| 27 de ABRIL de 2020
Segunda-feira
- COVID 19 - ATENÇÃO!! PUBLICADA A RETIFICAÇÃO DA PORTARIA SEPRT Nº 10.486/2020 (Normas relativas ao processamento e pagamento do Benefício Emergencial de que trata a MP nº 936/2020)
- Novas Propostas da Indústria para atenuar os efeitos da crise
- MP do governo libera crédito público a empresas devedoras da União
- Com base em ações adotadas no exterior, indústria lidera retorno ao trabalho
- Indústrias definem 'novo normal' ao retomar atividades
- Indústrias adaptam produção para fabricar itens usados no combate à pandemia
- Indústria brasileira pede proteção contra invasão externa
- Paraná vai cobrar R$ 250 milhões de empresas que sonegaram imposto via Santa Catarina
- Empresas de tecnologias para trabalho remoto estão entre as mais atrativas do mercado
- 'Mais de 500 grandes empresas terão de se reestruturar', diz executivo
- Países europeus vão proibir socorro a empresas registradas em paraíso fiscal
- Argentina suspende participação em negociações comerciais no Mercosul
- Paraná tem 1156 casos, 682 pacientes que se recuperaram e 73 óbitos
- Fomento Paraná atende pequenos negócios durante a pandemia
- Febraban diz que cinco maiores bancos emprestaram 22% a mais desde início da pandemia
- Paranaense se ‘acomoda’ com prazo e entrega do imposto de renda cai 41%
- Confiança do consumidor atinge menor patamar em 15 anos, diz FGV
- Confiança do comércio tem maior queda desde 2010
- Mercado financeiro projeta queda de 3,34% na economia este ano
- Mesmo em quadros com sintomas leves, Covid-19 pode comprometer pulmões
- Crise do coronavírus acentua desigualdade de gênero e cor, diz estudo
- Gestores recomendam ações tradicionais para atravessar instabilidade
- Economistas temem populismo e agenda desenvolvimentista com governo Bolsonaro mais fraco
- Para bater recorde real, dólar teria de subir mais 39% e chegar a R$ 7,86
- BoJ mantém taxa básica de juros em -0,10% e aumenta compras de dívida coporativa
- Sindicato diz que Embraer deve ser reestatizada para garantir empregos
- Fim de acordo Boeing-Embraer é chance de Brasil ter cautela com privatizações, dizem militares do governo
- Petrobras confirma redução do preço do diesel em 10% a partir de 27/04
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Em 27/04/2020
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No art. 9º da Portaria SEPRT nº 10.486, de 22 de abril de 2020, publicada no DOU de 24/4/2020, seção 1, páginas 165/167:
Onde se lê:
"§ 6oO fornecimento da conta bancária do empregado pelo empregador, prevista no inciso XII do § 1o, deverá ser precedido de expressa autorização do empregado.
§ 7oSe não for concedida a autorização prevista no § 6o, o BEm será creditado na forma do artigo 18.
§ 8oO prazo de dez dias para comunicação do acordo previsto no caput será contado a partir da data da publicação desta portaria para os acordos realizados antes da sua vigência".
Leia-se:
"§ 6oO fornecimento da conta bancária do empregado pelo empregador, prevista no inciso XII do § 1o, deverá ser precedido de expressa autorização do empregado.
§ 7oPara os acordos realizados anteriormente à vigência desta Portaria, o BEm terá como data de início a data da celebração do acordo, desde que informados no prazo de dez dias a partir da data de sua publicação.
| Ministério da Economia/Secretaria Especial de Previdência e Trabalho | | | | A CNI lançou um segundo pacote de propostas para minimizar os efeitos da crise econômica resultante da COVID-19.
Este segundo grupo de propostas se referem a medidas para prover financiamento às empresas, adiar o pagamento de tributos, reduzir o preço da energia elétrica, reduzir burocracia e facilitar o comércio exterior.
Confiram abaixo o documento completo, que também contém as medidas as propostas de medidas contidas em sua primeira edição:
Para ler o documento, clique na imagem.
| CNI | | | Medida criada pelo Ministério da Economia facilita financiamento público a empresas com dívidas fiscais e do FGTS
O governo editou uma nova MP (medida provisória) voltada ao crédito, desta vez permitindo a concessão de empréstimos com recursos públicos a empresas que tenham pendências com a União.
A medida, criada pelo Ministério da Economia, dispensa uma série de exigências previstas hoje na legislação, facilitando o financiamento público a empresas com dívidas fiscais e do FGTS, por exemplo. A liberação vai ficar em vigor até 30 de setembro de 2020.
A justificativa é o momento de calamidade pública trazida pelos efeitos do novo coronavírus e a necessidade de ampliar os programas de crédito emergencial para todas as empresas, de modo que elas mantenham as atividades e preservem empregos.
A nova MP libera, por exemplo, empréstimos com recursos públicos mesmo sem apresentação da Certidão Negativa de Débito (CND), que atesta a regularidade fiscal da empresa.
Esse ponto especificamente foi um pleito da CNI (Confederação Nacional da Indústria), para quem as linhas emergenciais anunciadas ou futuras precisam ter o maior alcance possível. Na visão da entidade, não faria sentido limitar ou restringir o uso de linhas e benefícios anticrise apenas às empresas com regularidade.
O governo já fez movimentos parecidos ao estender recentemente a validade das CNDs em vigor por 90 dias. O programa de financiamento de salários, instituído pela MP 944, também havia dispensado a apresentação de CND naquelas operações.
A Certidão é normalmente exigida em operações de crédito que usem recursos públicos, inclusive aqueles de fundos constitucionais e de incentivo ao desenvolvimento regional (como FNO, FNE e FCO), do FGTS, do FAT (Fundo de Amparo do Trabalhador) e do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), além daqueles que usam a caderneta de poupança (na habitação, por exemplo).
Também foi liberada pela nova MP a apresentação da regularidade do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), normalmente obrigatória na obtenção de créditos, isenções, subsídios e auxílios da administração pública. Com isso, as empresas devedoras do FGTS foram liberadas para contraírem empréstimos públicos.
Para empresários rurais, foi dispensada a apresentação de comprovantes de quitação do ITR (Imposto Territorial Rural) para créditos públicos voltados ao setor.
Apesar disso, o Ministério da Economia manteve o impedimento de conceder empréstimo público a empresas com dívidas de natureza previdenciária ou da seguridade social. Isso porque a Constituição impede o benefício a esse tipo de devedor.
O Ministério chegou a avaliar algum tipo de mudança para atender devedores do INSS, mas uma iniciativa desse tipo não encontrou consenso internamente porque beneficiaria um universo pequeno do conjunto total das empresas e ainda demandaria um esforço grande de aprovação via PEC (proposta de emenda à Constituição).
O governo ainda facilitou o penhor de veículos, revogando de forma definitiva um artigo do Código Civil que exigia nesse tipo de operação seguro contra furto, avaria, perecimento e danos causados a terceiros. A interpretação é que o Estado não pode fazer tal nível de ingerência em negócios privados.
As MPs têm força imediata de lei. Mesmo assim, precisam da posterior apreciação pelo Congresso para virarem definitivamente leis ordinárias. Seu prazo máximo é de quatro meses, perdendo a validade caso não tenha sua votação concluída nesse período por parte dos parlamentares.
| Folha de S.Paulo | | | | Enquanto serviços e parte do comércio ainda sofrem restrições e ensaiam retomada - em São Paulo, as barreiras a esses setores começam a ser levantadas em 10 de maio -, a indústria está alguns passos na frente no processo de reabertura da economia em meio às medidas de isolamento para combater o coronavírus. As gaúchas Tramontina e Randon e a catarinense Weg operam perto da normalidade. As montadoras paulistas também começam a reabrir as portas, em movimento puxado pela sueca Scania, destaca o jornal O Estado de S. Paulo.
Num cenário em que há pouco conhecimento disponível, pelo ineditismo das restrições impostas pelo coronavírus, o aprendizado do exterior - na Europa e, principalmente, na China - tem dado o tom para as indústrias que já religaram as máquinas. No menu de soluções para impedir a contaminação dos trabalhadores, está a medição da temperatura antes da entrada nas fábricas, a demarcação da distância de segurança entre pessoas, o uso de máscaras, a distribuição de álcool em gel, a interrupção do trabalho por avisos de higiene e o escalonamento de jornadas de trabalho e horários de almoço.
Segundo Regina Esteves, presidente da ONG Comunitas, que tem ajudado cinco Estados brasileiros a definir estratégias para o combate ao coronavírus, as indústrias têm condições de sair na frente porque exigem apenas o deslocamento de funcionários. Dessa forma, sua influência sobre o isolamento social é menor. "Comércio e serviços exigem movimentação de clientes. Por isso, as fábricas podem ser mais facilmente controladas", diz ela.
Regina acrescenta que, para que a retomada da indústria faça sentido econômico, o comércio e os serviços também precisariam voltar a oferecer as mercadorias que saem das linhas de produção - o que, neste caso, vai exigir o acompanhamento da evolução da doença. "Assim como a determinação do isolamento levou em conta a ciência, o mesmo tem de acontecer com a retomada da economia. A curva do vírus é muito mais acentuada nas capitais, então, a liberação do comércio e dos serviços deve começar pelo interior." Na falta de diretrizes gerais para a retomada das atividades, esse trabalho de orientação tem sido desempenhado em grande parte por governadores.
Para o médico Marco Aurélio Safadi, professor de infectologia da Santa Casa de São Paulo, falta uma cobrança mais clara das autoridades sobre as regras de conduta das empresas para proteger os funcionários. Embora ele diga que os procedimentos adotados pelas grandes indústrias estejam corretos, ele lembra que talvez as empresas de menor porte - que, inclusive, fornecem para essas multinacionais - talvez não tenham condições de aplicar as mesmas regras. "É por isso que são necessárias diretrizes públicas do mínimo necessário de proteção aos trabalhadores no retorno às atividades", afirma ele.
| Bem Paraná ( publicado em 26-04-2020) | | | | São pouco mais de 7 horas em Jaraguá do Sul. Os primeiros funcionários da gigante industrial Weg chegam para trabalhar de carro, ônibus corporativo ou bicicleta, meio de transporte muito utilizado no interior catarinense, destaca o jornal O Estado de S. Paulo.
O dia a dia da companhia - multinacional que tem unidades em várias partes do mundo, incluindo na Europa e na China - ganhou, desde meados de março, novas regras. Na porta de entrada todos os funcionários têm a temperatura auferida por câmeras ou termômetros sem contato. É só o primeiro sinal de como o coronavírus começou a modificar o dia a dia da economia. São mudanças que devem se estender a várias partes do País.
Como a Weg não chegou a paralisar as atividades de fábricas de Santa Catarina e de São Paulo, teve de agir rápido quando o novo coronavírus chegou ao País, diz o diretor industrial Alberto Yoshikazu Kuba. A vantagem foi a experiência da unidade chinesa da empresa, onde a pandemia começou dois meses antes. Ao contrário do que ocorre hoje no Brasil, o governo federal chinês determinou protocolos claros às indústrias. O uso de máscaras, álcool em gel, a medição de temperatura e distanciamento social foram exigências chinesas replicadas por aqui. Só em Jaraguá do Sul a Weg tem 15 mil funcionários.
