Foram 8.464 novos empregos apenas em abril e 26.304 postos criados no primeiro quadrimestre por micros e pequenos negócios. O resultado deste segmento corresponde a cerca de 79% dos 10.653 empregos gerados no Estado no mês.
Com 8.464 novos empregos, o Paraná foi o terceiro estado do País que mais gerou vagas nos pequenos negócios no mês de abril, segundo levantamento do Sebrae, baseado nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia. O resultado deste segmento corresponde a cerca de 79% dos 10.653 empregos gerados no Estado no mês.
As micro e pequenas empresas (MPEs) do estado de São Paulo lideraram essa retomada, respondendo pela criação de 29,3 mil postos de trabalho, e foram acompanhadas pelas de Minas Gerais, com 14,7 mil empregos.
QUADRIMESTRE - Segundo o Departamento de Trabalho, da Secretaria de Estado da Justiça, Família e Trabalho, a criação de novas vagas no Paraná é impulsionada pelos pequenos negócios. Apenas nos primeiros quatro meses deste ano, as empresas de micro e pequeno porte representaram 69% da geração de vagas (26.304 postos criados).
Segundo o secretário da Justiça, Família e Trabalho, Ney Leprevost, o número representa uma tendência de melhora nos indicadores econômicos. “O saldo no quadrimestre confirma o crescimento em relação ao mesmo período do ano passado. Isso demonstra o compromisso do Governo do Estado com a geração de emprego e renda para a população paranaense, já nos meses iniciais da nova gestão”, afirmou.
A economista Suelen Glinski, do Departamento do Trabalho, especifica que boa parte da retomada do emprego em pequenos negócios leva em consideração o abate de animais de pequeno porte (aves e peixes). “Já é um resultado melhor do que o que foi apresentado em 2018. As empresas de pequeno porte são as que mais geram emprego no Estado, reflexo também do índice nacional. No abate de pequenos animais, por exemplo, o Paraná ficou em segundo no ranking nacional”, destacou.
NACIONAL - Segundo o Sebrae, o segmento de MPEs gerou, no mês passado, 93,7 mil postos de trabalho formais no Brasil. O saldo foi quase três vezes maior que o gerado pelas médias e grandes empresas e representou 72,3% do total de empregos gerados no País no mesmo período, que foi de 129,6 mil.
No acumulado dos primeiros quatro meses do ano, os pequenos negócios abriram quase 300 mil novos empregos. As médias e grandes empresas criaram 20,3 mil novas vagas.
O levantamento do Sebrae apontou, ainda, que nos primeiros quatro meses do ano, as MPEs do setor de Serviços capitanearam a geração de empregos, com saldo de 193 mil novos postos de trabalho, 69% do total de empregos gerados no período de 2019.
Em todos os setores, as MPEs registraram saldos positivos de empregos gerados no mês de abril de 2019, mas foram os pequenos negócios do setor de Serviços que puxaram a geração de empregos, criando mais de 55 mil postos de trabalho, 3,6 vezes mais do que as MPEs da Construção Civil, segundo setor em que as micro e pequenas empresas mais empregaram.
MAIS EMPREGOS – Somados todos os setores, o Paraná se posiciona em 4º lugar na geração de postos de trabalho acumulados com 37.876 novos empregos formais gerados. Com isso, o Estado está atrás apenas de São Paulo (125.602), Minas Gerais (56.129) e Santa Catarina (49.914).
No cômpito por cidades, Curitiba segue isolada na 1ª colocação de empregos no ano com 10.457 postos gerados, logo à frente de Maringá (3.596), Cascavel (2.029), Pato Branco (1.461) e São José dos Pinhais (1.391).
SERVIÇOS – O setor de Serviços segue liderando o ranking com 21.260 vagas, seguido pela Indústria de Transformação (8.141) e Construção Civil (4.480). Segundo o Departamento de Trabalho, esses dados evidenciam a estruturação econômica do Estado, onde o setor que mais gera postos é nutrido de micro e pequenas empresas.
Agência de Notícias do Paraná (publicado em 31-05-2019)
Pequenos e médios empresários escrevem para contar da exaustão e pedir solução já
O estresse econômico transborda em fadiga de crise ou explosão de desesperança, a gente ouve por aí ou lê na caixa de mensagens. É a estafa de quem ao menos teve a boa sorte de sobreviver, pois muitos ficaram pelo caminho, para nem falar do povo largado na miséria.
A recaída do Pibinho detonou de vez a insatisfação, a impaciência com a política econômica e com seus economistas. Deflagrou a conversa do “é preciso fazer alguma coisa, já, ninguém aguenta mais”.
Economistas-padrão, entre encabulados, perdidos ou estoicos, não têm muito a oferecer de novo, no melhor dos casos.
Nos dias piores desta depressão que já dura seis anos, este jornalista recebia vez e outra mensagens de pequenos e médios empresários contando durezas da vida e oferecendo sugestões do que fazer do país. Jamais foram tão frequentes quanto nas últimas semanas. É gente que conseguiu manter a empresa, mas está pelas tampas, para escrever português claro.
“A agenda de corte de gastos não está funcionando. Acho que talvez o governo devesse mudar de tática. Aumentar o endividamento, gastar com infraestrutura, convencer os bacanas da Bolsa de que não é gasto, e sim investimento, que resultará em melhor arrecadação e recuperação da economia. Porque teto disto e daquilo já mostrou que não vai tirar o Brasil do buraco”, escreve um empresário do “ramo de artigos industriais e agrícolas”.
“Minha empresa sobreviveu, eu não muito, eu não vejo as minhas filhas direito faz anos. Fico pensando se não é melhor vender logo tudo e viver de renda modesta, mas sem angústia de ficar cheio de dívida com fornecedor, colaborador ou falir, porque eu não sei o que vai ser o mês que vem”, desabafa um fabricante de alimentos.
Vinicius Torres Freire - Jornalista, foi secretário de Redação da Folha. É mestre em administração pública pela Universidade Harvard (EUA).
A indústria brasileira enfrenta, já há algumas décadas, uma situação de baixíssima competitividade, cujas causas, embora bastante conhecidas, têm se mostrado de difícil resolução. Quanto mais adiamos as soluções, maior o regresso industrial do país e, consequentemente, maiores os entraves ao desenvolvimento e ao crescimento econômico sustentado. Esta Carta – elaborada a partir de estudo de Paulo Morceiro (USP) para o IEDI – trata da penetração de insumos importados nas cadeias produtivas da indústria.
Como o documento do IEDI “Indústria e o Brasil do Futuro” destacou, os problemas de competitividade são das mais variadas naturezas, incluindo fatores de custos sistêmicos, como níveis de taxas de juros descolados da realidade internacional, escassas fontes de financiamento de longo prazo, sistema tributário complexo e oneroso, infraestrutura insuficiente e deficiente; e modestos ganhos de produtividade devido ao ambiente de baixo investimento em que se encontra o país. Tudo isso pontuado por longos episódios de sobreapreciação cambial.
As consequências são as mais adversas. A participação da indústria de transformação regride na estrutura produtiva desde os anos 1980, chegando ao mínimo de 11,3% do PIB em 2018. Pior, foi nos ramos de maior intensidade tecnológica que este retrocesso se mostrou mais grave (Carta IEDI n. 920). No comércio internacional de bens industriais nossa presença, que já era marginal, encolheu ainda mais, passando de 0,8% das exportações totais de manufaturas em 2006 para 0,6% em 2017 (Carta IEDI 892).
Mas não foi apenas a competitividade externa da indústria brasileira que foi prejudicada. Em nosso próprio mercado doméstico, a produção nacional foi comprimida pelos importados. É o que sugere o saldo de balança comercial da indústria de transformação no Brasil, que reverteu um superávit de US$ 31,4 bilhões em 2005 em um déficit de US$ 63,6 bilhões em 2014 e que poderia ter sido ainda pior não fosse a magnitude da crise econômica de 2015/2016 que arrefeceu o ímpeto importador do país.
O estudo de Paulo Morceiro preparado para o IEDI mostra outra consequência deletéria dessa perda de competitividade: o esgarçamento do sistema industrial decorrente da maior penetração de insumos e componentes importados sem contrapartida do aumento da produção. Dados da Pesquisa Industrial Anual - IBGE foram utilizados para abordar este tema na fase crescimento do PIB do país, de 2003/2004 a 2013/2014, e em 2016, último ano da crise recente.
A questão é da maior importância porque o avanço de insumos importados nas cadeias produtivas, embora possa contribuir para o aumento da produtividade e competitividade da economia, também pode ter efeito negativo sobre os fornecedores domésticos, reduzir os encadeamentos intersetoriais e limitar o desenvolvimento tecnológico, que passa, cada vez mais, a ser conduzido pelos fornecedores estrangeiros dos componentes principais. Ademais, ao reduzir a transformação industrial, aumenta as etapas de montagem com uso de mão de obra pouco qualificada e de baixos salários, provocando, desse modo, menor geração de valor adicionado.
A seguir, são apresentadas suscintamente os principais resultados do estudo.
A manufatura brasileira apresentou um aumento significativo no coeficiente importado de insumos e componentes comercializáveis (CIICC) na fase de crescimento econômico dos anos 2000. De 2003/2004 a 2013/2014, o CIICC da indústria de transformação aumentou de 16,5% para 24,4%.
Na origem disso está a categoria de alta e média-alta intensidade tecnológica, cujo CIICC registrou alta bastante superior à média geral da indústria de transformação: de 26,3% para 38,7%.
Na crise econômica recente, porém, devido ao caráter pro cíclico de nossas importações, o CIICC da indústria de transformação recuou, mas muito moderadamente para 22,3%. Entretanto, a penetração de insumos importados na alta e média-alta tecnologia avançou ainda mais, chegando a 41,4%.
Explica esta evolução da indústria mais intensiva em tecnologia o fato de o Brasil não produzir vários componentes tecnológicos chave, o que confere rigidez às importações destes insumos. Além disso, devido à gravidade da crise, é provável que plantas produtoras de intermediários tecnológicos, que já vinham sofrendo com o câmbio apreciado e o Custo Brasil na fase anterior de expansão, não tenham resistido e tiveram que interromper suas operações.
Assim, se o grau de adensamento produtivo da indústria brasileira permanece relativamente elevado, isto se deve aos ramos de menor intensidade tecnológica, que têm peso expressivo em nossa estrutura produtiva. Em outras palavras, a competitividade nos setores de baixa e média-baixa tecnologia intensivos em insumos agropecuários, minerais e energéticos evitam uma deterioração ainda maior do indicador CIICC do Brasil.
É principalmente por esta razão que o adensamento industrial do Brasil se mostra mais elevado do que a média dos quinze países com os maiores parques industriais do mundo. Ficamos na frente de países como China e Rússia, mas também dos Estados Unidos e do Japão. Na alta e média-alta tecnologia, porém, a penetração de insumos importados é maior do que nestes países, bem como na Coreia do Sul e Índia, e do que a média internacional.
Ao detalhar o panorama, levando em conta 258 classes industriais, o estudo inédito de Paulo Morceiro mostra que mais da metade das classes industriais de alta e média alta intensidade tecnológica possui conteúdo importado de insumos intermediários moderado a elevado. Os casos de maior esgarçamento envolvem setores como: Eletrônicos, informática e ópticos; Outros equipamentos de transportes; Química e Farmacêutica. Parte expressiva desses setores assemelham-se a uma maquiladora.
Isso ocorre na indústria de maior tecnologia porque, nas últimas décadas, o Brasil perdeu competitividade em preço devido aos períodos longos de apreciação cambial, Custo Brasil e aumento da competitividade dos concorrentes estrangeiros. Certamente, a perda de competitividade tecnológica também contribui para explicar as áreas em que o conteúdo importado é maior.
Ademais, o país também não teve uma vigorosa política de transformação produtiva focada na inovação e na exportação, tanto no período de industrialização quanto no período posterior como tiveram os países avançados, além de emergentes como Coreia do Sul e a China.
Assim, sempre que a fronteira tecnológica se expande, como está ocorrendo novamente com a emersão da Indústria 4.0, as importações brasileiras aumentam para suprir a nova demanda das empresas e dos consumidores por insumos intermediários avançados e produtos novos.
Por isso, a perspectiva para o futuro não é das melhores. O país precisa urgentemente de uma política industrial moderna para não perder, de novo, as janelas de oportunidade que se abrem no início de uma nova revolução industrial e para não ficar permanentemente para trás na corrida do desenvolvimento.
Introdução
A indústria de transformação vem crescendo abaixo do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil desde 1981 na maioria dos anos e, consequentemente, tem contribuído paulatinamente menos para a formação do PIB. Em 2018, representou apenas 11,3% do PIB brasileiro. Esta é uma consequência da perda de competitividade do setor tanto para concorrer nos mercados internacionais, como para concorrer no mercado interno com os produtos importados. Além da importação de bens industriais acabados, também cresceu nas últimas décadas nossas compras externas de insumos, partes e componentes que contribuíram para a perda de adensamento das cadeias produtivas da indústria brasileira.
Esta Carta IEDI, baseado no estudo de Paulo Morceiro (USP), cuja íntegra se encontra disponibilizada no site do IEDI, mapeia o grau de adensamento produtivo de 26 setores e 258 classes da indústria de transformação, mensurando-o pelo coeficiente importado de insumos e componentes comercializáveis (CIICC). Quanto mais alto este coeficiente, menor o adensamento doméstico. Com isso, busca-se identificar as classes industriais mais comprometidas pela importação de insumos intermediários, isto é, os segmentos produtivos com menor grau de transformação industrial. Foram empregados, principalmente, os dados da Pesquisa Industrial Anual - Empresa (PIA-E) do IBGE.
Significado de adensamento e esgarçamento produtivo
Um segmento industrial está conectado, direta e indiretamente, com diversos segmentos produtivos por meio das relações de compras e vendas de matérias-primas, partes, peças, acessórios, componentes, serviços e tecnologias. Daí a importância que a indústria tem para o crescimento das economias. Quanto mais longa a cadeia de fabricação de um produto, maior e mais densa será a teia de ligações intersetoriais. Essa rede produtiva é chamada pelos economistas de tecido industrial ou malha manufatureira.
Em um tecido industrial adensado, os produtores domésticos comercializam a maioria dos insumos e componentes entre eles, mantendo, dessa forma, ligações intersetoriais densas. Assim, ao crescer a demanda por um produto, desencadeia-se produção adicional de um amplo conjunto de segmentos a ele conectados na rede produtiva, multiplicando os efeitos dinamizadores sobre o PIB, o emprego e a massa salarial, mas também sobre a arrecadação tributária.
