| 11 de maio de 2020
Segunda-feira
- Artigo: A dolorosa e longa saída da crise do covid-19: para além dos desejos otimistas
- Queda de 9,1% na indústria indica recessão prolongada
- 70% das PMEs não têm planejamento financeiro para crises
- Com fábricas ociosas e contas a pagar, setor industrial luta para sobreviver ao coronavírus
- Grandes empresas tomaram metade dos novos empréstimos durante a pandemia
- Indústria monta operação de guerra para voltar ao trabalho
- Praticamente estagnadas em abril, montadoras miram incentivos para preservar empregos
- General Motors está fabricando as próprias máscaras no Brasil
- Febraban: bancos liberam R$ 472,6 bilhões em crédito desde início da crise
- Se governo não agir em favor da economia, classe política o fará, diz economista
- Ociosidade global pode tirar projetos do País
- Crise do coronavírus paralisa economia e Brasil registra deflação de 0,31%
- Artigo: País está sem diagnóstico e plano para conter o vírus da depressão econômica
- Artigo: Cenário para 2020 e 2021
- Voith compra a TSA, fabricante de motores elétricos
- Heller retoma produção para atender novos pedidos
- Socorro de elétricas e aéreas pode sair esta semana
- Siderúrgica recebe usina solar por meio de programa da Copel
- Mão de obra chega para 'virada' online do varejo
- Indicador de tendência de emprego registra maior queda mensal e nova mínima histórica, aponta FGV
- Google levou 4 dias para pôr seus 1.000 funcionários no Brasil em home office
- Tecnologias sem toque para mundo pós-covid-19
- Profissional de tecnologia troca startup por empresa tradicional em meio à crise
- Política e serviços podem levar a outro PIB negativo em 2021
- CNI vê queda de 4,2% para o PIB, mas prevê tombo maior se ações do governo não tiverem efeito
- Poupança substitui aplicação na renda fixa
- Com juros baixos, compra de ações por brasileiro aumenta
- Fundos têm sangria de R$ 91 bilhões em abril, recorde da série histórica
- Novo resgate será necessário, diz economista
- Mais de 93% dos beneficiários do auxílio emergencial usaram recursos
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Em 11/05/2020
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Fonte: BACEN
| | | | | | Em abril, houve queda R$ 448,6 milhões nas receitas de ICMS. A previsão para maio é de redução de até R$ 740 milhões. A perda em dois meses chegaria a R$ 1,18 bilhão, quase 70% do total que será repassado para o Estado.
O Paraná receberá R$ 1,9 bilhão do Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus, aprovado pelo Senado Federal na quarta-feira (6). Serão cerca de R$ 1,7 bilhão para uso livre, principalmente para repor as perdas com a arrecadação, e R$ 269 milhões para a saúde pública. O auxílio deve ser disponibilizado nos próximos quatro meses para amenizar a queda da arrecadação estadual.
A tabela com as informações detalhadas do repasse da União é parte do novo boletim conjuntural elaborado pelas secretarias de Planejamento e Projetos Estruturantes e da Fazenda. O estudo demonstra a evolução da atividade econômica no Estado e seus reflexos sobre as receitas públicas.
Conforme texto aprovado no Congresso Nacional, o Paraná será o quinto ente federativo com a maior cota (5,72%), atrás de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. A verba emergencial será dividida entre os estados obedecendo critérios como a arrecadação do ICMS, população, cota no Fundo de Participação dos Estados e contrapartida paga pela União pelas isenções fiscais relativas à exportação.
A lei federal, que ainda precisa ser sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, prevê que os municípios paranaenses vão receber R$ 163 milhões para aplicação em saúde pública e R$ 1,163 bilhão para uso livre. Os repasses estimados para os municípios estão nessa tabela da Confederação Nacional dos Municípios (CNM).
ICMS - Segundo as projeções da Secretaria da Fazenda, no entanto, a tendência de queda de arrecadação é muito maior que a reposição prevista no auxílio federal. Em abril, houve queda R$ 448,6 milhões nas receitas de ICMS, principal tributo estadual. A previsão para maio é de redução de até R$ 740 milhões. A perda em dois meses chegaria a R$ 1,18 bilhão, quase 70% do total que será repassado para o Estado no quadrimestre.
A arrecadação de ICMS de abril foi 16,9% menor do que no mesmo mês do ano passado e está relacionado com as operações realizadas em março, em valores corrigidos pela inflação. Pela legislação, 25% do valor arrecadado com ICMS é repassado aos municípios, o que também impactou negativamente os caixas das prefeituras.
SETORES - Setorialmente, o Governo do Estado deixou de arrecadar R$ 79,9 milhões com a indústria e R$ 57,2 milhões com o comércio varejista em abril, frente ao mesmo período do ano passado, por exemplo. As perdas foram de 21,6% e 38,5%, respectivamente.
Na relação das principais atividades contribuintes do ICMS, houve perdas também em combustíveis (-14,5%), energia (-5,4%), bebidas (-21%), automóveis (-29%), serviços e outros (-20%) e comércio atacadista (-11,9%). O setor de agricultura e extração, sob influência da safra de soja, mostrou aumento de 8%.
Estão incluídas no relatório as empresas do Simples Nacional. Nessa categoria houve redução de 71% na arrecadação em abril em razão do programa estadual de extensão de pagamento por três meses, medida anunciada dentro do pacote econômico para atender as necessidades dessa modalidade.
A análise do ICMS também apresenta o comparativo do resultado acumulado de janeiro a março em relação ao mesmo período do ano passado. Nesse indicador, combustíveis (6,3%), automóveis (0,3%), agricultura e extração (3%), comércio atacadista (4%) e comércio varejista (9,4%) aumentaram a contribuição, enquanto serviços e outros (-7,3%), indústria (-1,5%), bebidas (-5,8%) e energia (-5,2%) registraram quedas.
EXPECTATIVA - Segundo a Receita Estadual, o ICMS líquido destacado em documentos fiscais apresentou queda de 23,6% em abril na comparação com 2019, o que deve levar a uma redução significativa na arrecadação de imposto em maio. A queda pode chegar a 28,2% - ou R$ 740 milhões.
O ICMS é a principal fonte de arrecadação do Estado e representa 59% da receita corrente líquida (RCL). O imposto é o termômetro da atividade econômica (industrial, comercial e do agronegócio) e da circulação de bens e mercadorias.
DÍVIDA – A legislação aprovada no Senado confirma a suspensão do pagamento de dívidas com a União e com bancos públicos até o final de 2020. O Paraná deixará de pagar R$ 211 milhões até o fim do ano e poderá aplicar esses recursos na gestão de equipamentos, servidores, insumos e leitos hospitalares.
Há 20 dias, Governo do Estado transferiu R$ 319,3 milhões para o orçamento saúde em razão de uma liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que permitiu a interrupção do pagamento de dívidas com a União por seis meses. A suspensão das dívidas dos municípios paranaenses alcança cerca de R$ 750 milhões.
Atividade econômica evolui, mas março e abril acumulam perdas
O balanço da atividade econômica do boletim conjuntural aponta que entre o dia 26 de abril e o dia 3 de maio houve crescimento de 16,3% na atividade da indústria e no comércio no Paraná, com evoluções em todas as macrorregionais de Saúde (Norte, Leste, Oeste e Noroeste).
Comparativamente com a primeira semana de março, no entanto, a movimentação ainda é 22,9% abaixo do padrão. As maiores quedas acumuladas foram registradas no Leste (-26,2%), Norte (-20,1%), Oeste (-18,8%) e Noroeste (-18,3%). Na semana passada, com registros entre 7 de março e 26 de abril, a queda na atividade econômica era de 33,7%.
Entre março e abril, houve retração de 24,3% no comércio e na alimentação e de 21,8% no segmento industrial. A redução mais expressiva na atividade industrial foi contabilizada no Leste (Litoral, Região Metropolitana de Curitiba, Capital e Campos Gerais), com contração de 35,2%. A macrorregião Noroeste, de Maringá e Paranavaí, registrou a maior queda no comércio e alimentos, 32,5%.
A Macrorregião Noroeste, que reúne cerca de 100 municípios, apresentou uma surpresa positiva no boletim. A indústria avançou 5,6%, refletindo o crescimento da produção sucroalcooleira. Desde o primeiro boletim conjuntural, é o único resultado positivo na análise regionalizada.
EMPRESAS – Pelos cálculos da Fazenda, em média, 88% das empresas estavam em atividade no Paraná na semana passada. O balanço mostra níveis próximos do patamar antes da crise em alguns municípios.
Nesse boletim, o número de empresas em operação foi separado pelas maiores cidades do Estado e compara a primeira semana de março com a última de abril. A Receita Estadual atribui valor absoluto de 100 para número de empresas em atividade na semana de 9 a 13 de março, o que quer dizer normalidade comercial.
Pelas análises, a última semana de março registrou os índices mais baixos de atividade, chegando a 37 em Cianorte e 40 em Umuarama e Foz do Iguaçu, o que significa que menos da metade das indústrias e comércios estavam abertos nesses municípios.
Entre 27 de abril e 30 de abril, os menores índices eram de Curitiba (77), Foz do Iguaçu (79) e Londrina (80). Francisco Beltrão (97) e Cianorte, Pato Branco e Umuarama (96) alcançaram os patamares mais altos, perto de 100, mostrando relativa normalidade.
O índice estadual variou dentro de um quadro similar: caiu de 100 para 54 em março, mas subiu paulatinamente desde então até atingir 88.
Confira aqui o BOLETIM SEMANAL com dados do impacto da Covid-19.
| Agência Estadual de Notícias (publicado em 07-05-2020) | | | | Com apoio do Governo do Estado, em pouco menos de dois meses cerca de 36 mil máscaras-escudo foram fabricadas e chegaram a instituições públicas e privadas da saúde, secretarias municipais e forças de segurança. A ação atravessa o Paraná de Norte a Sul, Leste a Oeste.
Os equipamentos são fabricados pelas universidades estaduais e pelo sistema penitenciário. Além disso, o Estado também desenvolveu um sistema pioneiro de recolhimento e distribuição das máscaras-escudo feitas pela iniciativa privada, pública ou individual a partir de impressoras 3D.
Esse segundo trabalho começou no final de março de maneira regionalizada em Curitiba e Região Metropolitana e ganhou corpo com a ativação de uma aba no site www.coronavirus.pr.gov.br para conectar a cadeia de fabricação de máscaras de proteção de todo o Estado.
Cerca de 25,8 mil máscaras-escudo foram distribuídas a partir dos carros oficiais do Governo do Estado para praticamente todos os hospitais de Curitiba e Região Metropolitana. A Defesa Civil colabora com a logística de distribuição nos municípios mais distantes da Capital, onde a fabricação é menor que a demanda – 4 mil já foram entregues nas instituições do Interior que fizeram os pedidos.
PESSOAS E INSTITUIÇÕES - A ideia surgiu a partir do movimento Atitude 3D e hoje engloba centenas de pessoas, como colaboradores de instituições de ensino (FabLab do Sesi/Senai CIC, Universidade Federal do Paraná, Universidade Tecnológica Federal do Paraná e Instituto Federal do Paraná), Exército Brasileiro e a iniciativa privada (Artiz Matriz, Bimara e Simoldes). Algumas ainda são feitas a partir de impressoras 3D e outras com sistema de injeção, que permite uma confecção em apenas oito segundos.
Os pedidos das unidades de saúde são cadastrados no site www.coronavirus.com.br/mascaras ou no site do Atitude 3D, que remete o link diretamente para o portal do Governo do Estado. Eles são filtrados pela Superintendência de Inovação da Casa Civil, responsável pelo projeto, juntamente com os voluntários do movimento. A montagem e a triagem contam com apoio do Exército Brasileiro no espaço cedido pela unidade do Senai da Cidade Industrial de Curitiba.
O objetivo da medida é integrar ainda mais fornecedores de matéria-prima, os chamados “makers” (profissionais ou empresas com impressoras 3D) e médicos e enfermeiros que estão na linha de frente da atuação contra o novo coronavírus. “A ideia é da conexão perfeita. Essa união de esforços permitirá resposta mais rápida nessa crise global de saúde pública”, afirma Henrique Domakoski, superintendente de Inovação da Casa Civil. “Essa parceria permite que a produção alcance as pessoas que estão na linha de frente, para que as máscaras-escudos sejam usadas por quem precisa ajudar a salvar vidas”.
Para quem quiser máscaras-escudo ou ajudar na produção, são três áreas no portal www.coronavirus.com.br/mascaras: a de fornecedores de matéria-prima permite às empresas apresentarem os materiais disponíveis para doação e a sua localização; a dos makers mapeia os idealizadores com suas impressoras 3D; e a de demanda é um formulário aberto a profissionais e instituições da saúde que desejam receber o material.
UNIVERSIDADES ESTADUAIS - As universidades estaduais do Paraná também montaram uma rede própria e já fabricaram e doaram 7.781 máscaras desse modelo para hospitais, órgãos de segurança e saúde e secretarias municipais. Elas foram produzidas pelos Núcleos de Inovação Tecnológica das instituições utilizando impressoras 3D.
“As instituições têm utilizado a expertise de seus pesquisadores para produzir equipamentos que garantam mais proteção e segurança aos profissionais de diferentes setores que atuam na linha de frente no combate ao coronavírus”, destacou o superintendente de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldo Bona. As universidades estaduais contam com cerca de 100 impressoras 3D que possuem capacidade de produção de quase 700 máscaras por dia.
Apenas a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) produziu 3.500 máscaras dentro do projeto “Protetor Facial”, a partir do aproveitamento da estrutura de capacetes de segurança. Na Universidade Estadual de Londrina (UEL) foram produzidas 2.231 para o Hospital Universitário de Londrina (HU-UEL). Um grupo formado por residentes e professores de Fisioterapia se juntou a empresários e voluntários para confeccionar as máscaras com matéria-prima doadas pela comunidade.
A Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) é parte integrante do Mutirão TEC do Bem em conjunto com o ecossistema de inovação de Guarapuava, com 30 impressoras 3D trabalhando intensamente e 3.300 máscaras já produzidas. Elas foram entregues para os profissionais que prestam assistência às comunidades indígenas, para a Polícia Científica e o Instituto Médico Legal (IML) da cidade.
A Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) de Cornélio Procópio produziram 250 protetores faciais para atender as demandas da 18ª e 19ª Regionais de Saúde, no Norte do Estado. Em Maringá estudantes e professores da Universidade Estadual de Maringá (UEM) se uniram em uma rede de colaboração com 29 impressoras 3D. Ao todo foram distribuídas 540 máscaras para diferentes órgãos da cidade.
Já a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) está utilizando as impressoras 3D construídas em parceria com o curso de Ciência da Computação e o Parque Tecnológico de Itaipu (PTI). A instituição alcançou a marca de 1.000 protetores faciais distribuídos para Unidades de Pronto Atendimento, SAMU, Polícia Federal e secretarias municipais.
PENITENCIÁRIAS – O outro projeto do Governo do Estado é dentro das penitenciárias. Os detentos produzem máscaras de tecido, aventais e máscaras-escudo – essa última acontece apenas na Penitenciária Estadual de Londrina I (PEL I), onde os presos já produziram 2,5 mil face shields para o hospital universitário da cidade. Os 15 internos implantados no canteiro de trabalho ficaram responsáveis por costurar o elástico e instalar o acetato ao suporte de cabeça.
MÁSCARA-ESCUDO - A máscara-escudo nasceu na República Tcheca no bojo do combate global contra a Covid-19 e da alta demanda por equipamentos hospitalares. Elas chegaram ao Brasil pouco tempo depois com as impressoras 3D de empresários, universidades e pesquisadores.
Ela é formada por três peças: a placa de acetato, transparente, que é a viseira; uma “tiara” com pontos que serve de sustentação (a única confeccionada na impressora 3D efetivamente); e um elástico que ajuda a fixar o equipamento no profissional. É considerada um Equipamento de Proteção Individual (EPI) para o rosto e serve como complemento para as máscaras comumente utilizadas pelos profissionais de saúde, do tipo N95. O objetivo principal é proteger a região dos olhos da contaminação.
Fabricação segue a todo vapor no Paraná
Já são incontáveis as iniciativas similares de instituições públicas e privadas na fabricação de máscaras-escudo no Paraná. As Escolas de Medicina, Politécnica e de Belas Artes da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e as gráficas de Curitiba doaram 1,2 mil face shields para a Secretaria de Estado da Saúde.
A equipe do Centro Estadual de Educação Profissional (Ceep) Maria Lydia Cescato Bomtempo, em Assaí, no Norte Pioneiro, também está produzindo por impressão 3D doada pelo Governo do Estado à instituição. O Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Codel) apoia a iniciativa.
