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25 de Outubro de 2019
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Em 25/10/2019
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| SINDIMETAL/PR | | | | A indicação da demanda interna insuficiente perdeu importância entre os principais problemas enfrentados pela indústria no terceiro trimestre de 2019, mas segue assinalada como o segundo maior problema do setor. A elevada carga tributária permanece sendo o principal problema dos empresários industriais.
| CNI (publicado em 22-10-2019) | | | | Presidente da CNI, Robson Braga de Andrade assina artigo no jornal O Globo em que destaca a necessidade de investir em cursos de qualificação técnica para o novo mercado de trabalho
A vertiginosa revolução tecnológica que o mundo experimenta, em que ambientes virtuais disputam a proeminência com a realidade física, impõe uma nova forma de enxergar o mundo do trabalho. Diante desse cenário, são muitas as adaptações necessárias para que empresas e trabalhadores sejam bem-sucedidos. Independentemente do que vier a acontecer no futuro próximo, um aspecto parece inquestionável: é preciso se preparar para um aprendizado contínuo.
Duas grandes tendências nos alertam para os desafios que teremos no Brasil nesse campo. A primeira diz respeito ao fim do bônus demográfico, com a redução do número de trabalhadores que entram no mercado em relação aos que o deixam. A segunda está na crescente automatização e na digitalização do sistema produtivo, que aumenta a busca por profissionais capazes de lidar com a dinâmica de uma economia cada vez mais atrelada à tecnologia.
Trabalhadores mais qualificados são capazes de utilizar e interpretar as novas tecnologias, antecipar tendências, e propor produtos inovadores e processos mais eficientes. O problema é que as mudanças ocorrem a uma velocidade superior à capacidade de preparar profissionais para os desafios atuais. Na prática, isso significa que as novas tecnologias demandam habilidades específicas que não são ensinadas no sistema de ensino tradicional. Por isso, mais do que nunca, tornou-se necessário investir em cursos de qualificação técnica.
Estudo do Fórum Econômico Mundial mostra que, em grandes empresas, quase metade dos empregados precisa passar por algum treinamento todos os anos, seja no próprio ambiente de trabalho, seja em instituições privadas que oferecem serviços de educação profissional. No Brasil, apesar do alto desemprego, 34% dos empregadores reportam dificuldades em selecionar pessoas adequadas para as vagas abertas. Eles dizem não encontrar candidatos com as habilidades requeridas para os cargos, segundo dados do ManpowerGroup.
De acordo com projeções do Mapa do Trabalho Industrial, lançado no mês passado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), somente no setor industrial brasileiro, 1,6 milhão de empregados precisarão passar por aperfeiçoamento profissional, anualmente, até 2023. Essa necessidade se dá em virtude das mudanças provocadas pela chamada Indústria 4.0 e da pressão pelo aumento da produtividade e da competitividade.
O cenário é desafiador, mas repleto de oportunidades. A demanda por trabalho mais qualificado tende a aumentar, com profissões mais analíticas, interativas e não rotineiras ficando em evidência. Com máquinas assumindo cada vez mais funções humanas, o diferencial do trabalhador talhado para o futuro incidirá sobre competências como pesquisar, avaliar, planejar, elaborar regras e prescrições, interpretar, negociar, coordenar, organizar e ensinar.
Com objetivo de jogar luz sobre esse tema, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) realiza, nesta quinta-feira — no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro —, o Seminário “Pelo Futuro do Trabalho”, em parceria com as principais centrais de trabalhadores do país. Especialistas e líderes vão debater as abruptas transformações ocorridas nos sistemas produtivos e analisar suas implicações. Uma coisa é certa: em um mundo cada vez mais disruptivo, governo, empresários e trabalhadores precisam se unir para fazer frente ao desafio de promover uma contínua e eficaz qualificação da mão de obra, fator indispensável para o crescimento sustentado da economia.
Como ensina Richard Branson, fundador do Virgin Group e um dos mais visionários empreendedores do nosso tempo: “Capacite bem os seus colaboradores para que eles possam partir. Trate-os bem para que eles prefiram ficar”. É basicamente o mesmo ensinamento proclamado, no século passado, pelo lendário Henry Ford: “Só há uma coisa pior do que formar colaboradores e eles partirem. É não os formar e eles permanecerem”.
Robson Braga de Andrade - Presidente da CNI
| CNI (publicado em 23-10-2019) | | | | Expectativa da indústria é que o Congresso Nacional acelere a apreciação e a aprovação da PEC paralela, que contribuirá para o ajuste das contas de estados e municípios
Um avanço para o Brasil: senadores e o ministro da Fazenda, Paulo Guedes, comemoram aprovação do texto-base da reforma da Previdência
A conclusão da votação da reforma da Previdência no Senado representa um importante avanço para o Brasil. Abre espaço político para o debate de outros temas fundamentais, como as mudanças no sistema tributário, as privatizações, a desburocratização, o licenciamento ambiental e medidas microeconômicas capazes de facilitar a vida dos empreendedores, aumentar a segurança jurídica, alavancar investimentos e modernizar o país. A avaliação foi feita nesta quarta-feira (23), pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade. O texto-base da reforma foi aprovado por 60 votos a favor e 19 contrários, em segundo turno, pelo plenário do Senado, na noite de terça-feira (22).
“Com a reforma da Previdência, o Brasil terá condições de assegurar o bem-estar dos idosos, sanear as contas públicas, estimular o crescimento econômico e dar boas perspectivas para as futuras gerações”, afirma Robson Andrade. Ele lembra que as mudanças são resultado de um amplo debate nacional que mobilizou a sociedade o governo e os parlamentares. A partir da proposta robusta do governo, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal construíram uma reforma que promove maior equidade social.
O texto adapta as regras de acesso à aposentadoria às mudanças demográficas dos últimos 50 anos, quando o número de brasileiros com idade superior a 65 anos triplicou e a expectativa de vida aumentou substancialmente, com a melhoria das condições de vida da população. Além disso, o Senado propôs a inclusão de servidores de estados e municípios nas novas regras de acesso à aposentadoria na Proposta de Emenda Constitucional (PEC) paralela.
A expectativa da CNI é que o Congresso Nacional acelere a apreciação e a aprovação da PEC paralela para que a reforma da Previdência também ajude a reverter os crescentes desequilíbrios fiscais de estados e municípios. “Ao incluir os servidores de estados e municípios nas novas regras de acesso à aposentadoria por meio da PEC paralela, a reforma terá efeitos ainda mais positivos sobre a confiança dos agentes econômicos e as decisões de investimentos, o que é crucial para a retomada do crescimento econômico e à criação de empregos”, afirma Robson Andrade.
SAIBA MAIS: Acesse o site Reforma da Previdência – O Brasil não Pode Esperar e veja porque as mudanças nas regras de acesso à aposentadoria são cruciais para o país.
| CNI (publicado em 23-10-2019) | | | | Qualificação de trabalhadores foi um dos temas do debate realizado pela CNI e por seis centrais sindicais nesta quinta-feira (24), no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro
O processo de transformação do trabalho exige diálogo entre empresas e trabalhadores na preparação para o novo cenário trazido por inovações tecnológicas e consequentes mudanças nas formas de produção. Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, já é possível identificar as novas qualificações e habilidades necessárias, mas é preciso fortalecer a educação para que o trabalhador brasileiro esteja preparado para a indústria do futuro e o futuro do trabalho.
