| 18 de maio de 2020
Segunda-feira
- SINDIMETAL/PR divulga: Webinar - Financiamento à Inovação e Combate ao Covid-19
- A indústria paranaense pós-pandemia: “Não tem como produzir num ritmo que tínhamos antes”
- Sobrevivência de empresas depende da facilitação de crédito
- 78% das empresas não tiveram acesso à ajuda emergencial
- Firjan cria polêmica na briga de federações por mais dinheiro da CNI
- Toffoli suspende decisão que impedia aplicação de MP que reduz contribuições ao Sistema S
- Skaf manobra para tentar o 5° mandato seguido na Fiesp
- Empresas usam só 3,7% de crédito para salário, e governo prepara nova linha
- Empresas evitam o retrovisor do 1º tri e mostram medidas para combater crise
- Estado responde ao coronavírus com planejamento e olhar social
- Tecnologia e trabalho remoto fortalecem ações de Desenvolvimento Urbano
- Renault reduz jornada de 5,8 mil e dispensa 300 temporários no Paraná
- Mercedes-Benz ajuda a produzir, projetar e reparar respiradores
- Montadoras e fornecedores discutem plano de recuperação na Europa
- Montadoras retomam atividade com ritmo reduzido e protocolo sanitário contra coronavírus
- Aos 40, Volkswagen Gol atinge melhor forma com câmbio automático
- FPT Industrial atinge recorde de produção de motores na China
- 1,1 milhão de brasileiros deixam a força de trabalho no 1º trimestre
- Mulheres fazem jornada tripla, e home office na pandemia amplia desequilíbrio de gênero na Justiça
- Recuperação de crédito no País sobe 1,1% em abril, aponta Boa Vista
- Como cortar gastos se seu salário foi reduzido em 25%, 50% ou 70%
- Embraer corta contratos; fornecedores demitem
- WEG anuncia redução de jornada e salários de funcionários
- Focus: projeção de IPCA 2020 sai de 1,76% para 1,59% (3,25% para 3,20% em 2021)
- FGV: IPC-S cai 0,53% na 2ª quadrissemana de maio, após queda de 0,34% na anterior
- Cesta básica sobe 8,12% em abril e chega a R$ 862,87 na capital paulista
- Até investidor arrojado pode voltar a ser conservador com crise do coronavírus
- Artigo: Gato escaldado tem medo de água fria
- 'Fomos atingidos por um meteoro que impacta o equilíbrio fiscal', diz secretário da Fazenda
- 70 milhões de brasileiros têm acesso precário à internet na pandemia do coronavírus
- Artigo: A natureza fiscal da epidemia
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Em 18/05/2020
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Fonte: BACEN
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O SINDIMETAL/PR divulga o evento: WEBINAR - FINANCIAMENTO À INOVAÇÃO E COMBATE AO COVID-19. Será um bate papo, ao vivo, no dia 21 de maio, às 16h, sobre as linhas da Finep que financiam a reconversão de fábricas para produzir itens necessários ao combate ao coronavírus, o desenvolvimento de dispositivos médicos, e as linhas de fomento a inovação. A transmissão será simultânea pelo YouTube e Facebook. Evento gratuito, não é preciso se inscrever.
▶ Link para transmissão no YouTube:https://bit.ly/webinarinovacaoyt
▶ Link para transmissão no Facebook: https://bit.ly/webinarinovacaofb
📢 Confira todos os webinars da Fiep: https://bit.ly/webinarsfiep
| Sistema FIEP | | | | Em cumprimento às orientações de isolamento social devido à pandemia de Covid-19, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Carlos Valter Martins Pedro, está trabalhando em home-office em Maringá, no Noroeste do Paraná.
Ele só sai de casa para ir até o escritório da indústria de bombas hidráulicas que fundou há quase 40 anos, mas nem chega a colocar o pé no chão da fábrica. Como prevenção.
E por prevenção, também, ele não acredita numa retomada súbita da atividade econômica no estado.
Em entrevista à Gazeta do Povo, ele diz que a diversidade industrial do Paraná faz o estado ser mais resiliente diante da crise do coronavírus, mas assegura que a pandemia vai deixar muitas lições.
Entre elas, a necessidade de uma reforma tributária que tire imposto dos produtos e transfira para a renda e o consumo.
Uma lição que pode ser aprendida ao se analisar o "absurdo" da quantidade de máscaras que o país precisou importar. Confira.
Começamos 2020 no Paraná com um índice de crescimento industrial acumulado de 5,2% ao ano, perto dos padrões chineses.
Qual é a realidade hoje, após a pandemia e as medidas de restrições?
Realmente, fechamos ano passado com índices até propagados como índices chineses. Mas eu cito mais.
Depois de 2014, e até 2018, tivemos uma recessão no país, a mais longa e mais perniciosa que eu conheci enquanto empresário.
No ano passado, tivemos situação de alguma estabilidade, de alguma visão da atividade econômica mais estável com a condução do novo governo.
Isso permitiu que nós estivéssemos com a inflação controlada, com a política de juros em patamares mais honestos.
Estávamos prevendo um ano melhor em 2020, em que realmente a gente pudesse realmente fazer um planejamento e talvez até voltar a ter investimento na indústria.
Claro, ninguém aqui e no mundo esperava a situação com que nos deparamos, em relação a essa crise do coronavírus.
E isso joga a indústria a uma situação de retração por causa da proteção da saúde. Primeiro, o isolamento da grande maioria, e agora a volta da atividade econômica, mas de forma muito gradual.
A expectativa para o ano, em meio à incerteza que vivemos, é de que teremos de transformar nossos custos e otimizar os produtos, por que o mercado não será o mesmo.
Mas já estamos encolhendo também, como toda a economia do país.
Fechamos agora a produção industrial do 1.º trimestre, e o Paraná caiu 4,9% em relação ao mês anterior. Só que o Brasil, como um todo, caiu 9,1%.
Ou seja, nós tivemos uma situação melhor, caindo menos do que o Brasil e menos até que São Paulo, que significa mais de um terço de toda a produção industrial do país.
Então, o Paraná continua com números ruins, mas menos ruins do que em outros lugares, e isso se deve à nossa diversidade industrial, que favorece não termos tanta fragilidade nessa situação que passamos agora.
Mas a expectativa, e é também o que o Ministério da Economia está colocando, é de que nós tenhamos talvez a maior recessão da história no PIB, fala-se em algo superior a 4%, que seria uma recessão histórica.
E nós da indústria precisamos estar prontos e preparados para enfrentar mais essa dificuldade.
Dados do governo estadual apontam que 89% das empresas do Paraná estão em operação, estão emitindo nota fiscal.
Mas só essa informação não é suficiente para medir a febre do paciente, não é?
A verdade é que num primeiro momento, lá na segunda quinzena de março, nós fizemos um isolamento e uma paralisação para proteção de saúde.
Foi recomendado pelas autoridades para proteção dos nossos trabalhadores da indústria. Automaticamente, fechamos.
Agora temos um retorno gradual das indústrias, que já pode estar nessa faixa que o governo está colocando, de mais de 80% – ele tem os dados.
Mas tenho condições de afirmar que isso é de uma forma gradual, muito incipiente, por causa da atividade econômica que não permite que a fábrica volte à plenitude de sua produção.
Primeiro porque a indústria também tem muitas restrições em muitos municípios aqui no Paraná.
Segundo, porque grande parte do comércio ainda está fechada ou trabalhando em situação de muita restrição.
E tem o principal, o consumidor, que vai consumir o que a indústria produz e o comércio vende, mas ele está isolado economicamente.
O consumo de bens duráveis está em segundo ou terceiro plano nesse momento.
Enquanto nós não recuperarmos essa confiança, um mínimo de atividade econômica estável, as compras vão estar retraídas. Naturalmente, não tem como produzir num ritmo que tínhamos antes.
Que setores sofrem mais e quais estão até se dando bem com a nova realidade?
Como eu disse, é preciso atentar para a questão da diversidade. Nós temos uma situação em que produtos alimentícios, por exemplo, são os que menos perdem, justamente por serem itens de primeira necessidade.
E o que mais perde, teoricamente, são as máquinas e equipamentos.
As indústrias que produzem bens duráveis, por exemplo, que estão numa situação de menor atividade econômica. Essa diversidade auxilia.
Os produtos de primeira necessidade caíram muito menos, e teve alguns até que, ainda bem, não caíram.
E os de fabricação de produtos de bens duráveis – máquinas e equipamentos – é o que registra a maior perda.
A questão da indústria automobilística, a produção do mês passado de automóveis no Brasil foi histórica, não houve produção, a indústria toda parada.
Automaticamente, toda a cadeia de fornecimento desse setor tão importante, está retraída, está parada. Automaticamente, tem uma baixa da atividade econômica muito expressiva.
Acho que o Paraná é um estado que tem um privilégio pela sua diversidade, tanto de produção da agroindústria, da produção agrícola, da produção industrial diversificada.
Isso é muito bom, minimiza um pouco as nossas fragilidade, mas não podemos fugir do contexto do Brasil e mundial, que é de retração absoluta nesse momento.
Como a economia paranaense está resistindo? O senhor tem informações sobre quebras e falências?
Nós temos dificuldades hoje de dados oficiais. Primeiro, que tem um isolamento e tem o home-office.
Os próprios dados de desemprego ainda não estão atualizados, os últimos oficiais são de dezembro do ano passado.
Os dados desse ano ainda não estão disponibilizados pelo governo, não pelo menos em sua plenitude, para fazermos uma análise.
Claro que temos indícios de desemprego em muitas e muitas atividades, não sabemos precisar ainda quantas.
A Medida Provisória 936 do governo foi muito importante para dar alento à decisão do empresário, em relação a uma coisa muito importante, que é o emprego, o nosso trabalhador. E você tinha uma situação, com a insegurança do futuro, de demitir ou preservar.
A ajuda da MP 936 vem dar um alento, pelo menos por 90 dias, para que você possa reduzir a jornada de trabalho, suspender contratos e assim por diante, para você poder fazer algo essencial, que é a preservação de emprego. Que é muito mais do que isso, que é o salário, o sustento da família, ou seja, a dignidade do nosso trabalhador.
Mas não chegaram para vocês relatos mais dramáticos de empresas que já sucumbiram?
O fato de você ter uma falência, ou alguma coisa, é um processo. Decretar e fazer isso é burocrático, um pouco demorado.
O que nós temos são atividades em que as pessoas, os empresários, eles tomaram a decisão de fechar, de não seguir.
Felizmente, não muito na parte industrial, e sim em outros setores em que a gente tem relacionamento.
Se for olhar o setor de serviços, de turismo, e assim por diante, nós temos uma situação muito difícil. A indústria tem uma particularidade.
Eu tenho investimento em capacidade produtiva, equipamentos, máquinas, produto, e não é tão fácil de você falar “fecho”, parei de produzir. Tem toda uma cadeia nisso, tem toda uma vida colocada numa indústria.
Não é uma decisão de fechar como um hotel ou restaurante. Na indústria a decisão é muito mais dolorosa.
Então, de falência, não temos dados; como decisão de fechamento, temos notícias. Felizmente, os índices maiores não são na área da indústria.
Como o senhor imagina que deva ser o processo de retomada? Poderia estar tudo aberto, como prega o presidente da República?
Nós somos favoráveis à retomada gradual, segura, com situações de proteção da saúde, que está acima de tudo, então tem que fazer.
Só que ficar paralisado totalmente como alguns municípios e estados estão fazendo, também decreta uma situação de caos econômico, que não sei aonde pode nos levar.
O que acontece é que o domínio, a situação desse vírus, não está sob controle de ninguém.
Nós não sabemos o que pode acontecer, por isso o mundo todo está nessa situação.
Alguns países já abrindo, outros menos, e nós nessa situação particular do Brasil, com uma indução do governo federal para abrir, dos governos estaduais nem tanto, e os municípios é que têm autoridade de fazer.
Nós achamos que a atividade deve ser retomada, dentro desses padrões, mas tem uma dificuldade extrema do industrial, e eu sou um deles.
Como que eu chamo todos os meus funcionários para plenitude do trabalho, se eu não sei o que poderia haver de contaminação, qual risco real que eu tenho nisso tudo? Um segundo ponto é que eu também não tenho atividade econômica.
Se eu não retomar a situação da produção industrial, do comércio investindo em estoques, fazendo giro, e, principalmente, o consumidor voltar a adquirir, a economia voltar a girar, também eu não tenho a possibilidade da decisão de voltar a atividade à sua plenitude.
É uma ansiedade que nós estamos vivendo na indústria.
Mas tem uma coisa. O Brasil é a sexta maior população do mundo, nós temos um grande mercado. Nós não podemos continuar tão dependentes de insumos de produtos importados, como estamos.
Beira o absurdo nós termos importado cargas imensas de máscaras. Hoje isso não acontece mais, por que a indústria já voltou a produzir, e aqui no Paraná nós temos muitos exemplos, inclusive de ação de nós da Fiep.
Mas não podemos ser tão dependentes assim de insumos importados. Temos um grande mercado e isso tem que ser explorado pela indústria brasileira.
E isso deve ser política de governo?
Isso é política de governo, e eu acho que tem de ser discutido nessa abertura ou em análise posterior, na reforma tributária, na composição dos custos.
Por que é tão caro produzir no Brasil? Por que você compra aqui nos países vizinhos, ou quando vai aos Estados Unidos, volta de bagagem cheia? Por que lá é mais barato?
É nossa composição de custos, em que a matéria prima, e o processo produtivo, são acrescidos de muitos impostos sobre o produto.
E isso é muito injusto inclusive com a própria população que está comprando, porque tem um imposto imenso naquele produto.
E temos também aquela dificuldade, que se fala muito de custo Brasil, que existe, é real.
A nossa logística, a nossa distribuição, a maneira de a indústria operar no Brasil, os custos indiretos que temos, as normas regulamentadoras, tudo isso vai para o produto.
Precisamos mudar isso para que nosso produto tenha competitividade, tenha preço justo e volte a permitir que nós, além de explorarmos o mercado interno, possamos voltar a ser exportadores de manufaturados.
É outro absurdo eu ter na pauta de exportações do Brasil basicamente commodities. Ou é agricultura, complexo soja e assim por diante, ou é o petróleo, é o minério de ferro.
O primeiro produto que eu tenho na pauta de exportações está lá beirando o 10.º lugar, quando entra, é automóvel ou avião. E a gente sabe também que tem uma composição de importados muito grande.
Ou seja, eu não tenho manufaturado brasileiro sendo exportado com competitividade para o mundo, apesar de estarmos inseridos num grande mercado e com a capacidade produtiva que temos. É uma coisa que precisamos mudar.
Isso envolve que tipo de mudanças? Tem a ver com protecionismo?
Não. Essa situação que nós temos agora mostra a fragilidade da pessoa humana. Eu nunca fui impedido de trabalhar na minha empresa, que tenho há 38 anos.
Nunca aconteceu antes. Na questão pessoal, você e eu ficamos em casa, sem poder ter contato. Nós tivemos um Dia das Mães em que a família não se reuniu, então, olha a fragilidade humana.
E isso vai motivar um outro olhar, também na economia. As cadeias globais de fornecimento devem ter alguma mudança, que vai colocar uma proteção maior para os mercados, para proteção e segurança interna.
Automaticamente, acredito que para a indústria brasileira isso possa ser uma oportunidade. Mas a composição do custo do produto brasileiro precisa mudar.
Hoje a nossa carga fiscal está muito calcada em cima do produto.
Eu não tenho a pretensão de que o governo, ainda mais num tempo como esse, vá fazer redução de impostos.
Está postergando alguma coisa, mas não acho que isso vá acontecer. Mas que seja de uma outra forma, uma cobrança mais equalizada, não tanto sobre o produto, mas mais sobre a renda ou o consumo lá no final. Como é nos países do primeiro mundo.
Basta você pensar que você vai aos EUA, você compra uma camisa, e na hora que vai pagar não são os 100 dólares que estão no preço, são os 100 dólares mais o imposto. Por que aqui não pode ser isso? Por que tem que estar embutido, numa cadeia que vai onerando até chegar no preço do jeito que é no Brasil?
As indústrias estão adotando novos protocolos de segurança e saúde nas fábricas? Vamos ter que repensar a forma de produzir?
Sim, vai haver mudanças. É interesse da indústria como um todo, do empresário industrial, de que o seu funcionário esteja protegido, que se sinta seguro.
Então a situação de distanciamento, de uso de máscara, de disponibilidade de álcool gel, nós temos todo o interesse na sanidade, na preservação da saúde de nosso industriário. E isso vai persistir.
Nós não sabíamos que éramos tão frágeis como somos, e isso, lógico, vai deixar um modelo de comportamento para depois.
Tudo isso deve induzir transformações na indústria brasileira. Nessa linha, o que vai ser diferente, na indústria, daqui para frente? Haverá adaptações e reorganização do processo produtivo? Eu acredito que sim.
A própria indução de buscarmos uma segurança de proteção à indústria brasileira, ao produto brasileiro, por questão de segurança nacional, e isso é responsabilidade dos governos.
Isso tudo depende muito do governo federal ou o Paraná pode fazer a lição de casa?
Claro que pode, podemos fazer sim. No Paraná, tanto o governo do estado como as entidades que representam a classe produtiva, cito por exemplo os componentes do G7, nós temos agido muito unidos nessa situação de buscar alternativas, para baixar o custo do produto aqui da indústria do Paraná.
Inclusive, temos projeto para valoração do produto paranaense, em relação aos de outros estados. Para que o nosso consumidor saiba o valor daquilo que é produzido aqui, e quanto importa economicamente ser aqui do estado.
Que ele saiba que, em adquirindo os produtos paranaenses, está contribuindo para a casa dele, para o dia a dia da economia dele.
Nesse raciocínio, o senhor imagina que um consumidor consciente pagaria 10 a 15% mais caro por um produto local, por causa da consciência de estar fortalecendo a indústria local? Acha isso possível?
Imagino que sim, mas, claro, isso tem uma questão de que a diferença pode não ser muito grande.
Isso pode acontecer com produtos primários. Se eu tenho uma fruta produzida aqui no Paraná e uma fruta produzida em São Paulo, e a qualidade e o preço são similares, ele vai olhar e falar: vou preferir comprar do Paraná; não é que ele vai ter que pagar mais caro, porque, para atingir isso, é difícil mexer no bolso.
Mas que na preferência, em qualidade e preços mais ou menos equivalentes, ele pense em pegar o produto do estado.
Isso é que é importante, a gente começar a construir isso. É uma campanha que o governo do estado e nós do G7 estamos imbuídos.
Agora a situação é de emergência, abre ou não abre, qual a segurança eu tenho, estamos apagando incêndio de uma crise que não sabíamos como lidar.
Mas acho que assim que começarmos voltar à atividade econômica, e de um mínimo de planejamento, essa é uma composição que vai estar no contexto, ou seja, a valoração do produto paranaense para preservação da atividade econômica em nosso estado.
| Gazeta do Povo ( publicado em 17-05-2020) | | | Em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, defende medidas econômicas para ajudar as empresas a superar a pandemia
O enfrentamento dos impactos devastadores da pandemia da Covid-19 exige medidas robustas para garantir a sobrevivência de milhares de empreendimentos e a manutenção de milhões de empregos. A principal delas é a facilitação do acesso ao crédito. Algumas iniciativas do governo para elevar a liquidez do sistema financeiro, para reduzir o custo e aumentar a oferta de financiamentos, já foram adotadas. No entanto, em meio a tantas incertezas, essas medidas se mostram pouco eficazes para impedir a insolvência de um grande número de empreendimentos.
Em função disso, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) encaminhou ao governo diversas propostas destinadas a destravar este que é o principal gargalo enfrentado pela indústria. Em outros períodos de forte enfraquecimento da atividade econômica, os estímulos ao consumo estavam entre as principais medidas para reanimar a economia.
Na atual crise, a retração é consequência das medidas de contenção da pandemia, que levaram ao fechamento de grande parte do comércio de bens e serviços, restringindo o consumo de forma drástica. Com isso, as receitas das empresas desabaram e são insuficientes para custear despesas fixas, elevando a possibilidade e inadimplência.
Diante do aumento dos riscos, as instituições financeiras se retraíram. Por isso, é necessária a adoção de medidas extremas, para fazer com que o crédito, de fato, chegue às empresas a um custo baixo. Uma das alternativas é o Tesouro Nacional assumir parte do risco dos financiamentos, como ocorre na Europa e nos Estados Unidos. Este é o único modo de evitar falências e o aumento ainda maior do desemprego.
Para pequenas e médias empresas, propomos que o Banco Central crie uma linha de crédito para capital de giro, nos moldes do Main Street Lending Program, do Federal Reserve. Essa ação emergencial deve contemplar taxa de juros máxima, carência no período de calamidade pública e prazo de pagamento longo.