Tanto na China quanto no Brasil, a empresa foi razoavelmente pouco afetada pela pandemia. "Ficamos dez dias parados na China", informa Kuba. Por aqui, a Weg concentra suas operações no interior de Santa Catarina e de São Paulo.
Em reunião promovida pela ONG Comunitas na sexta-feira entre governos estaduais, o vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, disse que a pressão do sistema de saúde é maior nos municípios mais próximos à capital e que a retomada das atividades levará isso em conta. "De maneira geral, os casos estão mais concentrados nas capitais", diz Regina Esteves, presidente da Comunitas.
Montadoras
No ABC paulista, multinacionais se organizam para voltar ao trabalho. A Scania, que produz ônibus e caminhões em São Bernardo do Campo, retoma atividades amanhã. É a primeira montadora paulista a retomar operações desde que quase todas as empresas do setor (63 ao todo) fecharam as portas, por conta própria, para evitar a propagação do novo coronavírus.
O preparo da Scania, segundo o vice-presidente de recursos humanos, Danilo Rocha, segue normas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de órgãos públicos da área de saúde nas esferas federal, estadual e municipal. Para organizar a retomada, a empresa também se baseou em protocolos de países como China e Alemanha.
"Analisamos todos os procedimentos desde o momento em que o funcionário sai de casa para vir à fábrica até a hora em que ele retorna, seguindo os pilares de segurança, limpeza e mudança de hábitos", diz Rocha.
A primeira medida adotada foi a divisão dos funcionários em dois turnos de trabalho para diminuir a densidade de pessoas. Antes da pandemia, a fábrica operava em turno único, das 7h às 16h15. Agora serão dois, com metade do pessoal mantendo esse horário e a outra trabalhando das 17h30 à 00h20.
A frota de 70 ônibus que leva funcionários para a fábrica foi duplicada para que todos possam sentar sozinhos. Na escada do veículo há um tapete com produto para higienizar os calçados e, a seguir, o primeiro recipiente com álcool gel para as mãos, produto que está na portaria, na linha de montagem, nos banheiros e refeitórios.
Na portaria há marcações para a manutenção de distância entre os trabalhadores, enfermeiros para medir a temperatura e distribuição de máscaras. O café da manhã passa a ser servido em kits e não mais em uma sala para evitar aglomerações.
Procedimentos
Há alguns dias, os funcionários receberam em casa uma cartilha com todos os dados e procedimentos a serem seguidos daqui para frente. O material, informa Rocha, acabou sendo copiado até pela matriz sueca e empresas de outros países.
O número de vezes em que a fábrica passa por severa faxina passou de duas para seis. "A primeira semana de retorno será mais para orientações, para a adaptação ao que passa ser o 'novo normal', sem aglomerações e com muito cuidado à higiene", diz Rocha. A Scania emprega 4 mil pessoas, mas a maior parte do pessoal administrativo seguirá em home office.
A Weg, que já está mais adiantada no processo de retomada, diz que reforçar as recomendações nunca é demais. Tanto na fábrica quanto no escritório, a estação do trabalho é interrompida, de hora em hora, com recomendações de higienização das mãos e distanciamento social. É um "novo normal" que ainda levará um tempo para ser totalmente assimilado.
Ambulatório corporativo
Na Mercedes-Benz, fabricante de caminhões e ônibus em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, o retorno ocorrerá em 11 de maio com metade dos funcionários, que depois reveza com a outra parte. A maioria dos procedimentos é similar ao adotado por demais empresas.
Um dos diferenciais, segundo Fernando Garcia, vice-presidente de recursos humanos da empresa, é que foi montado ao lado da fábrica um ambulatório de campanha para atendimento específico de trabalhadores com sintomas da covid-19. O ambulatório normal continuará funcionando para outros casos. "Ao todo são cerca de 30 médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem para esse atendimento". A tenda com o novo ambulatório tem leito, ventilador pressurizado e outros equipamentos.
Ensaio
Nos próximos dias, o próprio presidente da FCA Fiat Chrysler, Antonio Filosa, participará de um simulado para verificar todo o procedimento a ser adotado na fábrica de Betim (MG) para a retomada da produção em meados de maio. "Vou fazer o trajeto de ônibus e de carro que os funcionários fazem, passar pela portaria e seguir o caminho para entrar na fábrica, ir ao refeitório e demais locais", diz. "Se eu perceber que não está tudo 100% em termos de garantia, não voltamos."
Para Filosa, os primeiros dias de retorno parcial serão "emocionalmente fortes" para todos que estão em férias desde 23 de março e "certamente há um sentimento de receio". A ideia, segundo ele, é munir toda a equipe de informações para que possa se adaptar a esse "mundo novo" com segurança. A empresa criou um aplicativo em que todos os trabalhadores poderão comentar o que está ocorrendo e, se alguém sentir algum sintoma do coronavírus será imediatamente atendido.
Outra montadora do ABC, a Volkswagen, pretende religar as máquinas no dia 18 de maio, e já testou todo o procedimento. O número de ônibus da frota foi ampliado e o funcionário terá a temperatura medida ao embarcar, a ser feita pelo motorista, que foi treinado para isso. A medição será repetida ao longo da jornada de trabalho dentro da fábrica. Além de máscaras que serão entregues na portaria, o pessoal receberá luvas na entrada do restaurante.
"O que estamos fazendo na nossa fábrica está sendo repassado aos fornecedores para que adotem medidas semelhantes", diz o presidente da Volkswagen para a América Latina, Pablo Di Si, que chama o primeiro dia de retorno de "Dia D"
| Bem Paraná ( publicado em 26-04-2020) | | | |
Em muitos casos, a produção desses itens tem sido a salvação das empresas, que conseguiram gerar novos negócios e manter seus empregos
A queda na demanda por seus produtos, causada pelo fechamento do comércio nas últimas semanas em decorrência das medidas para contenção da pandemia de Covid-19, tem feito com que a maioria das indústrias precise buscar alternativas para manter seus negócios.
Com apoio e articulação da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) e sindicatos filiados, várias empresas adaptaram suas linhas de produção e passaram a fabricar equipamentos utilizados por profissionais de saúde, além de manter o fornecimento de outros itens essenciais para toda a sociedade.
“Em muitos casos, a produção desses itens tem sido a salvação das empresas, que conseguiram gerar novos negócios e manter seus empregos”, afirma o presidente da Fiep, Carlos Valter Martins Pedro. “Assim, a indústria cumpre seu papel social, fornecendo produtos essenciais neste momento e garantindo o sustento dos trabalhadores e suas famílias”, acrescenta, ressaltando que as empresas têm tomado todas as providências para preservar a saúde de seus colaboradores.
Um dos setores que mais se mobilizou no Paraná foi o do vestuário. Centenas de indústrias que antes produziam diferentes peças de roupas passaram a fabricar produtos hospitalares. As demandas atendem a encomendas de diversas secretarias municipais e estaduais de saúde, além de órgãos públicos como a Polícia Rodoviária Federal e o Departamento Penitenciário Nacional (Depen).
A Fiep recebeu as solicitações e mobilizou os sindicatos do setor, além de contatar fornecedores de matéria-prima para agilizar a produção dos materiais. No caso de máscaras de proteção, também foi necessário enviar as normas de fabricação exigidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para que as empresas fizessem adequações em suas áreas de produção.
Com sede em Ampére, no Sudoeste do Paraná, o Grupo Krindges, fabricante de moda masculina, está confeccionando 150 mil aventais descartáveis por dia, podendo dobrar a quantidade em maio. Parte da produção está sendo doada para as prefeituras onde a empresa mantém unidades produtivas. O grupo trabalhava com 750 colaboradores e a parceria de 15 oficinas de costura da região. Hoje, essa rede de parceiros é formada por 35 oficinas, com 2 mil trabalhadores.
Em Apucarana, cidade conhecida como Capital Nacional do Boné, diversas empresas do setor que tiveram as encomendas de seus produtos paralisadas por causa do fechamento do comércio, começaram a produzir máscaras para proteção de médicos e enfermeiros. A produção desse novo item se espalhou também por outros polos de confecção do Paraná, como Maringá, Cianorte, Cascavel e Curitiba, entre outros.
| Sistema Fiep ( publicado em 25-04-2020) | | | | Pedido foi feito durante reunião com ministro da Economia, Paulo Guedes
Representantes da indústria veem a retomada econômica que começa a ser observada na China e em outros países como uma ameaça para a recuperação do Brasil após a pandemia do novo coronavírus.
Temendo uma invasão de produtos estrangeiros no mercado brasileiro, entidades buscam ajuda do governo. Em reunião na quinta-feira (23) com a Coalizão da Indústria, que reuniu representantes de 14 setores, o ministro Paulo Guedes (Economia) ouviu apelos para que o governo se prepare e busque estratégias para minimizar esse impacto.
Por enquanto, embora o ministro tenha sido receptivo ao pleito, técnicos da pasta minimizam a preocupação, sob o argumento de que o real desvalorizado beneficia o produtor brasileiro e de que o país não sofrerá forte impacto por ser uma economia relativamente fechada.
Participantes do encontro afirmam que, por um lado, a chegada tardia da pandemia deu tempo para que o país se antecipasse na adoção de medidas de saúde, mas, por outro, a saída da pandemia depois de outros países —principalmente da China— pode colocar o Brasil em uma armadilha.
A avaliação é a de que esses países começaram a superar a fase mais aguda da crise com suas empresas ávidas por um alívio financeiro, já que estão com estoques parados, prejuízos acumulados e necessidade de recompor o caixa.
Por isso, as companhias estariam dispostas a vender produtos a qualquer custo, mesmo que seja a preço menor que o de mercado.
Participantes da reunião afirmaram ao ministro que mercadorias produzidas na China chegam a ser colocadas à venda por um terço do valor praticado antes da pandemia.
Para os produtores brasileiros, isso vai gerar um grande problema para a recuperação da atividade.
“Demonstramos preocupação com uma entrada muito agressiva de produtos no Brasil”, afirmou Ciro Marino, presidente da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química).
“O vendedor está disposto a vender mais barato, mesmo que seja para se desfazer [da mercadoria]. Ele já comprou matéria-prima, já pagou e não tem caixa. Aí ele faz o que puder para vender”, afirmou.
Segundo Marino, Guedes ouviu os pedidos. O grupo ficou de se reunir novamente com membros do Ministério da Economia para discutir especificamente esse tema.
O presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), Fernando Pimentel, afirmou que a entidade estuda mecanismos que poderiam ser adotados para evitar uma disputa desleal de outros mercados.
Ele afirmou que não foi proposta nenhuma medida radical, como alterações de tarifas.
“Não somos protecionistas nem xenófobos, mas não podemos ser ingênuos. Vai haver uma pressão forte de produtos estrangeiros que poderá trazer uma segunda onda de paralisações na economia.”
Na avaliação do presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), José Carlos Martins, como o setor é um grande consumidor de produtos, essa ampliação da disputa internacional seria, em tese, benéfica. Mas pode haver efeitos colaterais.
“Para consumidores, a concorrência e a baixa de preços será ótima. O problema é que perderíamos empregos no Brasil. Esse equilíbrio é importante”, afirmou.