Além desses efeitos cíclicos, à medida em que os segmentos industriais se adensam outros efeitos positivos também ganham terreno, dentre os quais podem ser citados:
i) economias externas para outros segmentos, isto é, transbordamentos e sinergias em termos de desenvolvimento tecnológico, mão de obra qualificada, infraestrutura logística e fornecedores especializados;
ii) investimentos complementares;
iii) redução de custos de produção de produtos novos, facilitando a diversificação produtiva.
Logo, o “esgarçamento” ou “desadensamento” dos segmentos industriais provoca efeitos contrários a todos estes acima mencionados. Uma indústria maquiladora é um exemplo clássico de esgarçamento, na qual se importam praticamente todos os insumos e componentes comercializáveis, gerando emprego de montagem com salários baixos e pouca contribuição científica e tecnológica para o sistema nacional de inovação.
Há de se diferenciar, contudo, baixo adensamento produtivo em estágios iniciais de industrialização daquele de economias em estágios mais avançados de industrialização. De um lado, nos estágios iniciais, as importações são essenciais para movimentar as plantas industriais recém-instaladas, complementando a produção industrial, incorporando tecnologias de última geração e contribuindo para elevar a competitividade das exportações domésticas.
Por outro lado, em economias já industrializadas, quando a penetração de insumos e componentes importados aumenta sem contrapartida da produção industrial, pode-se gerar um efeito negativo sobre os fornecedores domésticos de insumos intermediários, reduzir os encadeamentos intersetoriais e limitar o desenvolvimento tecnológico, que passa, cada vez mais, a ser conduzido pelos fornecedores estrangeiros. Ademais, reduz as transformações industriais e aumenta as etapas de montagem com uso de mão de obra pouco qualificada e de baixos salários, provocando, desse modo, menor geração de valor adicionado.
Indicador de penetração dos insumos importados
O coeficiente importado de insumos e componentes comercializáveis (CIICC), conforme a equação abaixo, será utilizado para mensurar o grau de adensamento produtivo da indústria de transformação brasileira. Quanto maior o CIICC, menor o adensamento produtivo, e vice-versa.
Nota-se que IICC são as importações de insumos e componentes comercializáveis e TICC o total dos insumos e componentes comercializáveis. O subscrito s indica a classe ou setor industrial.
Os insumos e componentes comercializáveis são aqueles que efetivamente sofrem concorrência com o exterior, os quais são produzidos pela agropecuária, indústria extrativa e indústria de transformação. Este estudo utilizou como insumos e componentes comercializáveis as “matérias-primas, materiais auxiliares e componentes (incluindo material de embalagem, combustíveis usados como matéria-prima e lubrificantes)” da tabulação especial da PIA-E.
O CIICC é um indicador mais depurado porque exclui os insumos intermediários pouco ou não comercializáveis com o exterior, os quais são adensados por natureza técnica. Os insumos não/pouco comercializáveis são fornecidos pelos setores de serviços de utilidade pública, construção civil, comércio e serviços.
Esses insumos são ofertados majoritariamente por fornecedores domésticos, sofrem pouca pressão competitiva do exterior e, por isso, têm um peso baixo nos insumos e componentes importados. De acordo com a última matriz de insumo-produto brasileira (com dados de 2015), os insumos e componentes não/pouco comercializáveis representaram apenas 8,2% de todas as importações de insumos intermediários da indústria de transformação, portanto, 91,8% são de itens comercializáveis. Assim, necessariamente, a análise do grau de adensamento produtivo passa pelos insumos e componentes comercializáveis.
Vale frisar, por fim, que o CIICC capta apenas as importações diretas, ou seja, não capta a parcela das importações realizadas de modo indireto, embutida nos insumos e componentes fabricados no Brasil com matérias-primas, partes e peças previamente importados. Deste modo, ainda pode estar subestimado o percentual importado de insumos e componentes comercializáveis, sobretudo em cadeias produtivas mais longas.
O avanço dos insumos importados na expansão: de 2003/2004 a 2013/2014
Entre 2003/2004 e 2013/2014, o Brasil passou pelo período de maior crescimento industrial desde os anos 1970. Nem por isso, a indústria brasileira se beneficiou integralmente desta fase de maior dinamismo. Nesta década, o CIICC da manufatura brasileira aumentou nada menos do que quase cinquenta por cento, saltando de 16,5% para 24,4%. Esta foi a magnitude do crescimento econômico que escapou para além das fronteiras do país e gerou emprego e renda em outras partes do mundo.
Setorialmente, a diminuição da densidade produtiva (aumento do CIICC) foi generalizada, principalmente entre os setores de alta e média-alta intensidade tecnológica. Entre 2003/2004 e 2013/2014, a categoria de maior tecnologia apresentou aumento significativo do CIICC, de 26,3% para 38,7%, puxada, sobretudo, pelos setores de informática, eletrônicos e ópticos; máquinas e equipamentos; equipamentos e materiais elétricos; outros equipamentos de transportes; e indústria química – setores com aumento de no mínimo 10 pontos percentuais (p.p.) no CIICC.
No último biênio em questão, a categoria de alta e média-alta tecnologia apresentou CIICC quase três vezes superior ao da categoria de baixa e média-baixa tecnologia, como pode ser visto na tabela a seguir.
Entre os setores de alta e média-alta, o setor automobilístico é o mais adensado e o de informática, eletrônicos e ópticos o menos adensado. O primeiro importou um quarto dos insumos e componentes comercializáveis e, o último, importou três quartos em 2013/2014.
Neste biênio 2013/2014, os três setores menos adensados foram informática, eletrônicos e ópticos; farmacêutica; e outros equipamentos de transporte. Eles possuem elevado potencial de desenvolvimento tecnológico e grande parte dos gastos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) concentram-se nos componentes eletrônicos, nos princípios ativos para a fabricação de medicamentos e nos principais componentes da aviação. Dessa maneira, o país é muito dependente de tecnologia embarcada nos insumos e componentes adquiridos do exterior.
Embora a categoria de baixa e média-baixa tecnologia possua CIICC baixo, três setores apresentaram aumento superior a 10 p.p. e cinco superiores a 5 p.p.. O setor de refino de petróleo foi o menos adensado desta categoria, seguido pela indústria metalúrgica. Em ambos os casos, porém, importam insumos não competitivos, isto é, não ofertados por fornecedores domésticos por questões técnico-produtivas.
Em termos agregados, porém, o CIICC da indústria brasileira de transformação poderia ser ainda maior se as empresas em operação no Brasil mantivessem processos produtivos atualizados e práticas de importação mais frequentes. Vale ressaltar que apenas duas de cada dez empresas no país com mais de 30 pessoas ocupadas (19,9% do total) importaram insumos e componentes no biênio de 2013-4 e não houve modificação nesse cenário em relação ao início da década de 2000 (18,9%).
O contraste por intensidade tecnológica é claro. Na categoria de baixa e média-baixa tecnologia apenas 13,9% das empresas importaram insumos e componentes para consumo no processo produtivo. No caso da alta e média-alta, esta parcela foi de 44,0%. De qualquer forma, poucas empresas brasileiras com mais de 30 funcionários acessaram os insumos intermediários do exterior que, geralmente, tendem a se aproximar mais da fronteira tecnológica e/ou possuem preços mais competitivos.
O Brasil frente às maiores potências industriais do mundo
A tabela a seguir exibe informações do CIICC para os 15 países manufatureiros líderes (China, Estados Unidos, Japão, Alemanha, Coreia do Sul, Índia, Itália, Reino Unido, França, México, Brasil, Indonésia, Canadá, Espanha e Rússia), que, juntos, foram responsáveis por cerca de 80% do produto manufatureiro mundial em 2015. Os dados contemplam divisão de atividade e categorias tecnológicas.
No caso do Brasil há informações de duas fontes, uma da WIOD, mais adequada para a comparação internacional, e outra da PIA-E/IBGE, mais usualmente utilizada nas pesquisas sobre o tema no Brasil. Como os países não divulgam matrizes de insumo-produto anualmente, os dados da WIOD são estimados a partir de técnicas de fronteira na área de insumo-produto e os dados da PIA-E/IBGE não são estimados, mas sim gerados a partir de pesquisas com todas as empresas com 30 ou mais pessoas ocupadas, responsáveis por cerca de 95% da produção industrial brasileira e, por isso, é uma medida mais aderente à realidade da situação brasileira.
Nota-se, na tabela acima que o CIICC da manufatura brasileira é 19,9%, segundo os dados da WIOD, e 24,3%, de acordo com a PIA-E/IBGE. A divergência se dá menos em função dos da indústria de baixa e média-baixa intensidade tecnológica (16% e 13,4%, respectivamente) e mais devido à de alta e média-alta tecnologia (28,1% e 38,7%, respectivamente).
De todo modo, em termos agregados, seja qual for a medida utilizada, a indústria de transformação brasileira apresenta indicador inferior à média de 31,2% das 15 maiores potências industriais do mundo. O CIICC do Brasil segundo dados da WIOD é superior ao da China e ao da Rússia e não está muito distante dos valores apresentados por Japão e Estados Unidos. Já o indicador construído a partir das informações mais acuradas do IBGE coloca o Brasil na frente de todos estes quatro países.
Tomando a WIOD como fonte, o CIICC da manufatura brasileira como um todo está 36% abaixo da média dos líderes industriais. A categoria de baixa e média-baixa tecnologia, porém, está ainda mais aquém: 43% abaixo da média desta categoria nos líderes manufatureiros. Em contrapartida, a categoria de alta e média-alta tecnologia encontra-se 25% abaixo.
Já segundo os dados da PIA/IBGE, o CIICC da indústria de transformação do Brasil está 22% abaixo da média dos líderes industriais, em função apenas da categoria de baixa e média-baixa tecnologia, que está 53% aquém da média desta categoria nos líderes manufatureiros. A categoria de alta e média-alta tecnologia, por sua vez, encontra-se ligeiramente acima. Ou seja, em ambas as medidas, o que puxa o CIICC brasileiro para baixo são os ramos de menor intensidade tecnológica.
Setorialmente, entre os 15 países aqui comparados, o Brasil detém, segundo a PIA/IBGE, o terceiro maior CIICC na farmacêutica, na informática, eletrônicos e ópticos e nos outros equipamentos de transporte, está em sexto na química, em sétimo em máquinas e equipamentos mecânicos, em oitavo em equipamentos e materiais elétricos e em décimo na automobilística. Ou seja, o setor automotivo é o de menor penetração das importações de insumos e componentes comercializáveis.
Entre os setores de baixa e média-baixa intensidade tecnológica, o CIICC brasileiro fica no último terço dos 15 países. Todos os setores brasileiros de menor tecnologia estão abaixo da média. Vale ressaltar que nestes setores o Brasil tem competitividade na oferta de insumos agropecuários, minérios e energéticos.
Entre os líderes manufatureiros, três países – China, Alemanha e Coreia do Sul – são mencionados nos estudos internacionais com inserção positiva nas cadeias globais de valor, pois importam bastante insumos e componentes e também são grandes exportadores. No entanto, cada país está numa posição diferente da tabela acima.
A Alemanha, junto com França e Canadá, é o país que possui o maior CIICC, de 47,3%. A Coreia do Sul segue a média mundial, com CIICC de 31,4%. E a China, por sua vez, apresenta o menor de todos os CIICC, de apenas 9%. Dessa maneira, não parece ser uma pré-condição ter um CIICC elevado para ter sucesso na globalização atual.
A comparação internacional, segundo a tabela acima, também sugere que países populosos possuem maior adensamento produtivo que países menos populosos. Países pequenos apresentam possibilidades de especialização em um número menor de setores, pois são limitados pelo tamanho do seu mercado e, dessa maneira, precisam importar mais que países grandes. Confirma isso o fato de que os três maiores parques industriais do mundo, Estados Unidos, Japão e China, responsáveis por 51% do valor adicionado manufatureiro mundial, são países populosos e possuem CIICC bem abaixo da média dos países manufatureiros líderes.
O Brasil segue estes três líderes manufatureiros, ficando abaixo da média internacional, mas destoa por apresentar CIICC na indústria de alta e média-alta tecnologia muito acima da deles. Considerando os dados da PIA/IBGE, os setores de maior intensidade tecnológica também ficam acima da média dos 15 países líderes na categoria de alta e média-alta. Em contrapartida, o CIICC da categoria de baixa e média-baixa tecnologia está mas muito abaixo da média internacional.
Em síntese, o Brasil possui grau de adensamento produtivo superior à média dos quinze países manufatureiros líderes, principalmente porque a categoria de baixa e média-baixa tecnologia é muito adensada. Alguns fatores podem explicar isso, como o número baixo de empresas que compram insumos e componentes comercializáveis do exterior, o elevado peso dos setores de menor intensidade tecnológica na estrutura produtiva e porque o Brasil é um país populoso e grande territorialmente. No entanto, usando as informações do IBGE, a categoria de alta e média-alta possui adensamento produtivo inferior à média dos quinze países líderes, inclusive dos Estados Unidos, China, Japão e Coreia do Sul (casos de sucesso em diversas análises).
Evolução da penetração dos insumos importados na crise
O período recente de crise, que no caso da indústria somou três anos, de 2014 a 2016, teve consequências severas sobre o tecido industrial. Do biênio 2013/2014 até 2016, houve redução de 4.936 empresas e 846 mil pessoas ocupadas na produção industrial, o que corresponde a um declínio de 13,1% e de 16,8%, respectivamente. O nível de atividade do setor mergulhou em contração, o que também afetou negativamente as importações de insumos e bens manufaturados.
Os setores mais impactados foram os de maior intensidade tecnológica.Como esperado, o CIICC no agregado da indústria de transformação diminuiu durante a crise, passando de 24,4% em 2013/2014 para 22,3% em 2016. Essa diminuição se verifica devido à característica pró-cíclica assumida pelas importações brasileiras, que é mais elástica comparativamente a produção nacional, nas fases tanto de expansão como de retração.
Entretanto, nem todos os ramos industriais seguiram a mesma trajetória geral de redução da penetração de importados. A categoria de alta e média-alta tecnologia andou em direção oposta e registrou ligeiro aumento no coeficiente importado de insumos e componentes comercializáveis de 39,7% em 2013/2014 para 41,4% em 2016. Com exceção de informática, eletrônicos e ópticos, todos os demais setores de alta e média-alta registraram aumento no CIICC.
Isso pode ter ocorrido devido ao fato da rigidez de parcela significativa das importações dos insumos e componentes tecnológicos feitas pelos setores de alta e média-alta tecnologia. Ou seja, como o Brasil não produz tais insumos e componentes, em que novas tecnologias são incorporadas frequentemente, o país depende substancialmente de importações. Ao lado deste aspecto estrutural, a crise recente pode ter levado ao fechamento de plantas produtoras de insumos intermediários, que já vinham sofrendo, no período anterior, com a valorização da moeda nacional. Nota-se também que o percentual de empresas que importaram insumos e componentes aumentou durante a crise, denotando substituição de produção doméstica por importações.
