Segue tabela contendo as Medidas emergenciais anunciadas pelos Governos Federal, Estadual e Municipal atualizada conforme levantamento realizado pela Coordenação de Relações Governamentais da Fiep, sendo incluídas as seguintes informações:
GOVERNO FEDERAL
Ato Declaratório do Presidente da Mesa do Congresso Nacional nº 61, de 2020. Encerra o prazo da Medida Provisória nº 921, de 7 de fevereiro de 2020, que "Abre crédito extraordinário, em favor do Ministério da Defesa, no valor de R$ 11.287.803,00, para os fins que especifica".
Medida Provisória nº 979, de 9 de junho de 2020, do Poder Executivo. Dispõe sobre a designação de dirigentes pro tempore para as instituições federais de ensino durante o período da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente da pandemia dacovid-19, de que trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020.
Portaria nº 397, de 8 de junho de 2020, do Ministério da Cidadania. Dispõe sobre procedimentos para o parcelamento administrativo de débitos ativos no âmbito do Ministério da Cidadania, em decorrência de infecção humana causada pelo novo coronavírus, Covid-19.
Portaria nº 408, de 8 de junho de 2020, do Ministério da Cidadania. Institui o Comitê Gestor do Auxílio Emergencial no âmbito do Ministério da Cidadania.
Portaria nº 2.589, de 9 de junho de 2020, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Limita a concessão da jornada de trabalho remoto instituído pela Portaria MCTIC nº 1.186, de 20 de março de 2020, determina o retorno gradual das atividades presenciais e fixa medidas de prevenção à infecção e à propagação do novo Coronavírus (2019-nCoV), no âmbito do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações - MCTIC.
Carta Circular nº 4.059, de 9 de junho de 2020, do Ministério da Economia. Altera a entrada em vigor da Carta Circular nº 3.989, de 6 de dezembro de 2019, em função dos impactos da Covid-19 na economia.
Resolução nº 5.894, de 9 de junho de 2020, do Ministério da Infraestrutura. Altera a Resolução nº 5.893, de 02 de junho de 2020, que dispõe sobre as medidas a serem adotadas, no âmbito dos serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros e dos serviços de transporte ferroviário de passageiros, para enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente do Covid-19.
Portaria nº 1.516, de 9 de junho de 2020, do Ministério da Saúde. Habilita leitos de Unidades de Terapia Intensiva - UTI Adulto Tipo II - COVID-19 de estabelecimentos de saúde e estabelece recurso do Bloco de Manutenção das Ações e Serviços Públicos de Saúde - Grupo Coronavírus (COVID 19), disponibilizado ao Estado de Minas Gerais e Municípios.
Resolução nº 7, de 9 de junho de 2020, das Entidades de Fiscalização do Exercício das Profissões Liberais. Define e disciplina as Diretrizes de Atendimento Seguro (DAS) aos diretores técnicos e diretores clínicos de estabelecimentos de saúde, no âmbito do Estado de Pernambuco, durante a pandemia da Covid-19
GOVERNO ESTADUAL
Diário Oficial do dia 09 e 10 de junho não disponibilizado no Departamento de Imprensa Oficial do Estado do Paraná.
GOVERNO MUNICIPAL
Resolução nº 030, de Maringá. Aprovar “Ad Referendum” o recurso no valor de R$156.000,00 (Cento e cinquenta e seis mil), para custear o pagamento das bolsas auxílio das famílias acolhedoras.
Decreto nº 245, de Apucarana. Estabelece regras para o funcionamento dos estabelecimentos de Academia de Dança e Academia de Música, conforme especifica.
Decreto nº 193, de Apucarana. Dispõe sobre a obrigatoriedade de notificação de dados de pacientes que se submeteram ao teste de sorologia para o Covid-19 em Apucarana, como especifica.
Decreto nº 256, de Castro. O artigo 1º do Decreto 182, de 13 de abril de 2020, vigora com a seguinte redação, com efeitos retroativos à data de sua publicação.
Decreto nº 23.429, de Guaratuba. Dispõe sobre as condições de funcionamento das Marinas, Iate-Clube e Associações Naúticas, acrescentando as medidas de segurança para enfrentamento da emergência na saúde pública de Guaratuba decorrente da infecção humana pelo novo coronavírus (Covid-19) e dá outras providências.
Decreto nº 23.430, de Guaratuba. Altera o Decreto 23382/2020, no que concerne ao funcionamento de Buffet ou qualquer forma de self servisse. O Prefeito do Município de Guaratuba, Estado do Paraná, no uso das suas atribuições legais, visando a manter as medidas de vigilância epidemiológica para a prevenção da propagação da grave pandemia do Coronavírus – COVID-19, as quais dependem necessariamente da sua adoção por toda a sociedade.
O ICEI aumentou 6,5 pontos em junho, alcançando 41,2 pontos. Com isso, o ICEI sai da mínima histórica observada nos dois meses anteriores, mas permanece abaixo de 50 pontos, o que indica falta de confiança da Indústria. O avanço do índice foi causado sobretudo por melhora das expectativas dos empresários industriais para os próximos seis meses, mas a percepção quanto às condições atuais permanece negativa com avanços
Índice de Confiança do Empresário Industrial mostra que pessimismo ainda está presente no setor industrial, mas em patamar 'bem menor' do que no mês de maio.
O Índice de Confiança do Empresário Industrial registrou melhora em junho, segundo números divulgados nesta quarta-feira (10) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Com isso, informou a entidade, o indicador se "descola de seu piso histórico e do patamar observado no auge da crise de 2015/2016". Ainda de acordo com a CNI, o "pessimismo ainda está presente, mas bem menor do que no mês anterior [maio]".
Neste mês, o indicador somou 41,2 pontos, contra 34,7 pontos em maio, em uma escala de zero a 100. Nessa metodologia, os 50 pontos marcam uma linha divisória entre confiança e falta de confiança. Quanto mais abaixo de 50 pontos, maior e mais disseminada é a falta de confiança.
Segundo a CNI, é usual uma reavaliação das expectativas após uma forte queda como a registrada em abril (34,5 pontos), por isso esse crescimento "ainda não pode ainda ser considerado como o início de uma tendência de alta".
"No entanto, a confiança continua baixa, refletindo tanto a severidade da crise como a incerteza que ainda persiste e a pouca eficácia das medidas do governo para prover capital de giro às empresas. A dificuldade de acesso a crédito é uma preocupação adicional e um fator que contribui para a falta de confiança”, avaliou o gerente-executivo de Economia da CNI, Renato da Fonseca.
A melhora do índice pode ser explicada pela melhora nas expectativas do empresário para os próximos seis meses, que registrou alta de 8,4 pontos e subiu para 47,8 pontos.
A avaliação em relação ao momento atual ainda é muito ruim. O Índice de Condições Atuais cresceu 2,7 pontos e alcançou 27,7 pontos entre maio e junho deste ano.
Fiemg entra no movimento Estímulo 2020, que tem nomes como Eduardo Mufarej, Abilio Diniz e outros
O empresário Eduardo Mufarej (RenovaBR) vai anunciar nesta quinta-feira (11) a adesão da Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais) ao movimento Estímulo 2020, iniciativa para oferecer crédito a empreendedores em dificuldade na pandemia.
A entrada da Fiemg expande o crédito do projeto em R$ 100 milhões para pequenas empresas mineiras por meio do Sicoob Credifiemg.
O Estímulo 2020, que foi criado por empresários paulistas no início da crise do coronavírus, informa que atendeu cerca de 250 empresas de diferentes setores até agora.
A Secretaria Especial da Receita Federal publicou no Diário Oficial da União (DOU) portaria que regulamenta, no âmbito do órgão, o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), instituído por lei no mês passado e que consiste em linha de crédito que deve beneficiar cerca de 4,5 milhões de pequenos negócios durante a crise da covid-19.
A portaria da Receita disciplina como se dará o envio de informações sobre a receita bruta das empresas para embasar as análises de crédito pelos bancos.
Os empresários optantes do Simples Nacional serão os primeiros a receber os comunicados, já a partir desta terça-feira. Depois, a Receita enviará os dados a empresas não incluídas no Simples Nacional, a partir do dia 11 de junho.
O Pronampe prevê o repasse de R$ 15,9 bilhões para a recuperação e o fortalecimento dos pequenos negócios e, como regra geral, estabelece que a linha de crédito corresponderá a no máximo 30% da receita bruta anual da empresa, calculada com base no exercício de 2019.
Terão direito ao programa as empresas com data de abertura até 31 de dezembro de 2019. Os recursos contratados pelo programa poderão ser usados para investimentos e para capital de giro.