Integram esse “ecossistema indireto”, ainda, alunos do projeto Engenhar, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), empresários de diversas cidades do Paraná, prefeituras e associações empresariais.
| Bem Paraná | | | | O modelo, em produção no Ceará, passava por ajustes finais e agora será submetido a testes de usabilidade, antes de entrar na fase de ensaio clínico
O Elmo prevê a utilização de um mecanismo de respiração artificial não invasivo
Um novo passo para o tratamento de pacientes de covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, foi consolidado com a finalização do protótipo do capacete de respiração assistida, batizado de Elmo. O modelo, em produção no Ceará, passava por ajustes finais e agora será submetido a testes de usabilidade, antes de entrar na fase de ensaio clínico.
O equipamento é produzido em força-tarefa que envolve Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Saúde, Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE) e Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), além da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), e ainda Universidade Federal do Ceará (UFC) e Universidade de Fortaleza (Unifor), da Fundação Edson Queiroz.
O protótipo do Elmo foi desenvolvido no Instituto SENAI de Tecnologia em Eletrometalmecânica, e testado no Laboratório do SENAI do Jacarecanga, a partir de uma ideia apresentada pelo superintendente da ESP/CE, Marcelo Alcantara. “Os princípios e requisitos terapêuticos do Elmo foram plenamente atingidos com o protótipo”, avalia Alcantara após a consolidação do modelo, que passou por ajustes simples para redução de tamanho e contenção de ruído.
A partir de agora, o Elmo será submetido a testes finais de usabilidade em voluntários. O processo ocorrerá em curto prazo e deve ser finalizado nas próximas semanas. A avaliação a partir do manuseio pode resultar em pequenos ajustes, se reportado por usuários em testes, mas o conceito do protótipo foi concluído.
“Diferentes pessoas vão testar o Elmo para avaliar a ergonomia, mas é certo que se utilizado hoje o equipamento cumpriria com a finalidade de dar suporte ventilatório necessário”, destaca o engenheiro eletricista, especialista em engenharia clínica pela ESP/CE, David Guaribara.
Em seguida, o modelo cearense será avaliado pela Comissão de Ética e Pesquisa da ESP/CE para entrar em ensaio clínico, isto é, teste em pacientes com insuficiência respiratória pela covid-19, no Hospital Leonardo da Vinci, requisitado pelo Governo do Ceará para dar suporte aos pacientes no estado. A fase é necessária para iniciar a produção definitiva do capacete cearense. Paralelo a isso, a equipe já trabalha com o registro do Elmo junto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Para o presidente da FIEC, Ricardo Cavalcante, as avaliações positivas são animadoras: “Estamos confiantes que haverá uma produção em larga escala após a finalização das avaliações de saúde do comitê de ética da ESP, para que possamos ajudar ainda mais no combate à pandemia. A inteligência e a capacidade técnica dos que fazem o SENAI e dos parceiros foram imprescindíveis na busca por este equipamento que pode vir a salvar muitas vidas".
O professor Jorge Soares, diretor de Inovação da Funcap, explica que foram feitos testes adicionais em dois protótipos do Elmo: um de base rígida e outro de base flexível.
“Os resultados seguem animadores e, com o protótipo definido, a avaliação clínica em pacientes com insuficiência respiratória deve vir nos próximos dias. Com esta sequência e os devidos trâmites na Anvisa e Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), ganha-se a confiança necessária para a produção em larga escala. É um orgulho para o Ceará", avalia.
Os pesquisadores envolvidos já estavam animados com os testes iniciais realizados em 23 de abril. O Elmo prevê a utilização de um mecanismo de respiração artificial não invasivo, sem necessidade de o paciente ser intubado, com maior segurança também para os profissionais de saúde.
O pró-reitor-adjunto de Pesquisa e Pós-Graduação da UFC, Prof. Rodrigo Porto, enfatiza a cooperação entre grandes atores de formação acadêmico-científica do Ceará e indústria na busca de soluções contra a pandemia. “O Elmo é um esforço muito bonito e estamos na expectativa agora nesses momentos finais de testes, de homologação e de lançamento, para que o sistema público de saúde possa se beneficiar diretamente dele”, afirma.
O modelo segue um tipo adotado em países da Europa, como a Itália, que teve bons resultados
Ainda segundo Porto, o capacete de respiração assistida representa um marco na pesquisa cearense e revela a importância do investimento em ciência e tecnologia. “Isso obviamente não aconteceu com essa velocidade somente por causa da pandemia, mas fundamentalmente porque esse domínio científico e tecnológico estava presente. Fica como uma lição para a sociedade brasileira de que esse investimento nunca foi em vão, pelo contrário, nos deixa preparados para reagir nas novas necessidades e demandas não só na saúde mas em todas as áreas da sociedade”, comenta.
Outras informações sobre o Elmo
O Elmo é a promessa para desafogar as UTIs, que já estão saturadas de pacientes com covid-19. Outra vantagem é o baixo custo, que garante facilidade de produção em larga escala. Enquanto uma máquina de ventilação mecânica custa em média R$ 70 mil, o capacete respirador sai a um custo de cerca de R$ 300,00 a unidade.
O modelo segue um tipo adotado em países da Europa, como a Itália, que teve bons resultados, com redução da necessidade de aparelhos de ventilação mecânica em cerca de 60%. O equipamento pode ainda ser desinfectado e reutilizado.
O capacete é capaz de reduzir a necessidade de respiradores pulmonares artificiais pois trata-se de uma oxigenoterapia do paciente que inala oxigênio puro e não re-inala o CO2 produzido, que tampouco é expelido no ambiente, evitando a contaminação dos demais.
A Indústria contra o coronavírus: vamos juntos superar essa crise
Acompanhe todas as notícias sobre as ações da indústria no combate ao coronavírus na página especial da Agência CNI de Notícias.
| CNI ( publicado em 08-05-2020) | | | | Projetos e produtos inovadores que podem contribuir no combate e tratamento da pandemia de Covid-19, criados por indústrias, começam a ganhar forma nos Institutos Senai de Inovação. O mais recente deles é um spray que cria um revestimento antiviral em superfícies de maçanetas, mesas e bancadas, balcões de atendimento e corrimões, entre outros, reduzindo o risco de contágio pelo contato com esses objetos.
Desenvolvido pela empresa TNS Nanotecnologia, o projeto foi selecionado pela chamada “Missão contra Covid-19”, realizada em nível nacional numa parceria Senai, EMBRAPII e Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). No total, foram destinados R$ 20 milhões para projetos que ajudem a prevenir, diagnosticar e tratar a Covid-19.
Fabrício Lopes, gerente executivo de Tecnologia e Inovação do Sistema Fiep, explica que este é o momento de tomar todas as medidas que ajudem a minimizar o impacto da pandemia. “O Senai tem como compromisso apoiar a indústria e todo o país. Assim, nos colocamos à disposição da sociedade incubando e ofertando estrutura, especialistas e financiamento para as iniciativas contra o coronavírus”, explica.
No caso da TNS, o projeto está sendo desenvolvido no Instituto Senai de Inovação em Eletroquímica, com sede em Curitiba. No produto, serão utilizadas diferentes tecnologias para a ancoragem de nanopartículas de prata, fazendo com que superfícies comuns sejam capazes de inativar o vírus. Com fácil manuseio e aplicação por spray, não haverá a necessidade de preparar a superfície previamente. O produto também está sendo desenvolvido para que seja não tóxico e de fácil acesso à população.
Outro projeto que também está sendo desenvolvido no Instituto é o da Hi Technologies. Os especialistas do Senai estão ajudando a empresa a ampliar a escala de produção do Hilab, equipamento capaz de realizar testes para diagnosticar o novo coronavírus em apenas 10 minutos. A proposta foi uma das primeiras aprovadas no país dentro da “Missão contra Covid-19”.
Saúde Tech PR
Em breve, novos projetos de empresas paranaenses para auxiliar no combate à pandemia serão desenvolvidos com auxílio do Senai. Nesta segunda-feira (11), serão divulgadas as propostas selecionadas pelo edital Saúde Tech PR, realizado em parceria com o governo do Estado. Foram 76 projetos inscritos, que ao longo da última semana passaram por avaliações. As ideias escolhidas receberão investimento total de até R$ 1,4 milhão e apoio técnico dos profissionais dos Institutos Senai de Tecnologia e Inovação do Paraná."
| Gazeta do Povo | | | | Golda Meir, uma das fundadoras e primeira-ministra do Estado de Israel, dizia: “O pessimismo é um luxo que o judeu nunca pode se permitir”. Reflexo do realismo e da lógica da realidade. Porém, eu, como judeu, também aludo ao tradicional humor judaico, aquele que fala do inconsciente e das complexidades, das dúvidas e das incertezas da realidade vivida. Por meio do humor, é possível dizer o que não convém dizer…
Pois bem, o coronavírus está provocando uma gravíssima – e devastadora – crise macroeconômica mundial, gerando enormes perdas de empregos, algo nunca visto desde a grande depressão de 1929. Nesta direção, não imagino que a retomada do caminho de crescimento aos níveis pré-crise será da mesma maneira da saída de um choque na forma de U.
Evidente que o mundo, ao longo da história das civilizações, já atravessou e superou uma série de crises agudas, inclusive virais, tais como a peste negra e o ebola, em que a distintiva capacidade de pensamento reflexivo e profundo e o talento humano empreendedor e criativo instigaram novas atitudes e descobertas, criando soluções inovadoras para um maior e melhor desenvolvimento civilizacional, econômico e social.
No entanto, temo que em nosso país, o furo do Covid-19 seja mesmo mais embaixo.
Meu pessimismo – ou realismo – em relação ao Brasil se justifica em razão do grave processo de desindustrialização que o país já vinha sendo acometido, tendo em vista uma série de fatores estruturais que inibem os investimentos na produção, impedindo uma maior geração de empregos, de renda e, similarmente, de uma maior inserção brasileira nas cadeias globais de valor, entravando um maior crescimento econômico e social brasileiro.
Neste sentido, não compartilho da visão “animada” de alguns jornalistas e analistas de negócios de que, passados um ou dois anos mais duros, logo o país estará apto a emergir da crise imposta pelo Covid-19. Pelo que leio e escuto destes últimos, dotados de apelos otimistas, eles creem demasiado no estereótipo do brasileiro criativo e são extremamente confiantes na capacidade humana de se reinventar sistematicamente e de se readaptar às condições impostas pelo vírus.
Entretanto, o diferente e o grande problema brasileiro refere-se à questão da profundidade e da velocidade da queda na produção, que são factualmente apavorantes.Por isso, justamente, prefiro o ceticismo salutar, a fim de que se tenha uma compreensão profunda dos impactos da crise, para se atacá-la em suas causas estruturantes, ao invés de ser auto sabotado pelo excesso de otimismo que pode desativar o senso de urgência na tomada de ações concretas e efetivas no presente momento.
Ontem foi divulgada a queda histórica de 9,1% no índice de produção industrial de março de 2020. Em abril ainda será pior! Aqueles que navegam na espuma do otimismo exagerado parecem sobrepesar a importância das novas formas de interação social e as oportunidades ascendentes da digitalização.
Claro que os ramos ligados à tecnologia da informação irão crescer, gerando novas oportunidades e novos tipos de empregos. Na verdade, já há uma ampla readequação de setores à utilização do comércio eletrônico e à criação de novas soluções em nível de distribuição e entrega de produtos, além da adaptação de determinados tipos de serviços às novas necessidades dos consumidores.
Entretanto, o sistema produtivo é composto de várias cadeias de suprimentos interdependentes, cada uma delas necessitando relacionar-se com a outra, reciprocamente. Por exemplo, determinadas organizações focam na fabricação de insumos e componentes, que serão entregues para beneficiamento em outras cadeias produtivas, para posterior distribuição e entrega aos clientes.
A meu juízo, o de que muitos não se aperceberam é que realmente houve uma ruptura e uma real desestruturação dos sistemas produtivos, o que torna muito improvável e difícil uma reorganização em um ou dois anos (penso que minimamente, de cinco a dez anos…). A quebra estrutural com a crise do covid-19 está sendo gigantesca, e o que é o pior, invisível para muitos!
Mesmo o Brasil tendo vantagens comparativas e competitivas no setor agropecuário – que pode e deve ser um dos motores de arranque da recuperação -, os efeitos do avanço da tecnologia da informação, que já vem ocorrendo em nível de processos produtivos, por aqui levarão muito mais tempo para se concretizarem em valor pragmático e útil.
Nosso combalido sistema educacional, de ensino e pesquisa, está longe de incentivar e aperfeiçoar as habilidades e as competências dos trabalhadores, a fim de que esses possam materializar seus talentos em novas descobertas e soluções inovadoras para o setor produtivo brasileiro.
O atraso tecnológico – de conhecimentos – na produção nacional tornará nossa saída da crise muito mais dolorosa e lenta. Soma-se a isso o nosso burocrático e custoso ambiente de negócios, nossa débil infraestrutura e o nosso ainda atrasado marco institucional.
Para completar o medonho cenário, não vejo, no curto prazo, maior cooperação e vontade política capaz de aglutinar forças e implementar iniciativas racionais e eficientes para alavancar a produção brasileira.
Sou realista e, mesmo que acredite, como confio, no talento humano prodigioso para a partir de conhecimentos resolver melhor determinados problemas específicos, acho que a pesada desestruturação produtiva nos conduzirá a uma depressão econômica, com relevantes repercussões de longo prazo.
Um otimismo exacerbado, uma espécie de autoajuda e uma convicção excessiva nas oportunidades e nos processos via inteligência artificial e na digitalização não serão suficientes para nos tirar do pior que está por vir; mas como o pior não necessariamente significa o pior em todas as dimensões, penso que a compreensão profunda dessa abissal problemática nos auxiliaria muito por meio de um pensamento mais reflexivo e profundo, essencialmente proativo, com a intenção de se começar a trabalhar, se possível, intensa e rapidamente na busca de soluções factíveis.
Não, senhores, não se trata de sentimento derrotista, mas trivialmente de uma apreensão mínima da realidade, a fim de que se arregacem as mangas para uma imediata tomada de decisões.
Rodrigo Constantino - Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal.
| Gazeta do Povo | | | |
Dados do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostram forte queda da produção industrial em março, de 9,1%, na comparação com fevereiro. Foi um desempenho muito abaixo dos -2,5% estimados antes pelo instituto, e que deverá afetar negativamente as expectativas do Produto Interno Bruto (PIB) para 2020.
A retração deixou poucos setores produtivos de fora. De fato, nada menos do que 23 das 26 áreas analisadas apresentaram números negativos. A queda mais relevante foi a dos veículos automotores, reboques e carrocerias (-28,0%), segmentos que tiveram a produção em boa parte interrompida por causa do coronavírus.
Esse ramo industrial também apresentou a queda mais intensa desde maio de 2018 (-29,0%), tornando praticamente inócua a expansão de 7,8% acumulada nos dois primeiros meses de 2020.
Outras contribuições negativas vieram das máquinas e equipamentos (-9,1%), de produtos de minerais não metálicos (-11,9%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-10,6%), de produtos de metal (-7,5%), de metalurgia (-3,4%), borracha e material plástico (-12,5%) e equipamentos de informática, óptica e eletrônica (-7,2%).
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS - Para Cristina Helena Pinto de Mello, economista e pró-reitora nacional de pós-graduação da ESPM - Escola Superior de Propaganda e Marketing, o dado mais importante é o da queda verificada em máquinas e equipamentos.
“Os números mostram que os empresários brasileiros estão reduzindo seus investimentos em bens de capital, o que é um dado objetivo de pessimismo em relação ao futuro”, explica. “Esse é um setor chave da economia, pois dá dinâmica aos investimentos e tem o poder de iniciar processos de expansão ou retração. São verdadeiros termômetros das expectativas futuras”.
A executiva observa, porém, que pelas análises dos setores produtivos é possível verificar que em vários deles o freio foi acionado antes do início da quarentena, em meados do mês de março.
Ela afirma que a influência da Covid-19 pode ser mais notada nos setores exportadores e de bens de consumo, mais integrados a cadeias de produção globais e, portanto, mais sensíveis ao contexto internacional, no qual muitos países também recorreram à quarentena.
| Usinagem Brasil ( publicado em 10-05-2020) | | | | Pesquisa realizada pela Intuit Quickbooks, empresa de tecnologia que oferece softwares de gestão para pequenas e microempresas e contadores, revelou que mais de 70% das PMEs não têm planejamento financeiro previsto para períodos de crise.
O levantamento mostrou ainda que 60% dos entrevistados acreditam que a pandemia do Covid-19 vai impactar em mais de 50% o faturamento de seu negócio.
Para Lars Leber, country manager da Intuit Quickbooks, este era um quadro previsível. “Em média, metade das PMEs brasileiras fecha as portas antes de completar cinco anos por problemas relacionados com fluxo de caixa”, afirma. “Um cenário de crise, como o que estamos vivendo, agrava essa situação”.
O levantamento mostrou também que 70% dos executivos que responderam a pesquisa acreditam que o Covid-19 representa alto risco para seus negócios, e 20% deles disseram que a pandemia tem impacto de médio risco.