Os bancos que disponibilizarem financiamentos ficarão com 5% dos empréstimos concedidos, e o Banco Central comprará os outros 95%. Com o Tesouro assumindo a maior parte risco, instituições financeiras deverão oferecer crédito a taxas baixas.
É importante, ainda, ampliar o volume de recursos e a cobertura do Fundo Garantidor de Investimentos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Socuial (BNDES) e do Fundo Garantidor de Operações. Esses instrumentos já existem e são fundamentais para assegurar o acesso ao crédito, especialmente a empresas que não têm garantias reais. Além de aportar mais recursos, esses fundos precisam aumentar a parcela dos empréstimos garantidos, pois o percentual atual não é adequado à gravidade da crise.
Além disso, uma forma eficiente de fazer com que os recursos públicos cheguem ao caixa das empresas é a permissão para que prejuízos fiscais contabilizados durante o período de calamidade pública sejam compensados com lucros registrados nos últimos dois anos. Com isso, elas terão restituição do Imposto de Renda sobre Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) já pagos no período, para reforçar o caixa. Trata-se apenas de uma alteração temporal no momento do uso do prejuízo fiscal, que seria compensado com lucros a serem obtidos no futuro.
Sugerimos também que o governo inclua o IRPJ, a CSLL e o Imposto sobre Produção Industrial (IPI) entre os tributos que já tiveram o prazo de pagamento adiado. E, ainda, que a Receita Federal acelere o processo de homologação e pagamento dos pedidos de ressarcimento de saldos credores de tributos federais. Todas essas medidas são importantes, porque viabilizam a liberação de recursos para as empresas utilizarem no pagamento de fornecedores e salários, evitando consequências ainda mais graves para a economia brasileira.
A expectativa do setor industrial é que o país prossiga somando esforços para proteger a população e as empresas dos efeitos nefastos da pandemia. E, também, que já comece a discutir estratégias para uma reativação sustentável da economia. Com políticas públicas eficazes, solidariedade e união de todos, o Brasil vai superar essa crise.
Robson Braga de Andrade - presidente da CNI
| CNI (publicado em 16-05-2020) | | | | Entre aqueles que tiveram acesso, 17,5% declararam que a ajuda emergencial esbarrou na falta de informações nos bancos, mostra pesquisa
A maioria das empresas está tendo dificuldade para ter acesso à ajuda emergencial do governo federal. Com queda no faturamento e caixa no limite, as companhias relatam que não conseguem ter acesso às linhas de crédito para cumprir obrigações de curto prazo.
Uma pesquisa feita pela consultoria Quist Investimentos, especializada em reestruturação de empresa e recuperação judicial, mostra que 78% das companhias consultadas não tiveram acesso a nenhum tipo de crédito desde o anúncio da equipe econômica. A sondagem ouviu 100 empresas com faturamento entre R$ 30 milhões e R$ 300 milhões.
Entre aqueles que tiveram acesso, 17,5% declararam que a ajuda emergencial esbarrou na falta de informações nos bancos e que os profissionais dos bancos de repasse não tinham orientações claras sobre como seriam operacionalizadas na prática as linhas de socorro.
Apenas 22% das empresas disseram ter tido acesso a crédito. Mas, nesse caso, acabaram pegando empréstimos pré-aprovados pelo banco de relacionamento e não a ajuda emergencial do governo. "O dinheiro está empoçado porque o banco está com medo do que vai ocorrer. Há muito incerteza", diz o presidente da Quist, Douglas Duek.
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Segundo ele, os bancos só vão conceder crédito para quem tem uma nota de crédito melhor. Aqueles que representam mais risco não terão acesso a dinheiro novo. "Nesse cenário, quem estava mal vai entrar em colapso. Quem estava bem vai ficar ruim."
Para Duek, apesar de os bancos serem apenas repassadores do dinheiro público, eles terão muito trabalho se houver problema de inadimplência porque teriam de ir atrás dos devedores. "As instituições não querem ficar corresponsáveis pelas dívidas com o BNDES e ter de cobrar e administrar uma carteira de crédito de empresas que eles não aprovam."
O executivo acredita que uma das soluções seria o BNDES criar Fundos de Investimentos de Direito Creditório (Fidc), que seriam os repassadores do dinheiro. Nessa situação, o banco estatal entra como cotista do fundo e uma outra instituição faz a administração do fundo."
Segundo ele, que tem acompanhado o dia a dia de algumas empresas, as empresas estão criando comitês de crise, que neste momento estão selecionando as prioridades de pagamento. "Funcionários estão sendo dispensados, novos investimentos postergados e lojas deficitárias fechadas. Só está sendo pago coisas consideradas essenciais."
| Terra | | | Crise econômica gera disputa histórica entre as federações de indústrias no país
A crise econômica amplificada pela pandemia do novo coronavírus reacendeu uma disputa histórica entre as federações de indústrias no país.
Com receita reduzida à metade por decisão do governo, os representantes de estados do Sul e Sudeste —que concentram maior número de indústrias— passaram a exigir mais dinheiro da cota que cabe à CNI (Confederação Nacional da Indústria) em detrimento das estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
No fim de abril, o presidente da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, detonou uma crise ao reclamar não apenas do critério de distribuição dos recursos a cargo da confederação mas também da metodologia para a eleição do presidente da CNI, segundo a qual cada federação tem direito a um voto independentemente do tamanho de seu parque industrial.
Em uma videoconferência com presidentes dos sindicatos do Rio, Gouvêa Vieira disse que a maioria dos votos é de “estados que não têm capacidade de atendimento social relevante”.
“Infelizmente eles têm maioria política e estão muito confortáveis, porque conversam lá com o presidente e recebem as benesses que bem entendem. Aqui no Sul é diferente. Temos lideranças íntegras, que administram bem os seus estados”, reclamou.
Ele também chamou de “escândalo moral”, “uma vergonha”, a confederação ter uma reserva de R$ 2,7 bilhões em seus cofres em vez de enviar esse dinheiro aos estados mais poderosos.
Ao usar a primeira pessoa do plural, ele deixou claro que essa não era uma reivindicação apenas do Rio, mas das federações do Sul e Sudeste.
Sua manifestação provocou reação das federações do Norte e Nordeste, que, em notas de repúdio, chamaram de preconceituosa, desrespeitosa e discriminatória.
Já o presidente da CNI, Robson de Andrade, disse que o comentário de Gouvêa Vieira foi injusto e infeliz.
Ele explica que o fundo da confederação, hoje com cerca de R$ 2,6 bilhões, é fruto de uma economia mensal acumulada por duas décadas, sendo seu dinheiro reservado para contingências como a atual.
Ele afirma ter enviado recursos para as federações de todos os estados após a edição da medida provisória 932/20, que reduz em até 50% os recursos destinados ao Sistema S.
Editada em 1º de abril, a MP dispensa as empresas, por três meses, de repassar a metade de sua contribuição mensal ao Sesi (Serviço Social da Indústria) e ao Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial).
As indústrias destinam 1,5% de sua folha de pagamento ao Sesi e 1% ao Senai. Até 30 de junho, essa contribuição será reduzida à metade, uma perda de R$ 900 milhões no trimestre.
Andrade calcula uma perda de até 70% da arrecadação programada para o ano, levando em conta o encolhimento das atividades econômicas devido à pandemia. Antes da eclosão da crise, a expectativa de receita era de cerca de R$ 7 bilhões.
Do total arrecadado para o Sesi, 75% são destinados aos estados onde as indústrias estão situadas. Outros 25% são repassados para o comando nacional, sendo 5% desse valor reservados, por exemplo, para a manutenção do conselho nacional do Sesi —que é presidido por Gouvêa Vieira— e 10% para auxílio às federações.
O dinheiro que não é carimbado, e que equivale a 66% dos recursos do departamento nacional, pode ser aplicado em projetos por todo o país.
No caso do Senai, 85% das contribuições se destinam aos estados arrecadadores.
Andrade afirma que o dinheiro é liberado de acordo com projetos aprovados, sendo os do Sesi submetidos ao conselho presidido por Gouvêa Vieira.
“Ele já deve estar arrependido [do que disse]”, afirma o presidente da CNI.
O comando da Firjan voltou a cobrar da CNI a liberação do dinheiro em caixa.
Em nota, a Firjan lembra que a redução da receita foi linear, não considerando a quantidade de atendimentos das instituições. Afirma ainda que, no caso das federações industriais, a medida atingiu mais duramente as do Sudeste e do Sul, onde se concentram os trabalhadores e empresas do setor.
“Enquanto isso, os departamentos nacionais do Sesi e do Senai possuem R$ 2,7 bilhões imobilizados no caixa”, afirma a Firjan.
“Esses recursos precisam ser utilizados na continuidade dos atendimentos do Sesi e do Senai, cuja importância econômica e social foi ampliada com a maior crise da história.”
| Folha de S. Paulo ( publicado em 16-05-2020) | | | | Determinação do presidente do STF atende a pedido da Advocacia-Geral da União. MP é alvo de outras duas ações na Corte.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, suspendeu nesta segunda-feira (18) uma liminar da Justiça Federal que tornava sem efeitos a redução, pela metade, da contribuição obrigatória das empresas às entidades do Sistema S por três meses.
A determinação de Toffoli atendeu a um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU). A AGU recorreu à Corte contra a decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), que atendeu a pedidos do Sesc e Senac do Distrito Federal, para afastar a aplicação do texto.
O presidente do STF ressaltou que não cabe ao Poder Judiciário avaliar os motivos pelos quais os gestores decidiram implementar determinadas políticas públicas.
"Não se mostra admissível que uma decisão judicial, por melhor que seja a intenção de seu prolator ao editá-la, venha a substituir o critério de conveniência e oportunidade que rege a edição dos atos da Administração Pública, notadamente em tempos de calamidade como o presente, porque ao Poder Judiciário não é dado dispor sobre os fundamentos técnicos que levam à tomada de uma decisão administrativa", afirmou.
A mudança nas regras para o sistema S foram publicadas na edição do "Diário Oficial da União" do dia 31 de março. A intenção é diminuir os custos ao empregador em meio à crise causada pela pandemia do coronavírus. Com a MP, a estimativa é que as empresas deixem de contribuir com R$ 2,2 bilhões no período de 3 meses.
De acordo com a MP, as seguintes instituições são afetadas pela medida: Senai, Sesi, Sesc, Sest, Sescoop, Senac, Senat e Senar.
A medida provisória também é alvo de duas ações no STF, ambas na relatoria do ministro Ricardo Lewandowski, que já decidiu que vai levar o tema direto ao plenário. As duas ações questionam se a MP está de acordo com a Constituição.
Apesar de já ter força de lei, o texto precisa do aval do Congresso.
Entenda o sistema S
O chamado 'Sistema S' reúne entidades empresariais voltadas para o treinamento profissional, assistência social, consultoria, pesquisa e assistência técnica – serviços considerados de interesse público. São chamadas entidades paraestatais.
Embora sejam privadas e administradas por federações e confederações patronais, essas entidades são mantidas por contribuições compulsórias estipuladas em lei. Ou seja, recebem verbas públicas. Uma parte das contribuições e tributos que as empresas pagam sobre a folha de pagamento é repassado para as entidades do Sistema S.
Atualmente, 9 entidades compõem o sistema. Todas têm seu nome iniciado com a letra "S": Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai); Serviço Social do Comércio (Sesc); Serviço Social da Indústria (Sesi); Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio (Senac) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Existem ainda os seguintes: Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar); Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop); Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat) e Serviço Social de Transporte (Sest).
| G1 | | | Presidente articula mudança no estatuto da entidade para garantir reeleição
Perto de finalizar seu quarto mandato como presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf já começou a se movimentar na tentativa de emplacar mais uma reeleição.
Para que ele possa se candidatar novamente, é necessário, mais uma vez, mudar o estatuto da federação.
Skaf fez duas alterações desde que assumiu a Fiesp, em 2004. Seu mandato atual termina em 2021.
Na semana passada, ele recebeu aliados em ao menos três almoços na sede da entidade, em São Paulo. Cada encontro reuniu cerca de 15 convidados.
Nessas reuniões, segundo relatos ouvidos pela Folha, Skaf explicou que seu mandato estava chegando ao fim e que tinha pensado em sucessores, mas que as pessoas procuradas por ele não aceitaram disputar as eleições.
Quem acompanhou os encontros conta que o primeiro a se manifestar disse que Skaf era o único candidato e sugeriu a nova mudança do estatuto. Estavam presentes presidentes de sindicatos ligados à indústria paulista, todos com direito de voto na Fiesp.
Integrantes da federação contam que esse costuma ser o modus operandi de Skaf quando as eleições se aproximam. Um industrial disse que ele faz almoços e passa listas para que assinem seus nomes em apoio a mudanças no estatuto. Segundo esse industrial, o procedimento deixa algumas pessoas constrangidas.
No almoço de sexta (15) não houve lista, só apoio verbal.
Segundo pessoas ligadas à entidade, na última vez em que pediu mudança no estatuto da Fiesp, Skaf teria garantido que não viriam outras. Teria informado que pretendia se dedicar à política e que só precisava da visibilidade do cargo de janeiro a maio de 2018, quando se licenciou para disputar as eleições para o governo do estado de São Paulo.
Skaf não esconde as ambições políticas e foi candidato ao governo do estado de São Paulo nas três últimas eleições. Em 2010 e em 2014, quando Geraldo Alckmin (PSDB) foi eleito e reeleito, ele terminou o pleito em segundo lugar. Em 2018, em terceiro.
Quando perdeu as eleições, voltou ao comando da Fiesp.
Diferentemente das outras vezes em que mudou o estatuto, Skaf também não está em seu melhor momento dentro da federação e ainda tem que lidar com uma investigação feita pela Operação Lava Jato.
No final de abril, ele foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo e pela Procuradoria Regional Eleitoral no estado de São Paulo, junto com o empresário Marcelo Odebrecht e o publicitário Duda Mendonça, pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e de caixa dois em montante superior a R$ 5 milhões durante as eleições que Skaf disputou ao governo do estado em 2014.
Ele também tem um número cada vez maior de opositores dentro da federação; alguns, aliás, fizeram parte da chapa de Skaf à reeleição em 2017.
No início do ano, reportagem da Folha mostrou o descontentamento de alguns dos principais industriais de São Paulo com o que chamavam de militarização da Fiesp —a indicação de militares para vários cargos na entidade.
A estratégia foi interpretada como uma forma de Skaf sinalizar alinhamento com o presidente Jair Bolsonaro.
Essa aproximação também é alvo de críticas, que cresceram após a saída do ex-juiz Sergio Moro do comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Industriais nos grupos de WhatsApp, com cerca de 400 integrantes, cobraram uma posição de Skaf após as denúncias feitas por Moro.
Na quinta (14), a queixa era sobre a videoconferência com Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Um dos industriais relatou à reportagem que só tinham direito à palavra integrantes do Conselho Superior Diálogo pelo Brasil,formado por cerca de 40 empresários, poucos ligados à indústria.
Um deles chegou a questionar se o empresário Abilio Diniz, que falou durante o encontro, precisava da Fiesp para se reunir com Bolsonaro. Segundo ele, essa era a oportunidade de levar a agenda da indústria para o presidente, o que não teria sido feito.
Pessoas ligadas à Fiesp dizem ainda que a aproximação com Bolsonaro seria um novo caminho, percebido por Skaf, para, enfim, vencer a eleição ao governo de São Paulo. Mas a queda na popularidade do presidente após a pandemia do novo coronavírus já coloca a candidatura —e até mesmo uma eventual vitória— no terreno da incerteza.
A principal queixa continua sendo o fato de que, enquanto a indústria tem seus piores resultados, aprofundando a crise que já vinha de antes da pandemia, o presidente da federação que representa o setor estaria deixando de lado a agenda empresarial para se dedicar às suas ambições políticas.
Procurado, Skaf disse liderar 120 sindicatos patronais, 43 diretorias regionais em todo o estado e 40 conselhos, departamentos e comitês temáticos.
Disse ainda que no Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e na Fiesp há 250 diretores voluntários eleitos.
"A liderança e a idoneidade das entidades e de seu presidente são reconhecidas nacionalmente e fora do país", disse.
"Vivemos numa democracia, e é natural que em entidades do porte da Fiesp e do Ciesp meia dúzia façam críticas escondidos pelo anonimato. Dentro da Fiesp e do Ciesp, todos sabem exatamente quem são."
| Folha de S. Paulo ( publicado em 16-05-2020) | | | | Dos R$ 40 bilhões disponibilizados, R$ 1,48 bilhão em empréstimos foram utilizados
Diante do fracasso do programa para financiamento de folhas de pagamento das empresas, o governo estuda criar uma nova linha com menor participação do Tesouro Nacional na tentativa de diminuir também as exigências, como a de manter o funcionário por período igual ao da contratação do empréstimo.
Até quarta-feira (13), de acordo com dados do Banco Central, apenas 3,7% dos R$ 40 bilhões disponíveis para a linha de crédito destinada a cobrir os salários dos empregados do setor privado foram emprestados.
Ao todo, foram R$ 1,48 bilhão em empréstimos para 63,6 mil empresas. Pouco mais de 1 milhão de funcionários foram beneficiados.
Quando o programa foi lançado, em 27 de março, o BC estimou que cerca de 12 milhões de pessoas e 1,4 milhão de empresas seriam contemplados.
Um dos motivos para a baixa adesão das empresas ao programa é a exigência de não demitir o funcionário por período igual ao financiado (até dois meses).
Em videoconferência com empresários, organizada pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) na quinta-feira (14), o presidente da entidade, Paulo Skaf, pediu ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que amplie essas linhas de crédito.
"O Tesouro pediu para travar [a linha de crédito] e mudar para outra opção. A gente ia travar, mas parece que está começando a pegar. Vai andar”, disse Guedes.
“Estamos avaliando um modelo novo, o first-loss, em que o governo banca os primeiros 20% de perda para animar os bancos a entrarem [nesse negócio]. Será o contrário do Fopas [financiamento das folhas de pagamento]", completou.
O novo programa incluiria também empresas maiores. "Dos R$ 40 bilhões que foram liberados, o Tesouro disse que só R$ 1,5 bilhão saiu. É pouco. Então, passa para R$ 100 milhões [de faturamento] e não só R$ 10 milhões", adiantou o ministro.
Atualmente, a linha emergencial financia dois meses de folha de pagamento das empresas com faturamento de R$ 360 mil a R$ 10 milhões por ano. Esse grupo é formado pelas pequenas e uma parte das médias empresas.
"Eles [as empresas] não querem porque precisam de capital de giro, mas gostariam de reduzir mão-de-obra. Podem querer demitir 20%. E a outra modalidade tem compromisso de não demitir", admitiu Guedes.
A medida foi lançada há um mês e meio pelo BC em conjunto com o Ministério da Economia e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
“Uma exigência desse programa é que a empresa, uma vez que contrate para pagar o salário, ela não pode colocar nenhum trabalhador para fora, e as empresas estão reclamando porque elas acham que é uma exigência muito forte e elas têm dúvidas se vão conseguir manter o emprego, e por isso não estão contratando”, afirmou o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida.
Mansueto participou de videoconferência na Comissão Mista de Acompanhamento das Medidas relacionadas ao coronavírus na quinta-feira (14).
A deputados e senadores, o secretário admitiu que “não necessariamente” os recursos que saem do caixa da União chegam às empresas e disse que o governo está revisando a iniciativa.
O governo entra com 85% dos recursos e os bancos com 15%.
O custo para a empresa, quando anunciado, era igual à taxa básica (3,75% ao ano —a Selic caiu, no começo de maio, para 3% ao ano), sem spread (diferença entre a taxa de captação de recursos e a taxa cobrada em financiamentos) para os bancos, com carência de seis meses para pagar e em 36 parcelas.
São Paulo é o estado com maior fatia dos empréstimos da modalidade. Foram R$ 583,14 milhões para 25,6 mil empresas e 403 mil empregados.
Minas Gerais fica em segundo lugar, com R$ 148,76 milhões, 6,3 mil empresas e 111 mil funcionários. Do total de pedidos, 4,4% tiveram o empréstimo negado.
PARTICIPAÇÃO DO TESOURO
O novo projeto teria menor participação da União, que seria de cerca de 20%. Os outros 80% dos recursos seriam dos bancos.
Fontes do mercado financeiro, consultadas pela Folha, no entanto, alertaram que a diminuição da participação do Tesouro pode afetar o apetite dos bancos por risco, o que pode, mais uma vez, travar o programa.
Além disso, ao assumirem mais riscos, as instituições cobrarão mais caro pelos empréstimos, o que pode afastar o empresário.
