| |
Chamada de Notícias
Logística Reversa
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
| | | | | Medida gerará impacto positivo no meio ambiente e aos cofres do Estado
Uma nova lei sancionada no dia 20 de janeiro de 2020 permite que o Paraná avance rumo à Economia Circular. A Lei Estadual nº 20.132/2020 prevê que os fornecedores de produtos ou serviços ao Estado deverão promover a logística reversa dos resíduos pós-consumo.
Desta forma, todos os produtos e embalagens comprados pelo governo estadual deverão ser devidamente recolhidos, destinados e reaproveitados pelos fornecedores após o uso. Tal medida gerará um impacto positivo ao meio ambiente e aos cofres do Estado. Porém, apesar da inovação, ainda há pontos importantes que precisam ser regulamentados e melhorados.
Ao longo de 2019, o Estado do Paraná gastou mais de R$1,1 bilhão em compras públicas de produtos, dos mais simples aos mais complexos. A grande parte destes materiais acaba sendo utilizada e descartada sem que haja necessariamente um zelo com a sua destinação final. Já existem empresas que estão preocupadas com todo o ciclo de vida de seus produtos, mas muitas ainda não se sentem estimuladas em participar dos processos de logística reversa.
A nova lei valorizará as indústrias que já realizam os processos de logística reversa, o que será um estímulo a mais àquelas que ainda não investem nestas práticas. Para participar, essas indústrias poderão procurar os sindicatos de seus respectivos segmentos e institutos especializados, como o Instituto Paranaense de Reciclagem (InPAR), para obter mais informações e detalhes sobre o assunto.
Apesar dos pontos positivos, há ainda fatores importantes a serem regulamentados. Uma das questões que permeiam o assunto é como comprovar que 100% dos resíduos utilizados foram reaproveitados por meio da logística reversa. A meta não é simples de ser alcançada e deve demandar grandes investimentos e articulações entre os envolvidos neste processo.
A respeito disso, também há que se esclarecer a ausência dos titulares do serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, assim como dos consumidores (no caso, o próprio Governo do Estado) na definição de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida. A ausência destes dois atores no processo contraria a própria Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), legislação que deve servir como base para todas as normatizações sobre o tema.
Outro ponto de preocupação é a ruptura com o modelo de acordos setoriais e termos de compromisso construídos nos últimos anos. Existem acordos específicos para o descarte de alguns produtos pós-consumo que se tornaram eficientes e são vistos como referências nos processos de logística reversa. O ideal, claro, seria reconhecer e trabalhar em parceria com as entidades que fazem parte dessas iniciativas.
É claro que ainda existem ajustes e correções de rota a serem feitos. Institutos, associações e sindicatos devem participar das discussões para a regulamentação dessa lei. Por parte do InPAR, estaremos de portas abertas para auxiliar nesse processo e colaborar para que as indústrias se adequem às necessidades dessa nova legislação. De qualquer maneira, trata-se de uma lei extremamente importante e que estimulará o setor produtivo a ser mais eficiente e sustentável.
*Mauricy Kawano é coordenador de sustentabilidade da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e membro do Comitê técnico do Instituto Paranaense de Reciclagem (InPAR)
| Segs ( publicado em 09-03-2020) | | | | A Caravana do ICMS Ecológico leva informações sobre essa ferramenta que beneficia cidades que mantém áreas bem preservadas. O evento aconteceu em Cornélio Procópio e Arapongas e ocorrerá em outras cidades. Veja a programação
A Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo do Paraná e o Instituto Água e Terra promoveram nessa quinta e sexta-feira (05 e 06), em Cornélio Procópio e Arapongas, o evento Caravana do ICMS Ecológico. O objetivo dos encontros foi apresentar aos municípios como funcionam os cálculos do ICMS Ecológico por biodiversidade e por mananciais, quais são os benefícios que este instrumento pode gerar aos municípios, os critérios para participar e as metodologias utilizadas nos cálculos.
Ao final das apresentações os representantes dos municípios puderam esclarecer dúvidas diretamente com a equipe técnica de atendimento.
Segundo o secretário da pasta, Márcio Nunes, o Paraná foi o primeiro Estado a remunerar os municípios que possuem áreas de mata nativa protegidas por lei e bem preservadas. “O programa, criado em 1991, repassa recursos, de forma justa e correta, às cidades que mantém áreas preservadas com plano de manejo, investimentos e melhorias para a recuperação ambiental”.
O ICMS Ecológico é uma ferramenta importante para os municípios que preservam essas áreas. “O evento busca ampliar, reforçar e reiterar o interesse do Governo do Estado em manter as áreas de preservação e melhorar a qualidade desses espaços”, explica o diretor de Patrimônio Natural do Instituto Água e Terra, Rafael Andreguetto.
Para o deputado estadual Luiz Claudio Romanelli, esse recurso traz benefícios para os moradores e turistas. “Esses espaços preservados melhoram a qualidade de vida, o equilíbrio do clima e o lazer para os moradores da cidade”.
COMO FUNCIONA - O ICMS Ecológico trata do repasse de recursos financeiros aos municípios que abrigam em seus territórios unidades de conservação ou áreas protegidas, ou ainda mananciais para abastecimento de municípios vizinhos.
O ICMS Ecológico corresponde a 5% do ICMS, que devem ser divididos em partes iguais entre os municípios que tenham mananciais para preservar e as cidades que abrigam unidades de conservação, terras indígenas, reservas particulares do patrimônio natural (RPPNs), faxinais e reservas florestais legais.
