| Clipping Logística Reversa - 12/07/2019 – Ano 3 – Edição 88
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Chamada de Notícias
Logística Reversa
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O Ministério do Meio Ambiente acaba de lançar o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (SINIR), cujo objetivo é subsidiar estados, municípios e o Distrito Federal na gestão ambiental adequada dos resíduos sólidos urbanos.
Previsto na Lei nº 12.305/10, que define a Política Nacional de Resíduos Sólidos, o sistema é parte das metas previstas no Programa Lixão Zero, lançado no âmbito da agenda Nacional de Qualidade Ambiental Urbana.
O SINIR vai coletar dados relativos aos serviços públicos e privados de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, o que possibilitará o monitoramento, a fiscalização, a avaliação da eficiência da gestão e o gerenciamento dos resíduos sólidos, inclusive dos sistemas de logística reversa. Também irá acompanhar as metas definidas nos planos e a informação à sociedade sobre as atividades da Política Nacional.
Cabe aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios alimentar o sistema com dados sobre planejamento e execução da gestão de resíduos sólidos, assim como sobre a realidade da coleta e geração desses resíduos.
O advogado Alessandro Panasolo, que tem prestado consultoria a diversas entidades e empresas que atuam na logística reversa, comenta que esse é mais um passo numa direção irreversível: a de pleno cumprimento das metas e exigências legais. “Por isso, melhor sair na frente, tomar a iniciativa e não ficar aguardando a visita da fiscalização. Quem esperar para ver, descobrirá em breve o custo de sua inação”, explica o advogado.
| Capital Natural ( publicado em 04-07-2019) | | | | A expedição norueguesa fez uma inspeção detalhada do submarino naufragado
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Mudança na base da aposentadoria é destaque
Estima-se que 98,5% da nossa frota acabe em ferros-velhos e desmanches. Foto: Polícia Civil RS© Fornecido por Três Editorial Ltda Estima-se que 98,5% da nossa frota acabe em ferros-velhos e desmanches.
Estima-se que no Brasil existam 45 milhões de veículos em circulação atualmente, com uma média de 10 anos de uso. Assim, a previsão é de que, em uma década, grande parte desses automóveis seja descartada e substituída por milhões de outros modelos que terão o mesmo destino dali a mais alguns anos.
Esses veículos se tornam um grande problema no final da vida útil: grande parte se torna resíduo e descartes deixados em ferros-velhos e aterros sanitários, que custam R$ 8 bilhões por ano ao governo, segundo relatório de 2017 da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), e se tornam mais uma causa de poluição no ambiente e contaminação no solo com seus resíduos.
A reciclagem e o reúso de peças automotivas são vistos como as melhores soluções para reduzir a quantidade de resíduos oriundos de automóveis abandonados em ferros-velhos e aterros sanitários e tornar mais sustentável o ciclo de vida do veículo. Sua composição leva em média 18% de plástico, 7% de borracha, 55% de metais e 20% de outros materiais. Sendo assim, grande parte dos materiais pode ser reciclada, e os que não passam por esse processo podem ser reutilizados em novos modelos fabricados.
Na Europa, essa solução já não é mais uma novidade. Cerca de 85% dos automóveis que circulam nos países do continente têm como destino a reciclagem ou suas peças são reutilizadas.
Já no Brasil temos um cenário bem diferente. Estima-se que 98,5% da frota que chega ao final do seu ciclo de vida aqui termina em depósitos e desmanches, e apenas 1,5% de cada veículo que sai de circulação tem um destino mais sustentável.
Benefícios palpáveis
A reciclagem de veículos no Brasil beneficiaria o meio ambiente e a própria indústria automobilística. O uso de peças recicladas e reutilizadas sai a um custo muito menor, até mesmo por não precisar fazer a exploração de matéria-prima, um dos fatores que encarecem a produção de novos modelos.
A falta de um programa de reciclagem veicular, de leis mais duras para combater o descarte inadequado e que permitam mais agilidade na reciclagem de veículos já fora de uso, deixa o Brasil muito atrasado na questão da sustentabilidade do ciclo dos veículos. Para que vejamos aqui o que já acontece na Europa, por exemplo, seriam necessárias medidas governamentais para estimular a população a doar seus veículos velhos para a reciclagem com algum tipo de incentivo, além de parcerias com empresas do setor para desenvolver esse processo.
Numa medida que vai nesse caminho, em 2010 o Detran do Rio Grande do Sul iniciou um projeto pioneiro no país com a reciclagem de carros a fim de reduzir o impacto ambiental causado pelos veículos parados nos depósitos e impedir o uso e comercialização ilegal de peças.
Em 2014, entrou em vigor no estado de São Paulo a lei do desmanche (Lei 12977 – 2014, com o objetivo de combater o desmanche ilegal, o comércio de peças usadas sem origem comprovada, regular o processo de desmontagem e o de reciclagem de metais. Essa é uma medida muito importante para colaborar com o ciclo de vida sustentável dos automóveis, uma vez que o roubo, o desmanche e a comercialização de peças ilegais são fatores que dificultam atitudes mais sustentáveis por parte da indústria automotiva.
Em paralelo a esses projetos estaduais no Brasil, a indústria química Basf tem buscado promover a sustentabilidade no ciclo de vida dos veículos. Junto com sua consultoria para sustentabilidade, a Fundação Espaço ECO e a Polen, startup que atua com soluções para comercialização e rastreabilidade de resíduos, levou o tema para discussão em uma atividade de design thinking no fórum Automotive Business Experience, realizado em São Paulo.
A empresa também tem trabalhado com grandes parceiros para oferecer aos consumidores automóveis mais sustentáveis e menos poluentes. A partir de soluções inovadoras e mais ecológicas, como plásticos de engenharia e materiais que deixam os carros mais leves – promovendo eficiência energética, catalisadores que reduzem em 90% a emissão de poluentes, produtos para pintura que exigem menos consumo de água e reduzem a emissão de compostos orgânicos voláteis, entre outras inovações, a companhia contribui para o desenvolvimento de veículos mais ecoeficientes.
