalho global de 52.000", acrescentou.
O corte representa cerca de 17% do total de funcionários da empresa.
| G1 | | | | A Petrobras aumentará os preços médios da gasolina em suas refinarias em 12% a partir de quinta-feira, na terceira alta em maio, com um avanço acumulado de cerca de 38% neste mês, na esteira de uma recuperação recente das cotações do petróleo e seus derivados no mercado externo.
As demais elevações da gasolina da petroleira estatal vendida às distribuidoras neste mês ocorreram nos dias 7 e 14, de 12% e 10%, respectivamente.
Os reajustes na gasolina ocorrem após o preço do petróleo Brent, referência internacional, ter avançado também cerca de 40% em maio, reagindo a cortes de produção de grandes produtores e a um relaxamento de medidas de isolamento contra o coronavírus em países da Europa e nos Estados Unidos.
Ainda assim, os valores da gasolina da Petrobras neste ano ainda acumulam queda de 34%, depois do mercado de petróleo ter sofrido fortemente com uma desaceleração da economia global, diante de impactos da pandemia. O recuo acumulado do Brent neste ano é de aproximadamente 47%.
Em contrapartida, a Petrobras decidiu manter o valor do diesel, o combustível mais consumido no país, que havia sido elevado na terça-feira em 8%, na primeira alta aplicada ao combustível fóssil pela petroleira neste ano.
No caso do diesel --um produto sensível aos caminhoneiros, categoria que costuma apoiar o presidente da República Jair Bolsonaro-- a queda acumulada no ano é de cerca de 40%.
O repasse dos reajustes nas refinarias até os consumidores finais, nos postos, não é imediato e depende de uma série de questões, como margem da distribuição e revenda, impostos e adição obrigatória de biocombustíveis.
A estatal tem uma política de preços que busca seguir valores de paridade de importação, que leva em conta preços no mercado internacional mais os custos de importadores, como transporte e taxas portuárias, com impacto também do câmbio. No entanto, tem evitado repassar volatilidade ao mercado interno.
| UOL | | | | O preço médio da gasolina vendida nos postos de combustíveis do Brasil caiu 11% na primeira quinzena de maio ante o mesmo período do mês anterior, para 3,985 real por litro, o menor médio valor desde agosto de 2017, mostraram dados da Ticket Log nesta segunda-feira.
O recuo ocorre diante de uma retração de cerca de 40% neste ano dos valores da gasolina vendida pela Petrobras nas refinarias às distribuidoras de combustíveis, na esteira dos impactos do novo coronavírus no mercado global, que reduziu a demanda por petróleo e seus derivados.
A Ticket Log pontuou, no entanto, que aumentos recentes realizados pela petroleira estatal nos preços do combustível fóssil, como reflexo de uma leve recuperação no mercado internacional, ainda não se refletiram nas cobranças nas bombas.
“Percebemos que o preço da gasolina segue fazendo frente competitiva na relação com o etanol em todo o País. Quando consideramos a relação de margem de vantagem, o combustível se mantém acima dos 70%, em relação ao preço médio do etanol, o que é uma opção mais econômica para os motoristas”, disse em nota o chefe de Mercado Urbano da Edenred Brasil, Douglas Pina.
“É um cenário que deve permanecer pelos próximos dias, considerando que a alta nas refinarias não impacte de forma imediata nas bombas, devido a fatores como o estoque dos postos”, disse Pina.
Em algumas regiões do Brasil, como o Estado de São Paulo, principal centro consumidor de combustíveis do país, o etanol está mais vantajoso, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
| Reuters ( publicado em 19-05-2020) | | | | Maturidade para Indústria 4.0: avaliação qualitativa e quantitativa para implantação da digitalização
A indústria de hoje está passando por mudanças profundas, movidas pela evolução tecnológica que as pessoas usam no dia a dia. Criando um novo formato na cadeia de valor, desde como o cliente se relaciona com o produto que compra, passando pela forma de planejar e operar um processo industrial.
