| 05 de fevereiro de 2020
Quarta-feira
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Em 05/02/2020
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| | | | | A importância da Indústria no Brasil
04/02/2020 - A Indústria, como um todo, representa 21,2% do PIB do Brasil, mas responde por 71,4% das exportações de bens e serviços, por 72,2% do investimento empresarial em pesquisa e desenvolvimento e por 34,2% dos tributos federais (exceto receitas previdenciárias). Para cada R$ 1,00 produzido na Indústria, são gerados R$ 2,40 na economia como um todo. Nos demais setores, o valor gerado é menor: R$ 1,66 na agricultura e R$ 1,49 no comércio e serviços.
| CNI ( publicado em 04-02-2020) | | | | Por meio do PROCOMPI, 20 empresas do setor de metalmecânica, no Ceará, se capacitaram para atender à Companhia Siderúrgica do Pecém. Elas receberam consultoria e reorganizaram o processo de produção
A chegada da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) ao polo industrial do Ceará transformou a realidade das micro e pequenas indústrias do setor metalmecânico no estado. Num modelo que atua predominantemente com negócios B2B (business to business, em inglês), essas empresas precisaram se modernizar e reorganizar os processos para conquistar a certificação ISO 9001 e, com isso, integrar a cadeia de fornecedores da siderúrgica.
Em funcionamento desde 1974, a Engefer já estava consolidada no mercado cearense. Mas, para atender o novo cliente, a CSP, precisava se modernizar e adotar novas técnicas e padrões de produção. Um dos sócios, Ricardo Firmino, conta que a empresa tinha que melhorar desde o layout do chão de fábrica até o processo de compra e organização de estoque.
A ajuda para que a Engefer e outras 20 empresas, a maioria na região metropolitana de Fortaleza, se adaptassem ao novo mercado veio por meio do Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias (PROCOMPI), uma parceria entre a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). No Ceará, o programa foi executado pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) e o Sebrae.
Procompi ajudou empresas a reorganizarem processos de produção
O PROCOMPI foi fundamental para que as empresas participantes percebessem que era possível se modernizar, que havia técnicas e padrões a serem aprendidos e que havia apoio. Assim, barreiras foram superadas. Os frutos são visíveis. Em média, o faturamento das empresas aumentou 15% e o volume de negócios, entre 10% e 15%.
A maioria das pequenas indústrias atendidas pelo programa ainda conquistou a certificação ISO 9001. Foi o caso da própria Engefer. Ricardo Firmino comemora o trabalho com o PROCOMPI. “Percebemos que trabalhávamos de modo desorganizado. Os consultores chegaram, sentaram conosco, nos ajudaram a organizar o processo e nos motivaram a buscar a certificação. Com isso, além do certificado, aumentamos o faturamento e reduzimos custos”, disse Firmino.
A certificação ISO 9001 diz respeito ao atendimento de normas técnicas que estabelecem um modelo de gestão da qualidade. Ela é uma espécie de selo que atesta que a qualidade dos produtos de uma empresa está em linha com os padrões internacionais.
A Engefer foi uma das empresas que participou da capacitação do PROCOMPI
Momento de mudança para o setor de metalmecânica
Ana Cristina Moreira, do Sistema FIEC, explica que as consultorias iniciais quebraram paradigmas importantes na cultura das empresas participantes do programa. "O acompanhamento de indicadores de gestão contribuiu para apresentar e consolidar conceitos de qualidade no ambiente industrial, gerando nos empresários o desejo da certificação ISO.
O ganho de competitividade foi considerável: propiciou às empresas condições iguais para competição de mercado. A certificação permitiu que algumas das empresas do PROCOMPI pudessem entrar no hall de fornecedoras da Companhia Siderúrgica do Pecém”, afirmou ela.
Outra empresa que se destacou no estado é a Polimatec, que começou a operar fabricando giz têxtil em 1989. A empresa possui um parque moderno de máquinas e 60 colaboradores, mas precisava rever os processos com foco nas exigências do mercado. Com as consultorias do PROCOMPI, a Polimatec conseguiu a certificação ISO 9001, estabeleceu parcerias locais e viu o faturamento aumentar em mais de 10%.
Para o empresário Leonardo Teixeira, todo esse processo agregou valor à Polimatec. “Só tivemos ganhos com o PROCOMPI, já que conseguimos colocar em andamento a certificação ISO 9001. São vários ganhos com esse reconhecimento tão importante, com impactos diretos no nosso relacionamento com clientes e parceiros. A experiência foi tão satisfatória, que já aderimos também ao PROCOMPI do segmento plástico para outra empresa do grupo”, disse Teixeira.
| CNI ( publicado em 03-02-2020) | | | | Reforma tributária figurou no centro das discussões sobre projetos importantes para promover o desenvolvimento econômico do Brasil
Seminário RedIndústria reuniu na CNI representantes do setor produtivo e parlamentares
O Seminário RedIndústria reuniu na Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília, representantes do setor produtivo e parlamentares para debater os projetos em tramitação no Congresso Nacional que serão prioridade da Agenda Legislativa 2020.
Destaque para a reforma tributária, apontada como um dos principais desafios para o Brasil restabelecer condições de crescer de forma sustentada. Temas como o marco do saneamento básico, a reforma administrativa, a modernização do setor elétrico e o desenvolvimento regional também entraram na pauta.
O ponto de convergência entre os participantes no debate em torno da reforma tributária foi a defesa da simplificação e da desburocratização do atual sistema para evitar a cumulatividade de impostos. A CNI defende a criação de um IVA nacional em substituição aos tributos federais, estaduais e municipais (ICMS, PIS-Pasep, Cofins, IPI, ISS, IOF), a melhor distribuição da carga tributária entre os setores econômicos e a criação de um Fundo de Desenvolvimento Regional.
"Não existe país que se industrializou sem uma política de desenvolvimento regional", destacou o deputado Marcelo Ramos
“Não existe país que se industrializou sem uma política de desenvolvimento regional. O estado deve agir para reduzir as desigualdades que existem”, comentou o deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM), presidente da comissão especial que analisou a reforma da Previdência. Para ele, no entanto, o esforço não pode se concentrar apenas no incentivo fiscal e barreiras tributárias, que devem ter prazo para acabar.
Ambiente favorável ao marco legal do sanemanto básico
O marco legal do saneamento básico também entrou na pauta de discussões. Para o senador Marcos Rogério (DEM-RO), presidente da Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI), o ambiente é favorável ao projeto já aprovado na Câmara dos Deputados em 2019. “Há até um movimento de senadores para aprovar o texto sem alterações para ele não voltar à Câmara”, comentou. Ele se comprometeu a designar um relator assim que o projeto chegar à comissão. O senador defendeu a participação de empresas no esforço do país em universalizar o saneamento.
Para o presidente da Comissão de Serviços de Infraestrutura, senador Marcos Rogério, o ambiente é favorável ao projeto do marco legal do sanemanto
O governo tem um orçamento de apenas R$ 8 bilhões para infraestrutura e logística, já incluído as emendas parlamentares. “O valor irrisório para o desafio posto, por isso a participação do setor privado é fundamental. Felizmente vivemos um novo momento no Brasil em que o investidor não é demonizado”, comentou o senador.
Marcos Rogério defendeu ainda uma reforma administrativa ampla que ataque os privilégios. “O Judiciário consome 4,5% do PIB. Nos EUA, não chega a 1%. Sei que é um assunto que incomoda, mas temos de falar abertamente, com transparência”, comentou. Ele destacou que a insegurança jurídica é um dos gargalos que impedem o Brasil de atrair investidores e crescer.
Senador Weverton Rocha, "Precisamos atacar o principal problema do Brasil: a injustiça social"
A desigualdade social também entrou na discussão do Seminário RedIndústria – Construindo a Agenda Legislativa 2020. “Precisamos atacar o principal problema do Brasil: a injustiça social. Todos os que foram eleitos deveriam ter essa preocupação. Queremos que o país volte a crescer, gerar emprego, que tenha segurança jurídica para quem quer investir”, comentou o senador Weverton Rocha (PDT-MA). Ele parabenizou a CNI pela realização de um debate com respeito à diversidade de posicionamentos.
| CNI ( publicado em 04-02-2020) | | | | Setor tem perdido competitividade, vem investindo pouco e sem avançar tecnologicamente ao ritmo das principais economias
O dado da produção industrial não surpreendeu, mas foi na mesma uma ducha de água fria para quem espera para 2020 uma retomada mais forte da economia brasileira.