(*) Ariane Marques é química e estrategista do Time de Indústria Automotiva da Basf para a América do Sul
| MSN (publicado em 09-07-2019) | | | |
Transformar lixo em energiae combustível. Essa será a função das duas usinas da Gás Verde S.A inauguradas nesta quinta-feira (4), no estado do Rio de Janeiro. As unidades estão situadas nos aterros sanitários de Seropédica, na região metropolitana, e em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense.
Segundo a Gás Verde S.A, o biogás é mais puro do que o gás natural proveniente do petróleo. Depois de refinado, ele é comercializado como combustível para veículos e indústrias. Já o gás extraído do lixo alimenta a usina térmica da empresa, já interligada ao sistema energético.
Em Seropédica, o biogás é adquirido da Ciclus, empresa que administra o aterro sanitário local, considerado o maior da América Latina, com cerca de 10 mil toneladas de lixo diárias recebidas dos municípios do Rio de Janeiro. A usina tem capacidade de produzir 200 mil metros cúbicos diários, volume capaz de encher o tanque de 13 mil veículos. A perspectiva é que, quando estiver em plena operação, a unidade produza 73 milhões de metros cúbicos de gás natural renovável (GNR) por no.
Na usina de Nova Iguaçu, o biogás que vem do aterro administrado pela Foxx Haztec é comprado pela Gás Verde e usado para alimentar a sua térmica. A usina utiliza 9,5 mil metros cúbicos de biogás por hora para a produção de 150 mil megawatts-hora (MWh) de energia por ano, volume capaz de atender ao consumo de 70 mil residências.
De acordo com a Gás Verde, S.A, por se tratar de uma fonte renovável, a energia gerada é menos poluidora do que térmicas movidas a carvão, óleo e gás natural. Com isso, contribui para reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa, além de propiciar ganhos financeiros adicionais para os aterros sanitários.
| MSN (publicado em 05-07-2019) | | | |
Um projeto idealizado por uma estudante de 8 anos que prevê a reciclagem de livros didáticos foi um dos vencedores do 17º Prêmio Paranaense de Excelência Gráfica Oscar Schrappe Sobrinho. A Posigraf, uma das maiores gráficas da América Latina, foi a premiada na categoria Sustentabilidade, lançada este ano, com o projeto “Logística Reversa de Livro Didático", no prêmio que é considerado o maior da indústria gráfica paranaense.
A ideia do projeto foi da estudante do Colégio Positivo Internacional, Helena Giotto, que pensou em uma forma de ajudar o meio ambiente após ler a frase “Como nossa escola pode reduzir o impacto ambiental?”, no mural do colégio. Todo o material coletado de novembro de 2018 a março de 2019 - 28 toneladas - foi encaminhado para o processo de reciclagem, virando matéria-prima para a fabricação de outros produtos.
A receita arrecadada com a venda do material didático foi dividida entre os cinco colégios participantes, conforme a arrecadação de cada um, e será destinada a projetos sociais escolhidos pelos alunos. No final deste ano, o projeto de Logística Reversa será replicado para todas as unidades do Colégio, em Curitiba (PR), Joinville (SC), Ponta Grossa (PR) e Londrina (PR).
"O Positivo é responsável pela concepção, produção e impressão de milhares de livros didáticos por meio da Posigraf, da Editora Positivo e do Colégio Positivo. Com o lançamento do projeto Logística Reversa, no final de 2018, o grupo passou a ser responsável também pelo destino final dos materiais, fechando com responsabilidade essa cadeia", justifica a supervisora de Qualidade e Meio Ambiente do Grupo Positivo, Andréa Luiza Arantes.
A gráfica do Grupo Positivo também foi a vencedora na categoria “2.2 - Revista com acabamentos especiais”, com a revista Gastronomia Angeloni de Janeiro/Fevereiro. A premiação é promovida pelo Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado do Paraná (SIGEP) e pela Associação Brasileira da Indústria Gráfica – Regional Paraná (ABIGRAF-PR).
Sobre a Posigraf
Há mais de 45 anos no mercado, a Posigraf, gráfica do Grupo Positivo, é uma das maiores gráficas da América Latina. Instalada em uma área de 52 mil m2, a companhia tem um escritório em São Paulo e representações em todo o Brasil. Seu portfólio de serviços compreende a produção de livros didáticos e publicações especiais, tabloides e materiais promocionais, além de revistas e periódicos.
| Segs (publicado em 10-07-019) | | | | A gestora ambiental, Vanessa Fernandes, e o engenheiro civil, José Dantas falam sobre os tipos de resíduos e a necessidade urgente em mudarmos o comportamento .
| G1 Paraíba ( 30 de junho de 2019) | | | |
Planta está localizada na cidade de Shenzhen e tem capacidade de processar cerca de 5 mil toneladas de resíduos por dia
Está sendo construída, na China, a maior usina de produção de bioenergia a partir do lixo. A planta fica na cidade de Shenzhen, no sul do país, e tem a capacidade de processar cerca de 5 mil toneladas de resíduos por dia. A previsão é que a usina comece a operar ainda em 2020.
A nova instalação será capaz de transformar em energia um terço do lixo produzido diariamente pela população da região metropolitana de Shenzhen — onde vivem cerca de 20 milhões de habitantes.
saiba mais
A China vem investindo, cada vez mais, na geração de energia a partir de resíduos. Atualmente, o país tem mais de 300 plantas em operação. Com isso, o gigante asiático viu sua capacidade instalada de produção de energia a partir de resíduos crescer 26% por ano nos últimos cinco anos. No mesmo período, os países da OCDE tiveram aumento médio de 4% por ano na geração.
Segundo o Conselho Mundial de Energia (WEC, na sigla em inglês), esse é um setor que terá valor de mercado de cerca de US$ 40 bilhões em 2023.
A usina de Shenzhen irá capturar o calor gerado a partir da incineração de resíduos indesejados. Esse calor será usado para acionar uma turbina que gera eletricidade. Além disso, a planta também produzirá energia solar, já que possui cerca de 40 mil m² de painéis solares instalados em seu teto.
| Época Negócios (publicado em 09-07-2019) | | | |
Você acha que é possível fazer o bem sem gastar um centavo? Ajudar a diminuir a produção de lixo têxtil pode salvar vidas? Você acredita que uma meia velha pode mudar o destino de uma pessoa? O Projeto Meias do Bem, idealizado pela Puket, reforça que para todas essas perguntas a resposta é sim!
