| 02 de JuLho de 2019
Terça-feira
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Em 02/07/2019
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| | | | | No confronto com maio de 2018, entretanto (mês da greve dos caminhoneiros), houve alta de 7,1%. No ano, setor acumula queda de 0,7%.
A produção industrial brasileira registrou em maio uma queda de 0,2%, na comparação com abril, segundo divulgou nesta terça-feira (2) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Trata-se da 3º queda mensal no ano. Com o resultado, o setor elimina parte do ganho de 0,3% do mês anterior e acumula perda de 0,7% nos 5 primeiros meses de 2019.
No confronto com maio de 2018 (mês da greve dos caminhoneiros), entretanto, houve alta de 7,1% – a maior desde abril do ano passado (9,2%). De acordo com o gerente da pesquisa, André Macedo, além da paralisação dos caminhoneiros, que derrubou a produção nacional, deixando muito baixa a base de comparação, maio de 2019 teve um dia útil a mais, o que também contribuiu para a alta expressiva.
Apesar do recuo ante abril, no acumulado em 12 meses a produção industrial interrompeu a trajetória descendente iniciada em julho de 2018, ao passar de -1,1% em abril para zero em maio. Veja gráfico abaixo:
Entre as grandes categorias econômicas, bens de consumo semi e não-duráveis (-1,6%) e bens de consumo duráveis (-1,4%) tiveram taxas negativas. Por outro lado, os setores de bens intermediários (1,3%) e de bens de capital (0,5%) registraram crescimento.
18 dos 26 ramos apresentam queda
Segundo o IBGE, 18 dos 26 ramos pesquisados apresentam queda em maio, na comparação com o mês imediatamente anterior.
O destaque ficou com a fabricação de veículos, que caiu 2,4% na comparação com abril, mas subiu 37,1% em relação a maio do ano passado. De acordo com o gerente da pesquisa, a paralisação dos caminhoneiros, em maio do ano passado, causou um efeito negativo que atingiu grande parte da indústria, gerando uma base de comparação baixa, com ênfase na produção de automóveis e caminhões.
Já a indústria extrativa foi o principal impacto positivo no mês. Com crescimento de 9,2% na produção, o resultado interrompeu uma sequência de quatro quedas seguidas, recuperando parte dos 25,6% de perdas acumuladas de janeiro a abril.
Outro impacto positivo importante no setor veio dos derivados de petróleo e biocombustíveis (3,2%), que interromperam dois meses consecutivos de queda.
“Os avanços no mês se concentraram principalmente na categoria dos bens intermediários, ou seja, matérias-primas usadas pela própria indústria, grupo que avançou 1,3%, enquanto os bens de consumo tiveram queda no período”, destacou Macedo.
Economia estagnada
Os indicadores de maio já divulgados continuaram a mostrar uma cenário de economia fraca, após uma queda de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no 1º trimestre, em meio a um cenário de baixa confiança de empresários e consumidores, elevada ociosidade e uma taxa de desemprego que ainda atinge 13 milhões de brasileiros.
Na semana passada, o Ministério da Economia divulgou que foram criados 32.140 empregos com carteira assinada no país em maio, o pior resultado para o mês desde 2016, quando houve fechamento de vagas. No acumulado no ano, foram gerados até maio 351.063 postos formais de trabalho.
Ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) mostrou que o Banco Central não descarta a possibilidade de uma nova recessão. O BC destacou que a economia brasileira segue operando com "alto nível de ociosidade dos fatores de produção, refletido nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego".
Já os economistas das instituições financeiras baixaram na última semana a estimativa de alta do PIB deste ano para 0,85%, segundo a pesquisa Focus do BC. Foi a 18ª queda consecutiva do indicador. O BC, por sua vez, reduziu para 0,8% a previsão para o crescimento da economia brasileira em 2019.
| G1 | | | | A indústria registrou perdas na produção em 18 das 26 atividades pesquisadas na passagem de abril para maio, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na média global a produção recuou 0,2%.
A principal influência negativa foi do recuo de 2,4% em veículos automotores, reboques e carrocerias, que devolveram parte do avanço de 6,4% registrado em abril.
Outras contribuições negativas relevantes foram de bebidas (-3,5%), couro, artigos para viagem e calçados (-7,1%), outros produtos químicos (-2,0%), produtos de metal (-2,3%), produtos de minerais não metálicos (-2,1%) e produtos diversos (-5,8%).
Na direção oposta, entre os oito segmentos com avanços, o crescimento mais significativo foi registrado pelas indústrias extrativas, com expansão de 9,2%, eliminando assim parte do recuo de 25,6% acumulado nos quatro primeiros meses de 2019.
Segundo André Macedo, gerente da Pesquisa Industrial Mensal, no IBGE, as indústrias extrativas voltaram a crescer devido à retomada da extração de minério de ferro no Pará, que tinha sido prejudicada pelo excesso de chuvas nas leituras anteriores, além do bom desempenho da extração de petróleo.
Também houve crescimento em maio ante abril na fabricação de setor de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,2%), interrompendo dois meses consecutivos de quedas, período em que acumulou uma perda de 4,9%.
| DCI | | | | A CNI informou ainda que o emprego na indústria cedeu 0,2% em maio, na série ajustada. Em relação a maio de 2018, houve baixa de 0,4%
A atividade industrial apresentou retração em maio na comparação com abril, conforme a pesquisa de Indicadores Industriais da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O faturamento real (descontada a inflação medida pelo INPC) da indústria cedeu 2,2% no quinto mês do ano, na série com ajuste sazonal. Na comparação entre maio e o mesmo mês do ano passado, houve uma expansão de 17,6%.
De acordo com a CNI, a utilização da capacidade instalada passou de 77,7% em abril para 78,7% em maio. Na série com ajustes sazonais, o porcentual foi de 77,8% para 78,1% no período.
A CNI informou ainda que o emprego na indústria cedeu 0,2% em maio, na série ajustada. Em relação a maio de 2018, houve baixa de 0,4%.
No caso da massa salarial real (descontada a inflação medida pelo INPC), houve alta de 0,4% em maio ante abril, na série com ajuste sazonal, e baixa de 0,8% em relação a maio de 2018. Já o rendimento médio real subiu 0,5% em maio ante abril e cedeu 0,5% em relação a maio do ano passado.
Conforme os números da CNI, as horas trabalhadas na produção industrial brasileira também cederam em maio ante abril (queda de 0,2%), na série ajustada. Em relação a maio do ano passado, houve alta de 1,3%.
| R7 (publicado em 01-07-2019) | | | | A produção da indústria de bens de capital teve alta de 0,5% em maio ante abril, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com maio de 2018, o indicador mostrou aumento de 22,2%. Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF).
No ano, houve elevação de 1,9% na produção de bens de capital. No acumulado em 12 meses, a taxa ficou positiva em 4,2%.
Em relação aos bens de consumo, a pesquisa registrou queda de 1,8% na passagem de abril para maio. Na comparação com maio de 2018, houve alta de 14,9%. No ano, a produção de bens de consumo subiu 1,7%. No acumulado em 12 meses, o aumentou foi de 1,0%.
Na categoria de bens de consumo duráveis, o mês de maio foi de recuo de 1,4% ante abril. Em relação a maio de 2018, houve alta de 28,0%. Entre os semiduráveis e os não duráveis, houve redução de 1,6% na produção em maio ante abril. Na comparação com maio do ano passado, a produção cresceu 11,4%.
Para os bens intermediários, o IBGE informou que a produção teve expansão de 1,3% em maio ante abril. Em relação a maio do ano passado, houve uma elevação de 2,3%. No ano, os bens intermediários tiveram redução de 2,0%. Em 12 meses, houve diminuição de 0,9% na produção.
O índice de Média Móvel Trimestral da indústria teve queda de 0,4% em maio.
Revisões
O IBGE revisou o resultado da produção de bens de capital em abril ante março, de 2,9% para 3,1%. A taxa de março ante fevereiro saiu de 0,5% para 0,7%.
Na categoria de bens intermediários, a taxa de abril ante março foi revisada de
-1,4% para -1,6%.
O desempenho dos bens de consumo duráveis em abril ante março passou de 3,4% para 3,3%. A taxa de março ante fevereiro saiu de -0,6% para -1,0%, e o resultado de fevereiro ante janeiro foi revisto 3,8% para 3,5%.
Já o desempenho dos bens de consumo semi e não duráveis em abril ante março foi revisado de 2,6% para 2,8%.
| Tribuna PR | | | | O setor industrial brasileiro se fortaleceu em junho, melhorando a confiança, mas não o suficiente para evitar demissões, segundo pesquisa recente da IHS Markit
Para conter custo, empresário volta a reduzir quadro de funcionário
O setor industrial brasileiro se fortaleceu em junho, diante do aumento da entrada de novos trabalhos, melhorando a confiança, mas não o suficiente para evitar demissões, de acordo com a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgada nesta segunda-feira.
O IHS Markit informou que o PMI da indústria brasileira subiu para 51,0 pontos em junho, ante os 50,2 em maio, afastando-se da marca dos 50,0 pontos, que indica estagnação. “A notícia traz algum alívio às autoridades já que o setor industrial como um todo continua a sofrer com o desastre de Brumadinho”, afirmou a economista do IHS Markit, Pollyanna De Lima.
Segundo o levantamento, o ponto alto do mês foi bens de capital, que superou os subsetores de bens intermediários e de consumo no que se refere a produção, vendas e compras de insumos.
Os bens intermediários apresentaram alta em todos esses quesitos, mas as empresas de bens ao consumidor registraram contração. A produção como um todo aumentou em meio a relatos de crescimento das vendas e ganhos de produtividade. Mas, embora o ritmo tenha acelerado em relação a maio, ainda foi o segundo mais baixo desde outubro.
O mês de junho foi marcado pelo aumento na entrada de novos trabalhos. Segundo as empresas consultadas, a demanda melhorou, e dados sugerem que o mercado doméstico foi a principal fonte de crescimento das vendas, já que as exportações caíram no ritmo mais forte em 29 meses.
Para conter os custos, os empresários voltaram a reduzir o quadro de funcionários pela segunda vez seguida, embora o setor de bens de capital tenha apresentado criação de vagas.
Os custos de insumos aumentaram em junho em um movimento relacionado à apreciação do dólar, embora a taxa de inflação tenha caído para a mínima de três meses. Como consequência, os preços de venda aumentaram.
Confiança
Mas a confiança do setor melhorou em junho, depois de em maio atingir o patamar mais baixo em 19 meses, com as empresas esperando que novos contratos, diversificação de produtos e reformas estruturais ajudem a produção nos próximos 12 meses.
Os dados sugeriram ainda que o mercado interno foi a principal fonte de crescimento das vendas, já que as exportações se contraíram ao menor nível dos últimos 29 meses.
“A fim de cumprir seus pedidos de venda e criar reservas de estoques, os produtores de mercadorias aumentaram suas quantidades de compras em junho. A recuperação no volume de compras de insumos aconteceu após ter caído em maio”, dizem técnicos da IHS.