Do montante arrecadado com a cobrança do imposto, 25% são distribuídos aos 399 municípios. A divisão atende critérios técnicos que vão desde o volume de negócios firmados dentro da cidade à produção agropecuária, passando pelo número de habitantes e pelo fator ambiental – que é o ICMS Ecológico. Quanto melhor o desempenho do município nos critérios, maior será a fatia dele na divisão do ICMS.
Os cálculos do ICMS Ecológico englobam o coeficiente de Conservação da Biodiversidade para o município; o coeficiente de Conservação da Biodiversidade para o Estado; o Índice Ambiental por unidade de conservação para o município; e o total de recursos financeiros repassados ao município.
Serviço
Confira a programação da Caravana do ICMS Ecológico
Umuarama
Data: 12 de março
Horário: 14h
Local: Sociedade Rural de Umuarama - Auditório Anfiteatro Ademar Ulina Filho
Endereço: Rodovia PR-323, km 304
Campo Mourão
Data: 13 de março
Horário: 14h
Local: Comcam
Endereço: Rua Brasil, 879 - Centro
Ponta Grossa
Data: 19 de março
Horário: 14h
Local: Sebrae
Endereço: Rua Lauro Cunha Fortes, 450 - Uvaranas
Guarapuava
Data: 20 de março
Horário: 14h
Local: Auditório da OAB
Endereço: Rua Padre Chagas, 4476
Cascavel
Data: 26 de março
Horário: 14h
Local: Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (Amop)
Endereço: Rua Pernambuco, 1936
Maringá
Data: 27 de março
Horário: 14h
Local: Auditório do Departamento de Economia - Bloco C, 34 Campus da Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Endereço: Avenida Colombo, 5790 - Zona 7
Fazenda Rio Grande
Data: 1º de abril
Horário: 14h
Local: Teatro Municipal
Endereço: Rua Itália, 287
União da Vitória
Data: 02 de abril
Horário: 14h
Local: Auditório da 6ª Regional de Saúde
Endereço: Rua Marechal Floriano, 262-266 - Centro
| Sedest (publicado em 06-03-2020) | | | | A Prefeitura de São José dos Pinhais, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, em uma parceria com o projeto […]
A Prefeitura de São José dos Pinhais, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, em uma parceria com o projeto Meu Ambiente e a empresa Amapaz, realizou na manhã e na tarde desta segunda-feira (9), oficinas de compostagem nas Associações de Catadores Moranguinho e Sementes do Amanhã. As Associações Reciclar e Sociedade Unida receberão posteriormente as oficinas.
Um dos objetivos principais da ação é estimular a autonomia e o empoderamento dos associados e familiares por meio da realização de oficinas de horta e compostagem. Os próprios associados serão beneficiados com a ação, já que poderão usufruir de uma alimentação mais saudável e completa, além de desfrutar dos benefícios terapêuticos que o plantio pode oferecer aos associados.
Os alimentos oferecidos para o plantio variam, incluindo hortaliças e temperos, como cebolinha, salsa, alface, entre outros. Para o secretário de Meio Ambiente, Ahirton Sdroiesk Junior, a ação foi pensada dentro do projeto de Educação Ambiental, que visa relacionar à destinação correta dos resíduos e também a divulgação das associações de catadores apoiadas pela Prefeitura.
“A ideia é usar o resto de comida para a compostagem. A ação foi pensada para as associações porque elas são parceiras da Prefeitura, e nós apoiamos totalmente as associações. Eles vão poder usufruir desses alimentos em seu dia a dia”, comentou o secretário.
As atividades das oficinas de compostagem nas associações se iniciaram com palestras e orientações sobre o início das atividades de plantio, além de ressaltar a importância do cultivo e da melhoria de vida dos associados por meio de hábitos novos de alimentação.
| Secretaria do Meio Ambiente de São José dos Pinhais ( publicado em 09-03-2020) | | | | Encontro na Câmara discute PL que propõe sistema independente do serviço público de limpeza
Na segunda (9) um encontro vai debater o Projeto de Lei (PL) nº295/2019, que estabelece a obrigatoriedade da implantação de logística reversa no município de São Paulo.
Segundo seu autor, o vereador Gilberto Natalini (PV-SP), o PL estabelece as diretrizes que faltavam para a implementação da política de resíduos nacional na cidade: cria metas, prazos e estipula sanções para as empresas que não se responsabilizarem ativamente pela coleta, reincorporação na produção ou destinação adequada dos resíduos gerados pós-consumo.
“É necessário adaptar a lei federal, que é boa, mas tem dificuldade de ser implantada. O PL se baseia nos acordos setoriais que já existem de materiais como óleo lubrificante, baterias, pilhas, embalagens, pneus”, explica.
O PL condiciona a obtenção de licença de funcionamento, o alvará de funcionamento municipal, ao cumprimento das metas de logística reversa de cada setor.
“A ideia é desonerar o setor público. Não é justo que nós, sociedade, arquemos com os enormes custos de coleta, tratamento e destinação desses materiais. Quem produz, comercializa e importa tem de se responsabilizar”, diz Natalini.
O Projeto de Lei estabelece que fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de produtos como pneus, eletroeletrônicos, embalagens plásticas, vidros, alumínio, papel entre outros devem estruturar e implantar sistemas de logística reversa com o retorno dos produtos e embalagens após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana.
Também segundo o projeto, as ações realizadas pelo município devem ter seus custos ressarcidos pelo setor empresarial, uma vez que a coleta e a disposição final desses produtos da logística reversa são de sua responsabilidade.
O debate sobre o PL 259/2019- Logística Reversa na cidade de São Paulo acontece dia 9/03 (2ª feira), das 9h às 13h, na Câmara Municipal de São Paulo, viaduto Jacareí, 100- 1º andar.