Em termos de operação da indústria atual, na melhor das hipóteses, temos uma operação na cadeia de valor onde conseguimos enxergar o que está acontecendo. Nem sempre em tempo real e podemos entender o passado. Isto quando temos banco de dados para isto, mas ainda não é uma realidade comum.
A Indústria 4.0, sendo a transformação desta indústria, é o conceito de conectarmos toda a cadeia de valor do negócio em rede, utilizando de camada de dados, IoT Internet das Coisas e Computação em Nuvem, com objetivo de utilizar sistemas de Inteligência Artificial. Isso melhor a tomada de decisões dá visibilidade de dados, demonstrando os eventos futuros.
A indústria digital então, nada mais é, que a aplicação dos conceitos anteriores, fazendo com que toda esta cadeia de valor tenha interação em tempo real, respondendo o presente e o passado, como nas industriais atuais. Mas como capacidade de mostrar as tendências futuras, eventos e ações em forma de prescrições, guiando a resultados mais efetivos, diminuindo os erros e diminuindo tempo de operações, do planejamento a logística.
A Transformação Digital é que permitirá construir a indústria do futuro.
Esta fábrica usará tecnologias habilitadoras da Indústria 4.0, terá um trabalhador preparado para lidar com máquinas e sistemas inteligentes e os processos serão interconectados em tempo real. Mas esta transformação é um processo em evolução nas empresas.
Para se chegar a Indústria 4.0, o primeiro passo é a digitalização da cadeia de valor, onde através a convergência de dados é possível interagir entre todos os setores, departamentos, pessoas e equipamentos.
Com a camada de dados disponível, podemos iniciar a jornada na fábrica inteligente, colocando sistemas de análise de dados, com visualização em tempo real, fazendo predição de eventos e adaptação de sistemas entre máquinas autônomas.
A digitalização hoje abre uma gama de oportunidades para a indústria, pois estamos em fase de transição, entendendo que estas lacunas poderão alavancar novas formas de produzir, aumentando produtividade, reduzindo custos e criando novos modelos.
É importante entender esta janela do momento e saber utilizá-la, pois, com o uso intensivo destas tecnologias, que se dará de forma natural no tempo, todos estes processos entrarão em maturidade, e num futuro, não muito distante, teremos as Fábricas Digitais de fato, passando ao uso comum desta quarta revolução industrial.
Ainda que algumas empresas, em situações reais raras, tenham a condições de dizer que suas fábricas já estão automatizadas, otimizadas e seus ativos entregam os resultados esperados, é imperativo entender que a Indústria 4.0 não é uma melhoria, mas sim, um mudança, questões como, forma de tomar decisões na fábrica, como á sua conexão em tempo real na cadeia de valor e como se usam sistemas para prever padrões, são as novas questões desta fábrica digital.
A Transformação Digital se dará pelas pessoas, daí é importante ter as seguintes questões para trilhar o caminho da mudança:
- Como você está lidando com as pessoas/sua equipe a respeito da Transformação Digital?
- Você já colocou as pessoas para pensarem/transformarem seus processos eliminando o meio e aplicando
Ciência de Dados/ I.A.?
- Você já fez uma Roadmap de tecnologia para apoiar a transformação dos processos de sua empresa
através das pessoas sendo usuárias?
Há diversos benefícios em pensar a Indústria Digital, listamos abaixo uma lista dos principais elementos de impacto na indústria:
- Diminuição dos erros e do tempo operacional na cadeia de valor
- Aumento da produção e redução de custos com a mesma planta
- Elevação no nível de segurança funcional, mais inteligente e virtual
- Setup mais rápido de máquinas e processos industriais
- Aproximação da cadeia de valor, do cliente ao fornecedor
- Personalização e customização nas linhas de produção
- Diminuição de operações, aumento da supervisão, elevação da inovação
- Trabalhará com mais ferramentas de gestão e tomada de decisões
- Poderá apontar eventos com mais eficiência e melhorar processos de forma mais rápida
- Diminuirá sobremaneira as imprevisibilidades do controle e manutenção industrial
- Transparência nas operações e nos negócios.
