| 10 de fevereiro de 2020
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| | | | | Confira programação das ações previstas para o primeiro semestre deste ano. Programa apoia a internacionalização de empresas brasileiras
A Rede Brasileira de Centros Internacionais de Negócios (Rede CIN) vai promover missões prospectivas, encontros de negócios e missões comerciais para estimular a internacionalização de empresas brasileiras. O cronograma elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) prevê a realização de sete ações previstas para o primeiro semestre entre agendas nacionais e internacionais.
A atual parceria entre CNI e Apex-Brasil foi firmada em setembro de 2019 com meta de atender 1,7 mil empresas de diversos setores industriais e estados. A estimativa é de gerar, ao menos, US$ 350 milhões em novos negócios. O convênio tem a previsão de investimento de R$ 13 milhões conjuntamente pelas duas entidades em 40 ações de promoção de negócios e prospecção de mercados no exterior e rodadas com compradores estrangeiros no Brasil ao longo de 30 meses.
Desde 2013, quando CNI e Apex-Brasil firmaram o primeiro termo de cooperação, mais de 4,5 mil empresas foram atendidas e geraram US$ 512 milhões em negócios durante o próprio evento e mais de US$ 2 bilhões nos 12 meses seguintes. Entre os empresários que participaram de uma missão internacional em 2019 está Elcy Gutzeit, conhecida como “rainha do cacau” no Pará.
Com o apoio da Rede CIN, ela esteve no Salon du Chocolat, em Paris, na França, pela primeira vez em 2017. Depois de conhecer o mercado, se qualificar, ela voltou em 2019 junto com uma missão de 40 empresários brasileiros e foi uma das finalistas do International Cocoa Awards, uma espécie de Oscar do chocolate, com direito a certificado de excelência.
“A participação nesses eventos internacionais, além de atestar a qualidade do nosso produto, serve como propaganda a empresa e o país”, comentou Elcy, que defende maior investimento do país em pesquisa e apoio para os agricultores conseguirem manufaturar a matéria-prima e produzir o próprio chocolate.
| CNI | | | | A reportagem desta semana, da série especial do site Poder 360, com apoio da CNI, Caminhos da Indústria - desafios e oportunidade, destaca o trabalho da CNI e Apex na promoção da agenda internacional
Quando foi criada, em 1949, a Marcopolo S/A era uma oficina de pintura de cabines de caminhões e de chapeação. Hoje, a empresa de Caxias do Sul (RS) é a 3ª maior fabricante de carrocerias de ônibus do mundo, responsável por quase metade da produção nacional de ônibus e exporta veículos completos e desmontados para mais de 100 países. O processo de internacionalização da Marcopolo é um exemplo de uma dinâmica gradual de expansão – que funciona de forma diferente para empresas de setores e portes diversos.
Cyntia Calixto, professora do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV), explica que não há receita de bolo que funcione para todos os segmentos produtivos, mas afirma que as companhias interessadas em explorar outros mercados devem separar recursos financeiros e humanos para a empreitada.
“Uma empresa de pequeno porte pode optar por continuar produzindo no Brasil e vender no exterior, essa é a forma mais barata, conhecida como exportação indireta. Depois, quando ela se sentir mais madura, pode firmar parcerias lá fora ou optar pela aquisição de organizações semelhantes, que é uma forma de ingressar em países que impõem restrições legais à entrada de empresas estrangeiras”, explica.
De acordo com o diretor de Estratégia e Negócios Internacionais da Marcopolo, André Vidal Armaganijan, o processo de internacionalização teve dois momentos distintos. No primeiro, a empresa investiu na abertura de unidades de montagem e de finalização dos ônibus em outros países. Nessa época, entre 1997 e 2003, foram abertas fábricas na África do Sul, na Colômbia, no México e em Portugal –essa fechada em 2009.
“Os ônibus eram manufaturados em grande parte nas fábricas brasileiras e exportados de diferentes formas, de acordo com as exigências de cada país ou cliente. Com o aumento das vendas, o contínuo treinamento de mão-de-obra e o desenvolvimento de fornecedores locais, a Marcopolo S/A gradativamente conquistou esses mercados. Atualmente, em seu ramo, é líder na África do Sul, no México e na Colômbia”, afirma Armaganijan.
No 2º momento, a empresa se associou a companhias locais para conseguir penetrar em mercados competitivos. Por meio de joint ventures, a Marcopolo S/A conseguiu se estabelecer no Egito e na índia. A empresa também possui participação acionária na New Flyer, empresa norte-americana de ônibus urbanos e rodoviários que tem unidades fabris nos Estados Unidos e no Canadá.
Relatório divulgado no 3º trimestre de 2019 mostra a importância dos negócios que a empresa possui no exterior para a saúde financeira da Marcopolo S/A: 47% da receita líquida é oriunda de exportações e das operações internacionais. “A expansão das atividades da Marcopolo por intermédio da abertura de novas unidades em diferentes países permitiu que a companhia registrasse, entre 2005 e 2015, crescimento de sua receita líquida em seis vezes, quase triplicasse o número de unidades de ônibus produzidas e aumentasse o valor das ações em mais de 600%”, destaca Armaganijan.
Ele pontua que esse crescimento ocorreu apesar das dificuldades que empresas brasileiras enfrentam quando se aventuram no mercado internacional. “O produto brasileiro perde competitividade por diversos motivos, o que impede um maior crescimento das exportações a partir do Brasil”.
Entre os motivos que dificultam a internacionalização de empresas brasileiras está o fato de que a economia do país possui, historicamente, baixa exposição ao mercado global.
Essa é a avaliação do diretor de Estudos Setoriais de Inovação e Infraestrutura no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), André Tortato Rauen. Ele acredita que o ambiente de negócios brasileiro torna a competição internacional uma atividade de risco para muitas companhias. “A mais óbvia e evidente dificuldade é a de operar no mesmo nível de produtividade que os concorrentes. É importante lembrar que as empresas brasileiras cresceram explorando o vasto mercado interno, com grande proteção externa. Operar fora do Brasil e mesmo exportar não é algo que a nossa sociedade estimulou nas empresas nacionais. Portanto, outra grande dificuldade é a de mudar para um paradigma diferente daquele moldado pelo consumidor brasileiro”.
Desafio também para os gigantes
Em 2008, a Eletrobras, maior companhia brasileira de geração e de transmissão de energia elétrica do país, foi autorizada por lei a expandir seus negócios para outros países. A empresa mapeou os mercados mais promissores e chegou a ter escritórios no Panamá, no Peru e no Uruguai.
“O escritório do Panamá observava toda a América Central e a América do Norte. O escritório no Peru, observava toda a região andina e o escritório no Uruguai observava toda a região do cone sul”, detalha Saul Mendonça, superintendente da área internacional da Eletrobras.
A empresa também avaliava a possibilidade de desenvolver projetos na África do Sul, em Moçambique, na Nicarágua e na Nigéria, mas uma conjunção de fatores interrompeu o processo de internacionalização. As dificuldades que a economia brasileira enfrentou nos últimos anos foram só um dos elementos que frearam a expansão da companhia.
“Na Eletrobras, essa crise acabou sendo mais aguda porque tivemos a crise econômica brasileira, tivemos uma crise política muito forte e tivemos um regime hidrológico que foi o pior de várias décadas. A nossa matriz é basicamente hidrelétrica, então a empresa teve uma tempestade perfeita que afetou a sustentabilidade financeira. O processo de internacionalização encolheu e entramos numa fase de reestruturação”, explica Mendonça.
Os projetos de construção de hidrelétricas em Tumarín, na Nicarágua, e em Inambari, no Peru, foram descontinuados. O projeto de produção de energia eólica em Artilleros, no Uruguai, foi o único que saiu do papel e produz atualmente 65 megawatts. Além disso, a Eletrobras administra as conexões regionais do país com a Argentina, com a Venezuela e com o Paraguai –essa em função do gerenciamento da Usina Hidrelétrica de Itaipu, que é binacional.
O desejo de expandir as operações não saiu do radar da Eletrobras, mas novos passos dependem do governo, que é acionista majoritário da empresa e sinalizou o desejo de privatizá-la.
O Brasil ainda é o mercado principal da companhia, mas Mendonça acha que a internacionalização é positiva por permitir o contato com novos modelos de negócios. “E diria que a internacionalização é um hedge natural. Você não tem a sua receita oriunda de um único mercado. A empresa estaria mais protegida. Pegando a história pública da Eletrobras: mais de 90% da nossa geração é hidrelétrica, dependemos do regime das águas do Brasil, e quase 100% da nossa operação está no mercado brasileiro. Na hora em que o Brasil entrou numa crise econômica, em um ciclo de recessão, o nosso mercado era o Brasil. Se o Brasil não expande a sua capacidade de geração, a Eletrobras não pode expandir a sua capacidade de geração e, consequentemente, não pode expandir a sua receita”.
Centros internacionais de negócios
Se uma companhia do porte da Eletrobras passa por percalços para expandir suas operações para outros mercados, é fácil presumir as dificuldades que micro, pequenas e médias empresas enfrentam quando tentam iniciar esse processo. A Rede Brasileira de Centros Internacionais de Negócios (Rede CIN) foi criada em 1998 para ajudar empresas de todos os portes e áreas de atuação a comercializar seus produtos em outros países.
Coordenada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a iniciativa tem unidades de atendimento nas 27 capitais brasileiras e oferece cursos para capacitar gestores sobre as etapas do processo de internacionalização. A rede também auxilia com a emissão do certificado de origem e do ATA Carnet, documentos para agilizar o fluxo de mercadorias e reduzir o custo para as empresas.
“Uma empresa geralmente emite o certificado de origem quando quer vender seus produtos para um país com o qual o Brasil possui acordo comercial. Para ter o benefício tributário, ela precisa do certificado de origem. Já o ATA Carnet é como se fosse um passaporte do produto e vale tanto para a exportação quanto para a importação. Ela aumenta a segurança no transporte, reduz os trâmites burocráticos nas aduanas e diminui o risco de apreensão ou retenção de mercadorias. Também ajuda artistas brasileiros a levar instrumentos e equipamentos para eventos fora do país”, explica o gerente-executivo de Assuntos Internacionais da CNI, Diego Bonomo.
A rede não arca com os custos de emissão desses documentos, mas facilita a participação de empresas brasileiras em feiras internacionais de promoção de negócios, como a Feira de Hannover na Alemanha, a maior feira industrial do mundo.
Outro serviço que a Rede CIN oferece são consultorias personalizadas para identificar os países mais atraentes para um determinado segmento industrial e a forma mais competitiva de acessar novos mercados. “Quando a gente fala em internacionalização, estamos falando de qualquer vinculação de empresa brasileira com o mercado internacional. Pode ser exportação, pode ser importação, pode ser buscar um parceiro estrangeiro para um negócio no Brasil e pode ser auxiliar uma empresa brasileira a investir no exterior.
O serviço mais procurado hoje é o de promoção de negócios. Ajudamos uma empresa que já está razoavelmente madura, já tem um produto competitivo e já tem a internacionalização como parte da sua estratégia. Nós potencializamos a capacidade dessa empresa, seja levando ela para o exterior, seja trazendo compradores internacionais para o país”, detalha Bonomo.