Mara Gama - Jornalista e consultora de qualidade de texto.
| Folha de S. Paulo ( publicado em 06-03-2020) | | | | Legislação que prevê metas para descarte correto de resíduos completa 10 anos, mas na prática pouco mudou – o país recicla apenas 3% de suas 79 milhões de toneladas de lixo produzidas por ano
Em agosto de 2020, a Política Nacional de Resíduos Sólidos completa 10 anos. Mas a legislação que estabelece estratégias para a prevenção e a redução da geração de lixo, além de criar metas para enfrentar problemas ambientais, sociais e econômicos que decorrem do manejo inadequado dos descartes está longe de ter alcançado seu objetivo — especialmente quando o assunto é reciclagem.
O Brasil gerou, em 2018, 79 milhões de toneladas de lixo por ano, um aumento de quase 1% em relação ao ano anterior, segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos 2018, elaborado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Deste total, a estimativa é de que somente 3% sejam de fato reciclados, sendo que o potencial é de até 30%. “Não mudou muito a visão de que basta ter lixeiras e o sistema de coleta já está resolvido. Não está”, diz Ana Maria Luz, presidente do Instituto GEA — Ética e Meio Ambiente, organização que tem como finalidade desenvolver a educação ambiental.
Os dados são alarmantes. O Brasil é hoje o quarto maior produtor de lixo plástico, segundo um estudo da World Wildlife Fund (WWF): são 11,3 toneladas por ano, das quais somente 1,28% são recicladas. O número está bem abaixo da média mundial, de 9%. E, embora quase três quartos dos municípios façam algum tipo de coleta seletiva, a maioria se concentra no Sul e Sudeste. No Centro Oeste, menos da metade das cidades tem coleta seletiva.
Para piorar, em muitas localidades o serviço não abrange todos os bairros. Na prática, apenas 17% da população do país é atendida pela coleta seletiva, de acordo com um relatório de 2018 da ONG Compromisso Empresarial de Reciclagem (Cempre). A cidade de São Paulo, por exemplo, tem desde 2014 duas grandes centrais mecanizadas de triagem com capacidade diária para até 250 toneladas cada, mas recebem somente metade desse volume, segundo João Gianesi Netto, presidente da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP). Se somadas à rede de cooperativas de catadores manuais, a capacidade chega a pouco mais de 700 toneladas, embora o número processado nunca chegue a isso. “Onde está a falha?”, questiona Netto. No conjunto todo, de acordo com o próprio especialista.
Uma cadeia com muitas lacunas
“Qualquer programa de coleta seletiva depende que, primeiro, as pessoas pensem antes de jogar o resíduo no lixo para que ele seja separado desde a hora que cai na lixeira e, segundo, que ele chegue à reciclagem”, analisa a presidente do Instituto GEA.
O problema é que a maioria dos brasileiros ainda desconhece o funcionamento da reciclagem. Uma pesquisa do Ibope de 2018 mostra que 66% da população sabe pouco ou nada sobre coleta seletiva, e 39% não separam o lixo. Outro levantamento, este de 2019 feito pelo instituto Ipsos, revelou que 54% dos brasileiros não entendem como funciona a reciclagem em sua região — no restante do mundo, esse índice é de 47%, em média. “O sistema todo funciona mal porque não investimos em educação, se [o cidadão] não sabe nem o dia da coleta seletiva, ele não vai separar o lixo”, comenta Luz.
Falta informação também sobre o que é reciclável ou não. Embalagens de salgadinho e balas, por exemplo, são feitas de um plástico muito mole, que tem pouco valor comercial para ser reciclado, então raramente o são. Já embalagens sujas perdem a capacidade de reaproveitamento (sim, é preciso lavar o pote de iogurte antes de jogá-lo na lixeira). E, se o rótulo é impresso diretamente na embalagem (como nos potes de margarina), a tinta do material impede a reciclagem.
Na outra ponta, porém, existe um desinteresse político e industrial no tema pela falta de vantagens econômicas da reciclagem. Enquanto algumas embalagens têm logística de reaproveitamento consagrada, como produtos de aço, alumínio e papelão, outras são descartadas pela falta de retorno econômico, como o plástico. “Se o valor pago por elas é baixo, não há motivação para que catadores separem o produto”, diz Gianesi.
Daí uma das explicações para o Brasil ser um dos maiores recicladores de alumínio do mundo e o lanterninha quando o assunto é plástico: segundo a Cempre, 1 quilo de alumínio é vendido por R$ 3,7, em média; já a mesma quantidade de garrafas PET (segundo material de maior valor) rende, no máximo, R$ 1,8. “É preciso haver um incentivo para que as pessoas atuem nessa área de negócios, com mecanismos que favoreçam as indústrias que consumam o material reciclado e o tornem competitivo em relação ao material virgem”, explica o presidente da ABLP.
Mas não é tão simples: os próprios impostos do país são um empecilho. De acordo com Gianesi, o sistema tributário brasileiro taxa mais a matéria-prima reciclada do que a virgem, encarecendo o produto final. Dá para comprovar isso com uma rápida pesquisa em uma loja de produtos de escritório por atacado: um pacote com 5 mil folhas recicladas custa R$ 229, enquanto a mesma quantidade de folhas feitas de material virgem sai por R$ 209.
A reciclagem é uma farsa?
Diante de tamanha dificuldade em fechar os ciclos para tornar a cadeia completa, há quem questione se a reciclagem não passa de um mito: como não funciona na prática, só serviria para “aliviar” a consciência dos consumidores, que param de se preocupar com o destino final de seus resíduos.