Os fornecedores, segundo a Markit, foram capazes de acomodar confortavelmente o crescimento na demanda de insumos, o que ficou provado pelos prazos mais curtos na entrega dos materiais comprados. “Como resultado, os estoques de pré-produção dos fabricantes aumentaram ainda mais”, dizem os técnicos.
De modo geral, o sentimento em relação aos negócios melhorou e interrompeu um período de 19 meses de baixa até maio. As empresas começara a antecipar contratos para diversificação de produtos e reformas estruturais nas plantas para ajudar o crescimento da produção nos próximos doze meses.
A alta do PMI Industrial do Brasil traz certo alívio aos responsáveis pelas tomadas de decisões no setor, mas no tocante a empregos, o setor industrial ainda demonstra que continua frágil, na avaliação da economista-chefe da JHS Markit, Pollyanna De Lima.
| DCI | | | | As vendas do varejo na cidade de São Paulo caíram 3,2% em junho ante igual mês do ano passado e 4,5% na comparação com maio, segundo dados da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) calculados com base em amostra da Boa Vista Serviços. Segundo o economista da ACSP, Marcelo Solimeo, a queda ante junho de 2018 é explicada pelos dois dias úteis a menos este ano.
As vendas à vista recuaram 5,2% e as compras a prazo declinaram 1,2% na comparação interanual, enquanto, na margem, as vendas a prazo cresceram 1,1% e as compras à vista caíram 10%.
No primeiro semestre, por sua vez, o varejo paulistano avançou 1,6% frente ao mesmo período de 2018, sendo 0,8% nas vendas a prazo e 2,3% à vista. Da mesma forma, em 12 meses, houve alta de 1,6% (2,9%, vendas a prazo, e 0,2%, à vista).
Solimeo avalia que o resultado do primeiro semestre é "fraco". "Reflete o atual momento de inércia da atividade econômica. A perda de fôlego é ainda mais acentuada quando olhamos para o primeiro semestre do ano passado, período em que o varejo havia registrado elevação de 2,9%. Somente novos cortes na taxa básica de juros e reduções no recolhimento dos compulsórios dos bancos poderão reverter essa desaceleração", diz o economista.
Ainda sobre o desempenho no primeiro semestre, Solimeo afirma que o crescimento maior do sistema à vista, que corresponde basicamente aos setores de vestuário, calçados, adereços e objetos de uso pessoal, em relação ao sistema a prazo, que engloba móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, é justificado pela conjuntura macroeconômica.
"As pessoas não têm dinheiro sobrando, portanto, tendem a comprar produtos de menor valor. O consumidor está fugindo de prestações. A queda da confiança, o desemprego elevado e os juros de mercado ainda altos o assustam", diz Solimeo, lembrando que a Copa do Mundo do ano passado também criou uma base forte de comparação no segmento a prazo.
| DCI | | | | Concretização das negociações entre as duas regiões, porém, vem em boa hora
O acordo Mercosul-União Europeia não é para já e deverá demorar um bom tempo para os países dos dois blocos aprovarem os detalhes finais. A concretização das negociações entre as duas regiões, porém, vem em boa hora.
Os dados de comércio do Brasil, a principal economia do Mercosul, e os da União Europeia mostram contínuas desacelerações.
Neste primeiro semestre, a Secex (Secretaria de Comércio Exterior) aponta um recuo da participação dos países do bloco europeu para apenas 15,9% nas exportações totais brasileiras. Em igual período do ano passado, era de 17,8%.
Os dados de comércio divulgados pela União Europeia, referentes ao Brasil, também apontam desaceleração.
Os brasileiros saíram da lista dos dez principias países fornecedores de alimentos para os europeus.
A disputa comercial entre a China e os Estados Unidos fez recentemente os americanos aumentarem as vendas de soja, produto cuja liderança mundial é do Brasil, para os europeus.
As relações Europa e Brasil também não andam boas quando o assunto é a carne. O país perdeu para a Tailândia o posto de maior exportador de carne de frango para a UE.
Quando implementado, o acordo permitirá a negociação de volume maior —apesar de abaixo das pretensões das diversas cadeias produtivas— e preços mais acessíveis, o que deverá incrementar o comércio entre as duas regiões.
A Europa perde espaço nas importações brasileiras, mas a Ásia ganha. Neste ano, os asiáticos ficaram com 40,4% do que o Brasil exportou, em dólares, acima dos 37,6% de janeiro a junho de 2018.
Americanos, canadenses e mexicanos também aumentaram a participação nos produtos colocados pelo Brasil no mercado externo.
Já a balança comercial do agronegócio perde ritmo, em relação ao ano anterior. Os dados da Secex desta segunda-feira (1º) indicam que o carro-chefe da pauta brasileira de exportação, o complexo soja, obteve receitas totais de US$ 19,3 bilhões, 13% menos do que em 2018.
As carnes “in natura” melhoraram a posição neste primeiro semestre, somando US$ 6,3 bilhões, 19% mais do que em igual período do ano passado. Outros dois produtos de destaque neste ano são milho e algodão. O café, apesar da queda de preços no mercado internacional, tem receitas acima das de 2018.
A queda de exportações da soja em quantidade e o consequente recuo do volume financeiro farão que o total das exportações deste ano fique abaixo dos US$ 103 bilhões de 2018.
Uns ganham, outros perdem
O acordo do Mercosul com a União Europeia é positivo, mas será um processo longo. Haverá ganhadores e perdedores dos dois lados. “É preciso ter maturidade para saber que alguns setores podem até desaparecer.” A afirmação é de Marcello Brito, presidente da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio).
A associação reúne a cadeia produtiva no início de agosto, em São Paulo, para discutir o mercado chinês e a sustentabilidade no Brasil, a redução dos custos no país e mecanismos financeiros para o setor.
| Folha de S.Paulo | | | | Cláusula vale por até 18 anos contados a partir da vigência do tratado
O acordo de livre comércio assinado entre Mercosul e a União Europeia na última sexta-feira (28) prevê mecanismos de proteção e aumento de tarifas por parte dos países signatários do tratado em caso de “práticas desleais, como dumping e subsídios, ou por um aumento repentino nas importações”.
O bloco europeu publicou nesta segunda-feira (1º) detalhes dos principais pontos do acordo. As cláusulas de salvaguarda, segundo o documento, podem ser aplicadas em até 18 anos contados a partir da vigência do tratado.
O documento fala que as salvaguardas não podem ser usadas para eliminar as preferências previstas no acordo “sem a devida justificativa”.
O tratado prevê permite a suspensão das preferências por um período de até dois anos, com a possibilidade de extensão por mais dois anos.
Para Juliana Inhasz, professora do Insper, cláusulas de salvaguardas são comuns em tratativas e funcionam como um desincentivo a práticas consideradas desleais ou irregulares no comércio internacional.
“O tempo de 18 anos é bem amplo, de maneira proposital, porque a lógica é que as mudanças sejam implementadas de maneira suave para não prejudicar a dinâmica de comércio já existente entre os dois blocos”, afirma ela.
“Esse aumento temporário de tarifas serve como uma punição a uma prática anticompetitiva, e se restringe ao segmento que está com problemas. O resto do acordo, nesse período, não sofre alterações.”
A previsão de recorrer à proteção em caso de aumentos abruptos na importação, contudo, não é usual.
“Não me lembro desse tipo de mecanismo em outro acordo, mas faz sentido, para não comprometer todo um acordo por um determinado produto que tem grande importação, aumentar a tarifa apenas nesse caso por certo tempo. A ideia é manter um equilíbrio.”
“Se tiver um surto de importação em determinado país, que afeta a empregabilidade ou produção local, o acordo prevê a possibilidade de congelar a queda da tarifa ou eventualmente aumentá-la para lidar com esses problemas estruturais”, afirma Fabrízio Panzini, gerente de negociações internacionais da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Para ele, o tratado é positivo para a economia brasileira, mesmo que a indústria local precise repensar o modelo de negócio nos setores em que tem menor competitividade.
“O desenvolvimento de um país depende de vários fatores e um deles é o nível de integração. Uma agenda de acordos comerciais é a melhor maneira do Brasil progredir nesse campo, principalmente porque dá reciprocidade nas vantagens. Reduzimos tarifas e os parceiros também.”
Segundo estudo da CNI, há cerca de 1.000 produtos brasileiros que seriam beneficiados com o acordo.
O estabelecimento de cotas e de períodos de transição para a liberação dos mercados trazem previsibilidade ao setor privado dos países do Mercosul, segundo Panzini.
“Ainda precisa detalhar como serão implementadas essas cotas, mas são intervalos de tempo razoáveis, permitem tanto ao governo quanto às empresas se prepararem. A indústria melhora seu modelo de negócio e o país implementa o conjunto de reformas, como a previdenciária e a tributária, que ajudem a dar competitividade à economia.”
Mesmo em caso de bens de capital em que os produtos europeus tenham preços competitivos, Panzini enxerga oportunidades para os setores nacionais, com a possibilidade de importar insumos sem imposto, por exemplo.
Cotas
O tratado entre os dois blocos prevê que o Mercosul terá dez anos para zerar as tarifas de 72% dos produtos industrializados e mais cinco anos para atingir o patamar de 90,8%.
O bloco sul-americano vai eliminar impostos de importações em setores como automotivo e de autopeças, maquinário, químico e farmacêutico.
Em um prazo de dez anos após a entrada em vigor, a União Europeia se compromete a zerar as tarifas de importação de 92% dos produtos importados do Mercosul.
No setor industrial, a União Europeia vai acabar com as tarifas de importação para 100% dos manufaturados em até dez anos.
Na área agrícola, terão dez anos para acabar com tarifas de 81,8% das mercadorias, enquanto o Mercosul deverá cumprir um percentual de 67,4%.
Para o setor automotivo, a tarifa de 35% cobrada sobre a importação dos carros europeus cairá para 17,5% em até dez anos, com uma cota de 50 mil carros para o Mercosul nos primeiros sete anos, sendo 32 mil para o Brasil. Em 15 anos, a taxa cairá a zero.
Para fechar o acordo, o Mercosul ainda negociou a liberação de cotas de exportação em áreas específicas. Membros do governo avaliam que o Brasil será o maior beneficiado, já que é o maior produtor da região em grande parte das categorias.
Para carne bovina, por exemplo, haverá uma cota de 99 mil toneladas —45% delas congeladas— vindas de países do Mercosul, que terão uma alíquota reduzida de 7,5% em até seis anos.
Haverá uma cota adicional de 180 mil toneladas de frango exportado para a Europa por ano com tarifa zero. No ano passado, por exemplo, toda a exportação de frango do Brasil para a Europa somou 200 mil toneladas.
No caso do açúcar, produto que o Brasil exportou 22 mil toneladas para a Europa em 2018, a cota extra para o Mercosul será de 180 mil toneladas ao ano com tarifa zero. Há também cota para exportação anual de 450 mil toneladas de etanol industrial sem tarifa.
Outras 200 mil toneladas do produto destinadas a qualquer uso, inclusive combustível, terão imposto reduzido a um terço da tarifa por seis anos.