Agenda internacional da indústria
A Rede CIN trabalha ainda para melhorar o ambiente de negócios do comércio exterior brasileiro. Todos os anos, o grupo divulga uma agenda internacional do setor produtivo. O documento especifica as barreiras aduaneiras que dificultam o acesso de empresas brasileiras a alguns mercados e joga luz sobre questões logísticas e tributárias que tornam o processo de internacionalização ainda mais complexo. “A melhoria do ambiente de negócios tanto no cenário interno quanto internacional é fundamental para aumentarmos a competitividade dos produtos brasileiros no mercado global. Esse é o foco da atuação da CNI nos mecanismos internacionais”, ressalta o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi.
Em parceria com a Agência Brasileira de Promoção das Exportações (Apex), a rede possui desde 2008 um fundo para custear ações de promoção de negócios. A atuação das duas entidades é complementar. Enquanto a agência do governo trabalha com setores específicos, a Rede CIN atua com empresas, preenchendo uma lacuna uma vez que nem todas as companhias do país estão vinculadas à associações setoriais.
“Nosso maior público são micro, pequenas e médias empresas, porque elas geralmente não possuem uma grande estrutura focada na internacionalização. Já as grandes empresas nos procuram para participar da agenda de melhoria do ambiente de negócios. Como elas representam o maior volume do comércio exterior do país, possuem operações complexas e são fonte de informações para que a gente possa identificar pontos a serem aperfeiçoados”, explica o diretor da CNI.
A série Caminhos da Indústria – desafios e oportunidades é produzida pelo Poder360, com apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
| CNI | | | | De olho na unificação de contribuições, as empresas desenvolverão software para transações eletrônicas
Apesar da incerteza em relação à aprovação da reforma tributária, o empresário Miguel Abuhab decidiu colocar em prática o plano de construir um sistema de cobrança automática de impostos sobre consumo, em parceria com a Microsoft.
Fundador da Neogrid, empresa de tecnologia que não participará do projeto, Abuhab tem conversado com o governo desde 2015 na defesa do sistema, que depende dos avanços da reforma que pretende unificar tributos como PIS/Cofins, IPI, ICMS e ISS.
Agora, iniciará o desenvolvimento de um protótipo, que espera concluir até maio. Depois, será a vez de a gigante de tecnologia entrar no empreendimento, segundo o empresário, utilizando a tecnologia de blockchain. A expectativa é finalizar o produto neste ano.
A ideia de Abuhab é construir um software que integre autoridades tributárias, bancos, empresas de pagamento e demais contribuintes. A cobrança do tributo será feita no momento em que ocorre um pagamento, por qualquer meio eletrônico, feito pelo consumidor final ou por uma empresa a seus fornecedores.
A cobrança não atinge todas as transações eletrônicas, somente aquelas em que é gerada uma nota fiscal de venda ou prestação de serviço. Portanto, não tem relação com a ideia de uma nova CPMF, que tributa qualquer transação.
No caso de um boleto, por exemplo, esse documento fica vinculado à nota fiscal e já traz registrado qual o valor que irá para o vendedor e qual ficará para o governo. O mesmo vale para transferências vinculadas a uma nota ou para pagamentos com cartão. Em todos os casos, ao pagar a compra, o dinheiro será dividido entre o crédito para o lojista e a parcela do governo.
O empresário chama esse modelo de cobrança compartilhada. Atualmente, o sistema financeiro trabalha com um crédito para cada débito. Agora, vai poder fazer um débito e vários créditos.
“Já falei com a Microsoft. Vou fazer o protótipo e vamos desenvolver em conjunto esse produto”, afirma Abuhab.
O sistema será utilizado pelo comitê gestor do novo tributo, outra iniciativa prevista nos projetos de reforma tributária, e receberá informações das notas fiscais e dos boletos. Não é necessário que bancos e contribuintes comprem o software, mas ambos precisam se adaptar a ele.
“Ele vai integrar os sistemas que já existem. No do boleto, é necessário incluiu o valor o imposto. No da maquininha de cartão, inclui o valor do imposto. Só quero integrar.”
A iniciativa também atenderia a um pleito do setor de varejo, a tributação de compras em sites estrangeiros e nacionais, segundo o empresário. “Tem de fazer o controle sobre a circulação do dinheiro, e não das mercadorias”, afirma.
Para evitar outro efeito colateral da CPMF, as propostas de reforma tributária apresentadas até o momento trabalham com a regra de créditos e débitos de tributos, de forma que a empresa recolha o imposto somente sobre o valor que acrescentar ao produto, descontado o que foi pago pelo fornecedor.
Abuhab afirma que irá viabilizar o cálculo diário desses créditos e débitos.
O sistema não alcançará pagamentos em papel-moeda. Nesse caso, o recolhimento segue o método atual.
Segundo o empresário, além de reduzir a sonegação, a informalidade e a inadimplência, uma das vantagens do modelo é que a empresa só pagará o imposto quando receber o dinheiro.
Hoje, o tributo de uma venda é devido a partir da emissão da nota fiscal, mesmo que o vendedor não receba do cliente. Daí o nome do livro escrito por Abuhab para divulgar a ideia: “Devo, Não Nego, Pago Quando Receber!”.
Abuhab diz que a iniciativa é inédita e que o Brasil será pioneiro na adoção do sistema.
O empresário diz que o secretário da Receita Federal, José Barroso Tostes Neto, já está sabendo da ideia, mas que ela ainda não foi levada ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que tem defendido uma reforma mais enxuta, com a simplificação do PIS/Cofins. Ele também tem conversado com a Febraban (federação dos bancos) sobre o tema.
Com a volta dos trabalhos no Legislativo, a expectativa é que seja elaborada uma proposta única de reforma a partir das iniciativas da Câmara e do Senado, com a contribuição do governo federal. As duas casas avaliam a fusão de tributos sobre o consumo, substituídos por um IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), que segue um modelo internacional conhecido como IVA (Imposto sobre Valor Agregado).
| Folha de S. Paulo ( publicado em 08-02-2020) | | | | Mecanismo consiste em pagar, em dinheiro, o equivalente à valorização dos papéis da companhia
Um em cada quatro planos de remuneração de longo prazo para executivos está baseado nas chamadas ações-fantasmas (“phantom shares”, em inglês), mecanismo que consiste em pagar, em dinheiro, o equivalente ao valor ou à valorização dos papéis da companhia empregadora.
A modalidade é uma opção para empresas de capital fechado ou aberto que não querem promover mudanças societárias nem reduzir o poder dos acionistas. Por outro lado, traz a desvantagem de reduzir o caixa da empresa e poder levar a uma tributação maior.
O dado foi obtido a partir de pesquisa realizada pela consultoria SG Comp Partners junto a 36 organizações brasileiras e de capital estrangeiro que atuam no país, de portes variados (com mediana de faturamento anual de R$ 2,5 bilhões).
Entre elas, três das dez maiores em valor de mercado no Brasil. A modalidade “phantom” é utilizada em 24% dos planos. As ações fantasmas, quando o executivo recebe o equivalente ao valor integral dos papéis da companhia, representam 14% do total.
Opções de ações fantasmas, com pagamento apenas da valorização do papel, representam 10%.Segundo o levantamento, o incentivo na forma de bônus em dinheiro representa 19% dos planos de remuneração.
Somadas, as três modalidades que envolvem pagamento em cash representam 43% dos incentivos de longo prazo.
Os outros 57% são planos com remuneração em ações restritas (com carência) ou opção de ações. Ou seja, sem pagamento em dinheiro.
Paulo Saliby, sócio da consultoria, afirma que em países desenvolvidos, como os EUA, os planos de ações ou opção de ações são muito mais representativos. No Brasil, no entanto, incertezas tributárias levam algumas empresas abertas a optar pelos planos de pagamento em dinheiro.
“Muitas empresas de capital aberto tiveram dor de cabeça com a tributação de opções de ações. A ausência de uma legislação específica sobre como tributar cria um certo risco”, afirma o executivo.
A mesma incerteza tributária não se aplica aos planos em dinheiro (mesmo o “phanto option”) nem à remuneração em ações.
“Essa indefinição regulatória faz com que algumas empresas avaliem que é melhor usar a ‘phantom’ [ações ou opções] por enquanto, mas a gente não vê uma razão sustentável para isso continuar a crescer e se tornar o principal plano nas companhias abertas”, afirma Saliby.
Os planos “phantom” garantem o mesmo benefício econômico de quem recebe uma ação, mas sem o poder político de ser um acionista.
Em uma empresa de capital fechado, o plano depende de uma avaliação do valor da companhia e da criação de uma fórmula para ajuste desse valor, com base em resultados ou em eventos relevantes, como a venda da companhia.
Para os empregadores, uma das vantagens é que não é necessário promover mudanças na composição acionária nem emitir ações. Por outro lado, o pagamento em dinheiro reduz o nível de caixa da companhia.
Há também uma desvantagem contábil, que pode resultar em tributos mais elevados caso a ação se valorize muito no período.
Nos EUA, segundo Saliby, o mais comum é a combinação entre opções de ações e ações. “Um tipo de plano controla o efeito colateral do outro. Opção é aquele que estimula o crescimento, leva a uma tomada maior de risco. Ações são o que estimula a preservação de valor, controle de riscos e retenção [do funcionário]. Você tem um incentivo bem balanceado.”
Ele afirma que os planos com opções (de ações ou “phantom”) são muito usados por empresas de alto crescimento ou startups.
Em alguns casos, o exercício da opção está vinculado a eventos como IPO (abertura de capital) ou venda de participação relevante da empresa. O levantamento mostrou ainda que poucas empresas (25%) utilizam o mecanismo “lock-up”, que proíbe a venda imediata das ações recebidas pelo executivo.
O objetivo da regra é mantê-lo como acionista por um período maior de tempo. “É muito importante para criar um senso de propriedade, para ele se preocupar em tomar decisões sustentáveis e não só realizar o ganho em um momento em que a empresa cresceu muito”, afirma o consultor.
| Folha de S. Paulo ( publicado em 09-02-2020) | | | | Responsável pela área do Ministério da Economia que formula projetos e propostas econômicas, o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, rebate as críticas de que o governo não tem uma política industrial e está vendo o setor perder espaço sem fazer nada.
Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, o secretário diz que o governo está criando as bases de uma indústria mais saudável e eficiente. “Se nós queremos voltar a crescer acima de 2,5% ao ano de maneira sustentável, nós precisamos da consolidação fiscal e do combate rigoroso à má alocação de recursos”, diz.
Críticos dizem governo está vendo a indústria perder espaço sem fazer nada?
Não, não está correto. A política industrial de campeões nacionais acabou. Não existe mais. O que existe agora é uma política muito geral e mais eficiente de combate a má alocação de recursos. Quando isso acontece, o dinheiro vai para o setor onde é mais eficiente. Não é mais o governo que decide onde ele deve ir. A indústria que está sendo construída nessas bases é muito mais sólida que vai estar pronta para a competição. Estamos criando as bases de uma indústria saudável e pronta para competir.
Quais seriam essas bases?
A indústria que está recebendo investimento é aquela mais eficiente. No passado, notadamente até 2016, o governo escolhia setores que iriam ter desoneração. Havia setores que iam receber incentivos, acesso ao crédito subsidiado do BNDES. O investimento que estava sendo feito era aquele que não estava seguindo princípios, a rigor, de mercado, eles estavam sendo direcionados. É natural que algumas indústrias que receberam muitos incentivos tributários no passado, e esses benefícios estão se reduzindo, elas acabam tendo dificuldades. Será que essa não é política industrial mais eficiente? Ela promove as indústrias mais competitivas.
