| 18 de mARÇO de 2020
Quarta-feira
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Em 18/03/2020
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Fonte: BACEN
| | | | Governador Ratinho Junior baixou decreto com medidas para conter a epidemia. Aulas serão paralisadas, visitas a espaços culturais e de entretenimento ficam suspensas, recomendação é evitar grandes eventos, públicos e particulares, que reúnam mais de 50 pessoas.
O governador Carlos Massa Ratinho Junior anunciou uma série de medidas que estão sendo adotadas pelo Estado para reforçar os cuidados contra a proliferação do coronavírus no Paraná. O decreto estadual assinado nesta segunda-feira (16) é focado na prevenção e busca atenuar a disseminação da doença, diminuindo a circulação de pessoas e evitando aglomerações.
Em coletiva de imprensa, o governador destacou que o Paraná tem apenas seis casos da doença e que todos são importados. “Não é para pânico. As medidas adotadas têm como objetivo amenizar a proliferação do vírus”, destacou Ratinho Junior. "Queremos evitar que o contágio evolua para uma escala em que não tenhamos controle”, acrescentou.
Secretário de Estado da Saúde, Beto Preto explicou que a intenção é postergar ao máximo a transmissão local (comunitária) no Paraná, fazendo com que o pico de casos seja atenuado. “São medidas não medicamentosas e não farmacológicas para que tenhamos a possibilidade de mitigar a quantidade de casos no Paraná”, explicou.
Desde o início dos casos, na China, uma equipe do Estado está trabalhando em cima do planejamento de combate ao vírus, reforçando ações de prevenção e de retaguarda. “O sistema de saúde do Paraná está preparado para eventuais aumentos no número de casos”, ressaltou Ratinho Junior.
Segundo Beto Preto, o Estado terá entre 200 ou 300 leitos de UTI a mais em relação ao estoque atual, que chega perto de 2.000 unidades, caso haja necessidade de reforçar as internações. De acordo com ele, a secretaria vai cancelar as cirurgias eletivas (não emergenciais), liberando outros leitos para a população.
MEDIDAS - Entre as ações, ficou definido que as aulas na rede estadual de ensino do Paraná serão paralisadas por tempo indeterminado a partir da próxima sexta-feira (20). Até lá, serão feitas campanhas educativas e de orientação com os mais de 1 milhão de alunos que passam pelas 2,1 mil escolas. O mesmo vale para as universidades estaduais.
Ficam suspensos os eventos públicos promovidos pelo Estado com reunião de público acima de 50 pessoas. A determinação começou a valer nesta segunda-feira (16). O governo orienta que as entidades religiosas façam a adesão a esta medida.
Outra medida é o fechamento, a partir desta semana, de museus, bibliotecas, teatros e centros culturais do Estado do Paraná por tempo indeterminado. Fica suspensa ainda as visitas em hospitais, penitenciárias e centros de socioeducação.
SERVIDORES – Ficou estabelecido ainda que todos os funcionários públicos estaduais que pertencem ao chamado grupo de risco, ou seja, com mais de 60 anos, portadores de doenças crônicas, gestantes, lactantes ou que regressaram de locais com surto reconhecido deverão realizar trabalho remoto (home office) por 14 dias. O mesmo vale para os servidores que, mesmo fora do grupo de risco, apresentarem qualquer sintoma da doença.
O decreto estabelece, dentro da viabilidade técnica e operacional, e sem qualquer prejuízo administrativo, que o Executivo pode conceder o regime de trabalho remoto ou escalas diferenciadas de trabalho e adoções de horários alternativos nas repartições públicas.
FÉRIAS - Consideradas áreas essenciais no controle ao coronavírus, ficam suspensas, a partir da segunda-feira (23), as férias e licenças, de servidores da Secretária de Estado da Saúde, da Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil.
Os estagiários, por sua vez, ficam dispensados, sem prejuízo na remuneração. Em relação aos empregados de empresas terceirizadas que prestam serviço ao Estado, será analisada a necessidade da permanência ou ainda a possibilidade diminuição do número de prestadores de serviço.
OUTRAS MEDIDAS – O governador determinou também que as secretarias da Saúde, Segurança Pública e Agricultura e Abastecimento, organizem uma força-tarefa para atuar nas divisas do Paraná com outros estados para orientação e averiguação da movimentação de pessoas.
“Vamos unir Polícia Rodoviária Estadual, Polícia Rodoviária Federal e agentes de saúde. Fazer um filtro nas divisas, não proibindo o trânsito, mas averiguando nos ônibus e nos carros se existem pessoas com febre. É uma metodologia que está sendo construída aos poucos”, explicou o governador.
A Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) ficará encarregada da profilaxia e expedição de recomendação no âmbito do transporte público coletivo.
Como haverá um reforço na utilização, o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) analisará a possibilidade de direcionar sua linha produção para fabricação de álcool em gel a ser adquirido pela Administração Direta e Indireta do Estado.
O produto será disponibilizado em dispensadores fixados em áreas de circulação e no acesso a salas de reuniões de órgãos e entidades ligadas à administração pública estadual.
HOSPITAIS – Beto Preto ressaltou que o Estado fechou parcerias com hospitais particulares, Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa) e a Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado do Paraná (Fehospar) que permitirão ampliar o número de leitos de UTI disponibilizados a quem contrair o vírus.
ORÇAMENTO – Ratinho Junior explicou que para garantir o sucesso da força-tarefa, o orçamento do Estado também passará por contingenciamento, dando suporte para que os esforços financeiros sejam redirecionados para a prevenção e combate do Covid-19.
“A Secretaria da Fazenda já tem um grupo de trabalho organizando medidas para colaborar com setor produtivo para fazer com que o impacto do fluxo de pessoas no Estado seja diminuído”, afirmou.
JUDICIÁRIO – O Governo do Estado também passou a integrar a Comissão Temporária Institucional de Prevenção ao Coronavírus (Covid-19), criado nesta segunda-feira (16) pelo Poder Judiciário. O representante do Poder Executivo será o chefe da Casa Civil, Guto Silva. Fazem parte desembargadores do Tribunal de Justiça, representantes da Ordem dos Advogados do Brasil – seção do Paraná, do Ministério Público do Paraná, médicos e a Associação dos Magistrados do Paraná.
CASOS – A Secretaria de Estado da Saúde atualizou os casos de coronavírus no Paraná nesta segunda-feira (16). São seis casos confirmados até o momento, cinco em Curitiba e um em Cianorte. Todos seguem em isolamento domiciliar, sem alterações no quadro clínico. 38 outros novos casos estão sob análise e 32 suspeitos foram descartados.
SINTOMAS – Os principais sintomas da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, são semelhantes ao de um resfriado, como febre, tosse seca, dificuldade para respirar e insuficiência renal nos casos mais graves. Caso apresente os sintomas, é importante procurar ajuda médica imediata para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento.
Além das unidades de saúde, o paciente também pode entrar em contato pelo telefone 0800 644 4414 ou pelo Whatsapp (41) 3330-4414.
PRESENÇAS – Participaram do anúncio o vice-governador Darci Piana; os secretários Guto Silva (Casa Civil), João Debiasi (Comunicação Social e Cultura), Valdemar Bernardo Jorge (Planejamento e Projetos Estruturantes), Renê Garcia (Fazenda), Ney Leprevost (Justiça, Família e Trabalho), Rômulo Marinho Soares (Segurança Pública), Norberto Ortigara (Agricultura e Abastecimento) e Renato Feder (Educação e Esporte); o diretor-presidente da Invest Paraná, Eduardo Bekin; o diretor-geral do Detran, César Kogut; o Comandante-Geral da Polícia Militar do Paraná, coronel Péricles de Matos; o Coordenador Estadual da Defesa Civil, coronel Fernando Schünig; o diretor-geral do Depen, Francisco Caricati; o comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Paraná, coronel Samuel Prestes; o superintendente de Inovação da Casa Civil, Henrique Domakoski; e o diretor de operações do BRDE, Wilson Bley Lipski; o superintende do Esporte, Hélio Wirbiski; o diretor-presidente da Fomento Paraná, Heraldo Neves; e os deputados estaduais Alexandre Curi, Marcel Micheletto, Hussein Bakri (líder do Governo), Emerson Bacil, Tiago Amaral, Do Carmo, Cantora Mara Lima, Alexandre Amaro, Cobra Repórter e Dr. Batista.
Portal estadual ajuda população a se prevenir
O Governo do Paraná lançou uma campanha que intensifica orientações sobre os métodos de prevenção, para evitar a propagação do coronavírus e também para tranquilizar a população. Todo o conteúdo está disponível no site www.coronavirus.pr.gov.br.
O aplicativo Coronavírus-SUS, disponível para os sistemas Android e iOS traz dicas e a geolocalização das unidades de saúde mais próximas dos usuários. Cartazes com as orientações estão sendo distribuídos em órgãos públicos e entidades sociais do Estado.
| Agência Estadual de Notícias (publicado em 16-03-2020) | | | | Em reunião com setores de hotelaria, gastronomia, turismo, bares e casas noturnas, chefe da Casa Civil disse que ideias criativas e bom senso ajudarão a manter o consumo e reduzir crise na atividade econômica.
O Governo do Estado reforça o pedido para que a população evite aglomerações como forma de controlar a circulação do coronavírus no Paraná, mas que não deixe de consumir, evitando assim a desaceleração brusca da economia.
Decreto assinado pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior na segunda-feira (16) determinou a suspensão de qualquer evento organizado pelo governo estadual, com mais de 50 pessoas.
Em reunião com entidades do setor de hotelaria, gastronomia, turismo, bares e casas noturnas, o chefe da Casa Civil, Guto Silva, esclareceu que a medida não atinge entidades particulares.
Ele explicou que bares, restaurantes, hotéis e casas noturnas, por exemplo, podem funcionar normalmente. Mas pede bom senso aos empresários do setor no combate à proliferação da doença.
“Não é momento de pânico, mas de bom senso. O Estado não impede a atividade comercial, mas orienta para que se evite grandes concentrações de pessoas”, afirmou o secretário. “Quanto mais bom senso por parte de todos, antes conseguiremos superar essa crise”, completou.
O chefe da Casa Civil ressaltou que o Governo estimula soluções criativas por parte do setor empresarial. Iniciativas que ajudem no enfrentamento ao vírus mas que possam reduzir o impacto negativo na atividade econômica.
Ele mencionou o acordo fechado nesta terça-feira (17) entre o Sindicato dos Trabalhadores no Comércio Hoteleiro, Meio de Hospedagem e Gastronomia de Curitiba Região (Sindehotéis), a Federação dos Empregados em Turismo e Hospitalidade do Estado do Paraná (Fethepar) e a Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar) como uma forma inovadora para superar a crise. “Algo criativo que pode ser copiado por outros setores do Estado”, disse.
ACORDO – Presidente da Abrabar, Fábio Aguayo explicou que o acordo permite às empresas destes setores anteciparem as férias dos funcionários, de forma individual ou coletiva, com o trabalhador optando por usufruir integral ou parcialmente do período de descanso. Segundo ele, o pagamento do terço de férias também pode ser negociado, possibilitando aos patrões adiar o pagamento da remuneração para depois que a economia se estabilizar. Estamos trabalhando para a manutenção dos empregos e das empresas. Que isso sirva de exemplo para outras entidades”, afirmou.
| Agência Estadual de Notícias (publicado em 17-03-2020) | | | | Recursos vêm de um fundo rotativo permanente do BRDE para o apoio de projetos em áreas prioritárias do Estado. Fundo foi lançado pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior. Na mesma ocasião, foi renovado o convênio do programa Trator Solidário.
Projetos prioritários para o desenvolvimento do Estado contarão com recursos de R$ 300 milhões do Banco Regional de Desenvolvimento Econômico do Extremo Sul (BRDE). O governador Carlos Massa Ratinho Junior e o diretor de Operações da agência paranaense do BRDE, Wilson Bley Lipski, lançaram nesta terça-feira (17) o Promove Sul, um fundo rotativo permanente para o apoio de projetos em diversas áreas.
Os recursos serão destinados ao financiamento de projetos ligados às áreas de energias renováveis, inovação, turismo, expansões consideradas grandes geradoras de emprego, bovinocultura, agricultura familiar e agroindústrias, micro e pequenas cooperativas, micro, pequenas e médias empresas, armazenagens, Parcerias Público-Privadas (PPPs) e concessões
Ratinho Junior destacou que as entidades financeiras do Estado, como o BRDE e a Fomento Paraná, são fundamentais para dar suporte à economia e ao desenvolvimento. “Neste momento em que enfrentaremos uma crise, com pelos menos quatro meses de muita tensão na economia, as instituições financeiras serão mais importantes do que nunca para fazer com que o impacto seja o menor possível”, disse.