O arroz terá 60 mil toneladas ao ano livres de tarifa, em seis anos. O mel, 45 mil toneladas.
Ambos os blocos definiram ainda cotas recíprocas para queijos (30 mil toneladas livres de imposto por 10 anos) e leite em pó (10 mil toneladas).
Essas cotas crescerão gradualmente até atingirem os valores totais cerca de cinco anos após a entrada em vigor do tratado.
| Folha de S. Paulo (publicado em 01-07-2019) | | | | Reduzir Custo Brasil e cumprir regulamentações ambientais e de direitos humanos são tarefas que o governo brasileiro terá de executar para alavancar o acordo entre o Mercosul e União Europeia.
Apesar de o tratado histórico ter sido assinado na última sexta-feira (29), depois de 20 anos de negociação, este ainda precisa ser discutido e aprovado nos parlamentos dos quatro países do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), no Parlamento Europeu e nas casas legislativas de cada país da União Europeia.
Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington (1999-2004), avalia que esse processo deve levar de dois a três anos, como foi sinalizado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) no último domingo (30). Barbosa destaca que, além das resistências dos setores agrícola e ambiental do bloco europeu, o governo brasileiro terá de acelerar a agenda de reformas microeconômicas, como a tributária e simplificação de burocracia para não penalizar o setor privado nacional.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria (Abit), Fernando Pimentel, concorda que a agenda de competitividade precisa ser alavancada para que as empresas brasileiras consigam aproveitar ao máximo as vantagens do acordo. Além disso, ele recomenda que, assim que saírem mais detalhes do acordo, as companhias comecem a mapear as oportunidades de negócios com as empresas e governos europeus.
| DCI (publicado em 01-07-2019) | | | | Companhias da UE poderão participar de concorrência em pé de igualdade com as do país; regra atual prevê travas a estrangeiros
O acordo de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia prevê que empresas de um dos blocos participem de licitações e de compras governamentais do outro.
Na prática, quando entrar em vigor, o tratado deve abrir as portas para que empresas europeias participem em pé de igualdade com companhias brasileiras em concorrências públicas no país, um mercado estimado em R$ 78 bilhões por ano só no âmbito da União.
Pelo novo acordo, empresas europeias poderão participar de licitações no Brasil como se fossem brasileiras e vice-versa. Hoje, os governos podem estabelecer travas que impedem ou dificultam a entrada de concorrentes estrangeiros, protegendo companhias nacionais.
O texto negociado determina que as empresas europeias não poderão receber tratamento discriminatório nos processos de compras públicas nos membros do Mercosul —Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
O mesmo vale para empresas da aliança sul-americana que queiram competir no mercado de licitações da União Europeia, que movimenta cerca de € 1,3 trilhão ao ano.
De acordo com interlocutores que acompanharam as tratativas, os negociadores europeus manifestaram especial interesse, no Brasil, nas licitações de obras públicas, além das compras governamentais nas áreas de saúde, veículos e tratores.
Segundo um resumo publicado nesta segunda-feira (1º) pela União Europeia, o tratado tornará “mais fácil para que empresas europeias disputem e ganhem contratos governamentais”.
“Isso impedirá discriminação contra fornecedores da União Europeia e fará com que os processos licitatórios sejam mais transparentes e justos.”
Negociadores brasileiros disseram que, apesar da liberalização para a entrada de europeus no mercado licitatório brasileiro, haverá exceções em áreas consideradas importantes para políticas públicas.
Entraram nessa lista setores de ciência e tecnologia, alguns campos da saúde e de estímulo a pequenas empresas.
O argumento do governo brasileiro é que, com a medida, haverá mais participantes no mercado de compras governamentais, o que deve aumentar a concorrência e garantir preços menores.
O acordo também estabelece que a abertura do mercado de licitações passará por uma fase de transição e que, no Brasil, deverá valer apenas para disputas no âmbito da União.
Depois disso, existe o compromisso de que o Brasil trabalhe com estados e municípios para que a abertura também se aplique, no futuro, a esses entes da federação.
Quando entrar em vigor, o acordo de livre-comércio também deve permitir que empresas europeias de transporte marítimo façam a chamada cabotagem regional.
Na prática, isso significa que navios da União Europeia poderão, por exemplo, buscar uma carga no porto de Santos e transportá-la para Buenos Aires —o que hoje é proibido.
A cabotagem nacional (transporte entre portos brasileiros) continua vetada.
As embarcações europeias também ficarão desobrigadas de pagar para a Marinha a chamada taxa do farol, cobrada para a manutenção desses equipamentos ao longo da costa brasileira.
A flexibilização do mercado de cabotagem regional era uma das demandas dos negociadores europeus.
O Brasil também aceitou reduzir o porcentual de máximo conteúdo importado que um produto precisa ter para ser considerado europeu (e, consequentemente, ter acesso ao benefício tarifário do acordo).
Embora isso gere receio em alguns diplomatas, que temem que com a medida entrem no Mercosul produtos com selo europeu, mas que na verdade têm muitos componentes importados do leste asiático, negociadores brasileiros justificam que a flexibilização era fundamental. Isso porque as cadeias produtivas dos países da União Europeia são muito mais globalizadas do que as dos integrantes do Mercosul.
O Brasil aceitou ainda a inclusão do chamado princípio de precaução no acordo, dispositivo pelo qual um país pode suspender a importação de determinado bem se considerar que ele apresenta danos ao meio ambiente ou à saúde laboral.
Havia grande resistência desse trecho entre negociadores brasileiros, que temiam que esse princípio fosse utilizado para criar barreiras arbitrárias contra produtos nacionais
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No entanto, interlocutores do governo dizem que o texto foi consideravelmente alterado em relação à proposta inicial da Europa, estabelecendo mecanismos que impedem a utilização indiscriminada e injusta desse mecanismo de defesa.
€ 42,6 bi
foram as vendas de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai para os 28 países da União Europeia em 2018
€ 45 bi
foram as vendas da UE para o Mercosul
| Folha de S. Paulo | | | | Acordo prevê percentuais diferentes a serem cumpridos pelos países de cada bloco
O acordo não está em vigor e ainda precisa ser aprovado pelo Parlamento Europeu e pelas casas legislativas de cada membro do bloco. No Mercosul, os negociadores avaliam a possibilidade de que a regra entre em vigor assim que o primeiro país do bloco aprovar os termos.
Segundo o secretário de comércio exterior do ministério da Economia, Lucas Ferraz, o acordo traz percentuais diferenciados para cumprimento pelos países de cada bloco. Cada categoria de produto terá uma regra específica.
Em um prazo de dez anos após a entrada em vigor, a União Europeia se compromete a zerar as tarifas de importação de 92% dos produtos importados do Mercosul. Os sul-americanos terão de zerar as tarifas de 72% dos produtos importados da Europa.
No setor industrial, a União Europeia vai acabar com as tarifas de importação para 100% dos manufaturados em até dez anos. O Mercosul, por sua vez, terá dez anos para zerar as tarifas de 72% dos produtos industrializados e mais cinco anos para atingir o patamar de 90,8%.
Na área agrícola, os europeus terão dez anos para acabar com tarifas de 81,8% das mercadorias, enquanto o Mercosul deverá cumprir um percentual de 67,4%.
Para o setor automotivo, a tarifa de 35% cobrada sobre a importação dos carros europeus cairá para 17,5% em até dez anos, com uma cota de 50 mil carros para o Mercosul nos primeiros sete anos, sendo 32 mil para o Brasil. Em 15 anos, a taxa cairá a zero.
Para fechar o acordo, o Mercosul ainda negociou a liberação de cotas de exportação em áreas específicas. Membros do governo avaliam que o Brasil será o maior beneficiado, já que é o maior produtor da região em grande parte das categorias.
Haverá, por exemplo, uma cota adicional de 180 mil toneladas de frango exportado para a Europa por ano com tarifa zero dentro da cota. No ano passado, por exemplo, toda a exportação de frango do Brasil para a Europa somou 200 mil toneladas.
No caso do açúcar, produto que o Brasil exportou 22 mil toneladas para a Europa em 2018, a cota extra para o Mercosul será de 180 mil toneladas ao ano com tarifa zero. Há também cota para exportação anual de 450 mil toneladas de etanol industrial sem tarifa.
O acordo também traz cotas com tarifas reduzidas para venda de etanol de uso geral e de carne bovina.
Essas cotas crescerão gradualmente até atingirem os valores totais cerca de cinco anos após a entrada em vigor do tratado.
“É uma cota para o Mercosul, mas o Brasil é o grande exportador”, disse o secretário.
Ferraz ressalta que o acordo foi destravado após o Mercosul abrir mão de pontos que eram demandados pelos europeus na área de navegação e da origem de componentes das mercadorias.
A chamada regra de origem foi flexibilizada. Desse modo, os países do acordo poderão usar, por exemplo, componentes importados da China ou outros países para compor um produto que será vendido dentro do acordo. Em etapas anteriores da negociação, os produtos deveriam ser integralmente produzidos dentro dos blocos.
Também pelo tratado, navios europeus poderão participar da navegação de cabotagem no Mercosul. O Brasil ainda vai zerar um imposto cobrado desde 1808 de navios que atracam em seus portos. A regra valerá para os outros países do acordo.
Principais itens do acordo Mercosul-UE
O que é um tratado de livre-comércio?
É um acordo entre países para reduzir ou zerar tarifas e eliminar outras barreiras para importação e exportação.
Quando o acordo com a União Europeia entra em vigor?
Tratado ainda precisa ser ratificado pelo Parlamento Europeu e ter a anuência de cada membro do bloco.
No Mercosul, regra pode entrar em vigor assim que o primeiro país sul-americano aprovar termos.
Previsão é que acordo seja ratificado em dois anos.
O que o acordo prevê?
Europeus vão reduzir suas tarifas de importação de forma mais acelerada; cada categoria de produto tem uma regra.
Em dez anos, a UE deve zerar tarifas de importação de 92% dos produtos do Mercosul. Já o bloco sul-americano vai zerar impostos de 72% dos importados da Europa.
No setor industrial, União Europeia vai liberar 100% dos manufaturados em até dez anos.
Mercosul, liberaliza 72% dos produtos industrializados em uma década, e 91% em 15 anos.
Quais são as principais cotas de importação?
No setor automotivo: tarifa de 35% cobrada pelo Mercosul hoje sobre a importação dos carros europeus cairá para 17,5% em até dez anos, com uma cota de 50 mil carros nos primeiros sete anos, sendo 32 mil para o Brasil. Em 15 anos, a taxa cairá a zero.
Carne: UE estabeleceu cota de 99 mil toneladas a uma tarifa de 7,5% para o produto bovino vindo do Mercosul em seis anos. Para frango, serão 180 mil toneladas livres de imposto em seis anos. Já a proteína suína tem cota de 25 mil toneladas com tarifa de € 83 por tonelada.
Etanol: UE impõe cota de 450 mil toneladas livres de imposto para uso industrial e 200 mil com redução da tarifa a um terço do valor cobrado atualmente para utilização em qualquer uso (inclusive combustível) em seis anos.