A combinação de inovação, responsabilidade social, solidariedade e sustentabilidade deram forma ao projeto que nasceu em 2013 e desde então atua na arrecadação de meias usadas que são transformadas em cobertores e ajudam a salvar vidas em todo o país.
Até agora, mais de 40 toneladas de meias velhas, usadas e sem par foram transformadas em 40 mil cobertores, juntamente doados com pares de meias novinhos. São mais de um milhão e 600 mil pares de meias que nunca chegaram a aterros sanitários e que ajudaram a aquecer pessoas nas noites mais frias do ano.
“Quem nunca perdeu um pé de meia ou ficou apenas com uma furada na gaveta sem saber o que fazer? Nós encontramos uma utilidade e reenchemos uma lacuna social ajudando a fazer o bem a milhares de pessoas em situação de rua”, conta Luiz Yada, Analista de Trade Marketing.
Como ajudar
Para contribuir com o projeto basta ir a uma das 160 lojas Puket, espalhadas por todo o Brasil, e depositar na urna meias que já não lhe servem mais. A ação acontece ao longo do ano e as doações são realizadas principalmente durante o inverno.
“Cada loja da Puket é um ponto de coleta: basta levar as suas meias velhas para que sejam transformadas em esperança! Menos lixo, mais consciência, mais amor!”, comemora Luiz, mostrando como é fácil fazer o bem.
A ideia
A iniciativa nasceu de algo que a Puket sempre fez. Durante seus mais de 30 anos de atuação, todo resíduo têxtil, ao invés de ir para o lixo, era entregue a fábricas de cobertores. Após muitos estudos, percebeu-se que também era possível utilizar as meias usadas na produção das mantas. A partir daí nasceu essa grande corrente do bem, que já impactou mais de 20 milhões de pessoas em prol dos mais necessitados.
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Esta jovem ativista brasileira luta para mudar os hábitos de seu povo, para que recolham e e deixem de queimar resíduos. Este é o quarto capítulo da série apresenta cinco jovens líderes que defendem a floresta
Francesc Badia i Dalmases
Quanto plástico a bacia amazônica pode suportar antes de entrar em colapso? Quanta agressão inconsciente? Quanta degradação ambiental?
Um saco plástico, um frasco de polietileno, um pedaço de poliuretano são objetos banais, baratos e descartáveis. Seu uso diário é medido em bilhões de unidades em todo o planeta.
Joane: Acabar com o plástico e o fogo destrutivo não é impossível
Ednei: Aqui é território indígena Maró
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Drica: Defender o território para as gerações futuras significa resistir
No entanto, após um único uso, eles são sistematicamente despejados pela natureza, com um impacto catastrófico, especialmente quando se multiplicam ao infinito, invadem o território, se decompõem em micro-plásticos e contaminam a água. Eles acabam matando a fauna do rio: peixes, tartarugas, pássaros.
Segundo a Earth Day Network, o Brasil ocupa tristemente o primeiro lugar em má gestão de resíduos plásticos nas Américas, acima dos Estados Unidos.
Em muitas áreas do baixo Tapajós, a proliferação de plástico no meio ambiente é gigantesca. Parar esse absurdo e começar a revertê-lo é uma tarefa de enorme dimensão. Embora não seja impossível.
Um exemplo disso ocorre em Suruacá, uma pequena comunidade dentro da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, estabelecida pelo Decreto S/Nº de 6 de novembro de 1998. Aqui, algo poderia começar a mudar se pessoas como Joane, uma jovem tapajônica de 20 anos, forem bem-sucedidas em seu valioso esforço.
A comunidade de Suruacá foi uma das primeiras a fazer parte de um extenso programa de regeneração socioambiental, liderado pela organização não-governamental Projeto Saúde e Alegria, sediada em Santarém, no Pará.
A comunidade de Joane ilustra como uma política comunitária coerente, aplicada com continuidade ao longo do tempo, tem efeitos transformadores de longo alcance.
Certamente, o desafio é gigantesco. Mas a comunidade de Suruacá está suficientemente organizada para fazer prosperar uma iniciativa como essa, que possa acabar com a onipresença do lixo plástico.
Desde garotinha, Joane gostava de brincar com plásticos, diz sua mãe, professora da escola local. "Ela fazia pequenas joias, objetos para o banheiro ou vasinhos para as plantas do jardim", diz ela, enquanto limpa um peixe. Agora, graças à conscientização adquirida em vários treinamentos ambientais, Joane propôs intervir em sua comunidade.
A situação piorou quando o modelo alimentar começou a mudar, passando em poucas décadas de uma dieta baseada em culturas nativas, frutas, peixes e água dos poços ou das fontes que alimentam o rio (os belos igarapés), a uma dieta exógena, que incorpora produtos enlatados e embalados, refrigerantes e água engarrafada.
Quem sabe um dia esta situação poderá ser invertida? Será difícil. Mas enquanto isso, jovens líderes com consciência como Joane têm ideias, lideram projetos, e estabelecem metas.
Muito recentemente, Joane, juntamente com membros do Coletivo Jovem Tapajônico, que ela ajudou a fundar, realizou uma ação de conscientização para causar impacto.
Além dos resíduos sólidos gerados pela própria comunidade, existe o acúmulo de plásticos na ribeira que vêm dos barcos que navegam ao longo do rio, ou da cidade de Alter do Chão, um resort turístico incipiente no lado oposto do rio Tapajós. O vento e as correntes arrastam o plástico para a praia, que às vezes assume a aparência de um verdadeiro lixão.
A ação consistiu em usar lixo plástico para desenhar na areia da praia um monumental barco amazônico, do qual tiraram uma fotografia aérea. Foi difícil convencer a comunidade da importância daquela foto, mas quando a viram, entenderam a razão de ser.
"O coordenador achou que nossa ação ia prejudicar a comunidade, dando uma imagem ruim, porque para ele o problema não é de Suruacá, vem de fora." Nessa ocasião, não sem esforço, os jovens conseguiram convencê-lo, especialmente quando ele viu a fotografia e o impacto que poderia ter na prefeitura e em outros órgãos administrativos para tomar conhecimento de que medidas urgentes devem ser tomadas.