“Essas instituições atuarão para alavancar os investimentos e aportar recursos para o pequeno agricultor, o comércio e o turismo, setores da economia que são estratégicos para a geração de emprego”, afirmou o governador. “O nosso foco para o BRDE é justamente criar linhas de crédito facilitadas, com juros baixos, para fazer com que o dinheiro chegue para quem produz e gera emprego. Será o momento de pisar no acelerador para apoiar a economia”, destacou.
RECURSOS PRÓPRIOS – O Promove Sul é composto por recursos próprios do BRDE. De acordo com o Bley, o banco reavaliou toda a política de concessão de crédito e separou R$ 900 milhões do fluxo financeiro – R$ 300 milhões para cada estado do Sul – para constituir o fundo, que vai apoiar estratégias próprias para o desenvolvimento dos estados.
No Paraná, o fundo vai apoiar, além de outras áreas, o Banco do Agricultor Paranaense. “No Paraná, haverá um direcionamento para as áreas de inovação, turismo e agricultura. Tão logo tenhamos a lei com o equacionamento dos juros, utilizaremos esse fundo para apoiar a agricultura do Estado”, explicou Bley. “Desta forma, conseguimos apoiar de forma mais contundente o desenvolvimento econômico dos estados”, disse.
TRATOR SOLIDÁRIO – Na solenidade, o BRDE também renovou o convênio com a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento para o programa Trator Solidário, que possibilita o financiamento com preços mais acessíveis de tratores, pulverizadores e colhedoras para agricultores familiares paranaenses.
Criado em 2007, o Trator Solidário já financiou cerca de 13 mil maquinários agrícolas para pequenos produtores paranaenses. O programa é fruto de uma parceria entre a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater, Fomento Paraná, agentes financeiros e cooperativas de crédito, além de fabricantes de implementos, equipamentos, tratores e máquinas agrícolas.
Os equipamentos adquiridos por meio do programa têm redução entre 15% e 20% no valor em relação ao preço de mercado. Só no ano passado, o Trator Solidário proporcionou economia de cerca de R$ 17 milhões para os agricultores familiares paranaenses. Eles adquiriram 820 máquinas agrícolas entre tratores, pulverizadores e colhedoras. O valor é resultado do desconto negociado pelo Estado com as fabricantes e concessionárias.
O secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, explicou que o BRDE é o agente articulador, financiador e apoiador do Trator Solidário, que permitiu a entrada das cooperativas de crédito como agentes financeiros do programa. “Ele cumpre um bom papel ao permitir que o agricultor familiar acesse equipamentos modernos e mais eficientes ao menor preço do Brasil”, disse.
A renovação possibilitará grandes avanços ao programa, entre eles a expansão do número de agentes financeiros, com a entrada da Credialiança, que se junta ao BRDE, Fomento Paraná, Cresol e Sicredi no processo de contratação, visando abranger um número cada vez maior de produtores rurais. “Criamos uma capilaridade no Estado junto com esses parceiros, que permitiu chegar a 7 mil agricultores familiares, que são nossos clientes no programa”, explicou o diretor do BRDE.
| Agência Estadual de Notícias ( publicado em 17-03-2020) | | | | Pacote proposta pelo governo inclui contrato com redução de encargos a patrões e outras medidas de estímulo à novas vagas; texto segue para Câmara
Comissão do Congresso aprovou nesta terça-feira (17) o pacote de medidas do governo para tentar estimular a geração de empregos. A proposta cria o trabalho Verde e Amarelo, que reduz encargos para patrões. O texto-base foi aprovado por 14 votos a 1.
A oposição tentou impedir a votação, criticando a proposta e alegando que a sessão deveria ser adiada por causa das medidas contra avanço do coronavírus no país. Aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defenderam que o pacote vai ajudar na suavização do impacto da pandemia na atividade econômica.
Com o aval da comissão, o pacote segue para o plenário da Câmara e, depois, para o do Senado.
Por ser uma MP (medida provisória), o conjunto de ações para combater o desemprego e a informalidade precisa do aval das duas Casas até 20 de abril para não perder a validade.
Chamado de trabalho Verde e Amarelo, o programa, anunciado pelo governo em novembro, reduz obrigações patronais da folha de pagamento para contratação de jovens de 18 a 29 anos, que conseguem o primeiro emprego formal e com remuneração de até um salário mínimo e meio (R$ 1.567,50).
O relator da MP, deputado Christino Áureo (PP-RJ), ampliou o programa. Assim, a versão aprovada pela comissão permite que patrões também tenham redução de tributos ao contratarem pessoas acima de 55 anos de idade e que estejam fora do mercado de trabalho formal há mais de 12 meses.
As empresas que optarem por esse tipo de contrato ficam temporariamente isentas da contribuição patronal para o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), do salário-educação e de contribuições para o Sistema S.
O repasse ao FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) cairá de 8% para 2%. Para esses trabalhadores, a multa do FGTS em caso de demissão sem justa causa poderá ser de 20%, e não o patamar de 40% dos outros funcionários que seguem o regime atual. Essa mudança será efetivada mediante acordo.
Na estimativa do governo, o novo contrato de trabalho provocará uma redução de 30% a 34% no custo da mão de obra.
O relator também ampliou, de 20% para 25%, a parcela de empregados que podem ser contratados na modalidade Verde e Amarelo.
Uma regra, incluída pelo Congresso, para o programa permite que funcionários possam ser contratados duas vezes na nova modalidade, desde que o primeiro vínculo empregatício tenha durado menos de 180 dias.
A versão da MP em análise no Congresso, portanto, amplia e flexibiliza o tipo de trabalho Verde e Amarelo.
Mesmo assim, Áureo estima que 1,4 milhão de vagas serão geradas até 2022 por causa dos incentivos. O governo, em novembro, anunciou a previsão de 1,8 mil novos postos de trabalho com carteira assinada diante do programa de incentivos dados aos empregadores.
A proposta de novo contrato também permite a redução do adicional de periculosidade em alguns casos. Em troca, a empresa terá que contratar um seguro. O relator deixou claro que isso vale apenas para contratos Verde e Amarelo.
Caso o patrão opte pelo seguro, terá que pagar um adicional de periculosidade de 5% sobre o salário do trabalhador. Esse adicional, porém, só será devido se o funcionário estiver exposto ao perigo em mais de 50% da jornada.
Um dos pontos mais polêmicos do pacote, a cobrança de contribuição previdenciária sobre o seguro desemprego passou a ser opcional, de acordo com o relatório.
Cabe ao beneficiário escolher se quer pagar a taxa para a Previdência Social, o que permite a continuação da contagem do tempo para aposentadoria e prolonga o período em que terá direito, por exemplo, ao auxílio-doença.
Na proposta original, enviada pelo governo em novembro, a cobrança era obrigatória e variaria de 7,5% a 9%, dependendo o valor do seguro-desemprego.
Por causa da reforma da Previdência, as alíquotas de contribuição ao INSS mudaram. A taxa é de 7,5% para quem recebe um salário mínimo (R$ 1.045) e vai subindo de acordo com o valor da remuneração.
O seguro-desemprego pode chegar a valores próximos de R$ 1.800. Um trabalhador com esse salário paga 9% de contribuição previdenciária.
Para tentar reduzir as críticas ao pacote de medidas de geração de emprego, o relator buscou um acordo com o governo.
A solução, segundo ele, foi tornar a cobrança fixa em 7,5% mesmo se o seguro-desemprego superar um salário mínimo.
Outro ponto polêmico foi o dispositivo para autorizado o trabalho aos domingos e feriados.
Áureo manteve esse trecho para todos setores de comércio e indústria e deixou claro que isso inclui setores de agroindústria, pesca e aquicultura.
Em relação à abertura das agências bancárias aos sábados, o relator passou a permitir o funcionamento apenas em locais e serviços que não ofereçam risco à segurança, como shopping center, onde já há profissionais de segurança.
Na votação desta terça, a comissão analisou um pedido do DEM para alterar um trecho da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
Por maioria, o colegiado aprovou uma emenda para que acordos e convenções coletivas não possam mais negociar o vale-transporte.
Governistas dizem que essa mudança, se aprovada pelos plenários da Câmara e do Senado, poderá impedir que o patrão negocie o fornecimento de transporte próprio, como vans, para o trajeto dos trabalhadores entre a residência e a empresa.
| Folha de S.Paulo | | | | O Índice de Confiança do Empresarial Industrial (ICEI) recuou 4,4 pontos em março, na comparação com fevereiro, e marcou 60,3 pontos. A média histórica é de 53,8 pontos
A confiança do empresário industrial caiu 4,4 pontos em março, na comparação com fevereiro, para 60,3 pontos. É a segunda queda mensal apontada pelo Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), medido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Mesmo assim o indicador permanece acima da média histórica de 53,8 pontos.
A coleta de dados ocorreu entre 2 e 11 de março com a participação de 2.420 empresas em todo o Brasil. O índice varia de 0 a 100 e valores acima de 50 pontos são considerados positivos.
No entanto, desde janeiro de 2010, quando o ICEI passou a ser medido mensalmente, o índice só havia recuado mais de quatro pontos entre um mês e outro em três momentos críticos para a economia brasileira. Ocorreu pela primeira vez em julho de 2013, após as manifestações populares daquele ano, em fevereiro de 2015, no início da crise econômica, e em junho de 2018 foi pressionado pela paralisação dos caminhoneiros.
“É importante observar que o índice permanece distante da linha divisória dos 50 pontos, o que ainda mostra a confiança dos empresários. Essa queda de 4,4 pontos foi muito elevada e, historicamente, só vimos essas grandes variações em épocas de crise. Por isso, diante do quadro atual, não é uma surpresa”, diz o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi.
Segundo Abijaodi, é urgente que o governo federal e o Congresso Nacional atuem em conjunto para implementar as medidas emergenciais e as reformas necessárias para que os efeitos da pandemia no desenvolvimento econômico e social do país sejam reduzidos e que o Brasil volte a crescer.
CONFIANÇA POR REGIÃO – As quedas dos índices de confiança das diferentes regiões são expressivas. Recuou 5,2 pontos no Norte e 5,1 pontos no Sul. A menor queda ocorreu no Centro-Oeste, onde o ICEI caiu 3,8 pontos.
Mesmo assim, a confiança segue alta. O Sul registrou 61,7 pontos, Centro-Oeste marcou 61,6 pontos, Norte obteve 59,6 pontos, Nordeste apontou 59,6 pontos e Sudeste ficou com 59,3 pontos.
ICEI POR PORTE DE EMPRESA – O tamanho da empresa refletiu diretamente a queda no índice de confiança. Quanto maior o porte, maior foi o recuo. A diferença dos índices entre grandes e pequenas empresas, que era de três pontos em dezembro de 2019 e janeiro de 2020, está em 0,5 ponto.
| CNI | | | Confiança cai 4,4 pontos em março
O ICEI caiu 4,4 pontos em março, na comparação com fevereiro, para 60,3 pontos. A queda observada é a maior desde junho de 2018, quando o ICEI caiu 5,8 pontos em decorrência da paralisação dos caminhoneiros. Mesmo com a queda, o índice mostra confiança dos empresários.
| CNI | | | | Ideia é pedir que a Camex aprove norma do Mercosul para cem produtos
Deserto A regra permitiria reduzir a tarifa de importação de cem itens que venham a faltar no mercado interno.
A resolução anterior abrangia 45 produtos. "Um decreto para criar um comitê interministerial para definir prazos e trâmites para as análises de alterações tarifárias precisa ser regulamentado, pois existe a probabilidade de as empresas necessitarem desse instrumento para evitar desabastecimento”, diz Carlos Abijaodi, diretor de desenvolvimento industrial da CNI, que pede pressa na aprovação das medidas..
| Folha de S.Paulo | | | Para o presidente da Abrasel, entidade do setor, governo precisa ajudar com salário ou seguro desemprego
Os bares e restaurantes brasileiros devem cortar até 3 milhões de empregos nos próximos 30 a 40 dias, segundo estimativas do presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Paulo Solmucci.
O representante dos donos de restaurantes afirma que o faturamento do setor, que tem cerca de 6 milhões de postos de trabalho, caiu a praticamente zero nos últimos dois dias e que não há recursos para cobrir a folha de pagamento.
Ele diz que alertou o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes sobre o cenário. Para Solmucci, a única solução é o governo entrar ajudando a pagar salário ou colocando as pessoas no seguro desemprego.