Queijo e leite em pó: os dois blocos estipularam as mesmas cotas para esses produtos, de 30 mil e 10 mil toneladas livres de imposto em dez anos.
Quais os compromissos ambientais são exigidos?
Os dois blocos se comprometeram com iniciativas de preservação ambiental que incluem restrições a produtos como soja e carne produzidos em áreas desmatadas.
O documento menciona “moratória da soja no Brasil” para limitar a expansão das plantações de soja em áreas florestais.
Qual o tamanho dos mercados?
O Mercosul e a UE representam, somados, PIB de cerca de US$ 20 trilhões, aproximadamente 25% da economia mundial, e um mercado de 780 milhões de pessoas.
Quanto movimenta o comércio entre os blocos?
Exportações do Mercosul para os 28 países do bloco europeu somaram € 42,6 bilhões (R$ 186 bilhões) em 2018.
A União Europeia vendeu
€ 45 bilhões (R$ 196,7 bilhões) para o Mercosul no mesmo período.
| Folha de S. Paulo (publicado em 01-07-2019) | | | | Texto negociado em Bruxelas passará agora por um processo de revisão técnica, que deve durar meses
Com medo de que a implementação do acordo com a União Europeia se arraste por anos nos Parlamentos dos países do Mercosul, o governo brasileiro pressiona seus sócios na aliança regional para que eles aceitem incluir uma cláusula no tratado que deve reduzir o tempo necessário para que o texto entre em vigor.
O Brasil negocia com Uruguai, Paraguai e Argentina a adoção da chamada cláusula de vigência bilateral.
Caso ela seja aceita, o acordo de livre-comércio pode começar a valer em um país do Mercosul tão logo o seu Parlamento sancione o tratado, mesmo que os demais Congressos ainda não o tenham feito.
Negociadores brasileiros afirmam que a cláusula deve ser adotada, embora a negociação com os países vizinhos ainda não esteja 100% concluída.
Segundo interlocutores no governo, há também uma preocupação política. Existe o receio, por exemplo, de que o Congresso do Paraguai atrase a ratificação do acordo, em razão da forte resistência ao tratado entre congressistas locais.
Mesmo que essa cláusula seja incluída, há um longo processo pela frente até que o acordo de livre-comércio passe a ser implementado.
O texto negociado em Bruxelas passará agora por um processo de revisão técnica, que deve durar meses. Depois, ele precisa ser assinado pelos presidentes do Mercosul e, pela parte da UE, pelo Conselho da UE.
Só depois a redação segue para os Legislativos do Mercosul e para o Parlamento Europeu.
| Folha de S. Paulo | | | | Relator da MP afirma que a mudança em estudo não flexibiliza a legislação trabalhista
A medida provisória (MP) da liberdade econômica deve ser alterada no Congresso para permitir que turistas estrangeiros obtenham reembolso dos impostos embutidos no preço de produtos comprados no Brasil. Outra medida prevista é dar permissão para que mais empresas sejam autorizadas a funcionar em domingos e feriados.
O relator da MP, deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), quer criar uma espécie de "tax-free" para não residentes no país. Além disso, pretende incluir, por exemplo, bancos e construção civil na lista de setores com aval para funcionar todos os dias.
Em junho, o governo publicou uma portaria ampliando para 78 o número de segmentos da economia com autorização para funcionar domingos e feriados, entre eles, todos os ramos do comércio.
Goergen, que tem discutido as mudanças na MP com a equipe econômica, pretende estender essa lista para mais de 80 setores. O relatório deve ser apresentado nesta terça-feira (2) e ainda terá que ser votado em comissão mista, Câmara e Senado.
O deputado afirma que a mudança em estudo não flexibiliza a legislação trabalhista.
"Se trabalhar no domingo, por exemplo, terá uma compensação na semana", disse.
A lista de 78 setores foi anunciada pelo secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, em junho. O relator quer incluir a portaria divulgada pelo governo na medida provisória.
Assim, a autorização, em caráter permanente, para trabalhar mais dias no ano passaria a ter força de lei, quando o Congresso concluir a votação do texto.
O time do ministro Paulo Guedes (Economia) e Goergen sustentam que mais empregos serão gerados com o aval para que mais setores trabalhem nos domingos e feriados.
Um estudo do Sincodiv-SP (Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Estado de São Paulo) projeta a criação de 11,2 mil novos postos de trabalho na capital estadual por causa das vendas esperadas aos domingos.
Também com o argumento de estimular a atividade econômica e aquecer o mercado de trabalho, o relator tem conversado com a Receita Federal para criar a chamada EVN (Exportação de Varejo Nacional), o “tax-free” para não residentes no país.
Turistas estrangeiros, de acordo com a ideia, poderiam pedir o reembolso dos impostos pagos na compra de produtos fabricados no Brasil. Isso ocorreria em aeroportos e zonas de aduana, inclusive em fronteiras acessadas por carro.
"Queremos criar a figura do exportador individual”, disse o relator.
Países vizinhos do Brasil, como Uruguai, já adotam essa medida de isenção de impostos para turistas.
A MP da liberdade econômica foi editada pelo presidente Jair Bolsonaro para facilitar a abertura e o funcionamento de empresas no país, como o fim de autorização prévia para atividades econômicas de baixo risco.
Mas não dispensa a necessidade de registros e cadastros tributários e previdenciários.
O relator estuda ainda que a primeira visita de um fiscal do trabalho a uma empresa seja apenas educativa e que o fiscal não possa interromper o funcionamento do local.
Outra medida em análise é facilitar para que sejam criadas regiões no Brasil com estímulos a startups —algo semelhante ao Vale do Silício, nos Estados Unidos.
Goergen espera que a votação do texto ocorra na comissão mista nesta semana. Segundo o calendário traçado por ele, o plenário da Câmara analisaria a proposta até 10 de agosto e, o do Senado, até 10 de setembro.
| Folha de S. Paulo (publicado em 01-07-2019) | | | | De um lado, setor agrícola já vê bons resultados do acordo, enquanto analistas apontam dificuldades para a indústria nacional, principalmente a automotiva
siderurgia
Após 20 anos, a União Europeia e o Mercosul fecharam no fim da última semana um acordo de livre comércio e, apesar da falta de detalhes sobre todos os pontos desta parceria, alguns setores da bolsa brasileira já estão sentindo os impactos da novidade - sejam positivos ou negativos.
A primeira grande informação é de que mais de 90% das exportações do Mercosul para a União Europeia terão as tarifas zeradas em até dez anos, enquanto os outros 10% terão acesso preferencial com quotas e tarifas reduzidas. Segundo o governo, antes do acordo, apenas 24% das exportações brasileiras entravam livres de tributo na UE.
Analistas ainda não traçaram todos os impactos nas empresas mas, em um primeiro momento, o grande destaque fica para o setor de proteínas, que deve ser bastante beneficiado pela redução das tarifas, com empresas como JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3).
Segundo a equipe do Bradesco BBI, citando fontes da imprensa europeia, as novas condições comerciais oferecem cotas anuais de 180 mil toneladas de carne de frango e 99 mil toneladas de carne bovina por uma tarifa de 7,5%.
Vale lembrar que a questão de avaliações sanitárias não devem sofrer mudanças. No documento, o bloco econômico deixa claro que ainda tem o poder de impor restrições às importações de carne do Brasil, caso futuros eventos, como o caso da investigação “Carne Fraca”, voltem a ocorrer.
"Assumindo que os players utilizem 100% das cotas de carne bovina e de aves, isso significaria aumentos de 41% e 62% nas exportações para a UE, respectivamente, considerando que o Brasil exportou 70 mil e 111 mil de carne bovina e de aves para a UE em 2018, respectivamente", avalia o BBI.
No caso específico da BRF, que atualmente está proibida de exportar para a UE, este acordo, segundo os analistas, poderá acelerar uma potencial reabertura do mercado para a companhia. Se isso acontecer até setembro, o Bradesco BBI elevaria sua projeção de Ebitda para 2020 em R$ 270 a R$ 300 milhões.
O setor agrícola é outro que deve ser impactado positivamente pelo acordo entre os dois blocos já que as tarifas neste mercado serão 100% eliminadas. Neste caso, uma empresa que poderia se beneficiar é a Rumo (RAIL3), com um possível aumento de suas exportações de insumos. Companhias de açúcar e etanol também deve ser favorecidas.
Indústria deve sofrer
Do lado negativo, as primeiras avaliações são de que o setor automotivo, de autopeças, produtos químicos, maquinário e têxteis devem sofrer mais, já que o acordo é melhor para as empresas europeias.
Atualmente, o Brasil tem uma tarifa de importação para automóveis de 35% (excluindo Mercosul e México). Com uma redução desta taxa, a concorrência europeia poderá pesar muito para o setor doméstico. Nesta segunda-feira (1), a Associação dos Fabricantes Europeus de Automóveis (ACEA) elogiou o acordo, prevendo um real crescimento da indústria automotiva da UE.
Seguindo a mesma linha, as companhias de autopeças também deve ser afetadas. As tarifas de importação neste setor variam entre 14% e 18%, e o Brasil já importa US$ 4,2 bilhões em peças da Europa. Neste caso, porém, a avaliação é que as empresas mais bem posicionadas, como Iochpe-Maxion (MYPK3) e Tupy (TUPY3) devem ter impactos mais limitados.
Na lista também aparece a Weg (WEGE3), que pode sofrer inicialmente com a concorrência dos preços no mercado brasileiro, que deve ser pressionadas. Por outro lado, a empresa também é considerada bem posicionada, podendo com o tempo mitigar estes problemas.
Um outro setor que pode ser impactado é o siderúrgico, com Usiminas (USIM5), CSN (CSNA3) e Gerdau (GGBR4). Nesta segunda, a indústria produtora de aço do Brasil criticou o acordo de livre comércio, afirmando que o pacto não trará ganhos para o setor.
"Com o acordo, a indústria brasileira do aço perde a preferência em relação ao Mercosul e ainda corre o risco de ter material de países fora do bloco da União Europeia, entrando no mercado por meio de empresas da região travestido de material local", disse o Instituto Aço Brasil (IABr).
Isso se agrava diante da crise econômica do país, além do excesso de oferta mundial de aço. Segundo a IABr, os produtores de aço brasileiros têm uma ociosidade de 34% na capacidade instalada.
Enquanto o acordo completo não é divulgado, o mercado tenta entender cada caso e como isso irá impactar as ações. Num primeiro momento, porém, o que se vê é o setor industrial preocupado e com potencial de ser mais prejudicado, enquanto o lado agrícola deve ser fortemente beneficiado com este negócio entre Mercosul e União Europeia.
| Infomoney | | | |
Secretário de Fazenda diz que banco deve se voltar para privatizações, gás e saneamento
O Ministério da Economia pretende começar neste ano a redução do volume de financiamento concedido pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), como parte da política de reduzir a participação de bancos públicos no crédito.
O secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, diz que a intenção é “calibrar” os desembolsos da instituição já em 2019 para ficarem abaixo do patamar de R$ 70 bilhões visto nos últimos dois anos.