Cerca de 60% afirmaram não estar preparados para enfrentar um período de crise, enquanto 25% disseram que talvez estejam. Ao serem questionados sobre seu nível de confiança em relação ao planejamento de fluxo de caixa para que a crise não afete o seu negócio, 50% disseram ser baixo este nível, e 40%, mediano.
Para cerca de 40% dos entrevistados, a queda na receita será o principal impacto do negócio com o Covid-19. O segundo ponto a provocar mais reflexos negativos é a queda no volume de consumidores (20%), seguido de problemas com fluxo de caixa (18%) e perda de novos negócios (15%).
Entre os principais sentimentos descritos por eles diante da pandemia, estão “insegurança”, “apreensão” e “tristeza”.
O levantamento foi respondido por cerca de 400 gestores de PMEs com faturamento anual de até R$ 81 mil (42%), entre R$ 81 mil e R$ 360 mil (29%), entre R$ 360 mil a R$ 4.8 milhões (27%) e acima de R$ 4.8 milhões (2%).
Sobre o tipo de negócio, 59% das empresas que responderam a pesquisa oferecem serviços, seguido de comércio (17%), serviço e comércio (9%), atividades diversas (10%) e indústria (5%).
Fundada em 1983, no Vale do Silício, EUA, a Intuit Quickbooks possui mais de 7 milhões de clientes e é considerada pela Forbes uma das 100 empresas mais inovadoras do mundo.
| Usinagem Brasil ( publicado em 10-05-2020) | | | | A indústria brasileira está sentindo a crise do coronavírus de forma mais severa do que a esperada por integrantes do setor. Não havia ilusão: sabia-se que o setor industrial brasileiro, já combalido depois da crise de 2015, sentiria o baque da queda na demanda e da necessidade de isolamento social para a contenção do vírus. As previsões, entretanto, eram de que os impactos começassem a aparecer só em abril, depois que os setores de comércio e serviços já tivessem sido atingidos.
Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no início do mês, porém, mostram como a realidade se impôs. Em março – mês em que metade dos dias foi considerado "bom", já que o isolamento social começou somente a partir da segunda quinzena – a produção industrial caiu 9,1% em relação a fevereiro.
Indústria de bens duráveis tem sofrido mais com o coronavírus
Os efeitos da crise, no entanto, não são homogêneos entre os diferentes segmentos industriais, nem nos diferentes pontos do país – já que as medidas de restrição de mobilidade estão sendo adotadas de forma distinta por estados e municípios. Renato da Fonseca, gerente de pesquisa e competitividade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), distingue três grupos de empresas, de acordo com os impactos do coronavírus.
"Há aqueles que foram muito afetados, que envolvem principalmente os fabricantes de bens de consumo duráveis; os que foram mais ou menos afetados, porque conseguiram se manter por meio de exportações, como os setores extrativos minerais); e os que até cresceram, como os setores de higiene pessoal e limpeza", explica.
Os dados do IBGE revelam o tamanho da disparidade entre os setores. Na classificação por grandes categorias econômicas, a produção de bens de consumo duráveis foi a que mais sentiu o impacto, com queda de 23,5% – quase o dobro da retração na produção de bens semiduráveis e não duráveis (-12%).
Considerando os setores industriais, os que mais sofreram foram vestuário (-37,8%); artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-31,5%); veículos (-28%); e móveis (-27,2%). Os fabricantes se produtos como sabões e detergentes, por outro lado, tiveram ligeiro aumento da produção, de 0,7%.
Utilização da capacidade instalada atingiu menor patamar histórico
Outro indicador, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), é mais um retrato do tamanho do tombo. Em abril, o Nuci ficou em 57,5%, alcançando o menor valor desde o início da série histórica, em 2001. "Isso significa que, em média, o setor industrial operou com pouco mais da metade da sua capacidade total, sendo o menor nível de produção dos últimos vinte anos", explica o texto de divulgação do resultado publicado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV.
O patamar a que chegou o indicador é 15 pontos percentuais menor do que o Nuci mínimo registrado durante a última crise enfrentada pelo país, entre 2014 e 2016. "Nesse sentido, podemos inferir que, mesmo no pior momento da crise mais longa das últimas décadas, o nível médio da atividade industrial não foi tão comprometido quanto observamos agora", completa o texto.
O dado desagregado por setores mostra, mais uma vez, as empresas veículos automotores (que utilizou apenas 12,5% da capacidade), couros e calçados (24,8%) e vestuário (20,5%) como as mais afetadas.
Pequenas e médias padecem sem liquidez nem acesso a crédito
A diminuição significativa da atividade coloca à prova a sobrevivência de algumas empresas. O período de isolamento social, necessário para o combate ao vírus, implica receita zero para os segmentos mais afetados. Enquanto isso, os custos continuam existindo.
Para mitigar o problema, o governo federal lançou uma série de medidas voltadas, especialmente, à manutenção dos empregos. Entre elas estão o adiamento do pagamento de obrigações trabalhistas, além da possibilidade de suspensão de contrato dos trabalhadores e da redução da jornada e dos salários de funcionários.
Apesar de importantes, essas medidas não são suficientes para negócios que não sabem se irão sobreviver até o final da crise – e, consequentemente, se poderão arcar com as condições para entrar nesses programas do governo (como a estabilidade oferecida ao trabalhador após a suspensão do contrato ou redução da jornada, por exemplo).
"Essas empresas precisam de capital de giro. Acontece que, mesmo com o Banco Central jogando liquidez no sistema bancário [com a redução de compulsórios] e diminuindo a taxa de juros, os bancos estão com medo de emprestar e preferem fazer uma reserva. Nisso, as pequenas e médias empresas estão saindo mais prejudicadas", explica Fonseca.
Nesse caso, segundo ele, a solução é que o Tesouro entre como garantidor ao menos de parte dos empréstimos oferecidos às companhias em necessidade – solução já defendida por outros economistas, como o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga.
Conforme apurou a Gazeta do Povo, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está desenhando medidas para socorro às companhias em dificuldade. A expectativa, no entanto, é de que as linhas de crédito sejam lançadas somente agora, em maio, dois meses após o início da pandemia no Brasil.
Já existe uma linha de financiamento criada pelo governo, de até R$ 40 bilhões, para custear a folha de pagamento por pequenas e médias empresas. Mas apenas uma fração ínfima desse total já chegou aos empresários.
O Tesouro Nacional informa já ter pago R$ 17 bilhões dos R$ 34 bilhões que repassaria ao BNDES para esse financiamento (outros R$ 6 bilhões viriam dos bancos envolvidos no programa), mas até o início de maio apenas R$ 413,5 milhões em empréstimos foram aprovados para as empresas, segundo o jornal "O Estado de S. Paulo". Um dos obstáculos seria o fato de que a medida provisória 944, que criou o financiamento, só permite empréstimo a empresas com folha de pagamento processadas por bancos.
Queda pelo coronavírus atinge indústria já combalida
O impacto severo da crise do coronavírus vem no momento em que a expectativa era de que, finalmente, a indústria brasileira engrenasse e crescesse de forma mais robusta. "A indústria já vinha em uma trajetória de crescimento baixo. Em 2019, fechou o ano no negativo de novo [-1,1%]. Agora, temos um resultado negativo com a pandemia. Um resultado tão ruim, analisando uma base de comparação já fraca, é ainda pior", explica Andressa Guerrero, economista da Tendências Consultoria.
Segundo ela, a previsão é de que os próximos meses sejam ainda piores. "Nossa expectativa é de queda de 7,3% na produção industrial neste ano. Para o ano que vem, a gente espera uma retomada perto do segundo trimestre. Mesmo assim, achamos que a indústria ainda terá muitos desafios pela frente", conclui Guerrero.
Solução é acabar com o isolamento social?
Na última quinta-feira (7), um grupo de empresários, incluindo representantes do setor industrial, foi com o presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), na tentativa de sensibilizar a corte para a necessidade do fim do isolamento social em prol da atividade econômica. O ministro da Economia, Paulo Guedes, também integrava o grupo.
A própria CNI, entretanto, aponta que esse movimento, se for feito precocemente, pode ser ainda mais prejudicial para o setor. "Se não houver cuidado na abertura, o contágio vai explodir novamente, e só vamos saber depois de alguns dias ou semanas. Os trabalhadores também ficam doentes e aí não conseguimos produzir de qualquer forma", diz Fonseca, gerente de pesquisa e competitividade da Confederação.
Entre os próprios economistas, o consenso é de que, como não há meios de testar a população massivamente, nem um conhecimento consolidado sobre o comportamento do vírus, abrir a economia precocemente deve gerar impactos ainda mais profundos do que os advindos do isolamento.
Este texto é o primeiro da série de reportagens "Retratos da economia", que aborda os efeitos da crise do coronavírus nos diversos setores da economia brasileira."
| Gazeta do Povo ( publicado em 09-05-2020) | | | | No começo da crise, elas pegaram linhas de crédito pré-aprovadas no fazer caixa; passado o período inicial, as companhias continuaram com a maior fatia
As grandes empresas tomaram metade do valor total dos novos empréstimos desde a chegada do novo coronavírus no Brasil. No começo da crise, elas pegaram linhas de crédito pré-aprovadas no fazer caixa, mas as companhias continuaram com a maior fatia mesmo depois do período inicial.
De 16 de março –quando as medidas de restrição começaram a endurecer— a 30 de abril, as instituições concederam R$ 367,6 bilhões em novos empréstimos. Os dados foram divulgados pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos) nesta segunda-feira (11).
Deste total, 54,9% foram para as grandes empresas e apenas 20,8% para pequenas e médias.
Novas linhas para famílias representaram 24,3%.
Passado o período inicial da crise, de 17 a 30 de abril, R$ 152 bilhões em novos empréstimos foram concedidos. As maiores companhiascontinuaram com a maior parcela. Destes, 51% foram empréstimos para grandes empresas e 20,15% para pequenas e médias. As famílias representaram 28,8%.
De acordo com a Febraban, entre março e abril, as concessões para empresas aumentaram 75,5% em relação ao mesmo período do ano passado, considerando a média diária de dias úteis.
A entidade atribui a elevação ao expressivo aumento na demanda por crédito por parte de empresas que vinham se financiando pelo mercado de capitais. Por conta de incertezas no cenário econômico e volatilidade dos mercados, as companhias reduziram as operações no mercado de capitais e cancelaram linhas de financiamento externo.
PRORROGAÇÃO DE DÍVIDAS
Os dados da Febraban mostram também que os bancos prorrogaram R$ 40,8 bilhões em parcelas de empréstimos durante a pandemia do novo coronavírus. Foram renegociados 7,4 milhões de contratos no período.
A entidade não abriu os dados para pessoas físicas e jurídicas, mas estima que, entre as parcelas prorrogadas, R$ 27,2 bilhões tenham sido para famílias e R$ 13,6 bilhões para empresas.
Os saldo devedor total dos contratos renegociados é de R$ 425 bilhões. Até 17 de abril, 3,8 milhões de contratos tinham sido renegociados. Em três semanas, o valor dobrou. O total de parcelas adiadas era de R$ 22,2 bilhões.
Apenas famílias e empresas que estão com o contrato em dia podem pedir a prorrogação.
O Banco Central divulgou medida, em 16 de março, para facilitar a renegociação dos bancos com as famílias e empresas até setembro.
A iniciativa dispensa que as instituições aumentem o provisionamento no caso de repactuação de empréstimos pelos próximos seis meses.
Geralmente, quando é feita uma renegociação, o risco do crédito aumenta e a autoridade monetária obriga que a instituição aumente o valor provisionado —quantia, proporcional ao valor do empréstimo, que os bancos devem manter em caixa para que a operação seja assegurada.
As renovações de crédito, quando uma linha é quitada e é tomada novamente pelo cliente, somaram R$ 104,9 bilhões no período.
No total, os bancos liberaram R$ 472,6 bilhões em novos empréstimos, entre contratações, renovações e parcelas suspensas.
| Folha de S.Paulo | | | | Montadoras criam manual que reúne as melhores práticas observadas pelas matrizes e reforça as orientações de autoridades da saúde
Com 55 das 65 fábricas de veículos ainda paralisadas desde o fim de março, a indústria automotiva se prepara para voltar ao trabalho e para isso, a Anfavea, associação das fabricantes, cria um protocolo de retorno, um tipo de cartilha que contém diversas orientações e recomendações de prevenção à Covid-19 e que podem ser adotadas pelas empresas ao planejar a reabertura de suas linhas de montagem.
O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, acentua que o protocolo foi feito a muitas mãos, reunindo diversos departamentos das associadas e usando as melhores práticas e experiências observadas em fábricas do exterior que já retomaram a produção.
“Não somos especialistas em saúde sanitária, por isso seguimos 100% das recomendações das autoridades de saúde para criar este protocolo mínimo de retorno às fábricas e já estamos praticando, com cada um trazendo a melhor experiência das matrizes”, disse Moraes.
Ele conta de vários CEOs das empresas no Brasil estão fazendo pessoalmente as checagens das ações de prevenção que serão ou estão sendo adotadas pelas companhias em suas linhas de montagem. Também há treinamento para executivos e trabalhadores da produção.
O presidente da entidade reforça que toda a indústria está sendo bastante cuidadosa na questão de segurança e prevenção à Covid-19. Aponta que por causa desse novo momento, o comportamento das pessoas mudou e exemplifica citando que muitas empresas adotaram o home office (trabalho remoto, de casa), uma opção que era pontual em alguns casos e que agora se tornou uma regra.
“Muito está sendo feito para quando tivermos o retorno da economia. Estamos vivenciando de fato um novo modelo de produção, aprendendo a lidar com isso na base do profissionalismo, da ciência e no cuidado com a saúde. É um trabalho de primeiro nível com a qualidade da nossa indústria para assegurar a saúde de todos os nossos trabalhadores e de suas famílias”, defendeu.
Veja abaixo algumas das iniciativas propostas pela Anfavea no protocolo de retorno às fábricas. Veja aqui o manual completo para a indústria e aqui o manual para as concessionárias desenvolvido pela Fenabrave.
| Automotive Business ( publicado em 08-05-2020) | | | | Indústria automobilística fabricou pouco mais de 1.800 unidades no mês, segundo a Anfavea
O passado distante bate à porta do setor automotivo. A tempestade perfeita causada pela pandemia do novo coronavírus– somada à crise política– derrubou a produção de veículos em abril. Os números regrediram a níveis registrados em 1957, primeiro ano cheio de uma indústria que surgiu com o Plano de Metas do governo Juscelino Kubitschek.
Apenas 1.800 unidades foram fabricadas no país no mês passado, segundo a Anfavea (entidade que representa as montadoras instaladas no Brasil). a produção de veículos caiu 99,4% em relação a abril de 2019 e 99% na comparação com março. No acumulado do ano, a queda é de 39,1%.
Assim como ocorreu nos anos 1950, a solução para fortalecer a cadeia automobilística deve passar pelo incentivo à produção local, uma forma de preservar empregos e melhorar a rentabilidade diante da alta do dólar.
“A localização é uma questão crítica para reduzir a exposição ao câmbio, temos focado nisso já há algum tempo. Mas, claramente, os níveis atuais ainda deixam uma grande parte do nosso negócio exposta, o real tem sido uma das moedas com pior desempenho de todos os mercados emergentes”, diz Carlos Zarlenga, presidente da General Motors América do Sul.
O executivo lembra que a moeda acumula uma desvalorização de quase 40% desde janeiro de 2020. “Isso afeta drasticamente a lucratividade da indústria e da GM. A maioria das empresas de automóveis está perdendo dinheiro, e o colapso extraordinário do real faz esse cenário ficar insustentável.”
A Anfavea tem conversado com a equipe econômica sobre suas demandas específicas, mas se preocupa com as turbulências no governo em seguidos embates com os poderes Judiciário e Legislativo. As pautas mais importantes que envolvem estímulos à indústria por meio de benefícios fiscais precisam passar pelo Congresso.
“Quanto mais barulho em Brasília, mais problemas teremos com a economia”, afirma Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.
Sobre o processo de nacionalizar componentes, Moraes explica que sempre será necessário importar algumas tecnologias e peças de menor volume. Há também o problema dos prazos de desenvolvimento e homologação: equipamentos de segurança, por exemplo, levam cerca de 24 meses para serem desenvolvidos e aplicados nos automóveis.
Por outro lado, há muitos outros itens que podem voltar a ser manufaturados no Brasil, pois migraram para o exterior apenas por questões de custo. Essa reversão, além de contornar o problema do câmbio, será importante para manter a indústria ativa em um ambiente de redução das vendas e de baixa atratividade para disputar contratos.
De acordo com a Anfavea, haverá aumento da competitividade entre as subsidiárias. As vendas globais devem cair 22% em 2020 e levar a uma ociosidade de 30% na indústria automotiva mundial. Com isso, as nações que têm fábricas instaladas devem se tornar mais agressivas na busca por investimentos das matrizes, que também procuram fortalecer as linhas de produção em seus países-sede.