Nos bastidores, técnicos do governo afirmam que esse movimento ainda não é observado na corrente de comércio brasileira. Argumentam que a economia do país é considerada fechada e, por isso, sofre menos com fatores externos.
Membros do Ministério da Economia ressaltam que o real teve forte desvalorização neste ano. Isso torna, na visão deles, o produto de exportação brasileiro mais competitivo, além de encarecer a importação.
Não há, na equipe econômica, a intenção de mudar regras tarifárias ou dar tratamento diferenciado para áreas específicas. Segundo relatos, o foco do governo será mantido, com atuação para firmar acordos comerciais com países e blocos econômicos.
O processo de reformas estruturais, que serviria de base para aumentar a competitividade do país e acelerar o processo de abertura, foi colocado em compasso de espera por causa da pandemia.
Na reunião, os empresários também sugeriram que o governo use os bancos públicos para fazer o crédito emergencial para pequenas e médias empresas ser liberado. O ministro já havia dito que há recursos que estão empoçados nos bancos privados.
| Folha de S.Paulo ( publicado em 25-04-2020) | | | O governo estadual decidiu autuar e abrir cobrança administrativa de empresas do Paraná que compram de fornecedores catarinenses e aproveitam uma brecha para sonegar imposto. A perda de receita com a manobra chegou a R$ 250 milhões no acumulado dos primeiros três meses de 2020. Depois de alertar sobre a situação e dar um prazo de 30 dias para regularização, o procedimento foi aberto contra quem não recolheu os tributos devidos.
Os nomes das empresas estão protegidos pelo sigilo fiscal, durante a apuração dos fatos. Sabe-se apenas as áreas de atuação, como materiais de construção, ferramentas, lâmpadas, papelaria, materiais elétricos e tintas e vernizes.
Quase a metade da sonegação está concentrada no setor de produtos eletrônicos, eletroeletrônicos e eletrodomésticos. Segundo a Secretaria de Fazenda, as práticas serão denunciadas ao Ministério Público, para que apure responsabilidades. O secretário Renê Garcia destacou que não pode deixar de agir ou renunciar a receita, sob pena de estar cometendo crime de responsabilidade fiscal.
Para entender a história
A política tributária de Santa Catarina é diferente da praticada no Paraná. Enquanto por aqui 60 mil itens, principalmente alimentícios, foram retirados do regime de Substituição Tributária (ST), no estado vizinho, os produtos beneficiados pela diminuição foram outros. Assim, algumas empresas que atuam nos setores com menos impostos em Santa Catarina passaram a comprar de lá e não repassar o imposto devido quando vendiam aqui.
A substituição tributária é quando o imposto, como caso o ICMS, deixa de ser recolhido integralmente na fonte. Assim, o tributo passa a ser recolhido ao longo da cadeia, com cada parte pagando um pouco (o fabricante, o intermediário, o vendedor, etc). Números da Secretaria da Fazenda indicam que, em 2019, Santa Catarina fez 19% a mais de vendas para o Paraná (comparado com 2018). A arrecadação de impostos para os cofres paranaenses, no entanto, caiu 11%: de R$ 128 milhões para R$ 114 milhões.
| Gazeta do Povo (publicado em 26-04-2020) | | | | Com as medidas de distanciamento social que foram adotadas em todas as partes do mundo, muitas empresas acabaram sendo prejudicadas. Mas uma categoria específica de startups se mostrou extremamente importante: as empresas que oferecem ferramentas colaborativas que facilitam o trabalho remoto estão entre as mais atrativas para os investidores de venture capital.
O crescimento dessas empresas muito provavelmente não deve ser um fato isolado, já que não sabemos até quando o distanciamento será necessário. No entanto, sabemos que a forma como as empresas se comunicam e realizam suas tarefas com certeza não será mais a mesma.
Conferências e videochamadas
Isso fica nítido quando olhamos para o número de IPOs de empresas como Zoom, Slack e Atlassian.
A Zoom é um grande exemplo dessa força, já que desde o início da pandemia do coronavírus teve a média de usuários diária da plataforma subindo de 10 para 200 milhões em apenas 3 meses, o que fez com que o preço das ações da empresa na bolsa também acompanhasse esse crescimento.
No mercado de empresas de videoconferências também há aquelas que chegaram pra desafiar tanto a Zoom quanto Skype, referências nas chamadas de vídeo corporativas.
A Fuze, por exemplo, é uma startup de videoconferência baseada em nuvem avaliada em mais de US$ 480 milhões, e começa a incomodar os players já estabelecidos - assim como o Loom, que permite a transmissão assíncrona de mensagens de vídeos nos locais de trabalho.
A importância desse tipo de ferramenta para o mundo corporativo atualmente também pode ser medida pelos negócios que vem sendo feitos envolvendo empresas do setor.
É o caso da aquisição da Bluejeans pela Verizon, que foi finalizada recentemente em uma transação estimada em cerca de US$ 400 milhões, como aponta o portal Business Insider. O foco, agora, deve ser no crescimento da plataforma de conferência através da tecnologia 5G da Verizon.
Documentação e conhecimento
Além das empresas de videoconferência, outras categorias também estão se destacando por tornar o trabalho remoto possível e evitar que muitos negócios literalmente quebrem.
Ferramentas de documentação e conhecimento, que fornecem recursos para empresas documentarem seus processos, por exemplo, vêm tendo um grande crescimento, já que os processos manuais agora precisam ser digitalizados.
Escritórios virtuais
Os escritórios virtuais também estão ocupando um lugar importante durante esse momento, já que em alguns momentos é preciso que os funcionários interajam uns com os outros para troca de ideias, e tarefas em conjunto.
Entre as startups dessa categoria, o Tandem, avaliado em mais de US$ 8 milhões segundo o cbinsights, oferece aos usuários a possibilidade dos funcionários acompanharem o que os colegas estão fazendo em tempo real, trazendo muito mais agilidade às rotinas.
O Spatial é outro escritório virtual que oferece esse tipo de experiência, com recursos de realidade virtual e realidade aumentada.
Bate-papo e mensagens
As plataformas de chat e troca de mensagens entre usuários também mostram o mesmo embate entre players já bastante estabelecidos, como a Microsoft e Slack, com startups que querem conquistar cada vez mais espaço.
Esse é o caso da Dialpad, com avaliação de US$ 121 milhões e que oferece soluções de voz e telefonia para o mercado corporativo, e da Yac, avaliada em US$ 1,8 milhão, que disponibiliza sua ferramenta de bate-papo corporativo por voz.
Além dessas, Quill e Threads também estão na corrida para atender às demandas do mercado corporativo.
Produtividade e gestão de projetos
Como um dos grandes desafios para as empresas que estão sendo forçadas a adotar o trabalho remoto é evitar a queda na produtividade das equipes, as ferramentas que tornam esse processo menos impactante são cada vez mais importantes.
É essa necessidade que faz com que novos apps, como Calendly, Mixmax e Clockwise, sejam adotados por empresas de vários nichos, tornando a experiência mais positiva.
E como a forma com que os projetos são gerenciados é determinante para que uma equipe seja realmente produtiva, as ferramentas como Monday.com, Asana e Hive também fazem parte desse pacote que pode fazer toda a diferença no resultado do negócio.
Desenvolvimento colaborativo de software
Empresas como Clubhouse e Linear ajudam os desenvolvedores de softwares a ter muito mais eficiência, tanto através do gerenciamento eficiente de projetos quanto de sistemas de rastreamento de problemas que otimizam muito o tempo desses profissionais.
Isso mostra como o trabalho remoto deve deixar de ser apenas uma opção para momentos específicos para se tornar uma realidade na maioria dos negócios."
| Gazeta do Povo (publicado em 26-04-2020) | | | | À frente de 120 reestruturações corporativas e da renegociação de R$ 180 bilhões em dívidas nos últimos dez anos, Ricardo Knoepfelmacher, sócio da consultoria RK Partners, calcula que ao menos 500 grandes empresas brasileiras - com faturamento anual acima de R$ 500 milhões e dívidas de mais de R$ 300 milhões - terão de passar por esse processo, em decorrência da crise detonada pelo novo coronavírus.
Ricardo K, como é conhecido, foi responsável pela reestruturação do Grupo X, de Eike Batista, e da Odebrecht, maior recuperação judicial do País. "Não descarto que dessas 500, uma centena tenha pedidos de recuperação judicial."
Para ele, a pandemia da covid-19 é um evento "sem precedentes", incomparável a crises anteriores, como a de 2008. "Temos hoje um choque de ausência de demanda. Setores inteiros da economia tiveram de parar durante meses."
A seguir, os principais trechos da entrevista.
Em meados do ano passado, o sr. avaliava que pelo menos 800 empresas médias precisariam passar por reestruturação no Brasil. Qual o cenário agora?
O cenário ficou muito mais complicado depois da pandemia da covid-19. Setores inteiros tiveram queda abrupta de faturamento e alguns nunca mais vão voltar a ser o que eram. Das 1.000 maiores empresas brasileiras, 240 foram gravemente afetadas. A situação, que antes estava muito localizada nas empresas médias, agora perpassa todas. Das pequenas, muitas vão desaparecer. As médias ficaram muito doentes e as grandes, que no geral passavam bem, foram gravemente afetadas em vários setores. Em geral, os pequenos empreendedores têm, no máximo, dois meses de caixa para sobreviver. Está havendo uma epidemia no judiciário de pedidos de liminares para o não pagamento de dívidas.
A expectativa é que essas grandes empresas precisem de reestruturação?
Mais de 500 empresas grandes, com faturamento de mais de R$ 500 milhões por ano e dívida acima de R$ 300 milhões, vão precisar de reestruturação. Monitoramos empresas com dívida de mais de 3 vezes em relação ao Ebitda (geração de caixa, antes de lucros, impostos, depreciação e amortização), muito alavancadas. Não descarto que, dessas 500, uma centena tenha pedidos de recuperação judicial.
Quais serão os setores mais atingidos pelo coronavírus?
Os setores mais afetados e com grandes incógnitas sobre seu futuro - e essa é uma grande diferença - são aviação, entretenimento, restaurantes, turismo e hotelaria. Com as barreiras impostas, algumas empresas aéreas tiveram 70% de queda no faturamento. Há um segundo grupo muito afetado, que são empresas de óleo e gás e usinas de açúcar e álcool. Elas sofreram um problema duplo, com a pandemia seguida da queda de preços do petróleo.
Petrobrás e Raízen já estão avisando às usinas que vão parar de comprar entre 50% e 70% da produção. É um choque de demanda gravíssimo. No varejo, o aumento do faturamento com comércio eletrônico não compensa a queda nas lojas físicas. É um setor com margem muito baixa e que deve enfrentar grandes problemas. Têxtil, logística, construção e engenharia, empreendimentos imobiliários e venda de veículos também.
Vai haver espaço para reestruturação ou muita gente vai simplesmente falir?
Hoje, o pedido de recuperação judicial não funciona bem para uma empresa pequena. É um processo caro. Estamos discutindo com juristas como permitir uma recuperação judicial de empresas de pequeno porte. Muitas vão fechar. Nas médias e grandes, daqui a três meses, vamos ver uma enxurrada de pedidos de recuperação judicial.
Qual a diferença da crise provocada pelo coronavírus e de anteriores, como a de 2008?
