| 06 de maio de 2020
Quarta-feira
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Em 06/05/2020
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Fonte: BACEN
| | | | O SINDIMETAL/PR, em parceria com o escritório De Paola & Panasolo Sociedade de Advogados, convida para a live a ser realizada amanhã, dia 07 de maio, às 17h, sobre o tema: "Crise no setor industrial em tempos de Covid-19 e os impactos na cadeia reversa de embalagens". A live abordará questões que envolvem o cenário atual da logística reversa de embalagens.
⏰ PROGRAME-SE:
| SINDIMETAL/PR | | | Os pedidos de falência tiveram queda de 9,1% em abril, acumulando declínio de 14,1% em 12 meses até o período analisado, conforme dados da Boa Vista. Na comparação mensal, também houve retração nas falências decretadas (-9%), pedidos de recuperação judicial (-29,2%) e recuperação judicial deferida (-26,8%).
Em relação ao acumulado em 12 meses, além do recuo nos pedidos de falência, os índices que mede as falências decretadas (-16,2%) e as recuperações judiciais deferidas (-3,1%) também caíram.
Em contrapartida, os pedidos de recuperação judicial subiram 2,6%.
A despeito dos recuos de forma geral, a Boa Vista pondera que o desempenho estava atrelado à melhora nas condições econômicas vistas entre 2017 e o início de 2020.
Agora, no entanto, a dinâmica deve ser de piora nos indicadores, devido aos impactos da pandemia do novo coronavírus.
"A tendência é de que as empresas encontrem mais dificuldades em dar continuidade a esse movimento nos próximos meses", cita a Boa Vista em nota.
| Bem Paraná | | | Foco das linhas de crédito disponibilizadas pelo governo tem como prioridade as grandes empresas
Um dos maiores problemas em todas as empresas em reestruturação é a priorização (errônea) do combate aos efeitos e não às causas geradoras.
Os microempreendedores individuais (MEI), micro e pequenas (MPE), e médias empresas (ME) são os mais impactados pela crise da Covid-19. São os maiores empregadores do país (MEI: 9,7 milhões, MPE: 52% dos empregos com carteira assinada ou 10,1 milhões de empregos, e ME: 5,5 milhões empregos) e sem elas, grande parte da população não terá como sobreviver ao pós-crise sem ajuda estatal.
Porém, o foco das linhas de crédito disponibilizadas pelo governo tem como prioridade as grandes empresas. Basta ver o volume de exigências e dificuldade de cumprimento na forma de documentos e balanços auditados, CND ativa, detenção de garantias físicas e/ou financeiras e avais. Utopia achar que as MEI, MPE e ME tenham balanço dos 3 últimos anos auditados por alguma Big 4; balancete dos últimos 3 meses e declaração de faturamento do ano anterior assinados por contador; garantias físicas livres de gravame; dinheiro em caixa e/ou no exterior para financiamentos e contratos de longo prazo para suportar fomentos!
Os recursos disponibilizados para as MEI, MPE e ME não chegam às empresas agonizantes em decorrência da pandemia. Quem disse isso foi Diogo Mac Cord, secretário de Infraestrutura da Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade, ligado ao Ministério da Economia.
Os sinais da nulidade das medidas de irrigação de crédito junto ao mercado empresarial brasileiro, via linhas de crédito do BNDES e CEF, são evidentes. O remédio, as linhas de crédito, é transformado em placebo ao nascer desassociado de um seguro de crédito na sua proposição.
Sem um fundo garantidor de crédito, não serão os bancos que correrão o risco de crédito junto às empresas, cada dia mais fragilizadas e com crescente risco de default. Em decorrência disso, o aumento do número de pedidos de recuperação judicial será inevitável, devido à acelerada redução da liquidez e a deterioração das condições financeiras desses segmentos empresariais.
É notória inadequação do instrumento da recuperação judicial no combate ao número recorde de falências. Desde a sua criação em 2005, em substituição à lei de concordata, menos de 5% das empresas com plano de recuperação judicial conseguiram sair vivas.
A quantidade de MEI, MPE e ME que já quebraram em pouco mais de 30 dias de quarentena é evidente na grande quantidade de imóveis comerciais com placas de vende-se ou aluga-se, pelo elevado volume de profissionais demitidos e pelo número recorde de contratos de trabalho suspensos ou com redução da jornada.
É inacreditável a falta de entendimento dos governantes de que o pilar de saída da crise reside na manutenção dos MEI, MPE e ME. São elas que garantirão os empregos e a renda, diminuindo o impacto da crise no soerguimento do país.
O governo precisa intervir urgentemente na redução das custosas demandas burocráticas e ineficientes exigências colaterais e dividir o risco de crédito com o mercado financeiro para que haja a liberação do crédito.
Sem isso, estados e municípios entrarão na fila dos necessitados por ajuda financeira; resultado da drástica queda de arrecadação e da quebradeira das empresas. O precipício está muito próximo e, somente nesse momento, perceberemos que estamos todos no mesmo barco que, esperamos, não ser o Titanic.
Max Mustrangi
General Management MBA in High Distinction pela University of Michigan, Engenheiro de Produção pela Escola Politécnica/USP e cursos de formação executiva pelo Insead Business School (Insead Institute) e pela Kellogg Business School (Northwestern University)
| Folha de S. Paulo ( publicado em 05-05-2020) | | | |
O Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1) subiu 0,04% em abril, após a alta de 0,49% registrada em março, informou nesta quarta-feira, 6, a Fundação Getulio Vargas (FGV).
O indicador é usado para mensurar o impacto da movimentação de preços entre famílias com renda mensal entre 1 e 2,5 salários mínimos.
Com o resultado, o índice acumulou alta de 1,11% no ano de 2020. Em 12 meses, o indicador acumulou avanço de 3,17%.
Em abril, o IPC-C1 ficou acima da variação da inflação média apurada entre as famílias com renda mensal entre 1 e 33 salários mínimos, obtida pelo Índice de Preços ao Consumidor - Brasil (IPC-BR), que teve queda de 0,18% no mês.
No acumulado em 12 meses, a taxa do IPC-BR foi de 2,60%.
| Bem Paraná | | | O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou na terça-feira, 5, que a inadimplência dos consumidores de energia elétrica chegou a 12% nos últimos 30 dias, como reflexo da pandemia do coronavírus. Historicamente, a taxa gira em torno dos 3%.
"Já temos contabilizada, para as distribuidoras, uma perda de R$ 1,8 bilhão. Os números realmente são impressionantes", declarou.
Em março, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) proibiu o corte no fornecimento de energia por falta de pagamento das contas de luz por 90 dias - ou seja, até o fim de junho.
Segundo o ministro, a inadimplência e a queda no consumo da energia - reflexo da baixa atividade econômica e do isolamento social - têm causado um problema financeiro no setor.
O governo já negocia, com bancos, as condições para um empréstimo às empresas de energia. Em 8 de abril, o presidente Jair Bolsonaro enviou ao Congresso a medida provisória 950, que abre caminho para esse crédito.
A ideia é similar à adotada pelo governo Dilma Rousseff em 2014. Se concretizado, o crédito funcionará como uma "antecipação", para as empresas, dos custos de energia a serem pagos pelos consumidores nos 12 meses seguintes.
O valor dessa ajuda ainda não foi divulgado porque, segundo o governo, ainda está sendo calculado pela Aneel.
Fundos setoriais
As informações foram divulgadas por Bento Albuquerque durante videoconferência da Associação Brasileira das Indústrias de Base (Abdib). O ministro também citou a possibilidade de usar recursos de fundos setoriais para ajudar as distribuidoras.
No radar do governo, estão fundos destinados a pesquisas e ações de eficiência energética. Albuquerque não informou quanto dinheiro há nesses fundos, atualmente.
"Para que a gente não venha onerar ainda mais o setor, esses recursos seriam utilizados de forma racional para que a gente possa fazer frente à operação de crédito junto aos bancos", disse.
Sobras de energia
A queda no consumo pode gerar um outro problema citado por Albuquerque: a energia contratada pelas distribuidoras, e fornecida pelas empresas geradoras, pode "sobrar".
A previsão é que 20% da energia contratada fique estagnada. Em algumas distribuidoras do Norte e do Nordeste, a sobrecontratação pode chegar a 40%.
O fenômeno pressiona o caixa das concessionárias, que precisam honrar o contrato mesmo que a energia não seja consumida. Na live, o ministro não citou soluções específicas para esse problema.
A sobrecontratação de energia pressiona o caixa das distribuidoras já que as concessionárias têm de pagar pelo contrato de compra de energia mesmo se ela não for consumida.
| Bem Paraná | | | Adolfo Sachsida afirma que país precisará aumentar rede de proteção social e melhorar políticas de emprego e recuperação de empresas
Ao traçar um cenário pós-pandemia do novo coronavírus, o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, afirmou nesta terça-feira (5) que o país terá aumento da pobreza, do desemprego e do número de falências de empresas.