Em dezembro de 2019, a produção caiu ante novembro (-0,7%) e dezembro de 2018 (-1,2%), nesse caso apesar do maior número de dias úteis este ano (21 x 20).
No todo, a produção industrial em 2019 foi 1,1% menor que em 2018, ficando no mesmo nível de 15 anos antes (2004) e 15% abaixo do patamar de antes da recessão de 2014-16.
Por trás desses números há duas histórias diferentes. No ano passado houve quase estabilidade (alta de 0,1%) na indústria de transformação, mas grande queda na extrativa mineral, em razão da menor produção de minério de ferro, em grande parte devido ao acidente de Brumadinho.
Mas, até então, a extrativa vinha bem, já tendo se recuperado da recessão, enquanto na indústria de transformação a produção ano passado foi menor que em 2003 e 16% inferior ao nível pré-recessão.
Para entender por que a indústria não cresce, portanto, é preciso saber o que acontece com os manufaturados. Há três explicações distintas, mas não exclusivas.
A primeira é que a indústria de transformação tem sido afetada por choques adversos, como a guerra comercial dos EUA com a China e a crise na Argentina. De fato, as exportações brasileiras de manufaturados caíram 5% em 2019, em dólares constantes. Comparadas ao período pré-recessão, a queda foi de 13%.
A expectativa é que o acordo comercial entre China e EUA leve à retomada do comércio internacional, mas o impulso será modesto.
Em relação à Argentina, o mais provável é que se observem novas quedas nas exportações, tanto porque a economia argentina continuará fraca como devido ao maior protecionismo do novo governo.
A exportação não deve, portanto, permitir uma recuperação mais forte da indústria de transformação, apesar da taxa de câmbio muito favorável.
A segunda explicação é que a produção de manufaturados tem sofrido com a fraqueza da economia: de fato, na média do triênio 2017-19, a produção da indústria de transformação cresceu 1,2% ao ano , ritmo
semelhante ao do PIB (1,3%).
Nota-se, em especial, que a produção de bens de capital, que caiu 0,4% em 2019, fechou ano passado 31% abaixo do patamar de 2013.
Da mesma forma, a produção de bens de consumo duráveis 21% mais baixa em 2019 do que em 2013 reflete a situação ainda ruim do mercado de trabalho. Aqui há mais espaço para crescer do que nas exportações, mas a recuperação vai se estender ao longo de vários anos.
Por fim, a produção de manufaturados segue retraída pois a indústria tem perdido competitividade, ela mesma investindo pouco e sem avançar tecnologicamente ao ritmo das principais economias.
Isso se vê em números muito ruins de produtividade. Aqui o problema é mais profundo e ainda não é claro como fazer para a indústria de transformação recuperar seu dinamismo.
Armando Castelar - Coordenador de Economia Aplicada do Ibre/FGV
| Folha de S.Paulo | | | | Retomada no consumo das família ainda não consegue dar fôlego ao crescimento do setor
Depois de avançar por dois anos consecutivos, a produção industrial brasileira recuou em 2019, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados nesta terça-feira (4).
Enquanto o setor teve crescimento de 2,5% e 1% em 2017 e 2018, respectivamente, no ano passado houve retração de 1,1%. Economistas ouvidos pela agência Bloomberg projetavam uma queda de 0,8% no período.
A retração deixa a indústria um pouco mais distante de seus melhores momentos, no início da década.
Segundo o diretor-geral da Fator, Paulo Gala, o resultado atual mostra que a produção industrial é 20% menor do que o seu pico atingido em 2011.
"É algo catastrófico, se você pensar que se passaram quase dez anos e não conseguimos retomar o patamar de produção industrial. Então é uma das maiores desindustrializações da história recente", disse.
Gala afirmou que hoje o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil está dependente do setor de serviços e que essa pequena recuperação que há na economia brasileira não tem nada a ver com o setor industrial.
"As famílias conseguem consumir um pouquinho mais. Os empresários, apesar de estarem mais otimistas, não estão investindo. Seja construindo novas fábricas ou adquirindo as máquinas."
A queda do ano passado é reflexo especialmente do mau desempenho da indústria extrativa, cujo recuo, no acumulado do ano, chegou a 9,7%. O rompimento da barragem de Brumadinho (MG), tragédia que resultou em 249 mortos e 21 desaparecidos, contribuiu para a queda.
A retomada desse segmento específico deve vir só a partir de abril, mas se consumada, poderá trazer um desempenho bem melhor do que o de 2019.
"Esperamos que essa recuperação venha a acontecer no segundo trimestre de 2020. Prevemos esse ano com crescimento em torno de 5% da indústria extrativa mineral", disse Ricardo Jacomassi, economista e sócio da TCP Partners.
Mesmo esse segmento extrativo tendo puxado o retrocesso de todo o setor no ano passado, os especialistas lembram que a difícil retomada não está só nessa área. Dados do IBGE mostram que, retirado o peso da indústria extrativa, o desempenho industrial se manteria quase na nulidade, em pequeno avanço de 0,2%.
"O problema não é localizado, mas generalizado. Ao longo do ano, mais da metade das atividades pesquisadas pelo IBGE tiveram perdas", afirmou Rafael Cagnin, especialista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
Segundo os dados divulgados nesta terça-feira, 16 das 26 atividades analisadas pelo instituto recuaram, com destaque para metalurgia, celulose e papel e manutenção de máquinas.
Essa apatia da indústria brasileira acompanha, em parte, a lenta retomada da atividade econômica doméstica e também contratempos no mercado externo, afirmaram os especialistas.
As vendas de produtos industrializados para o exterior, por exemplo, sofreram com a crise argentina.
O Brasil, que tem uma pauta forte de vendas de manufaturas para o país vizinho, viu suas vendas a ele recuarem 35% no ano passado em relação a 2018, segundo dados do Ministério da Economia.
No caso do mercado interno, os juros cobrados do consumidor até caíram, mas não na mesma velocidade e intensidade da Selic (a taxa básica de juro).
Além disso, a retomada do mercado de trabalho segue lenta, com a maioria das vagas geradas sendo informais e com rendimentos menores.
Sob esses aspectos, a economia brasileira estaria ganhando fôlego por meio do consumo das famílias, que ainda não é suficientemente grande para reduzir ociosidade das indústrias.
Não à toa, bens de consumo são os itens que apresentam crescimento nos dados do IBGE.
A previsão para 2020 é retomada, mas de forma tímida, uma vez que há, tanto no cenário interno quanto no externo, incertezas que devem travar um melhor desempenho do setor. Essa foi a avaliação de especialistas ouvidos pela Folha.
"Ano passado foi um tropeção na trajetória. Neste ano devemos ter um retorno no crescimento, com o resultado um pouquinho melhor", disse Cagnin, do Iedi.
"Vimos ao longos dos últimos anos problemas provocados pelo próprio governo brasileiro ou provocados por disputas comerciais entre Estados Unidos e China. Agora tentamos avaliar o impacto do problema sanitário chinês, e sabemos que eles são demandantes de produtos brasileiros. Então ainda há incertezas."
Se lá fora existe tensão comercial e política, além de crise sanitária (coronavírus), aqui também não falta indefinição que possa ameaçar desempenho industrial robusto. Um desalinhamento das pautas políticas no Brasil, entre as diferentes esferas em Brasília, também é um fator importante nessa equação.
"A recuperação da indústria em 2020 será tímida. Neste ano, no início, temos uma agenda do governo que não bate com a do Congresso", afirmou Ricardo Macedo, professor de economia do Ibmec.
"Como vimos na questão da Previdência, o Congresso tem sido dominante, e as coisas estão em ritmo mais lento. Não vejo uma reforma radical que eleve a produtividade da economia."
| Folha de S.Paulo | | | | Tudo indica que nossos vizinhos, em especial a Argentina, não voltarão a comprar produtos brasileiros com força em um espaço curto de tempo
Com a queda de 1,1% em 2019, a produção industrial interrompeu uma sequência de dois anos de crescimento e mais uma vez frustrou as expectativas. A indústria ficou estagnada no último biênio, deixando herança estatística negativa de 1% para 2020.