Detalhamento do quadro em 258 segmentos industriais em 2016
Esta seção busca mapear com maior detalhe o quadro de adensamento industrial em 2016, último ano com informações disponíveis. São analisadas 258 classes da indústria de transformação brasileira.
Na figura a seguir, as formas geométricas correspondem ao valor bruto da produção industrial (VBPI) das classes industriais agrupadas nos seus respectivos setores de origem e em duas categorias tecnológicas. As cores representam o coeficiente importado de insumos e componentes comercializáveis (CIICC).
As cores branca, cinza e azul claro representam, nessa ordem, as classes industriais mais adensadas, que juntas compõem aproximadamente três quartos do número total de classes; as cores preta, vermelha, laranja e amarela representam as classes menos adensadas, que juntas somam 71 classes industriais que importaram percentual superior a 30% de insumos e componentes comercializáveis. Vale recordar que o CIICC médio dos 15 países que possuem os maiores parques industriais do mundo foi de 31,2%. Assim, essas 71 classes importaram percentual de insumos e componentes no mínimo similar ou acima da média destes 15 países.
Ao se observar os setores manufatureiros segmentados pelas suas classes industriais, tem-se a aproximação do adensamento da cadeia produtiva daquele setor, pois, geralmente, tanto os fabricantes da ponta final de cadeia (por exemplo, montadoras de automóveis) quanto os de componentes principais (por exemplo, autopeças) fazem parte do mesmo setor de atividade. Assim, a visualização da figura abaixo é bastante elucidativa.
Em 2016, a maioria das classes industriais de baixa e média-baixa tecnologia registrou elevado grau de adensamento produtivo. Como estes ramos de menor intensidade tecnológica representam dois terços da produção industrial brasileira, pode-se afirmar que parcela expressiva do tecido industrial é adensada.
A maioria das classes industriais de baixa e média-baixa tecnologia possui cor branca ou cinza, o que significa que elas importaram percentual inferior a 20% dos insumos e componentes comercializáveis. Isso ocorre porque o Brasil possui oferta competitiva das principais matérias-primas de origem agropecuária e recursos naturais utilizadas por essa parcela da indústria. Também cabe mencionar que as classes de bebidas e dos minerais não-metálicos seriam adensadas impreterivelmente porque consomem insumos intermediários pouco comercializáveis a distâncias longas.
Entre as 162 classes de baixa e média-baixa tecnologia, apenas 15 estão entre as 71 mais fragilizadas pelas importações de insumos e componentes comercializáveis. Essas 15 classes representaram apenas 6,2% da produção industrial de menor intensidade tecnológica, em 2016. O setor de metalurgia possui o maior número de classes industriais entre as mais fragilizadas com 5; manutenção de máquinas e equipamentos, têxtil e alimentos possuem 2 classes cada; borracha e plástico, minerais não-metálicos, produtos de metal e impressão possuem apenas 1 classe cada; observe-se que os demais setores de baixa e média-baixa tecnologia não possuem nenhuma classe com CIICC superior a 30%.
Já a alta e média-alta tecnologia, que respondem por um terço do tecido industrial brasileiro, encontram-se num cenário bastante diferente. Das 96 classes de maior intensidade tecnológica, 56 estão entre as 71 classes industriais (isto é, 79%) que tiveram CIICC superior a 30%.
Essas 56 classes representam 72,9% produção industrial de alta e média-alta tecnologia e respondem por praticamente todas as classes de informática, eletrônicos e ópticos, da farmacêutica e dos outros equipamentos de transporte. Todos estes possuem CIICC superior a 30%, sendo os setores mais esgarçados da indústria brasileira. Os demais ramos da alta e média-alta tecnologia possuem entre 40% e 60% das classes industriais com CIICC superior a 30%. Tais valores evidenciam a baixa competitividade nas matérias-primas dos setores mais tecnológicos e evidenciam, ainda, um problema de dependência tecnológica.
A tabela abaixo traz informações adicionais para caracterizar melhor a figura anterior. Nela, as faixas mais adensadas encontram-se nas primeiras linhas. As duas mais adensadas reúnem 154 classes industriais (60% do total) e são responsáveis por 56% da produção industrial, 73% do pessoal ocupado ligado à produção, 58% das exportações totais de bens e apenas 24% das importações totais de bens típicos dessas classes industriais, gerando um grande saldo comercial. Dessa maneira, as classes industriais que importaram menos de 20% dos insumos e componentes comercializáveis constituem mais da metade da produção industrial brasileira e apresentam indicadores ainda melhores de geração de empregos, exportações e saldo comercial.
As últimas quatro faixas menos adensadas abrangem 71 classes industriais que importaram mais de 30% dos insumos e componentes comercializáveis. Elas são responsáveis por 28,4% da produção industrial e 16,3% do pessoal ocupado ligado à produção, ou seja, é um quartil de elevada produtividade do trabalho (produção por trabalhador).
Além disso, essas quatro faixas menos adensadas apresentam intensidade elevada tanto nas importações de insumos e componentes comercializáveis quanto no total de bens importados. Considerando o montante de insumos e componentes comercializáveis pela indústria de transformação, essas quatro faixas têm um peso de 32,9% do total. Entretanto, esta participação dobra, isto é, salta para 70,6% se considerarmos apenas os insumos e componentes comercializáveis importados. No caso das importações de todos os produtos da indústria de transformação, que incluem bens acabados, essas 71 classes corresponderam a 56,8% do total das importações.
Já as exportações de bens acabados dessas mesmas classes foram inferiores às importações de insumos e componentes comercializáveis utilizados no processo produtivo, gerando um déficit de R$ 28,7 bilhões em 2016. Isso ilustra uma dependência estrutural da economia brasileira por importações de insumos intermediários e, também, por bens finais de produtos típicos das 71 classes que apresentaram tecido produtivo menos adensado.
As próximas três figuras são semelhantes à estrutura da figura anterior. A área das formas da primeira delas corresponde às importações, em Reais (R$), de insumos e componentes comercializáveis realizadas pelas classes industriais. Já na segunda figura a seguir a área das formas indica as importações totais (produtos intermediários e finais), em R$, de bens da indústria de transformação. E por fim, na terceira figura, representam o pessoal ocupado ligado à produção industrial.
É possível perceber que a estrutura da produção industrial difere da estrutura de importação, seja de insumos intermediários consumidos diretamente no processo produtivo ou das importações totais. Ou seja, o Brasil apresenta um descasamento típico de países que possuem padrão de comércio inter-industrial, isto é, que produzem e comercializam bens de setores distintos. Vale ressaltar que países bem-sucedidos nas cadeias globais de valor possuem padrão predominantemente intraindustrial, em que a estrutura de produção e de comércio internacional são semelhantes.
Em 2016, no Brasil, a categoria de alta e média-alta tecnologia foi responsável por 33,3% da produção industrial, por 71,0% dos insumos e componentes comercializáveis importados consumidos no processo produtivo e 70,8% das importações totais de bens. Esses percentuais ilustram a elevada dependência estrutural da economia brasileira por importações de produtos de maior intensidade tecnológica.
Ao importar tais produtos, intermediários ou finais, além de perder oportunidades de desenvolvimento tecnológico e inovação, o Brasil deixa de gerar empregos qualificados que pagam salários elevados em território nacional, contribuindo, assim, para a pequena a fatia da categoria de maior intensidade tecnológica no pessoal ocupado na produção.
Em síntese, as classes industriais de baixa e média-baixa tecnologia são majoritárias em nossa estrutura industrial e encontram-se com grau de adensamento produtivo elevado. Entretanto, classes industriais mais intensivas em tecnologia são minoritárias e pouco adensadas. As importações brasileiras tanto de insumos intermediários como de bens finais concentram-se neste último grupo, assim como o déficit comercial.
Os piores casos
O gráfico abaixo exibe 66 classes industriais mais fragilizadas pela penetração em suas cadeias produtivas de importações de insumos intermediários comercializáveis, isto é, as classes que possuíram CIICC acima de 31,2%, referente à média da indústria de transformação dos 15 países manufatureiros líderes. Entre elas, os piores casos cabem aos setores de informática e eletrônicos, outros equipamentos de transporte, química e farmacêutica, todos setores de elevada intensidade tecnológica.
Entre as 66 classes industriais, 32 são classificadas como bens intermediários, 17 bens de capital, 11 bens de consumo durável, 5 bens de consumo não-duráveis e 1 sem classificação (correspondem ao setor de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos). Ou seja, bens intermediários compõem uma metade e bens finais a outra.
Geralmente, bens finais têm cadeias produtivas mais longas que bens intermediários e, por essa razão, quando as classes de bens finais importam elevado percentual de insumos e componentes, provavelmente são reduzidos (ou extintos) os fornecedores domésticos à montante da cadeia de produção. Então, do ponto de vista do adensamento produtivo, a situação é mais grave quando a classe industrial que possui CIICC elevado produz bens mais próximos da ponta final da cadeia produtiva.
No gráfico anterior, as cores das classes industriais correspondem aos setores manufatureiros. O setor de informática, eletrônicos e ópticos é o mais esgarçado. Das 11 classes do setor, dez estão presentes no gráfico, as quais representaram 99,9% da produção industrial do setor em 2016. Nove classes produzem bens finais (cinco de bens de consumo duráveis e quatro de bens de capital) e uma classe de bens intermediários, logo, o setor de informática, eletrônicos e ópticos possui cadeias produtivas longas, porém os encadeamentos são fracos devido ao CIICC elevado.
“Cronômetros e relógios” importaram 88,5% do total dos insumos e componentes comercializáveis, sendo a segunda classe mais esgarçada do tecido industrial brasileiro. Assim, a cadeia de suprimento doméstica é reduzidíssima. As classes “equipamentos e instrumento ópticos, fotográficos e cinematográficos”, “aparelhos telefônicos e de outros equipamentos de comunicação”, “aparelhos de recepção, reprodução, gravação e amplificação de áudio e vídeo” e “componentes eletrônicos” importaram mais de 75% dos insumos e componentes comercializáveis.
Do ponto de vista do grau da transformação industrial, dois terços do setor de informática, eletrônicos e ópticos operam praticamente como uma indústria maquiladora e o outro terço está bem próximo disso. O México, que possui uma indústria maquiladora relevante, importou 81,4% dos insumos e componentes comercializáveis neste setor.
O emprego do termo indústria maquiladora nesse contexto refere-se, contudo, apenas aos processos produtivos, em que predominam operações de montagem a partir de insumos e componentes importados e uso de mão de obra mais barata do que seria se houvesse maior transformação industrial. A diferença fundamental da indústria brasileira de informática, eletrônicos e ópticos em relação à maquila mexicana, por exemplo, é que exportamos pouco. Assim, as classes que apresentam as maiores lacunas estão mais para uma “maquila reversa” ou uma “maquila para dentro”.
A produção relevante de informática, eletrônicos e ópticos é regulada no âmbito da Lei de Informática e da Zona Franca de Manaus, as quais concedem vários benefícios fiscais e exigem como contrapartida o cumprimento de um processo produtivo básico (PPB) para cada produto fabricado e a aplicação de 5% do faturamento em P&D. Porém, nas condições vigentes, o PPB pode ser cumprido com operações fabris mínimas como soldagem, pintura, montagem, usinagem, colagem, grampeamento e integração de componentes. Essas tarefas agregam pouco valor em comparação com a fabricação dos componentes principais.
“Outros equipamentos de transporte” é o segundo setor mais desarticulado. Ele reúne a produção de aeronaves, embarcações navais, motocicletas e equipamentos ferroviários, os quais são essencialmente bens finais (bens de capital e bens de consumo duráveis). As oito classes presentes no gráfico anterior representaram 98,4% do VBPI do setor.
A classe “aeronaves” importou 95,7% de todos os insumos e componentes comercializáveis, sendo a classe mais oca da indústria brasileira. Neste caso específico, o Brasil possui uma empresa relevante, a Embraer, no segmento de aviação regional. Como são importados os componentes principais, praticamente toda a cadeia de fornecedores dos aviões encontra-se no exterior.
Neste caso, porém, a Embraer não pode ser considerada uma maquila porque lidera a sua cadeia produtiva ao desenhar os aviões, gerencia a cadeia de suprimento e comercializa suas aeronaves, tarefas que lhe possibilita capturar uma fatia do valor agregado maior do que seria no caso de uma maquila. Além disso, emprega mão de obra de elevada remuneração, já que a montagem de aeronaves envolve protocolos de segurança que exigem profissionais altíssima qualificação. Entretanto, ao importar os componentes principais, estimula nos fornecedores estrangeiros uma parte importante do desenvolvimento científico e tecnológico desta classe industrial.
A fabricação de motocicletas foi a segunda maior classe dos outros equipamentos de transporte em 2016. Esta classe importou 38,3% dos insumos e componentes comercializáveis. Por se tratar de um produto que o Brasil possui domínio tecnológico e grande mercado consumidor, essa situação é preocupante devido à perda de competitividade no preço dos insumos e componentes.
Com o renascimento da indústria naval no início dos anos 2000, a classe “construção de embarcações e estruturas flutuantes” é a terceira mais expressiva em valor bruto da produção industrial (VBPI). Ela importou 49,7% dos insumos e componentes comercializáveis, provavelmente aqueles mais tecnológicos das plataformas marítimas de petróleo e sondas de perfuração submarina.
Esses produtos passaram a ser parcialmente fabricados no país devido ao requerimento de conteúdo local exigido nos investimentos por parte das operadoras petrolíferas. No entanto, a legislação petrolífera permite que se importe parcela relevante dos componentes principais das embarcações.
A farmacêutica é o terceiro setor mais desarticulado pelas importações o que afeta todas as suas quatro classes. A principal delas, “medicamentos para uso humano”, representa 89,3% da produção industrial do setor e importou 61,5% dos insumos intermediários comercializáveis. O país importa, principalmente, o princípio ativo farmoquímicos e adjuvantes farmacotécnicos para a fabricação dos medicamentos por estratégia de suprimento das empresas que priorizam insumos mais elaborados ou que são patenteados e produzidos apenas no exterior.
O princípio ativo é o composto responsável pela ação ou efeito farmacológico do medicamento, sendo o resultado principal da pesquisa científica e tecnológica das empesas farmacêuticas. A indústria farmacêutica é estratégica para a segurança nacional em termos de saúde pública e tende a ficar mais relevante à medida que a população envelhece. Assim, a manutenção do CIICC elevado incorrerá em aumento persistente das importações.