Como a indústria vai se reerguer?
Passo a passo. O dinheiro vai migrar para os setores mais eficientes e sair daqueles menos ineficientes. Alguns setores foram desenvolvidos com incentivos, creditícios, subsídios e de juros propiciados pelo governo. Ou seja, a sociedade inteira pagou para um segmento ter estímulo. Eu pergunto: até quando o povo vai aceitar pagar R$ 1,00 para ter R$ 0,50 de volta. Isso tira o dinheiro de toda a população e devolve para um grupo específico de determinada indústria. Está errado. Acabou.
Muitas indústrias falam que elas não teriam competitividade para brigar por esse recurso que vai buscar alocação mais eficaz?
Claro que tem. Algumas vão receber mais e outras um pouco menos. Agora, as indústrias, o setor de serviço, de comércio, estão competindo pelos recursos. Não só investimento, capital, trabalho. O próprio ministro Paulo Guedes já alertou. Veja a taxa de juros hoje. Ela só foi possível pela nossa política de combate à inflação e ajuste fiscal. Ela ajuda o setor industrial. A questão da taxa de câmbio, que vários empresários por muitos anos, pediram uma taxa com um patamar que é parecido hoje. Isso é resultado de todo o trabalho que foi feito.
O governo vê espaço para fazer uma política, mesmo que horizontal, para dar oportunidades para os setores menos competitivos de ganhar competitividade.
Nós temos que entender que quando o governo ajuda um setor vai ter que tomar de alguém. É claro que existem alguns setores que têm uma curva de aprendizado. Investe um pouquinho nele e no futuro vai dar o retorno. Isso pode acontecer, Temos que fazer uma pergunta honesta: Quais são esses setores? Quanto vai custar?
O Brasil vive um processo de desindustrialização?
O que está acontecendo na minha leitura é que algumas indústrias estão tendo dificuldades e outras surgindo. Quando se olha a participação da indústria no PIB, é comum em qualquer país do mundo. O problema mais importante é o misallocation (má alocação). Esse combate não é só uma pauta econômica. É social. A longo prazo estamos criando as bases de uma economia mais industrializada.
Como o governo vai cortar os incentivos?
A função da secretaria é deixar sempre os custos e benefícios das escolhas claros para a sociedade. Se nós queremos voltar a crescer acima de 2,5% ao ano de maneira sustentável, nós precisamos da consolidação fiscal e do combate rigoroso à má alocação de recursos.
| Tribuna PR (publicado em 09-02-2020) | | | | Os hábitos nos investimentos são constituídos ao longo de nossa vida, iniciando por conhecimentos passados por nossos pais e se estendendo hoje pelos inúmeros vídeos na internet. No entanto, dois problemas surgem nestes costumes que acabam levando investidores a adotar estratégias de investimentos inadequadas.
Nossos pais não tinham acesso à diversidade de ativos financeiros hoje existente. Portanto, seus hábitos de investimentos acabam se restringindo muito mais ao que eles sempre aplicaram como poupança, renda fixa ou imóvel. Adicionalmente, eles viveram em um ambiente de taxas de juros completamente diferente. Assim, não era necessário diversificar o portfólio para ter boa rentabilidade.
Estes dois fatos mudaram. Hoje temos uma disponibilidade ampla de produtos nacionais e internacionais com estratégias diferenciadas. Por exemplo, embora os fundos imobiliários existam há mais de duas décadas, sua popularização tem menos de dez anos.
Outro fator é a percepção de risco e liquidez. A volatilidade do mercado acionário brasileiro hoje é quase 50% menor que a existente há vinte anos. Portanto, este mercado era visto como muito mais arriscado que sua realidade atual. Adicionalmente, a liquidez de negociação e governança das empresas se elevou consideravelmente.
Com relação às informações online, elas podem estar desatualizadas ou serem generalizadas de forma inadequada. Deve-se lembrar que há menos de três anos, a taxa básica da economia ainda era superior a 12% ao ano e a taxa real, acima da inflação, em títulos de baixo risco era superior a 6% ao ano. Logo, a decisão de investimento era outra.
Neste novo ambiente, você deve evitar dois mitos nos investimentos.
Aposentados e idosos não devem ter aplicações de risco
Este é um dos grandes mitos que foi aprendido pela atual geração e que também foi adotado pela anterior.
Investir em fundos de ações diversificados é muito menos arriscado que se imagina quando o horizonte de investimento é superior a três anos.
Por exemplo, considere uma pessoa com 79 anos. Provavelmente, você aprendeu que esta pessoa não deveria investir nada em fundos de ações. No entanto, este pensamento não pode ser generalizado.
Segundo o IBGE, a expectativa (média) de vida deste idoso é de mais dez anos. Logo, se assumir que ele gastará 50% do patrimônio nos próximos cinco anos, os outros 50% possuem horizonte de investimento superior a cinco anos. Assim, pelo menos 10% de seu patrimônio atual poderia estar alocado em um ativo que olhando oito anos à frente terá retorno superior.
Sem dúvida, a habilidade deste investidor suportar a volatilidade do mercado deve ser considerada para que ele não se desespere e resgate o investimento no primeiro solavanco do mercado.
Reserva de emergência deve estar em liquidez
A reserva de emergência é aquela soma de seu portfólio que deve ser acumulada para cobrir suas despesas nos momentos em que sua renda se interrompa, por exemplo, em troca de emprego.
No passado, as taxas de juros eram elevadas e investir esta reserva com liquidez era perfeitamente confortável.
Após o último corte de taxas de juros ocorrido na última quarta-feira pelo Comitê de Política Monetária (COPOM), a taxa Selic Meta caiu para 4,25% ao ano. Assim, títulos atrelados à Selic diária ou ao CDI passaram a render apenas 4,15% ao ano.
A meta de inflação do Banco Central é de 4% ao ano com uma faixa de 1,5% para baixo ou para cima. Logo, qualquer surpresa na inflação, como a que ocorreu no último dezembro (IPCA = 1,15%) com a alta do preço da carne, pode fazer com que seu investimento de liquidez perca da inflação.
Mesmo sem considerar estas surpresas, quando líquido de IR, seu investimento de liquidez deve perder da inflação.
Portanto, você deve planejar seu fluxo de caixa e manter em liquidez apenas recursos que possa precisar no curto prazo para pagar despesas ou para rebalancear seu portfólio.
Se você perder o emprego, não vai utilizar toda a reserva em um único dia, muito menos no primeiro mês. Logo, a reserva de emergência pode ser distribuída em aplicações de baixo risco, mas com prazo de 30 ou mais dias.
Se quebrar estes dois mitos, poderá distribuir melhor seu portfólio e alcançar melhores oportunidades de retorno.
Michael Viriato - é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.
| Folha de S.Paulo ( publicado em 09-02-2020) | | | |
O IPCA de janeiro trouxe pela primeira vez dados coletados por um robô. O item que inaugurou essa forma de coleta foi o transporte por aplicativo (com queda de preços de 0,54% em janeiro), que também está estreando na cesta de consumo das famílias. O indicador de janeiro foi o primeiro a ser divulgado com estrutura de ponderações atualizada com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2017/2018.
Segundo Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE, o resultado do item passagens aéreas coletado por robôs passará a ser divulgado no IPCA-15 de fevereiro e no IPCA de fevereiro. A coleta por robô de preços de hospedagens e hotéis está em fase de testes, mas deve começar a ser divulgada em breve.
“A ideia é coletar tudo o que a gente já coleta online, fazer essa coleta automatizada por robô também. A gente ganha muito em eficiência, não precisa ter uma pessoa entrando no site também. Tudo que a gente puder coletar online, a gente quer expandir e coletar por robô”, disse Kislanov.
O IPCA de janeiro trouxe 58 novos subitens, enquanto 64 subitens que integravam a antiga cesta saíram do índice. Outros 319 subitens foram mantidos pela pesquisa do IBGE.
| UOL( publicado em 08-02-2020) | | | | Estudo mostra que, desde 2018, país vive ônus demográfico e só alta na produtividade dará fôlego à economia
Os fatores que permitiram que a renda per capita do Brasil crescesse acima da produtividade por hora trabalhada desde o início da década de 1980, entre eles o bônus demográfico que se esgotou a partir de 2018, deixarão de contribuir para a melhoria do padrão de vida do brasileiro nas próximas décadas.
A conclusão é parte de um estudo do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV, que traz um histórico de quase quatro décadas elaborado pelos pesquisadores Fernando Veloso, Silvia Matos e Paulo Peruchetti.
De 1981 a 2018, a renda per capita —indicador usualmente utilizado como medida do padrão de vida da população— cresceu 0,9% ao ano, enquanto a produtividade, medida pelo valor gerado por hora trabalhada, avançou 0,4%.
O que explica essa diferença é o bônus demográfico, de 0,5% ao ano no período.
Considera-se como bônus o crescimento da população em idade ativa (de 15 a 64 anos) em ritmo superior ao aumento da população total.
Desde 2018, no entanto, o Brasil passou a ter um ônus demográfico, que vai se aprofundar nos próximos 30 anos, em razão de fatores como a queda na taxa de natalidade.
Ou seja, por razões puramente demográficas, haverá proporcionalmente uma quantidade menor de pessoas com idade para trabalhar, o que deve afetar a população economicamente ativa.
“A única forma de aumentar a renda per capita e gerar crescimento sustentável no Brasil nas próximas décadas será por meio da elevação da produtividade do trabalhador”, diz o estudo “Produtividade do trabalho: o motor do crescimento econômico de longo prazo”. “Isso só será possível caso o Brasil persista no avanço da agenda de reformas.”
Fernando Veloso, pesquisador sênior da área de Economia Aplicada do FGV Ibre, afirma que as reformas tributária e do mercado de crédito, além da consolidação de mudanças na legislação trabalhista, devem ser prioridade.
“O padrão de vida da população brasileira conseguiu crescer acima da produtividade por causa de fatores que agora se esgotarão. A produtividade agora vai ser decisiva”, afirma. “Não existe uma reforma única que vá resolver. A produtividade cresce pouco há décadas, inclusive em períodos de reformas, que foram claramente insuficientes. A gente precisa de uma agenda mais profunda e abrangente”, diz Veloso ao comentar o trabalho.
Ele defende ainda uma nova agenda para a educação, que permita ao trabalhador se preparar para mudanças no mercado de trabalho e que proporcione a redução da informalidade e a geração de empregos de melhor qualidade.
A geração de empregos informais, segundo o pesquisador, é um dos fatores que explicam a queda da produtividade no período mais recente.
“São pessoas que trabalham em empresas com menos capital, menos acesso a crédito. Há também a questão dos aplicativos de transporte. A pessoa está em uma ocupação muitas vezes incompatível com a habilidade dela”, diz o pesquisador.
O trabalho mostra também que a queda na produtividade é um dos fatores que explicam a lenta recuperação da economia desde o fim da recessão de 2014/2016. O valor da produção por hora trabalhada recuou de 2014 a 2018, ficou estagnado naquele ano e caiu nos três primeiros trimestres de 2019.