A Receita Federal comunica que, em cumprimento a Portaria ME nº 201, de 11 de maio de 2020, foram suspensos os débitos automáticos das prestações dos parcelamentos com vencimento em maio, junho e julho de 2020. As referidas parcelas tiveram seu vencimento prorrogado para agosto, outubro e dezembro de 2020, respectivamente, em decorrência da pandemia da Covid-19.
Caso o contribuinte tenha interesse em pagar as parcelas antes da nova data de vencimento, o Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf) poderá ser emitido pela Internet ou pelo Portal e-CAC A parcela deve ser emitida dentro do mês que será efetivamente paga.
As parcelas prorrogadas, que permanecerem em aberto até a nova data de vencimento, serão debitadas junto com as parcelas a vencer nos meses de agosto, outubro e dezembro, na conta corrente cadastrada. Sobre as parcelas prorrogadas continuarão a incidir juros - Taxa Selic - até a data de quitação.
O Senado deve votar hoje a medida provisória (MP) 936, que permite a redução proporcional da jornada de trabalho e do salário em até 70%, além de permitir a suspensão dos contratos de trabalho durante a crise do coronavírus. O objetivo da MP é evitar demissões e ajudar as empresas afetadas pela pandemia. O texto foi aprovado pela Câmara dos Deputados há alguma semanas e aguarda apreciação dos senadores para ser enviada à sanção presidencial.
A votação não estava prevista, inicialmente, para acontecer nesta semana, mas entrou na pauta após pedido do relator da matéria, senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO). A razão é que, apesar de o prazo da MP ter sido prorrogado, o mesmo não pode ser feito em relação aos vínculos empregatícios que já completaram 60 dias de suspensão. O argumento sensibilizou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que decidiu pautar a medida para a sessão de hoje.
“Houve, desde o dia em que foi marcada essa primeira votação, na semana passada, um entendimento equivocado com relação à suspensão dos 60 dias, que venceram no dia 1º de junho. Ao presidente Davi prorrogar a medida provisória por mais 60 dias, nós tivemos um entendimento de que seria automática também essa prorrogação da suspensão dos 60 dias [de contrato]. E o fato é que não é. Para se prorrogar [a suspensão], precisamos aprovar urgentemente, no Senado, esse projeto que dá autorização ao presidente [da República] fazer por decreto essa prorrogação”, alertou o relator.
Com isso, segundo Vanderlan Cardoso, funcionários que já cumpriram o período de 60 dias tiveram que retornar ao trabalho, mesmo que a paralisação ainda afete diversos segmentos da economia. A solução é a aprovar a medida provisória o mais rápido possível já que a Câmara sugeriu uma solução para o problema: uma das inclusões feitas pelos deputados foi a permissão para que o Poder Executivo possa prorrogar os prazos dos acordos trabalhistas enquanto durar o estado de calamidade pública, previsto para o final deste ano.
A MP permite a redução proporcional de trabalho e de salário, por até três meses, em 25%, 50% e 70%. Como compensação, prevê o pagamento pelo governo de um benefício emergencial para complementar a renda dos trabalhadores que tiverem redução salarial. Além disso, o texto permite a suspensão temporária dos contratos de trabalhos por até dois meses.
Diante do clima de urgência, Vanderlan Cardoso não deve apresentar nenhuma mudança significativa em seu relatório, pois isso obrigaria que a proposta retornasse para a análise dos deputados mais uma vez. Ainda assim, ele admitiu que estão sendo negociados ajustes de redação, o que não compromete a sanção do texto. Uma dessas alterações é no artigo que versa sobre a correção de dívidas tributárias.
De acordo com o relator, o dispositivo que trata do assunto estava confuso, o que poderia levar a interpretações equivocadas. Vanderlan Cardoso explicou que a sugestão de mudança redacional partiu do Ministério Público do Trabalho e de magistrados que atuam na área trabalhista.
O governo federal decidiu prorrogar, por pelo menos mais um mês, os prazos previstos na Medida Provisória 936/2020, que permite a redução de jornada e de salários em até 70% e a suspensão de contratos de trabalho durante a pandemia do novo coronavírus.
Segundo a CNN apurou com fontes da equipe econômica, a prorrogação será oficialmente anunciada após a MP ser aprovada pelo Congresso. A proposta já foi aprovada pela Câmara e deve ser votada nesta quarta-feira (10) no plenário do Senado.
De acordo com o texto aprovado pelos deputados e que deve ser chancelado pelos senadores, as empresas podem suspender os contratos de trabalho de seus empregados por até 60 dias. Já a redução da jornada e dos salários não poderia passar de 90 dias.
A decisão do governo é prorrogar cada um desses prazos inicialmente por mais 30 dias. A medida será possível após a Câmara, em acordo com governo, aprovar um dispositivo que permitiu o Executivo prorrogar prazos por meio de um decreto presidencial.
Segundo fontes do Ministério da Economia, a MP já atingiu 10 milhões de trabalhadores em todo o Brasil. A meta geral do programa é de beneficiar 24,5 milhões de pessoas. O custo das medidas para os cofres públicos é estimado pelo governo em R$ 51,2 bilhões.
Dados sobre o consumo de energia indicam que, enquanto os setores industriais mais afetados pelo fechamento do comércio permaneceram com capacidade ociosa em maio, alguns segmentos já começaram a retomar a produção após a flexibilização do de medidas de isolamento no país.
Segundo dados divulgados nesta terça (9) pela CCEE (Câmara Comercializadora de Energia Elétrica), o consumo de energia no Brasil registra queda de 11% desde o início da pandemia, em comparação com o mesmo período de 2019.
Entre os segmentos industriais que mostraram recuperação no consumo em maio, o movimento mais intenso ocorreu entre os fabricantes de bebidas. Em abril, o consumo de energia do setor havia caído 33% e relação ao mesmo mês de 2019. Em maio, a queda foi de 3%.
Houve melhora também em manufaturados diversos (a queda no consumo foi de -23% para -16%), minerais não metálicos (-18% para -6%) metalurgia e produtos de metal (-9% para -3%) e papel e celulose (-9% para -5%).
A indústria automobilística, uma das mais atingidas pela crise, também mostrou evolução. Em abril, quando 64 das 65 fábricas do país chegaram a ter atividades suspensas, o consumo de energia do setor caiu 66%. Em maio, o recuo foi de 46%.
O consumo de energia é um dos indicadores da atividade industrial. A melhora nesses setores ocorre após o tombo recorde da indústria brasileira em abril, quando a falta de encomendas após o início da pandemia derrubou a produção em 18,8%.
Em estudo divulgado nesta terça, no qual prevê retração de 6% do PIB, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) avalia que o mês de abril foi o “fundo do poço” na crise provocada pela pandemia do coronavírus e que já há sinais de recuperação da atividade a partir de maio.
A retração em abril ocorreu em 13 dos 15 locais pesquisados pelo IBGE e teve como principal influência a indústria paulista, que caiu 23,2%. Só se salvaram, segundo o instituto, Goiás e Pará, que têm forte presença de setores não afetados pela pandemia.
Entre estes, estão fabricantes de produtos considerados essenciais, como alimentos, remédios e produtos de higiene e limpeza. A indústria alimentícia e os serviços de saneamento foram os únicos a não reduzir o consumo de energia após a pandemia.
No comércio, houve alta em março, quando as pessoas correram aos supermercados para estocar alimentos e estagnação em abril e maio. Esse segmento ainda é beneficiado pelo funcionamento das atividades essenciais, como farmácias e supermercados.
Já os segmentos mais dependentes shoppings e lojas de rua, por outro lado, ainda amargam indicadores ruins. A indústria têxtil e o setor de serviços mantiveram em maio praticamente os mesmos patamares de abril: -45% e -29%, respectivamente.
Apesar da reabertura do comércio em diversos estados, os fabricantes de bens semi ou não duráveis esperam uma retomada lenta, já que as lojas têm estoques adquiridos antes da pandemia e o consumidor vive incertezas com relação ao risco de contaminação e à sua situação financeira.
Organização vê 50% de chances de que vírus leve a retomada do isolamento em vários países
O mundo pode sofrer uma segunda onda de disseminação do coronavírus no último trimestre deste ano, o que ampliaria a contração da economia brasileira em 2020 de 7,4% para 9,1%, segundo estimativas divulgadas nesta quarta-feira (10) pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
De acordo com a organização, há 50% de chances de que vários países sejam obrigados a retomar, nos últimos três meses do ano, as medidas de isolamento que começaram a ser flexibilizadas nas últimas semanas.