Ele afirma que o governo precisa entender que não dá mais para tomar medidas normais porque o país está vivendo um momento excepcional.
"Não dá para o estado continuar achando que o mercado vai se ajustar. Agora tem que ter a mão forte do estado para salvar o pequeno empresário do Brasil", diz Solmucci.
| Folha de S. Paulo ( publicado em 17-03-2020) | | | | Atendimentos agendados serão remarcados; perícias estão mantidas
O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) suspendeu o atendimento nas agências da Previdência por 15 dias, contados a partir desta quarta-feira (18), conforme portaria publicada no Diário Oficial da União.
A medida foi tomada para conter o avanço da covid-19, provocada pelo coronavírus, e preservar a saúde dos segurados, segundo nota publicada pelo instituto em sua página na internet.
Serão mantidos apenas atendimentos agendados para cumprimento de exigências de requerimentos de benefícios previdenciários e assistenciais, perícias médicas previdenciárias e avaliações e pareceres sociais dos benefícios previdenciários e assistenciais.
Segurados que estavam agendados para comparecer a agência para outros serviços deverão ser remarcados para data posterior à suspensão.
O INSS comunicou que informará a todos os segurados a nova data, sem a necessidade de novo agendamento.
Além disso, para evitar aglomerações na sala de espera das agências, foi determinado que o acesso seja limitado apenas aos segurados agendados para os próximos 20 minutos de cada agendamento, em especial da perícia médica.
Dessa forma, o acesso ficará restrito, evitando assim aglomeração de segurados no mesmo ambiente. Acompanhantes serão permitidos somente em situações indispensáveis.
O INSS já havia anunciado outras restrições para evitar o contágio de segurados nas agências, como a limitação da presença de acompanhantes nos postos de atendimento.
Sem sair de casa
O INSS reitera que os segurados não precisam se deslocar até uma agência para ter acesso aos serviços ou pedir um benefício. Basta acessar o Meu INSS através do gov.br/meuinss ou ligar para a Central 135, que funciona de segunda a sábado de 7h às 22h horas.
O segurado só deve buscar atendimento presencial se for imprescindível, como, por exemplo, em caso de perícia médica.
| Folha de S.Paulo | | | Os efeitos econômicos da pandemia do novo coronavírus trouxeram à tona a discussão: o governo deve reabrir a torneira do investimento público para enfrentar a lentidão na economia? Há economistas que acreditam que sim, e inclusive defendem uma mudança na regra do teto de gastos, que limita o crescimento das despesas à inflação. Outra frente de especialistas afirma que não há espaço fiscal para investimento público e que o foco deve continuar numa ampla reforma econômica.
O consenso está apenas no caso de medidas emergenciais, como o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) para enfrentamento da pandemia. A emenda constitucional do teto de gastos e a própria Constituição Federal permitem que o governo abra crédito extraordinário para atender despesas imprevisíveis e urgentes. Nesta terça-feira (17), o governo informou que pedirá ao Congresso que seja reconhecido estado de calamidade pública para a pandemia de coronavírus, ampliando ainda mais esse debate.
A divergência entre os especialistas está sobre o que fazer daqui para frente, já que as medidas de isolamento necessárias para combater o novo coronavírus vão prejudicar a economia. “Isso tende a arrebentar a economia. A economia já não vinha bem. Já virou o ano mal e agora vem essa paulada”, resume o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Lima Gonçalves.
O que o governo defende
O governo defende que a principal diretriz para enfrentar a crise é a aprovação das reformas. Em especial, as três propostas de emenda à Constituição (PECs) do Pacto Federativo, que flexibilizam o Orçamento, permitem o controle de gastos obrigatórios e transferem recursos para estados e municípios. E o Plano Mansueto, destinado a socorrer estados e municípios em crise financeira.
Até o momento, a equipe econômica não fala em reforçar o investimento público. Os até R$ 147,3 bilhões anunciados para diminuir o impacto do coronavírus na economia virão de crédito de bancos, postergação de receitas (como a suspensão do pagamento do FGTS e do Simples) e adiantamento de despesas (antecipação do 13º e do abono salarial). Com exceção do reforço de R$ 3,1 bilhões para o programa Bolsa Família, as medidas não incluem aumento de gasto público.
Para este ano, o Orçamento aprovado pelo Congresso no fim do ano passado prevê apenas R$ 22,4 bilhões para investimento público federal, o menor patamar da série histórica do Tesouro Nacional, iniciada em 2007, em valores corrigidos pela inflação. A proposta original do Orçamento enviada pelo governo previa um valor ainda menor: R$ 19,3 bilhões para investimentos. Em 2014, o país registrou o maior nível de investimento, gastando R$ 103,2 bilhões com obras públicas e compra de equipamentos.
O que dizem os especialistas contra a retomada do gasto público
Uma parte dos economistas é contra a retomada do gasto público para combater os efeitos da crise a médio e longo prazo. São dois principais argumentos. Primeiro, que não há espaço fiscal para o Brasil voltar a gastar: o país precisaria se endividar, o que agravaria ainda mais o seu quadro fiscal. E que uma obra pública demora para acontecer, não trazendo resultados imediatos para enfrentar a crise.
“Não é factível pensar no investimento público para recuperar a economia pelo simples fato que o investimento público demora a acontecer. Você não decide hoje fazer investimento público e amanhã tem uma obra acontecendo. Tem que fazer projetos, desapropriar terrenos, tirar licenciamento ambiental, etc. Isso demora pelo menos dois anos”, explica Marcos Mendes, consultor legislativo do Senado e ex-assessor especial dos ex-ministros da Fazenda Henrique Meirelles e Eduardo Guardia.
Mendes diz ainda que, caso o governo decidia aumentar o gasto público e, consequentemente, se endividar, a economia vai acabar se retraindo, ao invés de crescer. “Déficit público está muito grande. Hoje, se o governo aumentar a dívida pública, o que vai acontecer: vai ter um questionamento muito grande sobre a capacidade de o governo pagar a sua dívida pública, as taxas de juros de curto e longo prazo sobre a dívida pública vão aumentar, isso vai afetar as expectativas, o ambiente de incertezas vai aumentar e aí, ao invés de expandir a economia, vai retrair”, argumenta.
Professor de economia da Universidade de Brasília (UnB), Roberto Ellery também tem a mesma visão. “A gente não pode esquecer que foi o excesso de estímulo que botou a gente nessa crise. Então, a gente tem que se desintoxicar de estímulo”, diz o professor, ao se referir às políticas adotadas pelos governos petistas, que culminaram na recessão entre o fim de 2014 até 2016.
“Essa crise, se a epidemia crescer, não é uma questão de gasto público. As pessoas não estão deixando de sair para o restaurante porque está faltando renda. As pessoas estão com medo de pegar a doença. Então você vai estimular o que? Você vai querer que as pessoas saiam de casa?”
Ele diz, ainda, que o governo está correto em manter o compromisso com o ajuste fiscal. “O pior que pode acontecer para o Brasil agora é perder a credibilidade da política fiscal. Se isso acontecer, a gente volta rápido para o cenário pré-teto [de gastos], e o Banco Central vai ter que elevar juros para combater a inflação. Ninguém quer ir isso.”
Para Mendes, o que resta para o governo a médio e longo prazo é fazer reforma econômica. “A gente não pode confundir reforma econômica com ajuste fiscal. Reforma econômica é muito mais que ajuste fiscal. É abrir a economia, fazer privatização, fazer reforma tributária, melhorar o ambiente de negócio. O objetivo final de reforma econômica é tornar tanto o setor público quanto o setor privado mais produtivos.”
O que dizem os especialistas a favor da retomada do gasto público
Já outra parte dos especialistas é a favor da retomada do gasto público. “O governo não fazer nada como política anticíclica é suicídio. Nós mal saímos de uma recessão e voltar agora seria pavoroso”, diz o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Lima Gonçalves.
Como política anticíclica, ele defende a contratação de obras públicas de rápida implementação. “É o governo contratar o setor privado para que essas empresas contratem subempregados para produzir quando o país caminha para a recessão. Nenhuma empresa vai contratar, nenhuma empresa vai investir neste momento. O básico é defender o emprego. É o governo falar para empresa: 'esta aqui a grana, desde que você contrate as pessoas'”, afirma Gonçalves.
Ele diz que não adianta o governo deixar de cobrar imposto neste momento, pois as empresas tendem a demitir do mesmo jeito. O governo anunciou a suspensão por três meses do recolhimento do FGTS para todas as empresas e da parte da União para as empresas optantes do Simples Nacional.
“Existem milhares de coisas para fazer que estão aí. Aqui em São Paulo, se o governo resolver tapar os buracos, você cria centenas e centenas de emprego do dia para a noite. Estamos falando de medidas assim”, defende o economista-chefe do Banco Fator.
Guilherme Mello, professor de economia da Unicamp, afirma que o governo vai precisar capitalizar bancos públicos e transferir renda para a população para reduzir os efeitos que a pandemia do coronavírus vai causar a médio e longo prazo.
“Famílias vão sair mais endividadas. Empresas vão sair mais endividadas. As empresas só vão gerar receita daqui a seis meses. O sistema financeiro vai sair mais fragilizado. Os fundos de investimento vão sair mais pobres. Vamos ter que olhar com atenção para micro e pequenas empresas, economia informal, profissionais de baixa qualificação”, diz Mello. “Vai precisa capitalizar os bancos públicos e dar crédito para famílias e empresas a prazo longo e com carência”, completa.
Ele defende, ainda, uma revisão do conjunto de regras fiscais – teto de gastos, regra de ouro e a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). “A atual agenda fiscal é muito restritiva e impede a atuação do Estado como indutor e ofertante de serviços num momento que o setor privado vai sair muito fragilizado”, analisa o professor da Unicamp.
“As regras atuais vão ser completamente inadequadas [para a crise que vai vir, fruto da pandemia]. Temos que ter uma regra mais flexível, que permita investimento público e em áreas sociais. Essa mesma regra pode estabelecer em qual prazo a dívida pública vai se estabilizar. E, se necessário, se valer de instrumentos tributários, como taxar milionários”, completa.
| Gazeta do Povo (publicado em 17-03-2020) | | |
Seis novos casos de coronavírus foram confirmados pela Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa), nesta terça-feira (17). As novas confirmações ocorreram em Cianorte, Campo Largo, Curitiba, Pinhais e Londrina. Ao todo, no estado, já são 12 pacientes diagnosticados com a doença.
Ainda segundo a Sesa, não há registro de contágio comunitário, todos os casos até agora são considerados importados. A Secretaria não atualizou o número de casos suspeitos e descartados.
No entanto, o dado divulgado hoje pelo Ministério da Saúde, aponta que há 240 suspeitos no Paraná - quase três vezes mais do que o boletim anterior (85)."
| Gazeta do Povo ( publicado em 17-03-2020) | | | Seis novos casos de coronavírus foram confirmados pela Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa), nesta terça-feira (17). As novas confirmações ocorreram em Cianorte, Campo Largo, Curitiba, Pinhais e Londrina. Ao todo, no estado, já são 12 pacientes diagnosticados com a doença.
Ainda segundo a Sesa, não há registro de contágio comunitário, todos os casos até agora são considerados importados. A Secretaria não atualizou o número de casos suspeitos e descartados. No entanto, o dado divulgado hoje pelo Ministério da Saúde, aponta que há 240 suspeitos no Paraná – quase três vezes mais do que o boletim anterior (85).
Pacientes
Ainda de acordo com o boletim da Sesa, as pessoas que estão infectadas em Curitiba com o novo coronavírus são um homem de 28 anos e uma mulher de 26, que viajaram para São Paulo. O caso confirmado em Campo Largo é de uma mulher de 62 anos que esteve na Itália. Já em Pinhais, a confirmação refere-se a um homem de 27 anos que esteve em um evento de uma multinacional, com um palestrante da Espanha e pessoas de diversos estados do país.
No interior do Paraná, a paciente de Cianorte é uma mulher de 62 anos, que esteve nos Emirados Árabes em fevereiro. Ela está em isolamento domiciliar depois de ter sido hospitalizada. Seu quadro clínico é considerado moderado. Já em Londrina, trata-se de uma mulher de 52 anos que viajou para a Itália.
Como prevenir a contaminação por coronavírus
| Tribuna PR (publicado em 17-03-2020) | | | | A prefeitura de Curitiba está convocando profissionais e estudantes da área de saúde para atuar como voluntários no combate ao coronavírus. O objetivo da Secretaria Municipal de Saúde (SMC) é distribuir esses voluntários nas 111 unidades básicas de saúde e nas nove Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Quem quiser se voluntariar, pode ligar para o telefone (41) 3350-9421, das 8h às 18h, a partir de terça-feira (17).