Segundo Veloso, a piora na produtividade durante a recessão não foi uma surpresa. A estagnação em 2018 e a piora em 2019, no entanto, não eram esperadas. Nesses anos, houve aumento das horas trabalhadas, mas o valor adicionado caiu, por causa da mudança na composição do mercado de trabalho, com participação maior da informalidade.
Veloso cita o mais recente relatório do Ibre sobre produtividade do trabalho, que mostra aumento do indicador na agricultura, ligeira queda no setor industrial e reduções fortes e ininterruptas desde 2014 nos serviços, setor que concentra 71% das horas trabalhadas no país.
O trabalho cita ainda outros fatores que não devem contribuir para o aumento da renda per capita no futuro. As horas trabalhadas recuaram no período analisado, seguindo uma tendência mundial.
A taxa de ocupação oscila de acordo com o ciclo econômico e também não deve dar contribuição positiva. A participação da população economicamente ativa em relação às pessoas em idade ativa segue estagnada desde 2010.
| Folha de S. Paulo ( publicado em 09-02-2020) | | | | A Receita Federal disponibiliza hoje (10), a partir das 9h, a consulta a um lote de restituições do Imposto de Renda de 2008 a 2019 que haviam caído na malha fina e foram regularizadas.
Ao todo, 116.188 contribuintes receberão o crédito em suas contas, totalizando mais de R$ 297 milhões em restituições. O dinheiro será depositado em 17 de fevereiro na conta bancária indicada pelo contribuinte ao fazer a declaração. O dinheiro depositado é corrigido pela taxa Selic.
Dentre as pessoas que receberão neste lote estão 2.851 idosos acima de 80 anos, 14.541 contribuintes entre 60 e 79 anos, 1.838 contribuintes com alguma deficiência física ou mental ou moléstia grave e 6.052 contribuintes que têm como maior fonte de renda o magistério (professores).
Como saber se teve a restituição liberada?
Você pode:
- acessar o site da Receita
- ligar para o Receitafone (146)
- checar pelo app Pessoa Física, disponível para Android e iOS
O que fazer se o dinheiro não cair na conta?
Caso tenha direito e o valor não caia na conta, você pode:
- procurar uma agência do Banco do Brasil
- ligar para 4004-0001 (capitais), 0800-729-0001 (demais localidades) ou 0800-729-0088 (para deficientes auditivos)
| UOL | | | | O setor de previdência privada aberta conseguiu mudar de rota em 2019, ancorado no debate e na aprovação da reforma nas regras da aposentadoria e também no aumento da concorrência, que pressionou as taxas de administração para baixo. Além de adicionar cerca de 400 mil novos participantes, o segmento inverteu a trajetória da captação de recursos, que cresceu tanto no comparativo bruto quanto no líquido - considerando resgates, o que empurrou as reservas para o patamar histórico de quase R$ 1 trilhão.
"O desempenho do setor em 2018 já apontava para uma recuperação, que se confirmou no ano passado. O mercado retomou seu ponto de equilíbrio de crescimento pela procura de planos de previdência. Em 2020, esperamos um resultado ainda melhor", diz o presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), Jorge Nasser.
No ano passado, os novos depósitos em planos de previdência privada aberta somaram R$ 126,4 bilhões, expansão de 16,9% frente a 2018. A captação líquida, que considera os resgates realizados no período, foi de R$ 55,5 bilhões, consolidando uma expansão de 40,4% - ante uma queda anual de mais de 30% em 2018, na mesma base de comparação.
O crescimento das contribuições levou as reservas acumuladas pelos participantes do sistema para o patamar de R$ 946,8 bilhões. "A indústria ruma para superar a marca de R$ 1 trilhão em reservas, o que mostra o vigor do setor neste momento de recuperação da economia", avalia Nasser.
Ele chama atenção para o aumento de participantes no sistema, que nos últimos anos teve de diversificar seu portfólio e baixar o custo da gestão para reter sua base frente à propagação de casas que ofereciam fundos e planos sem taxa de carregamento e um pedágio menor pela gestão dos ativos.
Depois de perder 200 mil clientes em 2018, as seguradoras conseguiram atrair 400 mil novos usuários para o setor de previdência privada aberta, fechando o ano passado com um total de 13,5 milhões de indivíduos com planos nas mãos.
"A aprovação da reforma da Previdência foi fundamental para atrair novos participantes e ajudar a mudar um pouco o comportamento do mercado. Até por falta da informação, existia uma visão de que o governo operaria um milagre, o que começou a mudar", explica Nasser.
De acordo com ele, não é possível traçar um perfil dos novos participantes, uma vez que as seguradoras não abrem esses detalhes. Há, porém, conforme o presidente da FenaPrevi, o ingresso de novos participantes com perfil básico e que estão investindo em um plano de previdência privada aberta pela primeira vez na vida. Além do debate da reforma, contribuiu para atrair esse público a diversificação de produtos do setor, que passou a investir em planos de tíquete menor - há planos que aceitam a aplicação a partir de R$ 50 por mês.
Queda nos juros
A queda dos juros básicos (a Selic) no País, que agora está em 4,25% ao ano, também ajudou nesse movimento. Em busca de melhor remuneração, os participantes seguem se deslocando para fundos multimercado, que combinam diferentes estratégias. A modalidade fechou o ano respondendo por 13% das aplicações. O índice, segundo a FenaPrevi, era de 9,8%, em 2018, e de 7,3%, em 2017.
"Um fator importante para o crescimento de nossas reservas foi o aumento das opções no portfólio do mercado de previdência. Com a queda dos juros, ampliamos a oferta de fundos multimercado, o que foi decisivo para fortalecer a atratividade dos planos", diz Nasser.
Valor investido
O volume de investimentos de pessoas físicas totalizou R$ 3,263 trilhões no ano passado, 12,05% mais do que em 2018, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). "Foi o melhor desempenho dos últimos anos. Muito disso foi puxado pela renda variável, em meio ao ano positivo na Bolsa de Valores, que teve crescimento acima de 31%", disse o presidente do Fórum de Distribuição da Anbima, José Ramos Rocha Neto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
| UOL | | | | Os economistas do mercado financeiro alteraram a previsão para o IPCA – o índice oficial de preços – em 2020. O Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira, 10, pelo Banco Central, mostra que a mediana para o IPCA neste ano foi de alta de 3,40% para 3,25%. Há um mês, estava em 3,58%. A projeção para o índice em 2021 seguiu em 3,75%. Quatro semanas atrás, estava no mesmo patamar.
O relatório Focus trouxe ainda a projeção para o IPCA em 2022, que seguiu em 3,50%. No caso de 2023, a expectativa permaneceu em 3,50%. Há quatro semanas, essas projeções eram de 3,50% para ambos os casos.
A projeção dos economistas para a inflação está abaixo do centro da meta de 2020, de 4,00%, sendo que a margem de tolerância é de 1,5 ponto porcentual (índice de 2,50% a 5,50%). No caso de 2021, a meta é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (de 2,25% a 5,25%). Já a meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (de 2,00% a 5,00%).
Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA subiu 0,25% em janeiro.
Em dezembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC atualizou suas projeções para a inflação. Considerando o cenário de mercado, a projeção para o IPCA em 2020 estava em 3,5% e, para 2021, em 3,4%.
No Focus de hoje, entre as instituições que mais se aproximam do resultado efetivo do IPCA no médio prazo, denominadas Top 5, a mediana das projeções para 2020 foi de 3,40% para 3,16%. Para 2021, a estimativa do Top 5 foi de 3,75% para 3,73%. Quatro semanas atrás, as expectativas eram de 3,50% e 3,75%, nesta ordem.
No caso de 2022, a mediana do IPCA no Top 5 permaneceu em 3,50%, ante 3,75% de um mês atrás. A projeção para 2023 no Top 5 seguiu em 3,50%, ante 3,75% de quatro semanas antes.
| Tribuna PR | | | | O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) desacelerou a 0,51% na primeira quadrissemana de fevereiro, ante 0,59% no fechamento de janeiro, informou nesta segunda-feira, 10, a Fundação Getulio Vargas (FGV). Sete das oito classes de despesa que compõem o indicador tiveram decréscimo em suas taxas.
A maior contribuição negativa partiu do grupo Habitação, que desacelerou de 0,36% para 0,22%. A variação foi puxada pelo comportamento da tarifa de eletricidade residencial, cuja taxa mostrou alívio de 0,97% para 0,21%.
Também houve decréscimo nas taxas de Alimentação (0,64% para 0,53%), devido à continuação da devolução do choque das carnes bovinas (-2,62% para -4,15%); Transportes (0,59% para 0,49%), com a desaceleração da gasolina (1,07% para 0,62%); Vestuário (-0,35% para -0,61%), puxado por roupas (-0,63% para -0,85%); despesas diversas (0,25% para 0,19%), por causa de alimentos para animais domésticos (0,74% para 0,12%); comunicação (0,14% para 0,11%), devido à mensalidade de TV por assinatura (0,80% para 0,66%); e Educação, Leitura e Recreação (2,30% para 2,28%), puxado por cursos formais (4,67% para 3,57%).
Na outra ponta, o grupo de Saúde e Cuidados Pessoais apresentou ganho de ritmo na sua taxa, de 0,32% para 0,39%), devido ao comportamento dos artigos de higiene e cuidado pessoal (0,30% para 0,54%).
| Tribuna PR | | | | A expectativa de crescimento da economia em 2020 permaneceu em 2,30%, conforme o Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira, 10 pelo Banco Central. Há quatro semanas, a estimativa de alta era a mesma. Para 2021, o mercado financeiro manteve a previsão de alta do Produto Interno Bruto (PIB), de 2,50%. Quatro semanas atrás, estava no mesmo patamar.
Em dezembro, o BC atualizou, por meio do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), sua projeção para o PIB em 2020, de alta de 1,8% para elevação de 2,2%.
No Focus agora divulgado, a projeção para a produção industrial de 2020 foi de alta de 2,21% para 2,33%. Há um mês, estava em 2,10%. No caso de 2021, a estimativa de crescimento da produção industrial permaneceu em 2,50%, igual a quatro semanas antes.
A pesquisa Focus mostrou ainda que a projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2020 permaneceu em 56,90%. Há um mês, estava em 57,90%. Para 2021, a expectativa seguiu em 58,00%, ante 58,30% de um mês atrás.
| Tribuna PR | | | | Os investidores estão intensificando a retirada de dinheiro do Tesouro Direto antes do prazo de vencimento dos títulos. O movimento é conhecido como “recompra”, pelo qual quem investiu vende os papéis para o próprio emissor – o governo. O produto que registrou maior fuga no fim de 2019 foi o Tesouro IPCA com juros semestrais (NTN-B), título pós-fixado atrelado à inflação, que paga dividendos por semestre.
Na comparação de dezembro passado com o mesmo período de 2018, houve aumento de 132% nos resgates antecipados desse tipo de papel. O ativo foi seguido pelo Tesouro Selic, que apresentou aumento de 108% nas retiradas; e pelos títulos prefixados, que aumentaram as recompras em 73% (para os que pagam juros semestrais) e em 56% (para os tradicionais).
“Muitos investidores optaram por resgatar os títulos antes do prazo para aproveitar a marcação a mercado (preço dos títulos que varia como uma ação, indicando quanto ele vale se for resgatado naquele momento)”, diz o gerente do Tesouro Direto Diego Link. Ele explica que isso acontece porque cortes na Selic aumentam o preço dos títulos ligados à inflação. Esses papéis têm um prêmio predefinido sobre o IPCA. Logo, se determinado título promete render 6% a mais que a inflação (IPCA+6%) e os juros caem, esses títulos ficam mais valiosos no mercado. Isso acontece porque essa remuneração se torna mais vantajosa do que a taxa básica de juros.