“Imaginamos que em um prazo de cinco a dez anos o mundo vai estar mudado. O Brasil tem situações diferentes em cada uma de suas regiões e não é possível imaginar que vamos qualificar todos os trabalhadores da mesma forma, nas mesmas tecnologias. No SENAI, pesquisamos, analisamos, buscamos entender o mundo, a indústria do Brasil e tentamos mostrar o caminho que devemos seguir, como devemos formar o cidadão que vai trabalhar na indústria do futuro”, afirmou Robson Braga de Andrade na abertura do Seminário Pelo Futuro do Trabalho, nesta quinta-feira (24).
Realizado no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, o seminário é uma parceria da CNI com as principais centrais sindicais do país –CUT, Força Sindical, UGT, CSB, Nova Central (NCST) e CTB– para fomentar o debate em torno do desafio de qualificar e requalificar milhões de trabalhadores brasileiros para a Quarta Revolução Indústria, ou a Indústria 4.0. Durante o evento, especialistas, trabalhadores e representantes da indústria debateram o cenário mundial e brasileiro de transformação das profissões, do emprego e da produção.
VELOCIDADE - Segundo o presidente da CNI, a velocidade das transformações em curso tem suscitado projeções alarmistas sobre o mercado de trabalho e a possível substituição de humanos por máquinas. Nos próximos anos, funções repetitivas devem ser automatizadas, mas novas ocupações surgirão, exigindo habilidades dos trabalhadores que precisam ser identificadas para que a força de trabalho seja treinada e capacitada para as novas demandas.
“O conhecimento, as qualificações e as habilidades necessárias para o exercício das funções também mudarão, mas o trabalho humano continuará sendo essencial”, defendeu Andrade.
O Mapa do Trabalho Industrial do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) – a principal instituição de formação e qualificação do trabalhador brasileiro para a indústria –, estima que 10,5 milhões de pessoas terão de se qualificar até 2023 para acompanhar as mudanças no mercado de trabalho. “A educação profissional é um dos pilares para o avanço da inovação, o aumento da produtividade da indústria e o crescimento sustentado da economia”, ressaltou o presidente da CNI.
Os presidentes da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), José Calixto, e da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antônio Neto, destacaram a necessidade de diálogo entre empresários e trabalhadores, para que os novos empregos sejam de qualidade. “Queremos um futuro melhor, em que haja máquinas, inteligência artificial, desenvolvimento da indústria, mas principalmente respeito à pessoa humana”, disse Calixto. “Precisamos de uma retomada do diálogo de forma propositiva, que envolva dois eixos: o papel da indústria, para reindustrializarmos o Brasil, e a geração de empregos de qualidade”, complementou Antônio Neto.
Presente também à abertura do seminário, o secretário de Políticas Públicas para o Emprego do Ministério da Economia, Fernando Hollanda, afirmou que o governo federal vem trabalhando para ofertar programas que respondam aos desafios do novo mercado de trabalho. Para ele, a estratégia de qualificação profissional deve ser alinhada à demanda das empresas e incluir as competências socioemocionais (softskills). Hollanda contou que discute com o SENAI a definição de uma metodologia que ajude os jovens “aprenderem a aprender”.
“Os jovens, que estão permanentemente conectados, dizem em pesquisas que não gostam de cursos à distância (EAD), em que é preciso ter disciplina, aprender sozinho. Precisamos permitir que o jovem consiga isso desde o início da sua escolarização”, defendeu.
PAPEL DAS EMPRESAS - Palestrante do evento, a vice-presidente de Recursos Humanos da Coca-Cola Brasil, Simone Passini Grossmann, avaliou que as empresas também precisam se engajar na necessária mudança do ambiente de trabalho. Segundo ela, a atual forma de organização das companhias já não faz sentido diante de equipes que são multifuncionais, trabalham de forma virtual e possuem diversas formas de contratação. “Hoje é tudo muito dinâmico, muito rápido e é difícil para os trabalhadores e para as companhias porque a gente ainda considera o paradigma anterior”, afirmou.
Para ela, as empresas precisam ajudar o trabalhador a passar por um novo mundo mais complexo, em que não há certezas. Nesse sentido, as companhias precisam levar em conta aspectos como a experiência do profissional no ambiente de trabalho, diversidade e inclusão de pessoas, as novas formas de trabalhar e o desenvolvimento de lideranças.
“A mudança de mentalidade da liderança é muito importante”, afirmou. “Precisamos tratar as pessoas como seres humanos e não como apêndices de máquinas que vão apenas fazer trabalhos produtivos”, defendeu
| CNI (publicado em 24-10-2019) | | | | A CNI defende desde 2012 a maior inserção do Brasil no mundo e questiona eventual redução unilateral, sem consulta pública, da tarifa externa comum do Mercosul
Diante das notícias de que a Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia tem avançado na proposta de reduzir unilateralmente a tarifa externa comum (TEC) do Mercosul, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) reitera a necessidade de haver um diálogo transparente do governo com o setor privado, com a realização de consulta pública, para que se compreenda a realidade de cada setor industrial e de cada região no País.
A proposta apresentada pelo Brasil aos parceiros no Mercosul é de um corte superior a 50% do imposto de importação. A TEC é o imposto de importação cobrado de bens de terceiros países para entrar nos territórios de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai
Um estudo ainda inédito, contratado pela CNI junto ao Centro de Estudos de Política da Universidade de Victoria, na Austrália, mostra que um corte abrupto de 50% reduzirá o Produto Interno Bruto (PIB) de pelo menos 10 dos 23 setores industriais até 2022, prejudicando a retomada do crescimento e a redução do desemprego. A Universidade de Victoria é referência mundial em estudos econométricos relacionados ao comércio internacional.
Além disso, a proposta brasileira não tem sincronia com as demais medidas voltadas à ampliação da competitividade da economia e da indústria. O governo prevê um “choque” de tarifa em apenas 4 anos, embora a reforma tributária discutida no Congresso Nacional possa ter período de transição de 10 anos, e o acordo Mercosul-União Europeia só estará totalmente implementado após 15 anos de sua entrada em vigor. Essa redução unilateral da TEC diminui o engajamento da indústria em novos acordos comerciais e o Brasil ainda perde poder de barganha nas negociações para derrubar as barreiras de terceiros mercados ao agronegócio brasileiro.
Ao decidir não consultar o setor privado sobre o corte nos impostos de importação e não realizar análise de impacto regulatório sobre a medida, o governo contraria a Lei de Liberdade Econômica, a resolução da Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) sobre Boas Práticas Regulatórias no comércio exterior e as normas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A decisão aumenta a insegurança jurídica e reduz o horizonte de novos investimentos e novas vagas.
A CNI afirma que mais de 90% dos setores industriais apoiam a abertura comercial desde que via negociações de acordos e aliada a uma agenda de competitividade. “A indústria tem apoiado ativa e publicamente a abertura comercial desde 2012. Somos a favor da abertura, mas com diálogo e transparência. Nem a indústria nem o Congresso Nacional podem ficar de fora desse debate, pois o impacto é enorme nos estados e nos municípios industriais”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
| CNI (publicado em 22-10-2019) | | | | Em outubro, a média diária chegou a 730 certificações e licenciamentos. Resultado foi anunciado na no Comitê Permanente de Desburocratização, criado pelo Governo do Estado e que tem a participação de 23 entidades do setor produtivo. Objetivo é melhorar o ambiente de negócios no Estado.