A única analogia possível é com a crise de 1918 (gripe espanhola), que ocorreu num mundo não conectado. Nunca tivemos crise parecida. A crise do Lehman Brothers (2008) não é igual. Temos hoje um choque de ausência de demanda.
Por uma decisão dos governos, setores inteiros da economia tiveram de parar durante meses. A única coisa parecida que tivemos no Brasil foi a Lava Jato no setor de infraestrutura e construção, quando as empresas perderam seu principal cliente, o governo, e tiveram de se adaptar de uma hora para outra a perder 70% a 90% de seu faturamento. A diferença agora é que nós não sabemos quando vai acabar.
A crise atual vai afetar empresas já em processo de reestruturação?
Neste momento, há pela parte dos credores, em geral, o reconhecimento de que essa é uma situação muito grave e sem precedentes. Quando os pleitos são legítimos, os credores estão abertos a negociar e, em geral, estão postergando os vencimentos das dívidas, com ou sem auxílio judicial. Haverá uma segunda etapa, na qual essas postergações vão começar a machucar os balanços dos bancos.
Como o sr. avalia as medidas de socorro às empresas tomadas pelo governo?
Apesar de ir na direção certa, o pacote (de ajuda) do governo tem dois grandes problemas. O primeiro é que países desenvolvidos, sem a iniquidade social do Brasil, liberaram na média entre 8% e 12% do PIB para soluções de diminuição da angústia econômica. Aqui, não chega a 5%. Independentemente da ideologia, o Estado tem de atuar. Aí vem o segundo problema do remédio brasileiro: o País tem hoje um governo com aspiração liberal, com dificuldade de entender como ser intervencionista numa crise.
| Bem Paraná ( publicado em 25-04-2020) | | | | Lista, no entanto, não inclui paraísos na UE, que reduzem receita de nações mais afetadas pela Covid-19
Ao menos cinco países europeus vão proibir que empresas registradas em paraísos fiscais recebam dinheiro público dos programas de socorro contra a crise do coronavírus.
França, Itália, Bélgica, Polônia e Dinamarca anunciaram medidas para evitar que companhias que evitam pagar tributos ao declarar lucros em outras jurisdições recebam agora verbas bancadas pelos contribuintes.
De forma geral, o termo “paraíso fiscal” se refere a locais que não exigem residência no país nem sede física para o registro de uma empresa e atraem as companhias com alíquotas mínimas de imposto.
É o caso dos 12 elencados pela União Europeia, que prefere o termo “jurisdições fiscais não colaborativas”: Panamá, Samoa, Samoa Americana, Ilhas Cayman, Fiji, Guam, Oman, Palau, Trinidad e Tobago, Ilhas Virgens Americanas, Seychelles e Vanuatu.
A lista europeia foi criada em 2017, depois de escândalos como LuxLeaks, Panama Papers e Paradise Papers, e leva em conta três critérios: seus integrantes não trocam informações tributárias
com outros países, cobram alíquotas agressivamente menores que a média dos países da UE e não adotam as recomendações de justiça tributária da OCDE.
Os membros da UE nunca chegaram a um acordo sobre que sanções impor a esses países, deixando a lista sem efeito prático. Agora, França, Polônia e Dinamarca usam listas iguais ou parecidas com a da UE para impor condições ao socorro corporativo.
O resultado é que as restrições não terão impacto relevante sobre distorções de concorrência provocadas por essa guerra tributária, segundo entidades que acompanham transferências fiscais.
Dependendo do critério adotado, estão no continente europeu alguns dos maiores “desviadores de tributos”, como Irlanda, Holanda, Suíça e Luxemburgo, que atraem sedes de grandes corporações com alíquotas muito mais baixas que a de seus vizinhos.
O fato de gigantes da internet terem suas sedes em alguns desses países, por exemplo, está na origem da decisão do presidente francês, Emmanuel Macron, de propor um tributo nacional sobre os ganhos de Google, Apple, Facebook e Amazon em seu país. Mas, se incluísse agora em sua lista os chamados “paraísos europeus”, a França teria que negar recursos à parceria automobilística Renault-Nissan, que tem sede na Holanda.
Além de França, que tem um pacote de ajuda de € 110 bilhões até agora, Polônia, com € 5,5 bilhões, e Dinamarca, com € 40 bilhões, Itália e Bélgica também têm projetos para cortar o socorro a quem usa os paraísos fiscais.
O governo belga ressalvou que há empresas nacionais com atividades concretas em alguns dos países listados como “paraísos fiscais”: no caso da Bélgica, um exemplo são companhias de dragagem marinha que atuam no Panamá.
Uma solução mais efetiva que usar a sede das companhias para impor barreiras seria obrigá-las a declarar publicamente onde pagam tributos e qual o valor, segundo a seção europeia da Oxfam. Hoje, só autoridades tributárias têm acesso aos números de multinacionais.
Segundo a entidade, a transparência tornaria mensurável o impacto dos paraísos fiscais e poderia ainda desincentivar a transferência de tributos, por aumentar a pressão de acionistas e consumidores.
Já no caso italiano, há argumentos econômicos e políticos para incluir vizinhos europeus nas barreiras.
A concorrência dos “paraísos europeus” reduz em até 84% tributos corporativos que poderiam ser cobrados pela Itália, calculam estudos das universidades Berkeley e de Copenhague.
Segundo a Tax Justice Network (TJN, rede de justiça tributária), a Holanda, cuja alíquota corporativa na prática é menor que 5%, drena mais de US$ 10 bilhões (cerca de R$ 570 bilhões) por ano de tributos que deixam de ser pagos por empresas americanas nos países mais atingidos pela pandemia (Itália, Espanha, França e Alemanha).
Esses países cobram alíquotas corporativas que chegam a cinco (no caso da Espanha) ou seis vezes a praticada na Holanda.
Com base em dados informados ao governo americano em 2017, a TJN calcula que a França tenha perdido para a Holanda US$ 2,7 bilhões em tributos, a Itália e a Alemanha tenha deixado de receber US$ 1,5 bilhão cada uma e a Espanha tenha perdido US$ 1 bilhão em arrecadação.
No caso italiano, além do impacto nos cofres, há embates políticos. País mais atingido pela pandemia, a Itália tem no governo holandês o principal opositor a sua proposta de emissão conjunta de títulos de dívida para reconstruir as economias do bloco.
Segundo o executivo-chefe da TJN, Alex Cobham, a pandemia expôs o custo social da competição tributária entre os países da UE, com a transferência de riqueza dos Estados para as corporações (eles recebem menos tributos, elas aumentam seus lucros).
Cobham defende que a UE adote uma regra tributária comum que obrigue as companhias a pagar tributos onde realizam suas operações, “e não onde seus contadores ocultam seus lucros”.
“A UE não pode reconstruir sua economia em cima de um alçapão de paraíso fiscal. As receitas tributárias devem surgir onde está a atividade real, trabalho de seus funcionários e, por consequência, as necessidades de saúde pública”, afirma ele.
A posição é a mesma do ministro das Finanças da Polônia, Tadeusz Kościński, para quem a UE deveria aproveitar este momento, em que será preciso muito investimento público na reconstrução econômica, para adotar restrições severas aos paraísos fiscais.
Segundo a Comissão Europeia, no nível mais amplo o que está em estudo no momento é impedir que empresas ajudadas pelos governos dos 27 membros do bloco distribuam dividendos, comprem concorrentes ou paguem bônus a seus administradores.
França e Dinamarca já incluíram a restrição a dividendos em suas condições de socorro.
Outras condições que têm sido estudadas ou impostas por países europeus são a redução das emissões de carbono ou a manutenção de empregos.
PARAÍSOS FISCAIS
Países considerados ‘não colaborativos’ pela União Europeia
Panamá
Samoa
Samoa Americana
Ilhas Cayman
Fiji
Guam
Oman
Palau
Trinidad e Tobago
Ilhas Virgens Americanas
Seychelles
Vanuatu
Fonte: Conselho Europeu, 27.fev.2020
Outros locais considerados ‘paraísos fiscais’ por estudos e organizações
Irlanda
Singapura
Suíça
Holanda
Luxemburgo
Porto Rico
Hong Kong
Bermudas
O que é paraíso fiscal?
Em geral, o termo se refere a locais que não exigem residência no país nem sede física para o registro de uma empresa e atraem as companhias com alíquotas mínimas de imposto
A lista europeia leva em conta três critérios: seus integrantes não trocam informações tributárias com outros países, cobram alíquotas agressivamente menores que a média d da UE e não adotam as recomendações de justiça tributária da OCDE
| Folha de S.Paulo | | | País diz que combate ao coronavírus e às emergências econômicas causadas pela pandemia é prioridade
A Argentina anunciou na sexta-feira (24) à noite que irá deixar de participar das negociações de acordos comerciais do Mercosul, com a exceção dos dois mais importantes em andamento, o da União Europeia e com a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta).
O governo afirmou que essa decisão se deve ao fato de que a prioridade argentina agora é o combate ao coronavírus e às emergências econômicas internas causadas pela pandemia. A Argentina encontra-se, neste momento, em fase de negociação de suas dívidas, interna e externa, e realocando fundos para o enfrentamento da doença.
No comunicado enviado ao governo paraguaio, que por ora exerce a presidência pró-tempore do Mercosul, o governo argentino afirma que "não será obstáculo para que os demais países prossigam com seus diversos processos de negociação".
A oposição reagiu de forma dura e pediu que o chanceler, Felipe Solá, compareça na segunda-feira (27), ao Congresso, para apresentar as razões dessa atitude. Segundo o Juntos por el Cambio, bloco liderado pelo ex-presidente Mauricio Macri, "uma crise global faz com que seja ainda mais necessária a cooperação internacional e a integração regional."
Os representantes dos grandes produtores agropecuários do país afirmaram, também em comunicado, que "o campo quer continuar apostando no Mercosul". O texto é assinado por Sociedade Rural Argentina, Coniagro, e Federação Agrária Argentina.
O grupo afirma também afirma que a decisão de Alberto Fernández "parece indicar uma tendência a uma menor abertura de nossa economia, com um alto impacto negativo no que diz respeito a investimentos, desenvolvimento de negócios e comércio exterior."
A decisão mostra que o distanciamento entre Brasil e Argentina segue ocorrendo. Ambos os países, que têm a seus dois presidentes de costas um para o outro —até hoje, Jair Bolsonaro não conversou com seu par argentino, Alberto Fernández— vêm adotando políticas diferentes com relação ao enfrentamento da pandemia e também têm divergências entre si sobre qual deve ser o papel do Mercosul.
Oficialmente, o Ministério das Relações Exteriores tratou o movimento dos argentinos como positivo. O Itamaraty informou que a decisão do país vizinho dá transparência aos processos de negociação e facilitará a busca por melhores resultados a todos os membros do Mercosul que estão interessados na abertura comercial com o mundo.
"O governo brasileiro continuará, junto com Paraguai e Uruguai, a perseguir o objetivo de comércio aberto e livre com outros países", disse em nota.
A decisão da Argentina foi comunicada em reunião virtual dos coordenadores do Mercosul. A conferência durou cerca de uma hora.
Atualmente, o Brasil descarta abrir qualquer tipo de disputa judicial com o país vizinho sobre o tema.