Os voluntários vão ajudar as equipes de saúde na triagem de pacientes e outras atividades que tornem o atendimento dos pacientes mais rápido. Uma das ações que os voluntários poderão ajudar é na campanha de vacinação contra a gripe, que começa na próxima segunda-feira (23).
A SMS também pretende usar os voluntários na Central de Atendimento do Coronavírus, criada sexta-feira (13) para tirar dúvidas sobre infecções do coronavírus e evitar que pacientes com sintomas leves se desloquem até as unidades de saúde. Em média, a Central de Atendimento está atendendo 950 ligações por dia das 8h às 23h. O telefone é (41) telefone 3350-9000.
Quem deve ligar para o telefone 3350-9000 é, prioritariamente, quem viajou nos últimos 30 dias para o exterior e tem os seguintes sintomas: febre e coriza, febre e dor de garganta ou febre e tosse contínua. Devem ligar também quem tiver contato com alguém que tenha retornado de viagem ao exterior.
A Prefeitura criou, ainda, um tira-dúvidas pelo WhatsApp. Para ter acesso à funcionalidade, basta mandar a palavra “Coronavírus” como mensagem para o número (41) 99876-2903.
| Tribuna PR (publicado em 17-03-2020) | | | | Portaria prevê detenção de 15 dias a dois anos, e multa, para quem for diagnosticado com coronavírus e não respeitar isolamento
O Ministério da Justiça anunciou que vai publicar nesta terça-feira, 17, portaria para tornar compulsórias a quarentena e a internação por suspeita do novo coronavírus no Brasil. A informação foi antecipada na semana passada pelo Broadcast Político, serviço de cobertura em tempo real do Grupo Estado. As sanções previstas podem incluir até a prisão.
Com a portaria, as medidas de prevenção ao Covid-19 poderão ser tomadas por agentes locais de saúde, sem necessidade de decisão judicial. Em caso de descumprimento, os gestores locais do Sistema Único de Saúde (SUS), os profissionais de saúde, os dirigentes da administração hospitalar e os agentes de vigilância epidemiológica também poderão solicitar auxílio de força policial em casos de recusa ou desobediência da medida.
De acordo com o texto, assinado em conjunto com o Ministério da Saúde, “há necessidade de comunicação prévia à pessoa afetada sobre a compulsoriedade da medida” de isolamento.
O texto da portaria, à qual o Estadão/Broadcast teve acesso, prevê detenção de 15 dias a dois anos, e multa, para quem descumprir a quarentena. A pena deve variar de acordo com a gravidade do descumprimento à medida.
| Exame ( publicado em 17-03-2020) | | | |
A Sanepar informou que vai ampliar o número de bairros de Curitiba e Região Metropolitana que passarão por rodízio no abastecimento de água. Uma tabela com o nomes e dias em que cada bairro ficaria sem água havia sido divulgada ontem, com a programação até sexta. Agora foram incluídos mais bairros e o cronograma vai até segunda-feira (23).
Nos próximos dias será necessário interromper o fornecimento de água em alguns bairros de Curitiba e região devido à queda na produção causada pela estiagem das últimas semanas. Além disso, houve aumento do consumo em função das altas temperaturas.
A decisão de ampliar a abrangência dos cortes tem por objetivo não prejudicar sempre as mesmas regiões. A parada no abastecimento ocorre às 8 horas, com normalização prevista para a manhã do dia seguinte. Durante a normalização, que ocorre sempre de forma gradativa, a recuperação pode ser mais rápida em algumas regiões do que em outras. Nas áreas mais distantes dos centros de reservação o retorno ocorre mais lentamente. Por isso, a Sanepar pede paciência.
Veja a lista:
Dia 18/03 (Quarta-feira)
Cidade Bairros
Curitiba Água Verde, Fanny, Guaira, Parolin, Prado Velho, Cascatinha (parcial), Sta.Felicidade, São Braz, Rebouças, Campo Comprido, Cidade Industrial, Mossunguê
Araucária Boqueirão, Cachoeira, Capela Velha, Centro, Costeira, Estação, Fazenda Velha, Laranjeiras, Passaúna, Sabiá, Vila Nova, D. Victoria, Jd. Plinio, Iguaçu.
Dia 19/03 (Quinta-feira)
Cidade Bairros
Curitiba Água Verde, Boqueirão, Capão Raso, CIC, Fanny, Fazendinha, Guaira, Hauer, Lindoia, Novo Mundo, Pinheirinho, Portão, Santa Quitéria, Seminário, Vila Izabel, Xaxim.
Dia 20/02 (Sexta)
Cidade Bairros
Piraquara Capoeira dos Dinos, Vila Santa Helena, Jardim Águas Claras, Jardim Dos 21/03/2020 08:00 Estados, Jardim Veneza, Vila Osternack, Jardim Mirte, Jardim das Laranjeiras, Vila
Curitiba Bairro Alto
Curitiba (parcialmente) Tarumã, Capão da Imbuia, Bacacheri, Jardim Social, Barreirinha, Boa Vista, Santa Cândida, Tingui, Atuba, Campo de Santana, CIC, Ganchinho, Pinheirinho, Sítio Cercado, Tatuquara, Umbará
Colombo (parcial) Atuba
Dia 21/03 (Sábado)
Cidade Bairros
Pinhais Weissópolis 1, Palmital 1 e 2, Rural, Centro 1 e 2, Vila Amélia 2, Alto Atuba 1 e 2, Emiliano Perneta 1, Centro 1 e 2, Palmital 2, Rural, Eståncia Pinhais 1 e 2, Sete Vilas.
Curitiba Jardim das Américas
Curitiba (parcial) São Francisco, Bom Retiro, Mercês, Abranches, Bigorrilho, Mercês, Pilarzinho, São Lourenço, Vista Alegre, Cascatinha, São João, Cajuru, Uberaba, Boqueirão, Guabirotuba, Alto Boqueirão, Hauer.
22/03 (Domingo)
Cidade Bairros
Curitiba (parcial) Hauer, Guabirotuba, Boqueirão, Cajuru, Uberaba, Alto 23/03/2020 08:00 Boqueirão, Capão Raso, CIC, Pinheirinho, Sítio Cercado, Tatuquara.
A Sanepar orienta ainda que é essencial fazer uso racional e consciente da água, priorizando o consumo humano para alimentação e higiene pessoal. A população deve evitar desperdícios e adiar atividades não emergenciais, como lavagem de carros e calçadas. Outras recomendações são reutilizar a água do enxágue da máquina de lavar ou do tanque para lavagem de calçados, pisos, tapetes, rega de plantas e mesmo para descarga de vasos sanitários.
Outras orientações são verificar vazamentos em torneiras e tubulação interna do imóvel, reduzir o tempo de chuveiro e manter fechada a torneira em atividades como escovar os dentes, fazer a barba e lavar a louça.
Clientes que não possuem caixa-d’água domiciliar podem ficar desabastecidos temporariamente. A Sanepar lembra que, de acordo com norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), cada imóvel deve ter caixa-d’água com capacidade para atender as necessidades dos moradores por, no mínimo, 24 horas.
O Serviço de Atendimento ao Cliente Sanepar é feito pelo telefone 0800 200 0115. Ao ligar, tenha em mãos a conta de água ou o número de sua matrícula.
| Bem Paraná ( publicado em 17-03-2020) | | | | Insumos frescos, como frutas e legumes, não propagam o vírus se higienizados propriamente| Foto: Nay Klym/Arquivo Gazeta do Povo
Há muitas dúvidas sobre a transmissão do novo coronavírus, e uma delas é sobre a contaminação de alimentos. Para essa pergunta, a resposta curta é: não há perigo, basta higienizá-las da maneira correta.
“Não há risco de transmissão por alimentos, a não ser que o alimento tenha sido exposto à secreção respiratória de uma pessoa contaminada. Se você tem dúvida, faça a limpeza do alimento antes de consumi-lo. Até agora, não há relato nenhum de transmissão por alimento”, afirma Jaime Rocha, médico infectologista e professor de infectologia da Pontifícia Universidade Católica o Paraná (PUCPR).
Para alimentos que serão consumidos in natura, como folhas e frutas, a higienização é feita como preconiza a segurança alimentar: lavar em água corrente para retirar sujeiras, parasitas e pequenos insetos e depois deixar de molho em solução clorada por 15 minutos, em média. Só então enxaguar em água corrente.
“Temos de entender que deveríamos estar fazendo isso sempre”, aconselha Lidiane Barbosa, chef de cozinha e consultora de restaurantes. Essa prática evita a proliferação de diversos micro-organismos que podem causar doenças ou intoxicações, não apenas a Covid-19.
“O vírus só se multiplica em hospedeiro vivo e não nos alimentos. Ele permanece vivo por algumas horas, mas morre quando o alimento é cozido ou higienizado propriamente”, esclarece Bruna Zanette, nutricionista especializada em qualidade de alimentos. “O vírus é diferente da bactéria, que se multiplica em outras superfícies”, complementa.
Além de evitar aglomerações e higienizar as mãos constantemente, há pequenas ações no dia a dia que podem diminuir o risco de contágio. Listamos abaixo o que você precisa colocar na sua rotina para evitar a Covid-19 e outros micro-organismos:
Higienize todos os produtos assim que chegar em casa antes de guardá-los na geladeira, fruteira ou despensa. Aplique álcool 70º com pano limpo ou papel toalha em embalagens.
O que for consumido cru, como folhas e frutas consumidas com casca, precisa ser lavado e desinfetado em solução clorada: use 10 ml de hipoclorito de cloro para cada 1 litro de água e mantenha os alimentos imersos de 10 a 30 minutos. Enxágue em água corrente e seque bem com papel-toalha ou pano de prato limpo. Guarde em geladeira em saco plástico fechado ou em um recipiente com tampa.
Resista à tentação de provar um pedaço de fruta na feira: a polpa exposta pode se contaminar pela manipulação constante e pelas pessoas falando próximo
Não compre legumes e frutas já porcionados para comer cru, pois foram manipulados e não é possível desinfetá-los em solução clorada.
Evite comprar alimentos a granel que sejam consumidos crus. Se comprar castanhas, por exemplo, torre no forno ou inclua em uma receita que passe por cocção, como um bolo.
Prefira consumir proteína animal cozida, pois o calor elimina os micro-organismos.
Caso tenha legumes ou raízes excedentes, pré-prepare em forno ou leve cocção, sem finalizar o cozimento. Porcione e congele por até 3 meses.
Não use talheres ou copos compartilhados sem higienizar corretamente: lave com água quente e sabão e borrife álcool ao final.
O responsável pelas refeições da casa deve ser, preferencialmente, alguém que esteja assintomático. Mesmo assim, evite falar, cantar ou conversar enquanto prepara a comida.
Se você está com sintomas de Covid-19 ou está em um dos grupos de risco, prefira fazer compra on-line com entrega domiciliar ou peça para alguém ajudar durante esse período.
Lave as garrafas de água de uso individual, deixando de molho em solução clorada por dez minutos, todos os dias, após o uso.
Geladeira e micro-ondas também precisam ser limpos uma vez por semana para evitar propagação de micro-organismos. Lave com água e detergente, enxágue, e finalize passando álcool 70º
Mantenha a superfície de trabalho na cozinha limpa com água, sabão e em seguida desinfetada com álcool 70º ou água fervente. O mesmo vale para panos de prato, maçaneta, torneiras e outros espaços constantemente tocados na casa"
| Gazeta do Povo | | | | Os ônibus do transporte público metropolitano e de Curitiba passaram, desde esta terça-feira, 17, a ter uma a limpeza especial, complementada com álcool ou desinfetante nos balaústres e outros locais de apoio dos passageiros.
Embalagens com álcool gel serão disponibilizados para motoristas, cobradores dentro dos ônibus. Essas são algumas das medidas anunciadas pela Secretaria de Trânsito (Setran) e Metrocard, empresa de bilhetagem eletrônica que atua junto a 18 empresas do transporte público metropolitano de Curitiba e Região.
Segundo as informações da Prefeitura de Curitiba, haverá um reforço na higienização dos ônibus e na limpeza dos veículos nas garagens das empresas. “Estão previstas também a instalação de recipientes com álcool gel para os cobradores e campanha informativa por áudio nos biarticulados e nas telas da Midiaplan nos veículos que circulam e Curitiba”, de acordo com boletim de Trânsito da Prefeitura de Curitiba.
O mesmo cuidado será adotado pelas empresas que atendem ao transporte metropolitano, conforme determinação da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), a exemplo da Viação Castelo Branco que fez a higienização dos veículos na manhã de ontem. Os 50 veículos da empresa transportam por dia 12.400 passageiros.