O Corpo de Bombeiros do Paraná alcançou, em outubro, a média diária de 730 emissões de certificações e licenciamentos. É o melhor resultado de sua história. No início do ano, o número girava em torno de 500.
O resultado foi alcançado com ações de desburocratização, como licenciamento simplificado e redução de custos. Além disso, mais de 80% dos novos estabelecimentos comerciais do Estado se enquadram na faixa de baixo risco e podem obter o licenciamento pela internet.
O crescimento no número de licenciamentos foi anunciado nesta terça-feira (22) durante a terceira reunião do Comitê Permanente de Desburocratização, uma das ações do Programa Descomplica lançado em agosto pelo Governo do Estado para melhorar o ambiente de negócios do Paraná.
Coordenado pela Casa Civil, o comitê conta com a participação de 23 entidades do setor produtivo e envolve todos os órgãos do governo que atuam na abertura e funcionamento de empresas.
“Nesta reunião pudemos aprofundar as questões que impactam na abertura, alteração e desenvolvimento de novos negócios no Paraná, com muitas sugestões feitas pelas entidades que compõem o comitê. Vamos criar um repositório importante de medidas a serem adotadas e, em conjunto, definir as prioridades”, afirmou o presidente do comitê, Phelipe Mansur.
AÇÕES - Assim como o Corpo de Bombeiros, representantes da vigilância sanitária e do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), também apresentaram ações de desburocratização em andamento. O objetivo é padronizar a identificação de riscos e processos de trabalho em todo o Estado e capacitar suas equipes.
Os Bombeiros, inclusive, querem ir além, e pretendem oferecer um curso específico para os profissionais de arquitetura e engenharia que assinam os projetos. “É importante qualificar e responsabilizar esses profissionais pelo trabalho que estão fazendo. Eles têm que estar cientes de todas as medidas que devem ser adotadas nos projetos”, explicou o comandante da corporação, coronel Samuel Prestes.
A coordenadora de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde, Luciane Otaviano de Lima, apresentou um estudo detalhado das propostas feitas pelas entidades empresariais para facilitar o licenciamento sanitário, indicando o que pode ser adotado e o que esbarra na legislação.
INTEGRAÇÃO - Para a classe empresarial, falta uma definição de graus de risco e maior integração com os municípios. O que, de acordo com Luciane, terá de ser resolvido com a construção de uma legislação específica, com critérios que enquadrem projetos de baixo, médio e alto risco e que seja adotada tanto pelo Estado quanto pelos municípios.
A coordenadora de Vigilância Sanitária disse, ainda, que está em estudo a análise online de projetos arquitetônicos, o que deverá agilizar bastante os processos.
Na área ambiental , o IAP quer melhorar e ampliar as funcionalidades do Sistema de Gestão Ambiental (SGA), ferramenta online desenvolvida em parceria com a Celepar para emissão de dispensas e licenciamentos ambientais.
E vai incentivar os municípios a fazer o licenciamento municipal, o que deixará para o Estado a análise ambiental dos casos mais complexos. Hoje apenas cerca de 40 municípios fazem esse licenciamento.
PROJETO DE LEI - O governo também apresentou na reunião projeto que altera a Lei 14.620/2003, possibilitando, por exemplo, a transferência de veículos sem a quitação integral do IPVA no exercício corrente e ampliando o pagamento de cinco para até dez parcelas mensais os créditos tributários pendentes que não estejam inscritos em dívida ativa.
| SEMA (publicado em 23-10-2019) | | | | O Mercosul é o maior destino das exportações brasileiras de manufaturados e produtos de alta e média intensidade tecnológica
Estudo da CNI (Confederação Nacional da Indústria) mostra que 2,4 milhões de empregos e R$ 52 bilhões em massa salarial, em alguns dos estados onde a votação do presidente Jair Bolsonaro foi mais expressiva, estarão em jogo com o eventual fim do Mercosul ou a flexibilização da TEC (tarifa externa comum) em vigor no bloco.
O Mercosul é o maior destino das exportações brasileiras de manufaturados (20,4%) e produtos de alta e média intensidade tecnológica (25,6%) —e essas vendas são as que mais geram empregos, pagando salários maiores.
O Brasil exportou R$ 77,8 bilhões para o Mercosul em 2018. Essas vendas geraram 2,4 milhões de vagas de emprego —cada R$ 1 bilhão exportado gerou 31.116 empregos. E originaram R$ 52 bilhões em massa salarial —cada R$ 1 bilhão exportado gerou R$ 668,3 milhões.
As exportações para a China, por exemplo, são na maioria de commodities e, por isso, geram quantidade menor de empregos —27.444— e massa salarial —R$ 454,8 milhões.
Em massa salarial, as exportações para o Mercosul só perdem das vendas para os EUA. Já na geração de empregos, o Mercosul fica em quarto lugar, atrás de Japão, EUA e União Europeia, e à frente da China.
Para a pesquisa, a CNI usou dados de exportações da Funcex e da matriz de insumo-produto do IBGE. No Mercosul, todos os países respeitam a TEC, ou seja, cobram as mesmas tarifas de importação
de cada um dos países extra-bloco, fora exceções, além de terem tarifa zero para exportações entre países-membros, fora exceções.
Com a flexibilização, os países estariam livres para fixar suas tarifas para nações de fora do bloco —e haveria erosão da preferência tarifária.
A CNI não calculou em quanto essas vendas seriam afetadas —isso dependeria de quais tarifas os países do bloco cobrariam de outras nações, para calcular quanto haveria de desvio de comércio, ou seja, quanto esses países deixariam de comprar do Brasil e iriam adquirir de outros locais.
Para a CNI, há mais um fator a ser considerado: os outros países, por serem menores e de economia menos complexa, reduziriam tarifas mais rapidamente para terceiros países —prejudicando as vendas brasileiras— com exceção da Argentina, historicamente mais protecionista.
“O Mercosul é muito importante para o Brasil e para a indústria. Não podemos perder a preferência tarifária que temos no bloco”, diz diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria, Carlos Abijaodi.
Reportagem da Folha mostrou que Brasil cogita sair do Mercosul caso a Argentina rejeite abertura que o ministro da Economia, Paulo Guedes, planeja fazer. O Uruguai e o Paraguai já concordaram com redução de alíquotas de importação em 80% nos mais de 10 mil itens negociados.
Representantes de Brasil, Uruguai e Paraguai acreditam que a Argentina travará o acordo caso a chapa de Alberto Fernández e da ex-presidente Cristina Kirchner vença as eleições presidenciais. A redução precisa do aval dos quatro países-membros.
Segundo a CNI, o impacto seria mais sentido em alguns dos estados onde a votação no presidente Jair Bolsonaro foi maior no primeiro turno.
Isso porque entre os dez estados brasileiros que mais exportaram para o Mercosul, oito votaram no Bolsonaro acima da média nacional no primeiro turno, de 46,3%.
No Rio, onde a votação em Bolsonaro no primeiro turno foi de 59,79%, seriam afetados 183 mil empregos e R$ 4,4 bilhões em massa salarial. Em SP, que teve 53% dos votos para Bolsonaro no primeiro turno, estariam em jogo 921 mil empregos e R$ 20,6 bilhões em massa salarial. Em Santa Catarina, onde houve 65,82% de votação em Bolsonaro, o que impactaria 142 mil vagas e R$ 2,7 bilhões em massa salarial.