Segundo interlocutores ouvidos pela Folha, os quatro países do bloco vão se reunir a partir da semana que vem para discutir quais dispositivos nos tratados e acordos que constituem o bloco podem ser invocados para permitir que Brasil, Paraguai e Uruguai sigam nessas negociações sem a Argentina.
Não há ainda uma fórmula pronta, mas membros do governo brasileiro consideram que há brecha nessas normas para se chegar a uma solução "criativa".
A avaliação é que é preciso encontrar uma modelagem que dê liberdade para que os três países prossigam nas negociações com outros parceiros –como Coreia, Canadá Cingapura e Líbano– mas que, na implementação, seja acordada algum tipo de barreira intra-Mercosul para que não haja triangulação ou perfuração, via Argentina, de um possível acordo futuro.
No momento, o Brasil descarta sair do Mercosul. Segundo integrantes da administração Jair Bolsonaro, uma possibilidade menos radical seria transformar o Mercosul numa área de livre comércio (hoje é uma união aduaneira), mas esses interlocutores avaliam que a hipótese é pouco provável agora e que o foco é encontrar uma solução dentro da arquitetura existente.
O Paraguai lançou um comunicado dizendo que "os demais Estados partes do Mercosul vão avaliar as medidas jurídicas, institucionais e operativas mais adequadas por conta da decisão soberana da Argentina para que isso não afete outras negociações em curso".
| Folha de S.Paulo ( publicado em 25-04-2020) | | | Informe da Secretaria da Saúde deste domingo (26) mostra mais 16 novos casos e quatro óbitos pela Covid-19 nas últimas 24 horas.
A Secretaria da Saúde do Paraná divulga no Informe Epidemiológico deste domingo (26) mais 16 novos casos e quatro óbitos pela Covid-19 nas últimas 24 horas. Agora o Estado tem 1156 casos confirmados, 682 pessoas que já se recuperaram e estão liberadas com segurança do isolamento e 73 que foram a óbito em decorrência da doença.
Os 16 casos novos foram confirmados nos municípios de Curitiba (3), São José dos Pinhais (2), Cascavel (1), Campo Mourão (2), Paranapoema (1), Paranavaí (2), Maringá (1), Londrina (2), Guaíra (1) e Telêmaco Borba (1).
Quatro pessoas foram a óbito, todas estavam internadas: duas mulheres que residiam em Curitiba, com idades de 88 e 40 anos, e dois homens, residentes em Londrina (87) e Foz do Iguaçu (55). Residentes de outros estados e que tiveram o diagnóstico no Paraná são 15, dois deles foram a óbito.
Neste sábado, foram registrados 661 pacientes recuperados, que já estão liberados do tratamento e do isolamento, com segurança.
| Agência Estadual de Notícias (publicado em 26-04-2020) | | | Linhas de crédito emergencial estão sendo liberadas principalmente por meio da nova linha de crédito Paraná Recupera, de até R$ 6 mil, e microcrédito, até R$ 20 mil. Volume liberado deve aumentar ao longo desta semana.
A Fomento Paraná contabiliza pouco mais de dois mil contratos emitidos com micro e pequenas empresas para concessão de crédito pelo programa Paraná Recupera, lançado no final de março pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior, para preservar salários e empregos nas micro e pequenas empresas paranaenses.
A maior parte dos pedidos atendidos é da nova linha de até R$ 6 mil, para empreendedores informais, Microempreendedores Individuais (MEI) e microempresas. Os recursos são liberados em três parcelas e têm como objetivo proporcionar renda e pagamento de salários durante três meses. O período foi inicialmente projetado para atender ao distanciamento social, com fechamento temporário de empreendimentos e prestação de serviços não essenciais, para prevenção contra o avanço do coronavírus no Estado.
“Vencemos o marco legal e normativo no início de abril, com a lei do Paraná Recupera, conseguimos colocar a linha até R$ 6 mil com as novas condições, há 15 dias, e há uma semana colocamos à disposição dos parceiros e clientes as linhas até R$ 20 mil, também com novas condições de juros e prazos”, afirma o diretor-presidente da empresa, Heraldo Neves.
“O volume de contratações ainda é baixo, mas os novos contratos já representam quatro vezes mais do que a média mensal de contratos finalizados no ano passado”, explica. “No início desta semana, com a entrada em operação de uma plataforma adaptada às novas condições de crédito, devemos aumentar o número de contratos e principalmente o volume de recursos. Vamos passar a atender as linhas de R$ 20 mil a R$ 200 mil, que são muito aguardadas por nossos parceiros e clientes”, completa.
ANÁLISE CRITERIOSA — De acordo com o diretor, os prazos para liberação do crédito são pertinentes à atuação de uma instituição financeira pública, que respeita normas, leis e critérios pormenorizados de cada negócio, no processo de liberação dos recursos.
“Essa análise criteriosa, que demanda tempo, é compensada pelos prazos mais longos de carência e amortização, pelas taxas de juros muito baixas para investimentos, como compra de máquinas, equipamentos, ou construção e reformas, que sempre foram um atrativo para os empreendedores que nos procuram”, explica Everton Ribeiro, diretor de Operações do Setor Privado. “Mesmo o capital de giro, que está sendo muito procurado no momento, mas sempre foi um recurso mais caro, hoje está com taxas muito baixas.”
Ribeiro afirma, ainda, que a instituição é reconhecida por conceder crédito para pequenos negócios, que muitas vezes não são nem recebidos nos bancos comerciais. “Nossa atuação é uma política pública importante principalmente nos pequenos municípios, onde o atendimento é feito por agentes de crédito ou correspondentes, nas prefeituras, federações, associações comerciais e sindicatos que são nossos parceiros”, diz ele.
REQUISITOS - Renato Maçaneiro, diretor de Mercado, informa que a procura pelo crédito foi muito grande em todo o mês de abril, mas muitas propostas que tiveram a análise iniciada não atendem aos requisitos básicos que a instituição é obrigada a consultar.
“Verificamos o Cadastro Informativo Estadual (Cadin), as perdas contabilizadas no sistema de crédito bancário, e o faturamento fiscal, que é fundamental para determinar o limite financiável de acordo com a capacidade de pagamento do empreendimento, além da documentação cadastral de sócios e cônjuges”, afirma Maçaneiro. “É um processo que toma tempo e muitos ficam pelo caminho, mesmo com algumas facilidades que foram criadas para este momento de crise provocada pela pandemia.”
MÓVEIS — Os irmãos Osmar e Oziel Gomes Marques, moradores de São Tomé, no Noroeste do Eestado, que são microempreendedores individuais (MEI) e ambos trabalham com produção de móveis feitos a partir de madeira de demolição, são exemplos da importância do crédito liberado pela Fomento Paraná.
“Chegou em boa hora. E como vai ser liberado em três vezes, vou ter uma garantia para me manter e pagar as contas até as coisas voltarem ao normal. É como uma reserva para não abandonar o negócio”, conta Osmar. “Além disso a taxa de juros é muito boa. É uma taxa de ajuda. Não é nem de empréstimo”, avalia. Osmar não tinha restrições no CPF e estava com toda a documentação pessoal e do empreendimento em ordem quando entrou em contato com o agente de crédito Claudio Merlo Gimenez, na Agência do Trabalhador de São Tomé. O recurso foi liberado na conta dele em três dias.
RENEGOCIAÇÃO E MORATÓRIA — Desde 27 de março a Fomento Paraná também vem atuando fortemente na renegociação de contratos para suspender pagamentos de parcelas de crédito contratado por municípios e empreendedores privados. Até sexta-feira, 24 de abril, quase R$ 76 milhões em financiamentos de 1166 contratos de empreendedores estavam renegociados, com direito a postergar os pagamentos por 90 ou 180 dias.
De acordo com o diretor de Operações do Setor Público, Wellington Dalmaz, 259 municípios formalizaram solicitação para suspensão pagamento de parcelas de abril a setembro, atingindo aproximadamente 586 contratos, que somam R$ 137,7 milhões. Os recursos que deixarão de ser pagos por essas prefeituras à Fomento Paraná nos próximos 180 dias poderão ser usados em ações de prevenção e combate ao coronavírus.
“Em nome da AMP, agradecemos ao governador Ratinho Junior, ao secretário do Desenvolvimento Urbano e de Obras Públicas, João Carlos Ortega, e à equipe da Fomento, que tiveram a sensibilidade, nesse momento difícil”, afirma o presidente da Associação dos Municípios do Paraná, Darlan Scalco, prefeito de Pérola.
“Vai ajudar muito, poder usar esse dinheiro, que você se esforça para pagar a parcela em dia, por seis meses você estar aplicando na nossa comunidade, seja na saúde, ou na própria alimentação, devido a toda essa situação do coronavírus.”
TECNOLOGIA — O maior desafio da Fomento Paraná nos últimos 30 dias foi adaptar rapidamente as plataformas de recepção e análise de propostas de crédito intensificando a análise digital, para dar maior agilidade e reduzir o prazo das entregas, especialmente de capital de giro, recurso mais procurado nesse momento.
Todo o trabalho de desenvolvimento das novas plataformas digitais, envolve equipes de Tecnologia da Informação da Fomento Paraná e da Celepar, que estão trabalhando diuturnamente, de segunda a segunda, por meio de trabalho remoto (home office), ou parcialmente presencial.
“Nesse momento delicado estamos todos unidos, trabalhando em conjunto em uma sintonia que envolve todas as secretarias e órgãos do governo. E o nosso trabalho com a Fomento Paraná não tem sido diferente. Com o desenvolvimento plataformas mais intensivas em análise digital o acesso ao crédito deve ganhar velocidade. É a tecnologia sendo usada para a retomada da economia no estado”, comenta Leandro Moura, presidente da Celepar.
MAIS RECURSOS — Paralelamente ao esforço de desenvolvimento de sistemas e a mobilização de parceiros pelo interior do estado, na rede de agentes de crédito e correspondentes credenciados, para acelerar o processamento das propostas, a Fomento Paraná vem atuando junto com o Governo do Estado na busca por recursos adicionais para atender a super demanda por crédito que a instituição recebeu, com 22 mil propostas já internalizadas.
Parte das tratativas em andamento são com o BRDE – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul, que anunciou um repasse de até R$ 50 milhões em recursos para financiamentos de microcrédito no programa Paraná Recupera.
E o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, maior provedor de fundos para operações da Fomento Paraná com micro e pequenas empresas, informou que o limite de crédito semestral da instituição já está sendo ampliado.
| Agência Estadual de Notícias (publicado em 26-04-2020) | | | Entidade não detalhe tipo de crédito liberado e não há dados anteriores para comparação
Durante a pandemia do novo coronavírus, os cinco maiores bancos do país liberaram R$ 266 bilhões em novos empréstimos, entre contratações, renovações e parcelas suspensas, de acordo com dados divulgados pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos) nesta segunda-feira (27).
Os dados analisados se referem a Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú e Santander.
Não há dados anteriores para comparação, mas, de acordo com estimativa da Febraban, representa aumento de 22,2% em relação a março do ano passado, quando foram cerca de R$ 218 bilhões.
Os números são de 16 de março a 17 de abril, período de intensificação do isolamento social e de medidas econômicas para tentar conter os efeitos na economia.
No intervalo, os bancos prorrogaram 3,8 milhões de contratos de crédito por 60 a 180 dias. As parcelas já suspensas somam R$ 22,2 bilhões.