Ele afirma que está sendo revisto o papel do banco, que deve se voltar para temas como privatizações, mercado de gás e saneamento.
Ao mesmo tempo, a intenção é que instituições privadas mais que ocupem o espaço das públicas, fazendo o crédito no país crescer de 47% para mais de 50% do PIB em até quatro anos (diferença que representa cerca de R$ 200 bilhões).
Em entrevista sobre os seis meses do Ministério da Economia, ele fala ainda sobre a queda nas projeções do PIB, defende o foco da pasta na Previdência, nega que medidas polêmicas do Executivo tenham atrapalhado o andamento dos trabalhos e diz que a equipe pretende manter o protagonismo da agenda econômica diante do avanço do Congresso na área.
O governo começou o ano prevendo crescimento de 2,5%, e hoje o BC projeta expansão de 0,8%. O que está acontecendo?
São expectativas em relação ao potencial da economia. Tínhamos um novo governo endereçando uma democracia liberal com capacidade de resposta e com uma equipe econômica centrada no mercado privado [o que teria impulsionado as expectativas].
Além disso, a discussão sobre a reforma da Previdência [no governo] não era se era necessária, mas em que medida. Comparado a um ano atrás, é uma grande mudança.
Mas então essas expectativas caíram.
A aprovação da reforma da Previdência é uma mudança dramática, a maior reforma paramétrica...
Mas a Previdência avançou na Câmara, e as projeções seguiram caindo.
Quando aprovada e efetivada a reforma, a mudança será substancial e trará um ganho de expectativas gigantesco. Pode impactar em 0,25 ponto percentual adicional de crescimento por ano. Isso [expectativas em baixa] pode ser revertido. O grande fator de crise nos últimos anos foi o aumento substancial dos gastos públicos. E, com a reforma da Previdência, estamos atacando isso.
Não se fica muito tempo voltado à reforma enquanto outras medidas são seguradas?
O trabalho foi paralelo. À medida que a reforma da Previdência avançava no Congresso, intensamente trabalhávamos em iniciativas como o recém-anunciado acordo Mercosul-União Europeia e medidas liberalizantes e de redução do Estado. [Outras] serão anunciadas no tempo devido.
O ministério teve foco acertado, pois não teremos capacidade de avançar substancialmente nas outras agendas se o déficit previdenciário não for atacado de maneira incisiva.
Polêmicas do Executivo em outras áreas não atrapalham a agenda do ministério? O foco do governo no momento não precisa ser a economia?
A pauta do Executivo tem diversas vertentes, como a agenda de costumes e a econômica. As diretrizes são dadas pelo presidente da República. Da nossa parte, temos tido foco de energia e tempo para essas medidas.
Por exemplo, a pauta do gás [conjunto de medidas que liberam o mercado do setor, hoje dominado pela Petrobras, ainda pendente de decisões do Cade e do Congresso] é espetacular, com forte efeito em emprego e renda. Sinceramente não vejo que nenhuma ação tomada nesses seis meses tenha causado detrimento para a agenda [econômica].
O ministério pretende reagir à tentativa de protagonismo do Congresso na agenda econômica? Acreditamos em um jogo de ganha-ganha. Medidas de ajuste fiscal, que melhorem o mercado de capitais, que mudem a composição de crédito, que quebrem monopólio em gás e saneamento, que reformem fundos públicos... Todos esses são protagonismos que pretendemos ter.
Em breve anunciaremos uma reformatação do sistema recuperacional e falimentar da economia e faremos isso em acordo com o Congresso. De quem será o protagonismo? Da sociedade brasileira.
Os bancos públicos estão em processo de enxugamento. Quanto o crédito privado poderia ocupar do mercado?
O crédito representa hoje 47% do PIB, ou R$ 3,2 trilhões. É abaixo do potencial em comparação com países com renda per capita similar. Na comparação com mais desenvolvidos, estamos bem abaixo.
Do total, mais ou menos metade do crédito é pública, e a outra, privada. Entendemos que a barreira dos 60% do PIB pode ser vencida ao longo dos anos e, em três ou quatro anos, [o país poderia] ultrapassar 50% ou 55%. Cada ponto percentual representa de R$ 65 bilhões a R$ 70 bilhões. A intenção é reduzir o público de maneira responsável, respeitando a governança, e aumentar mais que proporcionalmente o privado.
Como?
Na medida em que melhorou o perfil de crédito público e crio incentivos para o mercado privado, em particular via mercado de capitais, essa velocidade ganha corpo.
No BNDES, havia R$ 270 bilhões de empréstimos concedidos pela União a valores que eram desfavoráveis à sociedade brasileira, sobretudo em termos de custo para o Tesouro. E com fortíssima má alocação.
Temos resultados emblemáticos, como empréstimos feitos à JBS, à Marfrig, ao grupo X [criado por Eike Batista] e a outros que se mostraram indevidos.
O ex-presidente do BNDES Joaquim Levy mostrava resistências para as devoluções. Com a troca de presidente, haverá o pagamento integral dos R$ 126 bilhões requisitados em 2019?
Nossa expectativa é que retornem, porque as análises apontam uma liquidez substancial para o banco bem como para as regras de requerimento de capital. A diretriz é clara, mas as condições são dadas pelo próprio banco. É uma decisão do BNDES.
Entendemos que a sociedade como um todo ganha, porque está dentro da diretriz de mudar o perfil de crédito no país e também de apontar qual a função do banco.
E qual seria?
O BNDES criado na década de 1950 tinha uma função, mas em governos anteriores essa função ganhou outra conformidade. No ano passado, o desembolso do BNDES foi de R$ 69 bilhões. Neste ano, entendemos que pode ser calibrado e ser menor do que da ordem de R$ 70 bilhões.
Depende das funções que o banco priorizar, de qual o foco. Entendemos que há áreas em que ele pode trabalhar de maneira mais eficiente e com maior capacidade de entrega para a economia e a sociedade.
Por exemplo? Na privatização [participando dos estudos], no relacionamento com estados e municípios, na modelagem do novo mercado de gás e na política de saneamento. São elementos que podem trazer ao banco um novo perfil.
Paulo Guedes anunciou a liberação de R$ 100 bilhões em compulsórios de banco. Quando isso deve acontecer?
Essa colocação pelo ministro foi em termos de uma intenção de melhoria de crédito. Tem políticas creditícias que podem ser melhoradas por ações do ministério e outras do BC.
A determinação com relação a compulsórios é uma ação do BC. O que o ministro apontou é que há possibilidades de melhoria e citou R$ 100 bilhões ao longo dos anos com medidas de compulsório.
Mas como e quando seria feito?
Eu prefiro que o BC se pronuncie sobre isso. [Mas] Há total consonância entre o Ministério da Economia e o BC.
| Folha de S. Paulo | | | |
Resultado de seis primeiros meses do ano, o pior desde 2016, foi positivo em US$ 27,1 bilhões
A balança comercial brasileira encerrou o primeiro semestre da gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL) com um saldo positivo de US$ 27,1 bilhões. O resultado --o pior para o período desde 2016-- ficou 8,9% abaixo do registrado no primeiro semestre do ano passado na média diária.
Enquanto a média diária das exportações brasileiras caiu 1,8% no semestre, a média das importações teve alta de 0,8%, o que explica o enfraquecimento do desempenho da balança comercial.
No período, a quantidade exportada pelo Brasil teve alta de 1,6%. Por outro lado, o preço dos produtos vendidos ao exterior caiu em média 3,3%. Isso significa que, embora tenha vendido mais, o país faturou menos com as exportações.
Do lado das importações, houve alta de 7,1% na quantidade importada pelo Brasil, enquanto o preço médio dos produtos apresentou queda de 5,9%.
O resultado do semestre consolida a percepção de que a qualidade do comércio do Brasil com o mundo está se deteriorando. O país está exportando mais produtos básicos (+10,7%) e uma quantidade menor de mercadorias manufaturadas, consideradas mais elaboradas (-7,2%).
De acordo com o secretário de Comércio Exterior do ministério da Economia, Lucas Ferraz, a piora nas perspectivas para o desempenho das economias brasileira e global também levou a uma revisão para baixo das expectativas para o ano.
No fechamento de 2019, o governo espera que a balança comercial seja positiva em US$ 56,7 bilhões, saldo 2,3% menor que o de 2018.
Há ainda previsão de queda de 2% no valor das exportações e recuo de 1,9% nas importações no ano.
"A expectativa para o comércio internacional e brasileiro não é extraordinário diante do quadro geral. O comércio mundial cai mais em relação ao ano passado e a gente sofre as consequências disso", afirmou o secretário.
| Folha de S. Paulo (publicado em 01-07-2019) | | | | Aumento do estresse térmico na agricultura e em outros setores industriais levará a perda da produtividade
Com as mudanças climáticas, o aumento do estresse térmico na agricultura e em outros setores industriais levará previsivelmente a uma perda da produtividade equivalente a 80 milhões de empregos para 2030—advertiu a Organização Internacional do Trabalho (OIT), nesta segunda-feira (1º).
Em um novo relatório, a OIT considera que 2,2% do total das horas trabalhadas no mundo poderão se perder por causa das altas temperaturas, segundo projeções baseadas em um aumento da temperatura mundial em 1,5ºC, até o final do século.
O impacto será maior no sul da Ásia e na África Ocidental, onde cerca de 5% das horas trabalhadas poderão ser perdidas até 2030, ressaltam os autores do relatório "Trabalhar em um planeta mais quente: O impacto do estresse térmico na produtividade laboral e no trabalho decente".
No total, as perdas econômicas representariam cerca de 2,4 trilhões de dólares em escala mundial.
"Grosso modo, é o equivalente à economia do Reino Unido", comparou Catherine Saget, coautora do relatório, na conversa com a imprensa.
"Mesmo na melhor das hipóteses, o estresse térmico levará a consequências dramáticas para os empregadores, trabalhadores, economias locais e até mesmo a economia global", disse Saget.
O estresse térmico representa um calor superior ao que o corpo pode tolerar sem sofrer danos psicológicos, indica a OIT, acrescentando que costuma ocorrer quando as temperaturas superam os 35ºC com uma forte umidade.
"O excesso de calor durante o trabalho é um risco para a saúde ocupacional", disse a OIT, apontando que pode restringir as capacidades físicas e, portanto, a produtividade do trabalhador.
Em temperaturas muito altas, os trabalhadores também correm o risco de sofrer insolação, o que pode ser fatal.
"O impacto do estresse térmico na produtividade laboral é uma consequência grave das mudanças climáticas", afirmou Saget.
"Podemos esperar um aumento das desigualdades entre países de renda alta e países de renda baixa, e que as condições trabalhistas se degradem para os mais vulneráveis, assim como os deslocamentos da população", advertiu.
Os dois setores mais expostos são a agricultura, que emprega 940 milhões de pessoas no mundo e deve representar 60% das horas de trabalho perdidas em 2030; e a construção, cuja produtividade cairia 19%.
Nicolas Maitre, economista na OIT, explicou que a Europa tampouco se livrará do impacto das mudanças climáticas nesse sentido.