O presidente Bolsonaro, em viagem ao Japão, aventou a possibilidade de a Argentina ser suspensa do bloco caso a oposição vença a eleição presidencial no país e se oponha à abertura pregada pelo Brasil.
Mas, segundo a CNI, isso teria efeito negativo. “Seria prejudicial para a indústria deixar o Mercosul ou perder a Argentina como parceiro estratégico. Ela é o segundo mercado para os bens manufaturados do Brasil. É importante manter a integração com os nossos vizinhos”, diz Abi Jaodi.
Entidades setoriais já se manifestaram contra a proposta de abertura do Mercosul em estudo no governo. Os setores de ônibus e de calçados dizem que as reduções da TEC resultarão em invasão chinesa.
| Folha de S. Paulo | | | | Relatório Doing Business, do Banco Mundial, mostra que nota do país subiu de 58,6 para 59,1
O Brasil ficou na 124ª posição de ranking sobre facilidade de fazer negócios, que considera 190 países. A nota do país melhorou de 58,6, da análise anterior, para 59,1, deste ano, segundo dados do Banco Mundial divulgados pelo relatório Doing Business 2020 nesta terça-feira (23).
Dos 10 aspectos analisados pelo relatório, o Brasil teve melhora em 3, piora em 1 e manteve o mesmo desempenho nos outros 6.
A melhora no registro de propriedades foi a que mais chamou atenção, com um aumento de 2,2 pontos percentuais.
Sobre isso, no texto de divulgação, o banco aponta um aprimoramento no sistema de administração de terras, a introdução de pagamentos online em São Paulo e a criação de um sistema também online no Rio de Janeiro para obter certificados de propriedade.
Para a coordenara do departamento de Pesquisas, Estatísticas e Desburocratização da Arisp (Associação dos registradores imobiliários do estado de São Paulo), Patricia Ferraz, essa melhora será muito importante para investimentos futuros.
"Se os dados dos imóveis, que são garantias reais para [obtenção] de crédito, estiverem transparentes, o investidor irá perceber que o setor imobiliário brasileiro é seguro e vai ter outro olhar para o país", disse.
Além do quesito de registro de propriedade, apareceu em alta a resolução de insolvência de empresas, com avanço de 1,9 ponto percentual, e abertura de empresas, com crescimento de 1 ponto percentual.
Já a piora veio por conta da obtenção de alvarás para construção, que apresentou um recuo de 0,2 ponto percentual.
O Doing Business 2020 abrange parte do governo Michel Temer e o início do mandato de Jair Bolsonaro, uma vez que o relatório é feito de junho de 2018 a maio de 2019.
No ano passado o Brasil apareceu na 109ª colocação, dando um salto de 16 posições em relação a 2017. Neste ano ainda não é possível fazer inferências sobre as posições porque o Banco Mundial pode rever a classificação do relatório anterior.
País distante dos ricos e emergentes
Entre os países do Mercosul, enquanto o Uruguai aparece na 101ª posição, os outros países seguem colados ao Brasil, com Paraguai na 125ª colocação e Argentina na 126ª.
Embora esteja um pouco melhor que esses dois vizinhos mais próximos, outros países da América Latina mantêm boa distância do Brasil. É o caso do Chile, México, Colômbia e Costa Rica que estão na 59ª, 60ª, 67ª, e 74ª colocação, respectivamente.
A diferença ocorre também em relação aos parceiros do Brics, em que os brasileiros aparecem atrás de todos eles, com Rússia em 28º lugar, China, 31º, Índia, 63º, e África do Sul, 84º.
Neste ano, o banco lista apenas duas reformas feitas no Brasil para melhorar o ambiente, contra quatro apontadas no relatório passado.
Uma das mudanças, segundo o documento, refere-se ao registro de empresas, que se tornou mais ágil no Rio de Janeiro e em São Paulo. Outra é relativa à redução do custo do certificado digital. Ambas as reformas passaram a facilitar a abertura de empreendimentos.
Em outro trecho do documento, o banco cita o Brasil ao comentar os desequilíbrios que a regulação do mercado de trabalho pode criar.
A partir de uma pesquisa, o relatório diz que dados de 2001 a 2009 indicam que a introdução do salário mínimo no Brasil está associada ao aumento de 39% do emprego informal no país.
O texto afirma também que tribunais mais eficientes vêm melhorando o mercado imobiliário. Ao comentar isso, o relatório diz que empresas que operam em municípios brasileiros onde os tribunais civis estão menos congestionados experimentaram forte crescimento no uso de crédito com garantias.
Reformas pelo mundo
O Banco Mundial também informou que ao longo do ano passado 115 economias do planeta foram responsáveis por 294 reformas que facilitaram o ambiente de negócios para os empresários.
Dos países analisados, os dez onde os ambientes de negócio mais melhoraram foram Arábia Saudita, Jordânia, Togo, Bahrein, Tajiquistão, Paquistão, Kuwait, China, Índia e Nigéria.
Já as dez economias que registraram a maior facilidade ao fazer negócios foram Nova Zelândia, Singapura, Hong-Kong, Dinamarca, Coreia do Sul, Estados Unidos, Geórgia, Reino Unido, Noruega e Suécia.
| Folha de S. Paulo (publicado em 24-10-2019) | | | | Apesar do número ser o pior entre as nações analisadas, quantidade de horas diminuiu
Por ano, 62,5 dias são necessários para que empresários paguem impostos no Brasil. Ou melhor, 1.501 horas são reservadas para fazer esses pagamentos, segundo dados do Banco Mundial divulgados nesta quarta-feira (23) pelo relatório Doing Business 2020.
O número é o maior entre todos os países analisados —no total são 190, mas a Somália não traz essa informação, então não entra no ranking—, e o segundo colocado está distante, a Bolívia, com 1.025 horas anuais.
O cálculo se baseia no preparo, na declaração e no pagamento do IRPJ (Imposto de Renda de Pessoa Jurídica), impostos sobre as vendas e sobre circulação de bens e serviços e tributos sobre salários e contribuições sociais.
Apesar de encabeçar a lista, o número teve uma redução de 457 horas da pesquisa do ano passado para este ano. E mais: o movimento é de queda se analisado o período desde o relatório de 2014, em que há os primeiros dados sobre o Brasil, quando o tempo gasto chegava a 2.600 horas.
Mesmo assim, o número caminha à margem do que ocorre em países ricos ou emergentes.
Na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o clube dos países ricos, o tempo despendido com a tarefa é de 158,8 horas, ou 10,5% do que é gasto no Brasil.
Já no grupo América Latina e Caribe, o período destinado para fazer o pagamento dos tributos é de 317 horas por ano, ou 21% das horas reservadas por empresários no Brasil.
Além da questão do tempo, o índice de processos pós declaração de imposto também é ruim no Brasil. Variando de 0 (pior) a 100 (melhor), o indicador é baseado tanto no tempo para retificação quanto para restituição. Nesse quesito, a nota brasileira é 7,8 e só perde para República Centro Africana (5,1), Timor Leste (1,4), Somália, Brunei e Afeganistão (todos com 0 pontos).
Embora esses números amarguem a situação do Brasil, deixando-o na 184ª posição do ranking de 190 países no âmbito pagamento de impostos, a nota sob esse recorte se manteve a mesma do relatório anterior, 34,4 pontos.
| Folha de S. Paulo (publicado em 24-10-2019) | | | | Em Pequim, Paulo Skaf disse não ver problemas em reduzir impostos de importação desde que competitividade do país cresça
O presidente da Federação das Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, minimizou nesta sexta-feira (25) em Pequim o impacto da proposta do governo para redução de tarifas de importação do Mercosul e evitou entrar em conflito com o governo Bolsonaro.