“A globalização está sendo rediscutida. O Japão puxou 200 empresas de volta da China, EUA e Alemanha aceleram esse processo, há uma proteção muito maior no setor”, diz Paulo Cardamone, da Bright Consulting.
O Brasil entra em desvantagem nessa disputa e enfrenta uma ociosidade bem acima da média: com as previsões indicando queda nas vendas entre 25% e 40% neste ano, a ociosidade do setor deve ultrapassar os 60%, o que pode levar a demissões.
E mais uma vez surgem as semelhanças com os anos 1950. Naquela época, o estímulo à produção visava atender a um público consumidor que nascia junto com a indústria e, por consequência, gerar empregos. Todo o foco estava no mercado interno, como deve ocorrer neste momento.
Além disso, produzir no Brasil significa evitar uma explosão de preços que, pelos cálculos da Bright, podem resultar em aumentos acumulados de até 17% ao longo do ano. Isso afugentaria compradores que já estão assustados.
Esse público é fundamental para a saúde das empresas. As vendas diretas a frotistas, que são menos rentáveis, começam a despencar. As locadoras passam por um movimento inverso, recebendo de volta milhares de carros que estavam sendo usados por motoristas de aplicativos. Com a redução das corridas, eles não têm condição de pagar o aluguel.
Zarlenga afirma que, no cenário atual, os repasses são a única solução de curto prazo. Nesta semana, a GM aumentou em 4% os valores sugeridos para seus carros. “E é apenas o começo se a moeda permanecer nesses níveis sem precedentes. Nós continuaremos aumentando os preços significativamente, mesmo em um mercado menor”, diz o executivo.
O presidente da GM afirma que a indústria no Brasil não é lucrativa e não tem sido já há algum tempo. “Os preços dos carros no Brasil são compostos por mais de 40% de impostos contra 7% em outros países, o que é a principal razão pela qual os carros são caros aqui”.
A Ford também avalia investir na produção regional de componentes para reduzir custos e driblar o dólar. “No mundo ideal, nós buscaríamos comprar e produzir onde vendemos, mas muitos fatores como investimento, escala, exposição cambial, custos de logística e impostos precisam ser considerados”, diz Lyle Watters, presidente da montadora americana na América do Sul.
Segundo Antonio Filosa, presidente do grupo FCA Fiat Chrysler América Latina, há um trabalho para atrair novas fábricas de componentes e de tecnologias que poderiam atuar na região.
“Há muitas conversas em andamento e este é um investimento que tem um ciclo de médio prazo, mas a atual situação global de mercado torna a execução desta estratégia mais complexa, porque também impacta o caixa destas empresas”, afirma Filosa.
Todos esses movimentos convergem para um plano de estímulo à indústria, que deve ser bem diferente das ações de incentivo ao consumo que foram comuns nos primeiros 15 anos desde século.
Esse é mais um dos pontos que remetem a 1957 e também a outros momentos da história nacional em que a indústria automotiva nacional recebeu ajuda –algumas polêmicas, como a sobretaxa aos carros importados imposta em 2011, que levou à criação do programa Inovar-Auto.
Mas antes de propor qualquer plano de incentivo, a Anfavea corre atrás de crédito para manter as empresas saudáveis. Uma das propostas apresentadas sugere usar os créditos retidos do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) como garantia de empréstimos bancários. A entidade afirma que o valor acumulado tanto no âmbito federal quanto nos estados chega a R$ 25 bilhões.
Enquanto montadoras e governo discutem se a solução para o futuro das fábricas está nas estratégias do passado, o setor de peças, que emprega 248 mil trabalhadores, aguarda.
“Acompanhamos o ritmo de produção das montadoras, nosso principal segmento de mercado. O setor é muito resiliente e trabalha para atravessar essa crise, da mesmo forma que o fez entre 2014 e 2016, quando tivemos quedas expressivas de volumes por um longo período de tempo”, diz Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças.
O executivo acredita que o caráter temporal da crise causada pela pandemia do novo coronavírus oferece uma condição mais extrema no curto prazo, mas com uma retomada mais rápida. Contudo, segundo Ioschpe, "isso não significa dizer que diversas empresas do setor não terão problemas enormes e, talvez, algumas não sobrevivam."
Quanto ao movimento de nacionalização, o presidente do Sindipeças avalia que será necessário haver competitividade a longo prazo e não apenas uma reação pontual. “Isso envolve trabalho árduo de redução do custo sistêmico local, o chamado ‘custo Brasil’".
INDICADOR APONTA CENÁRIO ECONÔMICO CADA VEZ MAIS FRÁGIL
A divulgação do tombo do setor automotivo ocorre na mesma semana em que foram anunciados dados indicando retração de 9% na indústria, em março, e deflação em abril, o que aponta um cenário econômico cada vez mais frágil.
Para o pesquisador Samuel Pessôa, colunista da Folha e pesquisador do Ibre/FGV, o crescimento do ano foi comprometido. “A recessão já está contratada, basta esperar”, diz Pessoa.
Segundo o Codace, comitê que marca os ciclos econômicos, do Ibre/FGV, há recessão quando ocorre, em ao menos dois trimestres seguidos, declínio expressivo na produção de diversos setores simultaneamente. O comitê analisa uma série de indicadores para avaliar se o país está em recessão, entre eles, o PIB.
Claudio Considera, também do Ibre/FGV, diz que é cedo para falar em recessão. ”
Não há definição fechada para depressão. Em seu “Dicionário de Economia do Século 21”, Paulo Sandroni a define como “fase do ciclo econômico em que a produção entra em declínio acentuado, gerando queda nos lucros, perda do poder aquisitivo da população e desemprego” —elementos bem presentes atualmente.
| Folha de S.Paulo ( publicado em 09-05-2020) | | | | Produção será voltada aos funcionários, mas 100 mil unidades iniciais vão para famílias carentes
A General Motors comprou equipamentos nacionais para produzir máscaras de proteção em sua fábrica de São Caetano do Sul. Elas serão utilizadas pelos funcionários da montadora durante o retorno à produção. Um lote inicial de 100 mil unidades será doado para famílias carentes pelo Instituto General Motors como forma de auxiliar no combate à Covid-19.
"A fabricação de máscaras é um ponto fundamental nessa luta e será ainda mais importante quando retomarmos a produção. Produzi-las com tecnologia 100% nacional é uma maneira de também fomentar a economia brasileira, sem concorrer com o setor de saúde na aquisição deste importante item", afirma o vice-presidente de manufatura da GM América do Sul, Luiz Carlos Peres.
Segundo a General Motors, essa é uma iniciativa global já em operação nos Estados Unidos e na China. No Brasil, a empresa também atua ao lado do ministério da Economia, Senai, Associação Brasileira de Engenharia Clínica (Abeclin) e outras empresas no conserto de respiradores, essenciais no tratamento de casos graves da Covid-19.
No fim de março, o Instituto GM anunciou uma série de medidas, como a doação de produtos de higiene e limpeza, óculos de segurança e cestas de alimentos para famílias das sete cidades em que a montadora está presente no Brasil: Gravataí (RS), Joinville (SC), São Caetano do Sul (SP), São José dos Campos (SP), Sorocaba (SP), Indaiatuba (SP) e Mogi das Cruzes (SP), além da capital paulista.
E a GM também emprestou 118 veículos para as prefeituras de Gravataí, Joinville, São Caetano do Sul e São José dos Campos, além do governo do Estado de São Paulo. Essa frota está sendo usada para o transporte de profissionais, equipamentos de saúde e pacientes.
| Automotive Business | | | | Os bancos já liberaram cerca de R$ 472,6 bilhões em crédito novo para famílias e empresas desde o início da crise causada pela pandemia do novo coronavírus no Brasil, conforme dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). O levantamento, divulgado hoje, abrange empréstimos contratados no período, renovações e postergações de dívidas realizadas entre os dias 16 de março e 30 de abril.
Do volume total, as novas contratações de crédito totalizaram R$ 326,7 bilhões. Além disso, os bancos também liberaram R$ 105 bilhões em renovações feitas no período, marcado pelas medidas de isolamento social, que colocaram os brasileiros dentro de suas casas para tentar conter o avanço da doença no País.
Já a postergação de dívidas em dia soma até agora um volume de R$ 40,8 bilhões, considerando as parcelas repactuadas no período. Do total, dois terços referem-se à pessoa física e o restante a empresas. Assim, os bancos renegociaram 7,4 milhões de contratos de crédito adimplentes durante a crise, cujo saldo devedor total é de R$ 425 bilhões. "Esses valores trazem alívio financeiro imediato para empresas e pessoas físicas, que passaram a ter uma carência entre 60 a 180 dias para pagar suas prestações", destaca a Febraban, em nota à imprensa.
Desde o início da crise gerada pela covid-19 no Brasil, os bancos passaram a oferecer carência de 60 dias para as dívidas existentes, suportados por medidas do Banco Central. Mais recentemente, diante da extensão e gravidade do cenário, essas instituições começaram a ampliar esse prazo. O Itaú Unibanco estendeu a carência de 60 dias para 120 dias no caso da pessoa física e 180 dias na jurídica. O rival Bradesco também prepara anúncio para breve no intuito de ampliar a carência de dívidas durante a crise.
| UOL | | | | Para diretor do Ibre/FGV, com empresas privadas combalidas durante pandemia, caberá ao Estado impulsionar retomada
Nem tudo é desastre para a economia brasileira diante da pandemia do novo coronavírus, diz o diretor do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), Luiz Guilherme Schymura.
Contrariando alguns de seus pares, ele acredita que a equipe econômica do governo federal deve tomar a dianteira para comandar um plano de recuperação dos investimentos que ajude o país a sair da crise em marcha.
Schymura defende um programa nos moldes do Pró-Brasil, lançado sem o aval do Ministério da Economia, porque acredita na necessidade de investimento público. Mas faz a ressalva: é preciso garantir que fique restrito ao menor gasto possível com obras exequíveis e que ofereçam alta taxa de retorno.
Qual o cenário que o sr. traça para a economia do país em meio à pandemia? Há alternativas para dirimir a queda do PIB?
Ainda há muitas incertezas no ar, pessoas que estão perdendo emprego, e há iniciativas iniciais de transferência de renda, como o auxílio emergencial. Mas o momento da retomada vai gerar inexoravelmente a discussão sobre a atuação do Estado.
Teremos um setor privado em uma situação muito difícil, alquebrado, por causa da dificuldade em relação ao crédito, do período de poucas vendas e da economia combalida. É natural que o setor privado demore para reagir.
Quando esse cenário se desenhar, haverá uma cobrança muito grande da classe política para que ações sejam feitas. Vamos esperar que, com o tempo, o mercado se ajuste e a economia comece a crescer? Não foi assim depois da reforma da Previdência.
Acredito que a saída está num programa de investimento público, como esse que o Ministério da Infraestrutura está desenhando. Tem de dosar a quantidade de recursos, ver quais as obras mais viáveis, mas é por aí. A pressão política será insuportável. É importante o governo sair na frente com esse programa, gastando o mínimo necessário.
Há muitas resistências por causa de programas anteriores que não deram certo, como o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento].
Ficamos com a impressão de que todo investimento público tem uma efetividade muito pequena, e há obras paradas. Mas algumas estão maduras para serem concluídas. A equipe dessa área tem um programa que pode fazer sentido, com obras que pedem investimento relativamente baixo para uma taxa de retorno alta.
Dada a situação fiscal muito delicada, eu não seria favorável a esse movimento, mas não podemos esquecer a pressão política que haverá e que alguns investimentos poderão ter uma taxa de retorno muito acima do esperado se forem bem selecionados.
Mas não é necessário um programa que não mexa negativamente com as expectativas?
Isso é fundamental. É importante que o governo crie uma narrativa que deixe claro aos agentes econômicos que isso é inexorável em razão da necessidade de retomada da economia, mostre o quão eficazes serão os investimentos nesses projetos e que não é tanto [dinheiro] assim.
Nada de pensar em Plano de Metas, Plano Marshall, nada disso. Esse discurso neste momento é temerário. Não conseguiremos sair da crise se não mantivermos nossos juros em um patamar razoável. Os agentes econômicos precisam entender que não haverá aventuras, que o Brasil amadureceu na questão fiscal.
Mas repito. Se o governo não se mobilizar e agir para impulsionar a economia, a classe política o fará. Não esqueçamos que dificilmente iniciaremos a retomada com uma taxa de desemprego abaixo de 15%.
É possível administrar a questão fiscal com uma dívida que vai crescer? Saindo da pandemia, o estoque da dívida será muito mais alto, na faixa de 90% a 100% do PIB [Produto Interno Bruto]. Não vejo isso como uma situação tão dramática hoje.
As dívidas só fazem crescer em outros países, e ninguém está preocupado, porque tem um excesso de poupança, e a taxa de juros vai continuar muito baixa.
Pela pandemia, o mundo vai se tornar um lugar mais pobre. Que efeito pode ter para o brasileiro, em termos históricos, empobrecer?
Devemos ter uma queda do PIB próxima a 4%, e o desemprego vai para 18%. Não estou dizendo que seja bom, mas, se no ano que vem começar a retomar um pouquinho, não vejo muitos problemas do ponto de vista de desastre social. Mas ficarão algumas questões.
Uma pergunta que eu me faço é como ficará esse modelo em que, no meio de uma pandemia, estamos repassando R$ 600, até R$ 1.200, para pessoas do Bolsa Família que ganhavam em média R$ 190. Como vai trabalhar politicamente o retorno aos R$ 190? Difícil entabular um discurso.
Como fica a questão do distanciamento social para a economia? Distanciamento horizontal é uma saída? Por enquanto, sim. Quem tentou fazer coisas diferentes entrou pelo cano, e estou falando de países de primeiro mundo.
Não sabemos o que significa esse vírus entrando nas nossas comunidades. Achar que a economia vai ter um desempenho pelo menos satisfatório enquanto esse vírus andar por aí é ilusão, isso não é possível. Enquanto não conseguirem uma vacina ou um antiviral com uma força grande, difícil acreditar que os países da América Latina consigam ter uma economia pujante.
A gente não consegue nem fazer dinheiro chegar à mão do informal. Como vai pensar em separar a população?
Isso aqui não é Coreia nem Japão. Mesmo naqueles países que estão tentando alternativas que não o isolamento horizontal a economia está sofrendo. Esse dilema isolamento horizontal e economia não é uma coisa tão simples.
Como o senhor avalia as ações atuais do governo do ponto de vista econômico?
Um aspecto que me preocupa muito é a questão das pequenas e médias empresas. Vou mostrar uma coisa. [O entrevistado pega o celular e mostra uma imagem, uma placa na frente de um bar]. Está escrito assim: “Devido o [sic] novo coronavírus, não estou vendendo fiado!!! Vai que você morre”.
Isso é uma metáfora para o problema que estamos enfrentando. Os bancos privados não têm como emprestar para alguém se o risco de não receber é muito alto.
E vai ter quebradeira. Muitas das pequenas e médias empresas não têm como superar o momento de queda da demanda tão acentuada. Para muitas delas, esse financiamento não as tornará empresas viáveis. As empresas pequenas e médias têm fôlego para um ou dois meses. Os bancos não querem botar a mão nesse negócio, não têm interesse. No final das contas, o risco dessas operações deveria ficar com o governo. Não tem como.
O governo precisa ser mais enfático no combate à crise?
Eles estão tentando, é difícil. Você vê hoje a PEC do Orçamento de Guerra. O objetivo é que o Banco Central possa comprar papéis do setor privado, coisa que não era permitida. Isso é muito razoável. Os bancos não vão ajudar diretamente. Quem vai fazer esse papel tem de ser o governo. No país mais liberal ou menos liberal do mundo, funciona dessa maneira.
Não interessa aos bancos emprestar, o risco é muito grande. Você acha que vai adotar medidas que os bancos vão sair emprestando como loucos? Isso não vai acontecer.
Agora, imagina qualquer um de nós sentado no Banco Central. Você compra um papel. A empresa quebra. O papel vira pó. Essa pandemia acaba daqui a três meses. Quanto tempo você acha que você fica fora da cadeia? Quem vai assinar um negócio desse? Você vê o BNDES. Passaram a limpo 500 vezes todas as operações que fizeram. Hoje tem um apagão de canetas. Você vai assinar uma coisa de altíssimo risco?
A postura do presidente da República, que se contrapõe a grande parte das medidas de isolamento, ajuda ou atrapalha?
Não quero entrar na discussão da parte política, porque acho que já temos um problema institucional grande. O ideal é que o Legislativo, o Executivo e o Judiciário estivessem trabalhando juntos, não tenho dúvida de que ajuda. A atual situação também não resolveria o problema do trabalhador informal. Não resolve a falta de liquidez das empresas de pequeno e médio porte. Não resolve o fato de comunidades não terem estrutura de saneamento.