O mesmo ocorre com a rentabilidade dos prefixados. Eles não têm a inflação em sua composição e, portanto, toda a sua remuneração é predefinida. Quando a Selic cai, eles se valorizam na marcação a mercado, pois se tornam mais vantajosos em relação à nova taxa.
Já o aumento da recompra do Tesouro Selic, que é pós-fixado, tem outra explicação. O Tesouro Direto teve 415 mil novos CPFs cadastrados no ano passado, atingindo o número de 1,2 milhão de investidores nos títulos de dívida do governo. O papel mais demandado por essas pessoas em dezembro foi o Tesouro Selic, cuja participação nas vendas atingiu 56,2%. “O Tesouro Selic foi o que mais cresceu em compras, por isso, também foi o que mais cresceu em recompras”, disse Link. “O investidor está começando pelo Tesouro, pois tem alta liquidez. Com ele, é possível fazer resgates para investir em outras coisas”, afirma.
Tendência
Não são só as pessoas físicas que estão diminuindo a alocação em papéis que perdem com a manutenção da Selic. Os gestores de fundos têm apresentado o mesmo movimento. As decisões desses profissionais estão ancoradas em suas leituras do que deve acontecer daqui para frente com a taxa básica de juros. Na última reunião do Copom, o comunicado divulgado indicou que o BC deve suspender o ciclo de cortes na Selic no curto prazo. “Já temos reduzido nossas posições em prefixados faz tempo. Quando o Banco Central anuncia que não haverá mais cortes, acaba a oportunidade de ganhar dinheiro no curto prazo com esses papéis”, diz André Perfeito, economista-chefe da Necton.
O sócio do family office Brainvest, Dennis Kac, segue na mesma toada, mas adianta que os títulos pós-fixados do Tesouro Selic também não são a solução do problema. “Na hora de construir uma carteira, o pós é sempre maior que o pré, porque reduz a volatilidade. Mas também não achamos que o pós-fixado tenha um bom risco/retorno”, diz. Ele conta que a gestora diminuiu em cerca de 50% a alocação em prefixados e em 20% as de pós-fixados.
Retorno
O Tesouro Selic foi o título do Tesouro Direto que apresentou o menor retorno nos últimos cinco anos, segundo dados compilados pela Economática, a pedido do Estado (mais informações nesta página). Já o Tesouro IPCA com pagamento semestral, que se beneficiou da queda de juros, foi o que teve melhor desempenho no mesmo período. Para o CEO da asset Sparta, Ulisses Nehli, os prefixados e atrelados à inflação tiveram, de fato, rendimento excepcional no passado. “Mas isso não vai acontecer mais tão cedo”, diz. Ele lembra, porém, que, para o investidor conservador, a gestão de fundos de renda fixa terá de ser ainda mais eficiente.
Outros caminhos
Dentre as opções alternativas aos títulos do governo que não caminham diretamente para o risco, estão ainda o Certificado de Depósito Bancário (CDB), Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), todos ativos emitidos por bancos e garantidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). “Percebemos que algumas instituições começaram a pagar taxas mais competitivas nesses tipos de ativos, porque reforçaram os seus caixas para ter mais capacidade financeira de emprestar dinheiro”, disse Fabio Macedo, diretor comercial da Easynvest.
“A questão é: as pessoas estão saindo dos prefixados para ir para onde? Se for para ir para a Bolsa, vemos, de fato, mais rentabilidade. Mas ainda enxergamos também oportunidades no curto prazo para os títulos prefixados. Acreditamos que de 3 a 6 meses eles podem ter um bom prêmio”, diz Sérgio Silva, co-gestor de estratégia macroeconômica da AzQuest. Ele ainda acredita na possibilidade novos cortes da Selic passado o período de análise anunciado pelo BC.
Fernando Fridman, responsável pela área de produtos da Ourinvest, aposta em uma carteira de renda fixa diversificada. Na composição da carteira, 60% dos ativos são pós-fixados, sem deixar de acreditar nas oportunidades de alguns CDBs e Letras de Câmbio (LC). Os outros 40% seguem divididos em títulos prefixados e indexados à inflação.
| Tribuna PR | | | | Agora esvaziado, evento mostra perda de prestígio político da indústria
Ao anunciar suas ausências no Salão do Automóvel de São Paulo, grandes montadoras expuseram, indiretamente, um dos maiores problemas do setor automotivo nacional: a perda de prestígio político.
Em um passado recente, estar no evento significava passar um recado ao governo, fazer lobby e mostrar pujança, além de ouvir afagos e anúncios em prol das fabricantes.
O salão sempre foi um palco confortável para chefes de Estado. As cerimônias de abertura reuniram também ministros, governadores e prefeitos de diferentes partidos ao longo dos anos em um ambiente controlado, sem vaias ou protestos.
Em 2018, o então presidente Michel Temer (MDB) fez a assinatura do programa de incentivo Rota 2030 no São Paulo Expo (zona sul). Poucas horas depois, o espaço foi aberto ao público.
Na edição de 2012, quando o Salão de São Paulo ainda era realizado no Pavilhão de Exposições do Anhembi (zona norte), Dilma Rousseff (PT) aproveitou a abertura oficial para anunciar que a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para carros seria prorrogada. Quatro anos antes, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passeou ao lado do então governador José Serra (PSDB) pelos estandes da mostra.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador José Serra (PSDB) posaram a bordo de um Smart Cabrio durante a abertura do Salão do Automóvel de São Paulo 2008, realizado no Anhembi
Em 1996, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) defendeu acordos comerciais e disse que os veículos expostos no evento eram resultado do amadurecimento nas relações entre o governo, as fabricantes e a classe trabalhadora.
Quando empresas do porte de Chevrolet, Hyundai e Toyota abrem mão de participar do Salão de São Paulo, mostram-se mais distantes de Brasília e fazem a Anfavea (associação das montadoras) acender a luz de alerta.
A entidade é quem leva as demandas do setor ao governo. O diálogo com o poder, que começou tenso na gestão de Jair Bolsonaro (sem partido), sempre ganhou tons mais amenos devido à proximidade propiciada na exposição automotiva.
Tanto a Anfavea como a Reed Alcantara Machado (organizadora do evento) tentam salvar o salão e convencer os desistentes a mudar de ideia.
O alto investimento necessário para exibir é uma das principais justificativas das marcas quando decidem se ausentar de um salão. As empresas passam por um período de restrições orçamentárias devido a aportes de capital no desenvolvimento de veículos elétricos, por exemplo.
Contudo, existem formas de reduzir gastos com exposições. Há fabricantes que montam circos itinerantes para os salões internacionais.
As estruturas são desenvolvidas pelas matrizes para viajar o mundo, solução que corta despesas: os gastos com logística são menores que os custos de desenvolvimento e execução dos espaços.
A Renault adota essa estratégia, que pode incluir até os uniformes utilizados pelos atendentes. O estande que o público brasileiro viu nas últimas edições do evento de São Paulo é o mesmo que a marca francesa exibiu no Salão do Automóvel de Paris, cuja realização ocorre cerca de dois meses antes da mostra brasileira.
Os organizadores estão dispostos a negociar e esperam que soluções de menor custo sejam consideradas.
Por se tratar do maior evento do setor automotivo na América Latina e por todo o componente político que faz parte do pacote, o Salão de São Paulo permanecia na programação das grandes empresas do setor. Ao perder relevância, perde também a oportunidade de ser um acontecimento político.
Eduardo Sodré - Jornalista especializado no setor automotivo.
| Folha de S. Paulo ( 08-02-2020) | | | | País está mais pobre do que em 2010, mas certos preços apenas estão no lugar
“Devolve meu dólar a R$ 1,99.” Houve gente que foi às ruas pedir a cabeça de Dilma Rousseff carregando cartazes que criticavam a desvalorização do real, alguns por chacota, outros a sério. Nas manifestações finais a favor do impeachment, o dólar andava pela casa dos R$ 3,50.
A cada vez que o real cai da escada, como agora, a chacota muda de lado. As fotos dos manifestantes de amarelo se tornam objeto de ridículo e de memes que escarnecem também do governo, antes de Michel Temer, agora de Jair Bolsonaro.
O povo ainda faz troça de Eduardo Bolsonaro, republicando o tuíte em que o filho 03 recomendava “Não compre dólar agora!” em 14 de abril de 2016 (o dólar custava R$ 3,51).
É a conversa comum sobre economia no mundo real das redes sociais, feita de ódio ou deboche do preço do tomate, do bife, da gasolina ou do dólar. Graças à demagogia agressiva de Bolsonaro, os combustíveis voltaram a ser motivo de “tretas”, piadas e ódios.
A gasolina está cara? Flutua em torno da média de R$ 4,41 desde janeiro de 2018. Custava R$ 4,58 na última semana de janeiro, segundo pesquisa semanal da Agência Nacional do Petróleo (esses valores são médias nacionais). Subiu uns 5% em um ano, um pouco mais do que os salários.
O salto grande de preços mais recente ocorreu no final de 2017. Em três anos, a gasolina subiu 23%; o salário médio, 14%. A inflação média foi de uns 11%. Na percepção e no bolso do povo mediano, a gasolina está cara.
O dólar está caro? Embora uma variação abrupta do preço da moeda americana possa ser importante, é tristemente tolo dizer que o dólar “bate recordes”, como a gente lê por aí (dizer que o recorde é “nominal” apenas lambuza a tolice de ridículo).
Feitas as contas relevantes, em termos reais o dólar está onde esteve entre mais ou menos 2007 e 2009 (para ser específico, trata-se aqui de taxas de câmbio real). Entre 2010 e 2014, a moeda brasileira ficaria loucamente forte, em parte por causa da política econômica dos países centrais em crise braba, em parte devido às barbaridades da política econômica brasileira.
Foi a época do Bolsa Miami (gastos no exterior) e de alguma farra de importados. Foi também uma paulada extra na indústria brasileira, que desde 2010 parou de crescer.
O dólar nominal de janeiro de 2020 ficou 11% mais caro que o de um ano antes (30% em relação a janeiro de 2018). Suscita uma sensação de empobrecimento, em parte correta, embora de um ano para cá os gastos dos brasileiros em viagens no exterior tenham ficado praticamente na mesma.
O preço dos combustíveis, claro, sobe também com a alta do dólar. No entanto, essa desvalorização recente do real não buliu com a inflação geral, convém notar.
E daí? Por qualquer critério, estamos na média mais pobres do que em 2010: neste país já caro (de tão ineficiente), a crise aumentou a penúria, óbvio. Quanto a esses preços que causam celeuma, há mais realismo, é duro dizer, é duro ouvir.
Não há subsídio disfarçado no preço dos combustíveis. O dólar desvalorizado resulta de gasto público e inflação mais controlados, que contribuem para reduzir a taxa de juros (além da estagnação econômica).Bulir com esses preços, com tabelamentos e subsídios, não vai resolver nosso problema, apenas criar outros, como se fez em particular entre 2011 e 2014. Não resolve a falta de crescimento e de investimento, o emprego precário. É demagogia ou burrice ou as duas coisas.