Entendendo todas estas questões, devemos dar nosso primeiro passo que é a Maturidade, técnica que indicará em que status você está na indústria, que te levará a Indústria Inteligente.
A Maturidade então, é a técnica que associa uma metodologia, onde é possível quantificar e qualificar o status atual de uma Tecnologia, Gestão e Conhecimentos (pessoas), de forma a mostrar a aderência de uso, permitindo criar diretrizes estratégicas para implantação da Digitalização e Indústria 4.0
Existem diversos modelos de maturidade, que podemos aplicar para responder questões de onde estou para onde vou, não é escopo de nosso texto explicar estas técnicas, no limitaremos a apresentar um modelo que é a adequação de alguns destes listados abaixo:
- Indústria 4.0-MM
- Industry 4.0 Maturity Model
- Maturity Model for Data-Driven Manufacturing (M2DDM)
- The IoT Technological Maturity Model
- Toolbox Workforce Management
- Guideline Industrie 4.0 VDMA
- Industrie 4.0 Maturity Index
- IMPULS – Industrie 4.0- Readiness
- SMMI 4.0
- The Digital Maturity Model 4.0
- Manufacturing Value Modeling Methodology
Temos em nosso propósito deste texto, sugerir a aplicação de um modelo, não estamos estabelecendo, mas mostrando algo que é real e aplicável para utilizar como uma técnica. É importante entender que as tecnologias que serão sugeridas na aplicação da Transformação Digital, devem adicionar valor aos negócios da seguinte forma:
- Aumentando a eficiência na produção (processos)
- Reduzindo custos (econômicos e financeiros)
- Aumentando a segurança operacional e confiabilidade
- Criar novos modelos
- Elevando o conhecimento dos trabalhadores
Entendendo que a Indústria 4.0 é um caminho, algumas questões são muito comuns para que ocorra esta transformação, são elas:
É possível ter uma planta no formato da Indústria 4.0 sem Automação?
Não! Ocorre que se não houver uma automação mínima, você está limitado a ações manuais, sistemas Ciberfísico que poder-se-iam operar a fábrica digital não poderão operar os sistemas produtivos.
É possível iniciar uma jornada pela digitalização sem levar em consideração questões de otimização do processo?
Sim! Todavia a digitalização funciona como uma lente de aumento, o que é bom em sua linha de produção, aparecerá melhor ainda, e o que é ruim, ficará muito pior, por isso é importante, antes de fazer a digitalização, fazer um levantamento de otimização de sua linha de produção (Manufatura Enxuta, Eficiência Energética, Controle Avançado, Controle em Tempo Real).
Levar a Maturidade para a Indústria é um processo que envolve algumas etapas sugestivas:
- Fazer um Workshop na empresa, de forma a empoderar os funcionários da fábrica
- Apresentar o projeto (proposta) de maturidade a alta gerência da empresa
- Fazer o levantamento de dados com equipe competente para isso
- Elaborar um pré-relatório apontando as principais ações verificadas
- Fazer uma reunião com o cliente e aplicar a técnica da eleição de prioridades de projetos
- Finalizar o documento e apresentar a equipe da empresa em formato de Roadmap, lembrando que a Análise de Maturidade é um documento de nível Estratégico
Quais são os itens que o questionário de maturidade irá verificar na planta industrial? Abaixo listamos uma sugestão de itens aplicados em diversos trabalhos realizados com boa aderência de realidade:
- Integração de sensores, transmissores e atuadores
- Comunicação e conectividade
- Funcionalidades de armazenamento de dados e troca de informações
- Monitoramento do processo/fábrica
- Operações humanas no processo produtivo – automação
- Automação do processo/fábrica
- Otimização do processo/fábrica
- Sensoriamento para digitalização
- Infraestrutura de redes
- Segurança da informação e cibersegurança
- Camada de IoT, IIoT e Cloud Computing
- Visualização das informações
- Inteligência artificial – uso
- Atividades operacionais rotineiras
- Eventos operacionais e de manutenção
- Acompanhamento e registro operacional
- Comunicação operacional na indústria
- Tomando decisões na planta
Veja nesta apresentação o modelo de verificação dos índices de cada item acima relacionado, perfazendo a graduação de 1 a 5 de cada elemento, monte uma tabela e vá, através de entrevistas, preenchendo os formulários.