Nós temos problemas socioeconômicos, e instituições que têm dificuldade de lidar com crises, como essa pandemia, o que não tem nada a ver com a questão política.
Pelo fato de a gente ter uma posição socioeconômica mais desfavorável que países de Primeiro Mundo e algumas instituições que não funcionam como no primeiro mundo, é mais importante que tenhamos uma coordenação não só entre os Poderes, mas entre os entes federativos.
Temos muitos informais, o que gera uma dificuldade em identificar quanto ganham. Nos países em que você quase não tem informalidade, é mais fácil fazer política para mitigar riscos dessa classe trabalhadora.
O que o senhor mencionou tem a ver com problemas estruturais do Brasil. O ministro Paulo Guedes estaria certo ao dizer que é o momento de mexer nas estruturas também? Que reformas seriam importantes neste momento?
Acho que agora não dá para mexer nas estruturas. A gente ainda não sabe quais setores serão mais atingidos.
Agora é hora de questões mais emergenciais. Vamos esquecer as questões estruturais. Seria ótimo se conseguisse parar para resolver isso. Estamos vivendo um momento muito complicado.
O grande tema é a reforma do Estado. Essa eu acho essencial. Existe uma pressão da opinião pública com relação à visão dos servidores. Algumas vantagens, de estabilidade, de aposentadoria, que incomodam muito, vão incomodar muito mais.
Essa pandemia vai agravar essa questão. Enquanto o desemprego vai ser crescente e os salários de quem tem emprego vão cair na iniciativa privada, os servidores estarão sendo preservados.
Também está ficando claro com essa crise a questão do papel do Estado, ter um setor público que seja funcional, que esteja bem organizado. Quem é que está complementando salário? É o setor público. Essa questão do empoçamento de liquidez. Quem tem de estar por trás disso? O setor público. Inclusive estou aliviando os bancos aqui. Não estou criticando nenhum. Não estou esperando nada do setor privado. Nossa conversa toda aqui é setor público. Não falei nada de setor privado hoje. O setor privado está para ser ajudado, não está se exigindo nada do setor privado, pelo contrário.
Ocorre que isso exige mudanças do papel do Estado. Temos quadros espetaculares no setor público. Temos um grupo de servidores muito qualificados. É importante que essa questão seja desenvolvida puxando a questão da eficiência, da produtividade. Quando se fala de reforma do Estado, se fala de uma reforma administrativa para cortar salário. Mas estou falando em uma coisa mais pensada.
Se essa pandemia se estender, é possível ir mais longe nesses gastos?
Aí é difícil traçar cenários. Tem de ver um pouco como está a situação global, como a economia mundial vai andar, como vão resolver a questão da pandemia, como vai estar o juro internacional nesse contexto.
Já estão falando em coronabonds na zona do euro para salvar alguns países. Será que isso vai virar um processo inflacionário que obrigue a elevação dos juros? Para nós, seria uma desgraça. Mesmo nos EUA. Eles são muito mais organizados do que a gente, mas lá está morrendo gente.
Quanto mais distante estamos da vacina ou de um antiviral que reduza o contágio ou a letalidade, pior vai ficando a situação para a gente.
| Folha de S. Paulo ( publicado em 10-05-2020) | | | | Fabricantes de veículos começam a retomar a produção de forma gradual, mas ainda há 55 fábricas paradas e 95 mil trabalhadores estão em casa, informa a Anfavea. Algumas voltam a operar ao longo deste mês e outras só em junho.
Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, afirma que a entidade ainda não tem uma previsão de mercado para este ano, mas a consultoria IHS Markit trabalha com projeção de 1,8 milhão de unidades. "Significa que vamos operar com ociosidade de 3 milhões de veículos, o que é uma situação dramática."
A IHS também projeta que, no mundo todo, haverá sobra de cerca de 20 milhões de veículos neste ano, diante das expectativas de redução da produção global de 90 milhões para 70 milhões de veículos.
Com isso, aumenta o risco de o Brasil não receber novos projetos. A competição já existia e o País, segundo Moraes, já perdia em competitividade por problemas estruturais, tributários, logísticos e por burocracia.
"As montadoras que têm plantas nos diversos lugares do mundo, até por questão de sobrevivência vão olhar as fábricas que são mais competitivas", afirma. "Mesmo tendo o dólar como contraponto, aumenta sim o risco de não recebermos projetos de novos veículos pois, no longo prazo, os países mais eficientes é que vão ganhar os projetos."
| Bem Paraná ( publicado em 09-05-2020) | | | | Os indicadores do mês de março já apontavam o tamanho do tombo que a economia brasileira levaria por conta da crise provocada pela covid-19. Mas os números de abril, o primeiro mês completo de paralisação de boa parte das atividades do País, que começam a sair, dão uma dimensão mais clara do problema. E a fotografia que começa a ser revelada aponta para uma catástrofe econômica.
A produção de automóveis no País registrou em abril seu nível mais baixo desde 1957, quando a indústria automobilística se instalou por aqui. Foram apenas 1,8 mil veículos produzidos, uma queda de 99,3% em relação ao mesmo mês de 2019. A produção de todo o mês passado equivale a apenas um dia de trabalho numa fábrica como a da Fiat, em Betim. "Nem em períodos de greve enfrentamos um nível de produção tão baixo no País", disse Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, a associação do setor.
Com as indústrias paradas, os comércios fechados e as pessoas preocupadas tanto com a doença quanto com seus empregos, o consumo de qualquer coisa que não seja alimentos, bebidas ou produtos farmacêuticos praticamente parou. O resultado é que os estoques nas fábricas e nas lojas cresceram absurdamente, atingindo, em pouco tempo, níveis próximos aos registrados na recessão de 2015, segundo dados da FGV. "Não há escoamento da produção", diz José Jorge do Nascimento, presidente da Eletros, associação que reúne os fabricantes de eletroeletrônicos.
Um termômetro desse consumo emperrado será o Dia das Mães, comemorado amanhã. A data é considerada pelo varejo como a segunda melhor em vendas no ano, perdendo apenas para o Natal. Mas, este ano, por causa do coronavírus, será bem diferente. A projeção da Confederação Nacional do Comércio (CNC) é de queda nas vendas de 59,2% em relação a 2019 - o resultado deve passar de R$ 9,7 bilhões para R$ 5,6 bilhões.
A economia parada também se reflete na inflação. Em abril, o IPCA registrou queda de 0,31%, a maior deflação desde agosto de 1998. No mês, o que mais pressionou o índice para cima foi o preço dos alimentos e bebidas (1,79%), produtos dos quais ninguém consegue abrir mão. O resto, em geral, teve queda de preço - um reflexo óbvio da falta de demanda.
Esse não é, claro, um problema apenas do Brasil. Nos EUA, por exemplo, os números também são impactantes. Em abril, o índice de desemprego chegou a 14,7%, o maior desde a Grande Depressão, na década de 30.
O problema maior, no caso brasileiro, é que a economia ainda lutava para se recuperar de uma recessão que deixou estragos profundos. Na crise que se estendeu de 2014 a 2016, o PIB brasileiro caiu cerca de 7%. Para este ano, no entanto, já há quem fale em queda de 10%, com os gastos públicos para combater os efeitos da doença fazendo a dívida pública atingir níveis alarmantes. O caminho de volta deve ser longo e trabalhoso.
| Bem Paraná ( publicado em 09-05-2020) | | | | Fala-quase nada da ruína econômica e da falta de diagnósticos sobre o desastre em empresas e empregos
A subnotificação de casos e mortes por Covid-19 se tornou assunto corriqueiro no Brasil, assim como a escassez de testes e a falta de planos racionais do relaxar o distanciamento social. Fala-se menos ou quase nada da subnotificação da ruína econômica, da falta de diagnósticos sobre o desastre nas empresas e nos empregos, assim como um plano de contenção da crise e de reativação do país.
No momento, tudo se passa como se o governo federal, em particular, tivesse feito o que pode (ou o que quer) quanto as medidas para atenuar a catástrofe. Quanto ao futuro, por ora o que se sabe de planos é “business as usual”. Espera-se para ver o que vai dar. Quem sobreviver verá. Empresas morrem, é assim o mercado, diz o ministro Paulo Guedes (Economia).
Isto é, prevê-se apenas a retomada das “reformas”, manutenção das regras fiscais e contenção de despesas logo em 2021.
A melhoria da regulação do investimento e um bom plano de concessões atrairiam dinheiro privado para grandes projetos de infraestrutura. Apesar das promessas desde 2017, tal coisa não ocorreu: nem regulação significativamente melhor, nem projetos bastantes, nem carradas de investimento privado, em infraestrutura ou em qualquer outra parte.
No entanto, é fácil perceber que a economia estará em situação muitíssimo pior do que nos anos de quase estagnação de 2017 a 2019 (e como seria este 2020, sem epidemia), de crescimento em torno de 1% ao ano.
Por que desta vez, em 2021 ou depois, seria diferente? De resto, por que as “reformas”, micro ou macro, dependam de leis ou de meras decisões e capacidades executivas, ora invisíveis, andariam mais rápido agora, em ambiente de degradação política ainda maior?
Setores inteiros da economia, ou o que restar deles, não voltarão a funcionar como dantes tão cedo (um ano?). A queda brutal dos rendimentos do trabalho, associada à precaução no mundo pós-distanciamento social, vai conter o consumo; a destruição de poupanças financeiras das famílias terá o mesmo efeito.
A procura de crédito para consumo já despencou nos bancos. Não é razoável acreditar que aumente tão cedo ou que existam tomadores de empréstimo com risco baixo em número bastante no futuro próximo, com o que os bancos também serão cautelosos.
A capacidade ociosa de produção vai aumentar ainda mais. Assim, o investimento privado, já reticente até o início deste 2020, vai continuar na retranca por ainda mais tempo.
Com a massa de rendimentos do trabalho em baixa, desemprego literalmente imenso (nem temos medidas), ociosidade que dispensa investimento, grande destruição de empresas e uma improvável onda de investimento privado em infraestrutura, como o Brasil vai sair do chão? Puxando os cabelos?
De onde virá o aumento da demanda, o aumento da despesa de consumo e investimento? Alguém acredita de fato que a dívida federal vai ser contida com redução de despesas nos próximos anos, redução que já era mínima até antes da epidemia? Ninguém vai pagar mais impostos? Quem? Como?
Alguém acredita que, com tais meras medidas de ajuste fiscal, sempre limitadas, será possível acelerar a saída da depressão? Alguém acredita que será possível evitar medidas de “achatamento da curva de juros longos” e juro zero a curto prazo (sem o que a dívida pública irá para as cucuias)?
Enfim, onde está o diagnóstico deste desastre e um plano de saída? Sabemos disso tanto quanto sabemos do número de casos de Covid-19. Provavelmente, muito menos. Estamos na escuridão, da política à economia.
Vinicius Torres Freire - Jornalista, foi secretário de Redação da Folha. É mestre em administração pública pela Universidade Harvard (EUA).
| Folha de S.Paulo ( publicado em 10-05-2020) | | | | Cenário básico do FMI, o considerado mais provável, parece ser relativamente otimista
Há algumas semanas o FMI divulgou o cenário para a economia mundial, referente ao biênio 2020 e 2021. O cenário básico prevê recuo de 3,0% em 2020 e crescimento de 5,8% em 2021.
O cenário anterior à eclosão da epidemia da Covid-19 previa crescimento mundial de 3,3% em 2020 e de 3,4% em 2021.
Assim, se o cenário básico do FMI se materializar, haverá perda de 6,3 pontos percentuais (pp) em 2020 e ganho de 2,4 pp em 2021. Pouco mais de 60% da perda de 2020 não será recuperada.
É compatível, com o cenário básico do FMI, um retorno da economia mundial em 2022 a crescimento na casa de 3% ao ano.
Assim, duas são as características da dinâmica da economia mundial, segundo o cenário básico do FMI: haverá perda permanente em 2020 de aproximadamente quatro pontos percentuais; e a economia deve retomar crescimento à mesma taxa vigente no período anterior à crise.
A perda permanente deve-se ao fato de a crise ser muito concentrada na redução da demanda de serviços: restaurantes e bares, cinemas e teatros, grandes eventos esportivos e artísticos, turismo, entre tantos outros.
A redução do consumo desses itens por um tempo não eleva a demanda após a saída da política de distanciamento social.
Adicionalmente, a taxa de crescimento futuro não deve ser afetada, pois o choque sofrido pela economia foi externo a ela. A grande crise global (GCG) de 2008 foi diferente. A economia mundial e, em particular, a americana, após a retomada, apresentaram taxa de crescimento permanentemente inferior à observada no período anterior à crise.
Aquela crise foi fruto de erros regulatórios que afetaram por mais de uma década a qualidade da concessão de crédito hipotecário para o segmento de baixa renda nos EUA e inflaram o crescimento antes da crise.
A grande hipótese que sustenta o cenário básico construído pelo FMI é a normalização da atividade econômica no período de afrouxamento da política de distanciamento social.
Isto é, que todas as alterações que ocorrerão em nossa rotina para conviver com o vírus, que ainda estará circulando entre nós sem que tenhamos uma vacina (teremos que esperar até o fim de 2021 para termos uma), não afetarão a produtividade.
Será possível convivermos no espaço público, com os devidos cuidados —uso permanente de máscara, manutenção de distância entre as pessoas, realocação das jornadas de trabalho para desafogar os transportes públicos, entre tantas outras—, sem que a produção seja muito afetada.
Por esse motivo, o cenário básico do FMI parece ser relativamente otimista. O Fundo também apresentou outros três cenários mais pessimistas. Mas o cenário “básico” é aquele considerado mais provável.
Para o Brasil, o FMI projeta recuo da economia de 5,3% em 2020 e recuperação medíocre de 1,3% em 2021. O crescimento de 2021 parece muito baixo, mas o número de 2020 é bem próximo do cenário do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), de recuo de 5,4%. E tudo indica que a atividade no segundo trimestre deste ano recuará 10% ante o mesmo período de 2019.
Difícil saber se o cenário básico do FMI se materializará. Estimativas de meu colega Lívio Ribeiro, do Ibre, sugerem que a China roda no segundo trimestre, ante o mesmo período do ano anterior, ao ritmo de 3,7%. Bela recuperação em comparação com a queda de 6,8% no primeiro trimestre (em comparação com o primeiro trimestre de 2019).
Esses números para a China são compatíveis com o cenário básico, relativamente otimista, do FMI. Oxalá seja uma primeira boa notícia após tanta coisa ruim.
Samuel Pessôa - Pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (FGV) e sócio da consultoria Reliance. É doutor em economia pela USP.
| Folha de S. Paulo ( publicado em 10-05-2020) | | | |
A alemã Voith e o grupo suíço PCS Holding assinaram no último dia 29 de abril um contrato para a aquisição conjunta de 59% das ações da Traktionssysteme Austria (TSA), empresa austríaca que é a maior fabricante mundial de motores, geradores e transmissões elétricas para veículos ferroviários e rodoviários.
A aquisição, no entanto, só deverá ser formalmente concluída nos próximos meses, depois da aprovação dos órgãos reguladores e o cumprimento de algumas condições de fechamento. O valor da transação não foi divulgado.
“O portfólio e a posição de mercado da TSA irão complementar a nossa linha de acionamentos para veículos comerciais e ferroviários, e nos posicionar ainda melhor como fornecedores dessas tecnologias”, disse Uwe Knotzer, do Conselho Corporativo de Administração da Voith e presidente e CEO da Divisão do Grupo Voith Turbo.
Para a PCS Holding, o negócio deverá fortalecer seus investimentos estratégicos de longo prazo, principalmente no segmento rodoviário. “Além disso, a cooperação com a Voith nos dará um importante impulso para o desenvolvimento de novos potenciais de mercado”, afirmou Oliver Streuli, CEO da PCS Holding.
Sediada na localidade de Wiener Neudorf, numa antiga fábrica da Brown Boveri, a TSA opera em 55 países e conta com 380 colaboradores na Áustria, além de mais 390 profissionais em suas unidades na Bósnia-Herzegovina, Estados Unidos, China e na joint venture que mantém na Índia.
A empresa vem atualmente seguindo uma estratégia de crescimento que envolve o desenvolvimento de produtos novos e de alta eficiência energética, e onde a preocupação ambiental ocupa largo espaço.
Elin Motoren - É a segunda empresa austríaca comprada pela Voith no espaço de poucos meses. No final do ano passado, a companhia adquiriu o controle da Elin Motoren, especializada em tecnologia de ponta na área de motores e geradores elétricos, e que fornece soluções personalizadas especialmente para aplicações industriais.