Em videoconferência com o mercado financeiro, o secretário afirmou que o país precisará aumentar sua rede de proteção social e melhorar políticas de emprego e recuperação de empresas.
Para Sachsida, o Brasil terá de “voltar urgentemente à agenda pró-mercado” para sair da crise. O modelo, segundo ele, vinha produzindo bons resultados até o início da pandemia.
“Temos que melhorar nossa rede de proteção social. Infelizmente, vamos ter aumento da pobreza”, disse. “Vamos precisar de políticas de emprego mais adequadas. Sendo bem transparente, o desemprego vai dar um salto no Brasil, infelizmente”.
O secretário apontou ainda a necessidade de tornar mais eficiente a concessão de crédito no país. Ele também incluiu como prioridade a aprovação de um novo marco regulatório para empresas em dificuldades financeiras.
“Precisaremos de legislação mais eficiente no que tange a falência de empresas, porque o número de falências vai ser alto”, afirmou.
No ano passado, avançou no Congresso um projeto que reformula as regras para empresas em recuperação judicial ou processo de falência. Por falta de acordo, a proposta acabou travada.
Na avaliação de Sachsida, é preciso agilizar o processo de transferência de capital de uma empresa falida para outra companhia.
“Se a gente ficar dez anos para mudar o capital de uma empresa quebrada, estamos lascados”, disse.
Após a pandemia, o secretário defende a retomada da agenda econômica comandada pelo ministro Paulo Guedes (Economia), com reformas, privatizações e abertura da economia.
| Folha de S. Paulo ( publicado em 05-05-2020) | | | | O informe divulgado nesta terça-feira (05) pela Secretaria da Saúde contabiliza 157.418 casos confirmados no Paraná e 122 óbitos provocados pela doença. A epidemia atinge 223 cidades.
O boletim da dengue divulgado nesta terça-feira (05) pela Secretaria de Estado da Saúde contabiliza 157.418 casos confirmados no Paraná e 122 óbitos provocados pela doença. A epidemia atinge 223 cidades – 55,8% dos municípios paranaenses. São cidades que apresentam, proporcionalmente, incidência maior que 300 casos autóctones por 100 mil habitantes.
Da semana anterior para esta, o número de casos confirmados aumentou 10,78%, com 15.320 novos registros. A atualização semanal também confirma 11 mortes por dengue que estavam em investigação.
O secretário de Estado da Saúde Beto Preto enfatiza à população a necessidade de manter um efetivo combate à dengue, mesmo neste período de enfrentamento da Covid-19.
“Os dados são preocupantes e o Governo do Estado mantém o alerta e a vigilância, apoiando as ações de combate e controle da dengue em todas as regiões e municípios. Mas temos que contar com o apoio da população, não esquecer do cuidado, mesmo neste período em que enfrentamos o coronavírus”, afirma.
O monitoramento deste período epidemiológico da dengue começou em julho de 2019 e segue até julho deste ano.
AÇÕES - Em Paranaguá, por exemplo, a secretaria promoveu um treinamento para profissionais da saúde sobre classificação de risco e manejo da dengue. “A identificação precoce dos casos é fundamental para a tomada de decisões e implantação de medidas oportunas, visando principalmente evitar a ocorrência de óbitos”, disse o médico Enéas Cordeiro Filho, da Vigilância Ambiental da secretaria estadual, responsável pela capacitação.
O município de Paranaguá entrou para situação de epidemia a partir desta semana, com 521 casos autóctones, uma incidência de 339,05 casos por 100 mil habitantes.
A coordenadora de Vigilância Ambiental, Ivana Belmonte, disse que as ações junto à 1ª Regional de Saúde (Paranaguá) foram reforçadas assim que o aumento de casos foi identificado, e que a capacitação está entre as principais medidas neste momento.
Ela lembra que o município teve histórico de mais de 15 mil casos autóctones durante a epidemia de 2015 e 2016. “Por isso, nosso alerta é constante e estamos à disposição dos municípios para este apoio e fortalecimento das ações de controle”.
Além de Paranaguá, mais seis municípios atingiram o patamar de epidemia nesta semana: Santa Lúcia, Santa Tereza do Oeste, Campina da Lagoa, Kaloré, Sertanópolis e Leópolis.
Em situação de alerta são 24 municípios: Foz do Jordão, Ibaiti, Ibema e Entre Rios do Oeste passaram para o estágio nesta semana epidemiológica. A situação de alerta indica que as cidades apresentam, proporcionalmente, a incidência de mais de 100 casos autóctones confirmados por 100 mil habitantes.
Segundo o boletim, 70 municípios registram casos de dengue grave.
ÓBITOS – Das 11 mortes confirmadas nesta semana, três são de pessoas que residiam no município de Londrina: uma mulher de 93 anos, portadora de diabetes; uma mulher de 55 anos, sem comorbidade associada, e uma jovem de 24 anos, também sem comordidade.
Dois óbitos são de moradores de Medianeira (uma mulher de 91 anos, sem comorbidade, e um homem de 89 anos, portador de diabetes e hipertensão arterial); um óbito em Foz do Iguaçu (mulher de 57 anos, com sequelas de acidente vascular cerebral); um óbito em Cianorte (homem de 74 anos, com várias doenças associadas); um óbito em Maringá (homem de 29 anos, sem quadro de doenças associadas); um óbito em Alvorada do Sul (homem de 72 anos, com hipertensão); um óbito em Florestópolis (homem de 76 anos, portador de hipertensão), e um óbito em Quatro Pontes (mulher de 85 anos, com diabetes).
| Agência Estadual de Notícias ( publicado em 05-05-2020) | | |
Prática foi ressaltada nesta terça-feira, 5 de Maio, Da Mundial da Higienização das Mãos. Atitude previne contra infecção por bactérias e vírus, como o que provoca a Covid-19.
O Secretaria da Saúde do Paraná ressaltou nesta terça-feira, 5 de Maio, Dia Mundial de Higienização das Mãos, a importância deste ato para proteção da saúde. “A higienização das mãos com produtos e técnicas corretas possibilita a prevenção da transmissão de muitos vírus causadores de doenças, como este da Covid -19, e também bactérias que desencadeiam outras patologias no organismo”, disse o secretário Beto Preto
O dia mundial de higiene das mãos mobiliza pessoas em todo o mundo com o propósito de aumentar a adesão a esse hábito, protegendo assim, tanto os pacientes quanto os profissionais de saúde contra as infecções.
A higiene das mãos (com preparação alcoólica 70% ou sabonete líquido e água) é uma das ações mais eficazes para redução da transmissão de microrganismos causadores de doenças infecciosas, incluindo a Covid -19. Tanto os profissionais de saúde quanto a comunidade, por meio de uma medida simples como esta, podem desempenhar um importante papel na prevenção destas infecções.
A Secretaria da Saúde do Paraná recomenda a higienização das mãos seguindo as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde.
A correta higienização das mãos, reforça a coordenadora de Vigilância Sanitária, Luciane Otaviano, é um hábito que promove a saúde. “Higienizar as mãos reduz significativamente a transmissão de microrganismos e diminui a incidência de infecções preveníveis, ampliando a segurança de pacientes, profissionais de saúde e da população em geral.”
DESAFIO DIÁRIO – Embora o hábito não seja novo, inseri-lo na rotina diária é um desafio. “A maioria dos profissionais da saúde tem consciência dos riscos de contaminação e infecção associados ao trabalho e entendem os benefícios da adesão à higiene frequente das mãos, mas na rotina diária, em muitos momentos, esse hábito é negligenciado e por isso devemos ficar vigilantes para que essa prática seja constante.”, explica o secretário Beto Preto
“Sabemos, ainda, que a transmissão do novo coronavírus se dá pelas gotículas de saliva, nem sempre percebidas visualmente, mas que podem ficar depositadas nas mãos, objetos e superfícies. Dessa forma, a higienização das mãos é um forte aliado para conter a transmissão do vírus causador da Covid-19,” comenta a coordenadora de Vigilância Epidemiológica, Acácia Nasr
PREVENÇÃO – A Covid-19 é a doença mais recente que tem como uma das principais ‘armas para a prevenção’ a higienização das mãos. Mas outras patologias, como a Influenza e a Sepse também podem ser prevenidas por meio da adesão a esta prática simples e rápida de ser executada por toda a população.
“Devemos lembrar que através das mãos contaminadas muito microrganismos são levados para dentro do nosso organismo, principalmente quando tocamos a mucosa da boca, nariz ou olhos.”, diz o secretário de Saúde.
INDICAÇÃO – Quanto à técnica, as mãos devem ser friccionadas com a preparação alcoólica 70%, por no mínimo 20 segundos. Ressalta-se que as mãos não podem estar visivelmente sujas, uma vez que a preparação alcoólica não remove sujidades.