“Não tem problema a economia ser mais aberta desde que a competitividade brasileira cresça”, disse, citando redução de impostos, mais crédito, juros baixos.
Questionado se é possível reduzir o custo Brasil em quatro anos, prazo previsto pelo governo para a abertura unilateral, Skaf frisou que ainda é apenas uma “proposta” e que ele espera que em quatro anos a competitividade brasileira avance significativamente.
Conforme documento em discussão entre os países do Mercosul encaminhado pelo Brasil, a indústria é a mais afetada pela abertura, com redução média do imposto de importação de 13,6% para 6,4%.
Em alguns setores, a queda é ainda mais drástica. Veículos de passeio passariam dos atuais 35% para 12%. Na cadeia do aço, a tarifa média cairia de 10,4% para 3,7%.
A medida tem provocado forte reação de setores da indústria, mas há divergências. Alguns segmentos defendem a redução de tarifas para baratear matérias-primas que utilizam como aço ou produtos químicos.
Skaf disse que não comentou sobre o assunto da revisão da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul com o presidente Jair Bolsonaro (PSL). Ele organizou na quinta-feira (24) um jantar de Bolsonaro com 19 presidentes de grandes empresas chinesas, incluindo o Alibaba.
| Folha de S. Paulo | | | |
De acordo com site, 28 mil candidatos ao ProAC tiveram dados expostos
A Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo confirmou na noite desta quinta-feira (24) que um "erro técnico cometido pela gestão anterior" permitiu a exposição de dados pessoais de cidadãos inscritos no ProAC (Programa de Incentivo Cultura do Estado).
O programa é o principal meio de fomento à cultura no estado e auxilia produções de pequeno porte.
O site Congresso em Foco publicou que dados de cerca de 28 mil candidatos que buscaram o apoio financeiro do programa estavam disponíveis na internet. Eram fotocópias de documentos como carteira de identidade e CPF, comprovante de endereço e telefone.
As propostas de editais apresentadas de 2015 também estavam expostas. A secretaria informou que a vulnerabilidade técnica não afetou dados de 2019.
O problema estava na área de cadastros, que saiu do ar no fim da tarde. Os documentos exibidos foram incluídos no site pelos proponentes.
Em nota, a secretaria afirmou que bloqueou imediatamente o acesso aos dados e adotou medidas para resguardar a privacidade dos participantes do programa.
“A pasta notificou a empresa responsável pelo sistema e, por determinação do secretário, abriu procedimento preliminar para identificação de eventuais falhas no sistema. Além disso, abriu sindicância para apurar a responsabilidade pelo episódio”, afirmou.
A vulnerabilidade permitia que terceiros fizessem o download de documentos de outras pessoas cadastradas. Segundo um especialista em segurança da informação, é uma brecha simples de ser evitada. Uma saída seria incluir um tipo de verificação que identificasse que o usuário que incluiu seu arquivo no site é o mesmo que fez o download.
A lei de proteção de dados, que entra em vigor em 2020, prevê penalidades ao Poder Público em casos do tipo. Elas não incluem multas, mas medidas como suspensão do tratamento de dados pelo órgão.
| Folha de S. Paulo (publicado em 24-10-2019) | | | | Abandono do bloco implicaria perdas a setores produtivos e afetaria cidadãos
O Ministério da Economia e o de Relações Exteriores avaliam os impactos de uma eventual saída do Brasil do Mercosul. Técnicos das pastas e da AGU (Advocacia-Geral da União) foram acionados para detalhar os acordos e tratados que afetam cada país e o bloco econômico.
Ainda não há um cálculo preciso do impacto de uma ruptura, mas entram nessa conta perdas bilionárias decorrentes do fim das exportações brasileiras com tarifas diferenciadas aos países do bloco e as perdas para cidadãos.
Para entrar e sair nos países vizinhos, seria preciso passaporte com visto. Famílias que vivem nesses lugares teriam permanência cancelada. Diplomas perderiam a validade.
Até as placas de veículos, que começam a ser trocadas por aquelas com os padrões do Mercosul, teriam de ser modificadas novamente.
No centro desse debate está a resistência da Argentina a uma política de redução da TEC (tarifa externa comum), que incide sobre os produtos exportados pelo bloco para outros países.
Em viagem ao Japão, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou, na quarta (23), que pode solicitar a suspensão da Argentina para evitar que essa revisão tarifária seja barrada.
“Nós sabemos que a volta da turma do Foro de São Paulo e da Cristina Kirchner para o governo argentino pode, sim, colocar em risco todo o Mercosul. E, se possivelmente colocando em risco todo o Mercosul, repito, possivelmente, você tem de ter uma alternativa no bolso”, afirmou.
Para o Brasil, a redução tarifária em 80% de mais de 10 mil produtos do bloco significa levar adiante uma abertura comercial ampla dentro de quatro anos, afetando principalmente a indústria automobilística, base das relações comerciais com outros países.
Ainda segundo os negociadores, esse quadro de incerteza em relação à Argentina foi o que gerou resistência do governo brasileiro à assinatura do acordo automotivo com o país vizinho, em setembro.
Para ser concretizada, a revisão tarifária em curso precisa do aval dos quatro países-membros (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai). A Venezuela está suspensa desde 2017 e não tem direito a voto.
A ordem para uma avaliação do impacto de uma eventual saída do Brasil do Mercosul foi uma orientação dada pelo Planalto para a equipe econômica e de relações internacionais assim que a chapa peronista, formada por Alberto Fernández e pela ex-presidente Cristina Kirchner, disparou nas pesquisas eleitorais para a sucessão presidencial. Ambos são protecionistas.
Nos bastidores, assessores consideram a medida extremada e que funcionaria, no final, como arma de Bolsonaro para interferir nas eleições ajudando seu aliado, o liberal Mauricio Macri.
Internamente, a equipe econômica vê com preocupação a retirada do bloco. Entre janeiro e agosto deste ano, os países compraram US$ 9,2 bilhões em produtos do Brasil, que importou US$ 11,8 bilhões de seus parceiros.
A indústria calçadista, têxtil e fogões, geladeiras e outros itens da linha branca são os carros-chefes dessas vendas.
Da mesma forma como seria difícil sair do tratado, os representantes dos países também consideram improvável uma suspensão da Argentina caso ela não concorde com os termos da redução da TEC.
Em 2012, o Paraguai foi suspenso por causa da deposição do então presidente Fernando Lugo, após rápido processo de impeachment. Isso foi possível graças a uma cláusula chamada democrática. O argumento também foi usado contra a Venezuela.
Para esses representantes, a volta dos peronistas não poderia ser, por si só, um motivo para que a cláusula democrática seja acionada novamente.
A abertura comercial é uma promessa de campanha. Desde que assumiu, Bolsonaro sinalizou que faria uma modernização e abertura da economia capitaneada por Paulo Guedes, medida que estava prevista para ser retomada com mais força após a reforma da Previdência.
A Folha teve acesso à última proposta tarifária discutida, revelada pelo jornal Valor Econômico. Por ela, a indústria será a mais afetada, com redução média do imposto de importação para o setor de 13,6% para 6,4%. Em cada dez itens, seis teriam descontos superiores a 50%. Na média, a TEC ficaria em 6,8%, com uma redução de 40%.