Embora participando do grupo Voith, a Elin continuará operando como empresa independente. Tida como uma das maiores indústrias da Áustria, a companhia tem cerca de 1 mil colaboradores e faturamento anual de cerca de 120 milhões de euros.
| Usinagem Brasil ( publicado em 10-05-2020) | | | | A fábrica da Heller do Brasil, em Sorocaba (SP), ficou com as atividades de produção paralisadas entre 23 de março e 12 de abril, devido à pandemia de Covid-19. No dia 13 de abril, a unidade retomou a operações para atender aos pedidos fechados no final de 2019 e início de 2020, em especial o contrato fechado com uma montadora do Interior de São Paulo, que envolve 31 máquinas, entre equipamentos novos e retooling.
O fechamento deste contrato foi realizado nos primeiros dias de março. A montadora vai passar a produzir um novo motor no Brasil e irá readequar toda a linha de produção de blocos e cabeçotes. “Esse contrato reitera a confiança do cliente na marca Heller, ainda mais considerando o fato de ter sido oficializado em um momento único, onde vivemos uma turbulência no mercado mundial, por decorrência da pandemia Covid-19, sendo que o projeto teve início em 2017”, comenta Reinaldo Garcia, gerente-geral de Vendas da Heller Máquinas Operatrizes do Brasil.
Garcia observa que as operações produtivas foram retomadas de forma gradual e segura nas áreas de usinagem, montagem e service, enquanto o departamento de engenharia e as áreas administrativa e de vendas foram mantidas em home office. “O retorno foi necessário para cumprirmos os pedidos de entrega de 2020 e 2021 do mercado nacional e exportação”, destaca, acrescentando que além do mercado brasileiro (o Usinagem-Brasil publicou recentemente a entrega de dois centros de usinagem horizontal da empresa para a Taurus) “estamos produzindo equipamentos para atender as Américas, em especial EUA e México”.
INVESTIMENTOS - O gerente lembra que a Heller está em meio a um processo de modernização da fábrica brasileira, com investimentos de cerca de R$ 10 milhões. “Este investimento dá continuidade ao projeto mundial do grupo Heller, que consiste em posicionar a unidade brasileira como fornecedora de partes e peças e máquinas ao grupo dentro dos padrões de qualidade e precisão exigidos na construção de seus equipamentos”, explica.
O processo de modernização inclui a introdução de dois novos centros de usinagem horizontal de 5 eixos na linha de produção. Um de grande porte, o FP 16000, e um HF 5500 de médio porte. Foram necessárias também a readequação do local escolhido para abrigar o equipamento FP 16000 com ambiente refrigerado, além de desenvolvimentos e treinamentos da equipe na matriz do grupo, na Alemanha.
Garcia informa que a FP 16000 - a maior máquina do portfólio da Heller no mundo - passa agora a ser produzida também em Sorocaba. “Trata-se de uma máquina que vem preencher uma lacuna no segmento extra large de centros de usinagem horizontal em 5 eixos e usinagens com 5 eixos simultâneos, que, além da precisão e qualidade já conhecidas da marca Heller, reduzem drasticamente os tempos por peça, processos de fabricação e preset”, explica. “Aliás, outro equipamento de tamanho similar, o FP 14000, já foi comercializado no Brasil e está em fase de término de construção em nossa planta”.
Com os novos investimentos, de acordo com Garcia, a Heller do Brasil se capacitou para produzir toda a linha de centros horizontais de 4 e 5 eixos do grupo. Da linha média com carga de 500 kg e palete de 400 x 500 mm à linha extra large com carga de 8 toneladas com palete de 1.250 x 1.600 mm.
Quanto às perspectivas para os negócios em 2020, devido à pandemia global, o gerente considera prematuro fazer previsões sobre o desempenho da filial, embora esteja com uma boa carteira de pedidos. “No momento, estamos trabalhando para manter os mesmos números de 2019, que foi um bom ano para a Heller Brasil”.
| Usinagem Brasil ( publicado em 10-05-2020) | | | | Os pacotes de socorro às distribuidoras de energia elétrica e às companhias aéreas, desenhados por um consórcio de bancos coordenado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que trabalha para apoiar os setores mais afetados pela pandemia de covid-19, deverão chegar a uma definição nesta semana, apurou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Os valores do socorro deverão ficar entre R$ 10 bilhões e R$ 13 bilhões, no caso do setor elétrico, e de R$ 4 bilhões a R$ 7 bilhões, no aéreo, disseram fontes que acompanham as negociações. O apoio à fabricante de aviões Embraer corre em paralelo e não estará nessa primeira ajuda.
A definição dos primeiros pacotes de socorro setorial em meio à crise se dará nas condições a serem oferecidas às empresas. Valores e implementação dependerão do "aceite" das companhias que quiserem recorrer à ajuda, informaram as fontes.
No caso das companhias aéreas, deve ser divulgado um ofício com as condições estabelecidas ao longo da próxima semana e a ajuda inclui o mercado de capitais. As empresas apoiadas farão emissões de títulos de dívida, tanto debêntures tradicionais quanto bônus conversíveis em ações. A ideia é que o BNDES e os bancos privados garantam a compra de até 70% dos títulos das ofertas, e os 30% restantes fiquem com investidores privados.
Uma fonte do setor financeiro explica que o BNDES deve ficar com 60% e as instituições privadas, com 10%. Segundo outra fonte, o objetivo do banco de fomento é atrair outros investidores para além de 30% das ofertas, permitindo uma redução na sua participação. Entre os investidores, estariam bancos estrangeiros e médios. "Ainda está em debate com outros bancos para definir exatamente a participação das instituições financeiras", diz o vice-presidente de um grande banco, na condição de anonimato.
A composição da ajuda ao setor aéreo, um dos mais afetados pela pandemia, ficaria assim: 75% em debêntures e 25% em bônus conversíveis em ações. O valor de conversão dos bônus em ações tem sido um dos pontos de controvérsia entre o BNDES e as companhias aéreas desde o início das conversas, ainda em março.
O copresidente do conselho do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, afirmou que as empresas que quiserem ser capitalizadas na crise terão de aceitar as condições impostas. "A diluição dos acionistas é óbvia e tem de ser aceita. Se as empresas se abrirem para isso, eu acho que vamos ver capitalizações", disse ele, em live do banco, realizada na semana passada.
Conta de luz
No caso das elétricas, o modelo a ser adotado é o do financiamento sindicalizado feito em 2015, também com o BNDES na coordenação. Os empréstimos seriam garantidos de forma embutida na conta de luz, por meio do encargo Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). O governo federal ainda quer dividir o que seria pago pelas distribuidoras e o que seria repassado aos consumidores.
Com o avanço das conversas, a expectativa é que o entendimento das condições do empréstimo e ainda o decreto que regulamenta o socorro ao setor elétrico sejam publicados ao longo da próxima semana. A definição do pacote de socorro para as elétricas depende também de negociações com o Ministério de Minas e Energia (MME) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Segundo uma fonte, as negociações pretendem "diminuir ao máximo impacto de juros sobre a conta de luz".
| Bem Paraná | | | | Central de Serviço do Aço, em Curitiba, foi uma das empresas selecionadas em chamada pública da Copel aberta a propostas de eficiência energética nas áreas industrial, residencial, comércio e serviços, poder público, iluminação pública e rural.
O projeto de implantação de placas solares fotovoltaicas na siderúrgica Central de Serviço do Aço (ACSO), no bairro Sítio Cercado, em Curitiba, está em fase de finalização. A usina solar faz parte do Programa de Eficiência Energética da Copel, que destina parte de sua receita operacional líquida anual em melhorias de instalações e gestão energética.
A siderúrgica foi uma das empresas selecionadas na Chamada Pública 001/2018 da Copel, aberta a propostas de eficiência energética nas áreas industrial, residencial (condomínios), comércio e serviços, poder público, iluminação pública e rural.
A unidade fabril da ACSO, que atua como uma central de serviços integrados para aços planos e longos, está instalada em uma área de 13 mil metros quadrados, com capacidade para processar 130 mil toneladas de aço por ano. A planta recebeu 1.216 painéis fotovoltaicos que terão capacidade de geração de 330 kilowatts-pico (kWp), unidade de potência energética associada a células fotovoltaicas.
O projeto recebeu R$ 2,2 milhões para a instalação de painéis solares e também para a troca de 214 pontos de iluminação antigos por modelos novos e eficientes.
“O programa aplica recursos financeiros em projetos que promovam a eficiência energética no uso final da energia, por isso é tão importante para um segmento como a indústria siderúrgica, que tem a energia como um de seus principais insumos”, destaca o diretor-geral da Copel Distribuição, Maximiliano Orfali.
O contrato da ACSO foi firmado na modalidade Contrato de Desempenho, em que o consumidor reembolsa a Copel em valores e prazos ajustados de acordo com os resultados obtidos pelo projeto. A ACSO está posicionada estrategicamente no segmento siderúrgico nacional e oferece soluções práticas e inovadoras nas principais atividades de processamento de aço.
“Um insumo significativo em termos de custo da nossa produção é a energia elétrica. Estimamos que, após implantado o projeto de eficiência energética, teremos uma redução no consumo de eletricidade na ordem de 60% a 70%, proporcionando maior competitividade à nossa empresa”, afirma o diretor de Operações da ACSO, Alexandre Rucker.
O Programa de Eficiência Energética (PEE) da Copel atende a legislação federal que determina que as concessionárias e permissionárias de serviços públicos de distribuição de energia elétrica devem aplicar, anualmente, o valor equivalente a 0,40% de sua receita operacional líquida anual no desenvolvimento de programa para o incremento da eficiência energética no uso final de energia elétrica, por meio de projetos executados em instalações de consumidores.
A Chamada Pública 001/2018 da Copel selecionou no total 42 projetos, em um total de quase R$ 40 milhões de investimento.
| Agência Estadual de Notícias | | | | Enquanto a maior parte das lojas está fechada por causa do combate à epidemia do coronavírus, os departamentos de recursos humanos seguem na ativa nos bastidores para contratar centenas de profissionais de tecnologia para colocar em pé projetos digitais de gigantes do comércio tradicional. E estão conseguindo atrair profissionais que até pouco tempo atrás atuavam em startups.
A Guararapes, dona da Riachuelo, montou em 15 dias um novo aplicativo de venda online. A solução permite a venda por celular, WhatsApp e por meio de uma rede de clientes criada por funcionários. Segundo o diretor executivo de tecnologia e inovação da empresa, Carlos Eduardo Alves, isso só foi possível porque, mesmo nesse período de isolamento social, a companhia continua com o pé no acelerador quando o assunto é RH.
No ano passado, a Guararapes adicionou 438 trabalhadores para à equipe. E, ao longo de 2020, planeja mais 140 contratações. "As pessoas estão em busca da segurança de empresas mais estabelecidas. Só não está mais fácil ainda de contratar porque várias grandes companhias estão indo a mercado para tirar projetos online do papel", diz o executivo. Ou seja: a Guararapes agora disputa essa mão de obra com seus pares.
A gigante de eletroeletrônico, por exemplo, Via Varejo contratou 200 profissionais em plena quarentena. A companhia acelerou o processo de transformação digital iniciado no fim do ano passado. "Com a pandemia, decidimos acelerar os planos", diz Rosi Purceti Balabram, diretora de pessoas e performance. A gigante tem ido atrás de profissionais que trabalhavam em startups.
A dona da Casas Bahia e Ponto Frio trabalha atualmente em nada menos de 400 estratégias para se tornar mais digital. "Estamos na contramão da crise. Queremos sair dela mais fortalecidos. Por isso, aceleramos nossos planos", diz Rosi. A Via Varejo tenta recuperar o terreno perdido para o Magazine Luiza, sua concorrente direta e referência em atuação digital no varejo brasileiro.
O Grupo Boticário tem mais de 3 mil lojas, mas também está focado no desenvolvimento de soluções online. A expansão da área de inovação consumirá R$ 300 milhões e resultará em 200 contratações. Entre os projetos atuais está a construção de um novo app para as revendedoras porta a porta. Hoje, 37% das receitas da companhia já têm origem do segmento digital.
Captação de talentos
Durante a pandemia, as varejistas têm feito ofensivas para captar pessoas que trabalhavam em negócios digitais. Foi o que ocorreu com Tatiane Fukuda, de 39 anos. Ela trocou a startup especializada em logística Loggi pela Via Varejo em plena quarentena.
Com experiência em desenvolvimento de softwares, Tatiane recebeu uma proposta para ser chefe da área de qualidade de software das lojas físicas e do e-commerce da Via Varejo.
A executiva começou a trabalhar na semana passada. "Foi muito rápido. "Não vejo a Via Varejo como uma empresa tradicional. Ela busca acelerar sua transformação para avançar sobre o concorrente", ressalta.
A Via Varejo, aliás, virou negócio de família para Tatiane. Seu marido deixou uma startup de educação pela varejista. Em tempos de coronavírus, os dois trabalham juntos - e de casa.
| Bem Paraná ( publicado em 10-05-2020) | | | | Segundo pesquisador, níveis recordes de incerteza tornam empresários e consumidores cautelosos, gerando deterioração das expectativas nos próximos meses.
O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) registrou em abril a maior queda mensal e o menor nível na série histórica, em uma forte consequência da medidas adotadas para conter o surto de coronavírus no Brasil.
Os dados divulgados nesta segunda-feira pela Fundação Getulio Vargas (FGV) mostraram que o IAEmp, que antecipa os rumos do mercado de trabalho no Brasil, despencou 42,9 pontos em abril, para 39,7 pontos. Essa leitura marca a perda mais ampla da série histórica, iniciada em 2008, para uma nova mínima recorde.
"O resultado do mês registra um aumento do pessimismo em relação ao mercado de trabalho", explicou o economista da FGV Ibre Rodolpho Tobler em nota. "Os níveis recordes de incerteza tornam empresários e consumidores cautelosos, gerando uma deterioração das expectativas nos próximos meses."
O Indicador Coincidente de Desemprego (ICD), que capta a percepção das famílias sobre o mercado de trabalho, subiu 5,9 pontos em abril, para 98,4 pontos, maior patamar desde dezembro de 2018. O comportamento do ICD é semelhante ao da taxa de desemprego, ou seja, quanto menor o número, melhor o resultado.
| G1 | | | | Presidente da empresa afirma que não há plano para o retorno, mas diz que não será como antes
O Google levou apenas quatro dias para operacionalizar o home office dos mil funcionários da empresa no Brasil para manter o isolamento social para combater a pandemia do novo coronavírus.
Segundo o presidente do Google no país, Fábio Coelho, a companhia já possuía ferramentas para trabalhar de qualquer lugar. “Mas sempre estimulamos as pessoas a irem para o escritório, que é um ambiente de troca de ideias”, diz.
Agora, Coelho afirma que ainda não existe um plano para o retorno, mas que as coisas não podem mais ser como eram antes.
Como o Google Brasil fez para que os funcionários fossem para o home office?
A primeira coisa que temos que comentar é que temos uma empresa global que passou pela experiência na China, na Coreia do Sul e em outros países da Ásia. A gente tinha um protocolo a seguir, com estágios de entendimento da gravidade do problema e de quando as pessoas passariam a trabalhar de casa.
No dia 12 de março, em reunião interna, decidimos que estaríamos trabalhando de casa a partir da segunda-feira seguinte. No dia 16 de março 100% dos nossos funcionários passaram a trabalhar de casa. São mil funcionários.
Quais foram as dificuldades enfrentadas?
Foi um processo, não simples, mas bastante pensado e bem executado. Conto isso para que não pareça que estamos minimizando a dificuldade de empresas que não têm tecnologia avançada. Empresas que têm pedaço da atividade em receber clientes, como bar, restaurante, viagens. No nosso caso foi uma experiência que ocorreu sem grande sobressaltos.
Como ficou a produtividade da empresa?
Na verdade, vejo a gente trabalhando mais do que antes. Nosso trabalho ficou mais focado. Adotamos alguns conceitos básicos, o que significa que mantemos as rotinas. Sigo fazendo a reunião com o comercial do Google na primeira hora das segundas.
Com o meu grupo de diretores, faço uma reunião diária de meia hora pela manhã. A rotina vale para o trabalho, mas vale para outras coisas. A queda de produtividade é pequena e ela existe porque precisamos do entendimento das diferenças. De coisas que fazem parte da vida de todos nós. Um suporte doméstico que não pode ter mais, crianças em casa, entre outras coisas.
Como foi para os funcionários?
A maior parte já tinha infraestrutura em casa, mas teve gente que precisou de ajuda. Pessoas que estavam com o computador com a chave de segurança desatualizada, precisamos validar a qualidade de conectividade em casa. Garantir que as pessoas estivessem conectadas foi parte do apoio.
Existe previsão de corte de custo ou redução do espaço de trabalho?
Não.Estamos ampliando nosso quadro no Brasil. Precisamos pensar também que na hora que formos voltar para o escritório vamos ter que trabalhar com distanciamento social diferente do de hoje. E talvez isso impacte no espaço necessário, mesmo que mais pessoas façam home office.
Vocês pretendem manter parte do quadro trabalhando de casa?