Estes formulários deverão contemplar documentos, fotos, indicar os Gaps ou limitações encontradas, status atual, oportunidade de melhorias e como as pessoas interagem com estes itens, com isso, será possível montar um mapa de soluções baseado nas diretrizes abaixo.
Quais são as etapas técnicas que devo observar para a implantação da digitalização:
- Entenda onde está e onde quer chegar
- Faça automação
- Faça otimização
- Faça convergência de dados
- Crie uma camada de IoT e use Nuvem
- Cuide da Segurança de Dados e Cibersegurança
- Monitore dados com KPI
- Crie um Big Data
- Implante Mineração de Dados
- Implanta Aprendizado de Máquina
- Use Tecnologias Habilitadoras
Quais são as etapas da transformação digital que devo observar para a implantação da digitalização:
- Entenda onde está e onde quer chegar;
- Foque nas pessoas, elas vão transformar processos (treine e qualifique)
- Mude processos, eliminando todas fases intermediárias (meio)
- Use ferramentas on-line com dashboards inteligentes com a cadeia de valor conectada
- Guie a tomada de decisões baseado em eventos e predição I.A. Inteligência Artificial
- Tome decisões baseado em Mineração de Dados
- Use sistemas de Aprendizado de Máquina para tomar decisões autônomas
- Use Tecnologias Habilitadoras para acelerar o processo de transformação
Construa um Roadmap, isto é, um mapa de ações com os projetos listados, baseado nas diretrizes acima listados, referenciados para lista de maturidade de cada item, onde possa apontar as fases baseadas no tempo
Após o trabalho de maturidade, onde permite criar um mapa de ações, podemos partir para as fases de projetos (viabilidade) e implantação (teste e escala), vejam as apresentações específicas no site.
Entender e aplicar a Técnica de Análise de Maturidade para a construção da Transformação Digital é o primeiro passo, sólido, rumo a Indústria 4.0, olhando a importância das pessoas, que vão trabalhar na Fábrica Digital do Futuro.
| Ind 4.0 | | | |
Isso porque empresa planeja pagar dividendos de € 5,5 bi a acionistas para concluir o negócio
Vem aumentando o volume das críticas na Itália à negociação da FCA (Fiat Chrysler Automobiles) para levantar linha de crédito de € 6,3 bilhões por três anos, com 80% do valor garantidos pelo governo italiano. Isso porque, ao mesmo tempo em que afirma precisar dos recursos para cobrir o rombo no caixa e passar pela falta de liquidez provocada pela pandemia de coronavírus, a empresa planeja pagar dividendos de € 5,5 bilhões aos acionistas – a maior parte para a família Agnelli –, como parte da negociação de fusão com o Grupo PSA iniciada no fim de 2019, que na semana passada foi confirmada para ser concluída até o fim do primeiro trimestre de 2021.
A FCA garante que os recursos do empréstimo serão usados para sustentar os negócios da companhia na Itália, onde emprega 55 mil pessoas em diversas fábricas e centros de desenvolvimento. A linha de crédito de € 6,3 bilhões é parte dos € 400 bilhões que o governo italiano está colocando à disposição das empresas do país que foi duramente afetado pela Covid-19.