O grande vilão foi a indústria extrativa. Após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), no fim de janeiro, a extração de minério de ferro foi severamente impactada pelo fechamento de diversas minas, em razão de decisões judiciais ou voluntariamente com o objetivo de melhorar a segurança. Nem o nível recorde de extração de petróleo e gás natural foi suficiente para salvar o desempenho do segmento extrativo.
Entretanto, a indústria de transformação cresceu apenas 0,1% em 2019, resultado que tampouco pode ser
comemorado.
A recuperação da demanda interna continuou lenta, mas foi especialmente o cenário internacional mais adverso, com o agravamento da recessão na Argentina a partir de agosto, que limitou um crescimento maior.
Vale destacar, também, que muitos setores mostram dificuldades de competir com os importados no exterior e no Brasil, mesmo com a expressiva desvalorização do câmbio nos últimos meses.
Dentre as categorias de uso, a produção de bens de consumo assinalou o melhor resultado, também ajudada pela liberação dos recursos do FGTS.
A produção de bens de capital decepcionou e voltou a cair, mesmo com a melhora dos indicadores da construção civil.
Há razoáveis chances de que a indústria retome a trajetória de crescimento em 2020. Em primeiro lugar, no segmento extrativo a base de comparação será menor a partir de fevereiro, uma vez que a Vale já retomou parte da produção paralisada, e há boas perspectivas de continuidade da expansão da extração de petróleo e gás natural.
Em segundo, espera-se que o consumo doméstico de bens industriais ganhe tração, na esteira dos efeitos da redução dos juros, da expansão do crédito e da melhora do mercado de trabalho e da confiança.
Entretanto, os riscos de nova frustração não podem ser descartados. O ano começou com diversas turbulências no exterior, e tudo indica que nossos vizinhos, em especial a Argentina, não voltarão a comprar produtos brasileiros com força em um espaço curto de tempo.
Nesse cenário e imersa em um ambiente de grandes e rápidas mudanças tecnológicas e de comportamento, é imperativo que a indústria ganhe produtividade e melhore suas condições de competitividade para garantir uma recuperação duradoura. De sua parte, é fundamental aumentar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
De outro lado, fica ainda mais evidente a necessidade de aprovação de outras reformas estruturais além da previdência, em especial a tributária.
Adicionalmente seria muito bem-vinda a melhora das condições de infraestrutura. Uma abertura comercial gradual e planejada também poderia estimular a competição e melhorar a produtividade.
Rodrigo Nishida - Economista-sênior da LCA Consultores
| Folha de S.Paulo | | | | País vende menos do exterior, fábricas batem pino: recuperação ainda é frágil
Não é o coronavírus, mas exportações e indústria estão com um bicho ruim. Os números da virada do ano
são sintomas preocupantes.
As vendas do Brasil para o exterior caem rapidamente desde julho do ano passado, o que ficou ainda mais evidente com os dados de janeiro.
Em parte, a indústria vai mal porque o país perde mercados, que se implodiram (Argentina) ou andam devagar quase parando (Europa), e não consegue outros clientes relevantes; porque o comércio mundial teve um ano historicamente ruim em 2019.
Diz-se que o desastre assassino de Brumadinho explica o resultado ruim da indústria nacional, que encolheu 1,1% em 2019, número divulgado nesta terça-feira (4) pelo IBGE. É verdade, em parte; é conversa mole, em parte.
A produção da indústria extrativa encolheu quase 10% no ano passado, resultado de país em guerra. Mas a indústria de transformação (as “fábricas”) tem peso de 89% na produção industrial total. Em 2018, havia crescido 1,1%. Em 2019, apenas 0,2%. Ficou na prática estagnada porque setores grandes como montadoras, metalúrgicas e fábricas de máquinas e equipamentos tiveram um ano entre fraco e horrível.
A indústria de alimentos, muito importante, deu uma respirada, mas não bastou para melhorar o resultado geral, nem de longe.
As montadoras de veículos, por exemplo, cresceram quase 13% em 2018 e apenas 2,1% em 2019. As metalúrgicas estão em recessão. A indústria de máquinas e equipamentos mal ficou no zero a zero. Juntas, têm peso de uns 20% na produção industrial, com impactos em cadeia dos mais significativos entre as manufaturas e no PIB em geral.
As exportações dos últimos três meses caíram 14% em relação ao mesmo período igual do ano passado; baixam cada vez mais rápido desde meados de 2019. Estão caindo os preços e as quantidades de soja e petróleo.
Por ora, os tropeços feios de exportações e da indústria não desqualificam ou degradam as previsões de crescimento do PIB brasileiro para este 2020, de algo além de 2%. Mas são evidências da fragilidade da recuperação, uma convalescência difícil, que ainda por cima corre o risco de ser abalada pela infecção do coronavírus, por exemplo, que ainda não há como prever e muito menos medir, por ora.
O que fazer? A receita banal de sempre: cuidar da própria saúde, não importa que bicho ruim venha bater à porta. Para tanto, muito contribuiria termos um governo dedicado ao essencial, que não fosse desvairado etc., o que qualquer pessoa adulta pode imaginar.
Em vez disso, o que se passa? Basta lembrar apenas dos problemas dos últimos dias e horas.
Jair Bolsonaro faz espuma diversionista, culpando os governadores pelo preço alto dos combustíveis (se o ICMS baixar, o governo federal vai bancar as contas de estados arrebentados, quase todos?).
O governo não tem prioridade clara no Congresso, onde já começa a levar tundas, na primeira semana legislativa. Passou janeiro quase inteiro dando tiros no pé, criando crises de moto próprio (Cultura, Educação, Ambiente, Casa Civil, Justiça etc.).
A recuperação é muito lerda e frágil, com o precário e lentíssimo aumento da massa de rendimentos, com alguma animação de crédito e com a construção civil (residencial) saindo do buracão da recessão.
No mais, investimento mesmo quase não tem e pode haver ainda menos devido à incerteza derivada de um choque externo (coronavírus), piorada pelo desvario contínuo do governo. Está fácil de pegarmos uma gripe.
Vinicius Torres Freire - Jornalista, foi secretário de Redação da Folha. É mestre em administração pública pela Universidade Harvard (EUA).
| Folha de S.Paulo | | | | Após comissão, medida ainda precisa passar pelos plenários da Câmara e do Senado; governo deve reencaminhar propostas como projeto de lei
A primeira votação da medida provisória que institui o programa Verde e Amarelo, de estímulo ao emprego para jovens, ficará somente para depois do Carnaval, o que coloca em risco a chance de aprovação da proposta.
A proposta enfrenta forte resistência no Congresso e, por temer uma derrota política, o governo considera deixar a MP caducar e, em seguida, enviar um projeto de lei. O texto perde a validade no dia 20 de abril.
Nesta terça-feira (4), a comissão especial que discute o tema acertou o plano de trabalhos, um roteiro do que ocorrerá no colegiado.
A apresentação do relatório do deputado Christino Áureo (PP-RJ) ficou para 19 de fevereiro, a quarta-feira antes do Carnaval. A semana seguinte à festa costuma ser esvaziada. Assim, a votação deve ficar para a primeira semana de março.
"Espero que todos tenham a responsabilidade. Espero que deputados e senadores da comissão tenham este espírito de aproveitar este período para fazer esta discussão e voltar com uma convicção formada", disse Christino Áureo, que afirmou ter um "otimismo moderado" em relação à aprovação da proposta.
A MP perde sua validade na segunda quinzena de abril. Até lá, precisa ser aprovada na comissão e nos plenários da Câmara e do Senado. O trajeto até esta etapa final, no entanto, não será fácil. Já foram apresentadas 1.930 emendas para alterar o texto do governo.
Para evitar uma derrota política, o Executivo já informou ao Legislativo que editará um projeto de lei, com conteúdo semelhante, após a medida provisória perder a validade.
Segundo a Folha apurou, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), já foram informados pelo núcleo político do Palácio do Planalto da solução articulada pela equipe do presidente Jair Bolsonaro.
A ideia é aproveitar o projeto de lei para também corrigir eventuais problemas constitucionais da proposta original. Parecer de técnicos do Senado e da Câmara questionou a legalidade de trechos da inciativa.