PROGRAMA DE FINANCIAMENTO DAS FOLHAS DE PAGAMENTO DAS EMPRESAS
Empresas tomaram 3,7% do valor disponível para a linha
Estimativas do governo
R$ 40 bilhões
12 milhões de empregados beneficiados
1,4 milhão de empresas
Empréstimos realizados até 13 de maio
R$ 1,48 bilhão
1,06 milhão de empregados beneficiados
63,6 mil empresas
São Paulo é o estado com maior fatia dos empréstimos
R$ 583,14 milhões
403 mil empregados beneficiados
25,6 mil empresas
| Folha de S. Paulo ( publicado em 15-05-2020) | | | |
Oretrato das companhias no fim de março envelheceu muito rapidamente com a pandemia do covid-19. Embora os primeiros efeitos da crise estejam refletidos nos resultados, as empresas começaram a mudar os rumos dos negócios. No geral, entre os setores afetados, a mensagem é de que o segundo trimestre será muito ruim em termos de resultados, salvo raras exceções, com farmácias, supermercados, e-commerce e setores ligados à exportação.
"Os resultados deste trimestre estão servindo para mostrar como as empresas estão se posicionando para atravessar a pandemia. O impacto maior para as empresas será no segundo trimestre", afirma a analista de ações da XP Investimentos, Betina Roxo.
Nas empresas mais afetadas com a crise, a pandemia e as medidas de isolamento pegarão em cheio o segundo trimestre e os efeitos financeiros, a serem observados na próxima temporada de resultados, devem ser muito maiores.
"Entre os setores que podem demorar a se recuperar, listamos o turismo e o aéreo, pelo fato de as companhias estarem com a maior parte da frota parada e sem previsão de retomada no patamar anterior à pandemia, o que pode vir a acontecer apenas a partir do segundo semestre de 2021", diz o analista da Toro Investimentos Lucas Carvalho.
Mais importante do que os números passados, as empresas preocuparam-se em mostrar o que estão fazendo em transformar o negócio para o futuro. Os varejistas têm adiantado números relacionados a vendas do segundo trimestre nas teleconferências desta temporada de balanços. Virou prática comum para mostrar resiliência na crise e avanços nas estratégias digitais.
O GPA, por exemplo, disse que o crescimento do e-commerce em abril e maio tem sido superior ao do primeiro trimestre, que registrou alta de 82%. Além disso, afirmou que as margens do segundo trimestre podem ser maiores que nos três primeiros meses do ano, durante entrevista após a divulgação de resultados.
"Empresas ligadas a bens essenciais, como alimentos, medicamentos, devem conseguir apresentar bons resultados no cenário pós-covid. As empresas exportadoras, com a recuperação dos preços da celulose e a resiliência dos preços de minério, por exemplo, e o dólar valorizado ante o real, são outro setor interessante.
Empresas que possuem boa estrutura de vendas online, da mesma forma, conseguem minimizar os impactos no faturamento da 'venda física'", diz Lucas Carvalho, analista da Toro.
O setor de shopping centers, um dos mais afetados pela pandemia, tende a sentir aumento da inadimplência dos lojistas e possíveis devoluções de pontos comerciais, com elevação da vacância. Pelo lado positivo, as empresas têm uma posição de caixa confortável, com um volume baixo de vencimentos no curto prazo.
No setor elétrico, o impacto da covid-19 ainda não se refletiu de maneira significativa no desempenho do primeiro trimestre. Embora as medidas de combate à disseminação da doença adotadas na maior parte do País tenham se refletido de imediato na redução do consumo de energia, por uma questão de ciclo de faturamento, os números de janeiro a março não mostram redução de receita com as vendas de energia.
Algumas elétricas, no entanto, optaram por já antecipar dados do segundo trimestre e também mostraram como tem se preparado para a pressão que a esperada redução de receita trará. A Light, por exemplo, já informou uma queda de 15% no seu mercado faturado de abril, ante igual mês de 2019, enquanto a arrecadação ficou em um 92% do total faturado.
Considerada a distribuidora de energia com um dos mercados mais complexos do País no que diz respeito a combate a furtos de energia e inadimplência, a empresa elevou em quase 70% suas provisões para Crédito de Liquidação Duvidosa
| Jornal O Estado de Minas (publicado em 18-05-2020) | | | | Em dois meses, Paraná adota ações concretas na saúde, na economia e na assistência social. A estrutura hospitalar foi totalmente organizada para o enfrentamento da Covid-19 e o Governo do Estado investe na testagem em massa e atendimento regionalizado de saúde para balizar a retomada de atividades produtivas.
Há dois meses o governador Carlos Massa Ratinho Junior anunciava as primeiras medidas administrativas de combate ao novo coronavírus no Paraná: contingenciamento de recursos públicos; operações sanitárias nas divisas; teletrabalho para servidores estaduais; e suspensão de escolas, universidades e shoppings. Naquele 16 de março também foi lançado o portal www.coronavirus.pr.gov.br, principal fonte de orientação e de transparência das ações. O Estado tinha seis casos da doença.
Apenas três dias depois foram anunciadas as primeiras iniciativas na saúde: convocação de 362 servidores; contratação emergencial de bolsistas; cadastramento de laboratórios privados; suspensão das cirurgias eletivas; e incremento de R$ 100 milhões ao orçamento para manejo de equipamentos, leitos e insumos. Naquele instante as aeronaves da frota estadual já estavam à disposição das Regionais de Saúde para transporte dos exames.
Em paralelo, ainda naquela primeira semana, foi instituída a distribuição da merenda escolar para 230 mil famílias; a fiscalização sobre preços abusivos no comércio; a operação especial nos Portos do Paraná para manter as exportações (principalmente da safra de verão de grãos); e a lista de atividades essenciais.
No dia 25 de março, com 93 casos de Covid-19, já haviam sido disponibilizados R$ 400 milhões para a área social e mais R$ 300 milhões para a saúde. No dia 27, com 121 casos, o Paraná disponibilizou um pacote econômico de R$ 1 bilhão para auxiliar empresas de todos os portes, além de microempreendedores individuais e autônomos. Pouco depois o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) iniciou a produção de álcool e Curitiba ganhou um hospital exclusivo para pacientes infectados.
“O mês de março foi desafiador, mas os resultados rápidos tiveram origem no monitoramento constante do coronavírus no Estado. Respondemos a essa crise de maneira rápida, eficaz e responsável, mantendo o que precisava ficar aberto e recomendando isolamento social”, explica o governador Ratinho Junior. Ele ressalta que além de ações de saúde, o governo adotou um olhar social para reduzir os impactos da pandemia na sociedade paranaense.
CONSOLIDAÇÃO - Abril foi um período de estruturação e consolidação dos programas anunciados em março, assim como da definição de novo ritmo de obras para os hospitais regionais de Guarapuava, Ivaiporã e Telêmaco Borba. Durante o mês, foi definida a metodologia de distribuição do Cartão Comida Boa e houve o lançamento das plataformas de Educação a Distância (EaD). O governo também decidiu manter os contratos com as empresas terceirizadas, para preservar empregos, estruturou a distribuição dos leitos de UTI nos hospitais de referência e envolveu as sete universidades estaduais com pesquisa aplicada e apoio profissional.
Foram instituídos programas de tecnologia e inovação voltados para a saúde pública, como Telemedicina, receita médica online, Hack pelo Futuro, Saúde Tech, Startup Evolution e fabricação de máscaras-escudo. Também foi iniciado o processo de desinfecção de locais estratégicos nos municípios, sancionada o uso obrigatório de máscaras, liberados R$ 77 milhões para os hospitais universitários e elaborada a Unidade de Apoio para Diagnóstico da Covid-19, que vai ampliar a testagem no Paraná em 830%. Eram 1.407 casos em 30 de abril.
Em poucos dias de maio o Governo do Estado distribuiu 230 mil testes rápidos para os 399 municípios, iniciou um programa de exames em profissionais da saúde e da segurança pública e criou um grupo de trabalho para discutir as medidas da recuperação da economia em parceria com o setor produtivo. Também foi definida a parceria com o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) para ampliar o número de testes diários, de 600 para 5.600.
“O Paraná respondeu a essa crise com planejamento. Na saúde já havia uma descentralização, houve controle das divisas, contratação de leitos e equipes, e testagem expressiva na população, um dos estados que se destacam nesse importante instrumento de controle”, afirma o governador Ratinho Junior.
ECONOMIA - Na outra mão, o Estado iniciou estudos para estimular a recuperação das atividades econômicas e manteve programação ativa no setor portuário e na agroindústria. “Mesmo na pandemia conseguimos recordes importantes nos portos do Paraná e na movimentação de cargas na Ferroeste. Nos próximos meses vamos investir R$ 600 milhões em desenvolvimento urbano, terminar os projetos das concessões e gerar muitos empregos. Estamos nos preparando para esse momento”, arremata o governador.
Até esta quinta-feira (14) eram 2.063 casos no Estado, com 1.449 já recuperados, o que representa 70%.
Confira as ações do Governo do Estado em dois meses:
SAÚDE
Testes
O Laboratório Central do Paraná (Lacen) tinha capacidade para realizar 400 exames RT-PCR por dia contra a Covid-19 no começo da pandemia. Com mais estrutura e equipe, o número saltou para 600/dia. Desde então foram quase 19 mil exames foram efetuados com o auxílio do transporte pelos aviões do Estado.
Laboratórios públicos e privados foram incorporados nessa rede estadual de mapeamento contra a doença. Em parceria com a Fiocruz e o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), o Tecpar também implantou em caráter emergencial a Unidade de Apoio para Diagnóstico da Covid-19 para atender a demanda por exames. Serão até 5 mil testes/dia nessa nova estrutura, referência para a Região Sul.
O Estado também distribuiu 230 mil testes rápidos para os 399 municípios. Eles serão usados para ampliar a testagem em trabalhadores da saúde e da segurança pública.
O Sistema Sentinela, método avançado de vigilância epidemiológica no Paraná, reconhecido pelo Ministério da Saúde como um dos principais do Brasil, aumentou o monitoramento da circulação de outros vírus em uma Pesquisa de Vírus Respiratórios. A Secretaria da Saúde implantou 13 novas unidades sentinelas para síndromes gripais. O total do Estado chega agora a 36.
Leitos
O Governo do Estado já organizou e contratou uma rede com 1.723 leitos hospitalares, entre UTIs e enfermarias, para o atendimento exclusivo de pacientes com Covid-19. São 549 de UTI adulto, 37 UTIs pediátricas e 1.137 de enfermaria, dos quais 67 pediátricos. A estrutura atende todas as macrorregiões do Estado e foi implantada ou aprimorada na rede hospitalar estadual, ou contratada em hospitais particulares e filantrópicos.
Hospitais
Investimentos de mais de R$ 70 milhões vão ampliar o atendimento e habilitar espaços que ainda não tinham sido utilizados nos quatro hospitais universitários (Cascavel, Londrina, Maringá e Ponta Grossa). O Estado também antecipou as obras para entregar os hospitais regionais de Ivaiporã, Guarapuava e Telêmaco Borba para junho. Na Capital, o atendimento contra a Covid-19 é realizado pelo Complexo Hospitalar do Trabalhador.
Reforço operacional
O Governo do Estado convocou 362 novos servidores para os quadros da Secretaria da Saúde. Outros 235 médicos do Programa Mais Médicos, do Ministério da Saúde, começaram a atuar nas estruturas municipais. Também foram contratados quase 700 bolsistas por meio da Fundação Araucária e da Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) para atuar em Unidades de Saúde e hospitais, nas divisas, teleatendimento, no Lacen, no Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) e no Departamento Penitenciário do Estado (Depen). São médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, estudantes de saúde e de outras áreas.
Telemedicina
O Telemedicina Paraná, serviço de atendimento médico online, é pioneiro no País nesse modelo. A plataforma ajuda a desafogar as unidades de saúde, evita aglomerações e deslocamentos, protege os profissionais de saúde e possibilita que o cidadão possa ser consultado diretamente de sua casa. A solução foi desenvolvida pela Celepar a partir de uma demanda da Superintendência de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. A iniciativa conta com apoio dos conselhos regionais de Medicina (CRM-PR) e de Psicologia do Paraná (CRP-PR). Já foram mais de 4,4 mil atendimentos. Atuam na plataforma 326 médicos, enfermeiros, bolsistas e psicólogos.
Divisas
Servidores da saúde, da segurança pública (estadual e federal), bolsistas e os técnicos da Adapar estruturaram e operam desde março barreiras físicas nas divisas com São Paulo e Santa Catarina para medição de temperatura, monitoramento e orientação de quem vai circular pelo Paraná. Os profissionais também utilizam o aplicativo COVID19 Paraná para auxiliar no monitoramento.
Farmácias
As Farmácias do Estado reforçaram o sistema para entrega de medicamentos em Curitiba, Londrina, Maringá e Cascavel. Também foi autorizada a renovação automática dos tratamentos dos pacientes já cadastrados. O Paraná tem mais de 262 mil usuários no sistema.
Doação de sangue
Com o objetivo de organizar e auxiliar a doação de sangue para o Hemepar, a Celepar disponibilizou no PIÁ agendamento para doações nas unidades de Curitiba e Cascavel. Com isso, as pessoas podem continuar a doar sangue e manter os estoques para atendimento aos hospitais. O Hemepar também iniciou um projeto-piloto para utilização de plasma convalescente como procedimento experimental no combate ao coronavírus.
ASSISTÊNCIA SOCIAL
Cartão Comida Boa
O programa Cartão Comida Boa destina auxílio financeiro emergencial para mais de um milhão de pessoas comprarem alimentos em mercados credenciados pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento. A operacionalização envolve a Celepar e a Secretaria de Justiça, Família e Trabalho. Já foram entregues mais de 300 mil vouchers, com R$ 8,2 milhões movimentados no comércio.
Merenda escolar
Os programas Leite das Crianças e Merenda Escolar foram mantidos. O primeiro beneficia aproximadamente 110 mil crianças de seis meses a três anos e envolve mais de 5 mil produtores de leite. A merenda escolar é oferecida quinzenalmente às famílias dos cerca de 230 mil alunos inscritos no Bolsa Família, programa que inspirou regulamentação federal. Já foram quatro entregas.
O Instituto Fundepar, responsável pela aquisição dos produtos da merenda, investiu R$ 20 milhões em 3,5 mil toneladas de produtos de 179 associações ou cooperativas, beneficiando 30 mil famílias de agricultores. Cerca de 6 milhões de quilos de alimentos não perecíveis, 530 mil quilos de congelados e 163 mil dúzias de ovos que estavam armazenados já foram distribuídos.
Agricultura familiar
O programa Compra Direta Paraná vai investir R$ 20 milhões em cestas com mais de 70 itens de produtos da agricultura familiar. As associações e cooperativas já foram selecionadas e os produtos serão distribuídos para pessoas em situação de vulnerabilidade de mil entidades e redes socioassistenciais no fim de maio. O auxílio impactará 25 mil famílias de pequenos agricultores.
Comunidades tradicionais
A Defesa Civil e a Superintendência Geral de Diálogo e Interação Social (Sudis) distribuíram 9,4 mil cestas básicas aos povos e comunidades tradicionais do Paraná. O benefício emergencial ajuda indígenas, quilombolas, ciganos, pescadores artesanais, caiçaras e faxinalenses.
Tarifa Social da Água e Esgoto
A Sanepar adiou a cobrança de contas de água e esgoto para os clientes cadastrados na Tarifa Social. A medida começou no dia 25 de março e atende 184 mil ligações, cujo valor da tarifa é de R$ 15,56 ao mês (água e esgoto) com consumo de até 5 metros cúbicos.
Luz subsidiada
O limite de consumo do Luz Fraterna foi ampliado para 150 kWh por mês e as contas de luz de 217,5 mil famílias passaram a ser subsidiadas. Uma medida provisória do governo federal ampliou esse limite para 220 kWh por mês.
Luz, água e gás
Uma nova lei instituiu que o fornecimento de luz, água e gás não poderá ser interrompido para famílias de baixa renda e pequenos e médios varejistas enquanto durar a pandemia. Também fica proibida a cobrança de taxas adicionais por parte dos planos de saúde para o atendimento de pacientes com Covid-19.
Habitação
A Cohapar suspendeu a cobrança das parcelas para quem possui prestação de habitação popular e instituiu condições especiais de renegociação de débitos. Cerca de 18 mil famílias foram beneficiadas com o adiamento, com impacto financeiro de R$ 3,8 milhões.
Ação Solidária
A Superintendência Geral de Ação Solidária foi criada durante a pandemia para organizar a rede de solidariedade do Paraná. Mais de 200 famílias carentes já foram beneficiadas com cestas básicas resultantes de doações e cerca de 16 mil máscaras de diferentes tipos foram destinadas a hospitais e escolas da rede estadual. Ao todo, a Superintendência colaborou para a doação de mais de 19 mil itens.
Também foi criado no âmbito da superintendência um Banco de Voluntários. Para se cadastrar, é preciso ter entre 18 e 59 anos e estar com boas condições de saúde, além de ter interesse e disponibilidade para o trabalho.
Nesta semana começou a campanha Cesta Solidária, para estimular novas doações de alimentos por parte de servidores públicos do Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado.
Rede Solidária
A Rede Família Solidária, criada em 2019 para dar suporte ao Departamento de Assistência Social no atendimento a entidades que acolhem idosos, crianças, adolescentes, famílias e pessoas com deficiência, já arrecadou 20 toneladas de alimentos não perecíveis e produtos de higiene e limpeza. Foram beneficiadas 89 instituições sociais.
Assistência social
O Governo do Estado repassou R$ 12 milhões para famílias em situação de vulnerabilidade social em todos os 399 municípios paranaenses. O Incentivo Benefício Eventual Covid-19 é oriundo do Fundo Estadual de Assistência Social (Feas). Cada município estipulará regulamentação própria prevendo fluxos, critérios e o formato de distribuição dos recursos, que pode ocorrer com a oferta de bens de consumo ou pecúnia.
Infância e Juventude
A Secretaria de Justiça, Família e Trabalho repassou R$ 41,3 milhões para atendimento a infância e juventude. Desses, R$ 2,4 milhões para aquisição de 20 mil cestas básicas para prover a segurança alimentar emergencial de 10 mil crianças e adolescentes em vulnerabilidade social, em especial as com deficiência, pelo período de dois meses; R$ 20 milhões para manutenção de até 15 mil postos de trabalho para adolescentes aprendizes; e R$ 2,3 milhões para cestas básicas de famílias de crianças e adolescentes quilombolas, indígenas e de comunidades tradicionais.
Defesa Civil
A Defesa Civil auxiliou os municípios paranaenses para a formalização de situação de emergência e estado de calamidade pública em decorrência do coronavírus, atendendo às questões legais. As orientações envolveram dados e laudos necessários. Até o momento, houve o cadastro de 86 ocorrências, conjugando prejuízos econômicos indicados de mais de R$ 117 milhões. O órgão também ajuda em todas as operações logísticas de distribuição de donativos no Paraná.
EDUCAÇÃO
Rede Estadual
As aulas foram suspensas no primeiro decreto estadual e nesses 60 dias foram implementadas diversas alternativas de aulas não presenciais: videoaulas para todos os anos diariamente em três canais de TV aberta e pelo YouTube; criação do aplicativo Aula Paraná; implementação das salas virtuais do Google Classroom; disponibilização de pacotes de internet 3G e 4G para alunos e professores; e entrega de atividades impressas para aqueles que não possuem TV ou celular.
O EaD atingiu cerca de 15,5 milhões de visualizações no YouTube; 554 mil alunos e 41 mil professores logados com mais de 1 milhão de interações no Classroom; e mais de 800 mil downloads no app. A modalidade EaD incorporou a linguagem em libras e foi oportunizada para as redes municipais do Paraná.
Também foram criadas ferramentas para os pais que desejam matricular ou transferir seus filhos para a rede estadual durante o período de isolamento social. O processo de matrícula deve ser feito online no site da pasta. Por meio de lives, a Secretaria e profissionais do Google têm oferecido aos servidores formação em plataformas de estudos online. O conteúdo atual já soma mais de 200 mil visualizações e 18 novos temas já estão agendados.
Universidades estaduais
As universidades estaduais colocaram toda a sua estrutura física e intelectual à disposição do Paraná nesse período. Os projetos envolvem produção de máscaras-escudo, álcool em gel e dados estatísticos, abordagens educativas, transmissões ao vivo, soluções tecnológicas para aparelhos da saúde (respiradores, ventiladores) e preparação para realização de exames RT-PCR. Diversos pesquisadores fazem parte de grupos de pesquisa nacionais e internacionais.
Um levantamento realizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) destacou a Universidade Estadual de Londrina (UEL) como líder da pesquisa científica sobre o coronavírus no País. A professora Nilza Maria Diniz, do Departamento de Biologia Geral da UEL, é a única brasileira no World Emergency COVID19 Pandemic Ethics (WeCope) Committee, que reúne pesquisadores de países de todos os continentes.