Já a higienização das mãos com sabonete líquido e água deve respeitar o tempo mínimo de 40 segundos, esfregando bem as palmas das mãos, entre os dedos e pulsos.
A OMS preconiza que o momento da higienização deve ser de acordo com o fluxo de cuidado, prevenindo a transmissão cruzada de microrganismos. Os cinco momentos para a higiene das mãos são: antes de tocar o paciente; antes de realizar procedimento limpo/asséptico; após o risco de exposição a fluidos corporais; após tocar o paciente e após tocar superfícies próximas ao paciente.
BENEFÍCIOS - Os efeitos benéficos da higienização das mãos também são válidos para outros cenários, principalmente aqueles com grande circulação de pessoas como escolas e creches, por exemplo.
| Agência Estadual de Notícias (publicado em 05-05-2020) | | |
Mário Mesquita diz que instabilidade política terá reflexos que tendem a se estender após a crise
O preço que o Brasil pagará por ter sido atingido pela pandemia do coronavírus com uma dívida pública muito alta será um aumento temporário de impostos, segundo Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco e ex-diretor do Banco Central.
“Começamos nessa crise como um ponto totalmente fora da curva”, diz ele, em referência ao endividamento do país que, por critérios do FMI (Fundo Monetário Internacional), já beira 90% do PIB (Produto Interno Bruto), contra uma média de 53% do PIB dos países emergentes.
Para Mesquita, há consenso sobre a necessidade de o governo realizar gastos emergenciais para responder à dupla crise, na saúde e na economia. Mas eles resultarão em uma dívida ainda mais alta: “A gente vai ter que pagar por isso. O Brasil vai ter que pagar essa conta”, afirma.
O economista ressalta que a situação brasileira é agravada ainda pela turbulência política:
“Essa incerteza reduziu a confiança sobre a manutenção dos rumos da política econômica”. - Mário Mesquita, 54, economista-chefe do Itaú Unibanco
Isso terá reflexos que tendem a se estender após a crise, quando o Brasil poderá ficar de fora do radar de investidores em busca de ativos com boa remuneração.
“O Brasil pode não se beneficiar dessa onda, se a gente continuar em um processo de alta instabilidade política e se existirem dúvidas sobre a política fiscal”, diz.
Segundo ele, é importante que, passada a crise neste ano, o governo retome o compromisso com o controle de gastos. Isso, no entanto, não será suficiente para garantir a capacidade de pagamento da dívida pública, que precisará ser financiada com o aumento da já elevada carga tributária, equivalente a 33,2% do PIB em 2019.
Mesquita destaca que, embora essa discussão não seja apropriada para este momento, no segundo semestre ou no início de 2021, ela será inevitável.
“Teremos que distribuir o custo dessa crise de uma forma socialmente justa, tanto quanto possível”, diz o economista.
O quanto a recente instabilidade política agrava nossa situação econômica em meio à pandemia?
Incerteza é sempre ruim para a confiança e, portanto, para decisões de investimentos. Toda essa volatilidade política não só dificulta a resposta à crise no curto prazo, mas atua contra uma eventual retomada da economia. A incerteza que o mercado teve na semana passada, ainda não totalmente eliminada, reduziu a confiança na manutenção dos rumos da política econômica e isso só veio atrapalhar.
Como isso atrapalha?
Causa elevação do risco-país, contribui para a depreciação da moeda, além do que justificariam os fundamentos da economia, o que pode, lá na frente, gerar riscos inflacionários. Contribui para a elevação das taxas de juros mais longas, atuando contra uma eventual recuperação da economia.
Qual já tem sido o impacto da pandemia sobre a economia real no Brasil?
A gente aqui no Itaú tem um indicador próprio de atividade econômica em frequência diária, com base no que a gente consegue enxergar, como o consumo de energia elétrica.
Esse indicador mostrou uma queda muito abrupta nos primeiros 10 dias do distanciamento social, entre 15 a 25 de março, aproximadamente.
E, depois, ele começou a se recuperar. Então, grosso modo, considerando um nível 100 como ponto de partida pré-crise, ele caiu para algo como 55 e, agora, está próximo a 65, 70.
Para a gente se recuperar mais, precisaremos ter o início do relaxamento das medidas do distanciamento social o que, por sua vez, requer que a gente passe do pior momento da curva da pandemia.
Essa melhora que vocês observaram no índice não é inconsistente com o isolamento social que deveria estar sendo feito?
Acho que tem dois fatores aí. Em parte, algum impacto das políticas de transferência de renda que o governo fez, sustentando a atividade, mas também um certo relaxamento espontâneo das medidas de distanciamento social. O pior cenário é um relaxamento das medidas, de forma prematura, que te force voltar a adotá-las.
Qual é sua avaliação da gestão da crise no Brasil?
Não sou especialista em saúde. Do ponto de vista da economia, a gente está tendo uma resposta fiscal intensa, equivalente a algo entre 5% e 6,5% do PIB, muito maior do que em crises anteriores.
É uma resposta suficiente?
Era a resposta possível para um país que já entrou na crise altamente endividado. Uma lição que fica dessa pandemia é que, eventualmente, quando a gente tiver períodos de crescimento, de bonança, temos que trabalhar para constituir reservas locais. Temos as reservas internacionais lá no Banco Central, mas precisamos de reservas fiscais robustas para poder lidar com esse tipo de contingência.
Não tendo, paciência, teremos um aumento grande de endividamento. Ninguém vai insistir na persistência do ajuste fiscal, ao longo de 2020, em uma crise tão severa quanto esta. O mercado está, absolutamente, consciente disso. Os economistas todos, independente do viés ideológico, concordam. No entanto, é preciso reconhecer que já tínhamos uma situação de endividamento elevado.
Como nossa dívida se compara a de outros países emergentes?
Pelos critérios do FMI, a dívida dos emergentes com qualidade de crédito melhor é de 20% do PIB. Se considerarmos todos os emergentes, a média é 53% do PIB e a dívida brasileira já é quase 90% do PIB. Ou seja, já começamos nessa crise como um ponto totalmente fora da curva. A gente vai ter que pagar por isso. O Brasil vai ter que pagar essa conta.
Como?
É inevitável que, no futuro, a gente tenha um certo aumento da carga tributária, ainda que, idealmente, temporário. A gente estava discutindo uma reforma tributária de forma muito voltada ao crescimento, ao aumento da eficiência da economia, à redução do custo envolvido no pagamento de impostos.
Mas, agora, teremos que distribuir o custo dessa crise, de uma forma socialmente justa, tanto quanto possível. A sociedade tem que ter maturidade, e acho que terá, para lidar com isso.
Então, a discussão da reforma tributária terá um componente adicional sobre aumento temporário de impostos, para colocar a dívida de volta em uma trajetória sustentável, em um horizonte razoável. Mas esse é um debate para o pós-crise.
Como aumentar a carga tributária em um país como o Brasil, onde ela já é tão alta?
Concordo que a carga é elevada. No entanto, a dívida também é, e está ficando mais elevada ainda. O gasto público é pago por impostos. Ou impostos hoje, ou impostos no futuro. Ou impostos explícitos, ou impostos disfarçados, entre os quais, o mais conhecido nosso é a inflação.
Vamos ter que continuar, lá na frente, não agora, com a agenda de austeridade, de controle de gastos, mas não conseguimos fazer tudo só do lado do gasto. Então, a carga tributária vai ter que aumentar e ser distribuída de forma mais razoável.
Por exemplo, chegou-se a discutir muito a cobrança de imposto sobre fundos exclusivos. Temos que revisitar o tratamento tributário em vários setores, várias atividades, a questão da “pejotização” também pode ser discutida. Há pessoas que fazem a mesma atividade, mas uma, como pessoa física, paga muito mais impostos do que a outra, como PJ (pessoa jurídica). Então, isso tudo terá que ser discutido, mas não agora. No pós-crise, imagino que no segundo semestre ou no início do ano que vem.
Como tem sido a busca das empresas pelas linhas de crédito emergenciais?
Houve um aumento grande da demanda por crédito por parte das empresas maiores. Entre as de porte pequeno e médio, a gente tem notado uma relutância em pegar linha para financiar a folha de pagamentos, porque eles não sabem se vão conseguir manter a mão-de-obra do mesmo tamanho.
Esse ponto talvez precise ser revisto?
Não sei, porque a preocupação do governo com o emprego é legítima e bastante grande. A restrição que existiu inicialmente à concessão de financiamento às pequenas empresas com pendência previdenciária inicialmente limitou a efetividade da medida, dado que 70% delas têm problemas. A revisão desse aspecto deve aumentar o impacto da medida.
Após a crise, como deverão ficar os fluxos de investimentos?
A gente está tendo mais uma rodada de expansão monetária global bastante intensa e isso vai levar a uma busca por retornos, por diversificação do investimento, que tende a beneficiar os mercados emergentes. Só que você tem que se ajudar também, não é? E, por se ajudar, me refiro a ter menos instabilidade política, apresentar números de crescimento melhores.