O esforço do ministro da Economia, Paulo Guedes, é transformar o Emprego Verde e Amarelo em uma das marcas da sua administração.
A iniciativa retira ou reduz obrigações patronais da folha de pagamento para contratar jovens de 18 a 29 anos com remuneração de até um salário mínimo e meio (R$ 1.497).
| Folha de S. Paulo ( publicado em 04-02-2020) | | | | Retomada mais lenta reforça aposta de que o Copom voltará a cortar a taxa básica de juros nesta quarta
A epidemia de coronavírus na China e seus efeitos sobre a economia global devem contribuir para a desaceleração da atividade no Brasil no primeiro trimestre de 2020, o que tem levado economistas a rever para baixo as projeções para o PIB (Produto Interno Bruto).
Uma desaceleração adicional também reforçou a percepção de que o Banco Central do Brasil deverá promover um novo corte na taxa básica de juros na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) marcada para esta quarta-feira (5), de 4,50% para 4,25% ao ano.
Desde o ano passado, já era esperado um desempenho mais morno da economia brasileira no começo de 2020, por conta de fatores como o fim dos efeitos da liberação do FGTS sobre o consumo. A intensidade da desaceleração dependeria, principalmente, do ritmo de crescimento do final de 2019 e do comportamento da economia mundial.
Retrato de quatro trabalhadores vestindo branco, botas brancas e touca azul claro; os trabalhadores sobem escadas e carregam uma espécie de mochila com produtos para desinfetar
Os dados divulgados sobre o comportamento da economia brasileira nos meses de novembro e dezembro reforçaram a percepção de um quarto trimestre com ritmo próximo ao verificado nos três meses anteriores, na contramão de projeções mais otimistas.
O próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, comentou em dois eventos no mês passado que algumas projeções do mercado não estavam contemplando uma desaceleração já esperada da indústria e um efeito menor do FGTS sobre o consumo.
A expectativa de desaceleração da economia chinesa, um dos principais parceiros comerciais do Brasil, veio para gerar mais incertezas, embora seus impactos ainda sejam difíceis de se mensurar.
A economista Laura Pitta, do Itaú-Unibanco, especialistas em China, traça dois cenários, ambos de crescimento inferior aos 6% projetados anteriormente pela instituição. Se houver estabilização do contágio em meados de fevereiro e a atividade econômica começar a se normalizar, o país asiático pode ter expansão de 5,8% neste ano. No cenário mais pessimista, no qual a incerteza se estenda por um período maior, até o segundo trimestre, por exemplo, o crescimento projetado é de 5,3%.
“A resposta das autoridades chinesas está sendo robusta. A economia está parando para que o combate ao vírus seja mais rápido. A dúvida é se a resposta vai ser suficiente”, afirma a economista.
Ela diz que o isolamento de cidades e o fechamento de estabelecimentos pode gerar um impacto maior no curto prazo sobre a atividade, mas, se as medidas forem eficazes, a retomada será mais rápida. Afirma ainda que o setor de serviços, do qual a economia chinesa tem se tornado mais dependente nos últimos anos, deve ser o mais afetado, mas que a indústria pode se recuperar ainda neste ano.
Segundo a economista, outra mudança relevante é que a estrutura da economia chinesa não permite tantos estímulos como na época da Sars (forte síndrome respiratória que apareceu em 2002), quando o país vivia um boom.
“Hoje, o país está em um cenário de desaceleração estrutural. Tem menos espaço para estímulos.”
A instituição não divulgou projeções sobre o impacto da desaceleração na China, mas afirmou, em relatório da última sexta-feira (31), que os efeitos tendem a ser passageiros, mas podem gerar pressão negativa sobre a atividade global e um potencial risco de baixa para a recuperação no Brasil.
O Itaú projeta crescimento para o Brasil de 2,2% para 2020, perto dos 2,3% da pesquisa Focus do BC.
O banco suíço UBS, em relatório divulgado nesta terça (4), reviu a projeção de crescimento da China de 6% para 5,4%. Para o Brasil, a expectativa de expansão para 2020 foi revista de 2,5% para 2,1%.
A instituição também espera mais dois cortes na taxa básica de juros, para 4,25% nesta quarta e 4% na reunião do Copom de março.
Luis Otavio Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil, mantém a previsão de alta do PIB brasileiro para este ano em 2,5%, mas mudou o viés de alta para de baixa.
“A gente sabe muito pouco sobre qual vai ser o impacto final disso. O mercado tenta achar paralelos com outros casos, como a Sars. Se for isso, pode demorar mais duas semanas para estabilizar, e aí o mercado se tranquiliza”, afirma.
“Neste momento, qualquer discurso catastrofista, de que isso vai isso prejudicar de forma indelével o crescimento brasileiro, é especulação.”
De acordo com o economista, que previa manutenção da taxa de juros na reunião do Copom desta quarta e passou a prever um corte de 0,25 ponto percentual, o BC tem agora, por causa da China, motivos para estar menos preocupado com os efeitos inflacionários de uma recuperação da atividade.
Levantamento feito pela agência Bloomberg junto a 40 analistas mostra que 80% esperam queda dos juros para 4,25% nesta quarta. Outros 20% projetam manutenção da taxa básica em 4,5% ao ano.
| Folha de S.Paulo | | |
A fila de empresas a para ofertas de ações na B3, a Bolsa paulista, é grande. As projeções são de um ano recorde para o mercado brasileiro de ações, que poderá movimentar até R$ 120 bilhões. Esse ânimo é reflexo da expectativa com o crescimento da economia e de um maior interesse do investidor pela Bolsa, em um cenário de taxas de juros mais baixas. As duas primeiras aberturas de capital de 2020 dão o indicativo de forte demanda: as operação da construtora Mitre e da Locaweb, de hospedagem de sites, saíram nos preços máximos projetados pelas empresas.
No caso da Mitre, construtora que atua no segmento de classe média, em São Paulo, e estreia nesta quarta-feira, 5, na B3, a arrecadação foi de R$ 1,18 bilhão. Trata-se da primeira abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) do País do ano.
A companhia familiar irá usar o dinheiro que chega para a compra de terrenos e para o pagamento de custos de construção e despesas operacionais. A Mitre será listada no Novo Mercado, segmento de mais elevadas exigências de governança corporativa da B3.
Com forte demanda, a ação teve o preço definido em R$ 19,30, teto da faixa indicativa. A oferta foi lançada com investidores âncoras, tanto locais quanto estrangeiros, atraídos pelas expectativas do setor de construção no Brasil, em ambiente de juros baixos. Do total movimentado no IPO, grande parte é oriundo da oferta primária, cerca de R$ 1 bilhão – recursos que vão para o caixa da companhia, para reforçar sua estratégia de crescimento.
Nos primeiros nove meses de 2019, a Mitre apresentou receita líquida de R$ 189,8 milhões, crescimento de 65% na comparação anual, e um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ajustado de R$ 39,7 milhões, aumento de 96% em relação a 2018.
Mesmo com o IPO, o presidente da empresa, Fabrício Mitre, seguirá controlador da construtora, com 40% do capital. A oferta da companhia foi coordenada pelos bancos Itaú BBA, BTG Pactual e Bradesco BBI.
“A Mitre negociaria a múltiplos próximos de pares como Cyrela, ou até mesmo MRV, consideradas referência de resiliência e execução no setor”, apontou a Nord Research, em relatório. “Com a queda dos juros e a tendência de redução do desemprego, os empréstimos bancários se tornam mais atrativos, aumentando a busca por imóveis”, destacam, em relatório, Raul Grego e Carlos Daltozo, da Eleven Research.
Internet.
Com estreia programada para esta quinta-feira, 6, na Bolsa paulista, a ação da empresa de hospedagem de sites Locaweb saiu a R$ 17,25, também no topo da faixa indicativa de preço. A oferta, primária e secundária, movimentou R$ 1,2 bilhão, com demanda para a venda todos os lotes de papéis oferecidos. A Locaweb também fará parte do Novo Mercado da B3.
A maior parte da oferta da Locaweb é secundária – ou seja, os sócios estão se desfazendo de suas posições no negócio. Um deles é o fundo americano Silver Lake, de private equity (que compra participações em empresas) e concentra suas operações em companhias de tecnologia. O presidente da Locaweb, Fernando Cirne, também está entre os vendedores, assim como integrantes da família fundadora Gora.