Bolsas
O programa de bolsistas recebeu aporte de R$ 8 milhões da Superintendência de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e da Fundação Araucária. Já são 660 em atuação em todo o Estado. O Programa de Apoio Institucional para Ações de Prevenção e Cuidados Diante da Pandemia foi fundamental para apoiar as ações de todas as secretarias.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Teletrabalho
A Secretaria da Administração e da Previdência editou as regras de teletrabalho para os servidores públicos durante a pandemia e ofertou diversos cursos profissionalizantes. Além disso, um decreto autorizou a postergação, por 90 dias, dos descontos em folha de pagamento dos empréstimos consignados de servidores estaduais (medida que beneficiou cerca de 70 mil pessoas). A perícia médica passou a ser feita de forma eletrônica.
Dentro do contexto de manutenção dos empregos, foi promulgada a lei que autorizou a manutenção dos pagamentos para as empresas que prestam serviços continuados à administração pública, desde que sejam garantidos os vínculos com os trabalhadores.
Nesse período o Estado também continuou a política de modernização da máquina pública com a nova lei que atualiza o quadro funcional do Estado, extinguindo cargos que não se justificam mais na administração pública e outros que podem ser executados de maneira indireta ou terceirizada. O Paraná implementou ainda as novas alíquotas de contribuição para os regimes previdenciários dos servidores públicos, conforme norma federal.
Fazenda
Dois decretos promoveram mudanças tributárias no setor de medicamentos. Eles diminuíram o volume de impostos no começo da cadeia de distribuição, o que viabiliza redução dos preços nas farmácias (varejo), e ajustaram regras de recolhimento dos impostos. Prorrogação de prazos, mudanças tributárias e simplificações também fizeram parte do pacote de alterações promovido pela Secretaria da Fazenda para dar apoio ao setor produtivo em razão das dificuldades econômicas impostas à sociedade. Uma das iniciativas ajudou 207.635 empresas do Simples Nacional.
Detran
O Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR) reforçou seus serviços online e lançou um novo Portal de Serviços. Nesse local os usuários podem acessar infrações (identificação de condutor, recurso para todas as instâncias, recurso para suspensão ou cassação da CNH), renovação da CNH, emissão do licenciamento, informações sobre o IPVA, status e pontuação na CNH, etc. Foram 588.885 usuários e 2.154.173 visualizações nas duas semanas posteriores ao lançamento, crescimento de 21% em relação ao mesmo período anterior.
Transporte metropolitano
O serviço de transporte metropolitano nas cidades do entorno da capital foram mantidos ao longo desse período, apesar de ter observado queda de 74% na utilização na segunda quinzena de março em relação ao mesmo período de 2019. A Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) adotou diversas medidas, como higienização em terminais e ônibus; distribuição de álcool 70% para motoristas, cobradores, usuários, empresas e prefeituras; orientações com cartazes, letreiros e sistemas de som; e uma resolução contendo orientações gerais aos usuários. Diferente de muitos lugares do país, onde foram constatadas paralisações, demissões e greves, o sistema paranaense segue funcionando.
A Secretaria da Segurança Pública determinou orientação redobrada nos terminais de ônibus de Curitiba e Região Metropolitana em relação ao uso da máscara de proteção. Os locais foram divididos entre as instituições, ficando a Polícia Militar responsável pelos terminais da RMC. A ação tem caráter educativo.
Esporte
Apesar da pandemia, a Superintendência do Esporte manteve o programa Geração Olímpica e distribuiu 1.215 bolsas com o mesmo investimento de 2019: R$ 4,75 milhões. A segunda edição do Programa Estadual de Incentivo e Fomento foi ampliada em relação ao primeiro edital e destinará R$ 8 milhões para dezenas de projetos esportivos. Além disso, houve a readequação do calendário oficial, com suspensões e alterações de datas de alguns eventos e competições, que estão sendo reagendados para o 2⁰ semestre.
Tecpar
O Tecpar estruturou em tempo recorde uma unidade industrial para produção de álcool antisséptico. Nesse período foram produzidos 20 mil litros. Os produtos são transportados pela Defesa Civil até a Secretaria da Saúde, que faz a distribuição.
A Incubadora Tecnológica do Tecpar (Intec) abriu um edital para apoiar empresas e empreendedores que têm projetos com foco no enfrentamento da pandemia. O instituto colocou, ainda, dois relatórios técnicos à disposição de empresários e empreendedores com informações sobre processo de produção e registro de respiradores artificiais, ventiladores pulmonares, e uso de sanitizantes para esterilização.
CGE
Por causa da flexibilização das exigências para compras e contratos, foi constituído pela Controladoria-Geral do Estado (CGE) o Conselho Estadual de Contratações Emergenciais de Saúde Pública Decorrente do Surto do Coronavírus. Todos os contratos são examinados para evitar abusos ou inconformidades com a legislação vigente, o que assegura a correta aplicação dos recursos públicos. A CGE tem orientado prefeitos e gestores municipais a darem mais transparência a seus gastos para evitarem problemas futuros. O trabalho é feito pela Rede de Controle da Gestão Pública, com vários órgãos de controle estaduais e federais.
Trabalho
A Secretaria da Justiça, Família e Trabalho expediu uma série de normativas com recomendações de proteção à saúde dos profissionais e consumidores de estabelecimentos comerciais de inúmeras categorias. As empresas devem adotar medidas de prevenção, manter os trabalhadores com distanciamento mínimo de 1,5 metro, e disponibilizar a todos os empregados acesso às áreas de higienização.
Fiscalização
O Procon do Paraná também realiza uma força-tarefa para notificar empresas que praticam preços abusivos de produtos essenciais durante a pandemia. Durante esse período foram 600 notificações. O órgão também está fazendo blitzes e notificando supermercados, revendas de gás e laticínios.
CULTURA
Museus
O fechamento do Museu Oscar Niemeyer não impossibilitou a visitação. É possível passear virtualmente (#monemcasa) pelas exposições e ateliês, aprender mais sobre as quase 7 mil obras do acervo e assistir entrevistas de artistas com obras expostas na instituição. Além das oficinas, as atividades do Arte para Maiores, direcionado ao público com mais de 60 anos, são enviadas para os participantes via WhatsApp.
O Museu conta, ainda, com dez exposições que podem ser vistas na íntegra no Google Arts & Culture. No site do MON, o visitante tem acesso a tours virtuais. Essas visitas registraram no mês de abril de 2020 um acréscimo superior a 1200% no número de acessos em relação ao mesmo mês do ano passado. Em 2019, foram 649 visitas e, em 2020, 8.933.
O Museu Paranaense está com uma série de ilustrações para colorir de peças do acervo e ainda com o projeto MUPA Minuto. O Museu da Imagem e do Som do Paraná selecionou fotos pouco conhecidas de suas coleções e tem tornado públicas com mensagens de prevenção ao Covid-19. Também iniciou a divulgação das Dicas do MIS-PR, que são vídeos feitos por convidadas e convidados com dicas de filmes, músicas, livros e outras programações interessantes que podem ser acessadas online.
O Museu de Arte Contemporânea do Paraná completou 50 anos em março e fez um resgate histórico por meio da campanha “Meio Século de Arte”, contando desde o surgimento do museu até os dias atuais, e também lançou a newsletter “Da janela de casa”, enviada todo domingo, com sugestões de leitura, museus online e dicas culturais.
Guaíra
A Orquestra Sinfônica do Paraná e o Balé Teatro Guaíra organizaram espetáculos virtuais nesta fase de pandemia. A Sinfônica fez um concerto virtual apresentado pelo Facebook e Instagram, com músicos em casa dos músicos, tocando o “O Trenzinho do Caipira” de Heitor Villa-Lobos. O Balé Teatro Guaíra celebrou 51 anos e para comemorar a data, os bailarinos recriaram um trecho da coreografia Carmen de forma virtual.
Incentivo
Foi lançado o Pacote de Medidas de Apoio e Fortalecimento do Setor Cultural. Uma das medidas é o edital Cultura Feita em Casa, que vai beneficiar 510 projetos de realizadores paranaenses em diversas categorias. A Plataforma Digital terá uma seção com filmes paranaenses para assistir de forma gratuita. Serão curtas e longas-metragens produzidos nos últimos dez anos no Estado, que passarão por uma seleção. O concurso literário Prêmio Biblioteca Digital, organizado pela Biblioteca Pública do Paraná, vai incentivar a produção e a circulação de livros inéditos no formato e-book de autores residentes no Paraná.
TECNOLOGIA
Receita eletrônica
Foi regulamentada a operacionalização da prescrição médica por meio eletrônico. Uma plataforma desenvolvida pelo Conselho Regional de Medicina do Paraná foi disponibilizada para que todos os médicos registrados no Estado possam emitir a receita médica de forma virtual. O profissional acessa a plataforma com seus dados, prescreve o medicamento e assina eletronicamente a receita.
TechAjuda Celepar
É um serviço de atendimento disponível por meio do WhatsApp. Em menos de um mês foram 2 mil solicitações respondidas. Os cidadãos podem receber ajuda e orientações sobre uso de sites, aplicativos e outras soluções tecnológicas.
Portal
A Celepar desenvolveu o portal (www.coronavirus.pr.gov.br) que reúne todas as informações sobre a doença e as ações do Estado. Com isso, o Paraná é um dos estados com maior transparência, segundo a Open Knowledge. Essa ação também foi estimulada pela CGE.
Hack pelo Futuro
Entre abril e maio aconteceu o Hack pelo Futuro, maratona digital para buscar alternativas inovadoras para o pós-pandemia. O hackaton recebeu mais de mil inscrições e selecionou 800 participantes, que foram divididos em 124 equipes. Elas apresentaram projetos e as três melhores iniciativas ganharam uma bolsa na Founder Institut.
Saúde Tech
O programa Saúde Tech vai investir R$ 1,4 milhão nos próximos meses no apoio a dez startups e empresas que desenvolverão nos Institutos Senai produtos de enfrentamento ao coronavírus. É uma iniciativa da Superintendência de Inovação da Casa Civil, da Fundação Araucária e do Senai Paraná.
Startup Evolution
O Startup Evolution é uma parceria entre o Governo do Estado (Celepar e Superintendência de Inovação da Casa Civil), a Hotmilk e o Sebrae-PR. Cinquenta empresas de base tecnológica foram selecionadas para receber consultorias e mentorias com especialistas do mercado. Workshops online serão realizados até o final de junho para tratar de temas como gestão de crise, novas regras trabalhistas e reposicionamento de marketing.
Fundação Araucária
A Fundação Araucária lançou um edital referente ao Programa de Bolsas de Iniciação Científica e em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBIC & PIBIT) com o recurso de R$ 8 milhões para incentivar projetos com temas relacionados ao coronavírus.
DOAÇÕES
Copel
A Copel doará R$ 5 milhões para a compra de 200 mil kits de testes e pelo menos 1,2 milhão de máscaras triplas, como as usadas nos hospitais, ao Paraná. Os materiais serão entregues a partir de junho. O valor pode aumentar com a ajuda dos clientes da empresa. Para isso, a Copel lançará, a partir de 21 de maio, a campanha Fatura Solidária. A cada nova adoção da fatura digital, a Copel destinará R$ 2 ao projeto. E cada nova adesão ao débito automático gerará a doação de R$ 3, sem nenhum custo para os consumidores. A ação vale também para os clientes da Copel Telecom.
Poderes do Estado
O Fundo Estadual da Saúde recebeu injeções financeiras extraordinárias de R$ 130 milhões dos outros poderes e órgãos públicos para compra de EPIs, contratação de novos leitos de UTI e de enfermaria e aquisição de insumos e outros equipamentos para hospitais e unidades de saúde. Colaboraram a Assembleia Legislativa (R$ 37,7 milhões), o Tribunal de Justiça (R$ 50 milhões), a Defensoria Pública (R$ 8 milhões), o Tribunal de Contas (R$ 15 milhões), o Ministério Público do Trabalho (R$ 6,5 milhões) e o Ministério Público (R$ 13 milhões).
Outras empresas
O setor produtivo também tem auxiliado o Estado. As empresas paranaenses têm colaborado com insumos, equipamentos para hospitais, reforma de viaturas e ambulâncias, e doações de toda sorte para ajudar a administração estadual e as prefeituras durante a pandemia.
ESTADO
Escolas estaduais
Mesmo durante a pandemia, a Fundepar investe mais de R$ 100 milhões em 156 escolas – seis delas são unidades novas. A medida manteve aproximadamente 1,4 mil empregos diretos no Estado.
Desenvolvimento urbano
O Estado conseguiu acessar R$ 600 milhões (US$ 118,3 milhões) para investir em obras nos municípios. Os recursos serão geridos pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas e foram obtidos por empréstimo junto ao BID. Entre março e abril o Estado encaminhou a 107 prefeituras 153 editais de autorização para licitação de obras e para a aquisição de bens e serviços. As licitações representam investimentos de R$ 116,17 milhões.
Infraestrutura e logística
As principais obras de infraestrutura também não sofreram alterações neste período, a não ser as medidas sanitárias adotadas desde o começo da pandemia. Entre elas estão a Ponte da Integração, em Foz do Iguaçu; a Rodovia dos Minérios, entre Curitiba e Almirante Tamandaré; o Contorno Noroeste, em Francisco Beltrão; a Av. Bento Munhoz da Rocha, em Paranaguá; a duplicação da PR-323 entre Paiçandu e Doutor Camargo; e a pavimentação da PR-364 entre Irati e São Mateus do Sul. Inúmeros empregos foram mantidos com essas medidas. O planejamento de concessões de aeroportos e do novo Anel de Integração foi mantido.
Ferroeste
A Ferroeste fechou o mês de abril com desempenho histórico: 160 mil toneladas transportadas. Foi o mês com a maior movimentação da história da companhia. O volume é fruto da parceria com a Rumo Logística. Na prática, o sistema passou a operar com até 10 trens por dia, o dobro da capacidade anterior.
Portos
O Pátio de Triagem do Porto de Paranaguá recebeu 58.499 caminhões em abril, superando em mais de três mil veículos o recorde de 55.835. Abril também marcou a maior movimentação mensal de cargas da história: em 30 dias foram mais de 5,5 milhões de toneladas de cargas - volume 30,9% maior que o registrado no mesmo mês em 2019.
A Operação de Contingência à Covid-19 nos portos paranaenses contabilizou mais de 200 mil aferições de temperatura de trabalhadores e caminhoneiros que entraram no Pátio de Triagem ou no Porto de Paranaguá. São quase 4,9 mil por dia, num esforço concentrado para evitar a presença da doença no ambiente portuário.
ECONOMIA
Crédito
O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) registrou desde o dia 23 de março mais de 1.700 pedidos de crédito e financiamento por parte de empresas paranaenses. Os recursos serão usados para manter o fluxo de caixa das empresas e amenizar os efeitos da crise. As solicitações somam R$ 2,96 bilhões, três vezes o número total de pedidos durante 2019.
A Fomento Paraná recebeu até o momento 28,1 mil solicitações de crédito para três linhas, das quais estão em fase final de contratação ou foram liberadas 3,3 mil propostas. Nesse período foram renegociados 1.783 contratos, que somam R$ 92 milhões, e 259 municípios solicitaram moratória referente a 560 contratos, que somam R$ 137,7 milhões. A instituição deu início às operações da linha de crédito Fomento Turismo, destinada a apoiar empresas do setor. Os técnicos da Celepar ajudaram a construir soluções digitais para acelerar a análise desses pedidos.
Agricultura
Os programas desenvolvidos pela Secretaria de Agricultura e do Abastecimento ajudaram a garantir comida com qualidade e controle sanitário na mesa dos paranaenses e movimentaram as exportações (crescimento de 32% na exportação de soja no quadrimestre, em relação ao mesmo período de 2019).
As cinco unidades da Ceasa no Paraná mantiveram a comercialização de hortigranjeiros e o atendimento aos compradores nos mercados atacadistas. As unidades passam por um processo periódico de higienização com caminhões com jatos de alta pressão, com água e hipoclorito de sódio.
A estimativa da safra 19/20 é de 41,6 milhões de toneladas de grãos em uma área de quase 10 milhões de hectares, volume 16% superior ao da safra 18/19. Até o início de maio, por exemplo, 74% da produção de soja já estava comercializada, índice expressivo se comparado ao do ano passado, de 44%.
Planejamento
O Governo do Estado instituiu um Grupo de Trabalho para Coordenação de Ações Estruturantes e Estratégicas para Recuperação, Crescimento e Desenvolvimento do Estado do Paraná. Os trabalhos foram iniciados no final de abril. No mesmo mês, para dar transparência aos dados do Estado, as secretarias de Planejamento e Projetos Estruturantes e da Fazenda passaram a divulgar semanalmente um boletim com a conjuntura fiscal, econômica e social do Paraná. Também no Planejamento estão sendo elaboradas ações que visam estimular a produção e o consumo de produtos locais, fortalecendo o empresariado paranaense.
Mutirão de empregos
Para incentivar a geração de empregos, as Agências do Trabalhador promoveram o 1º Mutirão Online de Empregos. Foram 1.700 vagas abertas em 33 empresas parceiras de Curitiba e Região Metropolitana.
SEGURANÇA PÚBLICA
Polícia Civil
A Polícia Civil do Paraná intensificou suas ações em combate à criminalidade. Helicópteros e embarcações também foram colocados à disposição para prestar apoio em qualquer situação. O número de Operações de Repressão Qualificada realizadas nos primeiros quatro meses de 2020 aumentou 41% em relação ao mesmo período de 2019. A PCPR também trabalha com alertas preventivos sobre golpes, fraudes, violência contra a mulher, violência contra crianças e adolescentes, crimes contra a saúde e crimes contra o consumidor durante a crise.
Viaturas
Foram entregues 437 viaturas para as forças de segurança do Estado. Elas estão auxiliando os trabalhos de fiscalização, orientação e prevenção contra o crime durante a pandemia. O Corpo de Bombeiros também recebeu novos veículos, inclusive caminhões.
Sistema penitenciário
Com uma produção diária de mais de 10 mil itens de proteção, 300 presos, de 23 unidades prisionais do Paraná, entre penitenciárias e cadeias públicas, já confeccionaram 318 mil máscaras. Também foram fabricados 10,4 mil jalecos e cerca de 4,5 mil itens para hospitais, como lençóis, pijamas e escudos faciais.
| Agência estadual de Notícias ( publicado em 15-05-2020) | | | | Autorizações de licitações e homologações somam cerca de R$ 245 milhões desde o início da pandemia. Valor ajudou municípios a desenvolver diversas obras urbanas e renovar os parques de máquinas e equipamentos.
O distanciamento social e o necessário trabalho remoto não foram barreiras para o exercício das políticas do Governo do Paraná de Desenvolvimento Urbano para atender e fortalecer os 399 municípios do Estado.
Desde o início da quarentena, no dia 23 de março, até a última quinta-feira (14) o Serviço Social Autônomo Paranacidade, vinculado à Secretaria do Desenvolvimento Urbano e de Obras Públicas entregou 134 editais de homologação para diversos municípios. Os documentos autorizam as prefeituras a contratar obras ou adquirir equipamentos e serviços. O valor alcança R$ 43 milhões.
Também foram liberados outros 281 editais de autorização para licitação, que somam R$ 211,3 milhões. “Dessa forma, o Governo do Paraná continua firme na diretriz de promover o Desenvolvimento Urbano, mesmo neste período difícil”, afirma o secretário de Estado João Carlos Ortega.
Das autorizações para licitação, R$ 102,5 milhões são via Sistema de Financiamento aos Municípios (SFM), e R$ 108,7 milhões pelo Programa de Transferência Voluntária do governo estadual –modalidade que não exige ressarcimento dos valores. Os recursos se destinam a 86 obras de pavimentação (R$ 106,5 milhões) e para a aquisição de 131 equipamentos rodoviários e de limpeza urbana, além de veículos leves (R$ 29,7 milhões).
Há, ainda, outras 64 ações (R$ 60 milhões) para a revisão e implantação de Planos Diretores Municipais, iluminação pública, e a construção de creches (com aquisição de equipamentos),praças, escolas, ginásio e quadras de esportes, unidades Meu Campinho, centro cultural, pavilhão comercial, barracão industrial, ciclovia e parque municipal.
Os editais de homologações, que autorizam as prefeituras a contratar as ações, somam mais R$ 23,7 milhões pelo SFM, e R$ 19,3 milhões em transferências voluntárias. Juntos, esses documentos autorizam 134 ações para obras ou para a aquisição de equipamentos e veículos.
VELOCIDADE - Na prática, “todos os processos continuaram e ganharam velocidade, a partir do início da quarentena, na medida em que as pessoas foram compreendendo as adaptações, as novidades e os procedimentos para o trabalho à distância”, explica o superintendente executivo do Paranacidade, Álvaro Cabrini.
Há motivos para o bom desempenho, explica ele, mesmo com grandes mudanças na forma de trabalhar. Cabrini cita a aquisição de computadores e softwares no ano passado, as ferramentas desenvolvidas no próprio Paranacidade – como o Portal dos Municípios e o SEDU/Paranacidade Interativo, a intensificação do uso do E-protocolo e os treinamentos da equipe.