É o ponto levantado pelo documentário A Farsa da Reciclagem, da série Desserviço ao Consumidor, disponível na Netflix. A produção mostra como grandes corporações introduziram plásticos descartáveis no mercado e investiram em propaganda defendendo que não há problema em seu consumo desenfreado — basta reciclá-los. Mas elas, muitas vezes, se isentam da responsabilidade de fazer isso acontecer. “É injusto que recaia nas costas da sociedade os custos de uma empresa que está ganhando em cima disso”, opina Luz.
Nos Estados Unidos, a “farsa” da reciclagem ganhou proporções jurídicas quando uma moradora da Califórnia, Kathleen Smith, descobriu que as cápsulas de café usadas em sua cafeteira não eram recicláveis, conforme anunciava a fabricante Keurig. Embora feitas de um plástico reciclável, são muito pequenas e leves para de fato serem reaproveitadas (mas rendem uma linda fantasia de Carnaval, como mostrou a ativista Giovanna Nader em seu Instagram no último dia 25 de fevereiro). O processo ainda está tramitando, mas já surtiu alguns efeitos: a empresa prometeu adotar embalagens 100% recicláveis ou compostáveis até 2025. Mas essa é só uma das grandes corporações que foram responsabilizadas pela encrenca; ainda faltam centenas de outras.
Isso significa, então, que devemos parar de nos preocupar com separar o lixo e seguir nossas vidas como se nada fosse acontecer (como de fato dificilmente acontece)? Não exatamente. O plástico é só a ponta de uma montanha de lixo — e a mais visível, por se tratar de um material leve que se espalha facilmente e bóia na água. Existem alternativas para embalagens menos agressivas ao meio ambiente, como o próprio caso da Keurig demonstra. O que falta é interesse econômico e político em adotá-las.
Lidar com o destino final do lixo também é um passo essencial. No Brasil, o que não é reciclado vai parar em aterros sanitários, lixões ou os chamados aterros controlados (que, apesar do nome, não têm um controle tão rígido assim da contaminação do meio ambiente ou das pessoas que trabalham ali). O mesmo relatório da Abrelpe revela que 59,5% (118,631 toneladas) do lixo produzido no país por dia acaba em aterros sanitários; 23% (45,830 toneladas) vão para os aterros controlados e 17,5% (34,850 toneladas) se destinam aos lixões – que devem ser extintos até 2021, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Sem o manejo correto, os resíduos podem cair em rios e córregos e, cedo ou tarde, chegam ao mar. Um estudo publicado em 2016 no periódico Science of the Total Environment estima que 80% do plástico no oceano vem de lixo gerado em áreas terrestres – apenas 20% são de atividades marítimas. Não à toa, existem hoje ilhas de plástico no Oceano Pacífico com tamanho equivalente a duas vezes o território da França.
Também não adianta acreditar que uma cruzada contra canudinhos ou sacolinhas plásticas vai dar conta do problema – nenhum item sozinho é responsável pelo problema. “Isso desvia a atenção do público para o que realmente importa”, diz Luz. O problema é sistêmico, e todos têm sua parcela de responsabilidade na solução: a indústria, o governo e você, claro.
| Revista Galileu (publicado em 29-02-2020) | | | | A lei existe desde 2010, tecnicamente é muito boa, moderna e atual, mas nunca foi implantada devido a outros interesses, diz o professor Marcelo Pereira (FFCLRP)
O Brasil bate recordes nada invejáveis em rankings mundiais de produção e falta de reciclagem de lixo plástico. Dados da World Wide Fund for Nature (WWF), organização não governamental internacional que atua nas áreas da conservação, investigação e recuperação ambiental, colocam o País como o 4º maior produtor mundial de lixo plástico e líder entre os dez maiores poluidores que menos reciclam.
“O problema é complexo e vai além do plástico, que já é seríssimo”, avalia o professor de Educação Ambiental da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, Marcelo Pereira, para quem o Brasil precisa de planejamento e política pública que contemple a “diminuição de geração de resíduos”.
Pereira vê descaso generalizado com o lixo no País. Há dez anos, conta, foi aprovada a Política Nacional de Resíduos Sólidos, com as diretrizes de enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos. “A política é tecnicamente muito boa”, mas até hoje não foi implementada.
Para o professor, o descaso com o meio ambiente é cultural e não mobiliza a sociedade, que também “não está nem aí”. Uma política efetiva de resíduos sólidos deve funcionar quando garantir redução na produção de lixo. Como exemplo, diz: “Vamos a qualquer farmácia e pegamos um remédio dentro de uma caixinha que foi colocada numa sacolinha plástica que não serve para nada, exceto ser descartada”.
E o problema toma maiores proporções, segundo o especialista, se compararmos o que acontece numa cidade com perfil muito diferenciado do restante do País, como é o caso de Ribeirão Preto, cultural e economicamente diferente, mas que “basta andar pela cidade para ver vários pequenos lixões, são domésticos, de construção civil e de pequenas indústrias”.
E o descaso chega ao catador de lixo. Sem a inclusão social prometida, “o abandonado pela sociedade vai atrás daquilo que agrega valor ao seu trabalho”. Então, o que funciona com a reciclagem das latinhas de bebidas atende apenas a uma questão de mercado. O lixo plástico vale muito pouco em relação ao que se paga pelo metal.
Assim, entre descasos e mercado menos favorável ao lixo plástico, o Brasil acumula, segundo a WWF, produção de 11.500 milhões de toneladas de lixo plástico por ano, com reciclagem de apenas 145 toneladas, 1,28% do total, enquanto a média mundial é de 9%.