Se esse cenário mais pessimista se confirmar, o impacto sobre a atividade deverá ser menor, metade da contração registrada por causa da primeira onda de contaminação. Ainda assim, adiará a recuperação da economia mundial.
A retração global é projetada pela OCDE em 6% no cenário mais otimista, no qual a reabertura segue gradualmente, voltando ao nível pré-crise em 2021. A queda estimada no cenário mais pessimista é de 7,6%.
Segundo a instituição, enquanto nenhuma vacina ou tratamento estiver amplamente disponível, os formuladores de políticas ao redor do mundo continuarão a “andar na corda bamba”, e os principais instrumentos para combater a propagação do vírus serão distanciamento social, testagem, rastreamento e isolamento. Essas medidas, no entanto, podem não ser suficientes para impedir um segundo surto do vírus.
No caso brasileiro, a OCDE estima uma queda no PIB (Produto Interno Bruto) de 7,4% em um cenário em que seja possível seguir com a flexibilização. Uma segunda onda ampliaria a queda na atividade para 9,1% em 2020, atingindo tanto o consumo privado como os investimentos no final do ano.
Esse segundo evento também adiaria a recuperação da economia, reduzindo o crescimento projetado do PIB em 2021 de 4,2% para 2,4%. A taxa de desemprego deve passar dos atuais 12,6% para 15,4% ao longo do próximo ano no pior cenário.
As estimativas da OCDE sugerem uma diminuição de aproximadamente 20% na atividade em períodos em que o isolamento é adotado no Brasil. A instituição afirma que não fez os cálculos, mas que a não adoção dessas medidas por estados e prefeituras poderia ter custado mais em termos de vida e em impacto econômico.
De acordo com a instituição, as turbulências nos mercados internacionais afetaram o Brasil antes que a atividade econômica começasse a desacelerar por aqui, já que investidores internacionais buscaram ativos mais seguros, com saída de recursos do país e pressão sobre taxa de câmbio, juros e preços de ações.
As ações do governo federal em termos de gastos para minimizar o impacto da pandemia sobre a atividade foram classificadas como “ousadas e consideráveis”. O impacto no consumo privado poderia ter sido de dois a três pontos percentuais a mais na ausência de medidas de apoio à renda das famílias, segundo a organização.
Com uma dívida bruta que deve terminar o ano próxima de 90% do PIB, a OCDE diz que o país pode se antecipar em sinalizar que retomará uma agenda de equilíbrio fiscal após a crise atual.
“Isso pode ser alcançado por meio de medidas legislativas, como uma reforma da administração pública que revise a remuneração de servidores públicos ou uma redução ambiciosa de subsídios ineficazes e isenções fiscais, a serem implementadas apenas a partir de 2021”, diz a organização.
Brasil 200 perdeu membrosapós desencontro político,mas propostas ainda são as mesmas
O Brasil 200 criou um conselho consultivo chamado de Clube dos 30, com empresários de diferentes estados para discutir a agenda econômica em que o grupo vai investir no pós-pandemia.
Entre as pautas estão as reformas tributária e administrativa, que já faziam parte das bandeiras originais, e o projeto social no qual o grupo ingressou com a recente onda de doações privadas.
Durante a quarentena, o grupo sofreu uma série de baixas, com a saída de nomes como Flávio Rocha (Riachuelo) e Edgard Corona (Smart Fit), após desentendimentos de orientação política no apoio ao governo Bolsonaro, mas as diretrizes sobre o modelo das reformas ainda são as mesmas.
Países agiram para garantir liquidez, diz Banco Interamericano de Desenvolvimento, mas faltam inovação e proteção a funcionários, fornecedores e clientes
Estudo publicado nesta quarta-feira (10) pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) aponta que ainda é baixa na América Latina a adoção de medidas que ajudarão as empresas a enfrentar os impactos da Covid-19.
No estudo “Respostas à Covid-19 a partir da ciência, inovação e desenvolvimento produtivo”, economistas do banco afirmam que a crise mundial causada pelo coronavírus exige que governos reformulem políticas públicas e redefinam prioridades.
Segundo o levantamento, a maior parte dos países da América Latina adotou as medidas financeiras necessárias para amenizar os problemas de liquidez enfrentados pelas empresas, especialmente as pequenas e médias, resultado da forte queda nas vendas e uma menor oferta de crédito bancário.
Entre as medidas estão empréstimos e garantias em condições favoráveis, prorrogação de dívidas, adiamento ou redução de impostos, taxas e contribuições para a seguridade social, pagamento pontual antecipado a fornecedores do Estado, flexibilização da regulação monetária e redução de depósitos compulsórios e taxas de juros de referência foram algumas das ações implementadas por governos da região.
Os países da região também implementaram, em sua maioria, medidas trabalhistas para ajudar as empresas a sobreviverem, como flexibilização do seguro-desemprego, subsídios para cobrir parcialmente salários de trabalhadores afetados pela crise e regulamentação do teletrabalho.
No entanto, os países, entre eles o Brasil, estão atrasados na implementação de medidas de digitalização, redirecionamento de capacidades de produção e protocolos de segurança e saúde que permitem a empregados, fornecedores e clientes desempenharem suas funções durante a pandemia.
“A digitalização é um dos temas que precisa de atuação no Brasil”, diz Morgan Doyle, representante do BID no Brasil. “Mas não só isso: o Brasil vai precisar também se preparar para competir em um cenário de menos liquidez e menor demanda por parte dos consumidores, que também terão perdido renda. E a saída aí não é só por meio de crédito: o país precisa aprimorar também sua eficiência, por meio de reformas e investimento em infraestrutura, e na sua produtividade, com reforços na educação e na capacitação para novas demandas que surgirão.”
Como exemplo, Doyle cita que postos na indústria de entretenimento e turismo podem se fechar por um tempo. “Mas podem surgir vagas para funcionários medindo a temperatura dos clientes e avaliando o respeito às normas de saúde, assim como no ambiente digital. É preciso capacitar a mão de obra e aumentar a agilidade do país para se adaptar a essas mudanças.”
Em relação à digitalização das empresas, algumas das medidas que foram adotadas em países como a Coreia do Sul, mas ainda não são frequentes na América Latina, são: subsídios para adoção de tecnologias de digitalização, plataformas para que as pequenas e médias empresas participem do comércio eletrônico e do faturamento digital, repositórios de ferramentas digitais e capacitação digital.
Para Doyle, a pandemia apenas acelerou um processo que já estava em curso, e os países precisam se preparar para isso. “Estamos seguros de que a digitalização que ocorre agora, às pressas, na verdade já iria ocorrer, e a pandemia apenas fez com que tudo isso ganhasse outra velocidade.
O comércio terá talvez menos clientes nas lojas físicas, mas mais demanda virtual –e isso não quer dizer apenas construir sites, mas capacitar vendedores para trabalhar com esses sistemas, melhorar a logística de transporte para entrega longe dos grandes centros, articular as equipes para que possam trabalhar de maneira remota, e vários outros pontos que, se o país souber aproveitar, aumentarão a competitividade dos negócios brasileiros”, diz.
Os economistas do BID citam um exemplo positivo do Brasil, o programa do Sebrae que ajuda pequenos e médios empresários a divulgar, vender e emitir notas online.
Outra área que ainda precisa de avanços nos países da região é o redirecionamento de capacidades de produção, com articulação público-privada para o direcionamento temporário da capacidade de produção ociosa ao fornecimento em larga escala de insumos essenciais.
O relatório cita a colaboração entre a Magnamed e empresas como a Fiat-Chrysler, Flextronics, Suzano, Klabin, Positivo e White Martins para aumentar a produção de ventiladores pulmonares, com apoio do BID Lab e da Fapesp.
Mas o relatório enfatiza que é necessário um “equilíbrio entre apoio urgente às empresas e ações para crescimento futuro: sem financiamento agora, muitas empresas não sobreviverão; mas sem apoio para a readequação aos novos tempos, a recuperação será mais lenta do que o desejado.”
Nesse contexto, o estudo destaca a importância do investimento em ciência, historicamente baixo na América Latina e Caribe, e projeta que, provavelmente, “os grandes avanços no combate à pandemia não virão da região, mas de países com melhor infraestrutura científica, coordenação mais efetiva entre agentes públicos e privados e marco regulatório consistente.”