"Cabe esperar mais períodos como os que tivemos ultimamente, cada vez mais frequentes e mais intensos", disse aos jornalistas, em referências às ondas de calor.
Para evitar o risco de estresse térmico, a OIT estimula a "criação de infraestruturas adequadas e de melhores sistemas de alerta precoce durante as ondas de calor".
| Folha de S. Paulo (publicado em 01-07-2019) | | | | Cresceu nos últimos seis anos a conscientização das grandes empresas brasileiras sobre a importância da igualdade de oportunidades de ascensão profissional para mulheres e homens. Na prática, porém, as companhias continuam fazendo muito pouco para que a igualdade de gênero aconteça. Hoje, menos da metade dos profissionais acham que as suas empresas colocaram os recursos necessários para terem iniciativas de igualdade de gênero, revela pesquisa da consultoria Bain & Company em parceria com o LinkedIn.
“Todo mundo tem falado mais a respeito, mas há pouca mobilização das empresas em torno do tema”, afirma Luciana Staciarini Batista, sócia da consultoria. A pesquisa ouviu mil profissionais de grandes companhias no primeiro trimestre deste ano. A seguir, trechos da entrevista.
O que mudou da pesquisa de 2013 para a este ano?
Há seis anos exploramos o tópico porque há poucas mulheres em posições de liderança. Menos de 5% dos CEOs e presidentes de conselho são mulheres. Esse número não se mexeu, mas constatamos que o discurso evoluiu. Neste ano, 82% das mulheres enxergam que a igualdade de gênero tem de ser uma das prioridades da organização, ante 71% em 2013. É bastante relevante o avanço. Mas menos da metade de homens e mulheres consultados acham que as empresas colocaram os recursos necessários para terem iniciativas em torno da igualdade de gênero.
Qual seria o fator que impede que essa conscientização se transforme em ações práticas?
A liderança da empresa tem de se comprometer com esse propósito pessoalmente. É normal conversarmos com o principal executivo da companhia, que na maioria das vezes é um homem, e ele dizer que esse é um tema prioritário. Mas (nos) manda conversar com o departamento de recursos humanos a respeito. Esse não deveria ser um tema delegável.
Que tipo de ação deve ser feita para acelerar a igualdade de gênero nas empresas?
Temos algumas recomendações, como fazer um diagnóstico profundo sobre onde está a perda de mulheres nos quadros corporativos e fazer com que a liderança se comprometa com os resultados. Outra recomendação seria combater os vieses que sistematicamente existem ao longo do recrutamento e seleção. Além disso, implementar políticas, como horários mais flexíveis, para que a mulher consiga conciliar família e trabalho. Finalmente, é preciso construir uma cultura inclusiva, colocando a diversidade no propósito da empresa.
A igualdade de gênero tem impacto no resultado da empresa?
Sim, sem dúvida, há vários estudos que mostram isso. Um estudo da OIT (Organização Internacional do Trabalho) indica que empresas que monitoram esse impacto já têm o aumento de 5% a 20% nos lucros.
| Tribuna PR | | | | No Brasil, três em cada 10 pessoas dizem que sentiriam incômodo em serem chefiadas por uma mulher, segundo pesquisa da Ipsos; questão é cultural, dizem especialistas.
Quando foi promovida a diretora regional da multinacional onde trabalha, Cecília Belele teve um desafio árduo pela frente. Ela sentia que teria que se esforçar bastante para ter o mesmo reconhecimento que seus subordinados depositavam no antigo chefe.
“Precisei ficar muito próxima das pessoas para conquistar a confiança delas e fazer mudanças que levassem ao crescimento individual de cada um”, conta. Isso foi em 2016, num momento em que a empresa, a consultoria multinacional Return Path, passava por transformações.
Hoje, aos 47 anos, ela comanda um time de 22 pessoas, das quais 9 são homens – e conta que conseguiu superar essa barreira, depois de muito trabalho.
O percurso que levou a executiva ao cargo de chefia foi natural. “À medida que adquiri experiência e acumulava mais responsabilidades, as promoções aconteciam.”
Cecília diz que, quando passam a ocupar cargos de liderança, as mulheres precisam fazer um esforço grande para obter o respeito da equipe. Em sua visão, isso afeta inclusive o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.
Resistência à liderança feminina
Três em cada 10 pessoas no Brasil (27%) admitem que se sentem desconfortáveis em ter uma mulher como chefe, mostram dados da pesquisa "Atitudes Globais pela Igualdade de Gênero" (em tradução livre do inglês), publicada neste ano pela Ipsos.
A resistência a mulheres líderes é maior entre os homens, alcançando 31% deles – enquanto 24% das trabalhadoras no Brasil pensam da mesma forma sobre serem lideradas por alguém do mesmo sexo.
Esse percentual no Brasil se iguala ao de países como Índia, Coreia do Sul e Malásia, lugares onde a aversão à liderança feminina é bem maior que a média mundial, de 17%, segundo estudo da Ipsos.
“Existe um viés inconsciente que leva as pessoas a sentirem esse incômodo, do qual elas nem se dão conta, e acabam tomando decisões que dificultam a evolução das mulheres na carreira”, diz a gerente de desenvolvimento de talentos e diversidade da consultoria LHH, Mara Turolla.
A diretora de inovação, marketing e novos negócios da Grant Thornton, Carolina de Oliveira, acredita que, apesar de ainda existir, a resistência a líderes femininas tem diminuído e está mais restrita a empresas que mantêm uma cultura mais tradicional e que não adotam práticas de diversidade.
“Companhias que são mais fechadas a questões de inclusão costumam ter um grau maior de resistência interna à ascensão das mulheres”, explica Carolina.
Para Mara, da LHH, a questão cultural tem um peso muito forte nessa resistência. Os subordinados fazem diferentes leituras do comportamento de homens e mulheres que ocupam posições de liderança, diz ela.
“Uma mulher mais autoritária e assertiva é vista como mandona, enquanto um homem com as mesmas características é admirado e visto como líder natural.”
Segundo Mara, quando as mulheres são promovidas, chegam ao cargo com uma remuneração bem inferior à dos homens e isso já influencia a autoestima. "O argumento para essa diferença não é falta de preparo. Elas são mais qualificadas que os homens em nível acadêmico”, diz.
Lenta evolução
No Brasil, o percentual de empresas com pelo menos uma mulher em cargos de liderança é de 93% em 2019, um salto considerável em relação aos 61% no ano passado, segundo a última edição da International Business Report (IBR) – Women in Business 2019, pesquisa da Grant Thornton com mais de 4,5 mil empresários no mundo.
Quando se trata de cargos de liderança, as mulheres ocupam 25% deles dentro dessas empresas. Quanto mais alta a posição, menor a participação das mulheres. Para os cargos do mais alto nível nas corporações, apenas 15% das empresas possuem uma mulher no topo, segundo a Grant Thornton.
Para Mara, da LHH, apesar da evolução da liderança feminina, ela ainda caminha a passos curtos. “O número de mulheres na liderança vem crescendo de maneira tão lenta que às vezes passam-se muitos anos para mexer um ponto percentual”, diz.
'Lidar com homens é diferente'
A empresária Liana Pandin, de 33 anos, é líder de uma equipe de nove pessoas no Ateliê de Calças, das quais sete são mulheres e dois, homens. Ela sente que seu relacionamento com as funcionárias é diferente do que tem com os empregados do sexo masculino.
Nos encontros de feedback, que ela promove a cada três meses, Liana desenvolveu uma abordagem própria para os homens.
“A forma de lidar com os homens é diferente. Enquanto as mulheres têm uma visão mais multitarefas, eles encaram as coisas de forma mais pontual, e aprendi a lidar com isso”, diz.
A empresária diz que nunca teve dificuldade na carreira por ser mulher, mesmo antes de abrir seu negócio, quando trabalhou no mercado financeiro, em ambientes prioritariamente masculinos, mas personalizou a abordagem para conquistar a confiança dos subordinados.
“Hoje eu vejo a importância de minha primeira chefe ter sido uma mulher, porque acho que fez diferença para mim. Mas sempre fui desafiada como pessoa, tanto por homens quanto mulheres.”
Exemplo feminino
Segundo a diretora de Inovação, Marketing e Novos Negócios da Grant Thornton, Carolina de Oliveira, uma pesquisa da empresa mostra que o exemplo feminino é importante para incentivar a ascensão de mais mulheres a cargos de chefia.
“Mulheres que possuem outras mulheres como chefes têm mais chances de avançar na carreira. Se eu sou uma analista, a chance de ser promovida a gerente sobe de 32% para 61% se a liderança é feminina”, explica.
Autoconfiança
Os especialistas em carreira indicam que a autoconfiança das próprias mulheres no ambiente profissional, geralmente mais baixa que a dos homens, também acaba se tornando um empecilho para a ascensão de muitas delas.
Segundo Mara, da LHH, há uma quantidade considerável de mulheres com ambição de liderança, mesmo que demonstrem menos que os homens. “Isso tem que ser desenvolvido na relação das próprias mulheres com elas mesmas.”
Para a fundadora da consultoria de carreira Cia de Talentos, Sofia Esteves, o desconforto com a liderança feminina pode ser reforçado pela própria insegurança da líder em ser rejeitada pelo fato de ser mulher. “Se ela tem empatia e sabe quebrar resistências, vai conseguir romper essa barreira.”
A participação das mulheres em processos de recrutamento e seleção para a alta direção voltou a subir em 2018, após dois anos de queda, de acordo com uma pesquisa da Page Executive. Houve 21% de participação feminina nessas dinâmicas, ante 14% em 2017 e 13% em 2016, mostrou o estudo.
Para Carolina, a maior presença de debates sobre equidade de gênero nas empresas e questões salariais tem gerado resultados e tem aumentado a consciência da importância de mais mulheres em cargos mais altos.
Exemplo feminino
Carolina, da Grant Thornton, recomenda que as mulheres que aspiram evoluir de carreira em empresas com culturas não muito inclusivas devem criar redes internas com outras mulheres para superar essa resistência.
“É muito importante que as mulheres se apoiem e deixem claros seus objetivos, suas aspirações de liderança”, diz.
Sofia Esteves, da Cia de Talentos, diz que a mudança na forma como a liderança é vista nas empresas hoje favorece as mulheres bem mais que antes.
“Diferente do passado, quando a liderança era respeitada pelo crachá de líder ou pelo conhecimento técnico, hoje a liderança só acontece quando se tem admiração, quando se cuida das pessoas e escuta seus colaboradores. O perfil de liderança mudou muito, mas ainda existem resistências”, diz Sofia.
Segundo ela, hoje os homens passaram a ser mais cobrados por características como sensibilidade, empatia e leitura organizacional, habilidades mais atribuídas ao estereótipo feminino, motivo pelo qual também aumentou o número de mulheres em setores tipicamente masculinos, como bancos e ambientes fabris.
“Hoje o homem está sendo muito mais exigido a mudar seu comportamento e ter características mais atribuídas às mulheres”, afirma.