O Brasil não vai, necessariamente, se beneficiar dessa onda, como se beneficiou na saída de crises anteriores, se a gente continuar em um processo de alta instabilidade política e se existirem dúvidas sobre a política fiscal. Nós temos uma âncora institucional que é o teto de gastos, que dá aos investidores o conforto de "ok, a dívida é muito alta, mas, lá na frente, ela vai cair porque você vai ter um limite do crescimento do gasto". Se a gente em algum momento se livrar do teto de gastos, vai perder essa âncora.
O setor privado teria interesse em fazer os investimentos que o Brasil precisa?
Acho que sim, porque existe uma demanda por infraestrutura muito grande. Se tivermos regras claras, um ambiente de licenciamento que faça sentido, menos oneroso, menos lento, você pode, sim, ter um aumento de investimento do setor privado, uma vez superada a pandemia.
Haverá espaço para retomar a discussão sobre outras reformas, além da tributária, após a pandemia?
É possível que o Congresso, no segundo semestre, já esteja de olho nas eleições para a sucessão dos presidentes Rodrigo Maia (Câmara dos Deputados) e David Alcolumbre (Senado). Então, a perspectiva de reformas adicionais ficou muito mais incerta. Adoraria poder dizer que a gente vai fazer desse limão uma limonada, mas tenho dúvidas se vamos conseguir.
RAIO-X
Mário Mesquita, 54 - Economista-chefe Itaú Unibanco. Foi sócio do Banco Brasil Plural, diretor de Política Econômica do Banco Central, economista-chefe do ABN Amro no Brasil e atuou também no FMI (Fundo Monetário Internacional). Tem doutorado em economia pela Universidade de Oxford (Reino Unido) e mestrado em economia pela PUC do Rio
| Folha de S.Paulo | | | | O fundador e presidente da XP Inc., Guilherme Benchimol, disse na terça-feira, 5, que o Brasil foi um dos mais ágeis a oferecer à população transferência direta de recursos em virtude da crise causada pela covid-19, com a transferência de um auxílio de R$ 600 a milhões de trabalhadores informais. Mas, segundo ele, é essencial que o Ministério da Economia saiba a hora de reduzir a intervenção do Estado na economia.
Na visão de Benchimol - que participou da série de entrevistas ao vivo "Economia na Quarentena" -, as reformas estruturais precisam ser retomadas para que o Brasil tenha condições de oferecer um cenário mais estável e atrair recursos internacionais para as oportunidades que o País oferece. "O investidor externo só virá se o Brasil mostrar austeridade fiscal", disse. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Estamos há 50 dias em quarentena e São Paulo pode prorrogar a volta gradual. A economia vai suportar o lockdown?
Aguenta. Mas, obviamente, quanto mais tempo fechado, os estragos são maiores. Quanto mais a gente liberar a economia de forma inteligente, melhor. É evidente que a estratégia de lockdown deu certo. A gente viu o caso da China, que teve mais sucesso. É difícil ter a certeza de que vai voltar daqui a duas ou três semanas, mas a gente está mais próximo.
A XP é uma das empresas que está contratando nesta crise. Em quais áreas?
Como competimos com os bancos comerciais e existe uma concentração bancária muito grande, eu digo que a gente tem um oceano azul pela frente. Estou muito confiante de que a gente vai continuar crescendo independentemente do cenário. Não interrompemos nenhuma frente que a gente vinha fazendo. Este ano, a meta é contratar 600 pessoas, sobretudo para tecnologia.
Como a XP se vê inserida neste cenário em que as pessoas vão precisar de mais crédito?
Começamos nosso banco há alguns meses. Estamos entrando no negócio de crédito, mas não no que os bancos são acostumados a fazer. A gente já se comprometeu o oferecer o crédito mais barato do Brasil. Com essa onda de empreendedorismo e fintechs, isso vai com o tempo gerar mais competição e taxas mais atraentes.
Empresas estão recorrendo ao BNDES para pedir ajuda. O governo deve exigir contrapartidas?
Depende. Quando cai um meteoro na economia como agora, e o próprio governo exige que boa parte das empresas feche, se o governo não ajudar, muitos empresários vão quebrar. Com isso, a volta começa a ficar mais demorada. Neste momento, é natural que o governo intervenha, sim, via BNDES, bancos públicos, Tesouro, estímulos fiscais e assim por diante. Dependendo do crédito, faz sentido exigir contrapartidas. Mas é caso a caso.
Como o sr. acha que pode ser esse modelo?
A crise pegou todo mundo de calças curtas. Num ambiente que você não tem capital de giro e vive na corda bamba, acho que, neste momento, o governo deve ajudar. Mas não dá para exigir contrapartida para pequeno e médio empreendedor.
Como deveria ser a estrutura de ajuda ao setor privado?
O governo veio com medidas em linha do que muitos países anunciaram. Por mais que o governo tenha uma visão liberal, neste momento é importante que venhamos com estímulos fiscais nunca vistos na história porque se muita gente fica pelo caminho essa volta fica mais demorada e mais difícil. Diria que o cuidado é para que esses estímulos não sejam contínuos. Tem de ser pontual.
Temos um cenário de forte crise política. Isso pode atrapalhar a economia?
Não me lembro de o Brasil não ter vivido instabilidade política. Se a Economia estiver nos trilhos, todo o resto acontece e o impacto deste barulho será menor. Acho que o Congresso está convergindo na direção correta. A imprensa é muito importante neste momento.
Mas o investidor internacional, que já andava meio ausente do País, pode se assustar com a crise política e os ataques à imprensa do presidente Jair Bolsonaro?
Obviamente que instabilidade te deixa com um pé atrás. Mas essa não é a principal preocupação do investidor estrangeiro. Fizemos nosso IPO há cinco meses. Os investidores estavam muito animados com Brasil naquele momento e segue animado com o País. O Brasil está mais barato do que nunca quando se olha a Bolsa - ela caiu aproximadamente 50% em dólar. O desafio do estrangeiro é a porta de saída, que é o câmbio que ele vai sair daqui a cinco a dez anos. Mas ele só vai vir de verdade se o Brasil mostrar essa austeridade. Isso traz o investidor.
| Bem Paraná | | | De acordo com o Ministério da Economia, 5,4 milhões de pessoas tiveram contrato reduzido do início da pandemia até esta terça (5)
Trabalhadores que tiveram contratos suspensos ou salários e jornadas reduzidos vão receber, em média, uma compensação mensal do governo de R$ 752,44, informou o Ministério da Economia nesta terça-feira (5).
Até o momento, cerca de 5,4 milhões de pessoas tiveram contratos suspensos ou reduzidos temporariamente. A permissão para esses acordos entre patrão e trabalhador foi concedida em MP (Medida Provisória) editada pelo presidente Jair Bolsonaro.
Todos os afetados pelo corte têm direito a uma recomposição de salário paga pelo governo. O valor é uma proporção do seguro-desemprego e varia de acordo com o tamanho do corte salarial.
A recomposição só é integral, ou próxima disso, para trabalhadores com remuneração mais baixa, de até dois ou três salários mínimos.
De acordo com o Ministério da Economia, a parcela mais baixa liberada até agora é de R$ 261,25. A mais alta corresponde ao valor máximo do seguro-desemprego, de R$ 1.813,00.
Dos acordos firmados até agora, 58% (3,1 milhões) são referentes a suspensão de contrato por até dois meses. Nos casos de redução de jornada por até três meses, 16% (886 mil) eram para corte de 50%, 12% (681 mil) para redução de 70%, e 10% (555 mil) para diminuição de 25%.
| Folha de S.Paulo ( publicado em 05-05-2020) | | | | População com fonte de renda cresce em 2019, mas desigualdade não cai
Pesquisa divulgada nesta quarta (6) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que a desigualdade de renda no país parou de crescer após três anos seguidos de alta. Mas estagnou nos maiores patamares da série histórica iniciada em 2012.
Com a queda do desemprego para 11% no ano passado, aumentou em 2019 a fatia da população brasileira que tinha algum tipo de rendimento. A melhora no cenário, porém, foi acompanhada de uma explosão na informalidade, que atingiu o maior nível desde 2016.
De acordo com o IBGE, 2,4 milhões de brasileiros passaram a ter algum rendimento do trabalho em 2019, elevando a 44,1% o número de pessoas nessa situação. A renda média mensal do trabalhador foi de R$ 2.308 por mês, contra R$ 2.317 registrados no ano anterior.
O estudo mostra que a metade mais pobre da população vive com uma renda média de R$ 850 por mês. Os 5% mais pobres, ou cerca de 4,5 milhões de pessoas, recebem R$ 165, em média, por mês.
Já os 1% mais ricos, cerca de 900 mil pessoas, ganharam em 2019 R$ 28.659 por mês. O valor equivale a 33,7 vezes a média da metade mais pobre.