Segundo Ayrton Amaral Filho, CEO da Metrocard, a empresa orienta para que as medidas para a prevenção do coronavírus sejam reforçadas em todas as empresas. Amaral Filho afirmou ainda que álcool gel deve ser disponibilizado para os funcionários, especialmente motoristas e cobradores e os terminais metropolitanos devem receber a instalação de embalagens para disponibilizar álcool gel para os passageiros
“Além destas medidas foram criadas três peças publicitárias que serão divulgadas, em áudio, com recomendações aos passageiros”, afirma Amaral Filho. “Entende-se que o momento é de tomar todas as precauções possíveis e de proteger a todos que viajam no transporte metropolitano de Curitiba”, diz.
Orientação
A Urbs (Urbanização de Curitiba) está recomendando que idosos, a partir de 70 anos, evitem utilizar ônibus em horários de pico — de 6 às 9 horas; das 11 às 14 horas; e das 17 às 19 horas.
Terminais funcionarão normalmente
Cartazes informativos serão colocados em terminais, dentro dos ônibus e em postos de venda de créditos do sistema de transporte. Outra medida é o isolamento de bebedouros, localizados em terminais, em que os usuários bebem diretamente nas torneiras dos equipamentos.
Os ônibus e terminais, no entanto, vão operar normalmente, sem nenhum tipo de restrição em relação à aglomeração de pessoas. A Rodoviária de Curitiba, local de grande fluxo de passageiros, por onde passam cerca de 18 mil pessoas por dia, também terá áudio e cartazes com informações sobre prevenção. O terminal já implantou 12 dispensers de álcool gel para os passageiros.
| Bem Paraná ( publicado em 17-03-2020) | | | | Medida tomada por causa do coronavírus deve ter efeito até 31 de dezembro de 2020
O governo Jair Bolsonaro anunciou que vai solicitar ao Congresso o reconhecimento do estado de calamidade pública no país em decorrência do coronavírus.
A medida, com validade até 31 de dezembro de 2020, será adotada em razão da necessidade de elevar gastos públicos. Se a calamidade pública for reconhecida pelo Congresso, o governo não será mais obrigado a observar a meta de resultado primário e a fazer contingenciamento das despesas para cumprir as estimativas iniciais.
A previsão para 2020 era de um déficit primário de R$ 124,1 bilhões.
De acordo com nota divulgada pela Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República), o pedido será feito também por causa do "monitoramento permanente da pandemia Covid-19" e em virtude "de proteger a saúde e os empregos dos brasileiros e da perspectiva de queda de arrecadação".
"O reconhecimento do estado de calamidade pública tem suporte no disposto no art. 65 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) o qual dispensa a União do atingimento da meta de resultado fiscal prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e, em consequência, da limitação de empenho prevista na LRF", escreveu a Secom.
Segundo o órgão do Palácio do Planalto, o governo "reafirma seu compromisso com as reformas estruturais necessárias para a transformação do Estado brasileiro, para manutenção do teto de gastos como âncora de um regime fiscal que assegure a confiança e os investimentos para recuperação de nossa dinâmica de crescimento sustentável".
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), aprovou a iniciativa do Executivo.
"A medida é essencial, é fundamental. A gente vem defendendo isso desde a semana passada, de que sem a intervenção do Estado com recursos na saúde e também na garantia dos empregos e na proteção dos mais vulneráveis, nós íamos ter dificuldade de passar por essa crise. Acho que a decisão está na linha correta. A mensagem deve chegar amanhã", afirmou Maia.
Segundo ele, "não há outra saída". "Sem o aumento do gasto público, o Brasil teria muita dificuldade de passar por essa crise, tanto do ponto de vista da saúde pública, quanto na garantia dos empregos e na proteção dos mais vulneráveis. A medida terá o total apoio do Parlamento", disse.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), também apoiou a iniciativa do governo federal.
"O Congresso Nacional fará tudo o que estiver ao seu alcance para auxiliar o Executivo neste momento de crise, dando flexibilidade econômica para fazer investimentos no combate ao coronavírus", afirmou Alcolumbre.
Na oposição, a medida também foi bem recebida.
"Este pedido do governo vai na linha do que já vínhamos defendendo. Inclusive, a flexibilização do déficit fiscal foi tema de conversa, hoje, com o ministro Paulo Guedes [Economia]. Aguardamos que as demais medidas apresentadas ao ministro da Economia sejam anunciadas o quanto antes", afirmou o líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon (RJ).
O economista Marco Mendes, ex-assessor especial do antigo Ministério da Fazenda e hoje colunista da Folha, considerada a medida acertada. Mendes lembra que há duas regras fiscais muito importantes no Brasil: o teto do gasto, que limita despesa, e o resultado primário, que limita a diferença entre receita e despesa.
Com a crise, destaca ele, a receita vai cair demais. Não haverá como segurar o resultado primário conforme o programado sem que se faça um corte drástico de despesa, o que o atual momento impede.
“O receituário adotado pelo governo está correto, porque ele está deixando o déficit aumentar, sem abrir mão do teto de gastos”, afirma Mendes. “Mas o importante que sejam medidas temporárias, que possam ser revertidas depois, ao contrário do que aconteceu na crise de 2009, quando se criaram medidas de estímulos que depois foram mantidas, como a desoneração da folha de pagamento que existe até hoje.”
Segundo Mendes é primordial que os recursos liberados seja destinados à ações urgentes em áreas sensíveis: reforço da saúde, garantia de renda dos mais pobres e capital de giro para as empresas. “Tudo temporário”, diz.
Para evitar que os políticos avancem o sinal e peçam mais benefícios que o necessário, Mendes recomenda atenção redobrada. “Vai ser preciso mão de ferro na gestão”, afirma.
Segundo técnicos do Congresso, esta é a primeira vez na história que há um pedido de reconhecimento de estado de calamidade pública em nível nacional.
De acordo com eles, não há previsão constitucional para a edição de um decreto nesse sentido. Como a LRF cita o instrumento em caso de calamidade, é possível aprová-lo. Não deverá haver contestação por causa da situação de emergência.
O governo deve encaminhar a mensagem ao Congresso. A medida deve tramitar como um "decreto legislativo" e ser submetida à votação nas duas Casas. Basta a maioria simples em ambas as Casas —metade mais um dos presentes— para aprovar a proposta.
Na avaliação de Maia, deve haver quórum nesta quarta-feira (18) para garantir a votação imediata na Câmara.
O Senado, no entanto, está esvaziado, e a expectativa inicial é de que a apreciação só ocorra na próxima semana, já pelo sistema de deliberação a distância.
Técnicos legislativos que ajudaram a construir o Orçamento afirmam que a medida não permite ao governo alterar as dotações das emendas dos deputados e senadores e as do relator, Domingos Neto (PSD-CE), alvo de disputa entre Executivo e o Congresso. Esse impasse, que já dura mais de um mês, gira em torno da divisão de R$ 30,8 bilhões.
Especialistas da Câmara veem ainda um fator de segurança jurídica na medida. A ação pode dar respaldo à União caso seja necessário mandar fechar comércio, obrigar internação compulsória e outras medidas sem a autorização da Justiça.
A medida pode abrir espaços para os Estados e municípios decretarem situações similares e renegociarem a suspensão ou o parcelamento de dívidas com a União enquanto durar a crise provocada pela pandemia. Na segunda-feira (16), por exemplo, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), já havia pedido que o governo federal flexibilizasse os pagamentos.
Como consequência, também deixa de ser exigido que o governo faça contingenciamentos (bloqueio de recursos de ministérios) caso perceba um descasamento entre arrecadação e gastos.
O estado de calamidade ainda suspende o prazo de adequação das contas caso sejam ultrapassados os limites de despesas com pessoal.
A decisão do governo federal de pedir a decretação de calamidade pública foi pela via mais radical para permitir a expansão de gastos e fazer frente aos efeitos da crise do coronavírus.
Na equipe econômica, outra possibilidade aventada era pedir ao Congresso apenas um afrouxamento da meta fiscal. Assim, seria possível ampliar despesas por meio de créditos extraordinários, que não são contabilizados no teto de gastos.
Na sexta-feira (20), o governo tem de divulgar o relatório bimestral de avaliação fiscal. A expectativa é que seja feito um corte de ao menos R$ 20 bilhões no Orçamento.
Como a medida ainda precisa passar por avaliação do Congresso, é provável que não haja tempo para evitar o contingenciamento previsto para esta semana.
Em caso de aprovação da calamidade, esse bloqueio poderá ser revertido.
LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA DO GOVERNO JAIR BOLSONARO
"Em virtude do monitoramento permanente da pandemia Covid-19, da necessidade de elevação dos gastos públicos para proteger a saúde e os empregos dos brasileiros e da perspectiva de queda de arrecadação, o Governo Federal solicitará ao Congresso Nacional o reconhecimento de Estado de Calamidade Pública. A medida terá efeito até 31 de dezembro de 2020.
O reconhecimento do estado de calamidade pública tem suporte no disposto no art. 65 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) o qual dispensa a União do atingimento da meta de resultado fiscal prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e, em consequência, da limitação de empenho prevista na LRF.
O Governo Federal reafirma seu compromisso com as reformas estruturais necessárias para a transformação do Estado brasileiro, para manutenção do teto de gastos como âncora de um regime fiscal que assegure a confiança e os investimentos para recuperação de nossa dinâmica de crescimento sustentável.
Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República"
| Folha de S. Paulo ( publicado em 17-03-2020) | | | | Medidas ainda estão em avaliação; setor de serviços teme demissões por causa do coronavírus
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (17) que o governo estuda conceder uma ajuda financeira para trabalhadores informais para amenizar os danos do coronavírus.
Paralelamente, para evitar demissões, a equipe econômica estuda permitir empresas a suspenderem contratos de trabalho por 60 dias e que funcionários tenham acesso ao seguro-desemprego no período.
As medidas são discutidas enquanto cresce a pressão para que recursos do Tesouro sejam usados para amenizar a crise, mas Guedes tem resistido à pressão sugerindo recursos de outras fontes. De qualquer forma, a equipe econômica já tem sobre a mesa a possibilidade de alterar a meta fiscal ou até mesmo a de o governo decretar estado de calamidade, o que poderia liberar o cumprimento da meta.
Ainda não há, porém, consenso no governo sobre as medidas.
A iniciativa para permitir a suspensão de contratos de trabalho foi citada em reuniões como uma possível resposta às preocupações principalmente do setor de serviços, que teme a necessidade de demissões causadas pela desaceleração da atividade em meio à crise da pandemia. As medidas ainda estão em avaliação e o martelo ainda não foi batido.
Representantes da iniciativa privada chegaram a pedir, por meio do presidente Jair Bolsonaro, o uso de dinheiro público para ajudar a pagar salários. Mas Guedes é contrário. Por isso, surgiu a possibilidade de uso dos recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), responsável pelo pagamento do seguro-desemprego e do abono salarial, para injetar dinheiro na economia.
Mesmo assim, tem buscado alternativas. Por isso, surgiu a possibilidade de uso dos recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), responsável pelo pagamento do seguro-desemprego e do abono salarial.
A medida seria um redesenho em planos anteriores da equipe econômica, que chegou a enviar ao Congresso em novembro uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que extinguiria o FAT e mais 247 fundos públicos.
Bolsonaro afirmou em redes sociais nesta terça-feira (17) que está em estudo um mecanismo de vouchers para trabalhadores.
"O que o Paulo Guedes (Economia) falou para mim hoje é que a economia informal, ou que vive da informalidade, teria uma ajuda por algum tempo, algo parecido com um 'voucher'. Está faltando definir o montante e como é que vai organizar o pagamento", afirmou.
A intenção foi mencionada depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar que poderia aumentar os gastos públicos com seguro-desemprego, subsídios a trabalhadores (como licenças médicas remuneradas) ou mesmo distribuição de vouchers para alimentação e realocação de pessoas.
Segundo Bolsonaro, a possibilidade "está na mesa". O presidente contou que esteve nesta segunda (16) com um líder sindical dos setores de hotéis e restaurantes, que representa, de acordo com ele, cerca de seis milhões de trabalhadores.
"E muitos deles, talvez 60% um pouco mais, vivem da informalidade. Muita gente não está saindo à noite, não vai almoçar fora para evitar contato e isso leva ao desemprego. Então, o desemprego está aí, e uma pessoa desempregada passa a se alimentar mal e se torna uma pessoa menos resistente ao vírus", disse.