O setor de químico é o quarto mais fragilizado pelas importações e possui 10 das 25 classes industriais representadas no gráfico anterior, que corresponderam a 62,3% da produção industrial do setor. Ele produz majoritariamente insumos intermediários para serem consumidos pelos demais setores, especialmente a própria indústria de transformação, agricultura, construção civil e saneamento básico.
As classes “defensivos agrícolas”, “adubos e fertilizantes”, e “intermediários para fertilizantes” importaram, respectivamente, 70,6%, 69,3% e 54,4% do total dos insumos e componentes comercializáveis e juntas representam cerca de um terço da produção química. Apenas a cadeia produtiva de fertilizantes representa um quinto da produção química nacional.
O país tem uma dependência externa elevada dos fertilizantes potássicos, nitrogenados e fosfatados. Como o uso de fertilizantes químicos foi vital à elevação da produtividade agrícola brasileira desde 1990 e a agricultura doméstica tem contribuído sobremaneira para fechar o balanço de pagamentos, melhorar a oferta doméstica de fertilizantes garantirá um futuro sustentável à produção agrícola e contribuirá para evitar restrições de divisas estrangeiras.
Os demais setores de alta e média-alta tecnologia – máquinas e equipamentos, indústria automobilística e equipamentos e materiais elétricos – apresentaram grau de adensamento moderado. Poucas classes estão muito fragilizadas pelas importações de insumos e componentes. No geral, esses setores possuem cadeias produtivas longas pois os produtos são bens finais compostos de muitas partes, peças e componentes.
Nesse sentido, é importante lembrar que o CIICC capta apenas as importações diretas, ou seja, não captando importações com matérias-primas, partes e peças embutidas nos insumos e componentes fabricados no Brasil, conforme ilustrado pela figura a seguir. Por isso, o percentual importado de insumos e componentes comercializáveis é ainda subestimado.
Nota-se que os setores com menor grau de adensamento produtivo são extremamente relevantes para o desenvolvimento tecnológico mundial. As indústrias de alta e média-alta tecnologia fazem cerca de dois terços dos investimentos empresariais mundiais em pesquisa e desenvolvimento (P&D).
Os três setores que possuem o tecido industrial mais esgarçado no Brasil fizeram cerca de metade dos investimentos em P&D do planeta nos últimos anos segundo estudos internacionais. Apenas o setor de informática, eletrônicos e ópticos investiu 20% do P&D mundial. Este setor nucleou a 3ª Revolução Industrial e é base da 4ª Revolução em curso juntamente com serviços de informação. Porém, o Brasil aproveita pouco desse dinamismo tecnológico e potencial inovador ao importar praticamente todos os componentes tecnológicos.
Assim, da perspectiva tecnológica, o baixo grau do adensamento produtivo tem consequências ruins para o sistema nacional de inovação, sendo a principal delas o baixo investimento em P&D realizado pelas empresas brasileiras comparativamente aos países líderes. As empresas instaladas no Brasil investem pouco em tecnologia porque importam os principais insumos e componentes tecnológicos dos fornecedores estrangeiros. Atualmente, os maiores montantes de investimentos em tecnologia são conduzidos justamente pelos fornecedores de insumos e componentes principais.
Da mesma forma, também há consequências ruins para o emprego de mão de obra qualificada e bem remunerada, seja nos laboratórios empresariais de pesquisas científicas e tecnológicas, seja no próprio chão de fábrica ao exigir dos trabalhadores tarefas mais simples e de menor habilidade cognitiva.
Outra implicação negativa do menor grau de adensamento produtivo refere-se às ligações intersetoriais. Os setores de alta e média-alta tecnologia tendem a ter multiplicadores de produção acima da média da indústria devido às suas longas cadeias de produção, com exceção da farmacêutica. No entanto, no Brasil os multiplicadores de produção de todos os setores de alta e média-alta encontram-se abaixo da indústria de transformação – que obteve multiplicador de 2,15 conforme a última matriz de insumo-produto do IBGE para 2015 –; apenas o multiplicador da automobilística se aproxima deste valor.
Em resumo, as empresas brasileiras de várias classes industriais, sobretudo de elevada intensidade tecnológica, importaram um percentual de moderado a elevado de insumos intermediários comercializáveis. Dessa maneira, as cadeias produtivas que produzem produtos mais elaborados encontram-se rarefeitas e com encadeamentos intersetoriais fracos. Isso é preocupante tendo em vista que essas indústrias contribuem sobremaneira para o desenvolvimento tecnológico, empregam mão de obra qualificada, pagam salários elevados e tendem a crescer mais rápido devido à maior elasticidade-renda da demanda e maior dinamismo no comércio internacional.
O que explica as importações brasileiras?
Os países comercializam principalmente devido à elevada divisão internacional do trabalho, que torna vantajoso produzir alguns produtos e importar outros. É importante destacar que as importações são indispensáveis à produção de qualquer país, pois nenhum deles é plenamente autossuficiente. No caso específico brasileiro, as importações também podem ser explicadas por quatro motivos principais.
O primeiro refere-se as importações não-competitivas, isto é, são produtos que o país importa há várias décadas devido à escassez de recursos naturais, matérias-primas ou ao clima pouco favorável à produção no Brasil. Alguns exemplos são o trigo, alguns metais preciosos, petróleo leve, fertilizantes potássicos e enxofre.
O segundo refere-se as importações de produtos que o Brasil não tem escala, pois são muito específicos e há poucos produtores mundiais. Por exemplo, algumas especialidades químicas (aditivos), plástico de engenharia (como o ABS para peças técnicas automotivas), alguns aços especiais e o ácido polilático – este último é um polímero de origem renovável e biodegradável.
O terceiro deve-se a perda de competitividade em preço pela manufatura brasileira. Isso ocorre por três fatores principais: (i) longos períodos de apreciação da moeda brasileira desde o lançamento do Real, fato que reduz o preço dos produtos importados relativamente ao produto nacional; (ii) fatores que encarecem o custo de produção no Brasil como a taxa de juros elevada, sobretudo para capital de giro; elevada complexidade tributária; infraestrutura deficiente em termos de conexão intermodal, manutenção e cobertura; e alta burocracia em várias áreas do ambiente de negócio; e (iii) aumento da competitividade, num ritmo superior à brasileira, nos países mais relevantes no comércio internacional, sobretudo os asiáticos.
O quarto é a notável perda de competitividade tecnológica decorrente do baixo investimento em tecnologia e inovação. As empresas manufatureiras investem pouco em P&D e não há sinais de mudança: em 1980, a indústria de transformação investiu apenas 0,5% do faturamento em P&D e atualmente investe 0,7%. Para comparação, as empresas manufatureiras dos países avançados líderes investem cerca de 3% do faturamento.
Há que se frisar que o país nunca produziu – e nem há sinais de que vá produzir – alguns dos principais insumos intermediários tecnológicos de produtos ícones da alta tecnologia, tais como princípio ativo de diversos medicamentos, turbinas dos aviões e microchip de computadores e celulares inteligentes. Atualmente, há uma lista imensa – na escala de milhares – de produtos com ex-tarifários, isto é, produtos que possuem tarifa de importação zero porque não existe produção similar nacional. A maioria destes produtos são tecnológicos relacionados a bens de capital e bens de informática.
Contribui para este quarto e último ponto o fato de o Brasil não ter tido uma política industrial inteligente focada na inovação tecnológica no período da industrialização, e após a década de 1980, por não ter tido política industrial de transformação estrutural nos moldes dos países que lideraram a Terceira Revolução Industrial e estão à frente da Indústria 4.0.
Os dois últimos pontos são mais graves, sobretudo o último, pois a Quarta Revolução Industrial está em pleno curso. Assim, sempre que a fronteira tecnológica se expande – ou em outras palavras, se distancia mais ainda mais do Brasil – as importações brasileiras aumentam para suprir a nova demanda das empresas e dos consumidores por insumos intermediários mais avançados e produtos inovadores.
Do final do ano passado até abril, a indústria eletroeletrônica ampliou em 5, 2 mil pessoas o seu quadro de trabalhadores, de 231,2 mil para atuais 237,4 mil funcionários diretos, informa a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abnee).
Diante da situação desoladora da economia, que desemprega em todo o País um exército superior a 13 milhões de trabalhadores, isoladamente os registros de 5,2 mil pessoas, bem como a abertura total de 129,6 mil postos de trabalhos com carteiras assinadas, como ocorreu em abril, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), pode parecer pouco.
Mas em abril, a indústria elétrica e eletrônica completou o quarto mês consecutivo de abertura de empregos formais. Só naquele mês, 575 pessoas deixaram as filas do desemprego e passaram para dentro das fábrica de componentes e equipamentos elétricos ou eletrônicos.
Presidente da Abniee, Humberto Barbato, reconhece que, apesar da melhora do emprego no setor, as contratações estão ainda muito abaixo do ideal. Tanto que o contingente de empregados pela indústria elétrica e eletrônica em abril deste ano estava abaixo dos 238,3 mil trabalhadores fichados no mesmo mês do ano passado.
A questão é que as contratações estão ocorrendo de acordo com a retomada bastante lenta da economia, entremeada por períodos de ligeiras altas e baixas, como ocorreu no primeiro trimestre em que o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 0,20%.
“Tivemos uma queda muito abrupta no final do ano passado e as empresas estão recuperando a sua força de trabalho”, diz o presidente da Barbato. Para ele, a continuidade no número de contratações depende de uma melhor previsibilidade da economia a partir da adoção de medidas por parte do governo.
A pergunta que te faço hoje para reflexão é: como gerir pessoas em tempos de extremas incertezas e mudanças rápidas? Pessoas e processos sempre foram o centro de tudo nas empresas, certo? Bem, essa lógica começa a ser alterada com a chegada da Indústria 4.0, considerada a grande revolução dos dados. Sabe o que significa? A internet está revolucionando o planeta, a forma de comunicação, o acesso à informação e a forma de consumo.
Depois da Revolução Industrial, a Indústria 4.0 é a era dos dados que está transformando novamente a maneira como o mundo funciona, com a automação dos processos. É o advento das máquinas inteligentes, da análise computacional avançada de dados e do trabalho colaborativo entre pessoas conectadas para gerar profundas mudanças e trazer maior eficiência operacional para setores industriais. Você já está entendendo onde quero chegar? E o que isso vai alterar na lógica da gestão de pessoas nas organizações?
Muitas profissões já estão deixando de existir. O setor bancário é um que já está sentindo na pele esses efeitos. Já percebeu que as agências bancárias estão se tornando digitais? Que os robôs, assistentes virtuais, estão tomando o lugar dos gerentes bancários? No dia a dia não percebemos, mas esse é apenas um dos exemplos. Em 2017, a startup brasileira, Tikal Tech, criou o primeiro robô assistente de advogado do Brasil. O robô Eli usa inteligência artificial para acelerar o andamento de processos, analisar dados e produzir pareceres jurídicos. Não é algo que vai acontecer. Já aconteceu.
A questão é que as startups respondem mais rapidamente a essas mudanças, pois já nascem com esse DNA empreendedor e digital. As estruturas internas já nascem enxutas, menos hierárquicas e burocráticas. As respostas ao mercado conseguem ser mais rápidas e a estratégia é compartilhada por todos. As organizações tradicionais que não se adequarem a esse novo modelo vão morrer. Isso é fato. E o RH Estratégico tem um papel fundamental nesse processo. Existem quatro pontos importantes para a gestão estratégica de pessoas acontecer:
1- Alinhamento de todos os setores da empresa com a estratégia;
2 - Necessidade de as políticas estarem alinhadas com a cultura da organização;
3- Atitudes e comportamentos dos gestores alinhados à cultura;
4 - Alinhamento dos colaboradores ao negócio.
De acordo com a Endeavor, a gestão de pessoas é apontada por 28% dos empresários como o principal desafio do negócio. Dessa forma, ser estratégico em gestão de pessoas nas organizações deixou de ser uma opção para ser uma condição de sobrevivência. E isso as startups sabem fazer muito bem.
O relatório Creating People Advantage, da Boston Consulting Group, que entrevistou 3,5 mil profissionais de recursos humanos em várias partes do mundo, mostrou que uma empresa que implementa essas diretrizes tem resultados financeiros duas vezes maior do que uma empresa que não possui uma gestão de pessoas. A gestão do RH precisa dialogar com o modelo de negócio em que está inserido. Além disso, precisa estar atualizado sobre tecnologias e saber se comunicar com os colaboradores de maneira eficaz.
Como as startups fazem isso? Elas possuem uma cultura tão forte e atraente que os colaboradores se tornam “evangelistas”. Elas “compram” o propósito dessas empresas. Os processos são mais humanizados e com metas claras. Com isso, elas geram mais valor, produtividade, motivação e resultados superiores. Consequentemente, uma empresa que gerencia pessoas de forma estratégica é mais criativa e mais inovadora, porque coloca os colaboradores no centro do processo. Eles são os principais agentes da inovação.
E, por fim, como vamos nos diferenciar das máquinas? Hoje o que importa não são pessoas técnicas, mas sujeitos prontos para resolução de problemas de forma rápida. Estamos vivendo a era da chamadas soft skills (ou traduzindo, habilidades leves). O que vai nos diferenciar são nossas habilidades cognitivas, ou seja, competências comportamentais. São elas: o poder de liderança, a empatia, a criatividade, a habilidade de solucionar problemas, a resiliência, a adaptabilidade e o controle emocional. Uma pesquisa do Capgemini's Digital Transformation Institute de 2017, apontou que 60% das empresas estão em uma crise de soft skills entre seus funcionários. Ou seja, a pergunta que fica é: como vamos preparar essa mão de obra para o futuro?"
O governo Jair Bolsonaro definiu a lista de oito políticas públicas bancadas com subsídios que vão passar por uma avaliação de eficiência neste ano. O pente-fino vai atingir desde a Zona Franca de Manaus (ZFM), um dos programas de incentivo fiscal mais caros do país, até o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado, destinado aos pequenos empreendedores.
Esses oitos programas que serão avaliados custaram R$ 68,9 bilhões no ano passado, dinheiro bancado pela União ou diretamente do bolso dos contribuintes.
O pente-fino será feito pelo Comitê de Monitoramento e Avaliação de Subsídios da União (CMAS), criado no fim de 2018 e atualmente vinculado ao Ministério da Economia. Será realizada uma análise detalhada da motivação para criação e manutenção dessas políticas públicas e dos seus resultados efetivos para a economia e a população.
A avaliação vai ocorrer ao longo deste ano e até o fim de dezembro o comitê vai emitir os seus pareceres. Os relatórios do comitê poderão sugerir o aperfeiçoamento das políticas públicas ou, até mesmo, a extinção.