Segundo a agência Reuters, fontes dizem que do governo poderá retirar a garantia estatal ao empréstimo para a FCA caso a companhia não reveja o plano de pagar dividendos tão elevados diante da crise de liquidez que as companhias estão passando.
Na semana passada, FCA e PSA concordaram em cancelar um pagamento de € 1,2 bilhão que cada uma faria como parte de seu acordo de fusão. Contudo, o desembolso de € 5,5 bilhões previsto para 2021 também faz parte dos planos da FCA para concluir a fusão.
De acordo com o plano de ajuda do governo italiano, as companhias que acessarem as linhas de crédito especiais com garantia estatal ficam proibidas de pagar dividendos aos acionistas até o fim de 2020. No entanto, a FCA não ficaria legalmente impedida de fazer o desembolso planejado em 2021 – além do que o pagamento não seria feito na Itália, mas pela sede global da empresa estabelecida na Holanda.
O ministro italiano da Economia, Roberto Gualtieri, declarou que apoia a fusão com a PSA, mas disse que para ter acesso a empréstimos garantidos pelo governo a FCA deve garantir mais investimentos na Itália e evitar transferir polos de produção para fora do país.
| Automotive Business (publicado em 19-05-2020) | | | | Rede também dará atendimento preferencial e desconto em peças e mão de obra de serviços
A rede de concessionárias Volkswagen está oferecendo durante este mês oxi-sanitização (higienização) gratuita para os veículos de profissionais da saúde, que estão na linha de frente no combate ao novo coronavírus.
Aqueles que realizarem serviços na rede, também terão prioridade no atendimento e desconto de 10% em peças e mão de obra nos serviços de revisão, troca de óleo, pastilha e disco, e alinhamento e balanceamento. A ação é fruto da parceria da Volkswagen com a Assobrav, associação das concessionárias da marca.
O serviço de oxi-sanitização consiste em uma tecnologia que elimina fungos, bactérias e outros microrganismos do ar-condicionado do veículo, além de tirar odores ruins do carro.
Para ter direito aos benefícios da parceria entre a montadora e sua rede de revendas, o profissional de saúde deve apresentar sua carteira de registro do conselho competente diretamente no concessionário.
DICAS DE HIGIENIZAÇÃO
Já para quem não é da área da saúde, a VW e a Assobrav também divulgaram dicas de como manter a higienização do veículo durante a pandemia, um passo a passo que pode ser feito em casa e seguido por todas as pessoas.
Uma mistura de água e sabão também é a melhor combinação para higienizar o carro, com a concentração de para cada 600 ml de água, deve-se dissolver 20 ml de sabão ou detergente neutro incolor, conforme previsto no manual de bordo do carro. Basta umedecer um pano na solução e esfregar nas áreas que se deseja limpar. Um outro pano seco deve ser utilizado para remover os resquícios do sabão. É aconselhado deixar as janelas abertas para ajudar na secagem completa do interior do veículo.
Essas são as partes que devem ser limpas: maçanetas internas e externas, abertura do porta-malas, chave, volante, freio de mão, manopla do câmbio, painel, porta-luvas e qualquer outro lugar com que se tenha contato.
Para quem utiliza o carro como instrumento de trabalho, como motoristas de aplicativos, a higienização do banco traseiro e das costas dos bancos dianteiros também é necessária. Em caso de bancos de tecido, o ideal é cobri-los com capas protetoras que possam ser lavadas e trocadas regularmente.
Não é recomendado utilizar alguns tipos de produtos para limpar o carro, e que são comuns na higiene doméstica, como produtos que contenham álcool (etanol, isopropanol, isopropílico ou álcool gel, que podem causar danos severos, como ressecamentos, manchas, desplacamentos de pintura e degradação de material.
| Automotive Business ( publicado em 19-05-2020) | | | |
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