Mas, embora o problema real seja a falta de políticas públicas de gestão de resíduos sólidos pela prefeitura, que é quem tem a responsabilidade sobre o assunto, Joane dá muita importância à mudança de hábitos que ela está percebendo em alguns dos jovens da comunidade. É isso que a faz feliz, especialmente quando ela também tem a aprovação da sua avó e da sua mãe, elas próprias combatentes e portadoras de valores ancestrais, aprendidos de hábitos de vida passada muito mais próximos da sobrevivência no meio ambiente natural, que veem na jovem ativista, continuidade e futuro.
E ao lado do lixo, há a ameaça do fogo. Primeiro as fogueiras que os vizinhos usam para queimar todo tipo de plástico e borracha, que geram uma fumaça negra, tóxica e inútil. "Essa não é a maneira de tratar os resíduos", diz Joane, e ainda não há família em Suruacá que não tenha um canto para sua própria fogueira.
Joane conta que muitos problemas começaram quando a alimentação deixou de consistir em produtos locais. ver fotogalería
Joane conta que muitos problemas começaram quando a alimentação deixou de consistir em produtos locais. Pablo Albarenga
Além disso, há o fogo que alguns vizinhos põem com o objetivo de obter parcelas para o cultivo, e que muitas vezes resultam em incêndios reais. Uma vez que a parcela da floresta é delimitada, em vez de reutilizar a terra, deixando que se recupere por um ano, para a próxima colheita, eles queimam outro pedaço, e depois outro, aumentando assim o desmatamento, muitas vezes multiplicado por incêndios acidentais. O sistema funciona dessa maneira já há muitas décadas, e a mudança cultural necessária para pôr fim a essa contínua depredação levará tempo.
Apesar da sua juventude, Joane está determinada a mudar as coisas. Ela pensa até em lançar outro biodigestor, cujo design ela conhece bem, uma vez que ela já construiu outro em outro lugar. O biodigestor, sobre o qual Joane fornece todo tipo de detalhe, forneceria gás para cozinhar e fertilizante para o jardim, fruto do mesmo ciclo. "Quando eu for para a cidade, comprarei os recipientes necessários. Se isso funcionar, com certeza a comunidade vai entender e acabar adotando". Seus olhos brilham com entusiasmo: seria um grande avanço.
Quando descemos para a praia para tirar algumas fotos, por uma longa escadaria de madeira em crescente desuso, Joane está convencida de que mais e mais jovens acabarão se juntando a iniciativas semelhantes, ao longo do rio Tapajós e além. "O homem", conclui Joane com indignação, "é possuído por um forte desejo de devorar a floresta. Devorar e devorar. Mas a floresta não é infinita e um dia vai acabar".
Mas, no fundo dos olhos de Joane, há uma centelha de esperança. Nada a faria mais feliz do que ver a floresta livre de resíduos plásticos, e que esse fogo destruidor se apague.
Esse fogo que não só consome os polímeros acumulados, transformando-os em fumaça negra no pátio de cada vizinho da comunidade de Suruacá, mas devora a vida das gerações presentes e futuras.
E a isso Joane se opõe com toda a força de sua juventude.
| El Pais (publicado em 10-07-2019) | | | |
Operação, feita em Santos, aponta que plásticos e isopor somam 52,4%; bitucas são 40,4%
De outubro de 2018 e março de 2019, foi feita uma operação de coleta especial de resíduos em vários pontos da cidade de Santos (SP). Além da limpeza, ela se destinava a produzir um diagnóstico sobre as fontes da poluição despejada no mar.
A operação esquadrinhou faixas de areia em sete praias —José Menino, Pompeia, Gonzaga, Boqueirão, Embaré, Aparecida e Ponta da Praia— e áreas de ocupação irregular do manguezal. As maiores quantidades de resíduos encontrados são de plásticos (52,4%) e bitucas de cigarro (40,4%).
A cidade do litoral paulista foi a primeira da América Latina a fazer uma parceria com a Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA, na sigla em inglês) para criar um programa de combate ao lixo marinho, assinado em 2018. O objetivo é verificar quais as fontes terrestres do lixo que vai dar no mar e, partindo dessas informações, construir um plano estratégico para frear o vazamento inadequado.
Entre os plásticos encontrados, estão plástico filme, pequenos tubos –como isqueiros, seringas, pinos para cocaína, canudos, hastes, como as de cotonetes, e isopor. Depois das bitucas, estão na lista borrachas, metais, madeiras e embalagens não plásticas, somando 7,1%. As coletas foram feitas por voluntários do Instituto EcoFaxina.
Os dados foram analisados e os resultados da pesquisa foram apresentados nesta quinta (4), na Conferência Internacional de Prevenção e Combate ao Lixo no Mar: do diagnóstico ao passo a passo para ações efetivas, em São Luís, Maranhão. A conferência é promovida pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), com a Agência de Proteção Ambiental da Suécia (Sepa).
A próxima cidade a ser analisada e passar pelo processo será a capital maranhense. Segundo Carlos Silva Filho, diretor presidente da Abrelpe e Vice Presidente da ISWA, nesta sexta (5), está sendo lançado um edital de chamamento para que mais quatro municípios, um de cada região no Brasil que tem faixa litorânea (Norte, Nordeste, Sul e Sudeste), se candidatem ao mesmo programa. O pacote inclui a pesquisa de campo, análise de dados e um posterior plano estratégico de combate.
Segundo a Abrelpe, os dados internacionais disponíveis não diferem substancialmente do que foi observado nesta amostragem em Santos. Os materiais plásticos também são os mais recolhidos em ambientes marinhos (45,5%), seguidos das bitucas e filtros de cigarro (28%).De acordo com indicadores internacionais, cerca de 80% do lixo marinho tem origem nas cidades. No Brasil, mais de 2 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos vão parar nos rios e mares todos os anos.
A associação calcula que se resíduos plásticos que chegam aos oceanos pela costa brasileira fossem encaminhados para processos de reciclagem, haveria uma economia de, no mínimo, 3,6 milhões de litros de gasolina, além da poupança de recursos naturais.