Vinicius Torres Freire - Jornalista, foi secretário de Redação da Folha. É mestre em administração pública pela Universidade Harvard (EUA).
| Folha de S. Paulo ( publicado em 09-02-2020) | | | | Paralisação, liderada pela Federação Única dos Petroleiros, tem duração por tempo indeterminado
A Petrobras afirmou nesta sexta-feira (7) que está providenciando a contratação imediata de pessoas e serviços em caráter emergencial para garantir a continuidade de suas operações em meio a uma greve de trabalhadores.
A empresa afirmou que a paralisação, iniciada no sábado passado, não gerou impactos sobre a produção até o momento, mas defendeu que as contratações são necessárias porque sindicatos teriam descumprido decisão do TST (Tribunal Superior do Trabalho), que exigiu manutenção de 90% do efetivo.
"A ordem judicial do TST de garantir contingente mínimo de 90% do efetivo não vem sendo cumprida pelos sindicatos e, em decorrência disso, o tribunal autorizou a contratação emergencial pela Petrobras para suprir temporariamente os serviços essenciais e evitar impactos à operação e à produção", afirmou a empresa.
A FNP (Federação Nacional dos Petroleiros), no entanto, divulgou no sábado (8) orientação para que funcionários aposentados da Petrobras não aceitem a proposta da estatal de contratação temporária, autorizada pelo TST durante esta semana.
Segundo dirigentes, a Petrobras está fazendo ligações a ex-funcionários aposentados para suprir a mão de obra que está em greve.
"A Petrobras quer contratar essa mão de obra que já saiu da empresa para assumir no lugar dos grevistas. Estão querendo transformar nossos aposentados em pelegos. Faço um apelo a todos os aposentados para que o pessoal não atenda a convocação da Petrobras para furar a greve", afirmou Adaedson Costa, coordenador da FNP e diretor do Sindipetro do Litoral Paulista.
Procurada, a Petrobras diz que "pela natureza especializada do serviço, identificará os profissionais que atendem ao perfil requisitado". A estatal afirma ainda que não haverá abertura de vagas.
Os petroleiros ligados à FUP (Federação Única dos Petroleiros) iniciaram greve no sábado em protesto contra demissões previstas com o fechamento da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados, no Paraná. Eles questionam ainda medidas adotadas pela área de recursos humanos da estatal.
Na quinta-feira (6), o ministro do TST Ives Gandra Martins Filho atendeu pedido da Petrobras e determinou o bloqueio de contas de sindicatos, ao alegar descumprimento de decisão judicial durante a paralisação.
A Petrobras acrescentou ainda que as contratações serão realizadas "garantindo que os profissionais atendam a requisitos de qualificação técnica e possuam as certificações necessárias para exercício das atividades".
A companhia não detalhou quantas pessoas e quais serviços serão contratados de maneira emergencial.
| Folha de S. Paulo ( publicado em 09-02-2020) | | | | A Tesla vale hoje mais que a Volkswagen, maior montadora em volume
O Modelo 3 da Tesla será o iPhone do mundo dos carros elétricos? Ou a empresa de Elon Musk poderá se tornar um fornecedor de baterias e softwares para a indústria automobilística? Ou será só mais uma montadora?
Um ano atrás, investidores de Wall Street apostavam que Musk enfrentaria a falência. Agora, a se acreditar no mercado de ações, ele tem o mundo a seus pés.
Houve uma impressionante alta no preço das ações da Tesla, culminando num salto de 48% nos dois primeiros pregões da semana passada.
Com cerca de US$ 135 bilhões, a Tesla vale mais que a Volkswagen, a maior montadora de automóveis do mundo em volume.
Hoje existe a ideia de que a instabilidade financeira e os desafios operacionais que a Tesla enfrentou com o Modelo 3 estão ultrapassados.
Wall Street decidiu que a mudança para carros elétricos —que ainda são só 2% das vendas globais de carros— está chegando a um momento crucial, diz Adam Jonas, analista do Morgan Stanley.
Pierre Ferragu, da New Street Research, argumenta que a empresa está com preços razoáveis, considerando o que poderá se tornar até o meio da década: uma líder de US$ 300 bilhões no mercado de carros elétricos premium.
Com essas expectativas agora incorporadas ao preço das ações, qualquer coisa a menos poderia trazer um acerto de contas severo no mercado.
A questão que a Tesla enfrenta é se, à medida que os elétricos avançam, conseguirá manter-se líder. As principais marcas lançam carros a bateria para atender às metas de emissões na Europa e na China.
Herbert Diess, CEO da VW, está entre os que creditam à Tesla suas inovações. “O próximo passo importante é o software —e eles são fortes em software”, disse ele no ano passado.
Mas Diess também diz que a Tesla estará em desvantagem quando enfrentar a concorrência de grandes fabricantes, que têm capacidade de volume de produção.
Para os fãs da Tesla, isso subestima as dificuldades envolvidas na criação de uma plataforma de software eficaz. A Tesla também começa com vantagem na eficiência de seus veículos, graças a anos aperfeiçoando baterias.
Não que o desempenho técnico se traduza automaticamente em vendas. Marcas, estilo de veículos, redes de concessionárias, pacotes financeiros: muitos fatores entram na decisão de comprar um carro.
A melhor esperança de Musk é que ele tenha feito o suficiente para tornar seus veículos o padrão que os compradores procuram ao considerar carros elétricos, assim como o Prius da Toyota se tornou a referência em híbridos.
“As pessoas continuarão a associar carros elétricos premium à Tesla”, disse Bob Lutz, ex-alto executivo de três grandes montadoras americanas.
Por si só, porém, ganhar uma fatia de mercado talvez não sustente a elevada valorização da Tesla. Dadas as baixas margens de lucro e a intensa concorrência, os investidores não estão dispostos a conceder altas avaliações ao setor.
Por enquanto, isso não diminuiu o entusiasmo pela Tesla. Muitos concluíram que ela não está mais restrita por limitações do setor automobilístico e passaram a vê-la como uma ação tecnológica, diz Adam Jonas, do Morgan Stanley.
Analistas fazem paralelos com o iPhone, que transformou o mercado de celulares em uma proposta muito maior e mais lucrativa.
Mas o valor agregado ao aparelho da Apple reflete seu papel como plataforma de software, colocando-o no centro de um sistema de aplicativos e serviços que movem a vida moderna.
Quais são as chances de que carros passem por transformação semelhante e que a Tesla se torne uma plataforma igualmente poderosa?
Uma esperança está na tecnologia do carro sem motorista. O próprio Musk afirmou que essa é a verdadeira chave do futuro da Tesla, argumentando no ano passado que a empresa só alcançará rentabilidade sustentável quando se tornar a operadora de uma frota de robotáxis.
Analistas argumentam que a Tesla poderia vender sua tecnologia autônoma a outras montadoras —o que aumentaria a quantidade de dados sobre as condições de tráfego que a Tesla já coleta de carros que usam seu software.
A incorporação desse software em 10% dos carros do mundo poderia justificar cerca de US$ 70 bilhões em valor de mercado, segundo Jonas, mas exigiria que outras montadoras cedessem grande parte do valor de seus veículos.
Outra esperança que elevou as ações da Tesla gira em torno de sua tecnologia de baterias. Também discute-se se a montadora pode superar sua reticência natural em compartilhar sua tecnologia.
Um outro mercado para as baterias da Tesla seria a de armazenamento de energia gerada por fontes renováveis, como a eólica e a solar.
Tudo isso deu muita justificativa aos investidores que buscam elevar as ações da Tesla a novos patamares, mesmo que algumas dessas oportunidades de negócios sejam meramente imaginárias.
Jonas, por exemplo, prevê que a euforia diminuirá quando Wall Street enxergar a Tesla pelo que ela realmente é: uma empresa de automóveis.
| Folha de S. Paulo ( publicado em 09-02-2020) | | | | A escalada na cotação do dólar, que ontem encerrou o dia cotado a R$ 4,32, vai levar a GM a um reajuste no preço de seus automóveis nos próximos dias. A afirmação é do argentino Carlos Zarlenga, presidente da General Motors na América do Sul.
O executivo afirma que, hoje, 40% das peças de um carro de passeio básico veem do exterior. E com o dólar estabelecido acima dos R$ 4, o aumento projetado para 2020 vai ficar acima do registrado nos anos anteriores. Levantamentos da Bright Consulting, especialista no setor, apontam que os automóveis estão ficando mais caros, pelo menos, 1,5% acima da inflação todos os anos. “Neste ano, o reajuste será maior”, diz Zarlenga, que não descarta queda em volume de vendas decorrente disso. “Não tem o que fazer”, afirma.
A escalada do dólar (que ontem encerrou o dia cotado a R$ 4,32) preocupa os negócios da GM no Brasil?
Muito. Se você acompanhar a desvalorização do real nos últimos anos vai ver que é algo importante para nós. Nossa indústria tem muito custo em dólar e isso gera uma queda importantíssima nos resultados das empresas. Então, o que eu acho que vai acontecer é uma tração de preços maior neste ano do que a gente já viu no ano passado. É basicamente o único caminho.
Vocês, então, vão repassar a desvalorização do real para o preço dos produtos?
A posição do real não está para se fortalecer significativamente neste ano, ainda mais com a queda na taxa de juros. E no horizonte da economia global, não está tão claro o fortalecimento do real. Eu acho que isso vai ter um impacto, sim, nos preços.
As montadoras já vem aumentando, ano a ano, os preços dos automóveis. Em média, os carros registram alta real, acima da inflação, de até 2,5%.
O principal aumento nos custos nos últimos anos não é relacionado a inflação. O principal aumento no preço dos produtos é a desvalorização do real. Eu diria que, se você analisar o preço dos carros em dólar, eles têm caído. E também a gente tem de levar em conta os impostos. Quanto de imposto tem ai?
De quanto deve ser, então, o reajuste para este ano?
Vai depender do real.
Os economistas falam que o patamar adequado para a cotação do dólar frente o real gira em torno de R$ 4,20.
(Nesse caso, o aumento) estará acima do patamar do ano passado. É difícil falar quanto a indústria aumentou no ano passado, mas aumentou mais do que a inflação.
Com o preço médio dos carros girando em torno de R$ 75 mil, alguns afirmam que a GM vai encontrar dificuldades para aumentar os preços, que estariam hoje no limite do mercado. Isso não vai afetar o crescimento da empresa?
Não tem o que fazer. Quando se tem esse impacto tão violento nos preços por causa da desvalorização do real, basicamente você não vai vender um volume maior. Precisa aumentar os preços e pode não crescer em função disso.
Qual é o impacto hoje do dólar em um veículo popular da GM, como o Chevrolet Ônix.
O nível de produção local do Ônix é de 60%. Então, estamos importando 40%. E a gente faz um trabalho bastante bom de regionalização. O problema é que temos a dificuldade, pelo custo Brasil, de exportar fora do Mercosul, o que seria uma forma de fazer um hedge em dólar. Mas fora do mercado argentino não temos muito a oportunidade de exportar. Não são problemas de nossas fábricas. Os problemas estão na carga de impostos, que é altíssima, e da a logística, que é rodoviária. Enfim, todas as ineficiências que a gente conhece de longa data.
Você já disse que o índice de importação é muito puxado pelo aumento dos acessórios eletrônicos dentro dos carros. Mas a GM também importa pneus, rodas e amortecedores, por exemplo. Esse tipo de acessório não poderia ser fornecido por produtores locais?