As informações divulgadas no final do ano passado são de um levantamento feito em mais de 200 países. Estados Unidos, China e Índia estão à frente do Brasil, nessa ordem.
| Jornal da USP ( publicado em 17-02-2020) | | | | Para garantir o meio ambiente mais equilibrado é preciso ter consciência sobre o que é consumido e o impacto gerado.
Com taxas muito baixas de reciclagem, o mundo vive um colapso quanto ao descarte de resíduos. A gestão de resíduos é um problema mundial. "O governo e as indústrias necessitam perceber como é benéfico investir em projetos sustentáveis que garantam a credibilidade de suas ações", salienta Vininha F. Carvalho, editora da Revista Ecotour News (www.revistaecotour.news).
Contribuindo para viabilizar essa mudança de comportamento tão urgente e fundamental para a sustentabilidade, os consumidores estão dando preferência para aquelas empresas que possuam um posicionamento ativo e comprometido no que diz respeito a iniciativas de baixo impacto ambiental.
"Grande parte das atividades humanas modernas utilizam produtos descartáveis feitos de material plástico. Anualmente, são geradas cerca de 300 milhões de toneladas de lixo plástico no mundo, sendo 14% desse resíduo encaminhado para reciclagem e apenas 9% efetivamente reciclado", relata Vininha F. Carvalho.
O processo de reciclagem precisa ser prioridade. Porém, serão necessárias mudanças significativas no mercado. Está transição, além dos investimentos, envolve toda uma mudança na cadeia industrial que requer tempo para estruturação, até chegar ao tempo necessário para que todas essas questões se desenvolvam com a maturidade exigida pelo mercado.
Um dos principais desafios dos executivos atualmente é como tornar o seu negócio mais sustentável. A transição de uma economia linear para um modelo circular traz alterações significativas nos modelos de negócios e nas atividades de muitas indústrias. O conceito de economia circular afeta as empresas, produtos e serviços de diferentes maneiras. Ela é muito mais do que a gestão de resíduos.
A economia circular atuante tem que considerar o produto, o processo, o uso e o seu sistema de reutilização desde a concepção. O conceito engloba manter os recursos em uso o maior tempo possível, minimizar sua disposição, utilizar de maneira mais eficiente possível e recuperar e regenerar os produtos.Ela deve incentivar as empresas a pensar não só em sua etapa de produção individual, mas, sim, considerar toda a cadeia de valor para o seu desenvolvimento, uso, descarte e reuso de produtos.
Para garantir o meio ambiente mais equilibrado é preciso ter consciência sobre o que é consumido e o impacto gerado. As pessoas estão mais sensíveis a essa questão e, já aceitam até pagar mais caro por produtos sustentáveis.
No momento em que os efeitos negativos do crescimento econômico sobre o meio ambiente se tornam evidentes, os esforços para alcançar a sustentabilidade na dimensão adequada deve incentivar a população para se organizar visando economizar todos os recursos essenciais à vida.
"Economizar energia, reciclar, incentivar um sistema de coleta de água da chuva e promover outras ações sustentáveis, já fazem parte do cotidiano de muitas pessoas visando contribuir para o futuro das próximas gerações", conclui Vininha F. Carvalho.
| TERRA( PUBLICADO EM 10-03-2020) | | | | Estado se torna o primeiro no avanço da implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos no país
O Governo de Alagoas segue sendo pioneiro no avanço da implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) no país. Na quinta-feira (5), o Estado se tornou o primeiro do Nordeste e o quinto no país a assinar o termo de compromisso para implantar a logística reversa de baterias de chumbo ácido, que são usadas na indústria e, principalmente, em veículos automotores.
A ação é um marco para o meio ambiente. Com o termo assinado e o encerramento de 100% dos lixões, em 2018, o Estado eleva sua imagem, no cenário nacional, na redução da geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de consumo sustentável e o conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos, (aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado) e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado).
As baterias de chumbo ácido, depois da sua vida útil, se tornam um resíduo perigoso a serem gerenciados de forma correta. Elas não podem ser descartadas em qualquer local nem disponibilizadas para a coleta domiciliar nem na seletiva, ou para cooperativas de catadores, por conterem metais pesados, que podem causar significativo impacto ambiental, além de danos à saúde, se manuseadas de forma incorreta.
“Hoje é um momento muito importante para o Estado de Alagoas na questão da logística reversa, que impactará de forma direta o meio ambiente. Mostra que o trabalho que estamos fazendo vem sendo correspondido. E o intuito é de transformar Alagoas para ser realmente referência nas políticas de resíduos, exemplo disto foi o encerramento dos lixões e a implantação de várias logísticas reversas em vários segmentos”, destacou secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Fernando Pereira.
Juntamente com a Semarh, assinaram o termo, o diretor-presidente do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA), Gustavo Lopes; o presidente da Federação do Comércio de Bens Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomercio), Gilson Lima e a direta executiva do Instituto Brasileiro de Energia Reciclável (Iber), Amanda Schneider.
Para o diretor-presidente do IMA, Gustavo Lopes, a assinatura mostra o compromisso da gestão ambiental de Alagoas. “Mais um marco para o meio ambiente de Alagoas. Depois de encerrar 100% dos lixões, alagoas e o primeiro do Nordeste e o quinto do Brasil, isso mostra mais um compromisso de gestão ágil. Do poder público com relação a políticas ambientais e o desenvolvimento sustentável”, disse Lopes.
O próximo passo será dado pela entidade gestora, Iber, onde será responsável, dentre as suas atribuições, por compilar e analisar as informações referentes à comercialização de Baterias novas, ao recolhimento e à destinação final de Baterias Inservíveis, conforme as metas previstas no Termo de Compromisso.