Para Sofia, as mulheres que se sentiram discriminadas por seu gênero não devem escolher o caminho da vitimização. “As mulheres que se tornaram líderes geralmente nem percebem que sofreram discriminação. Elas são proativas e não têm medo de se expor e acabam avançando”, diz.
Veja abaixo os comportamentos que distinguem mulheres bem sucedidas na carreira, segundo pesquisa da LHH:
Ter um plano de carreira compartilhado: objetivos de carreira mais claros;
Auto-promoção: admitir suas qualidades e conquistas;
Influenciar níveis superiores: visibilidade em projetos e networking;
Delegar trabalho: distribuir funções para iniciativas estratégicas;
Acreditar que não há barreiras: sem barreiras para atrapalhar o progresso.
| G1 | | | | O dólar oscila com viés de baixa nesta terça-feira, 2, no mercado doméstico, em meio a expectativas sobre o andamento da reforma da Previdência, a queda do índice DXY do dólar no exterior e após mais um dado de atividade doméstica aquém do esperado. A produção industrial brasileira caiu 0,2% em maio ante abril; recuou 0,7% em 2019 e ficou estável (0,0%) em 12 meses. Operadores dizem que esse dado se junta a outros indicadores internos ruins para reforçar a chance de o Copom começar a cortar a taxa Selic na sua reunião de julho, nos próximos dias 30 e 31.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, reúne-se nesta manhã com governadores para tentar a reinclusão dos Estados e municípios no texto da reforma da Previdência, enquanto os deputados do partido do presidente Jair Bolsonaro discutem uma forma de favorecer o setor de segurança no relatório. A ideia é que o próprio relator inclua as mudanças em seu voto para que a legenda não apresente destaques.
Mais cedo, o mercado monitorou declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento em Zurique, na Suíça. Campos Neto afirmou que está preocupado com a baixa retomada da atividade global. Também disse que a margem dos bancos centrais no mundo está menor.
“Meu temor é como isso interfere no crédito”, disse o brasileiro. Ele também destacou que ainda há muito ruído em relação às reformas estruturais no Brasil, mas que a PEC da Previdência tende a ser votada nas próximas semanas. “A questão é saber se esta reforma é suficiente; há outras reformas a serem feitas”, disse Campos Neto, acrescentando que há indicações de que a reforma tributária também progredirá. “Mas não é assunto de BC”, afirmou.
Os agentes de câmbio estão à espera ainda de uma oferta de até 6.175 contratos de swap cambial (US$ 308,75 milhões) pelo Banco Central. Com essa operação, a autoridade monetária conclui a rolagem do vencimento de 1º de agosto.
No exterior, o índice DXY do dólar opera com leve queda de 0,08%, enquanto a divisa americana mostrava sinais mistos moderados frente a moedas emergentes ligadas a commodities. Os juros dos Treasuries também têm ligeiro recuo.
Os investidores precificam a retomada das negociações comerciais entre Estados Unidos e China, a reação à proposta americana de adotar tarifas adicionais a US$ 4 bilhões em produtos importados da União Europeia e também especulações de que o Banco Central Europeu (BCE) não está com pressa de voltar a cortar suas taxas de juros já na reunião de julho. Está no radar ainda o desfecho na Áustria da reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), que pode confirmar a decisão da organização de manter os atuais cortes em sua produção por mais nove meses.
No mercado à vista de câmbio, às 9h39, o dólar caía 0,08%, a R$ 3,8409. O dólar futuro para agosto recuava 0,05%, a R$ 3,8505.
| Tribuna PR | | | | Este foi o primeiro reajuste desde que a companhia pôs fim ao prazo mínimo para mudanças no preço do combustível, em junho
A Petrobras anunciou nesta segunda (1) aumento de 3,9%, em média, no preço do óleo diesel vendido por suas refinarias. Foi o primeiro reajuste desde 12 de junho, quando a companhia pôs fim ao prazo mínimo para mudanças no preço do combustível.
Segundo a estatal, o aumento é de R$ 0,081 por litro. A partir desta terça (2), portanto, o diesel será vendido, em média, a R$ 1,9854 por litro. O repasse ao consumidor, porém, dependerá de políticas comerciais de distribuidoras e postos.
Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), o preço do diesel nas bombas vem caindo a cinco semanas consecutivas, como reflexo de três cortes promovidos pela Petrobras nas refinarias —o último, em junho, foi de 4,6%.
Na média nacional, de acordo com os dados da agência, o litro do óleo diesel foi vendido pelos postos a R$ 3,570 por litro na semana passada, baixa de 4,4% com relação ao verificado um mês antes. O movimento de queda respondeu a redução nas cotações internacionais do petróleo.
No dia 12 de junho, a Petrobras anunciou nova alteração em sua política de preços, eliminando o prazo mínimo de 15 dias para reajustes estabelecido em março, como resposta a crescentes pressões dos caminhoneiros contra aumentos no início do ano.
A empresa avaliou que os prazos mínimos prejudicavam sua capacidade de competição em um momento de queda nas cotações internacionais, abrindo janelas de oportunidade para importações por companhias privadas.
O preço da gasolina vendida pela Petrobras permanece inalterado nesta terça —o último reajuste ocorreu no dia 10 de junho, com corte de 3%.
Segundo a ANP, também neste caso, o valor de bomba vem registrando constante queda: já são sete semanas de redução. Na semana passada, o preço médio do combustível nos postos brasileiros foi R$ 4,425 por litro, 2,73% a menos do que um mês antes.
| Folha de S. Paulo | | | | Companhia tem 36,1% da petroquímica, enquanto a Odebrecht tem 38,3%
O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse nesta segunda (1) que a companhia mantém o interesse em vender sua fatia na Braskem, mesmo apos o fracasso das negociações entre sua sócia Odebrecht a a suíça LyondellBasell.
Em palestra para empresários no Rio, o presidente da estatal disse que a participação na Braskem "não faz nenhum sentido". A Petrobras tem 36,1% da petroquímica, enquanto a Odebrecht tem 38,3%. Os 25,5% restantes estão nas mãos de minoritários.
A Odebrecht tentou vender sua fatia para a LyondellBasell, mas as negociações foram suspensas no início de junho. A Petrobras esperava o fim das conversas para avaliar o exercício do direito de venda também de sua fatia à empresa suíça.
Investigada pela Operação Lava Jato, a petroquímica corre o risco de se retirada da Bolsa de Valores de Nova York por atraso na entrega de informações financeiras. As negociações estão suspensas desde maio e a empresa terá um recurso analisado em outubro.
Apos o fracasso nas negociações para a venda da Braskem, a Odebrecht pediu à Justiça recuperação judicial, o maior processo da história, para tentar lidar com uma dívida de R$ 98,5 bilhões.
A Petrobras decidiu sair do setor petroquímico ainda na gestão Pedro Parente. Com o início das negociações entre Braskem e LyondellBasell, porém, a companhia chegou a admitir permanecer no negócio durante a gestão Ivan Monteiro, para se tornar sócia da gigante suíça.
Após a posse de Castello Branco, porém, a decisão de deixar o setor foi reafirmada. O presidente da estatal propõe acelerar o programa de venda de ativos para pagar dívida e focar na exploração do pré-sal. Na sexta (28), divulgou prospectos de venda de quatro refinarias.
Até o início de agosto, disse o executivo, a empresa deve lançar o prospecto de outras quatro. A meta é vender as oito refinarias em até dois ano, mantendo apenas atuação as cinco unidades localizadas no Rio e em São Paulo.
| Folha de S. Paulo (publicado em 01-07-2019) | | | | Entidades alegam que a transferência dos ativos fere o interesse nacional ao criar o risco de monopólios privados regionais
Sindicatos ligados à FUP (Federação Única dos Petroleiros) protocolaram nesta segunda (1) a primeira ação contra a venda de refinarias iniciada na sexta (28) pela Petrobras. As entidades prometem mobilizações para tentar impedir a transferência dos ativos.
Na ação popular, os sindicatos questionam acordo feito entre a Petrobras e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) que estabeleceu regras e prazos para a venda de 8 das 13 refinarias da estatal. Os prospectos de quatro delas foram divulgados pela empresa na sexta.
Junto às refinarias, a Petrobras colocou à venda 1.506 quilômetros de dutos e 12 terminais de armazenagem de petróleo e derivados associados à operação dos ativos. As primeiras refinarias à venda estão localizadas no Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia e Pernambuco.
Os sindicatos alegam que a transferência dos ativos fere o interesse nacional ao criar o risco de monopólios privados regionais e que vai gerar demissões e aumentos nos preços dos combustíveis. Eles pedem acesso à ata da reunião do conselho da Petrobras que aprovou o acordo para tentar responsabilizar os conselheiros.
"Já vimos esse filme que, definitivamente não levou à redução dos preços nem ao aumento da qualidade do produto e um exemplo disso é o setor elétrico. Hoje nós pagamos uma das energias mais caras do mundo", afirma o diretor da FUP Deyvid Bacelar.
Em evento com executivos no Rio nesta segunda, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, defendeu que a atração de concorrentes no setor de refino reduz a pressão política sobre a empresa em momentos de alta dos preços internacionais do petróleo.
"O Brasil ainda não evoluiu suficientemente para aceitar a volatilidade dos preços dos combustíveis. Quando está em alta, todo mundo vai bater na porta da Petrobras", afirmou, lembrando que defende o fim do monopólio desde sua posse na empresa, em janeiro.
Ao todo, a Petrobras pretende vender oito refinarias, passando à iniciativa privada metade da capacidade nacional de refino. Os prospectos das outras quatro serão lançados entre o fim de julho e o começo de agosto, disse Castello Branco. A empresa manterá apenas as refinarias do Rio e de São Paulo.
Ele defendeu que a companhia vai focar suas atenções na produção do pré-sal, área em que tem mais experiência. "A Petrobras vai ser uma empresa maior, mais forte, mais focada e mais saudável. Vamos reinvestir mais do que estamos desinvestindo", afirmou.
Os sindicatos prometem mobilização para tentar impedir a venda dos ativos, que deve unir as duas federações que reúnem petroleiros no país, a FUP e a FNP (Federação Nacional dos Petroleiros). Ainda não há, porém, data para o início dos protestos.
"Você, trabalhador petroleiro das áreas operacionais que já estão à venda, cabe dizer a vocês que estamos juntos nessa empreitada de defender e manter essas refinarias da Petrobras", disse, em vídeo, o secretário-geral da FNP, Adaedson Costa.
| Folha de S. Paulo (publicado em 01-07-2019) | | | | Mesmo com crescimento do PIB de 1% em neste ano, economia brasileira ainda estará 3,8% menor do que em 2014
A economia brasileira continuará em 2019 mais pobre que em 2014, ano anterior ao início da recessão.
Um cálculo da professora da FGV (Fundação Getulio Vargas) Virene Matesco, doutora em economia, estima que caso o PIB (Produto Interno Bruto) avance 1% (previsão do mercado até o momento), o tamanho da economia ainda será 3,8% menor do que em 2014.
"Se você imaginar que em 2014 nós produzíamos 100 tijolos, em 2019 teremos produzido 96,2", exemplifica ela.