A maior parte das prorrogações foi concedida às pessoas físicas, com 3,29 milhões de contratos.
As famílias já tiveram alívio de R$ 13,71 bilhões no orçamento doméstico com parcelas que não precisaram ser pagas no vencimento porque foram adiadas.
O Banco Central divulgou medida, em 16 de março, para facilitar a renegociação dos bancos com as famílias e empresas até setembro.
A iniciativa dispensa que as instituições aumentem o provisionamento no caso de repactuação de empréstimos pelos próximos seis meses.
Geralmente, quando é feita uma renegociação, o risco do crédito aumenta e a autoridade monetária obriga que a instituição aumente o valor provisionado —quantia, proporcional ao valor do empréstimo, que os bancos devem manter em caixa para que a operação seja assegurada.
No balanço contábil das instituições financeiras, a prorrogação das parcelas representa crédito novo, já que todo o contrato precisa ser reestruturado.
Para o presidente da Febraban, Isaac Sidney, os números mostram que não há represamento de crédito nas instituições.
"Não há represamento de crédito ou empoçamento de liquidez. Ao contrário, os bancos estão dando vazão às demandas, tanto dos consumidores quanto das empresas, e já concederam, entre novas contratações, renovações e alívio de caixa quase 300 bilhões, apesar do aumento do risco de crédito e do custo de captação", afirmou.
Liquidez é a quantidade de dinheiro disponível nas instituições.
As novas linhas (descontando as prorrogações e as renovações) representaram R$ 177 bilhões e, deste total, a maior parte foi para as grandes empresas: R$ 101 bilhões.
Recentemente, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que elas pegaram linhas de crédito pré-aprovadas no início da crise para fazer caixa, o que pode explicar o movimento.
Empreendimentos de pequeno e médio porte, juntos, tomaram R$ 37 bilhões em novos empréstimos no período. Já as famílias pegaram R$ 15,9 bilhões.
Para o setor agrícola, foram apenas R$ 2,5 bilhões de novas contratações.
As renovações de crédito, quando uma linha é quitada e é tomada novamente pelo cliente, representaram R$ 66,5 bilhões no período.
"Apesar de ter naturalmente diminuído a demanda com o aumento da incerteza, risco de desemprego e perda de renda, a concessão para pessoa física já ultrapassou 70 bi entre contratação, renovação e suspensão de parcelas", ressaltou Sidney.
Para conter os efeitos da crise da Covid-19 na economia, em 23 de março, o BC lançou o maior pacote de liberação de liquidez da história, com potencial de injetar até R$ 1,2 trilhões.
Também foram anunciadas mudanças que liberaram parte do capital dessas instituições para aumentar os empréstimos.
Segundo a Febraban, no entanto, parte dessas medidas ainda não resultou em liberação de recursos de fato.
A autorização de empréstimo do BC às instituições financeiras garantida por letra financeira, por exemplo, começou a ser operacionalizada somente no último dia 20, depois do período de corte dos dados divulgados pela entidade.
| Folha de S.Paulo | | | A Receita Federal recebeu até a tarde da sexta-feira passada 712 mil declarações do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) 2020 no Estado do Paraná. No mesmo período do ano passado a Receita havia recebido 1.213.115 de documentos. Contudo, nesta época do ano esgotava-se o prazo para a entrega da declaração — 30 de abril.
Neste ano, por causa da pandemia do coronavírus, o prazo foi dilatado para 30 de junho, e isso deve ter feito com o que o contribuinte do Estado não se apressasse para fazer a entrega do documento. A estimativa é que 2,07 milhões de declarações sejam entregues.
| Bem Paraná ( publicado em 26-04-2020) | | | | Avaliações sobre o presente e expectativas para o futuro recuaram
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), recuou 22 pontos em abril, na comparação com março deste ano. Com isso, o indicador chegou a 58,2 pontos, em uma escala de zero a 200 pontos, o menor nível da série histórica iniciada em setembro de 2005. O mínimo histórico anterior era o de dezembro de 2015 (64,9 pontos).
Tanto as avaliações sobre o presente quanto as expectativas em relação ao futuro recuaram. O Índice de Situação Atual, que mede a confiança no presente, caiu 10,5 pontos, para 65,6 pontos, o menor nível desde dezembro de 2016 (64,8 pontos).
Já o Índice de Expectativas, que mede a confiança no futuro, recuou 28,9 pontos para 55 pontos, o menor valor da série histórica. Dentre os quesitos que integram o ICC, o indicador que mede a intenção de compras de bens duráveis nos próximos meses foi o que mais contribuiu para queda do indicador.
De acordo com a pesquisadora da FGV Viviane Seda Bittencourt, com a pandemia de covid-19 e as consequentes medidas de isolamento social, os consumidores percebem a piora da situação econômica do país e o quanto isso afeta suas condições financeiras nesse momento.
“É difícil ainda enxergar uma melhora significativa nos próximos meses, dado o nível elevado de incerteza econômica e política”, afirma Viviane Seda Bittencourt.
| Agência Brasil | | | Indicador teve queda de 26,9 pontos na passagem de março para abril
O Índice de Confiança do Comércio (Icom), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), teve queda de 26,9 pontos na passagem de março para abril deste ano. Com esse, que foi o maior recuo do indicador em toda a série iniciada em abril de 2010, o Icom chegou a 61,2 pontos, em uma escala de zero a 200. Esse também é o menor patamar do indicador na série.
A confiança caiu em todos os seis segmentos pesquisados pela FGV. Houve pioras na confiança dos empresários do comércio tanto em relação ao presente quanto em relação ao futuro.
O Índice de Expectativas, que mede a percepção sobre o futuro, caiu 19,5 pontos e atingiu 63,2 pontos, o menor patamar desde o início da série. Já o Índice de Situação Atual, que mede a opinião dos empresários em relação ao presente, recuou 33 pontos, registrando 60,9 pontos, o segundo menor valor da série histórica, perdendo apenas para outubro de 2015 (58,4 pontos).
De acordo com o pesquisador da FGV Rodolpho Tobler, a confiança foi impactada pela pandemia do novo coronavírus (covid-19) e pelas consequentes medidas de isolamento social.
“Ainda é difícil observar um cenário de recuperação no curto prazo, mesmo com algum afrouxamento do isolamento social, dado o nível elevado de incerteza e a grande cautela que é observada na percepção dos consumidores”, afirma Tobler.
| Agência Brasil | | | | A informação foi divulgada hoje pelo Banco Central
A previsão de queda da economia este ano está cada vez maior, devido aos efeitos de medidas de isolamento social necessárias para o enfrentamento da pandemia de covid-19. Pela 11ª semana seguida, as instituições financeiras revisaram a projeção de queda do Produto Interno Bruto (PIB), soma dos bens e serviços produzidos no país. Desta vez, a estimativa de queda passou de 2,96% para 3,34%.
A informação consta do boletim Focus, com projeções de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos, divulgado às segundas-feiras pelo Banco Central (BC).
A previsão do mercado financeiro para o PIB de 2021 é de crescimento de 3%. A previsão anterior era 3,10%. Para 2022 e 2023, a previsão de crescimento continua em 2,50%.
Dólar
A previsão para cotação do dólar é R$ 4,80, no final de 2020, a mesma estimativa da semana passada. E para o fim do próximo ano, a expectativa é R$ 4,55, ante R$ 4,50 da previsão anterior.
Inflação
As instituições financeiras consultadas pelo BC reduziram a previsão de inflação de 2020, pela sétima vez seguida. A projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu de 2,23% para 2,20%.
Para 2021, a estimativa de inflação também foi mantida em 3,40%. A previsão para 2022 e 2023, não teve alterações e permanece em 3,50%.
A projeção para 2020 está abaixo da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é 4% em 2020, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2,5% e o superior, 5,5%.
Para 2021, a meta é 3,75% e para 2022, 3,50%, também com intervalo de 1,5 ponto percentual em cada ano.
Selic
Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, estabelecida atualmente em 3,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
Segundo o BC, para o mercado financeiro, a expectativa é que a Selic tenha mais duas reduções, de 0,25 ponto percentual cada, em maio e junho, encerrando 2020 em 3% ao ano, a mesma previsão da semana passada.
Para o fim de 2021, a expectativa é que a taxa básica chegue a 4,25% ao ano. A previsão anterior era de 4,50% ao ano. Para o fim de 2022, a previsão está em 5,88% ao ano, ante 6% ao ano, na semana passada.
Ao final de 2023, as instituições mantiveram a previsão em 6% ao ano.
Quando o Copom reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica. Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
| Agência Brasil | | | Apesar de ter uma letalidade baixa, grupos de risco específicos e causar, em grande parte das pessoas contaminadas, sintomas que se assemelham a uma gripe ou resfriado, o coronavírus é um vírus com comportamento diferente dos demais e que pode comprometer os pulmões mesmo de pessoas que apresentem sintomas leves ou até de assintomáticos.
A médica intensivista Mirella Oliveira, que comanda a Unidade de Terapia Intensiva do Complexo Hospitalar do Trabalhador, o centro de referência de Curitiba para os casos de Covid-19, contou à Gazeta do Povo que tomografias de pacientes leves da doença vêm apresentando alterações pulmonares significativas.
“Do ponto de vista clínico e fisiopatológico, nunca vimos uma doença como essa. Sou intensivista há mais de 30 anos, atuei na epidemia do H1N1 e estamos diante de um vírus completamente diferente dos outros. O funcionamento dele é extremamente inteligente, e a doença muito interessante.
Faz alterações pulmonares que nunca vimos antes em outra doença e, com características clínicas muito diferentes, ao ponto de um paciente assintomático, ou com sintomas mínimos apresentar uma tomografia de pulmão completamente alterada pelo vírus”, comentou a médica, que participou do Podcast Pequeno Expediente desta semana, em que relatou a rotina do hospital no atendimento à pandemia e expôs a situação do serviço de saúde quanto à disponibilidade de leitos, profissionais, aparelhos e equipamentos de proteção.
“É um vírus que pode ser silencioso, mas que mesmo no silêncio, ele faz alterações pulmonares importantes, faz coinfecções com outros vírus em número maior que os outros”, aponta, citando que, enquanto a média de associação dos demais vírus é de 5%, a do coronavírus chega a 25%. “Então, é uma doença intrigante, e é uma doença desconhecida, que tem desafiado a comunidade científica do mundo todo. Ainda bem que estamos numa sociedade globalizada e trocando informações com médicos e pesquisadores do mundo inteiro. Assim definimos o manejo da doença, mas ainda não temos respostas sobre medicamento ou vacina”, prosseguiu.
Apesar de o vírus poder atingir os pulmões logo nos primeiros sintomas, a médica reforça que não adianta procurar os serviços de saúde com sintomas leves, pois não há cura para a doença. “Além do risco de colapso no sistema de saúde, se todos os pacientes procurarem os hospitais com sintomas leves, não teremos o que fazer.
O tratamento, hoje, é 'suportivo'. É o suporte ventilatório adequado para o pulmão inflamado (com o uso de respirador) e a precaução com infecções secundárias. Assim, só deve procurar atendimento médico pacientes com febre alta e persistente e, principalmente, com falta de ar”, diz. Ela cita que ainda não há estudos sobre sequelas pulmonares em pacientes recuperados da doença.