A decisão sobre o que será feito com cada política caberá aos ministros Paulo Guedes (Economia), Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Wagner Rosário (CGU), que formam o Comitê Interministerial de Governança (CIG).
É a primeira vez que o comitê vai fazer uma avaliação dos impactos fiscais e econômicos de políticas públicas financiadas por subsídios. Até novembro do ano passado, esse comitê não existia. O comitê é formado por secretários do ministério da Economia, da Casa Civil e da CGU.
O Tribunal de Contas da União (TCU) já emitiu relatórios reclamando da falta de controle da máquina pública sobre os subsídios. Segundo o tribunal, do total de gastos tributários previstos para 2018, 85% foram concedidos por prazo indeterminado e 44% não tinham órgão gestor responsável pela fiscalização.
Governo quer reduzir renúncias fiscais em 0,5% do PIB
A promessa do ministro Paulo Guedes é reduzir os subsídios existentes ao longo do mandato do governo Bolsonaro. O Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), encaminhado em abril pelo governo ao Congresso, prevê que as renúncias fiscais sejam reduzidas em 0,5% do PIB ao ano até 2022, fim de mandato deste governo. A equipe econômica deve detalhar o plano de redução dessas renúncias em agosto.
Em 2018, o governo deixou de arrecadar R$ 283,4 bilhões com renúncias fiscais, o que inclui os programas financiados via subsídios. Isso equivalente a 3,97% do PIB e 20,7% da arrecadação. Para este ano, a previsão é que a renúncia chegue a R$ 306,4 bilhões, ou seja, 4,12% do PIB e 19,57% da arrecadação prevista. Os dados são da Receita Federal.
Dos oito programas que entraram na mira do governo neste ano, o mais custoso aos cofres públicos é a Zona Franca de Manaus (ZFM). No ano passado, o custo foi de R$ 25,1 bilhões, segundo dados do Ministério da Economia. É a segunda renúncia fiscal mais cara dentre todas, só perdendo para o Simples Nacional, que não entrou no pente-fino deste ano.
A ZFM é uma área de livre comércio criada na década de 1960 para incentivar o desenvolvimento industrial de Manaus. As empresas lá instaladas têm uma série de benefícios, como isenção ou pagamento de menos impostos e créditos fiscais para usar ao longo da cadeia produtiva.
O custo-benefício da ZFM é alvo de debates há anos. Há especialistas e estudos que apontam que não compensa porque: 1) ela está instalada em uma região distante dos consumidores, o que eleva o custo do transporte, que acaba sendo repassado ao preço; 2) ela desincentiva a exportação, já que as empresas lá instaladas só recebem os benefícios vendendo para o mercado interno; e 3) como as empresas só atendem ao mercado interno e pagam menos impostos, pouco se preocupam com concorrentes externos e, com isso, tende a ter menos produtividade.
Outra frente de especialistas e estudos diz que a manutenção da Zona Franca de Manaus é necessária para o desenvolvimento da região. Segundo estudo do professor de economia da Fundação Getulio Vargas Márcio Holland, a renda per capita da região, sem a zona franca, seria metade do que ela é hoje.
De acordo com o especialista, o desemprego gerado com o fim da política poderia atingir 500 mil pessoas (entre empregos diretos e indiretos), e que a tendência seria que essas pessoas procurassem outras formas de renda, como a extração ilegal na região, o que era bastante comum antes da instalação da área de livre comércio em Manaus.
2. Conta de Desenvolvimento Energético
O segundo programa mais custoso da lista de pente-fino do governo é a chamada Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), criada em 2002. Trata-se de um fundo usado para o desenvolvimento do setor elétrico, como a universalização, e também para bancar outros subsídios, como a tarifa social para famílias de baixa renda.
O dinheiro recolhido para esse fundo, em quase toda a sua totalidade, vem de uma taxa embutida na conta de luz. Ou seja, paga pelos consumidores. Uma parcela pequena é bancada com recursos da União e multa impostas pela Aneel às empresas.
No ano passado, a CDE custou R$ 20,1 bilhões, sendo que R$ 19,2 bilhões foram arcados por meio da taxa embutida na conta de luz. Para este ano, o orçamento previsto para a CDE é de R$ 20,2 bilhões.
A grande crítica à Conta de Desenvolvimento Energético é que ela encarece a tarifa de energia, repassando a todos os consumidores os custos de políticas públicas que são bancadas pelo fundo, entre elas a tarifa social para famílias de baixa renda e o desconto na conta de energia de quem faz irrigação.
3. Lei da Informática
Uma política pública que também é bastante custosa dentre as oito que serão avaliadas é a Lei da Informática, criada em 2001. Ela custou R$ 5,8 bilhões em 2018, dinheiro bancado com subsídios da União.
O objetivo dessa lei é desenvolver a indústria nacional de informática, concedendo benefícios tributários ao setor, principalmente a redução do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI). Em contrapartida, as empresas devem investir em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Em 2016, 511 empresas eram beneficiadas com essa lei.
A Organização Mundial do Comércio (OMC) condenou parcialmente essa política pública, por considerar que ela gera concorrência desleal com os produtos estrangeiros. A OMC pediu mudanças por ser contra, no caso da Lei da informática, da vinculação do subsídio a tributos indiretos, como IPI e Pis/Cofins.
O governo Bolsonaro já está estudando uma reformulação da Lei da Informática para atender às exigências da OMC.
4. Os outros subsídios que vão passar pelo pente-fino
As demais políticas públicas que entraram na lista de avaliação do governo são o Fies, de financiamento estudantil; o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) e Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), ambos destinados ao agronegócio; o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado, destinado aos microempreendedores; o Programa de Geração de Emprego e Renda; e a Certificação de Entidades Beneficentes da Assistência Social, que ficam imunes e isentas de pagar impostos.
Novatas no mercado absorvem perdas para fidelizar clientes e ganhar com outras operações
Conta bancária sem tarifa, transferências ilimitadas, cartão de crédito sem anuidade. A lista de serviços sem nenhum custo cresce nas novas instituições financeiras, que, com isso, querem lutar pelo sexto lugar no ranking dos maiores bancos do país em número de clientes.
O posto é atualmente ocupado pelo gaúcho Banrisul, com 2,7 milhões de correntistas. Já o quinto lugar, bem mais distante, é do Santander, que tem ao redor de 11 milhões de clientes com conta bancária.
Na semana passada, o BTG Pactual anunciou que planeja prestar serviços bancários completos no varejo, assim como o Pan, do qual o banco é sócio, também deve entrar no mercado até o fim do ano.
Na mesma linha, o C6, formado por ex-executivos do BTG, começou a enviar os primeiros convites para clientes que desejam usar os serviços ainda na fase de testes.
Em comum, as instituições só oferecem atendimento digital. A conta é aberta e movimentada pelo app para celular.
O dinheiro pode ser sacado nos caixas 24 Horas, enquanto depósitos na conta são por transferência ou pagamento de um boleto —estratégia para evitar que clientes tenham de pagar cerca de R$ 10 por uma TED para tirar o dinheiro de um grande banco.
Oferecer serviços 100% gratuitos tem um custo para os novatos. Sem um acordo com a Tecban (a empresa dona da rede 24 Horas e controlada pelos grandes bancos), é preciso que a operação passe pela bandeira do cartão, a um preço maior. Supera os R$ 6, o dobro do cobrado pelos grandes bancos.
Tudo indica que seja a única tarifa que, quando cobrada pelos bancos digitais, saia mais caro que nos bancos grandes. Na prática, os novatos absorvem o prejuízo para fidelizar clientes e ganhar com outras operações.
O resto dos custos é sempre superior nos grandes. Manutenção de conta sem tarifa? Apenas no pacote de serviços essenciais, obrigação imposta pelo Banco Central e com uso sem tarifas adicionais limitado. Transferências para outras instituições, mesmo pelo aplicativo, saem ao redor de R$ 10.
Os cartões sem anuidade começaram a aparecer, mas vinculados a um valor mínimo de gastos por mês.
O problema dos novatos é, em alguns casos, a limitação da oferta de serviços, o que exige comparação para saber se a nova instituição atenderá plenamente às necessidades do cliente (veja quadro).
A Nuconta, do Nubank, tem 5 milhões de clientes, mas 900 mil receberam o cartão de débito. Não entra tecnicamente no ranking de maiores bancos porque é uma instituição sob outra regulação, simplificada e que limita a operação.
O investimento é um só: por ser uma conta de pagamento (e não uma conta-corrente), todo o dinheiro dos clientes fica depositado no BC, que paga à instituição a taxa Selic (atualmente em 6,50% ao ano).
O Nubank divide o ganho com os clientes, paga 100% do CDI sobre o dinheiro que fica parado na conta. O CDI, atualmente em 6,34%, é sempre um pouco menor que a Selic, o que significa que a instituição fica com a diferença de taxas.
Para Bruno Magrani, diretor de Relações Institucionais, o Nubank tem incorporado serviços de acordo com a demanda. Além da conta e do cartão de crédito (com 8,5 milhões de usuários), oferece o programa de recompensas e começa a testar empréstimo pessoal.
No caso do Banco Inter, com 2,2 milhões de clientes, as lacunas mais evidentes são o programa de recompensas para o cartão de crédito e o cheque especial. Priscila Salles, diretora de marketing, diz que a demanda é tímida, o que adia a implantação do serviço.
Já a portabilidade de salário é prioridade entre os novatos: é o melhor jeito de manter o novo cliente depois que ele abriu a conta.
Bancos Digitais
Como abro a minha conta?
Pelo app da instituição financeira escolhida, instalado no celular
Como coloco meu dinheiro na conta?
Fazendo uma transferência de outra instituição ou gerando um boleto e efetuando o pagamento dele. Nesse caso, o dinheiro pode levar dois dias úteis para cair na conta
Como saco dinheiro de uma conta digital?
Quando há cartão de movimentação da conta, em caixas eletrônicos da rede 24 Horas e Saque e Pague. Quando não há, é preciso transferir o dinheiro para outra instituição e então sacar
Tem cartão de débito?
A maior parte tem
Posso receber depósito em dinheiro ou cheque?
Apenas no Next, que usa os caixas do Bradesco
Posso ter talão de cheque?
Não
Posso pedir portabilidade para receber meu salário direito na conta digital?
Em quase todas as contas
Posso transferir dinheiro de um grande banco para minha conta digital?
Algumas contas digitais só recebem transferências do tipo TED, entre as 6h30 e as 17h de dias úteis. Nos demais horários, é preciso agendar
E mandar dinheiro para um grande banco?
Sim. Na maioria sem custo
Posso pagar boletos e contas?
Sim. Mesmo as contas atrasadas
Posso colocar minhas contas em débito automático?
A opção é restrita, porque depende de convênios
Tem agência e gerente?
Não
E se eu tiver um problema, com quem eu falo?
Com um atendente por chat ou ligar na central de atendimento
Mudança no Código Civil detalha caso em que empresário pode ser cobrado
A MP (medida provisória) da Liberdade Econômica restringe a possibilidade de que sócios de uma empresa que quebra arquem com dívidas de suas companhias, entre elas trabalhistas.
A autorização para cobranças do tipo vinha em crescimento na Justiça.
Dados do TST (Tribunal Superior do Trabalho) apontam aumento de 528% nas decisões favoráveis à adoção do expediente nos recursos que chegaram à corte.
Entre 2015 e 2018, no mesmo tribunal houve um crescimento de mais de quatro vezes nesse número —naquele ano, apenas 81 recursos foram totalmente aceitos.
O presidente Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes durante assinatura da MP da Liberdade Econômica, no Palácio do Planalto
No ano passado, 509 desses pedidos foram julgados como totalmente procedentes. Em 2017, foram 281.
De um lado, a medida editada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) em 30 de abril é vista como um estímulo ao empreendedorismo e uma ferramenta que diminui o ônus sobre o empresário que não deu certo e, muitas vezes, o impede de começar novamente.
Por outro, delimita os casos nos quais funcionários não consigam receber verbas indenizatórias que tenham direito no fechamento da empresa.
Em seu texto, a medida provisória modifica o artigo 50 do Código Civil e diz que a cobrança aos sócios, o que é conhecido no direito como desconsideração da personalidade jurídica, pode ocorrer quando há desvio de finalidade da empresa ou confusão patrimonial entre ela e seus sócios.
Sua principal novidade é definir o desvio de finalidade como o uso doloso da empresa para lesar credores e a confusão patrimonial como o uso de recursos da sociedade para pagamento de obrigações dos sócios.
Geanluca Lorenzon, diretor na Secretaria Especial de Desburocratização no Ministério da Economia, diz que o novo texto ajusta a legislação ao que vinha se tornando jurisprudência no TST e à interpretação dada pela Receita Federal em caso de dívidas tributárias.
Segundo Lorenzon, a mudança na lei torna as regras mais claras, pois tribunais inferiores ainda davam decisões com interpretações da lei muito variadas sobre o tema.
De acordo com ele, a insegurança sobre a antiga interpretação da lei prejudicaria, principalmente, pessoas e empresas com menos acesso às cortes superiores, onde a interpretação sobre o tema estaria mais consolidada.
Lorenzon diz também que a insolvência da empresa por uma questão natural de mercado não deve ser motivo para responsabilizar o patrimônio financeiro dos sócios. Por isso, empresas carregam o termo “limitada” em seus nomes, afirma.
Renato Scardoa, sócio do Franco Advogados, diz acreditar que a lei é positiva, por estabelecer critérios mais objetivos para a responsabilização de empresários e também restringe a ela os que se beneficiaram com a fraude.
Sobre o risco de trabalhadores não receberem pagamentos devidos, ele afirma que sindicatos devem tomar um papel mais ativo no acompanhamento de empresas em dificuldades financeiras, abrindo negociações que evitem prejuízos ao trabalhador antes de a empresa quebrar.
“O problema identificado no início é mais fácil de resolver”, afirma Scardoa.
A advogada Fabiana Fagundes, sócia do escritório BMA, diz que a falta de critérios claros para a definição de situações passíveis de cobrança aos sócios antes da MP levava a uma adoção indiscriminada do expediente pela Justiça e a uma situação de insegurança para os empresários.
“No Brasil, o fracasso é punido”, diz Fagundes.
“O empreendedor fica com nome sujo, tem seus bens penhorados por causa de ações trabalhistas, enquanto no mundo inteiro existe um princípio da separação patrimonial entre pessoa física e pessoa jurídica”, afirma a advogada.
Guilherme Feliciano, presidente da Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho), afirma considerar que, apesar do dispositivo trazido pela MP, a cobrança aos sócios continuará possível em uma quantidade maior de casos.
Isso porque, em sua interpretação da lei, discussões sobre relações de trabalho, quando tratam de algo que não está especificado na lei trabalhista —em sua maioria na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho)—, devem ser regidas pelo CDC (Código de Defesa do Consumidor).