Quando eu digo que temos 60% de conteúdo regional e 40% importado nós estamos falando dos valores dentro da cadeia de suprimento que pagamos em dólar. Não estamos falando aqui de tudo que o fornecedor que chamamos de pier 1, que fornece diretamente para a montadora, produz. Mas falando de tudo que é produzido dentro da cadeia dele.
Uma roda tem produção nacional. Mas dentro da roda, quais são os componentes importados? Qualquer parte do carro tem componentes. É nessa visão que 40% do custo de fabricação do carro é em dólar. E essa é a realidade que temos de trabalhar. O caminho seria exportar, mas, de novo, ai fica difícil pela carga de impostos do Brasil e pelas dificuldades na logística. Nossa fábrica de Gravataí (RS) já é a fábrica mais eficiente do mundo, não só para a GM, mas é a mais eficiente do mundo para a fabricação de carros médios. Daí, da porta para fora você agrega impostos e ineficiência logística, fica impossível exportar.
Outra questão relacionada à importação de insumos é o surto de coronavírus, que levou empresas na China a fecharem temporariamente as portas. Isso pode afetar a produção da GM na América do Sul?
Nosso time está trabalhando nesse problema todos os dias, com reuniões pelas manhãs e pela parte da tarde para ver como está nosso fornecimento. Ainda não fomos atingidos, mas claramente estamos consumindo estoques de emergência. Tem o ponto que, no final, um carro possui 3,5 mil partes. Se falta uma, você não consegue fazer o carro. É uma cadeia de suprimento muito complexa. Se a situação na China não melhorar rapidamente, teremos problemas com fornecimento de peças, que vai ter impacto no nível de fabricação.
A GM consegue manter a sua produção por quanto tempo, caso a situação persista?
Acho que se estender até o início do segundo trimestre, ficará bem complexo. E não é apenas e extensão total do problema, mas, sim, em quanto tempo as fábricas voltarão a operar de forma plena. Agora mesmo deram mais uma semana de fechamento para as plantas fabris da província mais afetada pela doença. Isso já agrega um nível superior de pressão aplicado ao nosso estoque de emergência. Vamos ver o que acontece na semana que vem.
| O Estado de S. Paulo (publicado em 08-02-2020) | | | | Ritmo dos emplacamentos volta a subir, mas fabricantes esperam pelo impacto de um mês mais curto
Os primeiros dias de fevereiro mostram que os emplacamentos de veículos estão retomando o fôlego após um janeiro fraco em vendas. Com o licenciamento de 193,5 mil unidades, entre leves e pesados, a Anfavea confirma a queda de 3,2% contra o primeiro mês de 2019, e indica que fevereiro pode ter bons números, embora sempre traga um impacto negativo sobre o volume total de vendas, por ser mais curto e por ter menos dias úteis com o feriado de carnaval.
O presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes, lembra que janeiro é sempre um mês mais fraco para as vendas, mas o desempenho do setor também foi impactado pela introdução do novo sistema de lacração para a nova placa Mercosul, que atrapalhou o andamento dos emplacamentos nas últimas semanas do mês. Segundo Moraes, o estado de São Paulo foi o mais afetado, contudo, o problema já foi superado.
Com isso, a média diária de vendas ficou abaixo das 9 mil unidades em cada um dos 22 dias úteis de janeiro. Em fevereiro, serão 17 dias úteis, considerando o feriado prolongado de carnaval.
“Esse número [de janeiro] deveria ter sido melhor e superar as 200 mil unidades. Mas agora já vemos nos primeiros dias de fevereiro um volume de venda diária entre 12 mil e 13 mil, mostrando crescimento”, indica o presidente da Anfavea.
Vendas diretas X varejo
O presidente da Anfavea reforçou a posição da entidade sobre fatores que podem contribuir com o aumento das vendas no varejo neste ano, como a redução dos juros acompanhando a taxa Selic (agora em 4,25%), a redução do spread bancário e a maior oferta de crédito. Em consequência, isso diminuiria a participação das vendas diretas no setor.
Dados apresentados pela entidade mostram que nos últimos dez anos, a participação das vendas diretas passou de 23% em 2010 para o recorde de 45% no ano passado. A venda direta se caracteriza pela venda do veículo feita diretamente da montadora para o consumidor final, seja ele uma pessoa física ou jurídica. Nessa conta, são consideradas compras governamentais, frotistas, locadoras, taxistas, produtores rurais e pessoas com deficiência (PCDs), embora este último seja atendido pela rede de concessionárias, mas o faturamento é feito pela montadora.
Por outro lado, Moraes admite que outros fatores já contribuem para uma menor participação do varejo nas vendas totais, como as mudanças de comportamento do consumidor com a adesão de tecnologias de serviços de mobilidade, que já afetam a relação de propriedade versus o uso do carro.
| CIMM | | | |
Projeto conhecido como HackaTruck MakerSpace é voltado a estudantes de Tecnologia da Informação e Comunicação
O caminhão Mercedes-Benz Actros, top de linha da marca, pega estrada Brasil afora para levar uma carga preciosa – o conhecimento. A partir de fevereiro, ele irá puxar uma carreta especial, que abriga um laboratório móvel de capacitação de universitários para novas tecnologias, como computação em nuvem e inteligência artificial. O roteiro de 2020 prevê paradas em nove instituições de oito cidades de vários estados.
Com essa iniciativa, a Mercedes-Benz passa a ser parceira do HackaTruck MakerSpace, programa idealizado pelas empresas de tecnologia IBM e Flex e voltado a estudantes de Tecnologia da Informação e Comunicação com ênfase na Internet das Coisas e outros conceitos da Indústria 4.0. A carreta tem capacidade para 56 alunos, que, após uma fase inicial de ensino à distância, são selecionados para 100 horas de aulas presenciais (4 horas por dia, 5 dias da semana), quando materializam suas ideias na forma de aplicativos.
O HackaTruck MakerSpace tem a colaboração da Apple e é executado pelo Instituto Eldorado. Criado em 2015, já atendeu 46 universidades de vários estados. Nesses quatro anos, foram mais de 8.000 alunos nos cursos à distância e 2.200 nas aulas presenciais no laboratório móvel. A carreta já rodou por mais de 75.000 km e mais de 500 apps e protótipos foram produzidos pelos universitários.
Na carreta laboratório, os participantes dispõem de ferramentas e equipamentos de última geração para desenvolver aplicativos que tragam soluções e benefícios para a sociedade e que sejam efetivamente práticos para o dia a dia das pessoas.
“Esse projeto chamou a nossa atenção especialmente pelo fato dos alunos serem desafiados a pensar em soluções para a sociedade em diversas áreas, como mobilidade, acessibilidade, sustentabilidade, segurança, educação, saúde e vários outros”, ressalta Roberto Leoncini, vice-presidente de Vendas e Marketing Caminhões e Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil. “Esses são exatamente os mesmos objetivos que estabelecemos no compromisso da nossa Empresa com o ecossistema de Transporte Responsável”.
De acordo com o executivo, além de fornecedor o caminhão que irá puxar a carreta pelos próximos dois anos, a Mercedes-Benz dispõe de avançadas tecnologias e de um amplo conhecimento de mais de 60 anos de estrada no País que podem servir de referência para os estudantes.
“Nós também já trabalhamos intensamente com Internet das Coisas, dados na nuvem, tecnologia digital, inteligência artificial e outros elementos da Indústria 4.0, tanto nos processos de produção quanto nos nossos produtos e serviços”, afirma Leoncini. “Como exemplo, o Novo Actros, que chega às estradas do Brasil este ano, é o caminhão mais inteligente, conectado, eficiente e seguro do mercado e o primeiro caminhão digital do País. Suas inovações podem inspirar os estudantes na criação de soluções”.
Leoncini destaca o Fleetboard, sistema de gestão de frota e rastreamento da Mercedes-Benz, como outra importante referência para os universitários. “O uso de telemetria no monitoramento do caminhão, da rota e do motorista gera uma infinidade de dados e informações que otimizam a gestão de uma frota. Isso pode ser utilizado no desenvolvimento de Apps pelos participantes do HackaTruck MakerSpace, que são desafiados a gerar ideias e soluções práticas para as pessoas”, diz ele. “Por exemplo, eles podem criar soluções para os motoristas de caminhão e para os gestores da frota, acompanhando os dados em tempo real. O potencial para isso é ilimitado”.
“A democratização da educação é um dos pilares na nossa companhia. Por isso, investimos em projetos para fomentar a capacitação de futuros profissionais”, afirma Carlos Hopf, executivo de Operações da IBM Brasil. “Por meio do HackaTruck, conseguimos levar as novas tecnologias, como a Internet das Coisas, computação em nuvem e inteligencia artificial, para acelerar a maneira como os alunos aprendem e desenvolvem as habilidades que os preparam para as profissões do futuro, ajudando, assim, a atender às demandas do mercado”.
Sobre o HackaTruck MakerSpace
Como um projeto dinâmico e itinerante numa verdadeira capacitação sobre rodas, o HackaTruck MakerSpace se inspira no conceito maker com seu laboratório móvel constituído como um makerspace, espaço onde os alunos criam e desenvolvem protótipos relacionados aos temas estudados.
Na carreta laboratório, os participantes dispõem de ferramentas e equipamentos de última geração, como impressora 3D, cortadora a laser, máquina de corte Router CNC para madeira, entre vários outros. Isso possibilita a criação de protótipos. Ou seja, o aluno trabalha os conceitos e também a aplicação prática dos mesmos.
Além de alunos de Tecnologia da Informação e Comunicação, estudantes de outros cursos de instituições parceiras podem participar. Eventualmente, a capacitação à distância pode ser oferecida a pessoas que se identifiquem com as áreas de TIC e que estejam interessadas em atualização técnica.
Para 2020, o laboratório já tem agendado projetos em várias regiões brasileiras, incluindo Univille (Joinville, SC), Universidade Federal Fluminense (Niterói, RJ), CEFET (Nova Friburgo, RJ), Universidade Federal da Paraíba (João Pessoa, PB), Universidade Federal de Itajubá (MG), UFScar (São Carlos, SP), Senac (São Paulo), USP (São Paulo) e Unisep (Maringá, PR).
| CIMM ( publicado em 09-02-2020) | | | | A Toyota e a Panasonic anunciaram a criação da corporação Prime Planet Energy & Solutions, Inc., uma joint venture especializada em baterias prismáticas automotivas. A decisão ocorre pouco mais de um ano após o acordo de integração entre as empresas, oficializado em 22 de janeiro de 2019, com o objetivo de estabelecerem uma nova companhia de segmento. Ambas as marcas também já definiram todo o escopo de atuação para a joint venture.
As baterias, solução que fornece energia a automóveis e outras variadas formas de mobilidade, é tida, também, como resposta para questões ambientais em âmbito global. Sua funcionalidade deve desempenhar um papel central na sociedade daqui para frente, com viés de sustentar a vida das pessoas.
A joint venture terá como função primordial desenvolver baterias altamente competitivas, econômicas, seguras e de qualidade e desempenho superiores (em termos de capacidade, produção, durabilidade, entre outras características técnicas e de negócio). No escopo de fornecimento, a Prime Planet Energy & Solutions servirá não apenas a Toyota, mas, de maneira ampla, a todos os consumidores.