Vai haver uma reavaliação das empresas como um todo. Que tipo de experiência você quer em um ambiente presencial? Isso impacta call centers, escolas, escritórios, ambientes que as pessoas iam porque não tinham autorização para fazer diferente.
Se pensar bem, o modelo de trabalho de oito horas, das 8h às 17h, foi criado na revolução industrial. Faz 130 anos! Agora temos as ferramentas e a necessidade de fazer um período prolongado de casa. Abre a porta para a reflexão. Por que as pessoas têm que chegar no mesmo horário? Como as empresas vão se organizar com relação às rotinas para que possam trabalhar e ter interações com clientes e colaboradores?
Como será a volta do Google?
Vamos voltar com cuidado. Não queremos especular sobre a volta, não tem data para isso. Podemos aprender com a experiência dos outros países para poder nos antecipar, mas ainda não temos um plano de retorno.
Tem que ser cuidadosa, seguindo todos os protocolos sanitários de maneira mais abrangente e mais dura.
Com certeza não se volta para o que era antes. O momento coloca uma reflexão sobre como a gente trabalha. Podemos ter dias da semana que só mulheres podem sair, horários que só pessoas de certa idade podem sair. São discussões que estão ocorrendo ao redor do mundo. As coisas não podem ser como eram antes. Não podemos pegar transporte público lotado, até porque não é necessário.
O Google pretende fazer testagem em massa nos funcionários?
Não sei. Ainda estamos com uma discussão bem embrionária sobre isso.
| Folha de S.Paulo | | | | Uma atitude antes automática - apertar o botão para abrir a cancela do estacionamento do supermercado - virou, no mundo pós-coronavírus, operação complexa. Fazer o quê? Achar um papel para não tocar onde vários dedos possivelmente contaminados já passaram ou dispensar a proteção e lambuzar as mãos de álcool em gel logo depois?
Para evitar esse dilema, redes de supermercados começaram a substituir botões por tecnologias de aproximação, que excluem o toque. É um exemplo de escolhas tecnológicas - às vezes, simples e baratas, outras caras e complexas - que as empresas terão de fazer a partir de agora.
A corrida pela adoção de novas tecnologias se intensificará à medida que as mortes pelo coronavírus no Brasil atingirem novos picos, diz Heitor Salvador, presidente da empresa de segurança corporativa SegurPro.
Entre os projetos em andamento, diz o executivo, estão soluções simples, como adaptação de antigas câmeras de segurança para medição de distância entre funcionários, até a substituição de inteiros sistemas de identificação por digital por tecnologias de reconhecimento facial. Ele garante que é possível programar as câmeras para reconhecer pessoas mesmo quando elas usam máscaras para se protegerem da covid-19.
Investimentos
Entre as empresas que já investiram em tecnologias sem toque estão a Petrobrás e a Vale. A mineradora adquiriu câmeras térmicas capazes de identificar, em um grupo de trabalhadores iniciando um turno em uma mina, um indivíduo com febre. Os equipamentos fazem parte de um lote de 86 câmeras térmicas compradas por R$ 7,5 milhões. As câmeras são capazes de identificar as variações de temperatura - e colorir a silhueta do funcionário potencialmente doente.
A Petrobras trabalha em diferentes frentes. Instalou câmeras térmicas - modelos mais simples, que mostram variações de temperatura de profissionais que passam, um a um, por uma catraca - e trabalha em várias frentes para ampliar a distância social, principalmente nas plataformas de produção, onde o espaço é limitado. O índice de infecção pela covid-19 nesses ambientes é acompanhado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), como mostrou ontem reportagem do Estadão.
Segundo Juliano Dantas, gerente do centro de pesquisa da estatal (Cenpes), a tecnologia sem toque - ou low touch, em inglês - é uma "preocupação central". A companhia analisa seus processos para evitar que superfícies sejam tocada por um grande número de pessoas. "Isso começa pelas catracas", diz Dantas. Sem gastar muito, é possível também aumentar a vigilância de determinados comportamentos, como aglomerações de funcionários. "Uma câmera pode ganhar um novo software e ser 'treinada' para disparar um alarme para dispersar pessoas", explica.
Digital x face
Como lembra Salvador, da SegurPro, alternativas low touch terão de ser adotadas também da "porta para fora" e vão influenciar a relação entre negócios e clientes. É o caso das já mencionadas cancelas de estacionamento e de outros pontos de atendimento, como totens de pagamento e caixas eletrônicos de bancos.
Segundo uma fonte ouvida pelo Estadão, um grande banco brasileiro já estuda trocar a identificação do correntista da impressão digital para a identificação facial.
A empresa japonesa de tecnologia NEC já adota, em sua sede, em São Paulo, sistema de identificação facial em que trabalhadores e visitantes são identificados por uma câmera, que libera o acesso ao prédio, sem necessidade de encostar crachá - e, quase sempre, a mão - numa superfície de uso coletivo. Já a SegurPro oferece uma portaria virtual em que a pessoa se coloca diante de uma tela e apenas mostra o documento a um porteiro que trabalha remotamente, em uma central. Ao "ler" a foto do documento, a solução é capaz de liberar ou não o visitante.
Fator humano
Modificar processos depende, claro, do "fator humano". A fábrica da Volkswagen no ABC Paulista deve retomar atividades no dia 18 deste mês. Para garantir o cumprimento de medidas de segurança, funcionários agirão como monitores e vão separar aglomerações. "Todo mundo vai ter de respeitar. Vamos esquecer hierarquias. O monitor poderá chamar a atenção de qualquer um, até de mim", disse Pablo Di Si, presidente da Volkswagen na América Latina, durante a série de entrevistas Economia na Quarentena, na semana passada.
E sempre haverá formas de driblar regras, alerta Leonardo Fonseca Netto, diretor da NEC. A câmera que identifica funcionários febris, por exemplo, só é capaz de medir a temperatura no momento em que filma a pessoa. "Não sou contra a solução, mas, se a pessoa tiver tomado um antitérmico horas antes e a temperatura estiver temporariamente normal, a câmera não vai identificar nada", pondera. É a prova de que a tecnologia pode ir longe, mas não é capaz de garantir que humanos desenvolvam certas qualidades. Nesse caso, o senso de bem comum.
| Bem Paraná ( publicado em 10-05-2020) | | | | Em um país que mesmo antes da pandemia de coronavírus tinha desemprego próximo de 12%, a falta de mão de obra em tecnologia permitia que esses profissionais pudessem escolher onde trabalhar. Essa vantagem competitiva não deve desaparecer no longo prazo - na semana passada, a consultoria McKinsey divulgou estudo prevendo que o Brasil terá escassez de 1 milhão de trabalhadores no setor até 2030. Mas, no curto prazo, com milhares de demissões em startups por causa da pandemia de coronavírus, até esse grupo passou a valorizar o fator segurança. E muitos estão trocando startups por companhias tradicionais.
O presidente da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), Amure Pinho, admite a ofensiva de grandes negócios por trabalhadores formados nas 13,5 mil empresas nascentes do País. "Muitas startups tiveram de demitir e isso colocou muita gente competente à disposição das companhias que buscam acelerar seus projetos digitais", afirma. Entre as empresas que estão aproveitando os dias de isolamento social para tentar "virar a chave" para o digital estão Grupo Boticário, Guararapes (controladora da Riachuelo) e Via Varejo (dona da Casas Bahia).
O trabalho de quem "caça" esse tipo de profissional foi facilitado pelas circunstâncias, segundo Luana Castro, responsável pela área de TI na consultoria de recursos humanos Michael Page. Segundo estudo da consultoria, a demanda por profissionais se estende por todos os níveis hierárquicos - de analistas que recebem a partir de R$ 4 mil a executivos de ciência de dados que podem ganhar quase R$ 30 mil. E ela diz que a busca de empresas tradicionais por esses profissionais está compensando o fechamento de vagas em startups. "Essas pessoas não têm problemas em se recolocar. Isso não mudou", ressalta a executiva.
Nova realidade
O que mudou, segundo a especialista, foi a disposição em ouvir propostas de negócios tradicionais. "Antes, era comum o profissional nem retornar o contato. Agora, está todo mundo conversando." Demissões em startups como a unicórnio Gympass, a Max Milhas e o banco digital C6, obrigaram esses profissionais a mudar de postura. "O fator segurança passou a entrar na conta", diz Luana, da Michael Page.
Com 50 vagas abertas em TI, o banco Bexs é uma espécie de "mix" de empresa tradicional e startup, uma vez que mais recentemente se especializou principalmente em processar pagamentos de produtos e serviços comprados no exterior, apesar de ter 30 anos de estrada. O presidente do Bexs, Luiz Henrique Didier Júnior, afirma que hoje está "um pouco mais fácil" de encontrar profissionais. "Antes, disputava a preferência com as startups. Agora, minha briga é com as grandes empresas tradicionais."
| Bem Paraná ( publicado em 10-05-2020) | | | | Queda inédita no maior setor da economia e crise de governabilidade ameaçam recuperação e as reformas
As perspectivas sombrias do impacto da Covid-19 e a deterioração do quadro político estão levando a previsões cada vez mais pessimistas para a economia brasileira em 2020 e 2021.
Elas já incluem cenários de crescimento nulo ou negativo também no ano que vem.
A pandemia provocará um fato histórico e até então inimaginável: a queda anual superior a 10% nas horas trabalhadas no setor de serviços, de longe o maior conjunto de atividades na economia.
Como comparação, a maior retração anual já registrada nesse item foi inferior a 1%, ao fim da recessão que tirou 7,2% do PIB no biênio 2015-2016, segundo dados da FGV Ibre.
Os serviços representam 70% da economia e dos empregos, quase a metade deles informais. É o tipo de vaga que mais crescia desde 2016 e que já limitava o PIB devido à sua baixa produtividade.
A retração nos serviços também contribuirá para derrubar a massa salarial em mais de 10% e a elevar o desemprego acima de 20%, tornando muito difícil a recuperação.
Em outras recessões, os trabalhadores dos serviços sempre encontraram meios de obter renda, dando alguma sustentação à economia.
Isso é limitado agora pelo isolamento —e pela expectativa de um “abre e fecha” em razão de ondas da epidemia.
Especialistas afirmam que a atual crise política também cobrará um preço alto do Brasil pela inviabilização de um ambiente favorável a reformas no Congresso. Sem um horizonte econômico positivo, as reformas poderiam servir de âncora, sinalizando uma estabilização mais à frente, sobretudo na área fiscal.
Assim, o Brasil pode não ter notícias encorajadoras para estimular o consumo das famílias e os investimentos, que já sofrem um enorme baque.
Em março, os investimentos em máquinas, construção civil e pesquisa recuaram 8,9%, o pior tombo em 25 anos. A produção de veículos cai 39% no ano e teve, em abril, o pior resultado desde a instalação de fábricas no Brasil, em 1957.
O país também registrou deflação de 0,31% em abril, a maior desde 1998 e uma boa medida da depressão atual.
Esses dados sugerem que a atividade tende a permanecer muito baixa, gerando pouca renda e arrecadação para bancar tanto a conta da crise quanto novos estímulos para acelerar o crescimento.
“A grande novidade desta crise é o impacto nos serviços e a destruição de seus empregos. E não está claro se vamos implodir também o médio prazo. Além dos problemas que já temos, estamos construindo outros novos”, diz Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro Ibre, da FGV.
Matos não acredita em uma recuperação em “V”. Segundo ela, se por um lado o governo quer sustentar a atividade com estímulos fiscais, por outro a crise política e a perspectiva negativa no campo das reformas inibirão o consumo, o emprego e os investimentos.
A FGV Ibre prevê crescimento, em 2021, entre 2% e 3,8%, mas com enormes incertezas que podem alterar o quadro.
No próprio setor de serviços, é uma incógnita o que acontecerá com atividades que concentram muita gente, como restaurantes, cinemas, shows e o setor aéreo.
“Há um fluxo de medo invadindo o cenário. Além dos graves efeitos da epidemia, está difícil enxergar uma estabilização política que favoreça ajustes”, diz Gonçalves.
Para Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, o Brasil pode não crescer nada em 2021 pelos impactos da atual crise política e por já estar gastando, neste ano, boa parte da munição fiscal que teria para estimular a economia.
“O governo vem direcionando uma metralhadora nos próprios pés na política, e a perspectiva é que não aprove mais nada de relevante”, diz.
A Instituição Fiscal Independente (IFI), do Senado, também não crê em recuperação em “V” e começa a alterar para pior a sua percepção futura. “Nosso cenário mais pessimista vai se tornando cada vez mais provável, com o risco do pós-crise crescendo em um quadro de expansão do gasto público sem coordenação”, afirma Felipe Salto, diretor-executivo da IFI.
Na previsão pessimista, o PIB cairia -5,2% neste ano e cresceria só 0,5% em 2021.
Como o tamanho da economia serve de denominador para o cálculo da dívida pública, ela aumentaria de 90% do PIB ao final deste ano para 94,4% no próximo, podendo ultrapassar os 100% em 2023.
Salto acha pouco provável que a receita tributária aumente com vigor de 2021 em diante para compensar os pacotes emergenciais, que só neste ano devem somar R$ 440 bilhões, ou 6% do PIB.
Mesmo em relação à ajuda emergencial aos que perderam o trabalho, há dúvidas se o governo não estaria gastando de uma vez boa parte da munição fiscal que poderá fazer falta mais à frente.
Marcelo Neri, da FGV Social, calcula que cerca de 11,3 milhões de famílias beneficiárias do Bolsa Família
(87% do total) puderam optar pela ajuda emergencial de R$ 1.200 por três meses —quando antes recebiam, em média, R$ 192.
Em muitos casos, em apenas um trimestre essas pessoas receberão o equivalente ao que ganhariam em 18 meses.
“Fomos de um extremo ao outro, e é compreensível a tentativa de ser generoso e talvez errar para mais. Mas é um dinheiro que poderia ser empregado em programas mais focalizados depois.”
Trabalho dos economistas Naercio Menezes e Bruno Komatsu, do Insper, mostra que, se a ajuda emergencial de R$ 600, por três meses, atingir 32 milhões de pessoas (e serão mais), a taxa de pobreza no país cairá de 16,7% do total da população para 6%.
Assim, além de ajudar as pessoas na crise, os benefícios poderão trazer dividendos políticos ao presidente Jair Bolsonaro a curto prazo.
Segundo o Datafolha, desde que os valores começaram a ser pagos, Bolsonaro ganhou oito pontos de apoio entre os que recebem até dois salários mínimos (60% da população).
“Parece haver um receio muito grande no governo de como a crise afetará a popularidade do presidente”, diz Menezes. O risco seria Bolsonaro querer sustentar sua aprovação a um custo fiscal elevado.
Repetir os auxílios emergenciais por muito tempo, no entanto, é considerado insustentável —e eles teriam de ser substituídos à frente pela volta da atividade econômica.
Para o economista-chefe do BNDES, Fabio Giambiagi, no entanto, é provável que o Brasil tenha, em 2021, a menor taxa de crescimento entre todos os países do G20.
Embora acredite em um PIB positivo no ano que vem, Giambiagi vê como muito desfavorável o cenário futuro.
“Um ambiente de luta política entre governadores, Congresso e Presidência é tudo, menos algo que traga confiança para investimentos.”
Pelo lado do consumo, o quadro também é desafiador. O Bradesco estima, por exemplo, que as famílias sairão da crise até cinco pontos percentuais mais endividadas em relação à renda disponível.
Na projeção do banco, o PIB encolherá -4% neste ano, acumulando uma alta de apenas 0,1% durante a década de 2011 a 2020 —a menor desde o início do século passado.
Em 2021, o PIB pode crescer 3,5%. “Mas existe muita incerteza sobre a pandemia e a saída do isolamento”, diz Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco.
Em sua opinião, o fato de o presidente Jair Bolsonaro ter reafirmado há alguns dias a influência do ministro Paulo Guedes na economia de certa forma “blinda” a área.
Neste sábado (9), em live com o banco Itaú, Guedes disse que as reformas devem sair; e que ainda existe “capacidade para uma recuperação em ‘V’. Mas o fôlego está escasseando”.
Já a consultoria Tendências projeta PIB de -4,1% neste ano e alta de 3,6% em 2021. “O cenário político traz dificuldades, mas a agenda econômica deve ser retomada”, diz Fabio Klein, da Tendências.
Para José Márcio Camargo, professor da PUC-Rio, o mais importante agora é manter a renda dos afetados pela crise, sobretudo nos serviços, e tentar retardar ao máximo o fechamento de empresas.
Nesse sentido, a ajuda emergencial aos informais e a redução de salários para evitar demissões no mercado formal teriam sido muito acertadas.