Mara Gama - Jornalista e consultora de qualidade de texto.
| Folha de S. Paulo (publicado em 05-07-2019) | | | |
O artista plástico e ativista mexicano Pedro Reyes decidiu transformar armas recolhidas em pás para plantar árvores.
Pedro mora em Culiacán, a cidade do México com a maior taxa de mortes por armas de fogo, cuja população tem ciência das devastadoras consequências das armas.
Unindo os desafios da contemporaneidade com as artes plásticas, o artista é otimista e busca sempre trabalhar seus projetos sob uma perspectiva positiva.
Ele imaginou que a partir das armas, poderia haver transformação. E que sim, havia algo de positivo e bom no material para ser aproveitado para um propósito nobre: plantar árvores!
Artista mexicano derrete 1500 armas e transforma em pás para plantar árvores
Desarmamento
Pedro começou uma campanha pedindo aos moradores de Culiacán que entregassem suas armas em troca de um cupons para a compra de eletrônicos ou eletrodomésticos.
Depois que Pedro coletou 1.527 pistolas para o projeto ‘Palas por Pistolas’ ou ‘Pás por armas’, elas foram levadas para uma base militar: esmagadas com um trator, derretidas e transformadas em 1.527 cabeças de pá.
Artista mexicano derrete 1500 armas e transforma em pás para plantar árvores
As novas pás foram distribuídas para instituições de arte e escolas públicas, onde serão aproveitadas pela comunidade para o plantio de milhares de árvores.
“Agora elas existem apenas com o propósito de plantar árvores e criar vida!”
Algumas foram parar na Galeria de Arte de Vancouver, no Instituto de Arte de São Francisco, na Maison Rouge em Paris e em outros lugares do mundo.
“Uma pá, como uma arma, pode ser usada para um propósito produtivo, ou com ódio. Mas graças a essa mudança de perspectiva, podemos transformar o que dói em algo que beneficia a todos nós”, concluiu.
| Razões para acreditar | | | |
Os impactos das mudanças climáticas e a crescente desigualdade entre e dentro dos países estão minando o progresso na agenda de desenvolvimento sustentável, ameaçando reverter muitos dos ganhos alcançados ao longo das últimas décadas que melhoraram as vidas das pessoas, alerta o mais recente relatório das Nações Unidas sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Lançado no dia de abertura do Fórum Político de Alto Nível da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável — um evento anual crítico de revisão das metas —, o relatório é baseado nos dados mais recentes disponíveis e permanece um marco para mensurar o progresso e identificar lacunas na implementação de todos os 17 ODS.
Quatro anos após a adoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável — a estratégia do mundo para um planeta mais justo e saudável —, o relatório observa progresso em algumas áreas, como redução da extrema pobreza, imunização generalizada, queda nas taxas de mortalidade infantil e aumento no acesso das pessoas à eletricidade. Mas a publicação alerta que a resposta global não foi ambiciosa o suficiente, o que deixou as pessoas e países mais vulneráveis sofrendo mais.
Confira as principais descobertas do relatório:
A desigualdade crescente entre e dentro dos países exige atenção urgente, alerta o relatório. Três quartos das crianças com nanismo vivem no Sul da Ásia e na África Subsaariana. A taxa de extrema pobreza é três vezes mais alta em zonas rurais do que em áreas urbanas. Os jovens têm três vezes mais chances de estarem desempregados do que os adultos. Apenas um quarto das pessoas com deficiências severas recebem pensão por deficiência. E mulheres e meninas ainda enfrentam barreiras para alcançar igualdade;
O ano de 2018 foi o quarto mais quente já registrado. Os níveis das concentrações de dióxido de carbono continuaram a aumentar em 2018. A acidez dos oceanos está 26% mais alta do que nos tempos pré-industriais e deve ter aumento de 100% a 150% até 2100, com a atual taxa de emissões de CO2;
O número de pessoas vivendo na extrema pobreza caiu de 36% em 1990 para 8,6% em 2018, mas o ritmo da redução da pobreza está começando a desacelerar, conforme o mundo luta para responder a uma miséria enraizada, a conflitos violentos e a vulnerabilidades aos desastres naturais;
A fome global tem crescido após uma queda prolongada.
“Está abundantemente claro que uma resposta bem mais profunda, mais rápida e mais ambiciosa é necessária para liberar a transformação social e econômica necessária para alcançar os nossos objetivos de 2030”, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Mudanças climáticas e meio ambiente
A falta de progresso é particularmente evidente nos objetivos relacionados ao meio ambiente, como as metas sobre ação climática e biodiversidade. Outros importantes relatórios lançados recentemente pela ONU também alertaram sobre uma ameaça sem precedentes à biodiversidade e sobre a necessidade urgente de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.
“O ambiente natural está se deteriorando a uma taxa alarmante: os níveis do mar estão subindo; a acidificação dos oceanos está acelerando; os últimos quatro anos foram os mais quentes já registrados; 1 milhão de espécies de plantas e animais estão em risco de extinção; e a degradação do solo continua sem controle”, acrescentou o secretário-geral.
Os impactos da degradação ambiental estão prejudicando as vidas das pessoas. Condições climáticas extremas, desastres naturais mais frequentes e severos e o colapso dos ecossistemas estão causando uma maior insegurança alimentar e estão agravando seriamente a segurança e a saúde das pessoas, forçando muitas comunidades a sofrer com pobreza, deslocamento e desigualdades crescentes.
O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Econômicos e Sociais, Liu Zhenmin, alerta que o tempo está passando para tomar ações decisivas sobre mudanças climáticas. O dirigente ressalta a importância de fortalecer a cooperação internacional e a ação multilateral para enfrentar os desafios globais monumentais.
“Os desafios assinalados nesse relatório são problemas globais que exigem soluções globais”, disse Liu.
“Assim como os problemas estão inter-relacionados, as soluções para a pobreza, a desigualdade, as mudanças climáticas e outros desafios globais também estão interligadas.”
Pobreza
A extrema pobreza — que a ONU define como uma privação severa de necessidades humanas básicas — continua a cair, mas a queda desacelerou de tal modo que o mundo, caso mantenha-se no atual ritmo, não vai alcançar a meta de ter menos de 3% da população vivendo nessa condição até 2030.