Mirella Oliveira aproveita para esclarecer que, no hospital de referência do Paraná, não estão sendo administrados medicamentos como a cloroquina e a hidroxicloroquina, mesmo após a permissão do uso dessas substâncias pelo Conselho Federal de Medicina - o órgão considerou que era possível adotar esses remédios (utilizados há 40 anos para outras doenças), devido à excepcionalidade da pandemia, mesmo sem estudos clínicos específicos para a Covid-19, desde que prescritos pelo médico e aceitos pelo paciente.
"Não estamos utilizando cloroquina e nenhum outro tipo de tratamento em teste na literatura nacional ou internacional. Existem muitos ensaios clínicos em fase acelerada de andamento, porque o Conselho Nacional de Ética e Pesquisa está trabalhando dia e noite para que os pesquisadores possam responder rapidamente às perguntas relacionadas a que drogas estariam indicadas e seriam eficientes para o tratamento da doença. Não existe nenhuma droga ainda com estudo de literatura suficiente para ser recomendada. Nenhum antiviral, nenhum anticoagulante, muito menos a hidroxicloroquina. Nenhuma medicação que não está comprovada na literatura está sendo utilizada para os doentes internados no Hospital do Trabalhador”.
Casos, óbitos e medidas de isolamento
Na entrevista, a médica relatou que, até a última quarta-feira, o hospital recebeu pouco mais de 300 pacientes considerados casos suspeitos da Covid-19, dos quais 98 precisaram internar em UTI. Destes, 45 testaram positivo para a doença. Até a quarta-feira, o hospital havia registrado um óbito por Covid-19 e mais um óbito de paciente suspeita, mas que, posteriormente, o teste revelou-se negativo.
A chefe da UTI de referência para Covid-19 em Curitiba disse que a situação da capital paranaense ainda é relativamente tranquila, em comparação com outros estados brasileiros, não havendo sobrecarga do sistema de saúde quanto a leitos, profissionais e, nem mesmo, equipamentos de proteção.
“O estado teve distanciamento social precoce, a contaminação comunitária, então foi mais lenta, e o estado está em uma situação muito melhor que a maioria dos estados, mas não dá para baixar a guarda, a doença tem algum tempo, um bom tempo pela frente. Deveremos ter sinais da pandemia até julho, mas estamos em situação privilegiada porque temos leitos, profissionais e equipamentos para atender a todos os nossos doentes, por enquanto”, diz, avaliando que, com o relaxamento do isolamento, observado nas últimas semanas, o número de casos deverá crescer.
“Mas é assim mesmo, temos que analisar se a curva vai acelerar muito ou não e, se for o caso, voltar atrás e até aumentar o isolamento. A ameaça ainda vai rondar e, por muito tempo. Cada estado e cada município tem que fazer sua própria avaliação sobre suas medidas de isolamento social. Temos que trabalhar no conceito de baby steps (passos de bebê) - pequenos passos que você pode ir dando e monitorando o impacto disso para saber se o próximo passo será para frente ou para trás”, conclui."
| Gazeta do Povo (publicado em 25-04-2020) | | | | Representatividade de mulheres e negros é maior nas atividades mais afetadas pela Covid-19 e com vínculos de emprego mais instáveis
A crise provocada pelo coronavírus deverá acentuar desigualdades existentes no mercado de trabalho brasileiro, entre homens e mulheres, brancos e negros, de acordo com estudo feito por pesquisadores de uma rede articulada por várias instituições acadêmicas para monitorar o impacto da pandemia no país.
Conforme a análise do grupo, mulheres e negros foram atingidos pela crise em situação mais desfavorável, com vínculos de emprego mais instáveis ou porque trabalham em atividades econômicas que foram mais afetadas pelo avanço da Covid-19 e agora correm maiores riscos de perder emprego e renda.
"Por terem vínculos mais frágeis com seus empregadores, essas pessoas tendem a ser mais prejudicadas pela crise, por causa do potencial de rompimento desses vínculos", observa o sociólogo Ian Prates, pesquisador do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) e um dos autores do estudo.
Muitos homens e mulheres brancas também sofrerão com a crise, embora tenham vínculos mais estáveis com seu trabalho, porque exercem atividades que foram mais prejudicadas pela pandemia.
"São pessoas menos vulneráveis, mas que mesmo assim talvez não resistam ao impacto da crise atual", diz Prates.
Para estimar o grau de vulnerabilidade da força de trabalho, os pesquisadores analisaram sua composição antes da epidemia, de acordo com o vínculo com o empregador e o setor de atividade, conforme os dados mais recentes publicados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), referentes a dezembro.
Informações do Google sobre a mobilidade em estabelecimentos comerciais, boletins da Cielo sobre transações com cartões de crédito e levantamentos do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) foram usados para avaliar os efeitos da epidemia nos diferentes setores da economia.
38%
dos trabalhadores estão no grupo mais vulnerável, formado por informais em serviços não essenciais
64%
é o quanto a participação das mulheres negras nesse grupo é maior que na população ocupada total
Segundo os cálculos do grupo, 38% da força de trabalho pode ser considerada altamente vulnerável, por causa da informalidade de seus vínculos. São trabalhadores sem carteira assinada que atuam em empresas ou realizam serviços domésticos, ou que trabalham por conta própria sem registro formal.
Os membros de outro grupo, equivalente a 46% da força de trabalho, têm vínculos formais e mais estáveis, mas atuam em setores prejudicados por não terem sido considerados essenciais pelas políticas de combate ao coronavírus ou por terem sido especialmente afetados pela paralisia da economia.
A participação de homens e mulheres brancas nesse contingente, que os pesquisadores classificam como "novos vulneráveis", é mais significativa do que na força de trabalho em geral, assim como a de homens e mulheres negras é maior nos grupos considerados mais vulneráveis, de acordo com o estudo.
Há uma forte correlação entre escolaridade, gênero e raça na distribuição da população ocupada entre os vários grupos de risco, dizem os pesquisadores, mas a crise do coronavírus representa a primeira vez que grupos relativamente mais protegidos, e mais brancos, encontram-se ameaçados também.
No grupo mais vulnerável, formado por trabalhadores informais em serviços não essenciais, a participação de mulheres negras é 64% maior do que na força de trabalho, diz o estudo. A participação de homens brancos nesse mesmo grupo é 36% inferior à encontrada na população ocupada total.
Num grupo que reúne trabalhadores com registro formal e vínculos mais estáveis, empregados em serviços não essenciais, a participação de mulheres brancas é 28% maior do que a observada na força de trabalho, e a de homens negros é 23% inferior à verificada na população em geral.
Para atenuar o impacto da pandemia, o governo começou a pagar um auxílio emergencial de R$ 600 por mês para trabalhadores do setor informal e lançou um programa que promete compensar parte das perdas sofridas pelos que tiverem redução da jornada e dos salários.
Especialistas preveem que essas medidas se revelarão insuficientes com o aprofundamento da crise, que empurrará o mundo inteiro para uma recessão neste ano, atingindo uma parcela maior dos trabalhadores que hoje se encontram nos grupos menos ameaçados da população.
Esse aval foi necessário porque o governo detém a chamada "golden share" que lhe permitiria vetar qualquer tratativa. A ação era um resquício do processo de privatização da Embraer.
O acordo teve o apoio do Planalto sob Michel Temer (MDB). Ele foi ratificado por Bolsonaro no começo de 2019.
O negócio entre Boeing e Embraer começou a ser costurado em 2017, quando a maior rival da fabricante americana, a europeia Airbus, comprou a linha de jatos regionais C-Series, da canadense Bombardier.
No começo da tarde de sábado, a Embraer divulgou nota com acusações contra a Boeing. "A Embraer acredita firmemente que a Boeing rescindiu indevidamente o MTA (Acordo Global da Operação) e fabricou falsas alegações", diz o texto.
A decisão foi tomada, segundo a nota, "como pretexto para tentar evitar seus compromissos de fechar a transação e pagar à Embraer o preço de compra de U$ 4,2 bilhões".
"A empresa acredita que a Boeing adotou um padrão sistemático de atraso e violações repetidas ao MTA, devido à falta de vontade em concluir a transação, sua condição financeira, ao 737 MAX e outros problemas comerciais e de reputação", afirma a Embraer, que disse ter cumprido todas as condições necessárias para o negócio.
A fabricante brasileira afirmou que irá tomar "todas as medidas cabíveis contra a Boeing pelos danos sofridos como resultado do cancelamento indevido e da violação do MTA".
O próprio CEO da empresa, Francisco Gomes Neto, gravou um vídeo dando essa versão dos fatos.
"Vamos buscar compensação", disse, afirmando que "lamenta a decisão", mas que a Embraer já superou crises no passado. "Seguimos firmes e fortes", disse.
As dificuldades financeiras da Boeing citadas são conhecidas, embora a empresa negue que sejam o motivo da rescisão.
São uma crise interna, com a paralisação da produção do best-seller 737 MAX por problemas técnicos que geraram acidentes fatais, e a queda de demanda mundial de aeronaves pela pandemia do novo coronavírus.
| Folha de S.Paulo | | | Empresas líderes e consolidadas, com grande volume de negociação na Bolsa e caixa confortável, são aposta na crise
O cenário de instabilidade política e econômica no Brasil levou gestores a voltar suas recomendações para as empresas líderes de mercado e com grande volume de negociação na Bolsa, as chamadas blue chips –alusão aos cassinos, onde as blue chips (fichas azuis, em inglês) valem mais.
Entre as mais recentes recomendações de bancos, gestoras, casas de análise e corretoras, algumas ações são figurinhas carimbadas, como Bradesco, JBS e Vale, empresas consolidadas e com forte caixa.
Apesar de a crise do coronavírus afetar a economia como um todo, reduzindo ganhos de quase todos os setores, elas devem ser menos impactadas e, no longo prazo, até beneficiadas pela crise.
"O cenário é ruim, todo o mundo se desvalorizou, mas empresas que são líderes se consolidam. A crise pune as empresas menores, e as grandes absorvem esse mercado", afirma Jorge Junqueira, sócio da gestora Gauss Capital.
Dentre suas preferências estão a locadora Localiza e as Lojas Renner, por terem situação de caixa mais confortável.
"Elas têm condições de melhorar a relação com parceiros e complicar a vida dos concorrentes. Fora que a Localiza pode se beneficiar das restrições ao uso do transporte coletivo com a pandemia."
Outra recomendação, também em alta, é a Marfrig. "A demanda por carne bovina está aumentando, especialmente na China. Como há a suspeita de o coronavírus vir de carnes exóticas, acreditamos que o mercado por lá pode aumentar ainda mais."
Além de Marfrig, a JBS também é uma das favoritas do momento. Para a a XP, que indica a compra de ambas, o impacto do coronavírus no segmento deve ser baixo.
"Vemos uma combinação positiva de consumo em alta por alimentos, sobretudo dos supermercados, margens sólidas, dólar alto, normalização da China e baixo endividamento", afirma Betina Roxo, analista da XP, em relatório.
De acordo com a corretora, para cada 10% de depreciação no real, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da JBS e da Marfrig aumenta 8% na média.
Na mesma lógica, a Vale segue nas carteiras recomendadas, com o início da retomada na China, principal importador de minério de ferro.