A empresa surgiu após os primos Gilberto Mautner e Claudio Gora comprarem um servidor na Califórnia, EUA, para criar a Intermoda, portal de negócios têxteis. A ideia iniciou não vingou, e o pai de um deles, investidor e empresário, propôs aproveitar a estrutura que já estava montada para oferecer hospedagem de sites a empresas. A Locaweb começou a operar em 1998.
Do R$ 1,2 bilhão, um total de R$ 575 milhões vai para o caixa da empresa. Esse dinheiro, ainda de acordo com o prospecto da abertura de capital, será destinado para potenciais aquisições da empresa, enquanto uma parte será destinada ao reforço do capital de giro.
Nos nove primeiros meses do ano passado, o lucro líquido da Locaweb obteve R$ 11,1 milhões, mais do que o dobro dos R$ 5,5 milhões registrados no mesmo intervalo de 2018. A receita operacional líquida chegou, de janeiro a setembro do ano passado, R$ 280,5 milhões, expansão de 21,3%.
Apesar do sucesso do IPO, algumas casas de análise, como Eleven e Levante, recomendaram que seus clientes ficassem de fora da operação por considerarem que a Locaweb ainda precisa comprovar que consegue crescer significativamente no médio e longo prazos.
Os coordenadores da oferta da empresa de hospedagem de sites foram o Itaú BBA, o Goldman Sachs, o Morgan Stanley e a XP Investimentos.
| Tribuna PR | | | | De volta aos trabalhos legislativos, senadores fizeram questão de expor na terça-feira, 4, insatisfação com o governo em torno da reforma tributária. A proposta foi anunciada como prioridade para 2020. Líderes do Senado, porém, se recusam a dar andamento ao tema até que o Executivo diga qual é sua proposta e sente na mesa para negociar. Além disso, descartam uma votação no primeiro semestre.
O anúncio de uma comissão mista para discutir a proposta só aumentou a insatisfação. Senadores se sentiram desprestigiados na articulação feita pelos presidentes do Senado e da Câmara com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para debater o texto em um colegiado formado pelas duas Casas. A estratégia foi vista como um movimento para dar prioridade ao texto dos deputados, em detrimento daquele que tramita no Senado.
A comissão mista ainda não foi instalada e sequer teve os integrantes indicados. Líderes de bancadas no Senado dizem que só vão indicar os membros do colegiado se houver uma negociação com o governo e uma certeza de qual é a proposta do Executivo. “Enquanto isso não acontecer, o discurso é para a plateia”, disse o líder do MDB, Eduardo Braga (AM).
Antes de o Congresso elaborar um texto, os senadores farão um convite ao ministro Paulo Guedes para uma audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. “Quero deixar aqui a pergunta: afinal de contas, qual é a reforma tributária?”, afirmou o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), durante sessão da comissão. “Não é tão simples aprovar uma reforma tributária, como se pode pensar a partir do que o presidente Rodrigo Maia disse querer aprovar em três meses”, disse o presidente da CAE, Omar Aziz (PSD-AM).
Um dos impasses é o impacto da reforma nos Estados e municípios. A perda eventual na arrecadação causa insatisfação entre os gestores públicos. Por outro lado, setores como o de serviço não querem passar a pagar tributos maiores. “Reforma tributária é algo que mexe com a sua base, onde você vive, com seu vizinho, com seu eleitor. Isso é uma coisa que precisa ser negociada com quem detém a maior parcela do recurso, a União”, disse Eduardo Braga.
Na segunda-feira, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), afirmou que o governo vai enviar sugestões à reforma tributária só após o Congresso elaborar um texto comum entre Câmara e Senado, o que ocorreria no fim de fevereiro. O movimento causou desconforto entre os senadores. “Não tem tributária. Ficam anunciado que vai ser votada, a sociedade fica cobrando e a gente fica constrangido”, disse Jereissati.
| Tribuna PR | | | | O presidente Jair Bolsonaro reclamou nesta quarta-feira (5) que o governo tem tido problemas com a alta dos preços dos combustíveis e voltou a responsabilizar os Estados. Bolsonaro lançou um desafio para que governadores aceitem mudar a cobrança do ICMS para que ele reduza impostos federais.
“Eu zero o (imposto) federal, se zerar ICMS. Está feito o desafio aqui. Eu zero o (imposto) federal hoje e eles (governadores) zeram ICMS. Se topar, eu aceito. Está ok?”, disse Bolsonaro.
Nos últimos dias, um grupo de 23 governadores cobrou o presidente pela redução de tributos federais sobre combustíveis, como PIS, Cofins e Cide.
Bolsonaro afirmou que reduziu o preço do combustível “três vezes nos últimos dias” e que a medida não teve impacto no preço cobrado na bomba. Também voltou a defender mudanças na cobrança do ICMS.
“Problema nós temos. Olha o problema que estou tendo com combustível. Pelo menos a população já começou a ver de quem é a responsabilidade. Não estou brigando com governador, eu quero que o ICMS seja cobrado no combustível lá na refinaria, e não na bomba”, disse Bolsonaro. “Eu baixei três vezes o combustível nos últimos dias e na bomba não baixou nada.”
Questionado sobre a contrariedade de governadores à proposta, Bolsonaro reagiu: “É lógico que governadores são contra (mudar regra de ICMS), arrecadação, né?”.
| Tribuna PR | | | | O Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1) subiu 0,55% em janeiro, após a alta de 0,93% registrada em dezembro, informou nesta quarta-feira, 5, a Fundação Getulio Vargas (FGV).
O indicador é usado para mensurar o impacto da movimentação de preços entre famílias com renda mensal entre um e 2,5 salários mínimos. Com o resultado, o índice acumulou alta também de 0,55% no ano de 2020. Em 12 meses, o indicador acumulou avanço de 4,55%.
Em janeiro, o IPC-C1 ficou abaixo da variação da inflação média apurada entre as famílias com renda mensal entre um e 33 salários mínimos, obtida pelo Índice de Preços ao Consumidor – Brasil (IPC-BR), que teve alta de 0,59% no mês. No acumulado em 12 meses, a taxa do IPC-BR foi inferior, aos 4,13%.
| Tribuna PR | | | | Estados cobram até 30% de ICMS sobre os preços das bombas dos postos
Quem ainda tem automóvel particular, consome parcela crescente do seu orçamento para encher o tanque. O preço médio da gasolina no país está em torno de R$ 4,58 o litro. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o etanol só é vantajoso em três estados brasileiros: Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo. Em alguns postos, no final do ano, os preços da gasolina superaram amplamente os R$ 5,00.
Mesmo que vingue a proposta do presidente Jair Bolsonaro —projeto de lei para alterar a cobrança de ICMS, imposto estadual, sobre os combustíveis, tornando-o fixo por litro–, a saída é usar ônibus, aplicativos de transporte, metrô e trem.
Bolsonaro propõe o tributo fixo porque os estados cobram até 30% de ICMS sobre os preços das bombas dos postos, e só atualizam este valor de 15 em 15 dias. Dessa forma, reduções de preços nas refinarias ao longo do mês têm menor efeito sobre o custo do abastecimento.
Acho muito difícil que o Congresso Nacional, cujos parlamentares têm forte vinculação com os governadores, aprovem o projeto de lei que modifica a cobrança de ICMS sobre os combustíveis. Estados já estão quebrados e mal conseguem pagar salários e aposentadorias –em casos como o do Rio Grande do Sul, com atraso–, por isso não abririam mão de receita tão grande. Este tributo representa de 18% a 30% da arrecadação dos estados.
Essa taxação encarece os transportes, com impacto sobre praticamente todos os preços de produtos e serviços. Algo semelhante ocorre com outro insumo básico, as telecomunicações. Temos a maior carga tributária do mundo sobre a banda larga fixa, segundo a agência reguladora, Anatel. Caímos para quarto lugar se o ranking for o da União Internacional de Telecomunicações.
É por isso que não há como tratar de relações de consumo sem considerar o Estado perdulário e incompetente, e sua consequente sanha arrecadatória. Pagamos tudo mais caro do que na média dos países, o que reduz nossa capacidade de consumo.