De acordo com as estimativas atuais, é mais provável que essa taxa fique em torno de 6%. Isso representa 420 milhões de pessoas.
Conflitos violentos e desastres naturais têm influência sobre esse número. Na região árabe, a extrema pobreza era calculada em menos de 3%. Contudo, os confrontos na Síria e no Iêmen levaram a um aumento da taxa de pobreza na região, deixando mais pessoas sem ter o que comer e sem ter onde morar.
Fome
A fome voltou a crescer no mundo, com 821 milhões de pessoas subnutridas em 2017, segundo dados compilados pelo relatório. Em 2015, o contingente de indivíduos passando fome era estimado em 784 milhões de pessoas. Atualmente, uma em cada nove pessoas no mundo não têm comida suficiente.
A África continua sendo o continente com a mais alta prevalência de subnutrição — o problema que afeta um quinto da população africana, o equivalente a mais de 256 milhões de pessoas.
Em nível global, o investimento público na agricultura está caindo — tendência que precisa ser revertida de acordo com o secretário-geral. “Produtores de alimentos de pequena escala e agricultores familiares precisam de um apoio muito maior, e um maior investimento em infraestrutura e tecnologia para a agricultura sustentável é urgentemente necessário”, defendeu Guterres.
Os países em desenvolvimento são os mais afetados pela falta de investimento no setor. A proporção de pequenos produtores em países da África, Ásia e América Latina varia de 40% a 85%, bem acima do índice europeu, por exemplo, que fica abaixo dos 10%.
Saúde
O relatório ressalta que pelo menos metade da população mundial — o equivalente a 3,5 bilhões de pessoas — não tem acesso a serviços essenciais de saúde. Em 2015, segundo a pesquisa, estima-se que 303 mil mulheres em todo o mundo morreram devido a complicações na gravidez e no parto. A maioria dessas gestantes vivia na África Subsaariana.
“Esforços coordenados são necessários para alcançar a cobertura universal de saúde, o financiamento sustentável da saúde e para enfrentar o impacto crescente das doenças não transmissíveis, inclusive (as associadas a) saúde mental”, afirmou Guterres.
A pesquisa da ONU aponta ainda que o progresso estagnou-se ou não está acontecendo rápido o suficiente para combater doenças como malária e tuberculose. Eliminar essas infecções — como ameaças de saúde pública — é uma das metas do ODS nº 3, sobre saúde e bem-estar.
Igualdade de gênero
Globalmente, nos últimos 12 meses, em torno de 20% de todas as mulheres com idade de 15 a 49 anos sofreram violência física ou sexual cometida pelo próprio parceiro. O índice de agressões é mais alto nos 47 países mais pobres do mundo — um grupo de nações que a ONU chama de países menos desenvolvidos.
O relatório aponta que alguns indicadores sobre igualdade de gênero estão melhorando. O levantamento lembra a queda significativa na ocorrência da mutilação genital feminina e no casamento infantil, mas ressalta que os números para essas violações de direitos continuam altos.
A pesquisa vê progresso insuficiente em questões estruturais que estão na raiz da desigualdade de gênero. Entre os problemas elencados pelo documento, estão a discriminação legal, normas e atitudes sociais injustas, o processo de tomada de decisões sobre questões sexuais e reprodutivas e os níveis baixos de participação política. Esses desafios estão minando os esforços para cumprir os objetivos da ONU.
“Simplesmente não tem nenhum jeito de alcançar os 17 ODS sem alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres e meninas”, enfatizou Guterres.
Soluções interconectadas
Apesar dos desafios, o relatório mostra que existem oportunidades valiosas para acelerar o progresso, alavancando as interligações entre os objetivos. Reduzir as emissões de gases do efeito estufa, por exemplo, contribui com a criação de empregos, a construção de cidades mais habitáveis e melhorias na saúde e na prosperidade para todos.
As Nações Unidas vão sediar as Cúpulas sobre o Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e sobre Ação Climática, bem como outras reuniões cruciais durante a semana de alto nível da 74ª sessão da Assembleia Geral, em setembro, para reenergizar os líderes mundiais e a comunidade global, colocar o mundo de volta nos trilhos e dar o pontapé inicial numa década de avanços para as pessoas e o planeta.
Sobre os relatórios dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Os relatórios anuais oferecem um panorama dos esforços mundiais de implementação dos ODS até o momento, com destaque para áreas de progresso e para questões em que mais ações precisam ser realizadas. As publicações são preparadas pelo Departamento da ONU de Assuntos Econômicos e Sociais, com contribuições de organizações internacionais e regionais e do sistema de agências, fundos e programas das Nações Unidas. Vários estatísticos nacionais, especialistas da sociedade civil e da academia também contribuem com os relatórios.
Sobre o Fórum Político de Alto Nível
Conhecida como a maior reunião anual sobre a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o Fórum Político de Alto Nível reúne lideranças de diferentes setores da sociedade. Neste ano, o Fórum — que é convocado pelo Conselho Econômico e Social da ONU — acontece de 9 a 18 de julho. O segmento ministerial acontece de 16 a 18 de julho, e o Fórum receberá mais de 80 ministros, bem como quase 160 eventos paralelos durante mais de dez dias.
| ONU Brasil (publicado em 09-07-2019 | | | |
Criada pelo artista plástico Juan Muzzi, esta inovação vem ganhando admiradores por todo o mundo
Ir ao trabalho ou à faculdade de bicicleta é uma atividade muito sustentável, não é verdade? Ao pedalarmos de um ponto a outro evitamos a emissão de CO2 em nossas cidades e de quebra fazemos um ótimo exercício físico.
Mas andar de bicicleta pode trazer ainda mais benefícios para o planeta. Esta bike produzida com plástico reciclado foi desenvolvida pelo artista plástico uruguaio Juan Muzzi, que vive na cidade de São Paulo e resolveu empreender neste ramo por conta de uma inspiração inusitada. Segundo Muzzi a ideia de produzir um quadro de bicicleta inteiramente de plástico veio da natureza, mais especificamente do osso e sua estrutura oca. Assim, o uso de material é diminuído e não interfere na rigidez estrutural do projeto.