De acordo com Feliciano, o CDC trata de uma relação de poder assimétrica —empresa e consumidor—, assim como a relação entre empresa e trabalhador.
Ele explica que o artigo 28 do CDC aponta como passíveis de desconsideração da personalidade jurídica situações em que a parte mais fraca na relação é prejudicada por falência ou insolvência da empresa.
Ricardo Calcini, professor de direito do trabalho na FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), concorda que a cobrança aos sócios continuará sendo requerida tendo como base o CDC, mas diz acreditar que a sua aplicação é mais restrita do que o Código Civil e, por isso, a nova lei pode dificultar o êxito.
Na sua avaliação, o CDC só se aplica no final do processo, quando todos os recursos foram julgados e a dívida da empresa, reconhecida.
Já as cobranças com base nas previsões do Código Civil podem ser feitas ao longo da tramitação do processo, e, agora, ficaram mais restritas, avalia Calcini.
“Para o empresário, há uma segurança jurídica maior. Por outro lado, para o trabalhador, é exatamente o contrário, cria uma dificuldade maior para buscar a responsabilização patrimonial deles”, diz o professor.
A maior proteção dada aos empresários esbarra no fato de que muitos deles misturam o patrimônio pessoal com o da empresa, por falta de controle financeiro ou desconhecimento das práticas adequadas de gestão.
Scardoa, do Franco Advogados, diz acreditar que a nova lei irá incentivar empresários a se adequar.
“O juiz desconsiderar a pessoa jurídica e cobrar o sócio tinha virado algo tão comum que fazia pouca diferença fazer a coisa correta”, afirma.
A MP precisa ser convertida em lei pelo Congresso Nacional em até 120 dias.
No início deste ano, a Atento, empresa de telemarketing e a maior empregadora privada do País, ofereceu 1,2 mil vagas no Mutirão do Emprego, promovido pelo Sindicato dos Comerciários de São Paulo. Com 600 interessados, só conseguiu contratar 7 operadores de telemarketing – menos de 1% do que precisava. No mesmo evento, o Grupo Pão de Açúcar abriu 2 mil postos, aprovou 700 candidatos, mas, até agora, apenas 32 estão trabalhando, segundo os organizadores do evento.
Diante da estagnação da economia, do desemprego em alta e do avanço da tecnologia, os casos acima são um retrato nítido da dificuldade que o trabalhador sem qualificação tem enfrentado para voltar ao mercado. Nos últimos dois anos, 60% das 11,8 mil vagas ofertadas nos mutirões do emprego, que reuniram grandes empresas, não foram preenchidas. Dificuldade de se expressar, de fazer contas, falta de conhecimentos básicos em informática e inglês e poucos anos de estudo são obstáculos às contratações.
De acordo com o presidente do Sindicato e da União Geral do Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, no último mutirão foram ofertadas cerca de 2 mil vagas para caixa de supermercado, com salário perto de R$ 1.100. Metade delas ficou em aberto por falta de qualificação dos candidatos. Operador de caixa e de telemarketing são geralmente a porta de entrada para o mercado de trabalho, especialmente para os mais jovens.
Segundo empresas de recrutamento, a recolocação tende a ser mais difícil para quem tem até o ensino fundamental, menos de 20 e mais de 45 anos e está há mais de um ano fora do mercado. Entre os 13,4 milhões de desempregados no primeiro trimestre deste ano, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), 635 mil são considerados de difícil recolocação pelos recrutadores, nas contas do economista Cosmo Donato, da LCA. É o dobro do registrado no mesmo período de 2014, antes da recessão.
O abismo entre a qualidade da mão de obra desempregada e o que as empresas procuram não deve se resolver nem mesmo com a retomada da economia, prevê o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fabio Bentes. Ele estima que dois, em cada dez desocupados, devem ficar fora do mercado na próxima década por falta de qualificação. Isso significa que a massa de trabalhadores sem chances de se recolocar pode saltar dos atuais 635 mil para 1,4 milhão, em dez anos.
De acordo com as estimativas de Bentes, se a economia crescer em média 2,5% ao ano até 2030, a procura por trabalhadores não deve ser suficiente para recuperar os 8,8 milhões de empregos destruídos pela maior recessão da história. As projeções foram feitas, a pedido do Estado, levando em conta dados da Pnad e projeções do Boletim Focus do Banco Central.
“Não vai ter (crescimento do) PIB suficiente para incorporar essa massa de desempregados com baixa qualificação”, afirma. Em 2014, antes da recessão, o mercado de trabalho estava tão aquecido que até profissionais com pouca qualificação eram facilmente absorvidos. Na crise, o quadro se inverteu.
Para Hélio Zylberstajn, professor sênior da FEA/USP e coordenador do projeto Salariômetro da Fipe, os trabalhadores sem preparo podem ter destino diferente, dependendo de qual área leve adiante a retomada da economia. “Essa proporção de dois em cada dez poderá ser menor se o modelo for puxado pelo investimento em infraestrutura, que incorpora trabalhadores na construção civil de baixa qualificação”, diz.
Treinamento
A conhecida baixa produtividade do trabalhador brasileiro só vai ser resolvida, segundo Bentes, da CNC, com treinamento, o que depende de investimentos. No setor público, diante da pressão por cortes e contingenciamento de gastos, será difícil que o orçamento cresça nos próximos anos na velocidade necessária para suprir essa necessidade de qualificação dos trabalhadores. Por iniciativa própria, só uma parcela muito pequena deles consegue bancar os estudos. “A maioria vende o almoço para comprar o jantar”, afirma.
Segundo o economista, a iniciativa privada é a ponte principal para melhorar a produtividade. Ele adverte, no entanto, que existe um risco de o trabalhador desqualificado ser substituído por uma máquina. “Quando a economia voltar a crescer e o investimento retornar, o empresário vai se perguntar se faz sentido contratar, por exemplo, um caixa de supermercado com baixa produtividade ou se é mais barato comprar uma caixa registradora automática que faça esse serviço a um custo menor e sem encargos trabalhistas”, afirma.
Tecnologia deixa empregador mais seletivo na hora de contratar
Foi-se o tempo que máquina registradora do supermercado fazia só as quatro operações matemáticas. Hoje, na prática, ela é um computador que tem conexão direta com cerca de 40 mil itens do estoque e é capaz de determinar, ao fim do dia, quanto foi vendido de cada produto. “O operador de caixa tem de ter 2.º grau e conhecimentos básicos de informática. A exigência é grande para uma remuneração na faixa de R$ 1,1 mil”, diz o presidente do Sindicato dos Comerciários e da União Geral dos Trabalhadores, Ricardo Patah.
De fato, com a grande oferta de mão de obra e a evolução tecnológica, as exigências das empresas na hora de contratar têm aumentado. Nos últimos 12 meses até março, 12% dos contratados para a função de vendedor de loja estavam cursando faculdade ou tinha já concluído o curso superior e 76% tinham ensino médio completo, aponta levantamento feito com base nas informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados pelo professor sênior da FEA-USP Hélio Zylberstajn. O quadro se repete para balconista de farmácia, outra ocupação que, teoricamente, não exigiria tanta qualificação, já que o salário médio é de R$ 1,3 mil.
Nesse caso, 83,2% dos admitidos nos últimos 12 meses até março têm ensino médio completo e quase 10% estão cursando ou concluíram a universidade.
Deslocamento
“Quem tem pouca escolaridade neste momento está tendo muita dificuldade de encontrar emprego porque parte das vagas que poderia ocupar está sendo preenchida por pessoas que têm formação maior do que a necessária”, afirma Zylberstajn. Ele diz que esse movimento de deslocamento da mão de obra ocorre em períodos de recessão prolongada.
Para Lucila Sciotti, superintendente de operações do Serviço Nacional do Comércio (Senac) São Paulo, é preciso haver esforço maior, por parte do poder público, de aproximar a capacitação que é oferecida aos estudantes das necessidades das empresas. “Muitas vezes, a formação dos profissionais é deficitária. Alguns alunos chegam até nós sem saber fazer contas simples ou têm dificuldade em interpretar textos”, diz. “É preciso direcionar as políticas públicas para resolver esses gargalos.”
Diante da falta de qualificação barrando as contrações, Patah diz que no último Mutirão do Emprego promovido pelo sindicato foram ofertados também cursos gratuitos de qualificação em parceria com Senai, Senac e Centro Paula Souza. Ao todo foram cerca de 1, 3 mil vagas. Das mil vagas oferecidas pelo Centro Paula Souza, 450 pessoas se matricularam nos cursos de estoquista, assistente administrativo, confeiteiro, cuidador de idosos, maquiagem, recepção e atendimento e vitrinista. “Pela primeira vez fizemos mutirão com capacitação: mais do que aumento salarial, o importante hoje é qualificar o trabalhador”, afirma.
No próximo evento programado para julho, Patah diz que devem ser oferecidas, no mínimo, 10 mil vagas. A intenção é atender também aos trabalhadores em situação vulnerável, com vagas para ocupações que exigem menos qualificação, como na área de limpeza, por exemplo.
Frustração
Após horas de espera para deixar um currículo no último mutirão do emprego, no qual uma fila interminável serpenteava o Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo, os candidatos a uma vaga voltaram para casa frustrados. Eles não sabem qual foi o real motivo para terem sido rejeitados.
“É o currículo ou alguma coisa que está acontecendo com a minha vida. Até na igreja já fui”, diz Renata Cristina Gama, 35 anos e mãe de dois filhos. Desempregada há quatro anos, ela não terminou a faculdade de pedagogia e o seu último emprego foi numa escola. No mutirão, deixou currículos em cinco grandes empresas que estavam no evento. Chegou a participar de minientrevistas, mas o processo seletivo não avançou.
No momento, faz um curso gratuito de auxiliar administrativo, mas não acha que vai conseguir alguma coisa por conta disso.
Já a ascensorista Rosemeire Soares Ayres, de 41 anos, sem emprego há mais de um ano, acredita que quanto mais qualificação, maior a chance de recolocação. Com o segundo grau completo, hoje faz curso de atendimento ao público. Mas coleciona pelo menos sete cursos rápidos. Deixou vários currículos no mutirão e não foi chamada. “Acho que é por causa dessa crise mesmo. Abre uma vaga e vêm mil pessoas para concorrer.”
A fabricante de materiais de construção Eternit decidiu manter “hibernando” sua mineradora de amianto em Minaçu (GO), a Sama. Com isso, demitirá todos os 400 funcionários da unidade. Outros cem trabalhadores indiretos dependem da atividade da mineradora.
A empresa, que teve plano de recuperação judicial aprovado por credores nesta semana, aguarda desde fevereiro que o Supremo Tribunal Federal (STF) avalie um recurso no qual pede um ajuste para a ordem de fechamento das atividades de mineração da companhia. A empresa pretendia continuar apenas como exportadora de amianto crisotila, sem vender o produto no mercado nacional.
Segundo a Eternit, a paralisação temporária das atividades da Sama gerou perdas de R$ 4,7 milhões no primeiro trimestre.
O congelamento das operações deve resultar na perda de faturamento da mineradora, já que a unidade correspondeu a 18% da receita consolidada nos primeiros três meses do ano.
“Desde 11 de fevereiro, portanto há mais de três meses, a Sama encontra-se com suas atividades paralisadas aguardando a decisão do Supremo Tribunal Federal quanto ao pedido de efeito suspensivo, o que não ocorreu”, afirmou a Eternit em comunicado.
Os ativos imobilizados da mineradora serão mantidos em condição de pronta retomada de produção, sob gestão de uma equipe de funcionários da Eternit. Após o anúncio das demissões, as ações da Eternit encerraram em baixa de 6,88%. Na véspera, os papéis já haviam caído 14,83%.
Desemprego em alta leva trabalhador a enfrentar a informalidade, e PIB em queda faz setor produtivo amargar anos de marasmo
Desempregada há dois anos, Ana Alice Bispo, 40, vende quentinhas por R$ 6 em Salvador para sobreviver.
Após ter trabalhado como auxiliar de cozinha e doméstica com carteira assinada, não consegue novo emprego. “Se não fossem essas quentinhas, não sei como seria para manter a minha família”, diz ela, que é mãe de dois filhos.
O mais velho, de 27 anos, também está desempregado. E seu marido, Carlos Cardoso, 55, vive realidade semelhante.
A família ajuda a desenhar o retrato do PIB (Produto Interno Bruto) que não cresce no país. A economia brasileira, ao contrário, encolheu 0,2% no primeiro trimestre deste ano, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Os danos se espalham não só pelo consumo mas pela indústria, pelo agronegócio e até pelos gastos de governos, cada vez mais engessados e sem condições de investir.
Uma das faces da estagnação econômica é o avanço do desemprego e da informalidade, problemas que atingem mais fortemente a economia de estados do Nordeste, como também mostrou o IBGE na semana passada.
Com 18,3% da população ativa desempregada, a Bahia tem a segunda maior taxa de desocupação do Brasil, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua divulgada na sexta-feira (31).
No Brasil, o desemprego era de 12,5% no trimestre encerrado em abril.
Houve ainda uma migração para o trabalho informal na Bahia. Na praça do Relógio de São Pedro, uma das mais movimentadas do centro da Salvador, a quantidade de ambulantes disparou.
Em um trecho de pouco mais de cem metros, é possível comprar água, caixas de som, ursos de pelúcia e até trocar a tela do celular.
É lá que fica a tenda de dois metros quadrados, onde trabalha o casal Bispo e Cardoso. Entre três grandes caixas térmicas, eles se revezam na venda das quentinhas.
A comida é racionada —é vendida em um isopor do tamanho de uma embalagem para sanduíche. Mesmo assim, a procura é grande.
“Todo o mundo está precisando economizar. Aqui a comida é boa e barata”, diz Bispo.
Para economistas, mesmo quem têm alguma renda pode estar preferindo economizar, reflexo do trauma deixado pelo longo ciclo de crise.
“O consumo [das famílias] até foi positivo no trimestre, mas cresce muito pouco. É um aprendizado da crise que deixa o consumidor mais cauteloso”, diz Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra.
Enquanto o consumo acumula trimestres de alta contida, indústria, investimentos e até agronegócio recuaram.
“Se você voltar nos últimos cinco anos, não tem nada que tenha se recuperado de fato”, afirma José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.
“Isso assusta e tem um efeito na memória das pessoas. Sejam pessoas comuns, sejam executivos, elas fazem conta, veem que está pior e isso pesa muito na disposição de fazer qualquer coisa. Elas estão carregando o peso dessa frustração persistente.”