"A economia tem sua importância nessa crise que se aproxima, mas vejo muito alarmismo. Temos que nos preocupar, sim, mas não com esse alarmismo todo porque vamos passar por isso", continuou o presidente, minimizando novamente os efeitos da crise.
Bolsonaro foi questionado sobre os efeitos da crise no transporte público e os riscos de os serviços serem interrompidos. O presidente disse que o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, deverá falar sobre o tema em entrevista nesta quarta (18), mas afirmou que "se o Brasil parar vai ser um caos, vai morrer mais gente pela economia que não anda do que pelo coronavírus".
Bolsonaro ainda disse que está na agenda a divulgação de medidas para ajudar empresas aéreas, afetadas pela queda na demanda e pelo patamar do câmbio (grande parte dos custos das companhias são em moeda estrangeira).
"Talvez o Paulo Guedes anuncie. Fica muito mais caro se você não colaborar. Demissões virão", disse.
PIS/PASEP
A equipe econômica tem ressaltado, no entanto, que a preferência é por medidas que não impactem as contas públicas. Entre as iniciativas avaliadas pela equipe de Guedes, também está a liberação de recursos do FGTS a empregados sócios de pequenas empresas e trabalhadores de empresas afetadas durante o período da pandemia.
A medida seria possível após a transferência de R$ 21 bilhões em recursos parados no PIS/Pasep para o cofre do FGTS a fim de distribuir esse dinheiro à população.
O secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, falou nesta semana que o objetivo da transferência para o FGTS é dar mais liquidez ao fundo para ampliar as possibilidades de saques para os cotistas no futuro.
A equipe econômica assegura que as medidas vão manter a sustentabilidade do FGTS. O limite de saque deve ser o teto do INSS (pouco mais de R$ 6 mil), conforme já sinalizou Guedes.
BANCO DE HORAS E HOME OFFICE
Também estão sobre a mesa medidas para ampliação e simplificação do uso de banco de horas, férias coletivas, redução e ou escalonamento de jornada de trabalho e home office.
O governo vai buscar ainda a aprovação do projeto de lei complementar que institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (147/2019), que possibilita caminhoneiros de se tornarem microempreendedores individuais.
As ações se somariam a outras já anunciadas. Considerando as medidas apresentadas na segunda-feira (16) e na semana passada, as propostas divulgadas por Guedes teriam impacto de R$ 147,3 bilhões.
As medidas são uma tentativa do governo de dar fôlego à economia enquanto o país passa pela crise do coronavírus. A pandemia já levou o governo a revisar a projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano de 2,4% para 2,1%. As previsões do mercado, no entanto, estão em queda mais forte. A mais recente mediana do mercado, captada pelo Banco Central, ficou em 1,68%.
“Precisamos fazer um contra-ataque para atenuar os impactos econômicos [do coronavírus]. Os impactos podem ser sérios”, afirmou Guedes nesta semana. Ele não quis, no entanto, comentar se economia ainda vai crescer 2% neste ano. O percentual foi prometido por ele há algumas semanas no caso de as reformas avançarem no Congresso.
Apesar da medida, mais uma vez, ele diminuiu o impacto do vírus."Há uma certa histeria, como se fechasse fronteira fosse resolver o problema. Alguns querem que a gente feche os aeroportos. A gente não sabe as consequências disso tudo. A última informação é que a Itália começou a regredir (o número de casos)", disse.
A Itália é um dos países mais atingidos pela crise, com mais de 1.800 mortes. O governo do país determinou quarentena a todos os moradores e a circulação só é permitida com a autorização dos agentes de segurança e respeitando alguns critérios.
Ao comentar o número de mortes no país, Bolsonaro disse que a Itália é "um país parecido com um bairro de Copacabana".
"Onde cada apartamento tem um velhinho, ou casal de velhinhos, então são mais sensíveis, morre mais gente", afirmou o presidente, para comentar o número de óbitos no país europeu.
Bolsonaro disse que quando há uma morte detectada por coronavírus, há outras doenças no quadro.
"Tem que levar em conta como um todo do que a pessoa faleceu. Se pega uma gripe qualquer a pessoa poderia ter falecido também. Não pode ter histeria, se for para histeria, fica todo mundo maluco, as consequências são as piores. Em alguns países tem saques, pode ter um aproveitamento político."
| Folha de S. Paulo ( publicado em 17-03-2020) | | | | Investidores não residentes tiraram US$ 10 bilhões (R$ 50 bilhões) desde 21 de janeiro
A crise financeira provocada pelo coronavírus levou a uma saída recorde de dinheiro de investidores internacionais dos países emergentes.
A fuga para ativos seguros ou para cobrir perdas em outras praças vem superando, e muito, a debandada de dez anos atrás, no desastre global da Grande Recessão, e em outras crises importantes.
O Brasil é um dos países de onde os investidores não residentes mais tiraram dinheiro: US$ 10 bilhões (R$ 50 bilhões) desde 21 de janeiro. As saídas têm sido contínuas e crescentes desde então, só um pouco atrás de Taiwan (US$ 10,9 bilhões) e Coreia (US$ 10,3 bilhões.)
Na América Latina, a Colômbia quase não sofreu retiradas e o México perdeu menos de US$ 1,7 bilhão, segundo atualização do Institute of Internacional Finance (IIF, a Febraban mundial).
A consequência direta desse movimento no Brasil e demais países tem sido a desvalorização acentuada de suas moedas, pois os investidores geralmente tiram seus recursos dos países em dólares.
O IIF prevê uma contínua pressão sobre as contas externas e reservas em moeda estrangeira dos emergentes.
No Brasil, as intervenções do Banco Central no mercado de câmbio têm sido quase que diárias. Mesmo assim, a moeda subiu de R$ 4,21 para R$ 5 (20%) desde 21 de janeiro, refletindo essas retiradas.
A previsão é que muitos emergentes terão de conviver durante um período longo à frente com déficits crescentes em conta-corrente devido a fluxos menores para eles tanto de investimentos de curto prazo, como os dirigidos às Bolsa de Valores, quanto os produtivos.
Resultado das transações comerciais de um país com o resto do mundo –sobretudo de exportações e importações–, déficits elevados tendem a manter o dólar em alta, o que pressiona empresas endividadas em moeda estrangeira e, eventualmente, a inflação.
Ao contrário do que ocorreu após os piores meses da Grande Recessão, o Brasil desta vez pode demorar bem mais tempo para se recuperar dos efeitos da Covid-19 e voltar a atrair investidores.
Em 2010, no ano seguinte ao pior da crise da década passada, o Brasil cresceu 7,5% e mantinha as contas públicas em ordem.
Neste ano, se conseguir repetir algo próximo ao patamar de 1% de alta do PIB dos últimos três anos, já terá sido uma boa notícia.
O Brasil também não tem hoje, como havia em 2010, espaço no Orçamento público para gastar muito e enfrentar a crise sem comprometer a trajetória da dívida pública, já perto de 80% do PIB –eram 55% há dez anos.
Nos últimos anos, apesar do crescimento medíocre, o Brasil ainda atraía investidores por dois motivos: 1) pagava juros reais (acima da inflação) maiores na comparação com outros países e 2) se beneficiou da alta liquidez internacional, que aumentou o apetite por risco.
Agora, com um diferencial de juros menor e o trauma recente, a tendência dos investidores é buscar segurança –algo em falta no Brasil.
| Folha de S.Paulo | | | | China e principais economias irão se recuperar no segundo semestre, mas depende da evolução da doença em outros países
A China pode ter deixado para trás a fase mais aguda da crise provocada pela pandemia do coronavírus, que teve seu epicentro no país asiático, mas o ritmo acelerado da disseminação da doença em outras regiões continua alimentando projeções pessimistas para a economia global.
Em relatório publicado nesta terça (17), o banco de investimentos Goldman Sachs previu que a atividade econômica nos Estados Unidos, na Europa e no Japão sofrerá contração no segundo trimestre deste ano, minando a recuperação da China após o tombo causado pela doença no primeiro trimestre.
O banco estima que a economia chinesa, a segunda maior do planeta, tenha sofrido uma contração de 9,3% no primeiro trimestre, quando as medidas adotadas para conter o coronavírus impuseram quarentena a milhões de pessoas e provocaram a interrupção da produção nas indústrias.
De acordo com estatísticas divulgadas na segunda (16), a produção industrial da China caiu 13,5% nos primeiros dois meses do ano, em comparação com o mesmo período do ano anterior. As vendas do comércio diminuíram 20,5% e os investimentos em máquinas e outros ativos fixos caíram 24,5%.
Com a redução do número de novos casos da doença notificados na China, que atingiu um pico no início de fevereiro e diminuiu desde então, os economistas preveem que a economia chinesa se recuperará no segundo trimestre, mas num ritmo ainda lento.
Os economistas do Goldman Sachs preveem que a China crescerá 1,5% no próximo trimestre, mas afirmam que a retomada poderá ser prejudicada pelos efeitos da disseminação da doença nos Estados Unidos e na Europa, onde o número de casos de infectados pelo coronavírus continua crescendo.
O banco, que previa crescimento de 5,5% na China neste ano antes da crise, agora aposta em 3%. Se a projeção se confirmar, será o pior resultado alcançado pela economia chinesa desde 1976, quando o país foi atingido por um terremoto e pelas incertezas criadas pela morte de Mao Tsé-Tung.
Os economistas acreditam que a China e as outras principais economias irão se recuperar no segundo semestre, mas reconhecem que isso vai depender da evolução da doença nos outros países onde ela ainda está começando a se espalhar, e das medidas tomadas para conter os prejuízos econômicos.
Num cenário que parte do pressuposto de que a pandemia estará sob controle em poucos meses, o Goldman Sachs prevê que a economia mundial crescerá 1,25% neste ano. Embora o resultado seja positivo, será o terceiro pior alcançado pela economia global em quatro décadas, se confirmado.
As projeções mais recentes do FMI (Fundo Monetário Internacional), divulgadas em janeiro, antes da crise do coronavírus, indicavam um crescimento de 3,3% neste ano. Os economistas da instituição deverão rever suas previsões novamente em abril.
Em boletim distribuído aos clientes de sua consultoria no início desta semana, o ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore observou que o cenário ainda é repleto de incertezas. "O mundo nunca viveu um choque como este, e por isso todos os cenários são incertos", escreveu.
Na sua opinião, os efeitos econômicos da disseminação do vírus poderão ser passageiros se as medidas tomadas pelas autoridades para conter o contágio tiverem êxito ao reduzir o ritmo acelerado em que a doença se propaga. "Caso contrário, o mundo pode caminhar para uma recessão", disse.
A consultoria IHS Markit, que monitora expectativas do setor privado com pesquisas feitas com executivos de centenas de empresas no mundo inteiro, reviu em fevereiro sua projeção para o crescimento da economia mundial, reduzindo-a de 2,1% para 1,8%, antes mesmo do aprofundamento da crise.
Nesta semana, seu principal analista para a economia americana, o economista Joel Prakken, previu que os Estados Unidos sofrerão uma contração de 5,4% no trimestre em curso. Mesmo contando com uma recuperação da atividade no segundo semestre, ele prevê uma contração de 0,2% nos EUA neste ano.
Além da ruptura das cadeias de suprimento globais da indústria, da queda da demanda pelas exportações de produtos americanos e da diminuição da produção de petróleo, ele aposta numa redução drástica do consumo, cujos efeitos ainda se farão sentir no segundo semestre do ano.
O IIF (Instituto de Finanças Internacionais), associação que representa os maiores bancos do mundo, que atualizou suas projeções no início de março, prevê crescimento de 1% neste ano, o pior resultado desde a crise financeira internacional de 2008, que fez o mundo mergulhar em recessão.
Ao anunciar a nova estimativa, os economistas do instituto chamaram atenção para fragilidades na economia da Alemanha, em especial no setor automobilístico, no Japão, no Brasil e em outros países considerados emergentes que ainda não tinham sido atingidos pela crise do coronavírus.
| Folha de S. Paulo | | | | Se um banqueiro põe os clientes em risco, a responsabilidade é dele, e não do Estado
Os bancos, os comentaristas, e até o presidente Trump garantem: esta crise não é financeira. Porém, enquanto tentam nos convencer, as notícias sobre o sistema bancário baseado no dólar nos remetem cada vez mais à tenebrosa crise de 2008.
A partir dos gatilhos do coronavírus e da guerra de preços de petróleo, observa-se uma súbita escassez de caixa nas empresas e nos bancos, a despeito das bazucas de injeção monetária detonadas pelos bancos centrais nos últimos dias.