Em 2015, ano de menor desigualdade desde o início da série histórica em 2012, a diferença foi de 30,5 vezes. O índice de Gini do rendimento do trabalho ficou em 0,509, mesmo patamar de 2018 e pouco acima dos 0,508 de 2012.
Segundo o IBGE, o aumento da desigualdade foi mais intenso na região Nordeste, onde o rendimento médio dos 1% mais ricos cresceu 11%. A região tem o maior índice de desigualdade na renda do trabalho do país. O IBGE, porém, não avaliou os motivos da alta.
A massa real de rendimento, que soma as rendas mensais de todos brasileiros, foi de R$ 213,4 bilhões em 2019. O valor é 2,2% maior que o verificado em 2018, refletindo o aumento no número de pessoas com renda mensal. Deste total, 43,1% ficou nas mãos dos 10% mais ricos, valor praticamente estável em relação a 2018.
Já os 10% mais pobres ficaram com 0,8% da massa de rendimento mensal domiciliar per capita no país.
Considerando outras fontes de renda, como aposentadorias, aluguéis, pensões alimentícias e mesadas, o rendimento médio do brasileiro em 2019 foi de R$ 2.244, praticamente estável em relação aos R$ 2.247 do ano anterior.
Destas fontes, a principal é a aposentadoria, que representou em média 20,5% do rendimento médio total do brasileiro em 2019, também estável em relação ao ano anterior. Aluguéis e arrendamentos representaram 2,5% e pensões alimentícias, doações e mesadas de não moradores, 1,1%.
O percentual de domicílios atendidos pelo Bolsa Família caiu em 2019, de 13,7% para 13,5%, mas o número de domicílios cresceu, o que indica que não houve redução em números absolutos, segundo o IBGE. Em 2019, o país tinha 72,4 milhões de domicílios, cerca de 1,4 milhão a mais do que no ano anterior.
| Folha de S.Paulo | | | | Presidente da Mercedes-Benz Brasil e Daimler América Latina fala que líderes precisam trabalhar por organizações ligadas aos anseios da sociedade
Há sete anos Philipp Schiemer é presidente da Mercedes-Benz Brasil e da Daimler América Latina. Ainda no fim de 2019, ele concedeu uma entrevista exclusiva a Automotive Business para falar justamente da sutil arte de liderar.
“Há um tempo a função de uma empresa era maximizar lucros. Hoje o cenário mudou: precisamos olhar o longo prazo, dar contribuição ao mundo e, claro, fazer lucro. Como grande empregadores e influenciadores, temos de fazer a nossa parte”, defende.
Esta entrevista é parte do especial Liderança do Setor Automotivo, que trará nas próximas semanas as principais conclusões da pesquisa e os comentários de grandes profissionais do segmento.
Schiemer foi um dos convidados a conhecer em primeira-mão e comentar os resultados da segunda edição da pesquisa Liderança do Setor Automotivo, feita por AB em parceria com a Mandalah e com a MHD Consultoria.
Um tanto tropicalizado, adaptado aos altos e baixos do mercado local, o executivo estava prestes a passar o bastão a Karl Deppen, que assumiria a liderança da empresa na região. A mudança, no entanto, foi adiada pela pandemia de coronavírus que colocou qualquer planejamento estratégico de cabeça para baixo.
Apesar dos meses que separam a entrevista de sua publicação na íntegra, a discussão ganha ainda mais relevância diante da profunda crise que o setor automotivo e a sociedade enfrentam. Na entrevista a seguir o executivo fala sobre a necessidade de fomentar o espírito colaborativo nas organizações, trata da transparência nas relações corporativas e da conexão entre diversidade e inovação.
Segundo a pesquisa Liderança do Setor Automotivo, 93% das pessoas em posição de alta gestão nas empresas do segmento são homens e 87% são brancos. A maioria é formada em engenharia. Que leitura você faz deste perfil tão homogêneo?
Como líder entendo que diversidade é muito importante. Gosto de trabalhar com opiniões diversas, de pessoas que discordam de mim. Só assim avançamos. Precisamos dar a mesma chance para que todos se desenvolvam dentro da empresa.
Esta oferta de equidade de oportunidades pelas empresas ainda é um desafio.
Exatamente. E é algo que acho fundamental. Eu gostaria muito que acontecesse de forma orgânica, sem cotas, por exemplo, mas sei que não funciona assim, senão não teríamos o cenário que vocês mostraram na pesquisa. O que precisamos é olhar com atenção e trabalhar cada dia mais para mudar as coisas.
Os respondentes da pesquisa indicaram que as palavras que melhor definem o momento atual é transformação e mudança. As lideranças também se dizem cautelosas em relação ao momento. Você se identifica com estas impressões da maioria? Como você avalia este momento do setor automotivo?
Palavras como “transformação”, “incerteza” e “volatilidade” descrevem muito bem o cenário atual. Mas falta incluir aí “oportunidade”. Costumamos ver o lado negativo das mudanças, mas elas também representam novas possibilidades.
O momento é de transformação. Ainda assim, no futuro continuaremos com a tarefa de levar uma mercadoria ou uma pessoa do ponto A para o ponto B. Isso sempre vai existir e o mercado pode mudar, mas não vai desaparecer. Agora é a nossa chance de trabalhar e mostrar qual é o caminho daqui para frente.
Vivemos um momento de busca por abertura comercial do País. Ainda assim, as lideranças automotivas avaliam que a indústria automotiva brasileira só será polo de desenvolvimentos locais, sem protagonismo na oferta de soluções globais. Qual é a sua visão sobre o tema?
Eu sou favorável a qualquer acordo de comercio. O mercado local não é suficiente para sustentar o tamanho da indústria que temos. O Brasil precisa se abrir e ser inserido no contexto global para, de um lado, ter a chance de vender mais lá fora e, do outro, comprar tecnologias novas mais rapidamente e com menor custo.
Estamos em um ciclo ruim. Temos um mercado fechado e precisamos importar novas tecnologias, o que é muito caro e reflete nos preços dos produtos. É uma situação de perda.
Um dos recortes da pesquisa mostra que a liderança automotiva enfrenta dificuldade em equilibrar a entrega de resultados no curto prazo e a construção de soluções para o longo prazo. Como manter a harmonia na condução destas duas frentes?
O resultado mostra bem a situação que vivemos no Brasil nos últimos anos. Desde 2014, infelizmente, temos uma crise atrás da outra e, na crise, o que interessa é a sobrevivência.
Na Mercedes-Benz, mesmo com todos os desafios, não deixamos de investir na modernização da empresa, na preparação para o futuro com novos produtos e na procura de novos talentos. Sem isso, não estaremos prontos para quando o mercado voltar, com uma fábrica moderna que pode produzir mais com menos, produtos competitivos localmente e com chance de serem exportados. Também temos um papel mais amplo na sociedade.
Qual é este papel?
Temos uma responsabilidade que vai além de trazer lucro para os acionistas. Precisamos contribuir para melhorar o ambiente geral do País, para melhorar a segurança nas estradas, a vida dos motoristas.
Há um tempo a função de uma empresa era maximizar lucros. Hoje o cenário mudou: precisamos olhar o longo prazo, dar contribuição ao mundo e, claro, fazer lucro. Como grandes empregadores e influenciadores, temos de fazer a nossa parte, olhar para o longo prazo e entender os anseios da sociedade, senão ficaremos fora do mercado.
Entre os entrevistados para a pesquisa, a maioria apontou que empatia é a principal característica de uma liderança. Para você, quais são as qualidades essenciais?
Acredito muito que, com a mudança que estamos vivendo, o modelo tradicional das empresas não vai mais funcionar. O setor automotivo é muito hierárquico e radical. A maior qualidade de um líder é reconhecer a necessidade de transformação e, nesse sentido, mudar a filosofia e a cultura da empresa. O conhecimento das pessoas precisa ser mais valorizado do que o cargo.
Eu não posso entender tudo, mas preciso ter acesso às pessoas capazes de resolver problemas. Um bom líder deve ceder e saber valorizar o empreendedorismo de cada funcionário, permitir que as pessoas coloquem suas ideias em prática, oferecer ferramentas.
O conceito de Candura Radical aponta que a boa liderança é capaz de alcançar o equilíbrio entre desafiar as pessoas da equipe e, ao mesmo tempo, ser empático e importar-se pessoalmente com cada colaborador. Esta é uma preocupação para você? Como manter este equilíbrio?
É essencial. Líderes precisam ser capazes de respeitar profundamente as pessoas, independentemente do nível hierárquico. Para exigir isso dos funcionários, precisamos demonstrar. Essa é uma coisa difícil da liderança: entender que as pessoas observam o que fazemos, que estamos em evidência. É preciso ser transparente, ser exemplo.
A minha experiência mostra que os funcionários aceitam quase tudo o que é proposto desde que você seja transparente, que não tente enganar ou esconder algo das pessoas. É preciso falar a verdade sempre, deixar a situação clara, de forma respeitosa.