PRINCIPAIS MEDIDAS PARA ENFRENTAR OS IMPACTOS DA COVID-19 SOBRE AS EMPRESAS
Financeiros
Empréstimos e garantias em condições favoráveis
Prorrogação de dívidas
Adiamento e/ou redução de impostos, taxas e contribuições para a seguridade social
Pagamento pontual ou antecipado a fornecedores do Estado
Flexibilização da regulação monetária
Redução de depósitos compulsórios e taxas de juros de referência
Nível de adoção em países desenvolvidos:
Alto
Nível de adoção na América Latina:
Alto Trabalhistas
Flexibilização do seguro-desemprego
Subsídios para cobrir parcialmente salários de trabalhadores afetados pela crise sanitária
Regulamentação do teletrabalho Nível de adoção em países desenvolvidos:
Alto
Nível de adoção na América Latina:
Alto Digitalização
Subsídios para adoção de tecnologias de digitalização
Plataformas para que as pequenas e médias empresas participem do comércio eletrônico e do faturamento digital Repositórios de ferramentas digitais
Capacitação digital Nível de adoção em países desenvolvidos:
Médio-Alto
Nível de adoção na América Latina:
Baixo
Redirecionamento de capacidades de produção
Articulação público-privada para o direcionamento temporário da capacidade de produção ociosa ao fornecimento em larga escala de insumos essenciais Nível de adoção em países desenvolvidos:
Baixo
Nível de adoção na América Latina:
Baixo
Protocolos de segurança e saúde
Desenvolvimento e implementação de protocolos sanitários que permitam às empresas que seus empregados, clientes e fornecedores possam continuar a desempenhar suas funções no contexto da pandemia Nível de adoção em países desenvolvidos:
Baixo
Economista da instituição para o país também fala sobre risco de novo surto global
O Brasil deve aproveitar a pandemia para criar uma rede maior de proteção social a partir da ampliação do programa Bolsa Família. A afirmação é do economista de Brasil da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), Jens Arnold.
A criação de um programa de renda mínima no país está em discussão no Ministério da Economia neste momento e é bem vista pela instituição, que reúne entre seus membros países ricos e alguns em desenvolvimento.
Nesta quarta, a OCDE divulgou projeções que apontam para uma queda de até 9,1% do PIB brasileiro em 2020, caso haja uma segunda onda de disseminação do coronavírus no último trimestre deste ano.
Como vocês chegaram a esses dois cenários, um deles prevendo um segundo surto de coronavírus que abortaria a reabertura e a retomada gradual das atividades econômicas?
Isso foi fruto de uma consulta com especialistas na área de saúde que fizemos na OCDE. A conclusão dessas consultas foi que temos dois cenários praticamente de igual probabilidade. Um em que este surto vai diminuindo pouco a pouco e não volta, e um segundo cenário no qual a pandemia volta com um novo surto no quarto trimestre deste ano, com um retorno às medidas de isolamento social, com impacto econômico em todo o mundo.
Essa segunda onda será diferente da primeira no seu alcance, considerando que houve um aprendizado em relação à primeira?
Todos os países aprenderam alguma coisa nos últimos meses. Foi uma crise inédita. Então, a presunção é que o segundo surto teria um efeito econômico mais ou menos na metade do que teve o primeiro, levando em conta que os países já estão mais preparados hoje do que em março. Quando um país entra em confinamento, quando se aplicam medidas de isolamento social, isso afeta o consumo privado e o investimento. Nos dois cenários, vemos que esse efeito foi muito forte no segundo trimestre de 2020 e, no caso do segundo surto da pandemia, haveria uma queda importante do consumo e do investimento no quarto trimestre deste ano. Isso quer dizer que toda a recuperação se daria mais tarde.
Os problemas políticos que o Brasil enfrenta vão tornar a crise econômica mais severa para o país ou prejudicar a recuperação após essa crise?
Estamos observando o que está acontecendo, mas não estimamos o impacto disso. Somente podemos esperar que o Brasil consiga estabelecer um consenso político ao redor das reformas que são essenciais para a recuperação econômica.
Como vocês avaliam o alcance das medidas de isolamento que foram adotadas pelo Brasil nesses últimos meses e o impacto que elas tiveram na economia? A reabertura das atividades a partir de junho pode trazer uma recuperação mais rápida ou antecipar um segundo surto? O país acertou ou errou na forma como foi feito o isolamento?
Somos uma instituição que faz projeções e análises econômicas. A questão de fazer medidas de isolamento é uma decisão política e há diferentes opiniões sobre qual a melhor maneira de fazer isso.
Podemos ter alguma ideia de qual vai ser o impacto econômico da pandemia. No caso do Brasil, levando em conta a estrutura econômica, as medidas de isolamento causam uma redução de mais ou menos 20% da atividade econômica. Não quer dizer que a alternativa de não entrar em isolamento seria menos custosa economicamente. Do ponto de vista humano, sanitário e econômico, seria bom conter o surto e fazer com que o vírus não se espalhe mais.
O relatório traz uma recomendação de fortalecimento da rede de proteção social dos mais vulneráveis, algo que está sendo pensado pelo governo. Qual o modelo que vocês colocam?
Uma oportunidade gerada por essa pandemia é o que as políticas públicas alcançaram no âmbito da ajuda aos trabalhadores informais, mais de 50 milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade. Talvez seja uma oportunidade para o Brasil pensar em como pode fortalecer a proteção social. Em um contexto onde um terço ou mais da população são trabalhadores que não têm um emprego formal, as ferramentas de proteção do trabalho formal não alcançam as pessoas que mais precisam.
O Bolsa Família é um programa extraordinário, não perfeito, mas extraordinário, que tem toda possibilidade de ser expandido e ser a base de uma rede de proteção social. Há dois desafios. Você teria de aumentar o benefício e o limite de participação no programa e, ao mesmo tempo, dar ao programa uma maneira mais rápida de reagir. Quando a pessoa perde seu emprego, ela precisa de ajuda na semana seguinte, não três meses depois. As bases para construir uma rede de proteção social assim estão presentes no Brasil.
Como vocês avaliam as medidas já adotadas pelo governo brasileiro para mitigar o impacto da pandemia na renda?
Foi uma das reações mais fortes na América Latina em termos de porcentagem do PIB, sobretudo olhando a despesa nova. O Brasil teve um incremento do gasto primário de mais de 6% do PIB. É uma ação forte e também bem dirigida às famílias mais vulneráveis e para as empresas.
É um impacto fiscal grande em um país que já vinha com um nível elevado de endividamento.
A pandemia é um choque temporário. A resposta das políticas tem de ser também temporária, talvez com algumas muito poucas exceções. É importante o Brasil tirar uma lição do que aconteceu na crise financeira global [de 2008/2009], a última grande crise, que causou aumento permanente do gasto público.
O Brasil hoje não tem espaço fiscal para repetir isso, tem de voltar a uma trajetória de ajuste fiscal para assegurar a sustentabilidade da dívida uma vez que a pandemia tiver passado. O Brasil poderia já se comprometer com algumas dessas reformas, mesmo sem fazer o ajuste neste momento. Estou me referindo a ajustes na folha de pagamento do setor público e também na redução de subsídios e gastos tributários. Isso vai ser uma das prioridades depois da pandemia.
A economia mundial deverá sofrer uma violenta contração de 6% em 2020, como resultado dos efeitos da pandemia do novo coronavírus, segundo relatório de perspectiva global da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
No documento, publicado nesta quarta-feira, a OCDE alerta que a queda do Produto Interno Bruto (PIB) global este ano poderá ser ainda mais acentuada e chegar a 7,6% se houver uma segunda onda de infecções pela covid-19, como é conhecida a doença causada pelo coronavírus.
Para 2021, a OCDE projeta recuperação da economia global, com crescimento de 5,2%. Num cenário de segunda onda da pandemia, o avanço do PIB mundial se limitaria a 2,8%, acredita a entidade.
Para os EUA especificamente, a OCDE prevê contração econômica de 7,3% este ano e expansão de 4,1% no próximo. Na eventualidade de uma segunda onda do coronavírus, o PIB americano poderá encolher 8,5% em 2020, diz a OCDE.
No caso da China, a OCDE espera queda de 2,6% do PIB este ano e avanço de 6,8% em 2021. Na hipótese de uma segunda onda, a economia chinesa poderá afundar 3,7% em 2020, projeta a entidade.
Em relação à zona do euro, a OCDE prevê contração de 9,1% este ano - ou de 11,5%, com uma segunda onda - e crescimento de 6,5% em 2021.
Ainda no relatório, a OCDE projeta que o PIB do Reino Unido, que está em processo de separação da União Europeia, sofrerá um tombo de 11,5% este ano.