Dizem que a Reforma Tributária melhorará este cenário. Duvido! Toda vez que há mudanças, somos convidados a pagar a conta. Que devedor abre, espontaneamente, mão de receitas?
Maria Inês Dolci - Advogada especialista em direitos do consumidor, foi coordenadora da Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor).
| Folha de S.Paulo | | | | O ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Yves Gandra decidiu que os sindicatos dos empregados da Petrobras devem pagar R$ 500 mil de multa, se mantiverem a greve da categoria iniciada no último dia 10. A decisão também obriga que 90% do efetivo esteja trabalhando nas unidades da estatal.
A Petrobras entrou na segunda-feira, 3, com dissídio coletivo de greve contra os sindicatos da categoria, alegando que não houve negociação antes da paralisação, e que a mesma seria abusiva.
Os petroleiros cobram a suspensão das demissões na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen), prevista para começar no dia 14 e que deve afetar mais de mil famílias.
Eles também querem o estabelecimento imediato de um processo de negociação com a empresa, acusada pelos trabalhadores de descumprir itens do Acordo Coletivo de Trabalho, com suspensão imediata das medidas unilaterais tomadas pela direção.
Gandra divulgou nesta terça-feira, 4, sua decisão, divulgada pela Petrobras, na qual estipula multa de R$ 500 mil para os sindicatos em que a base territorial possui mais de 2.000 empregados, o que se aplica apenas à Federação e aos Sindicatos do Norte Fluminense, Bahia e Espírito Santo. Outra multa, de R$ 250 mil, seria referente a sindicatos de porte menor, não especificados no documento.
A decisão também determina que os grevistas “abstenham-se de impedir o livre trânsito de bens e pessoas no âmbito da Requerente e de suas subsidiárias”.
Desde o dia 10 uma comissão da FUP ocupa uma das salas da sede da Petrobras, no Centro do Rio.
| Tribuna PR (publicado em 04-02-2020) | | | | Concessionária e órgão regulador travam batalha na Justiça sobre o reajuste
A CCR informou ao mercado na noite desta terça-feira (4) que a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) determinou redução de 5,26% nas tarifas básicas de pedágio na rodovia Presidente Dutra (BR-116), que liga São Paulo e Rio de Janeiro. A concessionária afirmou que vai recorrer da decisão.
A atual administradora da Dutra e a agência reguladora já travam na Justiça uma briga sobre o reajuste. Em 19 de dezembro de 2019, a ANTT havia publicado uma deliberação que reduzia a tarifa a partir de 23 de dezembro.
A CCR, porém, havia conseguido suspender o efeito da deliberação devido a um mandado de segurança emitido pela Justiça Federal de Brasília no dia 23 de dezembro.
De acordo com a primeira determinação, a tarifa básica reajustada passaria de R$ 15,20 para R$ 14,40 em quatro dos pedágios, de R$ 3,70 para R$ 3,50 em outros quatro pontos e de R$ 6,70 para R$ 6,30 em dois deles.
O documento diminuía a tarifa cobrada dos usuários da rodovia mais movimentada do país em razão de dois fatores, segundo a ANTT. O primeiro era a redução do valor de manutenção do pavimento a ser feita pela CCR devido a um reequilíbrio no contrato.
A redução do montante usado na elaboração de um projeto executivo da obra de um acesso à rodovia no km 215 também entrou nas contas da agência.
O atual contrato de concessão da Dutra termina no final de 2021. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, já afirmou que a nova concessão da rodovia terá tarifa de pedágio mais barata no trajeto de São Paulo ao Rio de Janeiro.
O ministro já disse também que será retirada a cobrança de tarifa na região de Guarulhos, na Grande São Paulo, assim como não será instalado um pedágio em Barra Mansa (RJ).
| Folha de S.Paulo ( publicado em 04-02-2020) | | | | Foram emplacadas 193.464 unidades em janeiro, número 3,2% inferior ao mesmo mês de 2019
O ano começou com queda nas vendas de automóveis. De acordo com a Fenabrave (entidade que representa as revendedoras), foram emplacadas 193.464 unidades em janeiro, número 3,2% inferior ao mesmo mês de 2019. A conta inclui carros de passeio, veículos comerciais leves, ônibus e caminhões.
Em relação a dezembro, a queda nos licenciamentos é de 26,3%. Contudo, esse resultado já era esperado: o último mês de cada ano sempre registra um pico de comercialização.
“Dezembro, tipicamente, é um mês muito forte, já que as marcas oferecem promoções antes do Natal”, disse Alarico Assumpção Júnior, presidente da Fenabrave.
O dado que preocupa é a retração já no primeiro mês do ano, pois 2020 é visto com otimismo pelas associações do setor automotivo.
A Anfavea, que representa as montadoras, prevê crescimento de 9,4% dos emplacamentos neste ano. O foco está no varejo, onde a rentabilidade é maior quando comparada às vendas diretas, modalidade que tem as locadoras como principais clientes.
Entretanto, os dados divulgados pela Fenabrave mostram que o início do ano ainda não dá sinais de melhora na comercialização a pessoas físicas.
As vendas diretas de carros de passeio e veículos comerciais leves cresceram 3,5% na comparação entre os meses de janeiro. No varejo, há queda de 7,3% no acumulado deste ano em relação a 2019.
De acordo com Assumpção, a mudança nas placas em São Paulo, que desde o dia 31 passou a adotar o padrão Mercosul, fez alguns milhares clientes retardarem a compra de um carro novo. Para o executivo, esse público deve retornar às lojas neste início de fevereiro.
É uma aposta, que só vai se confirmar no fim do mês e ainda sob o risco de nova queda. Em 2019, a terça-feira de Carnaval caiu no dia 5 de março. Neste ano, o feriado será em 25 de fevereiro, o que representa menos dias úteis de vendas.
O segmento caminhões foi o que apresentou resultado melhor no início do ano, com alta acumulada de 3,66% em 2020 em relação ao ano anterior. Foram vendidas 7.186 unidades em janeiro.
A Fenabrave mantém a previsão de crescimento para 2020 e é mais otimista que a Anfavea. A entidade que representa as distribuidoras acredita que as vendas totais terão alta de 9,7% neste ano. O cálculo é mais amplo: além de veículos leves e pesados, inclui motocicletas e implementos agrícolas.
A crença nos bons resultados vem do histórico recente de retomada e da queda na taxa básica de juros, que ainda não se refletiu no custo do crédito para financiamento automotivo.
Nesta quinta (6), a associação das montadoras irá divulgar os dados de fabricação em janeiro. A entidade prevê que a produção irá crescer 7,3% neste ano, chegando a 3,16 milhões de unidades.
Os dados mais esperados serão conhecidos no início de abril, quando haverá a consolidação dos resultados no primeiro trimestre.
Se não houver crescimento acumulado no período, principalmente no varejo, montadoras e entidades do setor irão rever suas previsões para 2020.
| Folha de S. Paulo ( publicado em 04-02-2020) | | | Empresa afirma que tem valorizado eventos com foco maior no ser humano
A Hyundai Motor Brasil confirmou nesta terça (4) que não irá participar da edição 2020 do Salão do Automóvel de São Paulo.
É a segunda baixa em um intervalo de quatro dias: na sexta (31), a Chevrolet divulgou que estará fora da mostra.
Em nota, Angel Martinez, vice-presidente comercial da Hyundai Motor Brasil, afirmou que a empresa tem valorizado eventos com foco maior no ser humano. “Avaliamos bastante a situação aqui no Brasil e decidimos substituir a participação no Salão do Automóvel por outras atividades mais exclusivas ao longo do ano.”
A montadora produz os modelos HB20 e Creta em Piracicaba (interior de São Paulo). A unidade, que começou a operar em 2012, tem capacidade para fabricar 210 mil automóveis por ano. Desde sua inauguração, foram investidos US$ 865 milhões (R$ 3,67 bilhões) no país.
O grupo Caoa, que representa a divisão de importados da Hyundai e monta os modelos iX35, New Tucson, HD80 e HR em Anápolis (GO), ainda não decidiu se irá participar do Salão do Automóvel de São Paulo. A empresa é também fabricante da marca chinesa Chery e distribuidora da japonesa Subaru.