Entre uma série de assuntos indicados no estudo, inovação aparece como a prioridade para os entrevistados. Temas como diversidade, engajamento dos colaboradores e fortalecimento cultural, que têm forte intersecção com inovação, têm baixa relevância para a liderança. Na sua análise, o que provoca esta percepção distorcida?
Tem muito a ver com o time que você forma e de como trabalha. Se tiver confiança no seu time, você tem tempo para outras coisas. Sem isso você vai querer discutir cada detalhe e não vai conseguir pensar de forma mais ampla.
Acredito fortemente que o fortalecimento cultural, a inovação, a atração de talentos e a diversidade têm uma conexão muito clara. Não existe esta estratégia de criar um departamento de inovação e achar que vai funcionar. Você precisa de um ambiente organizacional que promova a inovação, a geração de ideias. E esta cultura ganha força com a diversidade e a inclusão de pessoas. Com um ambiente assim, também fica mais fácil atrair e reter talentos.
Você está perto de deixar a liderança da Mercedes-Benz no Brasil para assumir a chefia global de marketing, vendas e serviços ao cliente da Daimler Buses (a transferência aconteceria em maio e, por causa da pandemia, foi adiada por tempo indeterminado). Qual legado você quer deixar na operação brasileira?
Quero deixar a empresa pronta para o futuro com produtos de ponta, competitivos. Também tenho uma preocupação com o aspecto cultural da empresa, em garantir que a companhia seja ainda mais aberta, inovadora e colaborativa com outras organizações.
Não estamos mais sozinhos no mundo. Somos ser parte do ecossistema de logística e de transporte e precisamos mostrar a nossa parceria, ter abertura a outras organizações, startups ou clientes que tragam novas propostas. Meu sonho é deixar o legado de uma empresa colaborativa, fácil de trabalhar.
Nesta edição da pesquisa, 36% dos entrevistados disseram que a companhia em que trabalham tem um propósito definido, claro e capaz de orientar as estratégias. Como a Mercedes-Benz tem trabalhado este aspecto?
Nós temos um propósito muito claro, definido globalmente: trabalhamos para todos que movem o mundo. A partir disso, desenvolvemos alguns princípios. O primeiro é que começamos sempre ouvindo, por isso o nosso slogan “as estradas falam, a Mercedes-Benz ouve”.
O segundo ponto é que nós atuamos para solucionar e o terceiro princípio é andarmos junto aos clientes. Este propósito foi desenvolvido na matriz da companhia e temos comunicado e feito um grande trabalho de fortalecimento cultural no Brasil.
| Automotive Business ( publicado em 05-05-2020) | | | Veículos leves somaram apenas 145,6 mil transferências, 80% a menos que em março
As vendas de abril para automóveis e comerciais leves usados somaram 145,6 mil unidades, resultando em queda de 80% na comparação com março, um mês já ruim por conta do início (a partir da segunda quinzena) das medidas de prevenção à Covid-19, causada pelo coronavírus. A comparação com abril de 2019 revela queda ainda maior, de 83,4%.
Os números foram divulgados pela Fenabrave, federação que reúne as associações de concessionários. A retração nos usados foi maior que a dos zero-quilômetro. Em março, para cada veículo leve novo foram negociados 4,2 usados. Em abril essa taxa caiu para 2,8.
O fechamento das revendas, dos Detrans e dificuldades na transferência de titularidade tiveram forte impacto no comércio dos veículos de segunda mão. Apesar da intensificação do comércio on-line, o comprador acabou esbarrando na finalização do processo. No acumulado dos quatro meses foram negociados 2,48 milhões de veículos leves usados, resultando em queda de 26,1% ante iguais meses do ano passado.
NOS PESADOS, QUEDA DE 71%
No mercado de veículos pesados (caminhões e ônibus), apenas 7,5 mil unidades trocaram de mãos em abril, um recuo de 71% na comparação com março e de 78,2% ante abril do ano passado. A maior queda ocorreu para os ônibus, que tiveram apenas 604 unidades negociadas em abril, 85,3% a menos que em abril do ano passado.
No acumulado do ano foram negociados 90,9 mil veículos pesados de segunda mão, 29,5% a menos pelo confronto interanual. Também nos pesados, a retração foi mais forte que nos novos. Em março, para cada pesado novo vendido eram negociados 3,3 usados. Em abril foram só 2,7 usados para cada novo.
MOTOS USADAS RECUAM 78,6%
A negociação de motocicletas usadas somou em abril 42,4 mil unidades, volume 78,6% mais baixo que o de março e 82,7% menor que o de abril do ano passado. O acumulado revela 707,9 mil transferências e queda de 24,8% pela comparação interanual. O mercado de usadas também caiu mais que o das motos novas. Como consequência, o mês teve 1,5 moto de segunda mão vendida para cada nova emplacada. Um mês atrás eram 2,6 usadas para cada nova.
| Automotive Business ( publicado em 05-05-2020) | | | Na América Latina, volume cai 12%, o menor índice entre as demais regiões
O impacto da crise pandêmica afetou o desempenho de vendas e consequentemente o resultado financeiro da FCA Fiat Chrysler, que divulgou o balaço do primeiro trimestre por meio de comunicado enviado na terça-feira, 5. A companhia ítalo-americana registrou queda nos volumes de vendas em todas as regiões em que atua. O destaque ficou por conta da América Latina, cujo índice de retração foi o menor entre as demais regiões, como América do Norte, Ásia-Pacífico, China e Europa.
Foram apenas 818 mil unidades vendidas em todo o mundo durante os três primeiros meses de 2020, uma retração de 21% sobre as vendas de igual período do ano passado. Com isso, as receitas diminuíram 16% na mesma base de comparação, fechando em € 20,6 bilhões.
O lucro reportado há um ano deu lugar a um prejuízo de € 1,7 bilhão e ajustado para € 500 milhões. Apesar disso, a FCA entregou um Ebit ajustado positivo em € 52 milhões, graças aos ganhos na América do Norte.
Em nota, o CEO da FCA, Mike Manley, reforça que o balanço reflete os efeitos diretos do fechamento de fábricas em todo o mundo como forma de conter a pandemia e preservar a saúde de funcionários, além da baixa demanda, que gerou queda substancial de vendas e receitas.
Na América Latina, as vendas somaram 106 mil unidades no período, queda de 12% no comparativ anual, principalmente por causa da suspensão temporária da produção no Brasil desde 23 de março. Com isso, a receita encolheu 32%, para € 1,3 bilhão, resultado também impactado pelo câmbio devido ao enfraquecimento do real.
Na América do Norte, embora o Ebit tenha sido positivo em € 548 milhões, a FCA viu as vendas caírem 16%, para 469 mil unidades, o que gerou receita de € 14,5 bilhões, queda de 9,4% sobre o resultado do primeiro trimestre de 2019. Nas regiões EMEA (Europa, Oriente Médio e África) e APAC (Ásia-Pacífico, incluindo China) os volumes de vendas caíram 31% e 49%, respectivamente, diminuindo as receitas em ambas.
“Em meio a essa adversidade sem precedentes, a primeira prioridade da FCA tem sido a saúde e a segurança de seus funcionários e comunidades. A pandemia teve e continua a ter um impacto significativo em nossas operações. Com nossa experiente equipe de liderança e funcionários dedicados, tenho a máxima confiança em nossa capacidade de navegar por essa crise e emergir do outro lado, bem posicionados para crescer”, afirmou Manley, CEO da FCA.
A companhia já deu início à retomada de suas operações pelo mundo, começando pela joint venture na China, bem como na rede de concessionárias na Itália, onde reabriu em 27 de abril as portas da fábrica de Atessa, que produz veículos comerciais e opera atualmente com 70% de sua capacidade normal. Com isso, o grupo reafirma que a retomada da produção em outras regiões será gradual e alinhada à demanda do consumidor.
Durante entrevista exclusiva na Live #ABX20 ao vivo de Automotive Business, o presidente da FCA para a América Latina, Antonio Filosa confirmou que a FCA se preparou para retomar a partir deste mês a produção em suas fábricas no Brasil em Betim (Fiat), Goiana (Jeep) e em Córdoba, na Argentina, também de forma lenta e gradual, como nas demais fábricas de outras regiões.
| Automotive Business ( publicado em 05-05-2020) | | | Associadas da Abeifa protocolam medida de emergência junto ao governo
A alta expressiva do dólar seguida da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus afetou fortemente a venda de veículos importados pelas associadas da Abeifa, que também reúne alguns fabricantes. Em abril, os emplacamentos das marcas membros caíram mais da metade com relação a março, para apenas 750 unidades. Com o agravamento do cenário, importadores pediram a implementação de medidas emergenciais ao governo, como a redução da alíquota de importação e do IPI, imposto sobre produtos industrializados.