“Vamos servir de intermediários entre o Estado e o setor privado para buscar a implementação da política nacional de resíduos sólidos, e hoje temos uma ferramenta e modelo de certificação que demonstra as empresas que estão comprometidas com a sustentabilidade. Iremos agora iniciar o projeto aqui no estado, acompanhar a implementação da lei e aguardar os resultados”, esclareceu, a direta executiva do Iber, Amanda Schneider.
| O Fato (publicado em 06-03-2020) | | | | Na manhã desta sexta-feira (06), a Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará (Aesp/CE) assinou o termo de compromisso para adesão à coleta e destinação de resíduos recicláveis, no âmbito do programa Coleta Seletiva Solidária, que é coordenado pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema).
A solenidade ocorreu no auditório da Instituição de Ensino e contou com a presença do diretor-geral da Aesp, Juarez Gomes Nunes Júnior; do secretário do Meio Ambiente, Artur Bruno, e do presidente da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis Raio de Sol, Cícero Gladiano Nascimento de Sousa.
A Coleta Seletiva Solidária foi instituída pelo decreto nº 32.981 de 2019 e visa a implantação da coleta seletiva nos órgãos da administração pública estadual, criando assim, processos que contribuam para o correto descarte de resíduos sólidos, além de promover a inclusão social e renda para os catadores de materiais recicláveis, associados ou cooperados.
Durante o evento, o titular da Sema, Artur Bruno destacou a importância do programa para a criação de uma nova consciência ambiental. “O mais importante é a educação ambiental. Nós precisamos mudar a nossa cultura, o nosso comportamento, ou seja, nós precisamos repensar o nosso consumo. É preciso que a gente recicle aquilo que a gente já tem, aquilo que a gente chama de lixo, mas na verdade não é lixo. Muito do que a gente chama de lixo é material reciclável e gera emprego e renda para os catadores”, destacou Artur Bruno.
Com a adesão ao programa, a partir de agora, os resíduos sólidos recicláveis produzidos pela Academia serão doados para a Associação de Catadores de Materiais Recicláveis Raio de Sol, que é uma das entidades habilitadas pela Secretaria do Meio Ambiente para realizar a Coleta Seletiva Solidária.
“A partir de agora vamos caminhar juntos nesta construção, e na perspectiva de fazer um bom trabalho que é coletar esses materiais recicláveis… Temos a plena consciência de que esse material vai entrar numa cadeia produtiva da reciclagem, vai ser industrializado e vai fazer funcionar o meio da logística reversa”, explicou o presidente da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis Raio de Sol, Cícero Gladiano Nascimento de Sousa.
Para o diretor-geral da Aesp, Juarez Gomes Nunes Júnior, a iniciativa do governo estadual traz mais visibilidade às questões ambientais e serve de exemplo para servidores e instituições. “Eu fico muito feliz em ver que a preservação do meio ambiente, que é uma preocupação da sociedade como um todo, está sendo institucionalizada dentro do governo.
A gente precisa cuidar do nosso ambiente, da nossa cidade, do nosso bairro, do nosso local de trabalho. A nossa equipe de zeladoria já fazia um bom trabalho na Aesp, e agora com a ajuda da Sema e da Associação vamos poder descartar esses resíduos de uma forma mais adequada, e contribuir ainda mais com o meio ambiente”, declarou Juarez Júnior.
A Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará (Aesp/CE) é o décimo primeiro órgão da administração pública estadual a assinar o termo de compromisso para a coleta seletiva solidária. O programa já foi aderido pela Secretaria de Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos – SPS; Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos – Cogerh; Superintendência de Obras Hidraúlicas – Sohidra; Secretaria de Esporte e Juventude – Sejuv; Superintendência Estadual do Meio Ambiente – Semace; Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior – Secitece; Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará – Adagri; Escola Gastronomia Social Ivens Dias Branco e a Vice – Governadoria do Estado, além da própria Sema.
| Governo do Estado do Ceára (publicado em 06-03-2020) | | | | Um amplo relatório climático da ONU, divulgado nesta terça-feira (10), mostra que a mudança climática está tendo um efeito importante em todos os aspectos do meio ambiente, bem como na saúde e bem-estar da população global
O relatório documenta sinais físicos das mudanças climáticas — como aumento do calor da terra e do oceano, aceleração da elevação do nível do mar e derretimento do gelo — e os efeitos indiretos em desenvolvimento socioeconômico, saúde humana, migração e deslocamento, segurança alimentar e nos ecossistemas terrestre e marítimo.
Um amplo relatório climático da ONU, divulgado nesta terça-feira (10), mostra que a mudança climática está tendo um efeito importante em todos os aspectos do meio ambiente, bem como na saúde e bem-estar da população global.
O relatório, a “Declaração da OMM sobre o estado do clima global em 2019“, liderado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), contém dados fornecidos por uma extensa rede de parceiros.
Ele documenta sinais físicos das mudanças climáticas — como aumento do calor da terra e do oceano, aceleração da elevação do nível do mar e derretimento do gelo — e os efeitos indiretos em desenvolvimento socioeconômico, saúde humana, migração e deslocamento, segurança alimentar e nos ecossistemas terrestre e marítimo.
Fora do caminho para limitar aquecimento em 1,5°C
No prefácio do relatório, o chefe da ONU, António Guterres, alertou que o mundo está atualmente “fora do caminho para limitar o aquecimento a 1,5°C ou 2°C, conforme exigido pelo Acordo de Paris”, referindo-se ao compromisso assumido pela comunidade internacional em 2015 para manter as temperaturas médias globais bem abaixo de 2°C acima dos níveis pré-industriais.