O processo de fabricação
Cada bicicleta leva plástico granulado em sua composição. O material é proveniente de garrafas PET, pedaços de computadores e diversas outras fontes, que são triturados até virarem pequenos grãos de plástico. Em seguida, são incluídos aditivos químicos que trazem maior resistência ao material, que depois é depositado em uma máquina injetora que o aloca ao molde. Depois de cerca de 3 minutos, o plástico comumente descartado se transforma em um novo produto.
Os benefícios da bicicleta de plástico
Além de reutilizar um material que leva em média 400 anos para se decompor na natureza, as criações da Muzzicycles têm outras vantagens. Por ter um quadro composto inteiramente de plástico, essa criação não enferruja, sendo perfeita para cidades litorâneas onde a ferrugem é comum.
Outra vantagem é a garantia vitalícia oferecida pelo fabricante. Segundo o criador, a bicicleta pode ser passada de pai para filho, desde que sejam substituídas as rodas.
Para o meio ambiente os benefícios são ainda maiores. A empresa possui atualmente a capacidade de reciclar 15.840.600 Kg de materiais plásticos, economizando assim 980.732 Kg de petróleo e deixando de despejar quase 6 milhões de Kg de CO2 em material incinerado na atmosfera.
Porém, aos interessados em adquirir uma destas bikes, é preciso ter um pouco de paciência. Existe uma fila de espera virtual, sendo necessária uma encomenda online, que pode ser feita através do site da Muzzicycles. A criação já está presente em mais de 12 países e promete se espalhar ainda mais ao redor do globo.
| ILOG (publicado em 10-07-2019) | | | |
A ISWA – International Solid Waste Association (Associação Internacional de Resíduos Sólidos), que no Brasil é representada pela Abrelpe, apresenta sua Calculadora de Poluição por Plásticos. A ferramenta é capaz de listar as fontes de vazamento de resíduos plásticos e as variações do material que vão para o ambiente marinho.
Desenvolvida com base em metodologias científicas pela Universidade de Leeds, da Inglaterra, a ferramenta inédita foi idealizada pela força-tarefa da ISWA/ABRELPE para Combate ao Lixo no Mar. “Além de identificar as fontes e quantificar os tipos de plásticos que chegam aos oceanos, a calculadora poderá ajudar governos, autoridades regionais e municípios com sugestões de soluções locais e as intervenções políticas necessárias para eliminar as poluições a partir dos resíduos sólidos, principalmente dos resíduos plásticos”, avalia Carlos Silva Filho, diretor presidente da ABRELPE e vice presidente da ISWA.
Os resultados dos primeiros testes da calculadora são da ilha de Bali e apontam que moradores, turistas e organizações geram 1,6 milhão de toneladas de resíduos por ano. Do volume total, os resíduos de plástico representam 303 mil toneladas, sendo que 33 mil toneladas/ano acabam nos cursos d’água de Bali.
O diagnóstico também mostra que pouco mais de 48% dos resíduos gerados em Bali, um ponto turístico popular, é gerenciado de forma responsável, seja por meio de reciclagem ou aterro, enquanto o restante é queimado ou polui a terra, cursos d’água e oceano.
Um estudo recente da Abrelpe, resultado do projeto de prevenção e combate à poluição marinha no Brasil, identificou que as áreas de ocupação irregular, os sistemas de drenagem e a orla das praias são as principais fontes de vazamento de lixo para o mar. E que os materiais plásticos estão em maior concentração nesses ecossistemass: 52,5% de todos os resíduos coletados, e de forma variada, como plástico filme, pequenos tubos plásticos, hastes plásticas e isopor, que contém plástico em sua composição.
A Calculadora de Poluição por Plásticos, que em breve estará disponível no Brasil, pode ser aplicada a qualquer município, região ou país para identificar os mecanismos de vazamento de plástico, quantificar fontes, caminhos e pontos de poluição e possíveis soluções.
| revista Meio Ambiente Industrial | | | |
O cultivo de hortas nas cidades vem ganhando cada vez mais adeptos - seja para consumo próprio ou para compartilhar em espaços públicos. A prática, que além de redefinir a forma como pensamos sobre a cidade e o campo, traz benefícios para a alimentação e qualidade de vida urbana.
A criação de espaços para produção de alimentos nos centros urbanos, vem ganhando cada vez mais adeptos, sob a pegada da sustentabilidade, aliado a qualidade de vida, alimentação mais saudável, educação da população sobre a produção de alimentos e fortalecimento do consumo local.
O que não faltam são motivos, justificativas e possibilidades neste tipo de prática, mas, por que será que ela ainda é tão dispersa?
Bom, aposto que qualquer pessoa, principalmente que vive em regiões muito urbanizadas, se questionada sobre a possibilidade de ter um espaço no bairro onde vive para cultivo de alimentos, com incentivo a promoção da cultura do compartilhamento, da saúde e educação, dificilmente viria como algo negativo, certo?
Mas ainda assim, observa-se uma dificuldade de tornar essa prática algo cotidiano e com grande escala de abrangência, então, antes de irmos mais aos detalhes destas perguntas, vamos explicar conceitualmente como as hortas urbanas funcionam, mostrar iniciativas que já existem e desmistificar mitos sobre o tema!
Como as hortas urbanas funcionam?
As hortas urbanas, foram idealizadas com o objetivo de criar uma nova mentalidade na relação do espaço urbano, não se trata apenas da relação alimentar, mas da relação com o coletivo e com o espaço que habitamos.
Normalmente, as hortas são criadas por um grupo ou uma comunidade em terrenos baldios, com o objetivo de revitalizá-lo e proporcionar um novo significado para este local. Ou seja, têm-se a expectativa de que a área se torna comunitária, e que a comunidade engajada a preserve e cuide, trazendo um benefício mútuo.
Exemplo de horta comunitária em São Paulo.
Além do propósito em si, deve-se planejar os cultivos a serem plantados, as características de cada espécie e a estrutura que será montada a horta.
As espécies dependem da condição climática do local onde a horta será instalada, mas, é comum encontrar hortaliças e vegetais como tomate, alface, rúcula, couve, espinafre, repolho, rabanete, beterraba, cenoura, dentre outros. O cultivo em si é priorizado na agricultura orgânica, trazendo qualidade e maior viabilização do projeto.