Enquanto vende quentinhas, Cardoso vê cada vez mais longe a chance de voltar a ter carteira assinada
Com trajetória na construção pesada, ele aproveitou o ciclo de crescimento da Petrobras no início da década, quando trabalhou em obras de dutos e tanques. Está parado há quatro anos.
“Além da falta de vagas nessa área, a idade também pesa. As empresas sempre vão preferir contratar um jovem, que chega mais forte e cheio de gás”, diz ele.
A construção civil registrou PIB negativo em 2018, queda de 28% em cinco anos.
A cadeia produtiva do setor começou a sentir a crise em 2015, um ano depois do início do ciclo recessivo, e também registra quedas consecutivas nos últimos quatro anos.
A indústria cimenteira, fornecedora da construção civil, saiu de um recorde de vendas e produção em 2014 para “o pior momento de sua história”, segundo entidades do setor.
Há cinco anos, as fábricas venderam 71 milhões de toneladas, tendo capacidade produtiva de 89 milhões. No ano passado, caíram a 52,7 milhões de toneladas.
Vinte das cem fábricas brasileiras fecharam, e muitas optaram por desligar fornos. Na produção de cimento, quando um forno é desligado, ele tem de ser refeito. É a última opção das empresas.
Na Apodi, indústria de cimento no Ceará, 20% dos funcionários são terceirizados e houve poucas demissões.
“Sentimos uma pancada forte, caíram a quantidade e o preço. Como os nossos sócios são dois grupos muito fortes, conseguiram suportar esse prejuízo que a indústria cimenteira está passando”, diz o presidente da empresa, Adauto Farias.
A Apodi é, desde 2016, uma joint venture da grega Titan Cement Group com a família Dias Branco, controladora do grupo M. Dias Branco.
No cenário geral da indústria, os empregos diretos passaram de 30 mil para 20 mil, enquanto os indiretos tiveram corte de 90 mil para 60 mil.
“O fato é que hoje, para uma capacidade de produção da indústria do cimento de 100 milhões de toneladas, temos 43% de capacidade ociosa”, diz Paulo Camillo Pena, presidente da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) e do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento.
Em janeiro deste ano, a indústria esboçou crescimento de 4% em relação ao mesmo período do ano passado. Ao fim do quadrimestre, os números caíram para 0,9%. A expectativa está nas vendas do segundo semestre.
“Hoje, temos 53 milhões de toneladas, e a distribuição está 90% em edificações e 10% em infraestrutura. Desses 90%, a maior parte continua sendo habitacional e é [esse setor] que tem ajudado a reduzir a velocidade da queda”, diz Pena.
As obras de infraestrutura, de outro lado, dependem de concessões ou de investimentos do governo. Os estados, porém, atravessam dificuldades e também enxugam os gastos, dificultando a retomada da economia.
O Rio Grande do Sul é um dos exemplos mais simbólicos. A projeção de investimento sem financiamento neste ano é de R$ 159,4 milhões, um valor quatro vezes menor que o empenhado no ano anterior.
Há muitos anos o governo gaúcho é um dos que menos investem com recursos próprios, diz o economista Marco Aurelio Santos Cardoso, secretário da Fazenda do estado.
“O investimento está muito longe do que o estado precisa. Como as despesas de investimento não são obrigatórias, acabam sendo as primeiras cortadas”, disse Cardoso, citando o cenário de salários parcelados e pagamentos a fornecedores atrasados.
E tem momentos que nem o tempo ajuda o PIB brasileiro. Cafeicultores do interior paulista e de Minas Gerais se se queixam dos preços da saca (60 quilos), vendida ao redor de R$ 420.
O preço está em alta, mesmo com o início da safra, mas abaixo do que produtores consideram ideal, ao redor de R$ 500. O preço mínimo para cobrir os custos de produção, estimado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), é de R$ 362 a saca.
O valor tem ficado abaixo do desejado por produtores porque, apesar de crescer, a demanda não sobe no mesmo ritmo da produção, diz Netto.
“Embora grande, a safra que está chegando ao mercado agora está abaixo do esperado não só no preço mas também em relação à qualidade e ao rendimento. Por causa das chuvas, muito café caiu no chão e isso faz a qualidade cair.”
A safra que está no início —deve ir até setembro em algumas regiões— deve impactar negativamente o PIB do agro nos dois próximos trimestres. Marcelo Toledo, João Pedro Pitombo, Fernanda Canofre, Paula Sperb e Anaïs Fernandes
-5,3% era quanto o PIB estava, no primeiro trimestre, abaixo do pico de atividade, registrado no primeiro trimestre de 2014
-8,6% mais pobres estão os brasileiros em relação ao primeiro trimestre de 2014, pela medida da renda per capita
28,4 mi de pessoas, ou 24,9% dos brasileiros em idade para trabalhar, estavam sem emprego ou trabalhando menos do que gostariam no trimestre encerrado em abril
A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês) avalia que os riscos para a indústria de carga aérea aumentaram com a proliferação de medidas protecionistas e a escalada das guerras comerciais dos Estados Unidos envolvendo a China e mais recentemente o México. Os riscos desse acirramento das disputas comerciais para uma indústria que, na visão da associação, já se encontra sitiada, são imediatos.
A demanda por tráfego de passageiros, entretanto, tem se mantido, mas a instabilidade política gerada pelo agravamento das relações comerciais ainda pode ter repercussões negativas, alerta a associação. Para o diretor geral da Iata, Alexandre de Juniac, a aviação precisa de fronteiras abertas às pessoas e ao comércio. “Ninguém ganha com guerras comerciais, políticas protecionistas ou agendas isolacionistas”, acrescentou.
Fluxo de caixa
Segundo a Iata, o fluxo de caixa livre, que possibilita as empresas pagar os investidores e reduzir sua dívida, deverá desaparecer no nível da indústria porque o caixa das operações será reduzido pelo crescimento mais lento da demanda e pela alta nos custos. Já os índices de dívida/lucro, que caíram consideravelmente, estão começando a subir novamente, observa a associação.
Os índices médios de dívida/lucro para companhias aéreas na Europa e na América do Norte não estão muito acima dos níveis classificados como grau de investimento pelas agências de classificação de crédito.
Na África, Oriente Médio e América Latina as companhias aéreas ainda apresentam altos níveis de endividamento, o que os deixa mais vulneráveis a choques de fluxo de caixa (cada vez mais prováveis) ou taxas de juros crescentes.
O Índice de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial do Brasil caiu de 51,5 em abril para 50,2 em maio, informou a IHS Markit nesta segunda-feira, 3. O resultado representa o menor nível nos últimos 11 meses, quando o índice superou a marca 50,0, ponto neutro em relação à evolução do cenário.
A IHS Markit constatou um ritmo mais brando de expansão da atividade, declínio renovado no volume de vendas e cortes de postos de trabalho.
“A desaceleração se juntou a pressões inflacionárias intensificadas, com as cargas de custos e os preços de venda aumentando a taxas mais rápidas. Ao mesmo tempo, o sentimento em relação aos negócios se enfraqueceu atingindo o seu ponto mais baixo em mais de um ano e meio”, explica a consultoria em relatório.
A economista Pollyanna de Lima, da IHS Markit, relata que o setor industrial brasileiro caminha para uma estagnação na metade do segundo trimestre, a partir do cenário político mais incerto e preocupante, desemprego ainda elevado, menor otimismo entre os agentes e dificuldades econômicas em importantes parceiros comerciais do Brasil.
“O volume de produção cresceu marginalmente apenas, e da maneira menos significativa desde a eleição do ano passado, com os pedidos de fábrica caindo em território de contração. As exportações caíram pelo sexto mês consecutivo, apesar da queda acelerada do real em relação ao dólar americano em maio”, relata a economista.
Em relação às perspectivas para o setor, as empresas seguem otimistas com o horizonte de crescimento, porém a percepção positiva perdeu força, marcando o menor nível em um ano e meio, destaca.
Os economistas do mercado financeiro alteraram previsão para o IPCA – o índice oficial de preços – em 2019. O Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira, 3, pelo Banco Central, mostra que a mediana para o IPCA este ano passou de alta de 4,07% para 4,03%. Há um mês, estava em 4,04%. A projeção para o índice em 2020 seguiu em 4,00%. Quatro semanas atrás, estava no mesmo nível.
O relatório Focus trouxe ainda a projeção para o IPCA em 2021, que seguiu em 3,75%. No caso de 2022, a expectativa também permaneceu em 3,75%. Há quatro semanas, essas projeções eram de 3,75% para ambos os casos.
A projeção dos economistas para a inflação está abaixo do centro da meta de 2019, de 4,25%, sendo que a margem de tolerância é de 1,5 ponto porcentual (índice de 2,75% a 5,75%). Para 2020, a meta é de 4%, com margem de 1,5 ponto (de 2,50% a 5,50%). No caso de 2021, a meta é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (de 2,25% a 5,25%).
As projeções mais recentes do BC, considerando o cenário de mercado, apontam para inflação de 4,1% em 2019 e 3,8% em 2020. Elas constaram no comunicado e na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), no mês passado. Já o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou, no dia 10 de maio, que o IPCA de abril subiu 0,57%. Em 12 meses, a taxa acumulada é de 4,94%.
Top 5
No Focus desta segunda-feira, entre as instituições que mais se aproximam do resultado efetivo do IPCA no médio prazo, denominadas Top 5, a mediana das projeções para 2019 foi de 4,15% para 4,14%. Para 2020, a estimativa do Top 5 permaneceu em 4,10%. Quatro semanas atrás, as expectativas eram de 3,98% e 4,00%, nesta ordem.
No caso de 2021, a mediana do IPCA no Top 5 permaneceu em 3,75%, igual ao verificado há um mês. A projeção para 2022 no Top 5 seguiu em 3,75%, ante 3,63% de quatro semanas antes.
Últimos 5 dias úteis
A projeção mediana para o IPCA 2019 atualizada com base nos últimos 5 dias úteis passou de 4,10% para 3,98%, conforme o Relatório de Mercado Focus. Houve 53 respostas para esta projeção no período. Há um mês, o porcentual calculado estava em 4,04%.
No caso de 2020, a projeção do IPCA dos últimos 5 dias úteis permaneceu em 4,00%. Há um mês, estava no mesmo patamar. A atualização no Focus foi feita por 49 instituições.
As projeções mais recentes do BC, considerando o cenário de mercado, apontam para inflação de 4,1% em 2019 e 3,8% em 2020. Elas constaram no comunicado e na ata da última reunião do Copom em maio.
Preços administrados
O Relatório de Mercado Focus indicou alteração na projeção para os preços administrados em 2019. A mediana das previsões do mercado financeiro para o indicador este ano passou de alta de 5,28% para elevação de 5,25%. Para 2020, a mediana continuou em alta de 4,40%. Há um mês, o mercado projetava aumento de 5,20% para os preços administrados em 2019 e elevação de 4,28% em 2020.
As projeções atuais do BC para os preços administrados, no cenário de mercado, indicam elevações de 5,3% em 2019 e 5,0% em 2020. Estes porcentuais foram atualizados na ata da última reunião do Copom, publicada no dia 14 de maio.
IPCA de maio
Os economistas do mercado financeiro atualizaram previsão para a alta do IPCA em maio de 2019, de 0,30% para 0,26%, conforme o Relatório de Mercado Focus. Um mês antes, o porcentual projetado estava em 0,30%.
Para junho, a projeção no Focus foi de 0,27% para 0,24% e, para julho, seguiu em 0,20. Há um mês, os porcentuais eram de 0,31% e 0,17%, respectivamente.
No Focus desta segunda-feira, a inflação suavizada para os próximos 12 meses foi de 3,56% para 3,58% de uma semana para outra – há um mês, estava em 3,59%.
IGP-M
O Relatório de Mercado Focus mostrou ainda que a mediana das projeções do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de 2019 passou de alta de 5,91% para elevação de 5,87%. Há um mês, estava em 5,81%. No caso de 2020, o IGP-M projetado seguiu indicando alta de 4,00%, igual ao visto quatro semanas antes.
Calculados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), os Índices Gerais de Preços (IGPs) são bastante afetados pelo desempenho do câmbio e pelos produtos de atacado, em especial os agrícolas.
A expectativa de alta para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2019 caiu pela 14ª semana consecutiva e passou de 1,23% para 1,13%, conforme o Relatório de Mercado Focus. Há quatro semanas, a estimativa de crescimento era de 1,49%. Para 2020, o mercado financeiro manteve a previsão de alta do PIB em 2,50%. Quatro semanas atrás, estava em 2,50%.
A projeção do BC para o crescimento do PIB em 2019 é de 2,0%. Esse porcentual foi atualizado no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de março.
No Focus desta segunda-feira, 3, a projeção para a alta da produção industrial de 2019 foi de 1,47% para 1,49%. Há um mês, estava em 1,76%. No caso de 2020, a estimativa de crescimento da produção industrial permaneceu em 3,00%, igual ao visto quatro semanas antes.
A pesquisa Focus mostrou ainda que a projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2019 passou de 56,20% para 56,28%. Há um mês, estava em 56,30%. Para 2020, a expectativa foi de 58,40% para 58,55%, ante 58,30% de um mês atrás.
Os economistas do mercado financeiro mantiveram suas projeções para a Selic (a taxa básica de juros) no fim de 2019 e 2020. O Relatório de Mercado Focus trouxe nesta segunda-feira, 3, que a mediana das previsões para a Selic este ano seguiu em 6,50% ao ano. Há um mês, estava no mesmo patamar. Já a projeção para a Selic no fim de 2020 seguiu em 7,25% ao ano, ante 7,50% de quatro semanas atrás.
No caso de 2021, a projeção seguiu em 8,00%, valor igual ao verificado um mês antes. A projeção para a Selic no fim de 2022 permaneceu em 7,50%, ante 8,00% de um mês antes.
No dia 8 de maio, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou a manutenção, pela nona vez consecutiva, da Selic em 6,50% ao ano. Ao mesmo tempo, o BC indicou que o risco de uma inflação menor devido ao fraco desempenho econômico se elevou desde a reunião anterior, em março. A instituição reiterou, porém, que manterá a “cautela, serenidade e perseverança” em suas próximas decisões, “inclusive diante de cenários voláteis”.
No grupo dos analistas consultados que mais acertam as projeções (Top 5) de médio prazo, a mediana da taxa básica em 2019 seguiu em 6,50% ao ano, igual a um mês antes. No caso de 2020, permaneceu em 7,00%, ante 7,21% de quatro semanas atrás.
A projeção para o fim de 2021 no Top 5 permaneceu em 8,00%. Há um mês, estava no mesmo patamar. Para 2022, a projeção do Top 5 passou de 7,75% para 7,50%, ante 7,75% de um mês antes.