Vários recordes de calor foram quebrados nos últimos anos e décadas: o relatório confirma que 2019 foi o segundo ano mais quente já registrado e 2010-2019 foi a década mais quente já registrada. Desde a década de 1980, cada década sucessiva tem sido mais quente do que qualquer década anterior desde 1850.
O ano mais quente até agora foi 2016, mas isso pode ser superado em breve, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas. “Dado que os níveis de gases de efeito estufa continuam a aumentar, o aquecimento continuará. Uma previsão recente indica que um novo recorde anual de temperatura é provável nos próximos cinco anos. É uma questão de tempo”, acrescentou o secretário-geral da OMM.
Em entrevista ao UN News, Taalas disse que há um entendimento crescente em toda a sociedade, do setor financeiro aos jovens, de que a mudança climática é o problema número um que a humanidade está enfrentando hoje. “Portanto, existem muitos bons sinais de que começamos a avançar na direção certa.”
“No ano passado, as emissões caíram nos países desenvolvidos, apesar da economia em crescimento. Por isso, mostramos que é possível separar o crescimento econômico do crescimento das emissões. A má notícia é que, no restante do mundo, as emissões cresceram no ano passado. Então, se quisermos resolver esse problema, temos que ter todos os países a bordo.”
Taalas acrescentou que os países ainda não cumprem os compromissos assumidos na conferência climática da ONU em Paris em 2015, deixando o mundo atualmente a caminho de um aumento de temperatura de quatro a cinco graus até o final deste século. “Há claramente uma necessidade de níveis de ambição mais altos para levarmos a sério a mitigação climática.”
Incêndios florestais australianos elevam emissões de CO2
Taalas observou que 2020 registrou o mês mais quente de janeiro até agora e que o inverno foi “fora de estação” em muitas partes do Hemisfério Norte.
O aquecimento contínuo na Antártica viu o derretimento do gelo em grande escala e a fratura de uma geleira, com repercussões no aumento do nível do mar, e as emissões de dióxido de carbono dispararam após os devastadores incêndios florestais australianos, que espalham fumaça e poluentes pelo mundo.
O verão 2018-2019 da Austrália foi o mais quente já registrado, atingindo um pico de 41,9 graus centígrados em 18 de dezembro. Os sete dias mais quentes já registrados pelo país, e nove dos 10 mais quentes, ocorreram em 2019.
O país não foi o único afetado por calor extremo ou incêndios florestais. Recordes de calor foram quebrados em vários países europeus, incluindo França, Alemanha e Reino Unido. Até os países nórdicos registraram temperaturas recordes, incluindo a Finlândia, que registrou um pico de 33,2 graus na capital, Helsinque.
Várias regiões de alta latitude, incluindo Sibéria e Alasca, observaram altos níveis de focos de incêndio, assim como algumas partes do Ártico, onde anteriormente esse fenômeno era extremamente raro. A Indonésia e os países vizinhos tiveram a temporada de incêndios mais significativa desde 2015, e a atividade total de incêndios na América do Sul foi a mais alta desde 2010.
Os impactos generalizados do aquecimento do oceano
As emissões de gases de efeito estufa continuaram a crescer em 2019, levando ao aumento da temperatura do oceano, e fenômenos como aumento do nível do mar, alteração das correntes oceânicas, derretimento das prateleiras flutuantes de gelo e mudanças dramáticas nos ecossistemas marinhos.
O oceano sofreu aumento da acidificação e desoxigenação, com impactos negativos na vida marinha e no bem-estar das pessoas que dependem dos ecossistemas oceânicos. Nos pólos, o gelo marinho continua a declinar e as geleiras encolheram mais uma vez, pelo 32º ano consecutivo.
Entre 2002 e 2016, o manto de gelo da Groenlândia perdeu cerca de 260 Gigatoneladas de gelo por ano, com uma perda máxima de 458 Gigatoneladas em 2011/2012. A perda de 329 Gigatoneladas em 2019 ficou bem acima da média.
Inundações e secas sem precedentes
Em 2019, eventos climáticos extremos, alguns dos quais sem precedentes em escala, ocorreram em muitas partes do mundo. A estação das monções viu chuvas acima da média de longo prazo em Índia, Nepal, Bangladesh e Myanmar, e as inundações levaram à perda de cerca de 2.200 vidas na região.
Partes da América do Sul foram atingidas por inundações em janeiro, enquanto o Irã foi gravemente afetado no final de março e no início de abril. Nos Estados Unidos, as perdas econômicas totais resultantes das inundações foram estimadas em cerca de 20 bilhões de dólares. Outras regiões sofreram uma grave falta de água. A Austrália teve o ano mais seco já registrado, e o sul da África, a América Central e partes da América do Sul registraram chuvas anormalmente baixas.
Dois mil e dezenove também viu um número acima da média de ciclones tropicais, com 72 no Hemisfério Norte e 27 no Hemisfério Sul. Alguns ciclones notavelmente destrutivos foram o Idai, que causou devastação generalizada em Moçambique e na costa leste da África; Dorian, que atingiu as Bahamas e permaneceu quase parado por cerca de 24 horas; e Hagibis, que causou graves inundações no Japão.
O custo humano
A mudança climática está afetando a saúde da população global: os relatórios mostram que, em 2019, temperaturas recordes levaram a mais de 100 mortes no Japão e 1.462 mortes na França. Os casos de dengue também aumentaram em 2019, devido às temperaturas mais altas que facilitam a transmissão da doença por mosquitos.