Flávio Augusto da Silva, dono da Wise Up, diz que entendeu a gravidade da crise em fevereiro
O empresariado brasileiro negou a realidade quando viu a onda da pandemia a caminho, e o número de mortes diárias pode chegar a 2.000. Essa é a análise do empresário Flávio Augusto da Silva, fundador da rede de ensino de inglês Wise Up, que diz não ter pressa para reabrir suas unidades físicas.
Para Silva, muitos empresários insistiram no pensamento positivo e não se prepararam para o pior, quando outros países da Europa e da Ásia já mostravam o potencial do estrago do coronavírus. "Ver uma onda chegando e dizer que tudo vai dar certo não é otimismo, é negação da realidade", afirma.
Silva diz ter percebido a gravidade do problema ainda em fevereiro, o que lhe deu tempo de preparar o pacote de aulas online e se organizar financeiramente. O empresário afirma que suas contas foram equilibradas e não tem pressa para reabrir.
Há mais de dois meses em isolamento em Orlando, Silva diz que não quer expor seus funcionários à contaminação porque o Brasil não realizou um distanciamento social adequado. "Há risco de vermos índices de 2.000 mortes diárias, como ocorreu nos Estados Unidos", afirma ele.
O empresário, que já era adepto do home office há anos, agora estuda manter o modelo no escritório da Wise Up mesmo depois que a pandemia passar. "Muitos vão ver o benefício disso. Eu almoço com meus filhos todos os dias há dez anos."
PROSA
"Muita gente diz que sou pessimista, mas acredito que estamos encurralados pela crise da saúde e da economia. A solução que vejo é a vacina" - Flávio Augusto da Silva, fundador da Wise Up
A permanência das perdas causadas pela pandemia depende do tamanho das cicatrizes
"A Covid-19 é o choque mais adverso em tempos de paz para a economia global em um século." Além disso, esta recessão "é a primeira desde 1870 a ser desencadeada apenas por uma pandemia".
Ambas as observações vêm das novas e excelentes Perspectivas Econômicas Globais do Banco Mundial. Elas esclarecem a escala dos danos. Nunca houve maior necessidade de uma reação ambiciosa e cooperativa. Infelizmente, há muito tempo essas qualidades não estavam tão ausentes.
Uma das principais conclusões do relatório é a escala de incerteza sobre o que está por vir. Sabemos que estamos no meio de uma extraordinária contração econômica global. Não sabemos o quão profunda e persistente será, nem quanto tempo durarão seus efeitos adversos.
Afinal, estamos numa etapa inicial do gerenciamento da doença. Isso é especialmente verdadeiro nos países emergentes e em desenvolvimento, onde a Covid-19 ainda está decolando. As medidas para contê-la são especialmente difíceis de implementar neles, já que muitos dependem do trabalho no setor informal e seus governos têm capacidades sanitárias e fiscais limitadas. Sua única vantagem é a relativa juventude de suas populações.
No entanto, administrar a doença é apenas uma parte do desafio que os países emergentes e em desenvolvimento enfrentam hoje. Muitos deles são altamente vulneráveis a choques econômicos globais.
Este é de proporções devastadoras. Eles foram atingidos, em graus variados, por uma queda econômica global, quedas acentuadas nos preços das matérias-primas, fuga do risco nos mercados financeiros, um enorme declínio nas remessas e receitas do turismo e um grande declínio no comércio mundial. Muitos provavelmente serão forçados a entrar em moratória. Além disso, é improvável que o impacto sobre suas economias seja breve.
Muitas economias e bilhões de pessoas provavelmente terão cicatrizes. Este pode ser o começo de muitos anos perdidos, ou pior ainda, para multidões.
Muito depende das consequências econômicas. O banco indica que a faixa de possíveis resultados do crescimento econômico global neste ano (às taxas de câmbio do mercado) fica entre -3,7% e -7,8%.
Para os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento, ela fica entre -0,5% e -5%. O banco espera um retorno ao crescimento em 2021, entre 1,3% e 5,6% no mundo, e entre 2,7% e 6,4% nas economias emergentes e em desenvolvimento. Isso significa que a produção provavelmente não se recuperará aos níveis de 2019 antes de 2022 nos países emergentes e em desenvolvimento. Ela só retornará aos níveis implícitos na continuação do crescimento pré-pandêmico bem depois disso, se voltar.
A permanência das perdas depende da natureza das cicatrizes. Como observa o relatório, "a recessão severa foi associada a perdas altamente persistentes na produção". Baixos níveis de uso da capacidade impedem o investimento e deixam um legado de capacidade obsoleta.
As expectativas de fraco crescimento futuro desencorajam o investimento e, assim, acabam se realizando. Longos períodos de desemprego causam perda de capacitação e podem fazer os trabalhadores desistirem de procurar emprego, permanentemente. Inúmeras empresas desaparecerão para sempre.
Além disso, nos países emergentes e em desenvolvimento, a crise ameaça um grave subfinanciamento de programas importantes de saúde e bem-estar. A perda de sustento para muitos pode causar graves danos à saúde em longo prazo e outras consequências nocivas aos trabalhadores e suas famílias. Muitos podem morrer de doenças não relacionadas à pandemia. A educação de muitas crianças pode ser permanentemente prejudicada.
Outras ameaças importantes em longo prazo incluem reações políticas míopes. Como nos anos 1930, pode haver um abandono permanente da economia de mercado e do comércio internacional. As políticas autodestrutivas de substituição de importações seguidas por muitos países em desenvolvimento após a Segunda Guerra Mundial tiveram suas raízes nas calamidades daquela época.
Hoje, é quase uma sabedoria convencional condenar a globalização e a integração internacional das cadeias de suprimentos. Mas, como o relatório enfatiza, ambos se mostraram poderosos motores do desenvolvimento econômico. Lembre-se de que vimos um declínio extraordinário na proporção de pessoas em extrema pobreza, de 43% em 1980 para 10% em 2015.
Evitar danos duradouros e erros permanentes é crucial. Mas também fornecer assistência adequada hoje. Um apelo recente de alto nível ao Grupo dos 20 principais países observou que a crise pode afundar 420 milhões de pessoas na extrema pobreza. Além disso, acrescenta, 80% das crianças estão fora da escola. É uma questão de alta urgência moral e prática, dada a interdependência entre os países, conter tais resultados, com todas as terríveis consequências que devem trazer.
Há necessidade de mais ajuda. O FMI argumentou que os países emergentes e em desenvolvimento precisam de US$ 2,5 trilhões, muito mais do que está disponível hoje. Um alívio adicional da dívida é uma necessidade para os países mais pobres e também para os países emergentes soterrados por dívida.
Também é crucial ajudar os países emergentes e em desenvolvimento a enfrentar os desafios de saúde pública. Além disso, há uma oportunidade de acelerar a saída do mundo de um padrão de atividade econômica com intenso consumo de carbono. Desnecessário dizer que os resultados também dependem das escolhas políticas feitas pelos próprios líderes dos países emergentes e em desenvolvimento.
Quando as gerações futuras olharem para esta crise, a verão como um momento de inflexão decisivo e, em caso afirmativo, em que direção? Elas concluirão que entendemos que uma pandemia é uma crise compartilhada que precisa de uma resposta eficaz e cooperativa? Ou concluirão que permitimos que nossa capacidade de cooperação e o frágil progresso do desenvolvimento econômico murchassem? Não sabemos sua resposta. Ela depende do que decidirmos agora. Sabemos o que devemos fazer: agir juntos.
Martin Wolf - Comentarista-chefe de economia no Financial Times, doutor em economia pela London School of Economics.
Programa criado pelo governo para evitar demissões atinge um terço dos empregados com carteira assinada do país
Em meio à crise provocada pelo novo coronavírus, 10 milhões de trabalhadores formais já tiveram contratos suspensos ou salários e jornadas reduzidos, segundo dados do governo.
No dia 1º de abril, o presidente Jair Bolsonaro editou MP que autoriza a realização de acordos entre patrões e empregados, com o objetivo de evitar demissões.
A suspensão de contratos pode ser feita por até dois meses. A redução de salários e jornadas de trabalhadores tem duração de até três meses.
Trabalhadores afetados têm direito a uma compensação paga pelo governo em valor proporcional ao que teriam direito de seguro-desemprego.
Às 16h40 desta terça-feira (9), o site disponibilizado pelo governo para o acompanhamento da medida apontava que 10.052.627 pessoas ficaram aptas ao benefício em pouco mais de dois meses de vigência do programa.
O número de adesões representa quase um terço de todos os trabalhadores com carteira assinada do país. Apesar disso, o montante ainda não chegou à metade da expectativa inicial do governo.
Pelas contas da equipe econômica, a medida deve alcançar 24,5 milhões de trabalhadores, mais de 75% dos empregados formais do país.