Segundo o presidente da Abeifa, João Henrique Oliveira, com um mês completo sob o impacto da pandemia e da valorização do dólar em 37% este ano (o real é a moeda que mais se desvalorizou no mundo em 2020 até agora), o setor de importados também corre o risco, assim como a Fenabrave, de desestruturação da rede de concessionárias.
“Por isso, no último dia 17 de abril, protocolamos junto à secretaria geral da Presidência da República um ofício por meio do qual solicitamos medidas emergenciais em favor do setor, que teme a paralisação total de suas atividades de vendas de veículos novos e usados, de autopeças e também de prestação de serviços de pós-vendas, nos próximos meses, caso não vislumbre interferência imediata do governo federal”, disse em nota o presidente da Abeifa.
Segundo Oliveira, o pleito sugere a redução da alíquota do imposto de importação dos atuais 35% para 20% e também redução do IPI, que incide sobre os veículos importados. Para a entidade, tais ações estimulariam o consumo, observando o princípio da isonomia, de forma que as alíquotas aplicáveis sejam as mesmas estabelecidas para os veículos de produção nacional.
Além disso, também solicitou a disponibilidade de linha de crédito para capital de giro das importadoras, seus fornecedores de autopeças e suas redes de concessionárias de uma forma que seja rápida e acessível. Adicionalmente, pediu a suspensão, de no mínimo 120 dias, dos prazos de pagamentos de todos os tributos federais administrados pela Secretaria Especial da Receita Federal.
Oliveira reforçou que as 15 marcas associadas à Abeifa sustentam atualmente uma rede de concessionárias com 450 pontos de atendimento em todo o País, com geração de empregos da ordem de 17,5 mil postos de trabalho.
“Trata-se de um setor responsável pela complementariedade de produtos, pelo balizamento de preços de veículos com relação aos demais mercados internacionais e por trazer ao País as principais tecnologias veiculares. Por esse princípio, o setor não pode desaparecer. Precisamos dessas medidas emergenciais.
Com exceção da redução da alíquota do imposto de importação, que deve chegar a 20%, o equivalente à TEC - Tarifa Externa Comum do Mercosul, as demais medidas seriam por tempo determinado e isonômicas aos produtos aqui fabricados”, complementou.
| Automotive Business ( publicado em 05-05-2020) | | | Direção da empresa atribui aumentos à desvalorização do real e informa que “não há mais espaço para perder dinheiro”
A General Motors promoveu um reajuste médio de 4% na linha de automóveis Chevrolet. Os novos valores entraram em vigor em 1º de maio. A montadora atribui os aumentos de preço à desvalorização do real, superior a 40% nos últimos 12 meses.
Com os reajustes, o Chevrolet mais acessível, o Joy (Onix “antigo”), passou de R$ 50.150 para R$ 52.150. E o novo SUV Tracker 1.0 Turbo LT automático subiu de R$ 89.900 para R$ 93.490. De acordo com a GM, os aumentos são inevitáveis por causa do conteúdo importado na indústria automobilística, em média de 40%. A montadora também informa que vai repassar os novos custos de forma gradual.
A empresa revela que a rentabilidade passa a ser ainda mais importante para a sustentabilidade dos negócios no Brasil neste momento em que os pontos de venda estão fechados e as fábricas estão paradas por causa da pandemia de Covid-19.
“Não temos espaço para perder dinheiro porque a dívida já é enorme e vai se duplicar. O que vamos ver é que mesmo em uma indústria pequena haverá aumento de preços. As montadoras vão seguir a desvalorização do real”, afirma o presidente da GM América do Sul, Carlos Zarlenga.
“Recentemente, já houve aumento de preços que não víamos há muito tempo e veremos mais ainda”, conclui o executivo. A GM está entre as primeiras montadoras a reduzir jornadas e salários para atenuar os efeitos da quarentena provocada pelo coronavírus.
| Automotive Business ( publicado em 05-05-2020) | | | A General Motors divulgou nesta quarta-feira uma forte queda no lucro do primeiro trimestre, mas o resultado ficou acima do esperado pelo mercado, e a montadora delineou planos para retomar a produção em 18 de maio na maioria de suas fábricas na América do Norte fechadas pela pandemia de coronavírus.
A maior montadora de veículos dos Estados Unidos obteve lucro líquido de 247 milhões de dólares ou 0,17 dólar por ação, uma queda de mais de 88% em relação aos 2,12 bilhões, ou 1,48 dólar por ação, no mesmo período de 2019.
Em termos ajustados, a GM teve lucro de 0,62 dólar por ação, superior aos 0,30 dólar por ação esperados por analistas de Wall Street.
A montadora de Detroit reduziu custos e tomou outras medidas durante a pandemia de Covid-19, incluindo a suspensão de dividendos e de recompras de ações, como também o fechamento da sua unidade de carros compartilhados Maven.
O grupo também adiou o desenvolvimento de alguns programas de produtos, reduziu orçamentos de marketing e salários de funcionários.
A GM também sacou 16 bilhões de dólares de linhas de crédito para reforçar sua posição de caixa.
A GM havia suspendido anteriormente previsões de desempenho para 2020 por causa da incerteza sobre o pandemia e não atualizou as estimativas nesta quarta-feira.
A vice-presidente financeira da GM, Dhivya Suryadevara, alertou os funcionários em um vídeo interno em 26 de março que "medidas de austeridade significativas" eram necessárias para evitar "danos sérios" à viabilidade da GM a longo prazo.
A produção automotiva dos EUA parou em março, com o número de infecções por Covid-19 crescendo rapidamente.
Mas com o presidente Donald Trump pressionando os norte-americanos a voltarem ao trabalho e vários Estados dos EUA reabrindo suas economias, o foco no setor automotivo mudou para saber quando a produção poderá ser retomada com segurança.
GM, Ford e Fiat Chrysler têm como objetivo retomar a produção neste mês e estão negociando com a central sindical United Auto Workers (UAW) sobre quando e como retomar a atividade com segurança.
| UOL | | | | Renault e BMW são as duas primeiras montadoras de veículos a retomar a produção de veículos no País, ambas nesta segunda-feira, 4 de maio. A maioria das montadoras, porém, se preparam para retornar às operações apenas no final deste mês, ou ainda no final de junho, caso da Toyota e da Honda.
BMW e Renault, instaladas em Araquari (SC) e São José dos Pinhais (PR), respectivamente, informam ter adotado as medidas de segurança determinadas pela OMS - Organização Mundial da Saúde. As áreas administrativas seguem em home office e os funcionários dos grupos de risco, afastados. A Renault divulgou no mês passado que sua proposta de redução de jornada e de salários, previstos na Medida Provisória 936, não foi aprovada pelo sindicato.
Distintamente da Renault e da BMW, as montadoras em geral têm estendido o período de paralisação. A Honda Automóveis, por exemplo, informou que o retorno das operações nas fábricas de Sumaré e Itirapina (ambas no interior de São Paulo), a princípio previsto para 27 de abril, foi adiado para 25 de junho. A medida, segundo a empresa, visa assegurar a saúde e segurança dos trabalhadores, bem como adequar a produção à atual demanda por veículos.
De acordo com a empresa, a maior parte dos colaboradores da linha de produção vão ter seus contratos de trabalho suspensos por 60 dias, conforme previsto na Medida Provisória 936. Neste período, será mantido - por meio de ajuda compensatória - de 75% a 100% da renda líquida atual do colaborador (o que vai além da exigência legal prevista na MP). O desconto que varia de 0% a 25% será escalonado conforme faixas salariais. O acordo foi negociado com os Sindicatos dos Metalúrgicos de Campinas e Limeira e aprovado pelos colaboradores em assembleia virtual em 21 de abril.
A Toyota também prevê a retomada de sua produção de suas quatro unidades fabris para junho. As unidades de São Bernardo do Campo, Indaiatuba e Porto Feliz devem retornar no dia 22, e a de Sorocaba no dia 24. A montadora acordou com o sindicato que os colaboradores diretamente ligados à produção teriam seus contratos de trabalho suspensos. O acordo preserva os salários líquidos entre 75% e 100% do seu valor, conforme a faixa de remuneração de cada colaborador. A empresa afirma que vai continuar avaliando a situação e, caso seja possível retomar as atividades antes do previsto, o cronograma poderá passar revisão.
A GM também adotou paralisação das fábricas até junho, além da suspensão de contratos de trabalho e redução de jornada e salário. O porcentual da redução de salário varia de acordo com os cargos dos funcionários. De operários a gerentes, o corte foi de uma hora por dia e 12,5% no salário. Diretores e níveis superiores tiveram corte de 25% no salário. As medidas são válidas para as plantas de Indaiatuba, Mogi das Cruzes, São Caetano do Sul, São José dos Campos e Sorocaba (todas em São Paulo), Gravataí (RS) e Joinville (SC).