O PIB encolheu 3,5% em 2015 e 3,3% em 2016. No ano seguinte, a economia voltou a crescer, porém, apenas 1,1%, mesmo resultado registrado em 2018.
O PIB negativo do primeiro trimestre de 2019, em relação ao trimestre anterior, foi mais um indicativo de que o país está, segundo economistas, "andando de lado".
O único setor a registrar alta foi o de serviços (0,2%), puxado principalmente pelo consumo das famílias, que cresceu 0,3%.
"A conjuntura macroeconômica contribui. Apesar da inflação mais alta — 4,1% no primeiro trimestre de 2019 contra 2,8% em 2018 — , tem o crescimento nominal de 12% do crédito neste trimestre. A taxa de juros, embora pouco, também reduziu. O mercado de trabalho avança a passos lentos, mas já observamos uma melhor da massa salarial real", observa Amanda Tavares, economista da coordenação de Contas Nacionais do IBGE.
Recuperação econômica é a mais lenta da história brasileira
Mas isso não é suficiente para reaquecer a economia. A indústria, setor que tem os empregos formais com os melhores salários, amargou queda de 0,7% no trimestre.
O índice de confiança da CNI (Confederação Nacional da Indústria) mostrou em maio que o empresariado prevê uma piora da situação atual do país.
No lado das expectativas, o otimismo registrado de outubro a janeiro já voltou a patamares pré-eleições.
O principal desafio é que, diferente de outras crises, agora o governo não tem como colocar dinheiro para estimular a economia.
A deterioração das contas públicas torna ainda mais difícil a retomada do crescimento.
"O reaquecimento [da economia] depende do empresário, já que o governo não vai conseguir fazer os investimentos necessários neste primeiro momento", diz o técnico de planejamento e pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Leonardo Mello de Carvalho.
Do outro lado, os empresários aguardam a aprovação da reforma da Previdência, mais como uma sinalização do que como uma salvação, acrescenta a professora Virene Matesco.
"O governo é avaliado pelos investidores pela maneira como ele conduz a política fiscal. Se você é um governo que não consegue sanar seus próprios compromissos, eu não confio em você. Então a reforma da Previdência é esse sinal. Ela não é necessária para o crescimento de hoje, mas é o começo."
O técnico do Ipea ressalta que a demora para aprovar a mudança nas aposentadorias, além de travar outras discussões importantes para reestruturar a economia brasileira, alimenta a incerteza.
"A aprovação da reforma muda o humor, sem dúvida, mas em termos de recuperação da produção, isso ficaria para 2020."
Para ele, "é alarmante" a queda dos investimentos no país. No primeiro trimestre de 2014, a taxa de investimento era de 17,7% do PIB. No último levantamento, ficou em 15%.
A professora da FGV destaca que o Brasil acumula 30% de queda dos investimentos desde antes da recessão.
"Ou seja, estamos reduzindo a nossa capacidade de produção de longo prazo. O investimento de hoje é a capacidade de produção de amanhã. Se está caindo sucessivamente nos últimos cinco anos, a nossa capacidade de crescer de forma sustentável é cada vez menor."
| R7 (publicado em 01-07-2019) | | | | Nos primeiros 7 anos, uma cota de veículos pagará metade da alíquota atual. Depois, o imposto cairá gradualmente até ser eliminado. Acordo ainda não tem data para ser iniciado.
Os países do Mercosul vão zerar o imposto de importação para carros fabricados na União Europeia num prazo de 15 anos, a partir do início de validade do acordo comercial anunciado na última sexta-feira (28) pelos blocos.
O texto com esses detalhes, divulgado nesta segunda (1º), não cita reciprocidade nessa medida -- ou seja, carros fabricados no Brasil não teriam a mesma vantagem para serem vendidos na Europa.
O pacto ainda não tem data para entrar em vigor: ainda precisa ter um texto final e ser aprovado pelos congressos dos países envolvidos.
Passo a passo da redução
Como é hoje: carros importados de países que não têm acordo comercial com o Brasil pagam imposto de importação de 35% (casos dos europeus e dos asiáticos, por exemplo);
Primeiro haverá cota: quando o acordo com a União Europeia começar a valer, a alíquota de 35% será reduzida à metade para um montante anual de 50 mil carros. Essa quantia vale para todo o bloco sul-americano, por 7 anos. O Brasil poderá importar 32 mil carros ao ano com desconto.
Depois, abrangência total: depois desses 7 anos, a alíquota passará a cair para todas os carros importados da UE, gradualmente, até ser eliminada.
Montadoras pediram 'carência'
Segundo o secretário especial de comércio exterior e assuntos internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, esse período de 7 anos de "carência", até o livre comércio de carros entre Mercosul e União Europeia foi um pedido das montadoras.
Para Troyjo, não haverá prejuízo para a indústria nacional. “É uma liberalização controlada. Você impede uma explosão, mas ao mesmo tempo você mantém uma tarifa bem acima da média”, disse, nesta segunda.
15% dos importados vêm da UE
Atualmente, todos os carros vindos de países sem acordo comercial com o Brasil pagam os 35% de imposto de importação - o que é o caso dos europeus até o momento.
Em 2018, o Brasil comprou US$ 661 milhões em veículos da UE. Isso equivale a 15,6% dos US$ 4,19 bilhões em automóveis importados pelo país ao longo do último ano. Os números são do Ministério da Economia.
A Alemanha foi quem mais exportou veículos para o Brasil no ano passado, em termos de valores: US$ 253 milhões, ou pouco mais de 5% do total comercializado. Em seguida, aparecem Reino Unido (US$ 131 milhões), França (US$ 86,4 milhões) e Suécia (US$ 48,9 milhões).
Os valores não significam, necessariamente, que estes países forneceram mais unidades para o Brasil. O levantamento realiza divisões considerando valor e peso dos produtos importados.
Isso quer dizer que um país pode enviar uma quantidade menor de veículos, mas com custo unitário maior. É o caso da Itália, por exemplo. De lá, chegam veículos de milhões de reais, caso das Ferrari, Lamborghini e Maserati.
Em peso, foram apenas 309 toneladas, mas que somam US$ 22,9 milhões. É mais do que a Holanda, por exemplo, que exportou 1.050 toneladas para o Brasil, mais do que o triplo, só que com valor de US$ 12,5 milhões.
O valor médio coloca a Itália no topo deste ranking. Cada tonelada de veículo exportado para o Brasil teve custo médio de US$ 74,3 mil. É cinco vezes mais do que a segunda colocada, Alemanha, com custo médio de US$ 14,8 mil.
Veja abaixo quanto cada país da União Europeia exportou de veículos para o Brasil em 2018.
Importação de veículos da UE para o Brasil
País Valor (em US$) Quantidade (em toneladas)
Alemanha 253.750.000 17.130
Reino Unido 131.224.000 10.644
França 86.148.000 8.428
Suécia 48.949.000 4.413
Hungria 48.012.000 4.755
Bélgica 46.358.000 5.259
Itália 22.959.000 309
Holanda 12.562.000 1.050
Espanha 6.097.000 567
Eslováquia 4.275.000 307
Fonte: Ministério da Economia
Origem curiosa
Pode parecer óbvio que marcas como Audi e Porsche exportem veículos apenas da Alemanha. Ou que a Volvo só envie carros feitos na Suécia. Mas nem sempre isso acontece.
Audi Q7 e Porsche Cayenne, por exemplo, são produzidos na Eslováquia, enquanto o Mini Cooper Cabrio é feito na Holanda. A sueca Volvo também produz em outros países, além de sua terra natal. V40 e XC40, por exemplo, são importados da Bélgica.
ACORDO UNIÃO EUROPEIA - MERCOSUL
Blocos econômicos fecham acordo após 20 anos de negociação
O QUE PREVÊ O TEXTO
Acordo tira Mercosul de isolamento; ENTENDA e relembre histórico
Ministério vê alta de até R$ 125 bilhões no PIB em 15 anos
União Europeia espera mais de 4 bilhões de euros em desonerações
CNI vê até 778 mil novos empregos em dez anos
Janela de tempo para fechar acordo era pequena, dizem analistas
| G1 (publicado em 01-076-2019) | | | | A Petrobras elevará o preço médio do diesel em suas refinarias em 0,0810 real por litro a partir de terça-feira, um reajuste de 3,9%, para um valor médio de 2,1474 reais/litro, enquanto o preço da gasolina segue inalterado, informou a estatal em seu site nesta segunda-feira.
O reajuste é o primeiro no diesel desde 13 de junho, quando a empresa havia reduzido a cotação média em 4,6% e anunciado uma alteração em sua política de preços, que deixou de ter periodicidade definida para os reajustes.
O movimento nos preços nesta segunda-feira segue-se a uma alta na cotação do petróleo no mercado internacional desde o último reajuste.
A Petrobras tem afirmado que sua política é alinhada ao mercado internacional, acompanhando fatores como os valores do barril do Brent, referência global, e a taxa de câmbio.
A gasolina, por sua vez, segue com preço médio de 1,7595 real por litro, valor em vigência desde 11 de junho, quando os preços haviam sido reduzidos em 3%.
| DCI | | | | Empresas apontam que pode haver benefícios como tarifas reduzidas e remoção de barreiras entre os dois blocos
A Acea, associação das fabricantes de veículos da União Europeia, comemorou a conclusão do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul, anunciado na última sexta-feira, 28, e cuja negociação durou 20 anos. Em nota divulgada na segunda-feira, 1º de julho, a entidade aponta que o acordo pode trazer benefícios para ambos os blocos por meio de tarifas reduzidas, remoção de barreiras não-tarifárias e criação de novas sinergias de importação e exportação entre os dois blocos.
“Apesar do clima negativo para o comércio global, este acordo mostra que a União Europeia está disposta a ser ambiciosa e cumprir seus objetivos comerciais internacionais”, disse o secretário-geral da Acea, Erik Jonnaert. “Nas condições certas, existe um potencial real de crescimento para a indústria automobilística da UE, dada a dimensão do mercado do Mercosul, tanto em termos de população como de PIB”, completa.
Entre o pouco que se sabe sobre o acordo, ele garantirá que os países do Mercosul aceitem veículos motorizados que tenham sido certificados pelos regulamentos internacionais da ONU. Apesar disso, ainda não há informações sobre os reais efeitos do acordo para o setor automotivo: embora haja entendimento de que haverá mudanças no âmbito do setor entre os dois blocos, há ainda um longo caminho a percorrer até que haja efeitos práticos em ambos os mercados (leia aqui).
Atualmente, as taxas para a importação de veículos são de até 35% no Brasil e na Argentina. Com o acordo, a Acea acredita que a indústria de autopeças da UE também se beneficiará do acesso preferencial aos fabricantes localizados no Mercosul.
Dados recentes mostram que o Mercosul é um mercado de aproximadamente 270 milhões de pessoas, no qual 3,3 milhões de novos carros foram vendidos no ano passado. Em 2018, a UE exportou 73 mil veículos para a região, representando 2,2% do total. Em contrapartida, cerca de 234 mil carros foram importados para o Mercosul de outros países, representando quase 8% do mercado.
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