Cabrini aponta alguns dos fatores para o sucesso, sem esquecer as dificuldades impostas ao sistema nos primeiros dias da pandemia do novo coronavírus. “Na época, em algumas prefeituras, sequer havia o atendimento telefônico. Aprendemos, todos, ao mesmo tempo, a trabalhar à distância”, ressalta.
NÚMEROS - Os números confirmam. A evolução no encaminhamento das ações aconteceu, ao mesmo tempo, em todos os Escritórios Regionais (ER) do Paranacidade. Contabilizando apenas as autorizações para licitação, foram entregues 59 editais em Cascavel; 37 em Curitiba e Litoral; 21 em Guarapuava; 70 em Londrina; 72 em Maringá; e 22 em Ponta Grossa.
Uma das inovações desenvolvidas e implantadas durante a quarentena, a medição remota, também apresenta resultados significativos. Os ERs realizaram 253 medições, o que viabilizou a liberação, para pagamentos de obras ou de aquisições, de R$ 57.163.837,11.
ANDAMENTO - As liberações representam a continuidade de ações em andamento, como das obras no Aeroporto de Cascavel, viadutos, pavimentações, barracões industriais e comerciais, terminais rodoviários, praças, ginásios de esportes, estradas vicinais, escolas, creches, centros sociais, culturais, ginásios, quadras de esportes, unidades Meu Campinho, posto de Saúde, parque municipal, teatro, sedes de prefeituras, garagens, a aquisição de serviços e equipamentos.
EXECUÇÃO - Atualmente, há 302 ações em execução em 165 municípios e suas conclusões correspondem ao pagamento de outros R$ 255,5 milhões, entre ações de financiamento (R$ 183 milhões) e de transferências (R$ 72,4 milhões).
Isso significa a realização de 184 ações de Pavimentação e Recape de Vias Urbanas; 12 unidades Meu Campinho, oito barracões comerciais, sete capelas mortuárias, quatro terminais rodoviários, cinco centros culturais, de eventos e comunitários, nove centros de Ação Social, uma creche, 10 ações na área da educação (escola municipal ou complexo educacional), oito ginásios e quadras de esporte e quatro parques.
Durante o mesmo período, foram concluídas 45 ações, sendo 25 de aquisição de equipamentos rodoviários e veículos, de construção do Paço Municipal de Antônio Olinto, do Ginásio de Esportes de Itapejara d’Oeste, do Posto de Pronto Atendimento de Sengés e do Terminal Rodoviário de Turvo, além de obras de pavimentação asfáltica e em pedra irregular em 10 municípios.
A tramitação de projetos também foi mantida no ritmo normal, no período, com o encaminhamento para análise de operações de financiamento solicitadas por 23 municípios (R$ 43,1 milhões). Outras ações, apresentadas por 21 prefeituras, receberam aprovação; enquanto foram enviadas solicitações de contrato para 16 municípios; e a Procuradoria Jurídica emitiu 119 pareceres.
ON-LINE – A qualificação do corpo funcional tem continuidade em Programas On-line. Desde 23 de março, 35 analistas participaram de três treinamentos, nas áreas da Gestão Energética, de Pavimentos Urbanos de Concreto e da Modelagem de Informação na Construção (BIM). Os recursos on-line foram utilizados também para a realização de reuniões internas e no atendimento aos técnicos das Prefeituras.
“A tecnologia atuou como aliada. Além das reuniões e treinamentos realizados, passamos a fazer as medições remotas, lançamos o Gerador de Placas e o SEDU/Paranacidade Interativo teve seu uso ampliado na elaboração e análise de projetos. Em abril, os resultados foram melhores do que nos primeiros dias da quarentena, em março. O que nos leva a concluir que estamos evoluindo. Esperamos performances ainda melhores em maio e junho e nos meses seguintes”, anuncia Cabrini.
| Agência Estadual de Notícias ( publicado em 17-05-2020) | | | | Medidas aprovadas para os metalúrgicos que permanecem entram em vigor a partir de segunda-feira, 18
Em assembleia realizada com o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (PR), a Renault aprovou a redução de jornada em até 70%, com manutenção dos salários líquidos para cerca de 5,8 mil colaboradores da produção do Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais (PR).
A medida entra em vigor a partir do dia 18 de maio, duas semanas após os funcionários retornarem ao trabalho. No entanto, a montadora antecipou o encerramento dos contratos de 300 trabalhadores temporários.
Para aqueles que continuam, a diminuição das horas trabalhadas vai ocorrer conforme a necessidade de cada setor e linha de produção. Essa redução terá um prazo de 30 dias (contados a partir do dia 18), podendo ser prorrogada por mais um mês. Os salários líquidos serão mantidos porque a empresa completará os valores pagos pelo governo. A montadora adotou a Medida Provisória 936, prevista para reduzir os impactos da pandemia de Covid-19.
Para os 300 temporários que tiveram seu contrato encerrado, a montadora garante o pagamento de 100% do período faltante para o encerramento do contrato na rescisão, extensão de plano médico por três meses para o titular e dependentes, programa de orientação para a recolocação no mercado e possibilidade de participar de um banco de talentos para futuros processos seletivos.
“Não é uma decisão fácil, pois a não renovação dos contratos não é por qualquer problema de desempenho dos colaboradores, mas em função de uma necessária adequação da nossa produção ao mercado”, disse o presidente da Renault, Ricardo Gondo, sobre a dispensa dos temporários.
O Complexo Ayrton Senna produz os Renault Captur, Duster, Kwid, Logan, Oroch e Sandero. Lá também são feitos motores e a linha de utilitários Master.
| Automotive Business ( publicado em 15-05-2020) | | | | Iniciativas fazem parte das ações voluntárias da empresa no enfrentamento à pandemia de coronavírus
Como parte de suas contribuições voluntárias no enfrentamento à Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, a Mercedes-Benz focou esforços para aumentar a disponibilidade de respiradores artificiais no mercado, fundamentais no tratamento dos doentes mais graves que desenvolvem quadro de insuficiência respiratória. A empresa reuniu voluntários de seu corpo técnico para aumentar a produção dos aparelhos na KTK, projetar ventiladores mais baratos em parceria com o Instituto Mauá de Tecnologia e também fazer o reparo de equipamentos quebrados na fábrica de São Bernardo do Campo (SP).
Em parceria com, Bosch, Toyota, GM, Flex e ABB, a Mercedes-Benz participou do projeto que aumentou rapidamente a produção de respiradores da KTK, instalada em São Bernardo do Campo. Antes de receber o apoio técnico das empresas do setor automotivo, eram produzidos apenas de três a cinco aparelhos por dia, agora essa capacidade saltou para 70 ventiladores/dia. A KTK já recebeu pedido para fornecer 3 mil unidades ao SUS.
“Colocamos recursos e enviamos nossos técnicos e engenheiros, que aplicaram a experiência da indústria automotiva para aumentar a eficiência. Em apenas um mês e meio a linha de produção foi reformulada. A KTK estava quase inoperante e hoje já é mais uma opção para fornecer respiradores artificiais que são essenciais neste momento de pandemia”, conta Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz do Brasil.
Em outra iniciativa na mesma linha, a fabricante de veículos se uniu ao Instituto Mauá de Tecnologia para projetar um novo respirador de baixo custo, com componentes comumente utilizados na indústria automotiva. O aparelho está em testes e agora aguarda aprovação da Anvisa para poder ser utilizado em hospitais. Segundo Schiemer, existe capacidade de produção imediata para grandes volumes. “Por isso esperamos que a Anvisa aprove rápido, assim podemos ajudar quem está precisando”, diz.
A Mercedes-Benz também se integrou à força tarefa encabeçada pelo Senai para reparar respiradores inoperantes. Estimava-se que existiam mais de 3 mil aparelhos nessa condição no País justamente no momento em que mais se precisa deles. Os equipamentos estão chegando de diversas partes do Brasil e estão sendo reparados em área da fábrica de caminhões e ônibus em São Bernardo do Campo. “Queremos receber mais, porque temos capacidade para consertar mais respiradores”, afirma Schiemer.
MÁSCARAS E DOAÇÕES
Em uma frente paralela, a Mercedes-Benz se engajou em aumentar a disponibilidade de máscaras para funcionários, familiares, concessionários e pessoas das comunidades onde atua. A empresa vai distribuir a cerca de 40 mil máscaras de pano que foram encomendadas à escola de samba Rosas de Ouro e outras profissionais indicadas pelo Sindicato das Costureiras de em São Bernardo do Campo.
A empresa também adquiriu e vai doar 15 mil protetores faciais de plástico que serão usados por profissionais de saúde que trabalham em hospitais de São Bernardo, Campinas e Juiz de Fora (MG).
“Nós assumimos o compromisso de proteger nossos funcionários com medidas de saúde e segurança nas fábricas e também ajudar a sociedade, salvando vidas. Por meio dessas ações, nossa empresa coloca à disposição suas instalações, recursos e sua força de trabalho voluntária a fim de contribuir em todas as frentes possíveis. Nos comprometemos a ajudar ao próximo e superarmos juntos esse momento extremamente desafiador”, resume Schiemer.
| Automotive Business ( publicado em 15-05-2020) | | | | Reunião com Comissão Europeia pede estímulos para uma retomada com economia verde
Os líderes de todas as montadoras associadas a Acea, entidade das fabricantes de veículos na Europa, bem como os representantes da Clepa, associação de fornecedores automotivos na região, se reuniram com o vice-presidente executivo da comissão europeia para a indústria e economia verde, Frans Timmermans, e com o comissário para o mercado interno, Thierry Breton, para elaborarem juntos um plano de recuperação para o setor automotivo pós-pandemia, com foco em estimular não só a economia em geral, mas garantir uma transformação da sociedade baseada no que se chama de economia verde, utilizando novas tecnologias de baixas ou zero emissões.
Com o fechamento prolongado das fábricas na Europa e a perda na produção de 2,4 milhões de veículos até o momento, as vendas de automóveis e comerciais leves caíram mais de 95% nos principais mercados da União Europeia (UE) em abril e com isso todo o setor corre o risco de escassez da liquidez ao mesmo tempo em que ainda vê seu desempenho ameaçado pelos próximos meses. Segundo as entidades, a situação na indústria automotiva pode ainda ter um efeito significativo em outras áreas da economia.
A indústria automotiva emprega 13,8 milhões de pessoas, direta ou indiretamente, representando 6,1% de todos os empregos na União Europeia, enquanto o volume de negócios gerado pelo setor representa mais de 7% do PIB da UE.
“A prioridade número um do setor é relançar o mercado, permitindo assim a retomada da produção nas fábricas da União Europeia. Dado o colapso quase total das vendas, será crucial fornecer um forte estímulo de mercado para permitir que os fabricantes de veículos reabram totalmente as fábricas e mantenham as pessoas nos seus empregos”, afirmou o diretor geral da Acea, Eric-Mark Huitema.
No encontro, a Acea e a Clepa solicitaram à Comissão Europeia que coordenasse os trâmites nacionais para uma renovação de frota que possa garantir que as condições do mercado sejam harmonizadas em todo o continente e que possam ser complementadas com o orçamento da UE.
As duas associações demonstraram que na situação atual, embora a produção de veículos e componentes esteja recomeçando lentamente, há grandes discrepâncias dessa reabertura da indústria entre os estados membros da UE, o que segundo as empresas, está dificultando a recuperação da indústria, que depende da cadeia de suprimentos, que se estendem por todo o continente europeu. Os CEOs reforçaram seu pedido de um reinício coordenado das atividades e investimentos ao longo de toda a cadeia de valor.
“Enquanto trabalhamos para recolocar as rodas em movimento, precisamos procurar soluções em que todos saiam ganhando, atendendo às necessidades ambientais, industriais e sociais mais amplas. O objetivo das medidas de recuperação deve, portanto, ser duplo: reiniciar o setor e empregar toda a gama de soluções tecnológicas disponíveis e necessárias para a neutralidade do carbono e em conjunto com os investimentos em energia renovável e infraestrutura, impulsionar a economia verde, bem como salvaguardar o emprego e a atividade industrial na Europa”, disse o secretário geral da Clepa, Sigrid de Vries.
| Automotive Business ( publicado em 15-05-2020) | | | | Estoques suficientes para quatro meses impõem turnos limitados
Abril já faz parte da história e seu resultado não deve se repetir em maio. Após o pior mês de produção nos 63 anos da automotiva nacional, as montadoras retomam lentamente as atividades. As fábricas começam a operar em turnos limitados e com novos protocolos de segurança sanitária.
O reinício tímido ocorreu na virada do mês e agora começa a ganhar corpo, apesar de limitadas pela realidade de mercado.
Há estoque suficiente para suprir quatro meses de comercialização no ritmo atual do varejo. Além disso, as vendas diretas a frotistas, que representam quase 50% do negócio, estão estagnadas. As locadoras, principais clientes desse segmento, estão recebendo milhares de carros de volta, devolvidos por motoristas de aplicativo.
Os emplacamentos diários, que beiravam as 10 mil unidades antes da pandemia, caíram para cerca de 3.000.
A Renault reabriu a fábrica de São José dos Pinhais (PR) no dia 4. Os funcionários encontraram tapetes para higienização dos calçados e divisórias de acrílico nos refeitórios para aumentar o distanciamento.
A FCA Fiat Chrysler retoma a produção em Betim (MG) e Goiana nesta segunda (11). A empresa chama de Esquadrão SWAT Covid-19 o grupo de funcionários responsável pela higienização emergencial do ambiente. A equipe entra em ação caso seja detectado um caso suspeito na linha de montagem.
Segundo a montadora, o perímetro em que o funcionário estava deve ser esterilizado com equipamentos e produtos específicos. Os responsáveis pela tarefa precisam vestir roupas semelhantes às usadas por profissionais da saúde nos hospitais de campanha.
A Hyundai do Brasil retomou a produção em Piracicaba (interior de São Paulo) na quarta (13). Apenas um dos três turnos voltou a funcionar, com 700 funcionários. O objetivo é abastecer as concessionárias de cidades em que o comércio permanece aberto.
Um protocolo comum a todas as fabricantes prevê distância mínima de 1,5 metro entre os trabalhadores na linha de montagem, uso de máscara, diminuição do número de empregados por turno e medição diária da temperatura.
As empresas negociaram reduções de carga horária e de salário com os sindicatos. Grande parte dos trabalhadores segue em lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho).
As fábricas de caminhões da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo) e Juiz de Fora voltaram a operar na semana passada. Segundo Philipp Schiemer, presidente da montadora na América Latina, metade dos funcionários voltou às linhas de produção.
O executivo diz que a empresa vai concluir seu ciclo atual de investimentos —R$ 2,4 bilhões aplicados entre 2018 e 2022—, mas projetos futuros estão congelados. O faturamento da empresa caiu 80% no último mês.
Schiemer afirma que as brigas políticas minaram a credibilidade do Brasil perante investidores e, por consequência, influenciaram a desvalorização do real. A Mercedes tem tido problemas com o câmbio, pois os conteúdos tecnológicos de seus caminhões mais modernos são importados.
O executivo diz que, apesar da queda abrupta nas vendas, o segmento de veículos pesados tem sido menos afetado que o de carros leves. As razões disso estão no agronegócio e nas áreas que mantêm atividade em meio à pandemia, como os setores farmacêutico e de bebidas.
As exportações de modelos de carga também continuam, embora restritas. Esse foi um dos motivos que fez a Scania retomar a produção em São Bernardo do Campo no dia 27 de abril, junto com a Volkswagen Ônibus e Caminhões, que tem fábrica em Resende (RJ). Ambas as empresas fazem parte do grupo Traton. Cerca de 25% dos trabalhadores dessas empresas retornaram às linhas de montagem.
As linhas de produção de veículos pesados da DAF e da Volvo no Paraná também voltaram à ativa. O retorno ocorreu no dia 4.
No segmento de veículos leves, a produção na fábrica da Volkswagen de São José dos Pinhais (PR) recomeça nesta segunda (18). O principal veículo montado na unidade é o utilitário compacto T-Cross. As fábricas localizadas em São Paulo voltarão a produzir no dia 25. Essa é também a data prevista pela Moto Honda da Amazônia.
Outras montadoras planejam retornar em junho, entre elas estão Ford, General Motors, Honda Automóveis e Toyota.
AÇÕES ADOTADAS PARA REABERTURA
Mais ônibus para transporte de funcionários
Controle de temperatura corporal em todas entradas
Distribuição de EPIs (máscaras, luvas, visores) com orientações sobre higienização e descarte
Kits de limpeza e desinfecção em cada estação de trabalho
Desinfecção frequente de todas as áreas, equipamentos e veículos
Aumento de quantidade turnos e espaçamento nas estações de trabalho e nos refeitórios
Centros médicos transformados em ambulatórios de campanha
Novas regras de ventilação nos ambientes
| Folha de S.Paulo | | | | A fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo) expõe um painel gigante em sua fachada. Quem passa pela rodovia Anchieta vê a traseira de um Gol em destaque, sinal de que o modelo mantém o prestígio após 40 anos de mercado e 8,5 milhões de unidades produzidas.
O hatch compacto estreou em maio de 1980 com motor 1.3 a gasolina (42 cv) refrigerado a ar. Não demorou para ser substituído: faltava força e sobrava vibração.
Após o começo claudicante, a VW acertou o carro e, ao longo dessas quatro décadas, liderou as vendas por quase 30 anos e lançou clássicos da indústria automotiva nacional.
A linha atual não comporta sonhos de consumo como as antigas versões GT, mas, enfim, oferece câmbio automático de verdade. A caixa de seis marchas estreou no segundo semestre de 2018 e deu nova vida ao Gol.
VW Gol
Interior do Volkswagen Gol 1.6 automático (Divulgação)
A opção que dispensa o pedal de embreagem tem motor 1.6 flex com 120 cv, mesma potência do GTI 2.0 de 1989.
Apesar da proximidade dos números, o Gol mais caro dos dias de hoje não tem a mística do topo de linha de 21 anos atrás. Trata-se de um carro racional, com acabamento simples e bom desempenho.
A avaliação começa com uma decepção: o ajuste de altura do banco continua ruim. O motorista aciona uma alavanca e sente o assento se inclinar para trás. É preciso erguer o corpo para encontrar uma boa posição ao volante.
Passado o primeiro desafio, vem a parte boa: completo, o Gol avaliado tem sistema multimídia que se conecta a smartphones, comandos de som no volante, piloto automático e rodas de liga leve. Todas as janelas trazem acionamento elétrico, bem como os retrovisores e as travas das portas.
O preço começa em R$ 61,4 mil, porém, com todos os itens disponíveis, o valor do Volks chega a R$ 65.870. Não é pouco, mas mantém o modelo competitivo. Com os mesmos itens, o Renault Sandero 1.6 automático é anunciado por R$ 68,4 mil, mas oferece quatro airbags (há apenas dois no Gol), controle eletrônico de estabilidade e ar-condicionado com ajuste automático.
Após achar a melhor posição possível ao volante, o motorista do Gol descobre que o carro está em sua melhor forma. Bem disposto e bom de curva, o compacto VW mostra que suas qualidades vão além de uma mera compra racional.
VW Gol
Porta-malas do VW Gol tem 285 litros de capacidade
O desempenho é equivalente ao do Polo 1.6 automático, que custa entre a R$ 66 mil e R$ 70,7 mil. Embora seja mais caro, é também mais moderno: sua plataforma MQB o coloca no mesmo nível dos Volks vendidos na Alemanha.
Já o Gol é coisa nossa, nasceu e cresceu no Brasil. Uma nova geração está perto de ser revelada, apesar de a pandemia do novo coronavírus ter travado investimentos e modificado cronogramas.
O novo cenário deve tornar o compacto da Volks ainda mais importante, pois é provável que projetos locais de menor custo ganhem força. Há outros 40 anos pela frente.
Teste Folha-Mauá – VW Gol 1.6 automático
Preço a partir de R$ 61,4 mil
Motor dianteiro, transversal, flex, quatro cilindros, 1.598 cm³
Potência 120 cv (e) e 110 cv (g) a 5.750 rpm
Torque 16,8 kgfm (e) e 15,8 kgfm 4.000 rpm
Transmissão tração dianteira, câmbio automático de seis marchas
Peso 1.055 quilos
Porta-malas 285 litros
Pneus 195/55 R15
Aceleração (0 a 100 km/h) 11,6s (e) e 12,8s (g)
Retomada (80 a 120 km/h) 8,3s (e) e 9,9s (g)
Consumo urbano 7,3 km/l (e) e 11,8 km/l (g)
Consumo rodoviário 14,1 km/l (e) e 19,1 km/l (g)
Comprimento 3,89 metros
Entre-eixos 2,47 metros
Largura 1,66 metro
Altura 1,47 metro
| Folha de S.Paulo ( publicado em 15-05-2020) | | | | Número obtido em abril decorre da aceleração pós-pandemia e também da demanda crescente por caminhões pesados
A divisão da FPT Industrial sediada em Chongqing, na China, registrou produção recorde de motores Cursor no mês de abril, anotando crescimento de 6% sobre o ponto mais alto registrado anteriormente, em 2018. A empresa não divulgou a quantidade fabricada.