A estrutura da horta propriamente dita, depende do tamanho e características da área e da disponibilidade do grupo para realizar as manutenções e colheitas.
O terreno deve ser ensolarado, plano e com fácil acesso a água para irrigação, podendo-se pensar em compostos orgânicos para adubo e utilização de serapilheira (camada de folhas secas e galhos que caem das árvores) de áreas próximas, para ajudar na manutenção da umidade do solo. É válido também, observar o histórico do local onde será instalado a horta, em especial para verificar se há alguma contaminação no solo, em casos de antigos postos de combustíveis ou indústrias, por exemplo, uma análise da qualidade do solo e da água torna-se essencial.
A seguir são citados, resumidamente, as principais etapas para estruturar uma horta comunitária:
1. Grupo Engajado: A vontade e desejo de realizar o projeto de uma horta comunitária é a base para que o projeto funcione de forma efetiva, encontre um grupo engajado, com vontade de realização e mãos à obra!
2 . Terreno e Projeto: Importante que seja feita uma análise prévia do terreno antes da definição, em especial o histórico prévio de ocupação daquele local, além disso, caso seja um espaço público é necessário verificar com a administração pública do município a necessidade de solicitar autorizações específicas para implantação do projeto pensado.
Em termos da administração pública, estes espaços podem trazer novo significado de beleza cênica do local, bem como reduzir a ocorrência de terrenos abandonados, com potencial de criar mais espaços de interação sociocultural. Em relação as características físicas em si, a insolação, a ocorrência de ventos e a declividade são itens essenciais de verificação, normalmente as hortaliças por exemplo, necessitam de um número maior de horas com sol e com pouco vento.
3. Espécies e Insumos: Após a definição do terreno, é importante mensurar as espécies, materiais e insumos a serem utilizados. Normalmente, segue-se o conceito de agricultura orgânica, com a priorização de adubos orgânicos, evitando-se os industriais. Complementarmente, é comum serem utilizados plantas leguminosas, hortaliças e frutíferas, mas vai de acordo com o gosto e prioridades do projeto.
4. Colheita: As colheitas variam com as espécies plantadas mas é válido criar um ambiente de acompanhamento, de observação das espécies se desenvolvendo, de forma a tornar a colheita uma atividade em grupo.
5. Manutenção: Os principais itens a se observar da manutenção são a poda, o reforço de plantio caso necessário, e o enriquecimento do solo com serrapilheira e adubo, garantindo a boa qualidade do solo e bom desenvolvimento das plantas.
Exemplos de iniciativas pelo mundo
Há uma série de iniciativas pelo mundo quando falamos sobre hortas em cidades, seja com foco em tornar o local um mercado aberto comunitário, ou jardins para interação de crianças, de hortas em condomínios e bairros, dentre outros, aqui citaremos alguns casos que foram ponto de partida para engajamento e criação de novas iniciativas.
Como por exemplo em Berlim, onde moradores do bairro Neukölln organizaram um jardim colaborativo no terreno do antigo aeroporto Berlim-Tempelhof, com aproximadamente o tamanho da metade de um campo de futebol, onde foram plantadas centenas de espécies, atraindo atenção e apoio de uma organização de jardinagem comunitária.
No Japão, em Tóquio, foram construídos cinco pomares na cobertura de edifícios de estações de trem, com o objetivo principal de tornar a espera pelo trem mais agradável e com a possibilidade de, durante a espera, os passageiros possam aproveitar para semear alguma planta. A entrada é gratuita e aberta ao público geral também.
Um outro exemplo, já em maior escala, é na Inglaterra, onde existem mais de quarenta hortas coletivas espalhadas nos espaços públicos de toda a cidade de Todmorden. Os alimentos produzidos, pelos moradores e pela administração pública, estão disponíveis gratuitamente para a população local.
Exemplo hortas coletivas na Inglaterra.
No Brasil, também existem iniciativas similares a estas, como por exemplo, o projeto da Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, que criou o projeto Hortas Cariocas, presente em comunidades e em redes municipais de ensino na cidade, com foco em criar hortas para reforçar a alimentação das famílias em risco social e comercialização para parceiros do projeto, servindo como fonte de renda das famílias.
Mitos sobre as hortas urbanas
Bom, agora que já entendemos as principais etapas para se construir uma horta e vimos exemplos pelo mundo que deram certo, voltamos a pergunta do início, por que é difícil encontrar mais casos de sucesso como estes, e ainda mais, como uma inclusão de cultura em nossos cotidianos? Existem alguns mitos, que podem dificultar que outras práticas se concretizem, como vemos a seguir.
Um dos mitos principais é que as hortas precisam de espaços muito grandes para existirem; mas na realidade, o espaço é dimensionado de acordo com o objetivo e projeto pensado, há exemplos, inclusive citado no artigo “Agrofloresta Urbana” aqui da revista onde uma varanda de apartamento foi utilizada como horta, ou seja, o tamanho vai depender do espaço disponível existente.
Além disso, o mito de que a manutenção das hortas é trabalhosa, exigindo muito tempo disponível da comunidade; pois bem, o grau de manutenção depende da quantidade e tipo de espécies plantadas, quanto mais espécies, maior o cuidado para que elas se desenvolvam e produzam. Mas tudo depende do objetivo, pode-se reduzir o número de espécies, utilizar plantas mais resistentes, mas o principal é a divisão de tarefas entre a comunidade para que todos participem e contribuam, vendo a atividade de manutenção como algo prazeroso.
Por fim, a ideia de que dificilmente uma horta comunitária permanecerá por muito tempo, sendo visto como algo temporário que depois será esquecido; todos os exemplos citados no tópico anterior são casos de sucesso duradouros, onde vem se criando relações de gerações com o espaço, gerando experiências ricas e diversas entre famílias, a durabilidade do projeto depende do engajamento, que é a base do passo a passo da criação das hortas comunitárias.
Então, imagine se começarmos em casa, no bairro onde moramos, e de repente, teremos a cidade inteira com espaços verdes, comestíveis e de integração!
| Ambiente Brasil (publicado em 07-07-2019) | | | |
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