Segundo o IBGE, o Brasil tinha 32,2 milhões de trabalhadores com carteira assinada no setor privado no trimestre encerrado em abril.
O custo total do programa aos cofres públicos é estimado em R$ 51,2 bilhões.
O texto da medida ainda está em tramitação no Congresso e pode passar por alterações.
Por acordo individual, o empregador pode fazer cortes de jornadas e salários em 25%, 50% ou 70% por até três meses, a depender da faixa de renda do trabalhador. Nos acordos coletivos, é permitida redução em qualquer percentual.
O governo paga a esses trabalhadores uma proporção do valor do seguro-desemprego equivalente ao percentual do corte de salário. A compensação é de 25%, 50% ou 70% do seguro-desemprego, que varia de R$ 1.045 a R$ 1.813,03.
Com a crise econômica decorrente da pandemia de covid-19, a quantidade de pedidos de seguro-desemprego chegou a 960.258 em maio, um aumento de 53% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando os pedidos somaram 627.779. De acordo com dados divulgados nesta terça-feira, 9, pelo Ministério da Economia, as solicitações no mês passado representam ainda um crescimento de 28,3% em relação a abril deste ano, quando totalizaram 748.540.
No acumulado dos cinco primeiros meses de 2020, os pedidos de seguro-desemprego somam 3,297 milhões, o que significa uma alta de 12,4% em relação ao período entre janeiro e maio de 2019, quando as solicitações somaram 2,934 milhões.
Os pedidos de seguro-desemprego em maio foram distribuídos entre serviços (42%), comércio (25,8%), indústria (20,5%), construção (8,2%) e agropecuária (3,4%). O Estado de São Paulo liderou o número de requerimentos no mês, com 281.360 solicitações, seguido por Minas Gerais (103.329) e Rio de Janeiro (82.584).
O ministério detalha ainda que 58,7% dos solicitantes do benefício no mês passado eram homens, com 41,3% de mulheres. Por faixa etária, a maior parcela dos solicitantes do seguro desemprego em maio estava entre 30 e 39 anos, com 32,3% do total.
Em termos de escolaridade, 61,4% dos pedidos eram de pessoas com ensino médio completo.
Segundo a Economia, com a reabertura das unidades do Sistema Nacional de Emprego (Sine) no fim de abril, não há mais fila de espera para os pedidos de seguro-desemprego. Ainda assim a pasta destaca que 50,1% dos requerimentos realizados em 2020 foram feitos pela internet, ante apenas 1,5% do total no mesmo período do ano passado.
O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) subiu 3,0 pontos na passagem de abril para maio, para 42,7 pontos, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta terça-feira. O avanço sucedeu uma perda de 52,6 pontos acumulada entre fevereiro e abril. Em médias móveis trimestrais, o IAEmp recuou 16,4 pontos.
"Após atingir o menor nível desde 2008 em abril, o IAEmp registrou, em maio, variação positiva. Contudo, o resultado pode ser interpretado como uma acomodação do índice em patamar muito baixo considerando que esse ainda é o segundo menor valor da série. A elevada incerteza ainda não permite imaginar cenários de recuperação do mercado de trabalho no curto prazo, o que deve fazer com que o indicador continue registrando números baixos nos próximos meses", avaliou Rodolpho Tobler, economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), em nota oficial.
O Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) subiu 1,2 ponto em maio ante abril, para 99,6 pontos. Em médias móveis trimestrais, houve aumento de 2,5 pontos no ICD.
"O ICD mantém, em maio, a tendência de piora no mercado de trabalho iniciada nos últimos meses. O resultado sugere que a taxa de desemprego deve sofrer impacto negativo já no 2º trimestre e ainda sem indicações de reversão dessa tendência no curto/médio prazo", completou Tobler.
O ICD é um indicador com sinal semelhante ao da taxa de desemprego, ou seja, quanto maior o número, pior o resultado. Já o IAEmp sugere expectativa de geração de vagas adiante, quanto menor o patamar, menos satisfatório o resultado.
O ICD é construído a partir dos dados desagregados, em quatro classes de renda familiar, da pergunta da Sondagem do Consumidor que procura captar a percepção sobre a situação presente do mercado de trabalho. O IAEmp é formado por uma combinação de séries extraídas das Sondagens da Indústria, de Serviços e do Consumidor, todas apuradas pela FGV. O objetivo é antecipar os rumos do mercado de trabalho no País.
No IAEmp, cinco dos sete componentes tiveram alta em junho. O item que mede o Emprego Previsto no setor de Serviços (+5,6 pontos) e o de Tendência dos Negócios da Indústria (+5,5 pontos) foram os que mais subiram no mês.
No ICD, a alta em junho foi influenciada por todas as quatro classes de renda familiar. A maior contribuição para a média global foi das famílias com renda mais baixa, de até R$ 2.100 mensais (+2,0 pontos) e da faixa de renda entre R$ 2.100.00 e R$ 4.800.00, (+1,4 ponto).
A queda de 0,38% registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em maio foi o mais baixo resultado desde agosto de 1998, quando recuou 0,51%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em maio de 2019, o IPCA ficou em 0,13%.
Com o resultado de maio de 2020, a taxa acumulada pelo IPCA em 12 meses desacelerou de 2,40% em abril para 1,88%, ante uma meta de 4% perseguida pelo Banco Central este ano.
A taxa do IPCA em 12 meses foi a mais baixa desde janeiro de 1999, quando estava em 1,65%.
O Índice Nacional da Construção Civil (INCC/Sinapi), divulgado na manhã desta quarta-feira, 10, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), subiu 0,17% em maio, após uma elevação de 0,25% em abril. No ano, o índice acumulado é de 1,33%.
A taxa acumulada em 12 meses foi de 3,74%. De acordo com o IBGE, o custo nacional da construção alcançou R$ 1.174,02 por metro quadrado em maio, valor acima dos R$ 1.172,05 por metro quadrado registrados em abril. A parcela dos materiais teve elevação de 0,19%, enquanto o custo da mão-de-obra subiu 0,14%.
A exportação de biscoitos, massas, pães e bolos industrializados aumentou 49% no primeiro quadrimestre deste ano para 38,5 mil toneladas, na comparação com o volume vendido em igual período do ano passado. A indústria brasileira faturou 8% a mais com a comercialização externa dos produtos, somando US$ 50,2 milhões, segundo levantamento da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi). Os segmentos de biscoitos, massas e pães são os principais consumidores do trigo nacional.
O crescimento das vendas foi puxado principalmente pela valorização acentuada do dólar ante o real, de cerca de 30% no período, que torna as exportações dos alimentos mais atraentes para os fabricantes brasileiros, avalia o presidente-executivo da Abimapi, Claudio Zanão. "Apesar do cenário de instabilidade, com atual situação econômica do país e a alta do preço da farinha, a desvalorização do real refletiu favoravelmente nas exportações dos produtos da cesta Abimapi", pontua Zanão.
De acordo com a entidade, a elevação da receita não acompanhou a alta do volume vendido em virtude do menor ticket médio e de baixo valor agregado dos produtos exportados - alternativa dos fabricantes para dar escala e competitividade às vendas. No período, os principais destinos da categoria foram Estados Unidos, Uruguai e Paraguai.
As medidas de isolamento social para controle do novo coronavírus, que resultaram no fechamento de restaurantes e exigiram mais refeições em casa, também contribuíram para o crescimento das vendas externas do setor, acrescenta o diretor da área de exportação da Associação, Rodrigo Iglesias. "Houve um crescimento significativo nos produtos que propiciam alimentação dentro do lar. Segmentos como massas, misturas para pães e bolos, pães de queijo congelados, pães de forma, se fortaleceram nesse período de crise", observa Iglesias.
Vice-presidente comercial Angel Martinez analisou o cenário na série de entrevistas Lives #ABX20
A crise trazida pela pandemia de coronavírus interrompeu bruscamente o ciclo contínuo de sete anos seguidos de crescimento que a Hyundai Motor Brasil experimentava desde que começou a produzir carros em Piracicaba (SP), em 2012.
As medidas de isolamento social para conter a Covid-19, com fechamento de fábricas e concessionárias, turbinou a recessão econômica que trouxe queda de vendas sem precedentes à indústria de veículos no País. A marca coreana também foi duramente atingida, mas o vice-presidente comercial Angel Martinez estima que a Hyundai continuará mantendo desempenho superior e seu tombo será menor do que a média do mercado brasileiro este ano.