O recorde foi batido por conta da recuperação da produção chinesa, após o País controlar a pandemia de Covid-19. Segundo a companhia, foi a demanda crescente por caminhões pesados na China que levou ao novo pico de fabricação de motores.
A FPT de Chongqing retomou a produção no início de fevereiro. Na China a empresa tem quatro linhas de produção de cilindros e cabeçotes e duas linhas de montagem. A fábrica funciona 24 horas por dia para garantir as entregas para os clientes, entre eles a SIH, empreendimento conjunto para caminhões pesados da CNH Industrial em Chongqing.
Fundada em 2007 pela FPT Industrial em parceria com a SAIC Motor e a Chongqing Machine Equipment, a SFH é um dos maiores fabricantes de motores na China e pioneira em propulsores de baixa emissão. Tem cerca de 700 funcionários. Fabrica motores Cursor para veículos comerciais pesados e equipamentos de construção para uso on-road e off-road, bem como para aplicação marítima e geração de energia.
| Automotive Business ( publicado em 15-05-2020) | | | | Além dos que perdem o emprego, muitos desistem de procurar vaga durante a pandemia
No primeiro trimestre de 2020, 1,1 milhão de brasileiros deixaram a força de trabalho. Esse é o segundo maior número registrado nas estatísticas da pesquisa trimestral de emprego do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a Pnad Contínua, atrás apenas da redução de 1,2 milhão registrada no segundo trimestre 2012 em relação aos três meses anteriores.
São consideradas fora da força de trabalho as pessoas que não possuíam emprego e não procuraram trabalho nos 30 dias anteriores ao período da pesquisa –ou procuraram, mas não estavam disponíveis para trabalhar na semana de referência do levantamento.
Nos três primeiros meses do ano, 67,3 milhões de pessoas com 14 anos ou mais de idade estavam nessa condição, número recorde. Já a força de trabalho era composta por 105,1 milhões de pessoas.
Como o desemprego é medido pelo número de pessoas desocupadas em relação ao tamanho de força de trabalho, a redução deste último grupo contribui para amenizar o aumento na taxa de desempregados no país, que estava em 12,2% no primeiro trimestre deste ano.
Na avaliação de especialistas em mercado de trabalho, esse é um fenômeno que deve se acentuar com a pandemia de coronavírus.
Como as pessoas estão em distanciamento social, a tendência é que muitos desempregados não procurem emprego. Além da procura, o IBGE pergunta se o entrevistado estava pronto para iniciar um novo trabalho. O distanciamento social faz com que muitas pessoas não estejam disponíveis.
Para a pesquisadora Maria Andreia Lameiras, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a redução na força de trabalho deve se acentuar nos próximos meses, ao mesmo tempo em que mais trabalhadores perderão o emprego ou, no caso dos informais e daqueles que trabalham por conta própria, não terão como seguir trabalhando.
O encolhimento do contingente de pessoas que estão trabalhando ou buscando deve ocorrer por uma combinação de fatores, segundo a pesquisadora, e ainda deve passar por uma aceleração.
"O medo da contaminação vai fazer com que muita gente não procure trabalho, e isso aparecerá com mais força na pesquisa de abril, já que o distanciamento começou mesmo na segunda quinzena de março. Antes disso, o confinamento foi mais voluntário."
Além do medo do novo coronavírus, Maria Lameira diz que o fato de muitas empresas estarem fechadas também inviabiliza a entrega de currículos e a busca por vagas feita de maneira mais tradicional.
O pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 ou R$ 1.200 a informais durante o segundo trimestre, que já alcança 50 milhões de pessoas, também reduz a necessidade de que algumas pessoas procurem temporariamente uma ocupação.
"As pessoas perdem o trabalho, e, como elas têm a opção do auxílio emergencial, muitas acabam não procurando emprego. Isso pode distorcer um pouco a estatística de taxa de desemprego", afirma Daniel Duque, pesquisador da área de Economia Aplicada do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da FGV).
"A gente vai ter de ficar sempre atento à taxa de participação e olhar a variação da população ocupada. Muita gente não vai procurar emprego, e isso pode reduzir artificialmente a taxa de desemprego nos próximos meses", diz.
O Ibre projeta uma queda de 3% na força de trabalho em 2020, o que levaria o número ao menor patamar desde o fim de 2016, com cerca de 102 milhões de pessoas.
A taxa de participação da força de trabalho na população disponível para trabalhar era de 61% em março, menor percentual desde o primeiro trimestre de 2015, durante a última recessão brasileira.
Dentro do grupo de pessoas fora da força de trabalho estão também os desalentados. Aqueles que desistiram de procurar emprego somavam 4,8 milhões, número que permanece praticamente estável nos últimos trimestres.
| Folha de S.Paulo ( publicado em 15-05-2020) | | | | Magistradas, advogadas, promotoras e servidoras do Judiciário lidam com temas urgentes e invisibilidade de atribuições domésticas
É uma conta que não fecha. Isoladas em casa, magistradas, advogadas, promotoras e servidoras do Judiciário buscam manter o ritmo de produção pré-pandemia enquanto lidam com os desafios de acesso e estrutura do trabalho remoto e acumulam tarefas domésticas e de cuidados com os filhos.
Agora sem os tradicionais amparos de escola, redes de apoio ou trabalhadoras domésticas.
Apesar de ter alterado profundamente a rotina da vida privada e as dinâmicas de trabalho, a pandemia do coronavírus não mudou um fator fundamental nessa equação: o dia continua a ter 24 horas.
Antes da pandemia, mulheres gastavam, em média, o dobro de horas semanais que homens em atividades de cuidados com pessoas e com a casa, segundo pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Com o confinamento, a tendência é que esse abismo tenha se agravado, sobrecarregando ainda mais as mulheres.
"Fomos encharcados por temas trabalhistas e temos a sensação de que o trabalho é algo permanente", afirma Noemia Porto, 48, presidente da Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho).
"Mesmo a magistrada, em tese numa carreira que implica poder, faz audiências por videoconferência ao mesmo tempo em que cuida de filhos e pessoas idosas, ouvindo, aqui e acolá, que a produtividade é importante", diz ela, que se divide entre julgamentos, sessões virtuais do Conselho Nacional de Justiça, lives, tarefas da casa e demandas dos cinco filhos e da mãe.
"Sou juíza do trabalho e sei, dos processos, como a falta de separação entre trabalho e casa gera sofrimento e angústia. Tento aplicar esse conhecimento a mim mesma, mas não é fácil."
Para ela, o que explica "a quantidade extravagante de homens dominando lives" na sua área, justamente aquela com maior presença de juízes do sexo feminino (47%), é o machismo estrutural, que torna homens e mulheres formalmente iguais mas substancialmente diferentes.
"A sobrecarga doméstica traz dificuldades para que a mulher consiga se apresentar com tanta frequência no espaço público porque ela está absorvida pelo espaço privado."
A divisão por gênero da Justiça é equânime entre servidores e advogados.
Entre magistrados, à exceção da Justiça do Trabalho, ele é bastante desigual e também varia de acordo com a evolução da carreira: mulheres estão mais na base e menos no topo. Apenas 18% dos ministros e 23% dos desembargadores do país são mulheres.
O Supremo Tribunal Federal, órgão máximo da Justiça do país, criado em 1890, teve apenas três ministras mulheres. Com isso, o Brasil tem a quarta menor taxa de mulheres em tribunais de cúpula dentre 39 países iberoamericanos analisados pelo Observatório de Igualdade de Gênero das Nações Unidas.
"A baixa representatividade da mulher nas instâncias de poder e decisão do Judiciário faz com que sua perspectiva, diferente em razão de contextos históricos, sociais, culturais, não seja considerada", diz a juíza federal Tani Wurster, diretora da comissão que trata de igualdade de gênero na Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil).
"Precisamos introduzir uma lente de gênero no exercício da prestação jurisdicional. Do contrário, ele pode violar direitos das mulheres."
A advogada Isabela Del Monde, 34, co-fundadora da Rede Feminista de Juristas (deFEMde) diz que essa é uma das causas de uma medida que criou uma situação injusta para as profissionais mulheres: a retomada dos prazos regulares em processos que tramitam em meio eletrônico.
"Se a mulher está sobrecarregada com novas demandas, como ela vai dar conta dos mesmos prazos de antes?"
A retomada dos prazos pelo CNJ foi feita após ação da OAB Federal, cuja diretoria é composta exclusivamente por homens. "O prazo é das coisas mais sérias e importantes do meio jurídico, e esse debate poderia ter ouvido as mulheres."
Em nota a OAB informou que promoveu uma consulta online sobre o tema e que reconhece a necessidade "construir uma situação de equidade de gênero" na Ordem.
Diante dos desafios impostos pela pandemia, magistrados, juristas e servidores têm lidado com questões essenciais à garantia de direitos: da viabilidade de teleaudiências à regulamentação de medidas de combate ao vírus, do aumento da violência doméstica à efetiva entrega da renda emergencial a quem mais precisa.
"O sistema teve de se desdobrar, e estamos trocando o pneu com o carro andando", avalia Silvia Chakian, 45, promotora de Justiça do Gevid (Grupo Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher), que viu aumentarem as notificações e medidas protetivas.
"Eu estou com uma demanda gigantesca porque, além do aumento das notificações, as delegacias estão com menos atendimento e têm tirado o atraso de investigações, acelerando o andamento dos processos digitais", afirma ela, que transforma a mesa de jantar em escritório quando precisa acompanhar o homeschooling dos dois filhos.
"Falta um olhar para a mulher que está em casa com os filhos e tem de cumprir os mesmos prazos de antes."
Para Silvia, o cenário é mais delicado entre servidoras e advogadas, muitas sem estrutura operacional e acesso a tecnologia para atuar no novo modelo.
"A quarentena escancara esses abismos", diz ela, que, mesmo dividindo as tarefas domésticas e parentais com o marido, se sente sobrecarregada. "Sei que sou muito privilegiada, e isso me traz um pouco de culpa. Tem coisa muito mais grave por aí."
Segundo Claudia Luna, presidente da comissão da mulher advogada da OAB-SP, "as profissionais do direito se vêem assoberbadas com o próprio trabalho, os afazeres domésticos, para os quais não têm mais suporte, nos quais se amparavam para alavancar suas carreiras, e se vêem assoberbadas com os cuidados com os filhos, sem creche e sem escola".
"As mulheres são sub-representadas e sub-remuneradas e não conseguem encontrar soluções individuais para um problema estrutural", diz Tani, da Ajufe. "Precisamos achar soluções coletivas, ou vamos continuar ficando para trás."
"Sou uma mulher negra, mas sou advogada. Estudei, mas continuo precarizada. Se tivesse condições econômicas de ter alguém limpando a casa e fazendo comida, já teria feito meu doutorado", diz ela, que cursa mestrado em ciências humanas e sociais.
"Moro no meu escritório e mal tenho tempo de comer. Se eu vacilar, coloco em risco nossas possibilidades de sobrevivência", diz.
Mesmo sub-representadas, as mulheres hoje ocupam a presidência de 3 das 7 principais associações de classe. A juíza Vanessa Mateus, 45, primeira mulher a presidir a Apamagis (Associação Paulista de Magistrados), maior entidade de juízes da América Latina, avalia que a mudança em direção a uma maior igualdade de gênero na Justiça caminha "num compasso muito lento".
Sem deslocamentos nem interrupções da vida pré-pandemia, Vanessa, assim como muitos colegas, tem visto sua produtividade aumentar no período de home office. "Todo dia é segunda-feira. E vejo muita gente trabalhando no contraturno", diz.
O grande desafio para ela é que trabalho e serviços da casa se misturam e ocorrem simultaneamente. "Você não consegue mais fazer essa separação. Fui pra cozinha fazer um arroz no final de uma reunião e deu tudo errado: errei na quantidade, errei no sal. E meus filhos tiveram de dividir um pouquinho de arroz pra cada um."
"Tem um falseamento de valorização do home office porque você não se desloca, mas ele implica a possibilidade do que chamamos de autoexploração, um processo invisibilizado em que a pessoa fica na posição de produzir o tempo inteiro e com muita dificuldade de disciplina mental para organizar o tempo do rendimento do trabalho das demais atividades da vida", explica Noemia Porto, da Anamatra.
Para ela, a produtividade em termos numéricos é um instrumental antigo —porque uma mente sobrecarregada é menos criativa e pior na busca de soluções. "Nada disso está sendo considerado agora", pondera ela, que chama atenção para o fato de as políticas elaboradas sobre o trabalho não terem contado com a participação de representantes mulheres.
A juíza federal Luciana Ortiz, 49, foi mais feliz na sua dobradinha reunião-produção do almoço. "A reunião não acabava. Fechei a câmera e comecei a fazer o almoço. Quando precisei me manifestar, desliguei o fogo, e voltei", conta.
"É possível conciliar, mas confesso que estou cansada e sobrecarregada", diz ela, cofundadora do primeiro laboratório de inovação do Judiciário no Brasil e que vem trabalhando em soluções para teleaudiências.
"Com três filhos, tenho um parceiro que efetivamente divide a estrutura familiar, mas é inegável que muitas mulheres têm uma cobrança maior em relação à casa e aos filhos, dificultando a atividade profissional", declara.
Para a promotora Silvia Chakian, este é o momento de repensar o papel do cuidado. "O custo do papel de heroína, da mulher que dá conta de tudo, precisa ser debatido, porque faz mulheres adoecerem. Neste contexto, os homens são enaltecidos por fazer o que às mulheres foi ensinado como vocação. E esses valores não são mais compatíveis com a sociedade de hoje."
| Folha de S.Paulo ( publicado em 17-05-2020) | | | | Oíndice da Boa Vista que mede a recuperação de crédito no País subiu 1,1% em abril na comparação com março, já descontados efeitos sazonais. Em relação ao quarto mês de 2019, contudo, caiu 1,3%. No acumulado em 12 meses finalizados em abril houve declínio de 0,8% e de 0,1% no ano até abril.
A despeito da alta apurada na comparação mensal, a Boa Vista pondera que os resultados nas demais comparações ainda retratam a dificuldade que os consumidores com dívidas em atraso continuam enfrentando para reequilibrarem sua situação financeira e saírem do cadastro de inadimplentes.
Apesar das medidas adotadas pelo governo para frear o aumento da inadimplência e estimular a atividade em meio ao cenário atual, com crescimento no nível de desemprego e piora na renda das famílias, a tendência é que o indicador continue oscilando no período mais agudo da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus.
Por região, a taxa do índice de recuperação de crédito em 12 meses subiu somente no Norte (0,3%) e no Sudeste (0,2%). Em sentido oposto, na região Sul foi registrada a maior retração (-3,9%), seguida do Centro Oeste (-1,6%) e Nordeste (-1,1%).
No confronto mensal, contudo, apenas o Sudeste (-0,1%) registrou variação negativa em abril. Já na comparação interanual (abril de 2020 contra abril de 2019), três das cinco regiões analisadas apresentaram queda, com destaque para os resultados das regiões Centro Oeste (-8,4%) e Norte (-7,0%).
| Jornal O Estado de Minas (publicado em 18-05-2020) | | | | Especialistas e pessoas que já tiveram o salário reduzido dão sugestões para cortar despesas
Priorizar contas essenciais, pedir descontos e organizar o orçamento para o médio e longo prazo podem ajudar trabalhadores que tiveram seus salários reduzidos ou suspensos com a crise do novo coronavírus.
Segundo dados do governo da última sexta-feira (15), 7,5 milhões de brasileiros com carteira assinada já tinham tido o salário cortado ou o contrato de trabalho suspenso.
Para ajudar no corte de despesas, a Folha organizou dicas com a ajuda de planejadores financeiros e pessoas que já tiveram a renda reduzida.
As ações sugeridas começam com a manjada —mas indispensável— lista de despesas e também aquela conferida na conta bancária para saber quanto efetivamente era a renda mensal antes da redução do salário.
E Congresso e governo estudam ampliar o prazo de redução de jornada e salário para além de três meses, então convém fazer o planejamento pensando em um período mais longo de austeridade.
Quem teve o salário cortado em 25% tende a ter mais facilidade de ajustar o orçamento: especialistas estimam que gastos essenciais consomem ao redor de 70% do orçamento.
Já reduções mais bruscas de salário tornam o ajuste de contas mandatório.
No caso de quem teve redução de 70% ou o contrato suspenso (e passou a receber o valor equivalente do seguro-desemprego, com teto de R$ 1.813), a alternativa é tentar uma renda complementar.
É o que fez Giovanna Lavorato, 31. Arquiteta e ceramista, ela trabalha em um restaurante e teve a jornada e o salário reduzidos em 70%. Ela decidiu reativar a marca artesanal de cerâmicas que já tinha.
“Decidi aproveitar esse tempo para colocar mais energia na Girâmica para tentar uma renda extra. Ainda é um pouco experimental, mas estou descobrindo o meu caminho para quando esse período passar, eu já ter uma marca mais madura”, afirmou Lavorato.
O QUE FAZER SE SUA REDUÇÃO FOI DE 25%
Corte de supérfluos
Tende a ser suficiente para ajustar o orçamento. Limite pedidos de delivery, cancele serviços de streaming, se tiver mais de um, adie compras
Renegocie contas fixas
Aproveite para trocar planos de telefone, internet e TV por assinatura por outros mais baratos; avalie a troca do celular pós-pago pelo pré-pago
Dívidas
Avalie se, mesmo com redução de gastos, ainda será preciso renegociá-las. Se sim, calcule se apenas adiar parcelas é o suficiente ou se precisa dividir a fatura do cartão, por exemplo
O QUE FAZER SE SUA REDUÇÃO FOI DE 50%
Aluguel ou prestação da casa
Peça o adiamento pelos meses de salário reduzido e combine que o valor será diluído nos aluguéis seguintes. No caso do financiamento imobiliário, bancos estão adiando o pagamento das parcelas para o fim do contrato
Contas de água, luz e gás
Ficarão mais caras com o maior tempo de permanência em casa
Escolas e academias
A negociação tem sido tão dura que o ProconSP decidiu intervir. No caso de academias com pagamento recorrente, cancele
Supermercado
É o único setor que tem alta de preços e as saídas limitadas de casa dificultam comparação. Planejadores sugerem trocar marcas por mais baratas
O QUE FAZER SE SUA REDUÇÃO FOI DE 70%
Prioridade
Com essa redução de renda, a prioridade é para gastos com supermercado, farmácia. Corte os supérfluos e peça prazo para pagar todas as despesas mensais e dívidas
Novas frentes
Tente gerar renda extra, mas com planejamento. O risco é produzir, não vender e aumentar o rombo no orçamento
A planejadora financeira com CFP (Certified Financial Planner) Daniella Rolim recomenda que o negócio seja organizado com profissionalismo, como um plano B. Para isso, todos os custos com o projeto também precisam ser considerados.
“É preciso ter lucro, e não uma sobra de dinheiro. É importante detalhar gastos de produção, avaliar possíveis riscos de inadimplência”, diz.
Lavorato tomou também uma decisão drástica e entregou o apartamento que alugava sozinha para morar com o namorado. “Precisei cancelar alguns planos e diminuir muito as minhas contas fixas, mas as prioridades mudaram”.
O aluguel ou a prestação da casa própria costumam consumir 30% da renda mensal. A opção da arquiteta não serve como regra, e a solução é negociar com locatário ou com o banco a adiamento do pagamento dessa despesa.
O consultor de moda Rafael Brignani, 27, também cortou gastos tão logo foi comunicado do corte de 25% de salário e jornada na loja de departamento para a qual trabalha.
“As contas vêm no final do mês de qualquer jeito. Então eu me mexi: mudei o meu celular de pós para pré-pago, fiz um acordo para ter alguns meses para pagar pela internet e parcelei a fatura do cartão de crédito o máximo de vezes que consegui”, disse.
Brignani adotou outra recomendação frequente: a maior parte dos prestadores de serviços tem se mostrado disposta a conceder prazo —sempre melhor que um calote.
Por outro lado, planejadores financeiros dizem que parcelar a fatura em dia do cartão de crédito precisa ser uma decisão realmente calculada porque isso significa pagar juros que antes não existiam.
No caso de perda maior de renda, ganhar prazo para pagar dívida é indispensável — e os bancos estão renegociando—, mas a conta ficará mais cara porque os juros ainda serão cobrados.
| Folha de S.Paulo ( publicado em 17-05-2020) | | | | A aviação comercial é certamente um dos setores mais afetados pela pandemia do coronavírus. Com a brusca queda nas viagens, a maioria dos aviões está ficando no chão, cenário que se reflete, obviamente, nas perspectivas dos fabricantes de aviões.
É o caso da Embraer que, aliás, acaba de divulgar o balanço do primeiro trimestre de 2020. No período, entregou apenas 14 aviões, cinco comerciais e nove executivos, o pior primeiro trimestre desde 2010 e 36% menor do que o resultado de igual período do ano passado, quando a empresa entregou 22 aeronaves (11 comerciais e 11 executivos).