Veículos de passeio passariam dos atuais 35% para 12%. Na cadeia do aço, a tarifa média cairia de 10,4% para 3,7%. Laminados planos (insumo da produção de veículos) seriam taxados a 4%, em vez de 14%.
Alguns tipos de plástico teriam corte de 12% para 8%. Na indústria que fornece o insumo (polipropileno), a queda seria de 14% para 4%.
Se a redução for implementada, o setor têxtil nacional poderá ter tarifas equivalentes às do Canadá. As alíquotas de adubos e fertilizantes estariam niveladas com a dos EUA e até menores que as da UE.
Para a CNI (Confederação Nacional da Indústria), um corte de 50% na tarifa reduzirá o PIB (Produto Interno Bruto) de pelo menos 10 dos 23 setores industriais até 2022.
| Folha de S. Paulo | | | | Para embaixador e ex-ministro, mexer na estrutura do bloco pode afetar acordo com União Europeia
Reduzir as alíquotas de importação, como propõe o governo Bolsonaro para o Mercosul, seria uma "catástrofe" para a indústria brasileira, segundo Rubens Ricupero, embaixador e ex-ministro da Fazenda do governo Itamar Franco.
Ricupero, que participou da implantação do Plano Real, disse que o país ainda está muito longe de ter atingido estabilidade econômica e não tem a competitividade necessária para enfrentar o mercado sem essas tarifas.
"Eles [governo e equipe] podem começar, como a própria indústria tem dito e como se faz no mundo inteiro, por etapas, e não como um choque", afirmou.
O diplomata Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda no governo Itamar e ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos
Disse ainda que uma mudança radical na estrutura do Mercosul, com a saída de algum país, pode afetar o acordo fechado com os europeus.
"Se houvesse um abalo mais radical na estrutura do Mercosul, é claro que esse acordo, que já vai ter muita dificuldade de entrar em vigor por causa daqueles problemas ambientais do Brasil, ficaria ainda mais remoto de ocorrer."
Como o senhor avalia a fala do presidente Bolsonaro sobre suspender a Argentina do Mercosul, caso o país resista à abertura comercial? Achei as declarações um pouco fora de propósito, gratuitas e precipitadas. Porque até agora não houve uma proposta brasileira [para redução da Tarifa Externa Comum, a TEC], nem se tem ideia exata de como o futuro governo da Argentina reagiria a isso. Então é tudo muito hipotético.
Em diplomacia não se trabalha com hipóteses dessa maneira, sobretudo em público e de uma forma até agressiva, como ele disse que isolaria a Argentina.
Na verdade, se de fato o Brasil fizer essa proposta de redução da barreira da TEC, e o governo argentino for contra, não há como contornar essa decisão dentro de um organismo como o Mercosul, que é uma união aduaneira.
No passado, já houve momentos em que o Brasil é que era o obstáculo, e os outros três queriam negociar um acordo com os Estados Unidos, e nem por isso eles avançaram.
Não há mecanismo para permitir que essa regra seja aderida apenas por alguns países, e não por todo o bloco? Poderia se houvesse uma alteração da natureza do Mercosul, como alguns dizem que, em vez de ser uma união aduaneira, o bloco passasse a ser simplesmente um acordo de livre-comércio. O que é um retrocesso em termos de integração comercial.
[Isso porque] a união aduaneira é a forma mais ambiciosa que existe de integração comercial. Ela permite que todos os integrantes do grupo tenham a mesma barreira em relação ao mundo exterior e que por isso mesmo nenhum dos membros do grupo pode isoladamente negociar redução de tarifas com terceiros.
Já o acordo de livre-comércio permite essa negociação com terceiros, porque é uma fórmula mais flexível, mas não tão avançada.
Em geral quando se tem uma união aduaneira, é um passo antes do mercado comum, que é o que se tem na Europa. Para se ter esse mercado comum é preciso que estejam abolidas todas as barreiras de tarifas para mercadorias e serviços.
Voltar para o livre-comércio no Mercosul seria um retrocesso também para a abertura de mercado? Não necessariamente, porque você poderia até multiplicar os acordos de livre-comércio com quem quisesse, sem depender dos outros parceiros.
Agora em relação àquele sonho de criar na América do Sul uma espécie de mercado comum, isso sim se perderia. Seria um retrocesso do que foi sempre o propósito último do Mercosul.
Mas é contraditório isso, porque o próprio Paulo Guedes já chegou a aventar uma ideia de ter uma moeda comum. Os europeus só chegaram a ter uma moeda comum depois de ter um mercado comum, e nem todos os europeus pertencem a zona monetária.
Então é curioso isso, ora o Paulo Guedes aparece contra o Mercosul, ora ele aparece com ideias que soam utópicas, porque para ter uma moeda comum é preciso ter uma uniformidade de políticas econômicas, e nós estamos muito longe de ter isso no bloco.
Dá para o Brasil sair do Mercosul quando bem entender? Teoricamente, tudo é possível. Agora, haveria consequências.
O mercado argentino absorve uma porcentagem altíssima das exportações de manufaturas do Brasil. No caso de automóveis supera 50%. Então como você abre mão desse mercado, de uma hora para outra?
Você vai fazer o que com a indústria automobilística, no momento em que o desemprego está como está? Porque é a primeira consequência disso seria agravar o desemprego.
Se houver a saída de algum país, o acordo com a União Europeia pode ser afetado? Se houvesse um abalo mais radical na estrutura do Mercosul, é claro que esse acordo, que já vai ter muita dificuldade de entrar em vigor por causa daqueles problemas ambientais do Brasil, ficaria ainda mais remoto de ocorrer.
No passado, a União Europeia deixou claro que só tinha interesse em fazer o acordo com o Mercosul, e não com os países individuais. Pode ser que no futuro ela mude, mas essa é que é a posição tradicional dela.
Então afeta de uma maneira substantiva porque deixa de existir um dos parceiros. Mas é por isso que eu não acredito [na saída de países do bloco]. Acho que na prática vai prevalecer uma atitude mais realista.
Como o senhor vê o projeto de redução da TEC? É contraditório também, porque propõe reduções muito fortes para a indústria, que já está combalida, e reduções muito menores para o setor do agronegócio, que é um setor muito mais forte.
Por exemplo, no caso do vinho, que é área do Rio Grande do Sul, de interesse do Onyx Lorenzoni [ministro da Casa Civil], propõe-se uma tarifa de 20%, que é muito alta.
No caso da banana, que é de interesse do Bolsonaro, porque a família dele é do Vale do Ribeira, também não há nenhuma proposta mais audaciosa.
Então ela é muito centrada na indústria, que é o setor que está mais frágil, e exclui setores do agronegócio, porque são de interesses eleitorais ou políticos do governo.
Se ele ocorrer, então, não vai ser bom para o Brasil? Acho que ele é um torpedo abaixo da linha d'água, algo catastrófico. Porque a situação da indústria aqui ainda é muito claudicante.
O país ainda está muito longe de ter atingido estabilidade econômica. O câmbio é muito volátil, a estrutura tributária complexa. Então todos esses elementos afetam a competitividade do Brasil.
Eles podem começar, como a própria indústria tem dito e como se faz no mundo inteiro, por etapas, e não como um choque.