Martinez foi o convidado na terça-feira, 9, da série de entrevistas Lives #ABX20 (veja aqui esta e todas as já gravadas) promovida por Automotive Business. O executivo avalia que a Hyundai e sua rede de 219 concessionárias não deverão encolher substancialmente no Brasil, disse que até agora os projetos e lançamentos previstos estão mantidos. Mais importante, destacou que já houve melhora das vendas em maio e na primeira semana de junho.
“É prematuro dizer que chegamos ao fundo do poço, mas números de maio e começo de junho apontam melhora significativa na comparação com abril. Mês passado aumentamos [as vendas de] varejo em 97%. Nos primeiros sete dias deste mês foi mais 8% em relação aos primeiros dias de maio. Parece que estamos começando uma retomada, mas tudo isso pode parar por medidas restritivas que os governos podem achar necessárias novamente”, relatou Angel Martinez.
“Caímos em abril e maio semelhantes ao ritmo do mercado, basicamente porque as concessionárias estiveram fechadas. Continuamos atendendo alguns parceiros principais no segmento de locação, em vendas já programadas antes da pandemia, e reforçamos os canais digitais. Estamos felizes que nesse período o HB20 voltou à segunda posição entre carros mais vendidos do País. Mas acreditamos que o pico [de baixa] já passou e com a reabertura das lojas parte das pessoas voltará a ir para a loja para fechar o negócio”, pondera Martinez.
CONFIANÇA NA FORÇA DOS PRODUTOS HYUNDAI NO PAÍS O executivo prevê que todos os próximos meses até o fim de 2020 vão apresenta resultados de queda comparativamente a 2019. Ele avalia que está correta a recente projeção da Anfavea (associação dos fabricantes) que estima tombo de 40% para o mercado brasileiro de veículos este ano, porém confia que a Hyundai ficará na ponta mais baixa dessa média de retração.
Martinez acredita que os produtos da marca coreana continuarão a fazer o sucesso entre os consumidores brasileiros, que já garantiu à Hyundai o posto de fabricante que mais rápido chegou a produzir 1 milhão de veículos no País, em agosto de 2018, menos de seis anos desde a inauguração da fábrica de Piracicaba, em 2012, que já no ano seguinte passou a operar em três turnos, com uso de mais de 90% da capacidade instalada, sem interrupções até março passado. “Crescemos em produção até em 2016, ano de queda no mercado em que a Hyundai quebrou a hegemonia das top quatro marcas e ficou entre as quatro maiores”, lembra.
Justamente no início deste mês, com a produção em seu nível histórico mais baixo, a Hyundai emplacou seu carro número 1,3 milhão no Brasil. A planta de Piracicaba foi paralisada por dois meses e voltou a trabalhar parcialmente em 13 de maio, com apenas um turno, e o retorno de empregados afastados em layoff está previsto para o próximo dia 25. . “O primeiro fator a considerar é segurança dos colaboradores e depois tem a demanda. Maio trouxe luz no fim do túnel e, se junho continuar, a perspectiva é boa para aumentar produção”, afirma Martinez.
LANÇAMENTOS MANTIDOS; NOVO CRETA SÓ EM 2021 O vice-presidente comercial da HMB afirma que até o momento nenhum lançamento da marca precisou ser postergado. Após a introdução da nova geração da família HB20 no ano passado (hatch, sedã e cross), Martinez nega que estivesse programada para 2020 a chegada do novo Creta. “Lançamos no início de 2017 e nosso plano não é renovar este ano.
O modelo continua como está”, garante. Então é para 2021? “Daqui um ano conversamos se teremos ou não renovação”, desvia, destacando que o SUV compacto segue agradando: “Excluindo vendas a locadoras, o Creta é o SUV mais vendido do País no segmento de pessoas físicas”, pontua.
Martinez admite que o maior risco de atrasar a chegada de novos produtos ao Brasil seria a manutenção por muito mais tempo de restrições a viagens, o que levaria à impossibilidade de enviar pessoas para treinamento e produtos para desenvolvimento e homologação no exterior. “Pode ser que lançamentos sejam postergados por esta questão logística.
A Hyundai tem uma planta na Coreia para treinar pessoas que vão produzir veículos em outros lugares do mundo. Antes fazer aqui, temos de enviar nossos colaboradores para lá. Se não for seguro viajar, vamos precisar adiar. Mas acompanhando o movimento que vemos no mundo, a perspectiva é positiva, por isso não consideramos atrasos para lançamentos até esse momento”, revela.
Por motivo semelhante, Martinez avalia que em alguma medida terão de ser adiadas as próximas etapas da legislação de emissões, eficiência energética e adoção de sistemas de segurança, que estavam previstas para os próximos anos pelo Proconve e Rota 2030. “As medidas de distanciamento social que tem mantido pessoas em casa também têm impactado fortemente os laboratórios de testes e homologação. Então algum tipo de postergação será necessário até para seguir orientações de preservar colaboradores”, pondera.
Também está mantido o plano estratégico global de eletrificação de veículos do Grupo Hyundai, inclusive para o Brasil, onde se esperava a chegada de um híbrido da marca que seria importado pelo Grupo Caoa – possivelmente o Ionic, apresentado no estande da marca no último Salão de São Paulo, em 2018.
“Continuamos trabalhando com o Grupo Caoa para isso. Por enquanto nada mudou. Mas tem a questão de homologação do produto e [da queda de mercado] com a pandemia, poderia ter um atraso. Não tenho toda a informação porque também depende do nosso importador”, diz Martinez.
REDE HYUNDAI: ENXUTA E SÓLIDA Apesar de reconhecer que o momento é muito difícil para os concessionários, Martinez garante que até agora não ouviu de nenhum deles a manifestação de fechar o negócio após a falta de faturamento causada pelo fechamento das lojas. “A rede Hyundai é bem enxuta, tem 219 pontos de venda e 214 oficinas, por isso é mais rentável, costuma ter o segundo maior número de carros vendidos por loja no País. Não trabalhamos com possibilidade de fechamento, no máximo consolidação [de alguns pontos]”, afirma.
Martinez afirma que o estoque dos concessionários está muito elevado, mas eventualmente podem faltar alguns modelos porque está difícil fazer o planejamento de produção para atender todos os tipos de demanda.
Também segundo Martinez não está no horizonte planos para mudar o sistema exótico de duas redes de concessionárias que a Hyundai mantém no País: uma operada pelo Grupo Caoa que vende os modelos importados e dois SUVs montados em Anápolis (GO), o ix35 e o Novo Tucson; outra só para vender os HB20 e Creta feitos em Piracicaba.
“Como a Hyundai foi a última das grandes montadoras a desembarcar no Brasil, já existia a rede de importados. Na época decidimos criar a rede exclusiva para o HB20, porque era um segmento novo. Até hoje continuamos com duas redes e tem dado certo. A receita funciona, então não teremos qualquer mudança nisso a curto prazo”, informa.
Dessa forma, também não está nos planos a importação de veículos para aumentar o portfólio da HMB no País – essa parte do negócio continua com o Grupo Caoa. “A minha responsabilidade é HMB, Creta e [linha] HB20. Não posso falar pelo nosso importador, apesar de conversarmos diariamente. O importante é que tanto eles, quanto nós, sempre estamos monitorando oportunidades”, diz. Na mão contrária, das exportações, o alcance da Hyundai no Brasil continua bastante limitado: quase 98% dos carros produzidos em Piracicaba são destinados ao mercado brasileiro, enquanto vendas para Uruguai, Paraguai e Colômbia representam menos de 3% da produção.
Mesmo só dependendo do mercado interno para sustentar a fábrica no País, Martinez confia que a HMB não vai precisar encolher suas operações comeerciais. “Algumas atividades específicas poderão ser redimensionadas. Uma delas é área de vendas de algumas revendas. Vimos que é possível vender milhares de carros remotamente. Algumas marcas que tinham showroom que eram palácios irão revisar este conceito”, avalia.
Montadora avalia que altos investimentos em nacionalização esbarram na escala atual
A Volvo deverá manter pelos próximos anos seu índice atual de componentes importados para a produção de caminhões, que está atualmente na média de 30% a 35%, dependendo do modelo. Para a companhia, diversos fatores impactam na decisão de nacionalizar conteúdo e esse planejamento não leva em conta apenas a forte elevação do dólar, como a que tem acometido o Brasil desde o início da pandemia, com variação que chegou a 40% neste período.
Para o diretor comercial da Volvo, Alcides Cavalcanti, essas variáveis, como o câmbio e o volume reduzido da produção por causa da pandemia aumenta o custo unitário da produção – o que também afeta os volumes dos fornecedores.