Companhia busca convencer o governo francês a aceitar a proposta de fusão entre as montadoras
A Fiat Chrysler está discutindo um dividendo especial e garantias de emprego mais fortes da Renault em uma tentativa de persuadir o governo francês a apoiar a sua proposta de fusão entre as montadoras, disseram fontes próximas às negociações.
A oferta melhorada, se formalizada e aceita, também incluirá as operações da empresa combinada sediadas na França e um assento em seu conselho garantido ao governo francês, disseram duas pessoas com conhecimento do assunto à Reuters no domingo.
A porta-voz da FCA, Shawn Morgan, não quis comentar. O governo francês, maior acionista da Renault com participação de 15%, também se recusou a comentar. Um porta-voz da Renault não retornou imediatamente as ligações e mensagens em busca de comentários.
A FCA está envolvida em intensas discussões com a Renault e o governo francês sobre a proposta de fusão de US$ 35 bilhões (R$ 137,5 bilhões) que ela propôs na última segunda-feira para criar a terceira maior montadora do mundo.
Corremos o risco de veículo a combustão virar sintoma de subdesenvolvimento
Andar por cidades chinesas como Hangzhou e Shenzhen causa um estranhamento para quem é brasileiro. Ambas são megalópoles de 9 milhões e 12 milhões de pessoas. No entanto, o tráfego de veículos nessas cidades é curiosamente silencioso.
Os rãããããã e tssss que são constantes nas cidades brasileiras estão desaparecendo por lá. A razão é simples. Boa parte dos veículos é elétrica.
Tome-se o exemplo de Shenzhen. A cidade tem hoje 100% da sua frota constituída de ônibus elétricos. Só como base de comparação, Shenzhen tem 15.500 ônibus. São Paulo, 14.500. Em dez anos, a cidade aposentou a integralidade da frota a combustão. Com isso, adotou ônibus de última geração movido a baterias. Não há fios elétricos que ficam faiscando, nem motoristas desesperados tentando encaixar polos que se soltaram. E as baterias usadas são de fosfato de ferro, recicláveis.
Mas quanto custa carregar esses ônibus? Uma carga completa com autonomia de 300 quilômetros custa R$ 120. No caso dos carros, uma carga completa que permite circular por 400 quilômetros custa R$ 20.
O carregamento dos carros pode ser feito em tomadas comuns, com uma espécie de carregador de celular. Esse carregador é inteligente. Está programado para carregar o veículo em horários de pouco consumo de energia, como de madrugada. Nos horários de pico, se o carro estiver conectado, pode devolver a energia armazenada para a rede, gerando dinheiro para o dono.
Em Shenzhen, 100% dos táxis são também elétricos. Essa conversão foi tão bem-sucedida que os aplicativos de transporte urbano estão considerando adotar uma regra exigindo que todos os carros e táxis filiados a eles deverão ser elétricos. Se forem movidos a combustão, não poderão se cadastrar.
As motos no país são também elétricas. Aquele famoso ruído de moto acelerando é coisa do passado.
Converter a frota de veículos de uma cidade para elétricos cria um círculo virtuoso. Com sua disseminação surge uma nova infraestrutura capaz de armazenar eletricidade. Baterias podem ser carregadas a partir de qualquer fonte, seja na tomada ou por painéis solares.
Cada dono terá incentivo para carregar seu carro fora do horário de pico para pagar menos. E também para comprar um painel solar (ou exigir que seu condomínio instale um). Com isso pode zerar seu custo de deslocamento. Mais do que isso, em casos de falta de energia, as cidades podem direcionar seus ônibus para hospitais e outros lugares críticos. A bateria de cada um funciona como um gerador móvel.
Os sinais de que o futuro do transporte é elétrico estão em toda a parte. Todas a montadoras estão lançando carros nessa modalidade.
Só existe um lugar que tem aversão a isso: o Brasil. Em nosso país, os carros e motos elétricas são tributados de forma punitiva. Quem compra um carro elétrico no Brasil paga 50% de impostos. Veículos a combustão pagam muito menos, apesar de suas muitas externalidades negativas como barulho e poluição.
Corremos o risco de viver em um mundo em que os países desenvolvidos serão elétricos, enquanto os veículos a combustão serão sintoma claro de subdesenvolvimento.
Reader
Já era Ter cozinha em todo restaurante
Já é Cozinha centralizada que atende a toda uma rede de restaurantes
Já vem Cloud Kitchens, cozinhas que ficam na nuvem e atendem vários restaurantes usando AI pra a logística
Ronaldo Lemos - Advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro.
Desde que chegou às lojas, o Volkswagen T-Cross tem feito a concorrência se mexer. A Honda tratou de lançar a versão turbo do HR-V, a Hyundai trouxe novos itens tecnológicos para o Creta e a Nissan apresentou a série especial UEFA Champions League do Kicks. São formas de reconhecer o valor do novo rival.
Para saber se o recém-lançado jipinho urbano é digno de tanta preocupação, a versão intermediária Comfortline 1.0 TSI passou pelo teste Folha-Mauá.
Seu preço sugerido pela fabricante parte de R$ 99.990, valor que inclui câmbio automático, seis airbags, controles de estabilidade, ar-condicionado digital e sistema de som com tela sensível ao toque, entre outros itens.
Ao entrar na cabine, vem a sensação de se estar em um utilitário médio devido ao espaço disponível. Mas basta observar o acabamento simples, semelhante ao do hatch Polo, para entender que se trata de um compacto.
O T-Cross testado trazia interior com detalhes em bronze e forrações semelhantes a couro, que harmonizavam com a carroceria azul-marinho. Essa combinação elevou o preço em R$ 3.350.
O motor turbo flex de 128 cv, combina bem com o carro. O desempenho foi equivalente ao de concorrentes com motores 1.6 ou 1.8, mas as médias de consumo foram melhores no Volks. Na estrada, com gasolina, o veículo atingiu a marca de 18,6 km/l.
O convívio com o carro revelou pontos fortes como a posição ao volante e a suspensão, cuja firmeza compensa a altura do modelo. O T-Cross também se destaca por ser silencioso e ter direção leve, pontos que aumentam a percepção de conforto na cidade.
Contudo, pelo preço cobrado, o acabamento desse Volkswagen deveria ser mais caprichado. O Hyundai Creta 2.0 Prestige (R$ 105 mil) e o Honda HR-V 1.8 EXL (R$ 111,9 mil) conseguem transmitir melhor a impressão de se estar em automóveis que custam mais de R$ 100 mil.
Mas falta aos concorrentes um motor tão eficiente quanto o 1.0 TSI. O Creta 2.0 flex, que tem 38 cv a mais de potência, foi apenas um segundo mais rápido que o T-Cross na prova de aceleração e perdeu em consumo, com média de 14,4 km/l na estrada, com gasolina.
As qualidades do Volkswagen esbarram na demora em chegar às lojas. A marca alemã foi a penúltima entre as grandes fabricantes a entrar no segmento de utilitários compactos. Agora só falta a Toyota lançar seu jipinho urbano, o que ainda não tem data para acontecer.
Por ter estreado depois, o T-Cross tem de disputar a atenção com rivais consolidados no mercado. O efeito novidade não é suficiente para torná-lo o mais vendido da categoria, embora tenha qualidades para figurar no topo do ranking.
Os líderes dosegmento em 2019 são os Jeep Renegade e Compass. O Nissan Kicks aparece na terceira posição, seguido por Honda HR-V e Hyundai Creta.
Biometria do rosto do cliente reduz em 70% o tempo médio da operação de assinatura do contrato
A Volkswagen lança uma novidade que promete reduzir em até 70% o tempo médio da operação de contratação de financiamento por meio de tecnologia de reconhecimento facial, que valida a assinatura do contrato. Segundo a VW, antes era necessário escanear diversos arquivos do cliente, como documento de identificação, comprovante de residência e de renda. Com a biometria facial e o documento de identificação já é possível fechar o contrato, tempo que passou de 16 para 5 minutos.
A tecnologia que é utilizada por meio de tablest está disponível em 25% da rede de de concessionárias VW. A estimativa é de que até o fim do primeiro semestre deste ano todas as lojas da rede contem com a solução digital.
Segundo a VW, para garantir a segurança do processo, são utilizados recursos de geolocalização, além do liveness detection, que reconhece que a imagem apresentada à câmera do tablet é de fato o cliente e não uma foto, por exemplo.
“Com essas tecnologias, queremos agregar modernidade, agilidade e conveniência à experiência do cliente, desde o momento em que ele entra nas nossas lojas até o fechamento do contrato”, diz o superintendente de marketing da Volkswagen Financial Services, Alessandro Lora Ronco.
Tecnologia se baseia em novos óculos com câmeras de alta definição
A Volvo Cars a finlandesa Varjo, especializada em óculos de realidade aumentada, criaram uma tecnologia de “realidade mista” para a avaliação de protótipos, projetos e recursos de segurança ativa. Embora virtual, ela é extremamente realista por causa do emprego de câmeras de alta definição nos óculos.
Com essa tecnologia, ambas as empresas tornaram possível dirigir um carro real usando óculos 3D capazes de acrescentar elementos virtuais ou recursos completos que parecem reais ao motorista e também aos sensores do carro para ajudar no desenvolvimento dos veículos.
Os novos óculos Varjo XR-1 foram lançados esta semana durante uma feira na Califórnia e uma patente foi registrada para a aplicação da tecnologia. Com o XR-1, os engenheiros conseguem “dirigir” e avaliar os futuros carros e seus recursos anos antes de eles existirem.
Segundo a Volvo, a “realidade mista” pode reduzir bastante os prazos de desenvolvimento, criando uma nova forma de avaliar recursos e projetos quase imediatamente.
"Em vez da maneira usual e estática de avaliar novos produtos e ideias, podemos testar conceitos na estrada imediatamente. Essa abordagem oferece uma considerável economia potencial, identificando prioridades e eliminando gargalos já no processo de planejamento e desenvolvimento", garante Green.
A colaboração entre a Volvo e a Varjo terá o apoio do Volvo Cars Tech Fund, fundo de capital de risco da fabricante sueca que investe em startups de tecnologia de alto potencial.
A indústria da mobilidade vivencia um cenário de grandes desafios, com perspectivas de profundas mudanças em produtos e modelos de negócios. Após 133 anos de desenvolvimento do motor a combustão, a engenharia vislumbra, em médio prazo, uma transformação no powertrain do veículo, que avança rumo à eletrificação, sobretudo, em países do hemisfério norte.
Nesse contexto, algumas possibilidades se abrem para o Brasil, como aproveitar a experiência em motores a combustão para se tornar centro de referência mundial nesta área, com uso de combustíveis renováveis, como alternativa à mobilidade elétrica. Em paralelo, o País tem condições de contribuir com a tendência da eletrificação enquanto país fabricante de componentes.
Materiais e processos de fabricação exercem papel fundamental nos processos de inovação. Além de contribuírem para o atendimento de requisitos como segurança, eficiência energética e durabilidade, causam forte impacto sobre o custo do produto. Para ilustrar, um caminhão leve demanda mais de duas toneladas de diferentes materiais e um extrapesado pode requerer cinco vezes mais.
Um material que deve contribuir para superação dos desafios da indústria brasileira em produzir tecnologia nacional é o grafeno, nano material que pode ser aplicado tanto em peças de compósitos poliméricos, quanto em baterias de veículos elétricos, catalisadores e filmes condutores, para proteção mecânica, e em tecidos. O Brasil possui a segunda reserva mundial deste material.
Vale destacar também novos desenvolvimentos feitos pela indústria de materiais poliméricos em função da preocupação ambiental, como pneus à base de óleo de soja e resinas naturais.
Processos de fabricação como soldagem, adesão, conformação e manufatura aditiva ainda abrem um leque de alternativas para os engenheiros de produto. É importante lembrar também a competição cada vez mais interessante e desafiadora entre aço, alumínio e compósitos pela melhor combinação de redução de peso, custo de fabricação e valor agregado ao cliente.
A engenharia brasileira encontra ambiente favorável para inovar em produtos e processos com a aprovação da política industrial Rota 2030, que possui um prazo de validade adequado para o investimento em tecnologia. É hora de atualização para melhor aproveitamento desta nova fase.
Uma oportunidade nesta direção é o 12º Simpósio SAE BRASIL de Novos Materiais e Aplicações na Mobilidade, que reunirá especialistas de montadoras, sistemistas, autopeças, fabricantes de matérias-primas e universidades. Haverá programação de palestras, debates e cursos técnicos, dias 4 e 5 de junho, no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo. Participe!
Mauro de Souza Paraíso - é gerente de Engenharia de Materiais e Medição da Mercedes-Benz do Brasil e chairperson do 12º Simpósio SAE BRASIL de Novos Materiais e Aplicações na Mobilidade
Representantes da montadora Tatra, da República Tcheca, e também do governo do país, estiveram no dia 28 de maio de 2019 em Ponta Grossa, no Paraná, onde anunciaram o interesse real da montadora de veículos especiais e militares de se instalar no Brasil.
A Tatra é uma das montadoras mais antigas do mundo, criada em 1850 para fabricação de vagões de trem, produzindo o primeiro veículo motorizado em 1897.
De acordo com os representantes da Tatra e do governo tcheco, a visita é uma investigação para avalização das condições para instalação da montadora no Brasil, e também para conhecer os incentivos fiscais da cidade e do estado.
O Paraná foi escolhido por ter um alto índice de Desenvolvimento Humano, de educação, transparência jurídica e resultados das Universidades. A montadora também elogia o apoio do governo do estado.
O governo do Paraná se colocou à disposição da montadora para facilitar a instalação da unidade na região de Ponta Grossa.
“É a primeira vez que recebemos a visita de representantes do país e somos contemplados com notícias tão boas para o crescimento industrial e econômico da nossa cidade. É um dia muito especial para Ponta Grossa”, afirmou o prefeito Marcelo Rangel.
Um dos locais colocados à disposição da montadora para instalação do parque fabril é a antiga fábrica da Monofil, que conta com 12 mil metros quadrados construídos, com ampla área de pátio, em região bem próxima ao centro da cidade de Ponta Grossa.
Além desse local, a montadora avalia a instalação em outros pontos da cidade. A ideia da montadora, dependendo da aprovação do conselho da Tatra na República Tcheca, é começar a produção de veículos já em 2020.
A resposta final da montadora deve ser apresentada no final de junho, após reunião do conselho da Tatra.
Ponta Grossa foi escolhida em 2013 pela DAF, montadora do Grupo Paccar, para instalação de uma unidade, a primeira fora da Holanda.
CIMM
Você recebeu este e-mail porque faz parte da nossa lista de contatos. Se quiser ser removido acesse este link.
Este informativo foi gerado a partir do sistema iSend. Para obter informações
acesse este link.