Leandro Lara, diretor da Reed Alcântara Machado, que organiza o evento, afirma que a Hyundai Motor do Brasil conhece a força do salão, tendo participado com diversos lançamentos de edições anteriores da mostra.
“Esperamos que, no futuro, a marca reveja o seu posicionamento, e faremos o possível para que isso aconteça”, diz Lara.
Além da montadora sul-coreana e da Chevrolet, as marcas BMW, Citroën, Jaguar, Land Rover, Lexus, Mitsubishi, Peugeot, Suzuki, Toyota e Volvo já anunciaram que não pretendem participar do Salão do Automóvel de São Paulo 2020.
Entre as grandes fabricantes, Fiat Chrysler, Ford, Nissan e Volkswagen confirmaram presença na mostra. A Renault prevê participação.
As desistências reforçam o desgaste do evento brasileiro, que passa pelo mesmo problema de mostras internacionais do setor.
As montadoras têm apostado em alternativas de menor custo e público mais diversificado para revelar suas novidades. Além disso, estratégias de divulgação digital estão sendo intensificadas e substituindo as exibições presenciais.
O alto investimento para montar um estande no Salão do Automóvel de São Paulo também é visto como um obstáculo. O espaço ocupado pelas montadoras pode custar entre R$ 4 milhões e R$ 20 milhões.
As duas últimas edições do evento tiveram média de 750 mil visitantes. A edição 2020 está prevista para o período de 12 a 22 de novembro, no pavilhão São Paulo Expo (zona sul).
| Folha de S.Paulo ( publicado em 04-02-2020) | | | | A fabricante de carros elétricos Tesla vem apresentando números impressionantes no mercado financeiro nos últimos dias. Após ter resultados positivos no balanço do quatro trimestre de 2019, divulgado na última quarta-feira, 29, a empresa acumulou alta de 39% na bolsa de valores.
Com a valorização, a Tesla encerrou o pregão desta terça-feira, 4, avaliada em US$ 159,9 bilhões – o suficiente para valer mais que Volkswagen e GM juntas. Neste momento, só a Toyota (na casa de US$ 200 bilhões) tem avaliação de mercado que a Tesla entre as montadoras.
A diferença entre as duas poderia ter sido ainda menor: durante o dia, a empresa chegou a ter valorização de 23%, o que levou seu papel para US$ 967. No fim do pregão, porém, muitos investidores aproveitaram para realizar lucros, e o papel encerrou o pregão negociado a US$ 887.
A valorização recente tem sido impulsionada por relatórios de analistas do mercado, que veem na empresa potencial para dominar o setor de carros elétricos nos próximos anos. Os bons ventos são justificados porque a Tesla tem conseguido entregar suas metas de produção, dar lucro e expandir instalações na China – o país asiático é hoje considerado chave para o futuro da companhia.
Um dos comentários que mais chamaram a atenção no mercado foi feito pelo investidor Ron Baron, que disse à emissora americana CNBC que a Tesla pode atingir US$ 1 trilhão em receitas ao longo da próxima década.
É um longo caminho: em 2019, a fabricante de carros elétricos faturou US$ 24,6 bilhões. “É só o começo”, disse Baron, que tem 1,6 milhão de papéis da companhia e não pretende se desfazer de nenhum deles.
Há, no entanto, quem acredite que a empresa esteja acima do valor de mercado – caso de Craig Irwin, analista da Roth Capital Partners, que disse que a Tesla tem riscos demais à sua frente, como potenciais atrasos em cronogramas de projetos, a ampliação de sua fábrica em Xangai e o aumento dos custos de produção.
| Tribuna PR | | | | O ritmo de emplacamentos de veículos leves no Estado de São Paulo caiu 70% na última semana de janeiro em razão de um período de transição para a adoção da nova placa do Mercosul, que se tornou obrigatória no dia 31. Segundo a Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), a mudança adiou o emplacamento de pelo menos 9 mil carros, que estão sendo emplacados em fevereiro.
A queda ocorreu porque o Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP), responsável pelos emplacamentos, decidiu que, na última semana antes do início da obrigatoriedade da nova placa, só seriam emplacados, com a placa antiga (cinza), os carros para os quais a taxa de emplacamento já tivesse sido paga até o dia 24 e tivessem com toda a documentação resolvida até o dia 28.
Os proprietários de veículos que não cumpriram nenhuma dessas duas exigências tiveram de esperar até o dia 31. A “espera” fez com que a média diária de emplacamentos em janeiro, de 2.170 unidades entre os dias 2 e 24, caísse 70% na última semana, para 643, segundo dados aos quais o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) teve acesso. No dia 31, quando os emplacamentos passaram a ser feitos com a nova placa, houve um salto para 1.808 registros.
Pelas contas da Fenabrave, a suspensão dos emplacamentos na última semana São Paulo, maior mercado de veículos do Brasil, prejudicou o balanço que a entidade faz para monitorar as vendas.
A federação toma como base o número de emplacamentos registrados e, com os atrasos no principal Estado, houve queda de 3,4% em relação a janeiro do ano passado no mercado nacional. Se os 9 mil carros tivessem sido emplacados em São Paulo, haveria crescimento de 1% em todo o Brasil.
Ainda segundo a Fenabrave, a suspensão vista em São Paulo não foi observada em outros Estados. Os emplacamentos que seriam feitos na última semana de janeiro têm sido feitos em fevereiro, o que deve impulsionar os resultados de vendas do segundo mês do ano, a serem divulgados no dia 2 de março pela federação.
| Tribuna PR (publicado em 04-02-2020) | | | | Em janeiro novos licenciamentos caíram 3,4% sobre o mesmo mês de 2019
A Fenabrave confirmou na terça-feira, 4, a queda de 3,4% nos licenciamentos de veículos leves zero-quilômetro em janeiro, na comparação com o mesmo mês do ano passado, conforme já divulgado por fontes extraoficiais na segunda-feira. Os 184.125 automóveis e utilitários emplacados no primeiro mês do ano representaram o menor volume em 23 meses. Segundo a entidade que reúne os concessionários, não houve retração das vendas, mas sim queda de emplacamentos, causada pelo atraso nos procedimentos de lacração da nova placa do Mercosul.
Pelas estimativas da Fenabrave, o problema do atraso com a nova placa paralisou os emplacamentos na última semana de janeiro e reduziu o número de lacrações em cerca de 9 mil unidades – que ficaram represadas e devem se somar aos licenciamentos de fevereiro. Se esses carros que deixaram de ser emplacados fossem somados ao total do mês, o resultado seria de crescimento em torno de 1% sobre o ano passado.
Na comparação com mês anterior a queda das vendas foi mais pronunciada, de 27%. Apesar de janeiro ter um dia útil a mais, o volume de vendas em dezembro é sempre maior, por ser um dos meses mais aquecidos do ano. Mas o problema da redução de emplacamentos aumentou essa diferença.
“Acreditamos que em janeiro tivemos um problema pontual, que não deve prejudicar o resultado do resto do ano. Continuamos confiantes que 2020 será melhor do que 2019”, avalia Alarico Assumpção Jr., presidente da Fenabrave.
APOSTA NO CRÉDITO
Os dirigentes da Fenabrave apostam todas as suas fichas na maior disponibilidade de crédito para aquecer as vendas este ano. “Juros e inadimplência estão muito baixos e com isso os bancos estão mais dispostos a financiar. Em anos recentes, de cada dez pedidos de financiamentos de carros, só três eram aprovados, hoje essa proporção já é de dez para sete, porque houve um aumento da qualidade do cadastro de quem quer financiar”, explica Assumpção Jr.
Ele reconhece que o desemprego ainda está muito elevado (em torno de 11% com 12 milhões de desempregados), mas considera que a retomada de geração de empregos que vem acontecendo desde o ano passado, ainda que lenta, já coloca de volta ao mercado número expressivo de consumidores, perto de 1 milhão de pessoas nos cálculos da entidade, que na opinião dele podem voltar a tomar crédito.
Apesar do elevado número de desempregados e subempregados no País, existe também bom volume de consumidores de maior poder aquisitivo que estão sustentando o crescimento do mercado nos últimos anos – e não têm problemas para aprovar crédito. Prova disso é que, segundo números da Fenabrave, no início da última década os carros de entrada, mais baratos, que custavam em torno de R$ 30 mil representavam 85% das vendas, hoje esse mesmo veículo aumentou para R$ 60 mil e corresponde a apenas 12% do mercado. Daí o “aumento da qualidade do cadastro” citado por Assumpção.