Segundo a Embraer, o primeiro trimestre do ano é, historicamente, o periodo em que realiza menos entregas. De fato, dos 189 aviões entregues no ano passado, pouco mais de 10% das entregas foram realizadas no primeiro trimestre. Além disso, informou que,”em 2020, em particular, as entregas da aviação comercial no 1T20 foram também impactadas negativamente pela conclusão do processo de separação da unidade da Aviação Comercial da Embraer, em janeiro”. Vale lembrar que, no final de abril, a Boeing cancelou a compra da Embraer.
No final do primeiro trimestre, quando os efeitos da pandemia no setor se tornavam mais claros, a companhia passou a reduzir os pedidos contratados com seus fornecedores, incluindo os prestadores de serviços de usinagem. Uma característica dessas empresas, bastante conhecida no mercado, é a forte dependência da Embraer. Algumas têm na fabricante de aviões seu único cliente; para outras, representa 80%, 90% dos negócios.
Futuro incerto - Assim, não demoraram a surgir as primeiras demissões nos fornecedores. Pior, uma dessas empresas, a Status Usinagem, decidiu simplesmente fechar as portas e demitir seus 75 funcionários - decisão posteriormente revogada pela justiça, em ação impetrada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, que contabilizou mais de 300 demissões entre os fornecedores da Embraer só no mês passado.
“Frente a uma baixa de 80% no setor aeronáutico, foram inevitáveis algumas demissões”, disse Edson Silva, gerente da Qualidade da Lanmar Indústria Metaúrgica, em entrevista recente ao Usinagem-Brasil. “Porém, essas ações são necessárias para que possamos continuar na ativa, acreditando que podemos ir adiante mesmo em um quadro de recessão”, diz, frisando que para a Lanmar “a perda de capital humano é, atualmente, motivo de muita angústia e perplexidade”.
No caso da Globo Usinagem, o setor aeronáutico responde por cerca de 90% do faturamento. Dessa fatia, aproximadamente 70% dos serviços são destinados à Embraer. “Sofremos uma queda de 60% no fornecimento de serviços para a Embraer. Infelizmente, foi preciso reduzir o quadro de pessoal e, também, precisaremos reduzir jornadas de trabalho para nos adequar ao mercado”, aponta Tiago Souza, analista comercial da empresa.
A Globo Usinagem também atua na área de petróleo e gás, segmento que não foi tão afetado pela pandemia e que traz um alento para a empresa. “Talvez possamos aproveitar nossa expertise na fabricação de componentes para a área médica {a empresa está participando da força-tarefa que está produzindo peças para respiradores}. Estamos avaliando esse mercado. Falar do futuro é difícil, tudo é muito incerto. Por isso, estamos nos preparando para atuar no cenário econômico atual, sempre com agilidade para novas adaptações”, salienta.
Dirço Soares da Costa Jr., diretor de Produção da Planifer, diz que este é um momento muito delicado para a economia global. Para ele, a recuperação do mercado não será algo fácil e as empresas terão que ser cada vez mais produtivas e competitivas: “Esta crise nos mostra um horizonte com novas tendências e novos padrões de mercado, temos de assimilar e enxergar estas novas oportunidades. Em resumo, o lema é não desistir e acreditar que o amanhã será melhor do que hoje”.
Amauri Silva, diretor de Produção da Usimaza, também destaca o grande impacto da pandemia no mercado aeronáutico: “O setor foi muito afetado e deve demorar mais tempo para retornar à normalidade. Mesmo assim, continuamos com projetos de melhoria de processos e, também, não abortamos os investimentos que já estávamos fazendo em gestão do conhecimento”.
Sobre um possível cenário pós-pandemia, a Liebherr-Aerospace Brasil informou ao Usinagem-Brasil que prefere deixar projeções para mais adiante, visto que as mudanças estão ocorrendo em ritmo acelerado no cenário atual.
Opinião semelhante tem a Thyssenkrupp Aerospace, que informou estar avaliando com cautela os impactos da pandemia na sociedade e no mercado. Na visão da empresa, é prematuro fazer qualquer previsão neste momento.
| Usinagem Brasil ( publicado me 17-05-2020) | | | | A WEG comunicou nesta segunda-feira decisão de reduzir em 25% a jornada de trabalho e, consequentemente, os salários dos profissionais da Unidade Motores de Jaraguá do Sul e Itajaí, em Santa Catarina de junho a agosto de 2020.
A decisão contempla também os profissionais administrativos das áreas corporativas de Jaraguá do Sul e foi tomada com base na Medida Provisória nº 936, de 1º de abril de 2020.
No Brasil a WEG disse que já está operando, desde o início de maio, com redução de jornada de 25% na unidade de Tintas e Vernizes, em Guaramirim (SC), bem como redução de jornada de 50% na unidade de Motores Comerciais e Appliance, em Linhares (ES).
“No total, estarão envolvidos nas reduções de jornada de trabalho anunciadas neste momento pela companhia aproximadamente 12 mil colaboradores”, disse.
A WEG, como todos os demais setores da indústria, vem sentindo os impactos da pandemia em seus negócios, afirmou em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
“Com operações fabris em 12 países, fornecendo produtos de ciclo curto e longo para os mais diversos setores da economia, já prevê uma diminuição de receita em segmentos que atua, destacadamente para os produtos de ciclo curto de produção.”
| Reuters | | | | Os economistas do mercado financeiro alteraram a previsão para o IPCA - o índice oficial de preços - em 2020. No Relatório de Mercado Focus divulgado nesta segunda-feira (18) pelo Banco Central, a mediana para o IPCA neste ano foi de alta de 1,76% para 1,59%. Há um mês, estava 2,23%. A projeção para o índice em 2021 passou de 3,25% para 3,20%. Quatro semanas atrás, estava em 3,40%.
O relatório Focus trouxe ainda a projeção para o IPCA em 2022 e 2023, que seguiu em 3,50%.
A projeção dos economistas para a inflação está abaixo do centro da meta de 2020, de 4,00%, sendo que a margem de tolerância é de 1,5 ponto porcentual (índice de 2,50% a 5,50%). No caso de 2021, a meta é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (de 2,25% a 5,25%). Já a meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (de 2,00% a 5,00%).
No Focus agora divulgado, entre as instituições que mais se aproximam do resultado efetivo do IPCA no médio prazo, denominadas Top 5, a mediana das projeções para 2020 passou de 1,97% para 1,61%. Para 2021, a estimativa do Top 5 permaneceu em 3,00%. Quatro semanas atrás, as expectativas estavam em 1,56% e 3,10%, respectivamente.
No caso de 2022, a mediana do IPCA no Top 5 permaneceu em 3,50%, ante os mesmos 3,50% de um mês atrás. A projeção para 2023 no Top 5 passou de 3,50% para 3,38%, ante 3,50% de quatro semanas antes.
Últimos cinco dias úteis
A projeção mediana para o IPCA de 2020 atualizada com base nos últimos cinco dias úteis passou de 1,64% para 1,58%, conforme o Relatório de Mercado Focus. Houve 52 respostas para esta expectativa no período.
Há um mês, o porcentual calculado estava em 2,19%. No caso de 2021, a estimativa para IPCA dos últimos cinco dias úteis passou de 3,25% para 3,20%. Há um mês, estava em 3,40%. A atualização no Focus foi feita por 47 instituições.
| Jornal O Estado de Minas (publicado em 18-05-2020) | | | | OÍndice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) acelerou a deflação na segunda quadrissemana de maio, ao recuar 0,53%, na comparação com declínio de 0,34% na primeira leitura do mês, informou nesta segunda-feira, 18, a Fundação Getulio Vargas (FGV).
Seis das oito classes de despesa componentes do indicador registraram decréscimo em suas taxas de variação. A maior influência partiu do grupo Educação, Leitura e Recreação (-1,47% para -2,13%). Também houve alívio nos preços apurados nos grupos Transportes (-2,26% para -2,58%), Alimentação (0,94% para 0,71%), Habitação (0,01% para -0,12%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,30% para 0,28%) e Despesas Diversas (0,27% para 0,20%).
Em Educação, Leitura e Recreação, a FGV destaca o recuo em passagem aérea, cuja taxa passou de -11,88% para -17,62%. Já nos demais conjuntos de preços que ajudaram a arrefecer o IPC-S, menciona o comportamento dos preços em gasolina (-7,89% para -8,76%), laticínios (2,27% para 1,33%), tarifa de eletricidade residencial (-0,23% para -0,62%), artigos de higiene e cuidado pessoal (0,41% para 0,31%) e tarifa postal(0,46% para 0,09%).
Já as classes de despesa de Vestuário (-0,27% para -0,18%) e Comunicação (0,04% para 0,06%) apresentaram avanço em suas taxas de variação. Neste grupos, a FGV cita os itens: roupas (-0,17% para -0,02%) e mensalidade para internet (0,25% para 0,48%).
| Jornal O Estado de Minas (publicado em 18-05-2020) | | | | Segundo pesquisa do Procon-SP em parceria com o Dieese, houve aumento de R$ 64,77 em relação a março, quando começou a quarentena em SP
A cesta básica do paulistano teve alta de 8,12% em abril e passou a custar R$ 862,87, segundo pesquisa mensal da Fundação Procon-SP em convênio com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
O aumento é de R$ 64,77 em relação a março, mês em que teve início a quarentena imposta pelo coronavírus em São Paulo e quando o preço médio da cesta básica estava em R$ 798,10.
Os preços maiores já são sentidos no bolso dos consumidores. O auxílio emergencial de R$ 600, pago pelo governo federal a informais e famílias carentes em virtude da Covid-19, por exemplo, não cobre todos os itens que compõem a cesta.
Dos 39 produtos pesquisados, 36 apresentaram alta e três diminuíram de preço. Por grupo, o que mais pressionou o bolso foram os itens de higiene pessoal, com aumento de 11,09%. Em segundo lugar vieram os produtos de limpeza, com alta de 9,68% e, por final, os itens de alimentação, que subiram 7,73%.
Segundo a pesquisa, entre os fatores que colaboraram para a alta de preços estão as mudanças provocadas pela quarentena, a variação cambial, os problemas climáticos e os custos maiores dos produtos de época.
Em abril, os itens que mais subiram foram cebola (kg), com alta de 31,28%, papel higiênico (+27,74%), feijão-carioca (kg), com aumento de 19,30%, batata (kg), que teve elevação de 17,56%, e sabão em barra (unidade), com aumento de 17,27%. Já os três itens que sofreram queda nos valores foram frango resfriado inteiro (kg), com redução de 3,24%, açúcar refinado (5 kg), que caiu 1,04%, e creme dental (tubo 90 g), com queda de 0,75%.
Chama a atenção ainda o aumento de alguns itens básicos como carne de primeira (kg), que custava R$ 28,28 em março e passou para R$ 32,49 em abril, leite UHT (litro), que era vendido por R$ 2,95 e passou para R$ 3,40, e arroz (5 kg), que aumentou de R$ 13,37 para R$ 14,40.
Por grupo, os itens de alimentação subiram de R$ 687,97 para R$ 741,14, os de limpeza, tiveram alta de R$ 43,68 para R$ 47,91, e os de higiene pessoal aumentaram de R$ 66,45 para R$ 73,82. A variação no ano é de 10,04%, com base nos valores de dezembro de 2019.
Coronavírus mudou hábitos de consumo
André Braz, coordenador do IPC (Índice de Preços ao Consumidor), do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia)/FGV (Fundação Getulio Vargas), lembra que, no mês da pesquisa, houve alterações no câmbio, com forte alta do dólar e desvalorização do real. Além disso, o início da quarentena na cidade e mudanças bruscas em um curto espaço de tempo acabaram afetando os preços dos itens da cesta básica.
"O coronavírus provocou mudança nos hábitos alimentares das pessoas. As compras de mercado passaram a ser reforçadas e feitas em grande quantidade, já que todas as refeições estão sendo feitas em casa por conta da quarentena", afirma ele.
"Nos primeiros dias de abril, houve ainda a criação de um estoque pelas pessoas, que tiveram medo de um desabastecimento diante da pandemia. Essas demandas geraram a alteração dos preços, que aumentam conforme a procura", diz o especialista.
Braz explica que a desvalorização do real e a alta do dólar refletem em itens como milho, soja e trigo, vendidos e comprados em dólar. "Produtos derivados desses itens (pão, macarrão, farinhas etc) sofreram aumento significativo. Além disso, são itens que influenciam a produção das proteínas, pois também são alimento dos animais, elevando assim os valores das carnes, por exemplo."
O economista acredita que o aumento prosseguirá enquanto houver incerteza diante da pandemia e do câmbio brasileiro, desvalorizado por conta do coronaviríus e da política nacional.
"A expectativa, no entanto, é que não seja um aumento tão brusco quanto o sentido no último mês. Certamente não haverá queda. Isso é importante, pois não é somente um alimento que está mais caro, são quase todos. Não tem como trocarmos um produto, como quando acontecia antes da pandemia. Famílias com rendas baixas ou que tiveram rendas afetadas por conta da quarentena sentirão muito no bolso e na mesa. Estamos falando do aumento de itens essências, alimentação básica mesmo", ressalta.
| Folha de S.Paulo ( publicado em 17-05-2020) | | | | Queda na renda pode levar à mudança na carteira de investimentos
Em caso de redução na renda ou perda de emprego, o investidor deve fazer uma nova avaliação de risco para verificar se sua tolerância a perdas segue a mesma. Especialistas apontam que um investidor arrojado pode ficar mais conservador.
“Uma coisa é o investidor empregado, com salário fixo. Se perdeu o emprego, pode precisar de mais recurso de liquidez espontânea”, diz Luciane Effting, superintendente executiva de investimentos do Santander em referência a investimentos que possam ser sacados a qualquer momento.
O perfil de risco é obtido por meio de questionários e avaliação financeira de bancos, corretoras, casas de análise e sites.
Além da condição econômica, ele leva em conta o psicológico. Para ter uma boa parte da carteira em ações, por exemplo, como no perfil arriscado, é preciso ter sangue frio para lidar com eventuais desvalorizações do mercado.
Teoricamente um investidor arrojado não precisaria mexer na carteira em caso de desemprego. Bastaria ele usar os recursos da reserva de emergência, a indicação número zero para quem poupa e começa a diversificar aplicações.
Segundo especialistas, a reserva de emergência que deve ser de, em média, seis meses de gastos alocados em renda fixa de liquidez diária, como Tesouro Selic ou CDBs (Certificado de Depósito Bancário).
“O tamanho da reserva de liquidez vai se traduzir na sua tranquilidade financeira. Pode ser que um ano de gastos [em reserva] não seja o suficiente”, diz Theo Linero, planejador financeiro CFP pela Planejar.
Como o cenário aponta uma forte contração econômica, especialistas recomendam elevar a reserva.
“Pode ser que a economia melhore só em 2021, então é necessário adequar as economias para isso”, afirma Linero.
Caso a reserva precise ser usada para pagar contas, por exemplo, ela deve ser recomposta com a venda de investimentos de renda variável.
“Nesse caso, o investidor deve vender os ativos mais arriscados e diminuir risco da carteira para fazer os seis meses de colchão”, diz Rodrigo Marcatti, sócio da Veedha Investimentos.
Com a reserva adequada constituída, o investidor deve rebalancear a carteira de investimentos de acordo com seu perfil e o momento econômico.
“Peque pelo conservadorismo”, sugere Marcatti.
COMO SABER SEU PERFIL DE INVESTIDOR
Conservador
O conservador preza estabilidade do investimento. Ele quer saber qual será o rendimento ao fim do mês, sem arriscar perder dinheiro ou ter surpresas no meio do caminho. No passado, mantinha toda a carteira em renda fixa, mas, com a queda da rentabilidade, analistas recomendam uma pequena alocação em fundos multimercado.
Moderado
O moderado aceita mais oscilações nos investimentos, especialmente a longo prazo, mas também preza a garantia do retorno. Sua carteira é mais diversificada do que a do conservador, com maior espaço para a renda variável.
Arrojado
O arrojado está mais disposto a correr risco em nome do retorno maior. Ele tem mais tranquilidade para lidar com oscilações bruscas do mercado de renda variável, que ocupam boa parte da carteira.
Agressivo
O agressivo não tem medo de perder em algumas aplicações para ganhar em outras. Ele tem sangue frio para aguentar o tranco de uma queda brusca de ações.
É importante destacar que investimentos devem ser encarados como de médio a longo prazo. Investimentos com retornos de curto prazo podem ser muito arriscados e levar a prejuízos.
Depende do apetite a risco, pessoas de perfil conservador devem ter a menor parte da carteira em ações, por exemplo. Veja diferentes tipos de investimento:
Pós-fixados
Acompanham a taxa de juros. Se o juro sobe, a rentabilidade aumenta; se ele cai, o ganho diminui. São os investimentos mais seguros, e mesmo as pessoas mais arrojadas têm uma parcela de seu dinheiro nesses produtos. CDBs de bancos pequenos, vendidos em corretoras, pagam mais que os grande bancos.
A aplicação é longo prazo, e o dinheiro fica parado até o vencimento.
Opções: poupança, CDBs, LCA e LCI, Tesouro Selic e fundos DI
Prefixados
Têm uma taxa de juros combinada no momento da aplicação, que não muda mesmo que a Selic suba ou caia. Há risco em caso de venda antecipada e é o primeiro patamar de diversificação.
Opções: Tesouro prefixado e CDBs de bancos pequenos
Inflação
São investimentos que pagam uma taxa de juros fixa mais a variação da inflação no período. Mudam de preço todo dia, então, para evitar risco perdas, o investidor precisa mantê-los até o vencimento.
Opções: Tesouro IPCA+ e CDBs de bancos pequenos
Fundos multimercados
Investem em mais de um tipo de ativo. Geralmente combinam aplicações conservadoras, como títulos públicos, com ativos mais arriscados, que podem ser dívidas em empresas, ações e dívidas de empresas no exterior. Para saber no que um fundo investe, é preciso ler o informativo
Ações
Ações são a menor fração de capital de uma empresa, podendo ser negociada em Bolsa. Este tipo de investimento é indicado para pessoas de perfil arrojado. É possível escolher papéis individualmente ou investir por meio de fundos de ações ou que acompanham um índice (ETFs).
| Folha de S.Paulo ( publicado em 17-05-2020) | | | |
Investidor que realizou perdas em abril dificilmente voltará a investimentos de risco
Muita gente entrou de cabeça em investimentos mais arriscados, animados com a expectativa de ganhar mais do que a taxa Selic. O mergulho foi feito sem conhecimento das correntes e da profundidade, confiantes de que as águas seriam calmas, e a maré, favorável.
Os números divulgados pela Anbima, relativos aos resgates registrados em fundos de investimentos no mês de abril, evidenciam que muitos não estavam preparados e pularam do barco antes da conclusão da turbulenta travessia.
Os fundos de renda fixa (o nome engana) foram os que mais sofreram, com resgates de R$ 70 bilhões dos R$ 91 bilhões do total de saques realizados no mês passado. No ano, R$ 123 bilhões já foram embora.
Convencida de que esse comportamento foi reativo a um desempenho ruim, fui conferir a rentabilidade média dos fundos em março, mês anterior ao movimento em manada de resgates. Bingo!
Rentabilidade negativa.
Certamente o desempenho não correspondeu às expectativas dos investidores que saíram da poupança e de aplicações conservadoras que pagam taxa Selic para ganhar mais, e não menos, do que a Selic.
O resultado, de leve a moderadamente negativo, não foi desastroso, mas suficiente para desencadear a onda de resgates.
Investidores dos fundos multimercado nadaram na mesma direção, mas em menor quantidade, e levaram consigo pouco mais de R$ 13 bilhões. Embora a rentabilidade tenha sido levemente negativa, foi insuficiente para assustar investidores conhecedores das águas adentradas; o saldo ainda positivo de R$ 9 bilhões no acumulado do ano indica que são nadadores mais experientes.
Curiosamente, os fundos de ações, que tiveram um desempenho desastroso em março, conseguiram manter a maioria dos investidores a bordo. Em abril, os resgates superaram novas aplicações em apenas R$ 637 milhões, apesar da desvalorização média de 30%.
O que os números revelam? Minha leitura é a de que muitos investidores, ainda amadores, estão se atrevendo a investir em modalidades até então desconhecidas, baseados exclusivamente na expectativa de rentabilidade superior, desconhecendo os riscos aos quais estarão expostos para tentar esse retorno potencialmente maior.
Uma decisão perigosa e equivocada. O montante de resgates é uma evidência dessa tese e indica que muito dinheiro foi deixado na mesa, já que, ao resgatar, o investidor realiza o prejuízo, renunciando à chance de recuperar as perdas quando e se a maré mudar.