O nome escolhido para esta joint venture se inspira na forte determinação da Toyota e Panasonic em fornecer a seus clientes soluções abrangentes e de valor agregado, que vão além do suprimento de energia por meio de pilhas.
A conexão entre as marcas irá estimular o crescimento e desenvolvimento sustentável do planeta, o maior alvo de sua contribuição.
| CIMM ( publicado em 08-02-2020) | | | | Acessório utilizado em sistemas de filtragens industriais, de tratamento de água, efluentes e drenagens, a crepina tem como função impedir a passagem de partículas sólidas e permitir apenas a vazão do líquido para a saída do filtro.
Comumente fabricada em polipropileno, essa peça costuma ter sua vida útil abreviada quando é necessário mover ou transportar o filtro. O impacto acaba sendo econômico e ambiental, já que o material não pode ser reutilizado e gera novos custos para as empresas. Para se ter uma ideia, um copo de plástico feito com polipropileno pode levar de 250 a 400 anos para desaparecer de vez.
Empresa de engenharia com foco em soluções ambientais sustentáveis, a Allonda Ambiental procurava uma crepina que resistisse mais às tensões e que também pudesse de alguma forma ser reutilizada. Depois de muita pesquisa, a solução encontrada foi a crepina desenvolvida com a tecnologia Therpol®, da Proquitec, material que resiste a tensões com elevadas propriedades de alongamento e resiliência e possui a característica de ser 100% reciclável.
"Este processo é conhecido como closed loop, item fundamental da economia circular, ou seja, descarte zero. Isto porque o plástico com Therpol mantém suas propriedades originais, podendo ser reciclado inúmeras vezes, e vem de fonte bio renovável", diz Sidnei Nasser, CEO da Proquitec.
Leo Cesar Melo, CEO da Allonda Ambiental, conta que somente em um projeto da empresa na cidade de Vitória (ES) foram empregadas 12.200 crepinas, já com a nova tecnologia, ou seja, a empresa eliminou o consumo de 1 tonelada e meia de plástico. "Com isso, também economizamos cerca de 65% em relação ao custo das crepinas compradas no mercado. Além de muitos outros ganhos em valor e tempo de obra", garante o CEO.
A flexibilidade do material tem um outro importante impacto: segurança. Com a possibilidade de transportar os filtros por longas distâncias, a empresa pode fazer a montagem do equipamento em um local mais adequado, garantindo condições de segurança ao mesmo tempo em que ganha rapidez no serviço. "A segurança do trabalho sempre é uma de nossas maiores preocupações nos projetos realizados, por isso a possibilidade de montar os filtros em um local próprio para a atividade se torna um diferencial importante", complementa Melo.
Ao final do uso do filtro, as crepinas são retiradas e devolvidas para a Proquitec, que providencia o rebeneficiamento do Therpol® para possibilitar a produção de novas crepinas, em parceria com a Tsong Cherng, responsável pela re-injeção do material para a formação das novas crepinas. Outro diferencial é que não há nenhuma perda no processo, ou seja, a quantidade de Therpol® que compunha as crepinas usadas, gera exatamente o mesmo número de crepinas novas.
| CIMM ( publicado em 08-02-2020) | | | | Visto como uma nova realidade voltada ao setor fabril, sobretudo por ser associado à chamada Quarta Revolução Industrial, o conceito 4.0 apresenta uma proposta muito mais abrangente que, em vários quesitos, já é vivenciada na sociedade. Um deles, como avalia o diretor da Meber Metais, Marcio Chiaramonte, é a agilidade dos processos ligados, por exemplo, às relações profissionais, o que facilita a tomada de decisões e a resolução de negócios.
Nesse contexto mais dinâmico, uma das vantagens é o fato de a burocracia perder espaço. "Uma vez, escrevia-se cartas, realizava-se ligações telefônicas, preenchia-se formulários, aguardava-se orçamentos. Portanto, longas esperas estavam relacionadas aos negócios. Com o advento da Internet de Tudo (IoE, do inglês "Internet of Everything"), a instantaneidade passou a fazer parte da vida das pessoas. As informações são imediatas, os desejos são realizados rapidamente, e isto está presente na vida de todos, na ponta de seus dedos. Este é o mundo 4.0", destaca Chiaramonte.
Muitas vezes atrelada a um possível cenário de aumento do desemprego, esta etapa da evolução, na visão do diretor, ainda não é plenamente assimilada. "Este é um dos erros que se comete quando o tema não está devidamente compreendido.
A automação de processos, na verdade, está ligada à indústria 3.0. Ela está dentro de todas as empresas e na mão de todos os cidadãos, através de seus smartphones, onde é possível consultar saldo, pagar contas, comprar, vender, ouvir notícias, estudar, interagir nas redes sociais! Ou seja, essa automação de processos, não só os industriais, mas de tudo, dá origem ao conceito da Internet de Tudo - e esta hiperconexão dá origem ao jeito 4.0 de pensar", acrescenta.
A questão da empregabilidade no mundo 4.0, Chiaramonte acredita estar ligada à proatividade, ao talento individual e ao empreendedorismo. "É a valorização de usar 'mais a cabeça do que as mãos', e neste quesito, a gestão pública recente do Brasil pecou demais, principalmente no quesito educacional, atrasando o país em muitos anos em relação ao mundo que avança. Este será o grande desafio da sociedade brasileira frente aos avanços globais", avalia.
A adaptação a este novo universo ainda ocorre de forma gradual para muitas companhias, o que abre caminho para que iniciativas mais disruptivas, como as Startups, assumam um papel extremamente importante nesta transformação. Com capacidade para obter resultados específicos de forma muito mais rápida do que as organizações "tradicionais", elas surgem como opção, no que se refere à busca de novas soluções para novos problemas. Um dos aspectos positivos elencados por Chiaramonte é, justamente, a digitalização dos negócios.
O case Meber
Prestes a completar 60 anos de história, a Meber Metais carrega em sua própria jornada um case de constante inovação. De um pequeno porão no Centro de Bento Gonçalves a uma das marcas mais lembradas do país no segmento, o roteiro percorrido sempre passou pelo emprego de tecnologias emergentes, atualizando continuamente os processos produtivos, aplicação de tecnologias mais limpas e os métodos para controle das emissões de efluentes, por exemplo.
Em seu parque fabril, os equipamentos utilizados são o que há de mais moderno, incluindo robôs que já conduzem atividades de manipulação, processamento de materiais, atividades de montagem e testes. As máquinas do setor de usinagem, que antigamente eram manuais e semiautomáticas mecânicas, hoje comandadas eletronicamente, conferem mais precisão ao trabalho e um excelente aproveitamento da matéria-prima.
A gestão financeira também foi afetada e a Meber não ficou parada no tempo, automatizando, na medida do possível, os seus procedimentos administrativos. Os resultados obtidos são o ganho em competitividade, a disponibilidade massiva de dados do negócio, auxiliando a tomada de decisões, propiciando a fidelização de clientes, com uma condução segura das metas da empresa e o foco mantido no crescimento e na consolidação.
A agregação de ferramentas de transmissão e recepção de dados, tanto interna como externamente, bem como a presença ativa nas redes sociais e o uso de outros métodos de comunicação dirigida a seus clientes, também são elementos cruciais para enfrentar um mercado cada vez mais disputado. "A Meber é uma fornecedora de ativos relacionados aos desejos e necessidades das pessoas. Então, tivemos que remodelar nossa operação para este mundo ágil e, invariavelmente, nossas ações neste sentido buscam o atendimento, o mais rápido possível, das demandas de nossos clientes", aponta o diretor.
Obstáculos e desafios
Embora o universo 4.0 seja a ferramenta para a redução da burocracia, como já mencionado, sem a atuação decisiva do Estado, não há condições de fazer com que ela, de fato, seja rebaixada a níveis que não barrem ou não retardem o empreendedorismo.
"O ente governamental, por sua caraterística notadamente conservadora, é sempre o último a se modernizar, e quando o faz, faz mal. Ao invés de simplificar a burocracia primeiro, para depois automatizar, faz o contrário: informatiza a pesada burocracia. Então, não diferente de outras empresas, temos mais gente envolvida com as operações de âmbito legal governamental do que para o projeto de peças ou para gestão da produção, atividades que evoluíram muito", analisa Chiaramonte, que cita a insegurança jurídica como mais um ponto de preocupação para os investidores.
O diretor da Meber Metais ressalta outros dois entraves que dificultam a implantação do conceito 4.0 na sociedade brasileira: a infraestrutura de internet precária no país e a falta de mão de obra qualificada. "Escolas e universidades perderam o timing e não estão preparando pessoas para o futuro próximo. E o pior de tudo: os jovens não estão se dando conta de que esta vai ser a bola da vez", conclui.
| Ind 4.0 (publicado em 08-02-2020) | | | | A ArcelorMittal, maior siderúrgica do mundo, estimou aumento da demanda e queda nos níveis de dívida este ano, após reportar lucros acima das previsões para o final de 2019.
A companhia disse que o consumo global de aço, incluindo o impacto das alterações nos estoques, crescerá em 2020 em 1-2%, após uma expansão de 1,1% em 2019.
Nos Estados Unidos, o consumo de aço será 1% maior que em 2019, quando caiu 1,7%, enquanto na Europa o consumo aumentará entre 1% e 2% após uma queda de 4,3% no ano passado, embora o setor automotivo permaneceria fraco.
A demanda por aço no Brasil também retornará ao crescimento este ano, disse a ArcelorMittal. As condições do mercado continuaram desafiadoras, disse a vice-presidente financeira da empresa, Aditya Mittal, em uma teleconferência, embora houvesse sinais iniciais de melhora, principalmente nos principais mercados da ArcelorMittal nos Estados Unidos, Europa e Brasil.
Mittal disse que o processo de desestocagem representou pelo menos metade da queda na demanda de seus três principais mercados no ano passado. Agora, com estoques em níveis muito baixos, os clientes estão retornando ao mercado, sustentando os preços.
Por enquanto, pelo menos, a empresa previu que a crise de saúde relacionada ao coronavírus levará a um primeiro trimestre fraco na China, mas a uma recuperação no segundo semestre do ano, levando a um impacto geral fraco, acrescentou.
A ArcelorMittal envia quase metade de seu aço para clientes europeus, cerca de um quarto para os Estados Unidos e possui apenas uma fábrica de aço automotivo de joint venture na China, que é o maior produtor e consumidor de aço do mundo.
Mesmo na China e apesar do surto de coronavírus, a ArcelorMittal viu a demanda geral de aço crescer em até 1%.
Após um 2019 muito difícil, quando a empresa teve um prejuízo líquido de 2,45 bilhões de dólares, a siderúrgica avançou em direção ao seu objetivo de reduzir a dívida líquida abaixo de 7 bilhões de dólares. “Agora estamos focados em alcançar isso até o final de 2020”, disse Mittal.
A dívida líquida caiu para 9,3 bilhões de dólares no final de 2019, o nível mais baixo desde que a empresa foi formada em 2006 através da fusão da Arcelor e da Mittal Steel.
A empresa disse que o lucro medido pelo Ebitda foi de 925 milhões de dólares no quarto trimestre, comparado com a previsão média de 858 milhões de dólares em uma pesquisa da empresa.
| CIMM ( publicado em 08-02-2020) | | | |
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