Com a expectativa de que a maior concessão de crédito e a redução do desemprego levem ao aumento das vendas de varejo (nas concessionárias), Assumpção Jr. avalia que o porcentual de vendas diretas deve recuar em 2020, depois de terminar 2019 com recorde de 45% do total. Em janeiro esse índice já baixou para 38,6%, como é comum nesta época do ano, mas ainda assim está mais alto do que o registrado em janeiro de 2019, quando o faturamento direto de veículos das montadoras ao consumidor final representou 36% dos negócios.
O estoque de veículos nas concessionárias somou 200 mil unidades em janeiro, volume pouco menor que as 207 mil unidades de dezembro.
| Automotive Business ( publicado em 04-02-2020) | | | | Nos últimos dois anos foram abertas 750 novas lojas, com 70 mil contratações
Nem todo terreno perdido foi recuperado, mas ao menos em parte a rede de concessionárias instalada no País conseguiu recuperar parte significativa de seu tamanho e empregos. Segundo dados da Fenabrave, entidade que reúne os concessionários, de 2015 até o meio de 2017 foram fechadas 2,1 mil lojas de veículos novos, com fechamento de 172 mil postos de trabalho. Essa tendência começou a ser revertida há dois anos e meio, com a abertura de 750 novos pontos de venda e contratação de 70 mil pessoas no setor de distribuição oficial dos fabricantes.
Segundo a Fenabrave, hoje o setor conta com 7.145 concessionárias no País, número ainda 1.355 abaixo das 8,5 mil que existiam no início de 2015. No total, os concessionários empregam 328 mil pessoas atualmente, um aumento de 2 mil postos em comparação com 2018, mas bem menos do que os 490 mil há cinco anos.
Alarico Assumpção Jr., presidente da Fenabrave, afirma que as marcas que mais contribuíram para a expansão da rede foram a Jeep, com cerca de 200 concessionárias abertas, além de BMW, Audi, caminhões DAF e alguns fabricantes de motos de alta cilindrada. Para o dirigente, o fechamento de concessionárias foi estabilizado.
| Automotive Business ( publicado em 04-02-2020) | | | | Companhia alemã já tem 16,8% das ações da fabricante norte-americana de caminhões e motores
O Traton Group, divisão de caminhões e ônibus do Grupo Volkswagen, fez no fim da semana passada uma oferta de US$ 2,9 bilhões para comprar a Navistar, fabricante norte-americana de veículos comerciais pesados e motores diesel, que em 2016 já havia vendido por US$ 256 milhões uma porção de 16,8% de suas ações à companhia alemã.
“Se a oferta for aceita, o Traton Group se tornará o dono único da Navistar”, declarou o Grupo VW em comunicado. Nascida em 2016 originalmente como VW Truck & Bus e depois transformada em Traton a partir de 2018, a empresa tem o controle de três fabricantes de caminhões e ônibus: MAN, Scania e Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO). Também mantém parceria com a japonesa Hino, marca de veículos pesados do Grupo Toyota, e tem a participação minoritária na Navistar – dona da marca de caminhões International, ônibus IC Buses e fabricante de motores, incluindo a MWM no Brasil.
Em comunicado, a Navistar disse que vai estudar e avaliar cuidadosamente a “oferta não solicitada” do Traton Group. Qualquer decisão, diz a companhia, “será no melhor interesse da companhia e de seus stakeholders (acionistas, empregados, fornecedores e clientes)”. A Navistar ainda pede aos acionistas que não tomem decisões e que neste momento não há necessidade de votar contra ou a favor do negócio.
“Não existe nenhuma certeza de que será levada adiante qualquer negociação entre a Navistar e Traton sobre esta proposta, nem que qualquer transação irá ser consumada”, afirma o texto do comunicado da companhia americana.
| Automotive Business ( publicado em 04-02-2020) | | | | Aquisição será feita pela Bendix, subsidiária da Knorr-Bremse
A Wabco assinou um acordo de venda da RH Sheppard, fornecedora de sistemas de direção para veículos comerciais, para a Bendix, subsidiária da Knorr-Bremse e fabricante de sistemas de freio e tecnologias de segurança para veículos comerciais. Em nota, a empresa informa que o valor da transação é de US$ 149,5 milhões.
A decisão parte do cumprimento da lei antitruste dos EUA perante a compra da Wabco pela ZF no valor de US$ 7 bilhões anunciada em março do ano passado e aprovada pela empresa em junho. Segundo as empresas, sua conclusão está prevista para este ano.
O negócio com a Bendix também está sujeito a aprovações regulatórias, além de ainda depender da finalização do negócio entre a Wabco e a ZF.
| Automotive Business ( publicado em 04-02-2020) | | | | Em janeiro os emplacamentos de veículos pesados de carga cresceram 3,66%
As vendas de caminhões continuaram em alta no início do ano. Conforme números divulgados pela Fenabrave na terça-feira, 4, as 7.186 unidades emplacadas em janeiro representaram crescimento de 3,66% sobre o mesmo mês de 2019. Houve queda de 13,7% na comparação com dezembro, o que é comum acontecer nesta época do ano em que as negociações de compra de caminhões costumam desacelerar por causa do período de férias.
A associação dos concessionários manteve a projeção feita em janeiro, que estima em 126 mil unidades as vendas de caminhões em 2020, em novo e robusto crescimento de 24% na comparação com o ano anterior – após elevada expansão de 33% em 2019 sobre 2018. Segundo Sergio Zonta, vice-presidente da Fenabrave representante dos concessionários de caminhões e ônibus, este ano é esperada recuperação de todos segmentos de veículos pesados de carga.
“Além dos caminhões pesados, outros segmentos devem crescer este ano. O agronegócio deve continuar forte e os esperados investimentos no setor de infraestrutura vão acelerar o setor de construção civil e demandar novos veículos”, afirma Sergio Zonta.
PEQUENA QUEDA EM ÔNIBUS
As vendas de 2.153 ônibus em janeiro representaram leve retração de 2,23% sobre o mesmo mês de 2019 e recuo de 13,2% na comparação com dezembro passado.
“É uma retração normal do segmento de ônibus nesta época do ano, quando não há entregas de veículos do [programa] Caminho da Escola e nem de modelos urbanos”, explica Zonta.
| Automotive Business ( publicado em 04-02-2020) | | | | Falta de modelos de baixa cilindrada prejudicou o segmento, que ficou abaixo de 92 mil unidades
A venda de motos em janeiro somou 91,7 mil unidades, registrando pequena alta de 1,1% sobre o mesmo mês do ano passado. Na comparação com dezembro houve queda de apenas 2,6%. A média diária de vendas foi boa, próxima a 4,2 mil unidades. Os números foram divulgados pela Fenabrave, entidade que reúne as associações de concessionários.
“O número de janeiro poderia ser mais alto e reflete a falta de modelos de baixa cilindrada na rede”, afirma o vice-presidente da Fenabrave, Carlos Porto.
O desabastecimento parcial das concessionárias já havia ocorrido no meio de 2019, mas por causa da dificuldade dos fornecedores de componentes em acompanhar o crescimento da produção. Acredita-se que, neste início de ano, o motivo sejam as férias coletivas das montadoras em Manaus: a produção em dezembro foi de 69 mil unidades, 25,8% a menos que em novembro.
A Honda começou o ano com 71,9 mil motos emplacadas e 78,4% de participação. A fatia da empresa no acumulado de 2019 foi de 79,2%. A Yamaha ganhou espaço. Com 14,1 mil unidades, obteve 15,4% do mercado de duas rodas. Em 2019 foram 14%.
A fabricante Haojue, cujas motos e scooters compartilham parque fabril e rede com a Suzuki, se consolida na terceira posição, com pouco mais de mil unidades lacradas e 1,1% do mercado. Já a coirmã japonesa está na décima posição, com apenas 269 motos licenciadas. Isso ocorre porque a J.Toledo Suzuki está se concentrando na produção de modelos de alta cilindrada, enquanto a JTZ dá conta de modelos de baixa cilindrada com Haojue e scooters Kymco.
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