Também acho que o Brasil não deveria fazer isso de maneira unilateral. Nenhum país faz concessões unilaterais. Isso é uma ideia de teóricos, mas na prática, mesmo esses países que tem uma estrutura mais aberta negociam. É o que o Trump faz o tempo todo.
| Folha de S. Paulo | | | | Maquinários e tecnologias como irrigação e plantio direto impulsionaram atividade agrícola
O uso de tecnologia cresceu no campo nos últimos 11 anos, o que levou a um aumento significativo de produtividade em diversos setores agropecuários. É o que mostra o Censo Agro divulgado nesta sexta-feira (25) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com dados de 2017.
De 2006, quando foi feito o Censo Agro anterior, até 2017, cresceram o uso tanto de maquinários quanto o de tecnologias como irrigação e plantio direto.
A evolução das técnicas e o uso de implementos agrícolas ajudaram a aumentar a produtividade agropecuária do país.
Os agricultores passaram a produzir, em média, quase 3.358 quilos de soja por hectare, quase 30% a mais que os 2.583 kg/ha de 11 anos antes. A produção total da soja cresceu 123%, para 103 milhões de toneladas, enquanto a área colhida aumentou em 72%, para 31 milhões de hectares.
No caso do milho, a produtividade cresceu 56%, para 5.582 kg/ha. em 2006 eram 3.572 kg/ha. Como comparação, há três décadas a produtividade rondava os 1.500 kg/ha.
No caso do arroz o salto foi de 60%, para 6.441 kg/ha, contra 4.010 kg/ha na pesquisa anterior, e a produtividade do feijão cresceu 46%, e a do algodão, 30%.
A cana teve um leve recuo, de 71,74 toneladas/ha para quase 70 ton/ha.
Também melhoraram os resultados da pecuária leiteira, de 1.618 litros anuais por vaca, em 2006, para 2.621 litros em 2017. A produção cresceu mesmo com o recuo no total de vacas ordenhadas, de 12,7 milhões para 11,5 milhões.
Apesar de terem melhorado a produtividade, houve queda no número de propriedades que declararam ter recebido orientação técnica: de 22% para 20,1% do total de pesquisados, ou 120 mil estabelecimentos a menos.
Tecnologia
Nesses 11 anos, o número de tratores utilizados nas propriedades rurais aumentou em quase 50%. Se em 2006 eram cerca de 820 mil, onze anos depois a quantidade superou 1,2 milhão. Um mesmo trator pode ser usado com diferentes tipos de implementos, como arados e pulverizadores.
O total de produtores que utilizavam este tipo de máquina aumentou em mais de 200 mil entre um censo e outro, para 734 mil, segundo dados do IBGE.
Também cresceram o número de semeadeiras/plantadeiras (12%, para 358 mil), adubadeiras/distribuidoras de calcário (71%, para 253 mil) e colheitadeiras (48%, para 172 mil).
Ainda de acordo com os dados do censo, 553.382 produtores declararam usar a técnica do plantio direto, alta de 9% sobre a pesquisa anterior.
A técnica desenvolvida no Brasil possibilitou a expansão agrícola no país a partir dos anos 1990 e já vem sendo usada há anos.
Já o total de estabelcimentos com irrigação superaram 500 mil, aproximadamente 50% a mais do que no último censo. A irrigação permite o fornecimento controlado de água em regiões e períodos de seca, permitindo a plantação em locais ou períodos em que isso não era possível anteriormente.
A área irrigada saltou de 4,5 milhões de hectares para 6,7 milhões.
De acordo com o IBGE, aumentou em 158% o número de estabelecimentos com telefone, indo de 1,2 milhão para 3,1 milhões. O acesso a internet disparou 1.900%. Se apenas 75 mil estabelecimentos tinham internet em 2006, 11 anos depois 1,43 milhão produtores declararam acesso à rede.
Mão de obra
Com mais técnicas e maquinários, o campo passou a ocupar menos funcionários —a mão de obra no campo vem recuando desde 1995.
Em 2017, havia 15,1 milhões de trabalhadores nos estabelecimentos rurais, uma média de 2,97 por propriedade, a menor da história do censo.
Há 34 anos, eram 23,395 milhões de pessoas ocupadas, ou 4,03 por estabelecimento.
O IBGE, no entanto, descarta que os dados do censo indiquem êxodo rural, que segundo o instituto só pode ser medido com pesquisas que investiguem o local de residência da população, independentemente da ocupação das pessoas. O IBGE realizará o censo populacional em 2020.
Apesar de descartar êxodo, o censo indica que os jovens estão deixando de se interessar pelo campo. Em 2006, 39,4% dos proprietários rurais tinham menos de 45 anos. Essa proporção caiu quase pela 30% em 2017.
A participação de mulheres entre os produtores passou de 12,7% para 18,7%, e 2 de cada 10 propriedades são dirigidas pelo casal —é a primeira vez que o IBGE pesquisa a direção compartilhada do bestabelecimento.
"Há 1.763.094 mulheres na direção e codireção de estabelecimentos agropecuários", informou o órgão.
Ainda segundo o IBGE, 23% dos proprietários não sabem ler nem escrever.
| Folha de S. Paulo | | | | Presidente também afirmou em Pequim que servidores que ingressem após a reforma administrativa podem perder estabilidade
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta sexta-feira (25) em Pequim que vai adotar medidas para estimular o emprego para jovens até 29 anos e maiores de 55 anos.
“Vamos dar uma ênfase nessas pontas”, disse Bolsonaro. Ele evitou detalhar que medidas serão tomadas, mas, conforme apurou a reportagem, podem incluir redução de encargos trabalhistas das empresas e concessão de crédito. Ainda não é certeza se haverá perda de direitos trabalhistas, mas não está descartado.
Depois do retorno do presidente de seu tour pela Ásia, o governo vai enviar ao Congresso uma medida provisória para estimular o emprego e melhorar a qualificação. Essa MP é a nova prioridade imediata da equipe econômica após a aprovação da reforma da Previdência.
Matéria publicada pela Folha no início de setembro informa que o governo estuda a criação do programa “Emprego verde amarelo”, com desoneração da folha de pagamento e redução de 50% do FGTS para empresas que contratarem jovens ou profissionais desempregados há mais de dois anos.
O número de desempregados no país vem caindo lentamente, mas ainda é muito alto. Em julho, a taxa de desemprego estava em 11,8%, o que representa 12,8 milhões de pessoas. A cobrança política tem sido forte em cima do governo por causa disso.
Além da MP para estimular a geração de novas vagas, o governo tenta encaminhar as reformas administrativa e tributária. Segundo Bolsonaro, a reforma administrativa está bastante “avançada”.
O presidente afirmou que não haverá quebra de estabilidade para os atuais servidores, mas admitiu que quem entrar depois da aprovação das medidas pode perder o benefício. Atualmente os servidores concursados não podem ser demitidos.
Outra medida em estudo pelo governo é acabar com as indexações dos salários dos servidores, que costumam estar vinculados a um porcentual do cargo no topo da carreira.
Na quinta-feira (24), Bolsonaro anunciou o fim da exigência de vistos para chineses no Brasil para estimular o turismo e os negócios. A medida preocupa os especialistas que dizem que a imigração ilegal pode crescer. Questionado sobre o assunto, Bolsonaro disse que haverá “filtros” nos aeroportos.
| Folha de S. Paulo (publicado em 24-10-2019) | | | | Modelo é o mais barato da empresa à venda no país
A Tesla começou nesta sexta-feira (25) a vender o Model 3 fabricado na China com função de piloto automático ao preço de 355.800 iuanes (US$ 50.310, R$ 201 mil), tornando-o o modelo mais barato da empresa à venda no país, mostrou o site oficial da montadora.