Os setores sensíveis ao coronavírus e ao petróleo representam apenas 15% dos títulos de dívida totais. Não houve até agora rebaixamentos de notas de rating nem inadimplência ou quebradeira. O que está causando a falta de caixa?
Durante a crise de 1982, Brasil, México e Argentina deixaram de honrar seus compromissos em razão dos juros em alta. Os empréstimos a países em desenvolvimento representavam menos de 15% da carteira de ativos dos bancos, mas mais de 2,5 vezes seu capital, que é o colchão patrimonial cuja função é resguardar a solvência do banco.
Brasil e companhia quebraram o Citibank e boa parte de Wall Street, evaporando seu capital, para desespero do Fed e de seu então chefe, Paul Volcker.
No século 3 a.C., Arquimedes descobriu o princípio da alavanca. Uma tábua apoiada num ponto fixo multiplica a força mecânica aplicada ao peso que se encontra na outra extremidade, próximo ao ponto fixo.
O princípio da alavanca transposto para investimentos significa que você pode comprar mais ativos do que possui em dinheiro, por meio de uma dívida. Quanto maior a dívida levantada para comprar ativos, maiores serão os ganhos (na alta) e as perdas (na queda).
O sistema financeiro internacional é baseado em uma alavancagem insustentável. Os bancos têm só $ 7 de capital para absorver perdas e $ 93 de dívidas (e passivos de curto prazo) para cada $ 100 em ativos.
Na segunda-feira (16), a Bolsa de Nova York caiu 12%. Se os ativos dos bancos se comportassem como a Bolsa, em apenas um dia os bancos quebrariam e ainda ficariam devendo mais de meio patrimônio.
Ou seja, quando caem os preços dos ativos, a dívida fica evidenciada, há corrida por liquidez pelas empresas, o caixa dos bancos sofre pressão. A alavancagem descomunal torna o sistema inerentemente instável e destrói de tempos em tempos poupanças de vidas, mas não o emprego dos banqueiros que alavancaram o sistema.
Depois da crise de 1982, Volcker liderou os esforços para estabelecer padrões internacionais de capital mínimo dos bancos, as chamadas regras da Basileia, do Bank for International Settlements (BIS), uma espécie de cartel dos bancos centrais. No entanto, os banqueiros integram o comitê da Basileia e não permitem o aumento do capital mínimo exigido.
O ex-banqueiro central Charles Goodhart, um dos únicos que tiveram acesso restrito às atas sigilosas do BIS, confirma que as causas fundamentais das crises desde então nunca foram endereçadas: a falta de capital e a responsabilização dos acionistas e administradores dos bancos.
Nesta crise, a escolha é novamente empurrar a realidade para baixo do tapete. Os bancos exigem ainda mais alavancagem e a desconsideração das regras prudenciais. Novamente, a conta associada às barbeiragens dos banqueiros será “externalizada”, ou seja, haverá resgate disfarçado, com a conta enviada ao contribuinte. Como o social-democrata Obama patrocinou em 2008.
Liberais obviamente são contra o socorro a banqueiros (ou empresários) irresponsáveis com dinheiro tomado do cidadão. Se um banqueiro põe seus clientes em risco, a responsabilidade é dele, e não do Estado.
Helio Beltrão - Engenheiro com especialização em finanças e MBA na universidade Columbia, é presidente do instituto Mises Brasil.
| Folha de S. Paulo | | | | As reuniões entre representantes do Sindimaq, sindicato patronal da indústria de máquinas e equipamentos, e do Sinaees-SP, da indústria de eletroeletrônicos, com líderes das centrais CUT e Força Sindical, foram adiadas da tarde de quarta-feira, 18, para a tarde de quinta, 19, informou nesta terça-feira, 17, o presidente-executivo da Abimaq, José Velloso.
As reuniões têm o objetivo de abrir discussões sobre a possibilidade de adotar férias coletivas e fazer suspensões de contratos de trabalho (lay-offs) para enfrentar a crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus, como disse Velloso ao Estadão/Broadcast, em nota publicada mais cedo.
Velloso, que cobra mais medidas de mitigação da crise pelo governo federal, com foco na manutenção de empregos, crê que indústrias e sindicatos terão que chegar a acordo sobre férias coletivas e "lay-offs" ainda este mês.
As reuniões foram adiadas porque um dos negociadores representantes dos empregadores teve um problema particular.
| Bem Paraná ( publicado em 17-03-2020) | | | | Presidentes da CUT e Força Sindical se reuniram com Rodrigo Maia
Os presidentes da CUT, Sérgio Nobre, e da Força Sindical, Miguel Torres, se reuniram com Rodrigo Maia para propor a criação de um fundo emergencial de R$ 75 bilhões destinados a trabalhadores durante a crise do coronavírus.
A proposta é que os recursos apoiem trabalhadores considerados mais vulneráveis, sobretudo os informais, ao longo de três meses.
A expectativa das centrais é que seja formado um grupo de trabalhadores, parlamentares e empresários para discutir o tema.
| Folha de S. Paulo ( publicado em 17-03-2020) | | |
Em razão da epidemia do coronavírus, que se espalha rapidamente no País, a Volkswagen informou aos sindicatos de metalúrgicos nesta semana a intenção de suspender toda a produção das quatro fábricas no País por dez dias a partir de 31 de março.
As quatro unidades da marca alemã em São Bernardo do Campo, São Carlos e Taubaté, em São Paulo, e a de São José dos Pinhais, no Paraná, empregam cerca de 15 mil funcionários.
| Bem Paraná | | | | Empresa protocolou na Secretaria de Trabalho intenção de parar por 10 dias em abril para conter coronavírus
Ainda sem saber se será necessário paralisar as linhas de produção brasileiras para evitar o contágio dos funcionários por coronavírus, a Volkswagen confirmou que protocolou junto à Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, do Ministério da Economia, a intenção de conceder férias coletivas de 10 dias, a partir de 31 de março, aos trabalhadores do chão de fábrica.
Consultada, a empresa afirma que cumpriu uma formalidade legal, de informar com 15 dias de antecedência o órgão governamental sobre medidas emergenciais, mas ainda sequer informou aos funcionários sobre isso, porque ainda monitora a evolução da epidemia global para definir se de fato será necessário paralisar todas as áreas fabris no País.
Segundo a Volkswagen, não estão descartadas paradas parciais ou totais, nem possíveis extensões das férias coletivas se o quadro mostrar necessidade. Em princípio, a medida pode afetar todas as suas quatro fábricas no País (São Bernardo do Campo, Taubaté, São José dos Pinhais e a planta de motores em São Carlos). Contudo, até agora consta que somente os sindicatos dos metalúrgicos do ABC e de Taubaté foram informados sobre a possível paralisação.
Segundo disse ao Diário do Grande ABC o presidente do sindicato dos metalúrgicos da região, Wagner Santana, na planta Anchieta, em São Bernardo, de 7 mil a 9 mil trabalhadores da linha de produção poderão ficar em casa a partir do fim deste mês. O dirigente confirmou ao jornal que a entidade recebeu comunicado oficial da Volkswagen sobre a possível folga de 10 dias, mas afirmou que o período pode aumentar se for constatado aumento de contágios pelo Covid-19.
O site O Vale noticiou que, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, diante do agravamento da pandemia a Volkswagen poderá colocar em férias coletivas 3,2 mil trabalhadores de sua fábrica no Vale do Paraíba, no período de 31 de março a 9 de abril.
Cerca de 400 empregados de setores administrativos da Volkswagen Anchieta já estariam trabalhando em regime remoto, de casa (home office), mas a empresa deve aumentar gradualmente esse número para até 700 pessoas, segundo informou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
A paralisação em São Bernardo poderá atrasar o principal lançamento da Volkswagen no Brasil este ano, o SUV-cupê Nivus que teve algumas imagens reveladas na conferência anual do Grupo VW na terça-feira, 17. O modelo já passa por testes de produção na Anchieta e o lançamento está previsto para maio.
NA EUROPA VW PARALISA 14 FÁBRICAS
Na Europa, a Volkswagen anunciou que irá interromper por duas semanas, a partir da quinta-feira, 19, a produção de 14 fábricas em cinco países. Será paralisada a produção de veículos em cinco plantas na Alemanha (Wolfsburg, Emden, Dresden, Osnabrück e Zwickau), além de Bratislava (Eslováquia), Pamplona (Espanha) e Palmela (Portugal). Também entram em férias coletivas as unidades alemãs de componentes do Grupo VW em Brunswick, Chemnitz, Hanover, Kassel e Salzgitter, bem como a fábrica de assentos Sitech, mantida em sociedado com a KWD em Polkowice, na Polônia.
Ralf Brandstätter, chefe global de operações (COO) da Volkswagen Passenger Cars, justificou a paralisação pelo conjunto de impactos negativos causados pela pandemia, antecipando o que poderá ocorrer no Brasil. “A propagação do coronavírus na Europa tem crescente impacto adverso na demanda. Ao mesmo tempo, está se tornando cada vez mais difícil o suprimento de componentes de fornecedores às nossa plantas. Por essas razões, decidimos parar a produção de forma coordenada a partir da quinta-feira. Estamos convencidos que a medida vai de encontro aos interesses de nossos funcionários, que estão preocupados com a propagação do corona”, afirmou o executivo.
O representante dos trabalhadores no conselho de administração da Volkswagen, Bernd Osterloh, disse que a medida é bem-vinda e reconheceu que não havia outra alternativa: “Em tempos em que as pessoas não podem mais se encontrar em parques ou shows, ir à igreja ou visitar restaurantes, que também não estão comprando carros, e há problemas de fornecimento de suprimentos, a produção não pode simplesmente continuar como se nada estivesse acontecendo. Para nossos colegas nas fábricas, não há outra alternativa senão a suspensão controlada da produção”, avalia.
Medidas adicionais de proteção contra o contágio pelo Covid-19 foram adotadas pela Volkswagen em suas unidades europeias. Lojas, lanchonetes e restaurantes internos vão ficar fechados. Todas as reuniões serão feitas por ferramentas de videoconferência on-line. Eventos foram cancelados.
Ações de proteção especial serão aplicadas aos trabalhadores em grupos de risco, como pessoas com doenças pré-existentes de coração ou pulmão e imunosuprimidos. Além disso, funcionários que retornaram à Alemanha de viagens internacionais após 14 de março estão proibidos de entrar nos complexos industriais do Grupo VW pelo período de 14 dias – o tempo de incubação do vírus. Empregados de áreas administrativas estão sendo encorajados a trabalhar remotamente, em home office, até cinco dias por semana.
São todas medidas que, a depender da evolução e da gravidade dos contágios pelo coronavírus no Brasil, poderão em grande medida ser adotadas em muitas fábricas brasileiras nas próximas semanas.
| Automotive Business ( publicado em 17-03-2020) | | | | Enquanto a economia da Hungria cresceu quase 5% em 2019, o setor de manufatura cortou quase 23 mil empregos
A fábrica da Istvan Simon no oeste da Hungria produz mais de um milhão de peças de plástico por dia, mas em uma manhã movimentada há apenas o som das máquinas funcionando. Os funcionários quase desapareceram.
Transformações semelhantes estão em andamento nas linhas de produção em toda a parte leste da União Europeia, à medida que os crescentes salários diminuem a reputação da região como local barato para instalar uma fábrica. Os proprietários de fábricas da Hungria à República Tcheca e Polônia encontram-se com poucas opções, exceto investir na automação de seus processos de produção, se quiserem permanecer competitivos.
A produção na região cresceu desde que a UE se expandiu para leste em meados dos anos 2000, com empresas como as montadoras Audi e Daimler abrindo linhas de produção locais e criando ecossistemas de fornecedores, mas um forte crescimento econômico recente levou à escassez de trabalhadores e alta nos salários.
“Podemos ver o trabalho humano sendo substituído por máquinas e inteligência artificial”, disse o líder sindical húngaro Zoltan Laszlo. “Não apenas no setor automotivo … mas também nas indústrias de aço e de máquinas.
“Esses investimentos já podem ser vistos nesses setores, levando à perda de empregos.”, afirmou.
Enquanto a economia da Hungria cresceu quase 5% em 2019 e os investimentos em manufatura subiram no ritmo mais rápido em três anos, o setor cortou quase 23 mil empregos, encerrando um ciclo de seis anos de crescimento de empregos. Os dados checos mostraram perda anual de quase mil empregos na indústria no terceiro trimestre, sugerindo que o emprego no setor poderia ter diminuído no ano inteiro pela primeira vez desde 2013.
Em um centro de distribuição perto de Praga, a fabricante checa de iogurte Hollandia Karlovy Vary instalou três braços robóticos no ano passado para organizar e carregar iogurtes em paletes, substituindo o trabalho de 10 pessoas que foram transferidas para outras posições.