“Mas o problema de fundo permanece: ninguém sabe quanto tempo de isolamento ainda temos pela frente”, diz.
| Folha de S.Paulo ( publicado em 10-05-2020) | | | | Entidade avaliou que o nível de sucesso das medidas econômicas serão determinantes para o desempenho do PIB neste ano. Em cenário pessimista, tombo do PIB atingiria 7,3%.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avaliou nesta segunda-feira (11), por meio do Informe Conjuntural, que o nível de sucesso das medidas econômicas para reduzir os impactos da crise provocada pelo coronavírus e a extensão da quarentena serão determinantes para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano.
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Por conta disso, traçou três cenários para o nível de atividade neste ano. No pior deles, o pessimista, no qual as medidas de auxílio econômico se mostrariam insuficientes para impedir uma redução forte na renda das famílias e uma falência generalizada de empresas, a queda do PIB brasileiro poderá atingir 7,3%.
"A crise provocada pelo coronavírus atinge o Brasil em um momento delicado. O país ensaiava a recuperação de uma retração que derrubou o PIB em mais de 7% até 2017, resultou em mais de 12 milhões de desempregados no início de 2020 e deixou famílias e empresas em situação financeira debilitada", diz a entidade.
No cenário "otimista", a CNI projeta um tombo menor do PIB, da ordem de 0,9% neste ano, e no cenário intermediário, classificado como "base", o tombo seria de 4,2% em 2020 - mais próximo ao estimado pelo mercado financeiro na semana passada, e divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central.
"Em um cenário otimista, embora menos provável, as medidas econômicas de proteção da renda e de acesso ao crédito vão evitar que os efeitos econômicos de março e abril tenham impactos permanentes, com queda significativa do emprego e da renda e que não desestruturem os canais de distribuição e acesso aos insumos", diz a entidade.
Já no cenário base, considerado o mais provável pela Confederação Nacional da Indústria, as políticas de auxílio econômico seriam "suficientes para impedir a insolvência de um número grande de empresas e evitar, de forma significativa, a redução da renda das famílias durante o isolamento social, que - neste cenário - começaria a ser flexibilizado neste mês de maio".
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"A expectativa é de que as medidas econômicas para enfrentar a crise vão, neste cenário, possibilitar uma recuperação mais rápida, impedir a falência de um grande número de empresas e o aumento significativo do desemprego, além de reduzir os impactos sobre problemas logísticos, falta de insumos e sobre o emprego e, assim, possibilitar uma recuperação mais rápida", afirmou o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Recomendações
Na avaliação da CNI, o Estado brasileiro precisa continuar na busca pela redução da dívida pública, comprometido com o equilíbrio fiscal e com o controle da inflação, para aumentar a confiança no país e a atração de investimento.
O governo terá o desafio, ainda, de conciliar essas metas com uma política fiscal expansionista [alta de gastos para combater a crise do novo coronavírus], ainda que controlada, com redução da carga tributária e aumento dos investimentos públicos.
"O primeiro passo é manter a agenda da competitividade. Para sair da crise de forma sustentada, o país precisa, mais do que nunca, eliminar o Custo Brasil, com uma reforma tributária que crie um sistema mais eficiente e menos complicado”, disse Robson Andrade.
Essa agenda, ainda de acordo com a entidade, é "fundamental para a atração de investimentos e para o crescimento de longo prazo".
| G1 | | | | Depois de passar 15 anos refém de empréstimos para fazer as contas fecharem no fim do mês, a professora Marcele Pontes, 42 anos, decidiu dar um basta nas dívidas e retomar o controle sobre o orçamento pessoal. Isso aconteceu em 2017, quando começou a guardar uma parte do dinheiro e aplicar em títulos do Tesouro Direto. Mas, a necessidade de liquidez durante a crise fez Marcele recorrer a uma velha conhecida: a caderneta de Poupança.
"Tinha um dinheiro para receber em março, então pela primeira vez após minha jornada de educação financeira apliquei na poupança em vez do Tesouro", diz ela.
Investimento mais popular entre os brasileiros, a Poupança rende 70% da taxa Selic, que foi fixada em 3% pelo Copom na última quarta-feira, 6. Isso significa que a aplicação rende atualmente 2,1% ao ano - uma das rentabilidades mais baixas na renda fixa.
Mesmo assim, milhares de brasileiros aplicaram suas economias na Poupança em abril, fazendo com que a captação líquida no mês - o volume de recursos que entrou menos o volume de recursos que saiu - fosse positiva em R$ 30,46 bilhões - a maior desde 1995.
Para efeito de comparação, durante todo o ano de 2019, a captação líquida total da Poupança foi de R$ 13,33 bilhões, segundo dados divulgados pelo Banco Central .
O resultado além do esperado, mesmo em um momento de crise e na contramão da tendência observada nos últimos anos, deixa uma curiosidade: o que motivou a alta?
Para Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo da Anefac, a captação em abril foi puxada pelos cidadãos que receberam na conta poupança a primeira parcela do auxílio emergencial. Os que perderam dinheiro na renda variável e os que se decepcionaram com o baixo rendimento de fundos de renda fixa no mês de março contribuíram.
"A maioria dos fundos de renda fixa ficou negativo em março e abril por problemas de marcação de papéis a mercado, coisa que não acontece na poupança", diz Daniel Pegorini, CEO da Valora Investimentos.
De acordo com a Economática, a Poupança rendeu 72,3% em março ante 30,04% dos fundos de renda fixa. Mas isso não quer dizer que quem trocou os fundos pela poupança na virada de março para abril vai se dar bem. Em 12 meses, a vantagem ainda é dos fundos.
| Bem Paraná | | | | Na crise, pessoa física amplia participação na Bolsa em R$ 33 bi; estrangeiro sai
O pequeno investidor brasileiro está aproveitando a baixa da Bolsa para comprar mais ações, ao contrário do que ocorreu em outros momentos de crise.
Em março, quando o Ibovespa derreteu 30% e teve seis circuit breakers, a pessoa física foi às compras, aumentando em R$ 17 bilhões sua posição no mercado de ações no mês, segundo dados da B3. De janeiro a abril, são R$ 33 bilhões a mais no mercado acionário vindos de brasileiros.
O número de novos investidores também cresce conforme a renda fixa fica menos rentável com a Selic renovando as mínimas históricas. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária do Banco Central reduziu a taxa básica da economia para 3% ao ano.
Do fim de janeiro ao fim de abril, quando o coronavírus passou a ser precificado pelo mercado, 558 mil CPFs entraram em ações,e fundos imobiliários, de índice (ETFs) e de investimentos (Fidcs, em direitos creditório, e FIPs, em participações).
Já são 2,3 milhões de CPFs no mercado acionário, quase três vezes o total de 2018.
“Com a queda na taxa de juros o investidor tem que correr mais risco na busca de rentabilidade. Além disso, ativos ficaram muito mais baratos e a oportunidade compra, melhor”, diz Marco Harbich, planejador financeiro CFP e gestor de investimentos da Terra.
Enquanto o investidor doméstico amplia posições e sustenta a recuperação da Bolsa,
que saiu dos 63 mil pontos após os tombos de março para 80 mil pontos em maio, os estrangeiros tiveram, em 2020, a maior saída já registrada: tiraram R$ 71 bilhões do mercado acionário desde janeiro.
Com o aumento do protagonismo, o pessoa física representa 25% das negociações da B3 em maio, a maior participação desde agosto de 2010, quando eram 27%. Naquela época, a Petrobras fez a maior oferta de ações brasileira da história e a Bolsa chegou a 610 mil CPFs, recorde batido apenas sete anos depois.
Segundo dados do aplicativo Real Valor, do fim de fevereiro até a última sexta (8), 74% dos investimentos dos seus 20 mil usuários foi para a compra de ações, e 11% para fundos imobiliários.
Em valores, pessoas físicas e clubes de investimento atingiram 14,8% do R$ 1,8 trilhão do mercado de ações brasileiro em março, considerando ADRs (recibo de ação brasileira negociado nos EUA).
Estrangeiros ainda correspondem pela maior parte, 51,6%, mas este é o menor percentual desde fevereiro de 2010.
No cenário de aversão a risco, com uma das maiores crises econômicas da história pela frente, estrangeiros migram recursos de emergentes para portos considerados mais seguros, como ouro, dólar e títulos do Tesouro americano.
Com a Selic a 3% e juro real (descontado da inflação) estimado pelo mercado em 1% ao ano, brasileiros não se restringem à renda fixa. “As pessoas indo para a renda variável na crise pela Selic baixa”, diz Tales Fontes, sócio da AF Invest.
Segundo ele, outros dois fatores contribuem para o aumento de risco na carteira do brasileiro: a democratização dos investimento com o boom de corretoras e casas de análise, com custos de transações e taxas mais baixas e maior acesso à informação, e o medo de ficar de fora da “nova onda de alta” —em 2019, o Ibovespa subiu 32%, quebrando recordes na pontuação.
“A educação financeira vem aumentando no Brasil. Em 2008, bateu o pânico e teve retirada em manada. Agora, as pessoas entenderam que vender em queda piora a situação”, diz Harbich, da Terra.
Raissa Rabelo, 28, é uma das novatas da Bolsa. A advogada aproveitou a baixa do mercado e comprou ações de Petrobras, CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e Magazine Luiza, além de três fundos imobiliários.
“Com a poupança rendendo pouco, tem que se mexer. O medo é a crise piorar, por isso que não pretendo colocar muita coisa em renda variável. Coloquei apenas 5% da carteira e vou ampliar para, no máximo, de 15% a 20%”, diz.
Seu plano é resgatar toda a poupança, que corresponde a 80% das economias, e diversificar. “Tenho receio de perder dinheiro”.
A poupança rende hoje 2,10% ao ano. Segundo o Relatório Focus, que reúne expectativas de mercado, a inflação deve fechar este ano em 1,97%, o que deixaria o rendimento real da poupança em 0,13%.
Mariana Soares, 22, também é um dos novos CPFs na Bolsa. Seu sogro lhe deu R$ 1.900 para que montasse uma carteira de ações. “Ele queria investir, mas não sabia como começar e pediu minha ajuda”.
Mariana é estudante de ciências econômicas e trabalha como estagiária em uma corretora. Apesar de ter feito um curso de mercado financeiro e estudar a Bolsa, ela não consegue consegue investir. “Por eu pagar a faculdade, infelizmente não sobra recursos”.
Tanto Raissa como Mariana reconhecem a importância da reserva de emergência: um valor equivalente a seis meses de gastos alocado em um produto de renda fixa com liquidez diária, como o Tesouro Selic ou alguns CDBs.
“Reserva de emergência é a primeira que deve ser preenchida pelo investidor. Todos têm que ter, independente do perfil”, diz Harbich, gestor da Terra Investimentos.
O segundo passo é conhecer o perfil de risco. Bancos, corretoras, casas de análise, sites e aplicativos oferecem o teste. Além da condição econômica do investidor, ele leva em conta o psicológico.
Para ter uma boa parte da carteira em ações, como no perfil arriscado, é preciso ter sangue frio para lidar com eventuais desvalorizações dos ativos. “O investidor não pode sair do seu perfil de risco independente da Bolsa estar em alta ou baixa”, afirma Tales, da AF Invest.
| Folha de S.Paulo | | | | Maior parte dos saques foi na renda fixa, que perdeu rentabilidade com a queda da Selic; pandemia também estimulou retiradas
Em abril, fundos de investimento tiveram o segundo mês seguido de resgate líquido —mais saques que depósitos—, com saída de R$ 91,1 bilhões, recorde da série histórica da Anbima (entidade do mercado de capitais), que começou em 2002.
Em março, foram retirados R$ 24,2 bilhões da indústria de fundos. No ano, a sangria é de R$ 69,6 bilhões.
A maior parte da retirada de abril (64%) foi dos fundos de renda fixa, com resgate líquido de R$ 58,6 bilhões.
Nessa classe, os mais afetados foram fundos de curta duração que investem, no mínimo, 80% em títulos públicos e ativos de baixo risco de crédito, com R$ 46,1 bilhões de resgates no mês e R$ 123,1 bilhões no ano.
Ao todo, fundos de renda fixa têm captação líquida negativa de R$ 120,7 bilhões em 2020, com mais resgates que aportes desde outubro de 2019. A categoria passa por uma redução na rentabilidade com a queda da Selic, que está em 3% ao ano. Segundo estimativas do mercado, a taxa pode ir a 2,25% ao fim de 2020, o que deixaria o juro real (descontado da inflação) próximo de zero.
Para preservar o retorno dos investimentos, muitos brasileiros resgatam ativos da renda fixa e migram para a variável. Além disso, a crise do coronavírus levou muitos a recorrerem à reserva financeira.
“Parte deste dinheiro, provavelmente, foi direcionada para conta corrente para pagamento de despesas”, afirma Carlos André, vice-presidente da Anbima.
Apesar dos resgates, fundos de renda fixa ainda concentram o maior patrimônio líquido da indústria, com R$ 2 trilhões. Em seguida, estão os multimercado —que combinam aplicações conservadoras, como títulos públicos, com ativos mais arriscados, que podem ser dívidas em empresas, ações e dívidas de empresas no exterior—, com R$ 1, 1 trilhão.
Em abril, multimercados tiveram a primeira saída líquida (R$ 13,4 bilhões) desde novembro, mas mantêm saldo positivo em 2020, com R$ 9 bilhões de captação.
O mesmo aconteceu com fundos de ações, mas com menor proporção: foram R$ 637 milhões a menos.
No ano, há captação líquida de R$ 44 bilhões, a maior da indústria.
No total, os fundos de ações encerraram abril com um patrimônio líquido de R$ 391,5 bilhões. Em janeiro de 2020, quando a Bolsa estava no ápice de 119 mil pontos, eram R$ 528,2 bilhões.
Como fundos de ações geralmente têm um prazo de resgate maior, com liquidação em 30 ou 60 dias, a saída de investidores com a forte queda da Bolsa entre fevereiro e março, quando o Ibovespa foi a 63 mil pontos, se refletirá posteriormente.
“Só em maio teremos uma visão mais ampla do impacto da pandemia sobre esse segmento”, diz Carlos André.
| Folha de S.Paulo ( publicado em 10-05-2020) | | | | "O que já era complicado vai piorar", diz o economista Fabio Klein, da consultoria Tendência. Especialista em contas públicas, Klein destaca que os Estados que vinham tendo dificuldade para pagar os servidores e a dívida com a União sofrerão ainda mais após a pandemia da covid-19.
"Alguns Estados apresentaram uma tendência de melhora em 2019. Isso vai ser interrompido", afirma ele.
Segundo levantamento da Tendências que analisa a situação fiscal dos entes federativos, Rio Grande do Sul e Minas haviam melhorado a situação fiscal no ano passado, ainda que de forma muito tímida.
O Rio de Janeiro já vinha numa escalada mais concreta desde que aderiu ao regime de recuperação fiscal, em 2017, que lhe permitiu suspender o pagamento da dívida com a União por três anos.
Após o período mais agudo da crise, um novo plano de resgate federal aos Estados deve ser necessário, avalia Klein. "Ao voltar à normalidade, os Estados estarão mais machucados do que já estavam. É difícil imaginar que, sem uma renegociação, retornarão ao mundo como antes da pandemia."
Klein acredita que, dado o tamanho da crise, esse resgate não deverá ser mais modesto que o Plano Mansueto original nas condicionalidades exigidas dos Estados e nos prazos de pagamento.
| Bem Paraná ( publicado em 10-05-2020) | | | | Cerca de 93% dos mais de 50 milhões de pessoas que tiveram o auxílio emergencial de R$ 600 (R$ 1,2 mil para mães solteiras) autorizados pela Dataprev já movimentaram os valores creditados. Segundo o vice-presidente de Varejo da Caixa Econômica Federal, Paulo Henrique Angelo, a movimentação agências da Caixa que abriram hoje (9) foi “tranquila e com pouquíssimas filas em todo o país”.
Neste sábado, 680 agências da Caixa abriram, às 8h, para fazer atendimentos sobre o auxílio emergencial. “Às 9h, já não praticamente nenhuma fila no país inteiro. Todos que compareceram foram prontamente atendidos. Está tranquilo em todo país, com pouquíssimas filas”, acrescentou o vice-presidente de Varejo da Caixa ao informar que, até as 14h, foram registrados quase 80 mil saques do benefício.
Segundo o executivo da Caixa, a maior parte das pessoas que não recebeu o recurso, mesmo após a aprovação, se deve a algum tipo de erro de digitação, em especial do número da conta bancária. “Trata-se de um público pequeno [de pessoas que informaram contas com algum número incorreto]. Nesse caso, o valor provavelmente foi devolvido à Caixa”, disse.
De acordo com o banco, 20.314.311 transações financeiras foram registradas na poupança digital envolvendo o auxílio emergencial. Deste total, 8.274.636 foram por meio de transferência na própria Caixa; 4.134.325 por meio de DOC ou TED; 49.281 por débito em cartão ELO; e cerca de 930 mil por meio de pagamentos via boleto ou concessionárias. O total de saques registrados ficou em 6,92 milhões.
| Bem Paraná ( publicado em 09-05-2020) | | | |
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