A empresa suspendeu as vendas online de uma variante mais barata do mesmo modelo, sem função de piloto automático, que vendia anteriormente a 328.000 iuanes (US$ 46.389, R$ 185 mil).
A Tesla não respondeu a uma solicitação por e-mail para comentar.
A empresa surpreendeu os investidores com um lucro trimestral que impulsionou suas ações esta semana, mas ainda precisa provar que pode ser consistentemente rentável ao gerenciar o início da produção na fábrica de Xangai.
A principal empresa do bilionário Elon Musk iniciou testes em sua nova fábrica na China, de US$ 2 bilhões (R$ 8 bilhões), antes do previsto, disse na quarta-feira, enquanto corre para atingir uma meta ambiciosa de uma taxa de produção anualizada de 500 mil veículos até o final de 2019.
A empresa obteve o certificado necessário para fabricar no país, mas analistas afirmam que as incertezas em relação à mão-de-obra e fornecedores tornarão um desafio iniciar a produção em massa.
Até agora, o Model 3 fabricado nos EUA se saiu bem na China, o maior mercado de automóveis do mundo. As vendas provavelmente subiram mais de três vezes, para 10.542 carros no trimestre encerrado em 30 de setembro, segundo a empresa de pesquisa LMC Automotive.
| Folha de S. Paulo | | | | As ações da empresa de Elon Musk dispararam 17%
As ações da Tesla dispararam 17% nesta quinta-feira, depois que a montadora de carros elétricos surpreendeu Wall Street ao cumprir a promessa do presidente-executivo, Elon Musk, de lucro no terceiro trimestre, mesmo com as dúvidas sobre suas perspectivas de longo prazo.
Com o papel negociado a 298 dólares, capitalização de mercado da Tesla alcançava 53 bilhões de dólares, superando o valor de mercado de ações da GM Motors de 51 bilhões de dólares e tornando-a a empresa de automóveis mais valiosa dos Estados Unidos. Ela já havia ocupado tal posto anteriormente, mas recentemente a GM obteve uma vantagem substancial.
A Tesla divulgou lucro trimestral na quarta-feira, citando melhorias na eficiência operacional e uma redução nos custos de fabricação e material.
O resultado desencadeou um forte desmonte de posição de traders com posições vendidas em ações da Tesla, a segunda empresa com mais posições vendidas nos EUA, depois da Apple, em termos da quantidade total de dinheiro na venda.
Com uma aposta de 10,5 bilhões de dólares contra a Tesla, os vendedores a descoberto sofreram perdas no papel de 1,4 bilhão de dólares na quinta-feira, apagando 70% dos lucros que registraram em 2019, de acordo com a S3 Partners, uma empresa de análise financeira. No acumulado ano, as ações da Tesla ainda recuam 10%.
Pelo menos oito corretoras aumentaram seus preços-alvos para as ações da Tesla, enquanto a classificação média da empresa em Wall Street permaneceu em "manter", com apenas 11 dos 34 analistas recomendando que os investidores comprassem as ações.
No passado, os investidores demonstraram impaciência com as falhas em série da empresa em cumprir as metas financeiras e de produção. As ações da empresa também ainda contabilizam declínio expressivo em relação à máxima de quase 390 dólares em 2018.
| Folha de S. Paulo (publicado em 24-10-2019) | | | | GM inaugura outra fábrica de motores em Joinville, quatro vezes maior
Após quase três anos do início das obras, a General Motors inaugurou oficialmente outra fábrica de motores em Joinville (SC), quatro vezes maior que a primeira aberta em fevereiro de 2013 com aporte de R$ 350 milhões. A nova unidade recebeu investimentos de R$ 1,9 bilhão e começou a operar há cerca de um mês, produzindo a moderna linha de motores tricilíndricos 1.0 (aspirado e turbinado) que equipa a nova família Onix produzida em Gravataí (RS) – o sedã foi lançado em setembro e o hatch será em novembro.
Localizada bem ao lado, a antiga planta de 14 mil metros quadrados foi desativada e a produção dos motores 1.4 e 1.0 de quatro cilindros que eram feitos lá foi integralmente transferida para o complexo industrial da GM em São José dos Campos (SP), que já produzia os mesmos modelos e também a versão 1.8. A velha geração de propulsores, com mais de 30 anos de mercado recebendo algumas atualizações, seguirá equipando a geração anterior do Onix, na linha de entrada Joy, e tende a ser gradualmente encerrada nos próximos anos, conforme a demanda.
A nova fábrica ocupa área de 174 mil metros quadrados e tem capacidade para produzir até 410 mil motores por ano – quase duas vezes e meia mais do que a antiga planta que chegou ao pico de 174 mil/ano. Além dos modelos de 1 litro, até o próximo ano as versões 1.2 três-cilindros aspirada e turbinada também deverão entrar em produção em Joinville.
“A fábrica de Joinville, que já era uma das mais modernas e sustentáveis do mundo, agora é uma das operações de motores com o maior nível de automação, o que foi viabilizado com os investimentos recentes”, disse Marcos Munhoz, vice-presidente da GM América do Sul.
Durante a cerimônia de inauguração oficial na terça-feira, 22, o executivo que se aposenta da GM no fim deste ano lembrou que participou das negociações para a instalação da fábrica de motores em Joinville, no início da década. “Começamos com capacidade de 120 mil/ano e chegamos a 140 mil alguns anos depois com investimentos em produtividade. Mas nada se compara ao que fizemos agora, com investimento muito maior que deu origem a uma planta com alto nível de automação e qualidade”, destacou.
Fábrica 4.0
Quase todas as operações na nova fábrica da GM são robotizadas e interligadas em rede digital, no conceito de manufatura 4.0, em que os equipamentos se comunicam entre si, geram pedidos de componentes e regulam o fluxo produtivo. São duas linhas de usinagem para blocos, outras duas para cabeçotes – os componentes de alumínio fundido são fornecidos pela Nemak, de Minas Gerais – e uma linha de montagem final.
Todas as linhas de usinagem são automáticas de ponta a ponta, robôs colocam e tiram as peças de cada etapa dentro das máquinas CNC. O abastecimento e retirada de componentes prontos é feita por meio de empilhadeiras autoguiadas, que são chamadas pelos funcionários com um simples toque de um botão para trazer peças ou buscá-las para encaminhamento à montagem final. Todas as partes usadas na produção são rastreadas, de forma que é possível saber em qual parte do processo e em qual motor está cada uma.
Segundo a GM, construir a nova fábrica consumiu 410 mil horas de trabalho para instalar 627 equipamentos, incluindo 90 robôs. Foram recebidos 512 contêineres de 15 países com máquinas e componentes para a planta. A produção seriada encontra-se em fase gradual de aceleração, em apenas um turno e ainda com poucas dezenas de funcionários na operação.
A planta de Joinville também é reconhecida por sua sustentabilidade ambiental. Parte da energia consumida é solar, gerada por painéis fotovoltaicos instalados no teto – que também abastecem duas escolas vizinhas. No interior da fábrica as luminárias de LED são autorreguláveis, aumentando ou baixando a intensidade conforme a necessidade. Todos os resíduos industriais e orgânicos são reciclados e tratados, nada é enviado a aterros. As águas das chuvas são reaproveitadas e tratadas por osmose, sem produtos químicos.
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