Enquanto isso, a maior varejista de roupas da Polônia, LPP planeja investir em logística e automação, numa tentativa de melhorar margens e combater os custos trabalhistas mais altos.
Judit Kovacs, gerente da empresa de recursos humanos Randstad, disse que as fábricas com alta capacidade de utilização no oeste da Hungria começaram a reduzir o número de funcionários em 2019, enquanto novas fábricas no leste do país estão sendo planejadas com um alto grau de automação, conforme investidores tentam reduzir custos do mercado de trabalho.
Não é apenas a produção que está sendo assumida pelas máquinas, a unidade húngara da seguradora Allianz, por exemplo, está automatizando o processamento de dados para compensar os crescentes custos salariais.
A Federação Internacional de Robótica (IFR) espera que a venda de robôs nas principais economias da Europa Oriental suba até 2022. E, embora reconheça que alguns empregos desaparecerão, não prevê um grande efeito líquido sobre os empregos.
| Ind 4.0 | | | | Enormes bancos de dados sobre compostos e técnicas de garimpagem digital tentam acelerar a descoberta de novas estruturas na física, química e engenharia
O uso conjugado de abordagens típicas da era do big data pode acelerar a busca por novos materiais e diminuir o caráter empírico desse processo, marcado historicamente por um misto de tentativa e erro, acidentes, observação apurada e, não menos importante, sorte.
Pesquisadores de diferentes campos da física, da química e da engenharia de materiais esperam encurtar o caminho que os leve a compostos ainda não encontrados ou sintetizados por meio do emprego de computadores cada vez mais potentes, algoritmos de inteligência artificial e acesso a crescentes bancos de dados sobre propriedades e estruturas de materiais teóricos, nunca feitos em laboratórios, ou reais, já obtidos experimentalmente. Por ora, as promessas são mais estimulantes que as descobertas, mas a abordagem ainda está em sua infância, no exterior e no Brasil.
A equipe do engenheiro de materiais Edgar Dutra Zanotto, da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), contabiliza avanços na busca por novas composições e estruturas vítreas graças ao emprego de ferramentas de inteligência artificial. Em artigo científico publicado no final de janeiro na revista científica "Acta Materialia", Zanotto e seus colaboradores confrontaram a eficiência de seis algoritmos em correlacionar a composição química de 43.240 vidros óxidos, selecionados em uma base de dados, com uma propriedade fundamental desse tipo de material: a temperatura de transição vítrea. Esse parâmetro indica a temperatura acima da qual um material amorfo deixa sua fase rígida e quebradiça e passa a exibir um estado mais viscoso e maleável.
“Comparamos a eficiência dos algoritmos em prever a Tg de compostos que já conhecíamos e concluímos que dois se destacavam”, explica Zanotto, coordenador do CeRTEV (Centro de Pesquisa, Educação e Inovação em Vidros), um dos Cepid (Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão) financiados pela FAPESP. A margem de erro nas projeções fornecidas pelo melhor algoritmo, o Random Forest, foi de no máximo 7,5%, um excelente desempenho, similar ao nível de incerteza das medidas obtidas experimentalmente.
Esse não foi o primeiro trabalho nessa linha da equipe. Há dois anos, Zanotto, o pós-doutorando Daniel Cassar e o professor André Carlos Ponce de Leon, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP niversidade de São Paulo, tinham testado a performance de apenas um algoritmo para prever propriedades de vidros.
O próximo trabalho vai medir a eficiência dos três melhores algoritmos conhecidos na tarefa de correlacionar a composição química desses vidros óxidos com outras cinco propriedades importantes para aplicações e o desenvolvimento de vidros, como índice de refração e coeficiente de expansão térmica.
“Quando os algoritmos se tornarem tão refinados a ponto de antever com precisão as características de um material apenas a partir de sua composição, não precisaremos mais gastar tanto tempo e recursos para testar as inúmeras possibilidades de descobrir vidros em laboratório”, comenta Zanotto. As formulações não promissoras nem irão para a bancada e os pesquisadores poderão concentrar esforços nos compostos com mais chance de dar certo.
Com a abordagem de big data e as técnicas de inteligência artificial, é possível inverter a forma de trabalhar na ciência de materiais. Historicamente, os pesquisadores primeiro descobrem, por acaso ou depois de incessantes buscas ou modificações, um composto ou uma estrutura inédita e, em seguida, tentam medir suas propriedades e ver se pode servir para algo.
Agora o acesso a grandes bancos de dados de materiais permite selecionar as propriedades desejadas e averiguar que tipos de compostos apresentam essas características. Foi isso que fizeram pesquisadores da UFABC (Universidade Federal do ABC) e do LNNano (Laboratório Nacional de Nanotecnologia), do CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais). Eles consultaram a base de dados Aflow (Automatic – Flow for Materials Discovery) em busca de compostos tridimensionais que apresentavam uma propriedade quântica associada a um tipo de configuração do spin dos elétrons, o chamado efeito Zeeman.
Até agora, esse efeito, que altera os níveis de energia dos átomos, só foi verificado experimentalmente em materiais bidimensionais, formados por uma única camada de átomos, semelhantes ao grafeno, quando submetidos a um campo magnético. “De uma lista de aproximadamente 59 mil compostos da Aflow, encontramos 20 que apresentam o efeito da forma que queríamos, sem a necessidade de um campo magnético”, comenta o físico Gustavo Dalpian, da UFABC, um dos autores de um artigo publicado no periódico Quantum Materials em agosto do ano passado'.
"Essa particularidade confere, teoricamente, uma vantagem para esses materiais na confecção de dispositivos de spintrônica, a eletrônica baseada nos estados do spin (e não na carga do elétron). “Dentro de um aparelho feito com esses materiais tridimensionais que exibem o efeito Zeeman não seria necessário incluir um ímã adicional para gerar o campo magnético. Isso tornaria menos complexo construir esse dispositivo”, explica Dalpian.
Para o físico Adalberto Fazzio, diretor do LNNano e autor de trabalhos sobre o emprego de mineração de dados na busca por novos materiais, as abordagens computacionais são úteis e importantes, porém devem ser refinadas e encaradas de forma realista.
“Os algoritmos ainda precisam ser ensinados a encontrar as expressões matemáticas nos bancos de dados que realmente representam os princípios físicos”, pondera Fazzio. Um dos percalços de usar modelos e ferramentas computacionais é obter resultados irreais, que parecem ser um atalho para novas descobertas, mas podem ser uma trilha sem saída. Às vezes, uma simulação aponta como promissores compostos que não são estáveis ou não podem ser fabricados. Nesse caso, só o conhecimento científico, embutido em algoritmos de mineração cada vez melhores ou compilado pela literatura científica, tira o pesquisador do mau caminho.
A julgar pela origem geográfica dos maiores bancos de dados hoje disponíveis, a corrida por novos materiais é liderada por americanos e europeus. “A China tem uma produção que ainda não é muito visível”, diz o físico Osvaldo Novais de Oliveira Junior, do Instituto de Física de São Carlos da USP.
“Eles publicam em chinês ou fazem materiais sobre os quais não publicam nada.” Segundo o pesquisador, as técnicas de inteligência de máquina são boas para classificar – sejam imagens, palavras ou propriedades de materiais –, mas não para interpretar. Ao lado de Dalpian, Oliveira Junior editou uma coletânea de artigos sobre o emprego de técnicas de big data na procura por novos materiais em julho de 2019 para a revista ACS Applied Materials & Interfaces.
Se esse campo realmente produzir os resultados esperados, histórias como as do médico escocês Alex Flemming (1881-1955), que, em 1928, descobriu de forma fortuita a penicilina, serão cada vez mais raras. Ao voltar de duas semanas de férias, Flemming, que tinha fama de descuidado, percebeu que um mofo esbranquiçado havia se formado sobre um meio de cultura. O fungo evitava o crescimento de bactérias que haviam contaminado inadvertidamente a placa de petri. Assim nasceu o primeiro antibiótico natural.
Seis bancos de dados
Iniciativas podem ser de caráter amplo ou especializadas na busca por determinados tipos de materiais
1 - The Materials Project
Lançado em 2011 pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos, o projeto é administrado pelo Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, na Califórnia. Sua base de dados tem informações sobre a química, a estrutura e as propriedades de 124 mil compostos inorgânicos e 530 mil materiais nanoporosos. Disponibiliza ferramentas que permitem simular as características dos materiais antes de testá-los no laboratório.
2 - Automatic-Flow for Materials Discovery (Aflow)
Consórcio formado por 16 universidades (a maioria dos Estados Unidos e algumas da Europa e Ásia), a iniciativa reúne informações sobre 3,2 milhões de materiais compostos, dos quais calculou mais de meio bilhão de propriedades quânticas, térmicas, estruturais e elásticas, entre outras. O Departamento de Energia norte-americano também apoia o projeto, que possibilita a construção virtual de materiais usando tecnologias de varredura de larga escala (high-throughput).
3 - The Novel Materials Discovery (NOMAD)
Repositório europeu capitaneado pela Sociedade Max Planck, da Alemanha, criado no fim de 2015, que reúne oito centros de pesquisas de materiais e quatro de supercomputação. Mantém ferramentas virtuais para pesquisar e cruzar as propriedades, a estrutura e outros parâmetros de milhões de compostos. Tem uma enciclopédia on-line de materiais, com dados sobre uma fração dos materiais encontrados em seu repositório.
4 - HybriD3
Banco de dados especializado em cristais semicondutores híbridos, formados a nível molecular ou nanométrico por um composto orgânico e outro inorgânico. É tocado por instituições superiores de ensino e pesquisa dos Estados Unidos, sob a liderança da Universidade Duke. Seu foco principal é a procura por materiais que apresentem a chamada estrutura cristalina das perovskitas, similar à do titanato de cálcio (CaTiO3), que podem ser uma alternativa barata e eficiente para a fabricação de células solares.
5 - Computational 2D Materials Database (C2DB)
Reúne informações sobre 4 mil materiais bidimensionais, como sua estrutura, elasticidade, propriedades termodinâmicas, eletrônicas, ópticas e magnéticas. Esses materiais são formados por uma única camada de átomos. Seu mais conhecido representante é o grafeno, cuja famosa estrutura hexagonal apresenta a espessura de um átomo de carbono. O banco de dados é organizado por pesquisadores da Universidade Técnica da Dinamarca.
6 - TopoMat
Projeto da Escola Politécnica Federal de Lausane, na Suíça, focado numa das classes mais exóticas de materiais, os isolantes topológicos, que conduzem eletricidade em sua superfície, mas, como seu nome indica, comportam-se como isolantes em seu interior. Teve início em 2012 e seu banco de dados contabiliza informações sobre mais de 13,5 mil materiais. Potencialmente, os isolantes topológicos podem levar à produção de novas formas de dispositivos eletrônicos.
| Ind 4.0 | | | | Exportações e vendas às montadoras puxaram setor para baixo e situação tende a piorar com Covid-19
O faturamento das fabricantes de autopeças em janeiro caiu 6,7% na comparação com o mesmo período do ano passado. O resultado foi puxado para baixo pela retração em 26,2% nas exportações (na análise em dólares) e também pela queda de 8% nas vendas às montadoras. A comparação com o faturamento total de dezembro revela alta de 35,1% e o acumulado dos últimos 12 meses aponta crescimento de 4,7%.
Os números foram divulgados pelo Sindipeças, sindicato que reúne empresas do setor. A entidade admite que a situação tende a se agravar em razão da pandemia de Covid-19 causada pelo coronavírus e de outras “fragilidades” do País, como a falta de competitividade.
Das grandes fontes de receita, somente o mercado de reposição anotou alta em janeiro, 7,3% pela comparação interanual. A venda intrassetorial também cresceu, 3,2%, mas sua participação no faturamento anual dos fabricantes de autopeças é pequena, abaixo dos 4%.
EMPREGOS RECUARAM QUASE 5% NOS ÚLTIMOS 12 MESES
O levantamento do Sindipeças informa que o emprego nacional no setor de autopeças recuou 6,5% na comparação com janeiro do ano passado e o acumulado dos últimos 12 meses aponta retração de 4,9% nos postos de trabalho.
A utilização da capacidade instalada em janeiro foi de 69%. Quando se descarta o resultado de dezembro (62% em razão de férias coletivas), esses 69% do primeiro mês de 2020 foram o pior índice desde março do ano passado. O melhor resultado em meses recentes ocorreu em outubro de 2019, com pico de 74% de utilização da capacidade.
| Automotive Business ( publicado em 17-03-2020) | | | |
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