E a maré mudou. Logo no mês seguinte, a rentabilidade dos fundos de renda fixa foi positiva, com exceção de duas classes. Mas aí já era tarde para os que decidiram abandonar o barco, provavelmente em razão da percepção de novas perdas.
Não critico a decisão dos investidores que resgataram seus recursos. Essa reação natural, de preservação do patrimônio, apenas comprova minha percepção de que decisões estão sendo tomadas de forma intempestiva, sem o devido conhecimento das aplicações financeiras disponíveis no mercado.
A rentabilidade, potencialmente superior à Selic, não é uma promessa, não será constante todos os meses e não tende a ocorrer a curto prazo. O fundo pode demorar meses ou anos para entregar o resultado esperado, somente aos investidores resilientes, que, embora escaldados, não têm medo de água fria.
Marcia Dessen - Planejadora financeira CFP (“Certified Financial Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O Que Fazer com Meu Dinheiro”.
| Folha de S.Paulo ( publicado em 17-05-2020) | | | | Integrante da equipe de Guedes afirma que governo faz pausa para cuidar da saúde e de vulneráveis
O secretário especial da Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, disse à Folha neste domingo (17) que o país foi atingido "por um meteoro que impacta a trajetória de equilíbrio fiscal", em referência aos efeitos da pandemia do novo coronavírus nas contas públicas.
A equipe econômica pressiona o Palácio do Planalto a vetar pontos do projeto de lei de auxílio a estados e municípios, aprovado pelo Congresso e que aguarda a sanção do presidente Jair Bolsonaro.
O secretário afirma que dois trechos precisariam ser vetados. Um deles amplia o número de carreiras que fica de fora do congelamento de reajuste salarial para servidores até o fim de 2021.
Caso o presidente não vete o trecho, o governo deixará de economizar R$ 88 bilhões –o impacto da medida passaria de R$ 130 bilhões para R$ 42 bilhões.
Entre as carreiras que ficam de fora do congelamento, estão militares, policiais, profissionais de limpeza urbana, de serviços funerários, de assistência social, da educação pública e da saúde.
"Vamos fazer uma pausa, cuidar da saúde, dos mais vulneráveis, mas depois temos que voltar às diretrizes anteriores", afirmou Rodrigues.
O secretário enfatizou que os vetos são essenciais para assegurar a saúde fiscal do país depois da pandemia. "Enviamos notas técnicas à Presidência, e os argumentos são muito defensáveis. É muito importante pensar também no pós-crise", frisou.
Rodrigues destacou que ainda há incertezas sobre a duração da crise. "Temos que saber como a sociedade como um todo estará após o coronavírus, não sabemos qual será a extensão da crise, trabalhamos com a temporalidade em 2020, mas pode ultrapassar para 2021. Será necessário diálogo", ponderou.
Ele não descartou, no pós-crise, que os servidores sejam chamados a dar uma cota de sacrifício por meio da aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) em tramitação no Senado que prevê corte de 25% no salário do servidor público.
O texto estabelece que a redução seja acompanhada por diminuição proporcional de jornada, em situações de desajuste fiscal, cenário esperado nos próximos meses em razão da crise gerada pela pandemia.
O texto foi batizado de PEC do pacto federativo. "Está na PEC 188, item que será analisado à frente. O impacto dela [da medida] para a união de até R$ 10,5 bi, pode ser menor porque o corte seria de até 25%, tem que ser analisada", explicou.
Outro veto recomendado pela equipe é aquele que impede a União de executar as garantias contratuais no caso de estados e municípios não pagarem empréstimos firmados com bancos e organismos multilaterais internacionais.
"A União arcaria com os empréstimos, mas os governos regionais seriam negativados e perderiam acesso a essas linhas, que são as mais baratas do mercado ", explicou.
Nos cálculos do ministério, o custo com o trecho poderá variar entre R$ 9 bilhões e R$ 22,8 bilhões. No início do mês, o Senado aprovou a ajuda aos entes federados de R$ 125 bilhões durante a crise da Covid-19. Com isso, a União terá de repassar diretamente (distribuído de forma proporcional) R$ 60,15 bilhões aos estados e municípios.
O restante do socorro será por meio de renegociação de dívidas com a União, com bancos públicos, com organismos internacionais e com a suspensão de pagamento de dívidas previdenciárias.
"A operacionalização do repasse leva um tempo e já estamos providenciando enquanto há o debate sobre os vetos. Na próxima semana já estaremos aptos a fazer o pagamento", adiantou o secretário.
Dois dias depois da aprovação do projeto de socorro aos estados, que teve o aval de Bolsonaro, o presidente voltou atrás e afirmou que iria vetar o trecho da lei que libera reajustes salariais a servidores públicos.
"Eu sigo a cartilha de Paulo Guedes na Economia. Não é de maneira cega, é de maneira consciente e com razão. Se ele [Guedes] acha que deve ser vetado esse dispositivo, assim será feito", disse Bolsonaro na ocasião.
O presidente fez o anúncio do veto à iniciativa do Senado e da Câmara após uma visita surpresa ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, em 7 de maio. Ele estava acompanhado do ministro Paulo Guedes (Economia) e empresários.
Na última semana, no entanto, Bolsonaro novamente levantou a possibilidade de garantir os reajustes ao funcionalismo e disse que o assunto precisará ser discutido com o Congresso e os governadores.
Na sexta (15), Guedes fez um apelo a prefeitos, governadores e, em especial ao Congresso, para que não haja reajuste dos salários do funcionalismo. Ele disse que se valer do momento de crise para elevar custos é fazer palanque político em cima de cadáveres.
As recomendações da equipe econômica já foram enviadas ao presidente, que tem até 27 de maio para sancionar a lei.
| Folha de S.Paulo ( publicado em 17-05-2020) | | | | Dificuldade para conseguir auxílio emergencial, que levou a filas na Caixa, é um dos efeitos da desigualdade digital
No momento em que o distanciamento social é aplicado para deter o contágio do novo coronavírus e a vida em todos os sentidos —trabalho, educação, diversão e fazer compras— migra para o digital, cerca de 70 milhões de brasileiros têm acesso precário à internet ou não têm nenhum acesso.
Segundos especialistas da área de tecnologia, a pandemia mostra para o Brasil os riscos de outra faceta da disparidade socioeconômica, a desigualdade digital.
Mais de 42 milhões de pessoas nunca acessaram a rede. Dos cidadãos das classes D e E já conectados, 85% utilizam a internet só pelo celular e com pacotes limitados.
Em situações que exigem trocas mais sofisticadas, como download, streaming e videoaulas, o acesso por franquia de dados a usuários já pobres é considerado de baixa qualidade.
Os números absolutos dão uma dimensão mais completa do problema. O mais recente levantamento, em 2018, do Cetic.br —departamento do Comitê Gestor da Internet que monitora a adoção de tecnologias de informação há 15 anos—, mostra que 25 milhões dos mais pobres só usam a internet no celular.
Pelos critérios do Cetic, que considera usuário de internet quem fez algum acesso nos últimos três meses, 44% dos que costumam ficar longe por períodos mais longos —não entraram uma única vez na rede— são das classes D e E.
Há diferentes tipos de desigualdade pelos parâmetros de conexão à rede. Existe a chamada desigualdade de primeiro nível —ter ou não acesso— e a desigualdade de segundo nível —acessar, mas com diversos graus de limitações.
Localização, por exemplo, faz diferença até nos grandes centros urbanos, onde se concentram mais de 80% da população. Mesmo que o cidadão tenha dinheiro para contratar um bom serviço de internet, se estiver em um bairro periférico, pode não ter o mesmo serviço de bairros nobres.
GLOSSÁRIO COM TERMOS SOBRE CONEXÃO NA INTERNET
Cabo coaxial
Desenvolvido para TV, teve internet adicionada a ele (caso da NET); tem a vantagem técnica da durabilidade, mas não atende à demanda de velocidade de hoje
Cabos metálicos
Criado para a rede de telefonia, transitou para a DSL e hoje é uma das tecnologias mais defasadas para o uso
Fibra óptica
Originalmente criada para transmissão de telefonia, hoje atende a todo o tipo de comunicação; é o modelo de entrega mais moderno e rápido
Rádio
Largamente utilizado em zonas rurais, não alcança altas velocidades; na área urbana, fica vulnerável a ruídos eletromagnéticos
Satélite
Desenvolvido como tecnologia para a última milha, mas tem grande problema de performance por depender de variáveis climáticas
LTE
Tecnologia que se compara ao 4G, mas focada na transmissão de dados, não de voz; é semelhante ao rádio
Segundo a União Internacional de Telecomunicações, o ideal de acessos por antena é de até 1.500. A média em São Paulo pode chegar ao pico de 3.500, de acordo com associações setoriais. Na periferia, o número salta a até 18 mil.
A associação entre oferta limitada de serviço e baixa renda piora o cenário. Quem está no centro da cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, pode assistir a lives no fim de semana. Nas periferias, porém, não é possível nem o download de uma apostila para impressão, como relata Geovana Firmino da Silva, 20, estudante da oitava série e moradora do bairro Acari.
“Não tenho wi-fi em casa. Quando tenho condições, coloco recarga. Não dura nem uma semana: R$ 10 dão para uns três dias”, diz a estudante. Praticamente só o WhatsApp funciona nesse contexto.
A falta de banda larga fixa também limita os ganhos dela. Enquanto muitos jovens de classe média, com acesso facilitado à internet, oferecem produtos como roupas e bijuterias pelo Instagram, por exemplo, Geovana precisa ir à casa das pessoas para vender peças de vestuário.
Na rotina antes da pandemia, uma conexão restrita —que permite apenas trocas de mensagens no WhatsApp ou publicação no Facebook— até podia ser contornada. Mas as restrições foram escancaradas pela Covid-19.
Entre os exemplos mais evidentes da desigualdade digital estão as longas filas de trabalhadores informais, nas agências da Caixa, em busca do auxílio emergencial de R$ 600.
Afora o fato de muitos não terem conta bancária e que o próprio aplicativo, o Caixa Tem, se mostrou instável, pesou a falta de acesso. As operadoras liberaram o uso do app mesmo para quem não tinha crédito no celular, mas os problemas de acesso persistiram.
Segundo dados oficiais, 50 milhões de pessoas buscaram o auxílio. A IFI (Instituição Fiscal Independente) do Senado estima que esse número possa subir para 80 milhões.
Nas áreas rurais, a restrição cresce de modo estratosférico.
Em uma comunidade extrativista e ribeirinha próxima a Guariba, no noroeste de Mato Grosso, cerca de 400 moradores enfrentam um problema triplo pela impossibilidade de acesso. Nem todos puderam pleitear os R$ 600 do governo federal. As crianças não conseguem ter aulas pela internet. E a comunidade não pode negociar pela rede a venda dos estoques.
A cidade mais próxima fica a 200 quilômetros, mas o município com agência da Caixa está a 500 quilômetros.
“As pessoas idosas têm dificuldade de ir à rua, e, com o problema da pandemia, estamos nos resguardando, com medo de sair. Como represento a comunidade e trabalho na escola, a gente faz essas correrias [de tentar o benefício aos outros]. Mas é difícil, porque a maioria não tem aplicativo, nem celular, nem como baixar nada”, diz Ailton Pereira dos Santos, presidente da associação de moradores.
A escola, onde estudam 30 crianças, é o único ponto com internet, mas o funcionamento é limitado a algumas horas do dia. A comunidade não tem energia elétrica, e o acesso está atrelado ao uso do gerador.
Nesse contexto, não há banda suficiente para atividades básicas de ensino a distância. “A internet não funciona todo dia, temos problemas de sinal, não conseguimos nem carregar arquivos”, diz Santos.
A maior parcela dos que nunca acessam a rede está na zona rural —41% (10,3 milhões de indivíduos) dessa população jamais usou a internet. Dos 5 milhões de estabelecimentos rurais do país, 72% não têm acesso, de acordo com o IBGE.
Apesar de zonas fluviais e florestais terem impedimento à infraestrutura de cabos, o problema independe da região. Moradora de um lote de assentamento do MST com o marido e dois filhos em Itacurubi, na fronteira oeste gaúcha, a campesina Juliana de Vargas demorou duas semanas para conseguir o benefício do governo.
“Para acessar o Caixa Tem, é um sofrimento danado. Fiquei mais de 15 dias tentando, já estava desistindo. Tinha que ficar com a tela sempre ligada, só que aqui preciso ficar igual abelha zanzando para conseguir sinal”, afirmou, por mensagem de WhatsApp.
Até a semana passada, o aplicativo exigia que o usuário não utilizasse outros recursos do celular no momento de espera na sala virtual, processo que poderia levar meia hora.
“Depois de tanto tentar, acordei às três da madrugada, fiquei uma hora esperando para vir a mensagem dizendo que o sistema estava fora do ar. Mas consegui.”
No campo de estudos de inclusão digital, é cada vez mais evidente que a simples conexão à internet não basta.
“O potencial que temos na internet, em especial neste momento, é desigualmente distribuído entre a população. Mesmo quem vence o acesso e passa a ser um usuário regular não necessariamente consegue fazer as mesmas atividades que outras faixas de renda ou de educação”, diz Fábio Senne, coordenador de pesquisas TIC no Cetic.br.
Apesar do avanço contínuo do uso de dispositivos móveis —226 milhões de acessos, segundo a Anatel, agência do setor—, a banda larga fixa é encarada como uma garantia da continuidade do serviço e não deve ter a importância menosprezada diante do apelo da velocidade de tecnologias móveis e da iminência do 5G.
“Embora a conectividade móvel seja mais rápida, também oferece taxas de transmissão mais baixas do que as redes fixas; a pandemia mostrou como as pessoas com acesso fixo à internet estão em vantagem”, afirmou em relatório a direção de redução de riscos de desastres no braço asiático das Nações Unidas.
POLÍTICA PÚBLICA BARRA UNIVERSALIZAÇÃO DO ATENDIMENTO
Apesar das promessas de universalização, as limitações de acesso à rede atravessam sucessivos governos no Brasil.
Segundo especialistas, foram feitos apenas esforços pontuais e alterações regulatórias, sem que se estabelecesse uma política pública robusta e contínua.
Na linha do tempo que sucede a privatização da telefonia no governo de Fernando Henrique Cardoso, em 1998, houve a criação do PNBL (Plano Nacional de Banda Larga) na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2014, foi aprovado o Marco Civil da Internet, no governo de Dilma Rousseff.
Nos últimos anos, foram feitas alterações regulatórias, como a aprovação do novo marco das telecomunicações, em 2019, que modifica o modelo de concessão de 1997 e pode destravar investimentos em banda larga —mas, segundo especialistas, sem a garantia de ampliação da conectividade em zonas carentes.
Pilar importante ao desenvolvimento das telecomunicações, a Anatel iniciou nos últimos anos o processo de construção do Pert (Plano Estrutural de Redes de Telecomunicações). O documento, que traz um diagnóstico da infraestrutura de banda larga, ganhou nova versão no mês passado.
O plano identifica os principais desafios a partir das deficiências ainda existentes. Exemplos: quase 53% dos municípios sem fibra estão nas regiões Norte e Nordeste.
O mercado de banda larga fixa possui 14.716 empresas, porém cinco grupos respondem por quase 70% dos assinantes. Apesar de não utilizar o sistema, o Brasil tem capacidade de satélite suficiente para adotar políticas públicas de incentivo à demanda em área remotas.
“O plano sozinho não funciona sem definições de políticas públicas do governo federal. Não temos até agora um decreto do MCTIC [Ministério da Tecnologia] que defina quais são as localidades do país que devem receber investimentos”, diz Flávia Lefèvre, conselheira do Comitê Gestor da Internet e integrante do coletivo Intervozes.
Além disso, o novo marco das teles —a carta na manga do setor— tem travas por conflitos sobre os valores dos bens da União (infraestrutura de telefonia fixa) cedidos às operadoras no período
de concessão, que já chegaram a variar de R$ 17 bilhões a R$ 100 bilhões.
A Anatel contratou uma consultoria internacional para auxiliá-la no desenvolvimento do cálculo e na definição dos critérios.
O país tem 5.570 municípios, e mais de 1.500 não tem rede de fibra óptica, que permitiria maior estabilidade em momentos com o atual, com registros de mudança radical no consumo de internet.
Segundo a Anatel, não há um plano de “fibrar” o Brasil.
Diante de entraves na gestão, da instabilidade política e da incerteza quanto às prioridades do governo, há um ponto consensual entre a Anatel, organizações civis e empresas do ramo: a utilização de fundos setoriais, como o Fust e o Fintel, para apoio à universalização da banda larga.
O Fust, criado para a universalização de serviços de telecomunicações e com contribuição dos brasileiros, arrecada cerca de R$ 1 bilhão por ano. Os recursos não são aplicados em melhorias ao setor.
Em proposta de projeto de lei do ano passado, hoje parada em instâncias superiores, a Anatel defende que o fundo seja desvinculado da telefonia fixa e revertido à banda larga.
“Essencialmente é tirar as amarras do Fust e possibilitar que seja usado em qualquer setor de telecomunicações, que tenha um comitê gestor que faça a organização de projetos, que não precisam ser apenas de infraestrutura, mas de subsídio tarifário para auxiliar o pagamento de contas [de vulneráveis]”, afirma Nilo Pasquali, superintendente de Planejamento e Regulamentação da Anatel.
Segundo ele, outros países utilizam fundos de universalização para financiamento.
Especialistas ressaltam que não se trata só de acesso.
“Não basta conectar os não conectados, mas reduzir assimetrias e não criar castas de digitalização —a criança pobre do Brasil deve ter ensino a distância semelhante à criança rica do Brasil”, diz Diego Canabarro, gerente sênior de Políticas Públicas da Internet Society para a América Latina.
| Folha de S. Paulo ( publicado em 16-05-2020) | | | | Não estamos vivendo uma depressão econômica que requeira ativismo fiscal
O grande economista inglês John Keynes —o maior economista da primeira metade do século 20 e criador da macroeconomia— nos ensinou que, em uma economia em meio a uma depressão, o setor público pode gastar, além da receita de que dispõe, que não há problemas fiscais. O déficit público estimula a economia, que cresce e sai da depressão.
O crescimento econômico gera receita de imposto, e a relação da dívida com o produto melhora pelos seguintes motivos: o aumento dos impostos contribui para reduzir o numerador, e a elevação do crescimento econômico amplia o denominador.
Adicionalmente, a redução do desemprego e a melhora das condições financeiras das empresas prolongam o crescimento: desalentados voltam a procurar emprego, e a redução das falências contribui para conservar o capital organizacional de empresas.
Em condições de depressão econômica e de desemprego aberto, esses três efeitos são fortes o suficiente para compensar o impacto primário do aumento do déficit sobre a solvência do setor público.
O resultado líquido é a redução da dívida pública como proporção do produto. No frigir dos ovos, o setor público ajudou a economia a sair do buraco e sua solvência melhorou.
Todos ganham.
Keynes se deparou com um dos raros casos em que há uma solução relativamente simples e correta para um problema muito complexo.
Apesar de o desemprego estar elevado no Brasil e de nós termos entrado na crise sanitária a partir de uma situação de desemprego aberto, o que estamos a enfrentar em nada lembra uma depressão econômica que requeira ativismo fiscal.
A situação é de natureza muito distinta. O setor público eleva (e elevará) muito o déficit público em 2020 para permitir que as pessoas fiquem em casa se protegendo da pandemia.
Houve a decisão de socializar, na forma de aumento do endividamento público, os custos privados do combate à pandemia.
Se a política pública for bem desenhada, ela não elevará o emprego. Liquidamente ela reduzirá o emprego. Sem as políticas públicas de sustentação da renda, as pessoas iriam para as ruas procurar alguma renda.
No atual episódio, o crescimento da dívida não será compensado pela elevação do crescimento econômico e do emprego. Talvez haja, a longo prazo, se as políticas forem bem desenhadas e conseguirem impedir a falência de empresas eficientes, algum ganho de crescimento pela manutenção do capital organizacional das empresas.
A atual política fiscal não é prioritariamente política macroeconômica de sustentação da renda e do emprego.
Trata-se de uma política social de minimização dos impactos desastrosos da supressão da atividade produtiva sobre a vida das pessoas —principalmente, ou assim deveria ser, das mais vulneráveis.
Nas sociedades orientais, em que há o entendimento de que seguro social é atribuição individual, e não do Estado, boa parcela do custo da supressão da atividade produtiva foi jogada diretamente para as famílias.
Na China, por exemplo, as famílias, ricas e pobres, diminuíram suas poupanças —não me pergunte como chinês pobre poupa porque não tenho a menor ideia— para custear parcela dos gastos da quarentena.
É necessário, portanto, termos muita parcimônia no desenho dos programas e no comprometimento do Orçamento. Não estamos fazendo política contracíclica keynesiana de sustentação da demanda agregada.
Samuel Pessôa - Pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (FGV) e sócio da consultoria Reliance. É doutor em economia pela USP.
| Folha de S. Paulo ( publicado em 16-05-2020) | | | |
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