Na Ford, uma primeira previsão apontou que as fábricas voltariam a funcionar em 6 de abril. O cronograma foi revisto e o retorno postergado. A data de retorno ainda não foi divulgada pela montadora para as fábricas de Taubaté (SP) e Camaçari (BA).
A Volkswagen também não divulgou uma data específica para o retorno das operações no Brasil. Em comunicado recente, em que informava o reínicio gradual das produção na Europa, no final de abril, acrescentava que “posteriormente, em maio, a produção será retomada na África do Sul, Argentina, México e Brasil”.
A fábrica da PSA Peugeot Citroën tem previsão de retornar às operações no dia 31 de maio, data que pode ser reavaliada. A unidade paralisação a produção em 23 de março.
ANFAVEA – Em entrevista online, na último dia 23 de abril, Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, afirmou que a indústria automobilística se prepara para a retomada da produção até junho, porém em um ritmo abaixo do normal. "Hoje temos cerca de 43 fábricas paradas...”, disse.
Segundo Moraes, o faturamento do setor caiu cerca de 80% devido aos impactos da pandemia de Covid-19 no país e, provavelmente, o volume dos meses seguintes estará abaixo dos registrados em 2019. Ele também fez menção às transformações que o processo produtivo deverá passar em relação a medidas de proteção de funcionários e limpeza de maquinário: "Estamos nos preparando para o retorno, que será numa velocidade diferente e com um modelo de produção diferente por questões de segurança".
Conforme Moraes, o setor está buscando medidas para proteger o caixa, o que levará a rediscutir, junto ao governo, o cronograma de investimentos obrigatórios como inclusão de itens de segurança nos veículos e cortes em emissões de poluentes. Frente à necessidade de preservar o caixa, o setor congelou os seus planos de investimentos. Moraes, inclusive, admitiu que partes deles podem ser cancelados pelas matrizes.
| Usinagem Brasil ( publicado em 05-05-2020) | | | | Benefício é válido para todos os modelos zero-quilômetro ano/modelo 2020
A Toyota passa a oferecer cinco anos de garantia para todos os seus modelos zero-quilômetro, ano/modelo 2020. Até então, a cobertura era de três anos. O primeiro veículo a contar com o prazo maior foi o Corolla 2020, lançado em setembro de 2019.
A montadora ressalta que a nova cobertura é vinculada ao limite de 100 mil quilômetros em caso de vendas a pessoa jurídica e/ou uso comercial. Para os modelos híbridos, os componentes do sistema seguem com o mesmo período de cobertura de oito anos e o encerramento do prazo com 200 mil km rodados tanto para pessoa jurídica como física.
A fabricante também recorda a necessidade de realizar as revisões periódicas na rede de concessionárias e também ressalta que a instalação de acessórios e itens de reposição deve ser feita com peças originais.
| Automotive Business ( publicado em 05-05-2020) | | | Operação da linha de montagem foi reativada de forma gradual e com medidas de proteção
A DAF retomou a produção de caminhões em Ponta Grossa (PR) na segunda-feira, 4. A fábrica estava com as atividades suspensas desde o fim de março para evitar aglomerações e reduzir a disseminação da Covid-19, doença causada pelo coronavírus. A empresa programou o retorno da operação em fases. Desde 27 de abril os funcionários das áreas administrativas voltaram a frequentar os escritórios da planta, mas com revezamento de pessoas, alternando o trabalho remoto com a presença nas dependências da fabricante. Nesta semana foi a vez de religar a linha de montagem, também de forma gradual.
Segundo a DAF, o retorno foi programado com a introdução de novas medidas de higiene, incluindo a instalação de dispensadores de álcool gel em diversos pontos da fábrica, desinfecção constante das áreas comuns, utilização de máscaras de tecido reutilizável distribuídas pela empresa, entrega de kit de higiene pessoal na chegada e aferição de temperatura de todos os colaboradores.
Para reduzir o número de empregados presentes no escritório, foi programado revezamento e as estações de trabalho foram realocadas para garantir uma distância mínima de 1,5 metro entre as pessoas. Nas salas de reunião, há limite de 10 participantes, respeitando o distanciamento entre elas. Na linha de produção, os trabalhadores também ficam distanciados em no mínimo 1,5 metro, utilizam máscara facial e outros EPIs específicos. Antes do fim de cada turno, cada operador executa a assepsia da estação de trabalho.
Nos trajetos internos, os funcionários agora seguem demarcações para manter distância mínima entre eles. No restaurante, a empresa adotou medidas para limitar o número de pessoas, com escala de horário, redução dos lugares e sinalizações no piso para manter o distanciamento.
Os colaboradores foram orientados a ficar mais distantes nas horas de intervalo, evitar tocar no rosto, olho e nariz, e redobrar a higiene com água e sabão. Os visitantes também seguem diversos cuidados, como uso de máscara e medição da temperatura corporal.
“Entendemos que com cuidado redobrado e adoção de novas ações, poderemos dar continuidade ao trabalho, com a produção de caminhões para atender os nossos clientes. Durante toda a quarentena, nos adaptamos e continuamos com o pós-venda, serviço de manutenção e peças de reposição.
Estamos, aos poucos, retomando a rotina, baseado em todo o planejamento feito durante a quarentena para manter o negócio operante, bem como a integridade de todos os profissionais”, comenta Lance Walters, presidente da DAF Caminhões Brasil.
| Automotive Business ( publicado em 04-05-2020) | | | A Gerdau teve queda de 51,3% no lucro líquido do primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior, para 221 milhões de reais, em desempenho marcado por queda em volumes e margens, conforme dados nesta quarta-feira, quando a siderúrgica também anunciou corte em investimentos para 2020.
A companhia disse que a pandemia de covid-19 impactou o desempenho de suas operações de negócios a partir da segunda quinzena de março, no que tange à produção e entrega de aço.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado recuou 24,5%, para 1,177 bilhão de reais, com o custo por tonelada vendida apresentou alta de 6% contra uma alta de 2% na receita líquida por tonelada vendida.
A margem Ebitda ajustada caiu a 12,8%. A média das projeções compiladas pela Refinitv apontavam lucro líquido de 209,82 milhões de reais e Ebitda de 1,187 bilhão de reais.
De janeiro a março, a receita líquida somou 9,228 bilhões de reais, queda de 8% ano a ano, enquanto os custos das vendas recuaram apenas 4,4%, para 8,372 bilhões de reais.
Em volumes, a produção de aço bruto caiu 4,6%, para 3,188 milhões de toneladas e as vendas de aço cederam 9,8%, a 2,691 bilhões de reais.
O primeiro trimestre também foi marcado por aumento nas despesas com vendas, gerais e administrativas da companhia, de 2,5%, o que a Gerdau atribuiu ao efeito cambial nas operações da companhia que são expostas ao dólar.
A Gerdau disse que o fluxo de caixa livre do período foi negativo, em 441 milhões de reais, apresentando piora ante último trimestre de 2019 (positivo em 2,327 bilhões de reais), quando houve uma forte redução de estoques, parcialmente recompostos nos primeiros três meses de 2020.
A dívida líquida em relação ao Ebitda ficou em 2,55 vezes em 31 de março de 2020 ante 1,67 vez em 31 de dezembro de 2019, consequência, de acordo com a empres, da variação cambial do período.
Ao final do primeiro trimestre, 15,3% da dívida bruta era denominada em reais, 84,4% em dólar norte-americano e 0,3% em outras moedas. Ainda, 8,3% da dívida bruta era de curto prazo e 81,7% de longo prazo.
Em 31 de março, 56% do caixa era denominado em dólar norte-americano. A empresa ainda ressaltou que nos últimos 12 meses registrou fluxo de caixa livre positivo superior a 4 bilhões de reais.
INVESTIMENTOS
A Gerdau também anunciou revisão do plano de investimentos para 2020 citando "incertezas do mercado".
A previsão de desembolsos de capex para 2020 passou de 2,6 bilhões para 1,6 bilhão de reais. Com isso, a estimativa de 7 bilhões para o período de 2019-2021 passou a ser de 6 bilhões de reais.
"Os desembolsos de Capex de 2020 estão sendo cuidadosamente postergados globalmente", afirmou.
No primeiro trimestre, os investimentos somaram 472 milhões de reais, sendo 248 milhões para manutenção geral, 74 milhões para manutenção da usina de Ouro Branco (MG) e 150 milhões para expansão e atualização tecnológica.
Do valor total desembolsado no ano, 43% foram destinados para a operação Brasil, 20% para Aços Especiais, 33% para a ON América do Norte e 4% para a América do Sul.
A Gerdau também disse que seu conselho de administração optou por não antecipar o pagamento dos dividendos referentes ao primeiro trimestre, em virtude das incertezas provenientes dos efeitos da pandemia de Covid-19 no resultado do exercício de 2020.
"Reiteramos que a política de dividendos da companhia permanece em 30% do lucro líquido ajustado para o exercício, sendo facultativa a sua antecipação."
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