Após anos de declínio constante, a fome está novamente em ascensão, impulsionada por mudanças climáticas e eventos climáticos extremos: mais de 820 milhões de pessoas foram afetadas pela fome em 2018.
Os países do Chifre da África foram particularmente afetados em 2019, onde a população sofreu com eventos climáticos extremos, deslocamento, conflito e violência. A região registrou secas, chuvas extraordinariamente fortes no final do ano e uma das piores pragas de gafanhotos dos últimos 25 anos.
Em todo o mundo, cerca de 6,7 milhões de pessoas foram deslocadas de suas casas devido a riscos naturais — em particular tempestades e inundações, como os muitos ciclones devastadores e inundações no Irã, Filipinas e Etiópia. O relatório prevê um número de deslocamentos internos de cerca de 22 milhões de pessoas durante todo o ano de 2019, ante 17,2 milhões em 2018.
COP26: hora de aumentar a ambição
“Temos que ter um objetivo elevado na próxima conferência climática em Glasgow em novembro”, disse Guterres, falando no lançamento do relatório na sede da ONU em Nova Iorque, nesta terça-feira, referindo-se à Conferência sobre Mudança Climática da ONU em 2020 (COP26), que será realizada na cidade escocesa em novembro.
O chefe da ONU pediu que todos os países demonstrem que é possível realizar cortes de emissões de 45% em relação aos níveis de 2010 nesta década, e que as emissões líquidas zero serão alcançadas até meados do século.
Quatro prioridades para a COP26 foram delineadas por Guterres: planos climáticos nacionais mais ambiciosos que manterão o aquecimento global 1,5 grau acima dos níveis pré-industriais; estratégias para atingir zero emissões líquidas até 2050; um programa abrangente de apoio à adaptação e resiliência ao clima; e financiamento para uma economia verde sustentável.
O chefe da ONU também abordou a disseminação contínua do coronavírus COVID-19, em resposta a uma pergunta sobre seu provável efeito no clima, dada a resultante queda na atividade econômica e, consequentemente, nas emissões. Guterres respondeu firmemente que “ambos requerem uma resposta determinada. Ambos devem ser derrotados”.
Embora as emissões tenham sido reduzidas, Guterres observou que “não combateremos as mudanças climáticas com um vírus”. Além disso, ele destacou a importância de não permitir que a luta contra o vírus distraia a necessidade de derrotar as mudanças climáticas, a desigualdade e os muitos outros problemas que o mundo está enfrentando.
Embora se espere que a doença seja temporária, a mudança climática, acrescentou o secretário-geral da ONU, é um fenômeno há muitos anos e “permanecerá conosco por décadas e exigirá ação constante”.
| Editora Expressão ( publicado em 10-03-2020) | | | | Modelo implementado em 2016 coleta latinhas e garrafas de bebida de vidro e plástico, garantindo altas taxas de retorno e reciclagem
Em fevereiro de 2016, o governo da Lituânia implementou um sistema de coleta de plástico, incentivando os cidadãos a devolverem garrafas e embalagens dos produtos consumidos para a reciclagem. Para combater a geração de lixo e aumentar a quantidade de material coletado, consumidores pagariam uma taxa extra de €0.10 sempre que comprassem garrafas ou embalagens plásticas e o valor seria devolvido com o depósito do material nos coletores.
O então Ministro do Meio Ambiente, Kęstutis Trečiokas, deu início à coleta em 2013. No ano seguinte o projeto de lei foi levado ao parlamento e incluía vidro, garrafas PET e embalagens metálicas de bebidas com capacidade de 0,1 a 3 litros.
No final de 2016, toda a população já estava sabendo do novo sistema de depósito e pelo menos 89% já tinham usado os coletores pelo menos uma vez. Quase 60% dos consumidores declararam encaminhar suas embalagens para reciclagem e mais de 78% classificaram o novo sistema de reciclagem como bom e necessário.
Antes da implantacão, apenas um terço das embalagens de bebida eram recicladas no país. A meta inicial era de 55% de embalagens retornando para a reciclagem com os coletores, mas este percentual chegou a 74,3% em 2016 e a 91,9% já no final de 2017.
Operação abrangente
A operação do sistema inclui dados o fornecimento de todos os dados sobre o material coletado, relatórios de reciclagem, logística de coleta e material de comunicação e conscientização para produtores e consumidores. O valor para a operação é pago com a venda dos recicláveis e pelas empresas que vendem bebidas em embalagens de PT, vidro ou latas.
Para garatir que os pontos de coleta fossem acessíveis a todos os consumidores, o governo implantou um sistema de coleta que obriga as grandes lojas que vendem bebidas a disponibilizarem um coletor além de oferecer unidades para lojas menores que queiram aderir ao sistema.
Os consumidores recebem o reembolso do valor das embalagens em dinheiro ou crédito para ser gasto nas próprias lojas, o que estimula o comércio.
“Temos a responsabilidade de cuidar do nosso país, da nossa sociedade e da natureza. Por isso desenvolvemos um sistema de coleta de recicláveis acessível a todos os cidadãos, produtores, importadores e comerciantes”, diz Saulius Galadauskas, presidente da Associação Lituana de Cervejeiros. “Temos orgulho do nosso sistema de reciclagem que nos aproxima do que queremos: um país mais limpo, mais bonito e moderno”.
Além de reciclar 92% das garrafas de plástico, o sistema garante boas taxas de coleta e posterior reciclagem para garrafas de outros materiais – 83% para o vidro e 93% para as latinhas.
| Ciclo Vivo (publicado em 12-03-2020) | | | |
|
| | |
|
|