“Tudo isso aumenta o custo de produção e aumentar o nível de nacionalização requer altos investimentos – e o segredo para justificar esses investimentos é a escala. Esse patamar de importados [de 30%] deve se manter pelos próximos anos”, afirma Cavalcanti. “Mesmo se o câmbio cair, não vejo uma redução tão drástica no médio prazo”, completou.
O executivo lembra da importância de manter um índice alto de nacionalização para poder financiar o produto via Finame, que exige o mínimo de 60% de produtos nacionais. Com o cenário atual de crise gerada pela pandemia, o Finame voltou a ser mais atrativo como linha de crédito do que o CDC (crédito direto ao consumidor), uma vez que as taxas do CDC subiram, elevando seu custo.
“No passado recente, o Finame era responsável por 90% dos financiamentos de veículos comerciais pesados, isso reverteu há algum tempo para o CDC, quando se tornou no início do ano passado mais atrativo. Mas agora, reverteu novamente e o Finame já responde por 70% dos financiamentos”, comenta.
Por causa do maior custo de produção e da alta do dólar, a Volvo está repassando os custos adiante aplicando um reajuste de preços em sua nova linha de caminhões 2021, com alta de 8% para a linha VM e de 12% para os caminhões da linha FH. O diretor comercial acrescenta que os novos valores serão aplicados até o início do quarto trimestre de 2020.
“Esses reajustes não são suficientes para cobrir os impactos que vieram com a pandemia. Em outubro, vamos reavaliar se haverá outro reajuste para o fim do ano, provavelmente vai ter, mas não como esses índices de agora”.
Até maio, montadora registra a menor queda de emplacamentos entre as demais concorrentes
Conforme o período de pandemia vai se arrastando, as fabricantes de veículos vão se readequando a este cenário, que deve se estender ainda por alguns meses e deixar sequelas bem visíveis no mercado. É o caso da Volvo, que projeta uma retração importante do mercado brasileiro.
“Neste momento é muito difícil fazer qualquer previsão, mas seguindo a linha que a Anfavea divulgou, de uma queda de 36% das vendas de caminhões para este ano, nós da Volvo acreditamos que este ‘novo normal’ deve ser de algo entre 30% a 40% abaixo do que foi em 2019”, disse o diretor comercial para caminhões Volvo, Alcides Cavalcanti.
O executivo reforça que é um grande desafio avaliar todos os impactos da pandemia na economia nos próximos meses. Ele cita, por exemplo, algumas previsões do PIB que apontam queda de 6%, 8% ou ainda 11% em 2020, o que seria devastador para o mercado em geral.
A METADE CHEIA DO COPO
Apesar de tudo, a montadora comemora feitos positivos. Entre janeiro e maio deste ano, foi a marca que menos perdeu em termos de volume de vendas com relação às demais concorrentes do mercado de caminhões. Com pouco mais de 5,5 mil unidades emplacadas, sua queda foi de 5,1%. Como base, as líderes do mercado, Mercedes-Benz e Volkswagen Caminhões, registraram índices negativos no mesmo período de 24% e 17%, respectivamente.
Segundo Cavalcanti, nos primeiros cinco meses de 2020, o extrapesado FH 540 continuou como o modelo mais vendido no Brasil entre todas as categorias – ganhou esse posto em 2019 como o caminhão mais vendido do País. Depois dele, a vice-liderança também é de um Volvo, o FH 460.
Com isso, a participação da marca no segmento de extrapesados subiu para o seu melhor nível histórico no mercado brasileiro, com 33%. No segmento de semipesados, com o caminhão VM, a Volvo contabiliza participação de 11%.
O executivo pontua como outro ganho o aumento das vendas de planos de manutenção, que atingiram índice de 80% - antes a média era de 60% a 70%. O plano mais vendido é o básico, com troca de óleo e filtros.
A Volvo, que interrompeu suas operações na fábrica de Curitiba (PR) por causa da pandemia, ficou totalmente paralisada ao longo de todo o mês de abril, retomando as atividades no início de maio. Segundo Cavalcanti, como qualquer outra fábrica do setor, a empresa retomou as operações com ritmo de produção abaixo do nível pré-pandemia. No entanto, conta que em junho a linha de montagem já trabalha com uma cadência melhor com relação a maio.
“Obviamente, não é o ritmo pré-Covid, mas é uma produção suficiente para atender a demanda do agronegócio, por exemplo, que é responsável por algo entre 30% e 40% das vendas totais de caminhões extrapesados no Brasil”, afirma.
Segundo ele, a produção atual segue uma carteira de pedidos e encomendas que já estavam no radar na empresa, muito em função de atividades do agronegócio, como o setor sucroalcooleiro, que está na época em que se equipa e se prepara para a safra.
“A carteira de pedidos que temos hoje está tomada, consolidada pelos próximos 60 dias de produção; agora que a rede [de concessionárias] está começando a fazer as vendas para entregas em agosto. Vamos ver como o mercado vai se comportar nos próximos meses e claro, se houver algum agravamento por causa da pandemia, como empresas fechando, isso poderá sim afetar o nosso negócio”, explica o diretor comercial.
Cavalcanti conta que atualmente, as concessionárias atuam sem restrições e comenta que a empresa acompanha de perto os poucos casos da Covid-19 registrados entre funcionários da rede, felizmente sem nenhum óbito.
Empresa vendeu 70 equipamentos de refrigeração para implementos rodoviários
A despeito da retração de mercado por causa da quarentena, a Frigo King vendeu em maio 70 equipamentos de refrigeração para implementos rodoviários, superando a expectativa dos executivos da companhia. O resultado reflete o aumento da demanda por transporte para esse segmento.
“Historicamente, maio é um mês de vendas fracas”, afirma o diretor da empresa, Marcos de Paula. Ele informa também que o resultado vai contribuir para “reduzir as perdas em 2020”.
Para 2021, a Frigo King acredita em recuperação acentuada no transporte de produtos perecíveis por causa de uma iminente renovação de frota de implementos refrigerados adquiridos com juros subsidiados no meio da década.
A idade de renovação desses implementos começa aos cinco anos e no ano que vem eles completam seis anos, motivando as substituições. O aumento da produção e consumo de proteína animal no País também motiva a venda de máquinas agrícolas. O setor apresenta ligeira alta no acumulado do ano, ao contrário do que ocorreu tanto em veículos leves como pesados.
A promove webinar sobre manufatura aditiva como resposta aos novos desafios da produção
Na terça-feira, 16 de junho de 2020, acontece o webinar “Manufatura aditiva como resposta aos novos desafios da produção”, ministrado por Franciele Pume, gerente comercial de manufatura aditiva da SKA. O evento irá tratar sobre como a tecnologia da impressão 3D da HP pode ser apoio à indústria, tanto na produção de protótipos quanto de peças finais, mostrando-se grande aliada da produção como um todo.
O webinar irá abordar a visão da HP sobre a manufatura aditiva como solução dentro do seu portfólio de produtos, falando de sua tecnologia exclusiva desenvolvida para a impressão 3D, Multi Jet Fusion, e um pouco sobre como as impressoras podem ser de grande valia para o chão de fábrica, não apenas para simulações e protótipos.
Empresa teria sido afetada por um vírus de resgate, que impediu a utilização de alguns sistemas computacionais.
A Honda suspendeu parte da produção global de automóveis e motocicletas, após ter sido alvo de um ataque hacker. Além de fábricas, a operação de serviços ao consumidor e serviços financeiros também foi afetada.
O ataque aconteceu na noite de segunda-feira e forçou algumas das fábricas da montadora a interromper as operações, pois a empresa precisava garantir que seus sistemas de controle de qualidade não fossem comprometidos, de acordo com a agência Reuters.
A praga foi do tipo ransomware, um vírus de resgate, que geralmente embaralha informações e arquivos dos computadores, impossibilitando o uso. Vírus de resgate são assim chamados porque exigem que a vítima desembolse uma quantia financeira para restaurar arquivos e o funcionamento de sistemas "sequestrados".
Segundo informações do portal The Verge, não há evidências de que informações pessoais foram acessadas ou perdidas com a brecha.
Por causa do problema, os serviços de pagamento aos consumidores foram afetados e usuários reclamaram em redes sociais sobre os sistemas, que estão fora do ar.
A produção foi retomada na maioria das fábricas nesta terça-feira (9), mas a principal fábrica nos Estados Unidos, em Ohio, bem como as da Turquia, Índia e Brasil, continuam paralisadas, pois o ransomware prejudicou os sistemas de produção da empresa, disse o porta-voz que falou com a agência Reuters.
G1/Auto Esporte ( publicado em 09-06-2020)
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