A expectativa positiva se reflete no preço da matéria-prima, que teve leve queda de 2,5% no ano, enquanto o petróleo despenca cerca de 70%. Com a desvalorização da commodity e a queda na demanda, as ações da Petrobras passaram a ser pouco recomendadas.
Já no setor bancário, os dois maiores bancos privados do país, Bradesco e Itaú, são os mais citados devido ao provisionamento de crédito elevado para arcarem com inadimplências decorrentes da crise.
A grande preferência, porém, é o Bradesco, que tem as ações mais descontadas do que o Itaú. De acordo com relatório do Santander, os papéis do Bradesco estão sendo negociados 23% abaixo da média histórica. Segundo Junqueira, da Gauss, outra vantagem do banco ante seus pares é que um terço do seu resultado vem do Bradesco Saúde.
A pandemia do coronavírus levou diversos serviços de saúde a serem suspensos e adiados, o que reduziu os custos de planos, outro setor muito recomendado por analistas.
"Gostamos da Hapvida. Ela cresce bem, com um modelo de negócio interessante. Muitos acharam que a empresa seria prejudicada com pessoas usando mais os planos, mas as cirurgias eletivas que foram canceladas eram mais custosas", diz Evandro Buccini, diretor de renda fixa e multimercado da Rio Bravo.
O economista aponta que, antes da forte queda do Ibovespa em março, as ações estavam "muito caras". "Com quedas bruscas e até irracionais, aproveitamos para selecionar empresas mais interessantes, com fundamentos sólidos. E elas acabam sendo as tradicionais, com balanço forte e participação relevante no mercado", diz.
Nesse perfil, estão Magazine Luiza e Lojas Renner. Apesar de serem prejudicadas com o fechamento das lojas físicas, elas têm uma forte atuação no ecommerce e caixa para aguentar a queda nas vendas.
"Esperamos que o Magazine Luiza seja um dos principais beneficiários da mudança em direção ao comércio eletrônico", diz relatório do Santander.
O banco também vê a Lojas Renner como beneficiária da crise, podendo quase dobrar a participação no mercado até 2022, atingindo 12%.
"Esperamos que a Renner saia mais forte da atual crise da Covid-19, pois esperamos que vários varejistas menores entrem em falência devido à grande queda nas vendas do segundo trimestre."
Além disso, a empresa, que foi uma das primeiras a fechar a unidades físicas, anunciou plano de reabertura de 20 a 30 lojas em quatro estados.
Outra aposta do momento é a Cosan. Relatório da Guide investimentos destaca a "recente ótima performance" da Comgás, distribuidora de gás natural controlada pela empresa.
| Folha de S.Paulo | | | Crise política deflagrada pela saída de Moro sinaliza volta da instabilidade e piora cenário de retomada pós-pandemia
O enfraquecimento político do presidente Jair Bolsonaro deve enterrar de vez a agenda liberal do ministro Paulo Guedes (Economia) e levar o governo a adotar uma posição mais intervencionista para tentar promover a recuperação da atividade econômica no período pós-pandemia.
Essa é a avaliação de economistas ouvidos pela Folha, que discordam, no entanto, sobre a viabilidade de uma estratégia que aumente a presença do Estado na economia, por meio, por exemplo, do plano de investimentos em infraestrutura com recursos públicos.
Alessandra Ribeiro, diretora da área de Macroeconomia e Análise Setorial da consultoria Tendências, afirma que os sinais são os de que o país tende a caminhar novamente para uma política econômica nacional-desenvolvimentista.
Ela diz que a projeção de queda do PIB (Produto Interno Bruto) de 4,1%, traçada até agora pela Tendências, com a possibilidade de que a economia só volte ao nível de 2019 no fim de 2021, já se mostra otimista diante do novo ambiente político criado com a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Para Ribeiro, com Bolsonaro mirando a eleição de 2022, haverá uma tentativa de trazer crescimento a qualquer preço. É grande o risco de se repetirem políticas que não deram certo no passado.
No caso de um processo de impeachment, que começa a ser defendido por alguns partidos, também há dúvidas em relação a como seria o alinhamento de um eventual novo presidente com os demais Poderes e o peso da agenda liberal do ministro Paulo Guedes.
“Dificilmente o ministro continuaria no governo com esses sinais de que não vai ter espaço para executar a agenda dele. Se ficarem cada vez mais fortes as vozes dentro do governo, do presidente e da ala militar que o apoia, de que a política econômica tem de ser diferente, numa linha nacional-desenvolvimentista, o ministro não deve permanecer. Os outros bons nomes da equipe saem também. Ninguém chancela um projeto como esse”, afirma Ribeiro.
Piora o cenário o lançamento, na semana que passou, do Pró-Brasil, plano da área de infraestrutura apelidado pela equipe econômica de novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), numa alusão à política de Dilma Rousseff. O projeto prevê investimentos com orçamento adicional de R$ 30 bilhões no Ministério da Infraestrutura em três anos, com a proposta de gerar de 500 mil a 1 milhão de empregos após o fim da pandemia do coronavírus.
“O nosso receio maior é que a política econômica pode ser alterada, de como fica a política fiscal, de mexerem na regra do teto, para acomodar esse tipo de gastos. Isso traria um custo muito grande para a atividade econômica, aumentaria a percepção de risco dos agentes em relação ao Brasil, limitando a reação da atividade econômica e do emprego.”
A economista Monica de Bolle, pesquisadora do Peterson Institute for International Economics, afirma que o Brasil experimenta a junção de um problema de saúde pública e econômico com uma crise política, o que dificulta uma resposta rápida do país aos seus desafios.
“Isso dificulta a resposta à crise agora, que já está atrasada, e prejudica muito o que vem depois. A gente está caminhando para um colapso total do sistema de saúde. Não sei como fica a capacidade de gestão após essa crise”, diz ela.
O impeachment, avalia, pioraria tudo, pois prejudicaria a capacidade de resposta imediata à crise. “Esse não é um argumento anti-impeachment, é uma realidade —se é que existe alguma capacidade de resposta neste governo. Por outro lado, a gente também pode pensar que, se houver uma forma rápida de mudar as lideranças, talvez as coisas saiam do papel.”
Solange Srour, economista-chefe da gestora ARX Investimentos e colunista da Folha, afirma que o governo já sinalizava que abandonaria a política de austeridade e as reformas de Guedes.
“Mesmo após o início da crise do coronavírus, havia dúvidas sobre a volta para a situação inicial de tentar aprovar algumas reformas. O mercado já estava vendo a possibilidade de um estrago econômico maior. Já estava tendo impacto no dólar, nos juros, na Bolsa. Agora, a situação se agrava muito. O governo vai precisar ir para o populismo para se sustentar. Não é mais uma dúvida”, afirma.
“A gente vai ter uma agenda de estímulos para a economia com intervenção estatal e distribuição de cargos para tentar dar suporte a um governo fraco”, diz Sour.
“Se havia dúvidas antes das acusações de que o governo poderia mudar a rota, agora tem uma certeza de que isso vai acontecer, mesmo com o Guedes lá. Ele vai ser enfraquecido. Isso atrapalha muito o Brasil, justo em um momento em que a gente começaria a saída do isolamento e aprofunda a recessão.”
PLANO PRÓ-BRASIL
Sobre o plano Pró-Brasil, encampado pela ala militar do governo e que causou contrariedade na Economia, ela diz que R$ 30 bilhões, dentro do Orçamento, é até um valor pequeno, mas que é a medida é simbólica, porque mostra o isolamento da equipe econômica.
“Indica que o governo quer acabar com o teto de gastos. Já se discute fazer isso com um orçamento paralelo. É uma sinalização de que a equipe econômica está perdendo força porque não está entregando e não vai conseguir entregar crescimento”, afirma Srour.
“O Brasil só consegue financiar infraestrutura com setor privado e capital externo. É por isso que a agenda de concessões e de privatizações era tão importante. Para fazer financiamento público, teria de ter alguma reforma para diminuir o gasto obrigatório. Vai imprimir dinheiro? O Banco Central vai financiar essa dívida? Usar reservas?”
Segundo ela, todas as alternativas levam a soluções mirabolantes, que provocam a fuga do real. “É perda de confiança”, afirma.
Esther Dweck, professora do Instituto de Economia da UFRJ e ex-secretária de Orçamento Federal no governo Dilma Rousseff, afirma que a comparação com o PAC não se sustenta em função da dimensão das propostas em termos de gastos, mas afirma que um plano de investimentos públicos é fundamental para garantir uma saída mais rápida da crise atual.
“Se a queda no consumo, que é muito centrada no período da crise, vai ser grande, a queda dos investimentos vai ser muito maior. Ter um plano de investimentos focado em infraestrutura é fundamental, não só para gerar emprego, para garantir que a economia cresça mais rápido, mas também para fortalecer uma área que vai ser muito afetada pela crise, como a construção”, afirma Dweck.
“Porque não aproveitar para melhorar a infraestrutura e gerar emprego? E tem de ser com investimento público também. Não dá para ser, como o ministro Paulo Guedes queria, só investimento privado. Num cenário de uma economia que já vinha lenta, temos a possibilidade de um ‘L’, que é quando você cai e não volta, o que pode acontecer se o governo não atuar. Pode ser concessão, pode ser PPP, mas principalmente recurso público. O setor privado vai estar super contraído.”
Monica de Bolle também afirma que vários países vão lançar mão de planos de infraestrutura financiados por investimentos públicos como parte da reconstrução da economia e que a mesma coisa pode acontecer no contexto brasileiro.
"Tirando o fato de o Pró-Brasil ainda não existir, a ideia de ter um plano de infraestrutura como maneira de dar sustentação à economia na saída me parece bastante sensata. Existe no Brasil essa má caracterização do investimento público por causa do que aconteceu no governo Dilma, mas é errado pensar dessa forma. O investimento público é bom”, afirma.
“Na saída da crise, não vai ter ninguém do setor privado querendo colocar dinheiro em infraestrutura. Tem de ser dinheiro público mesmo. Não tem alternativa.”
Alessandra Ribeiro, da Tendências, discorda. Ela afirma que o Pró-Brasil, que parece uma coisa inicialmente modesta e pouco prejudicial, pode ganhar volume ao longo do tempo e deixar novamente um passivo de obras incompletas e disfuncionais espalhadas pelo país. Para ela, a recuperação mais rápida do país depende, em primeiro lugar, de um ambiente de paz política para reduzir as incertezas e permitir uma retomada da agenda de reformas e a melhora das condições financeiras.
Ribeiro afirma que o Brasil precisa dar sinais de que as contas públicas são sustentáveis ao longo do tempo e que o caminho para promover os investimentos necessários em infraestrutura é o mesmo que foi traçado desde o governo Michel Temer, por meio de concessões ao setor privado.
“Esse é o caminho. Não é o setor público começar a construir coisas. Você tem bons projetos já mapeados, que têm de ser agilizados, mas só vai conseguir fazer isso se esse nível de incerteza estiver baixo. O primeiro ponto é tentar ao máximo reduzir incertezas e retomar a agenda, em especial de infraestrutura e da questão fiscal, para apaziguar.”
| Folha de S.Paulo ( publicado em 26-04-2020) | | | Cotação da moeda americana na sexta (24), a R$ 5,66, atingiu patamar inédito
Apesar de ter fechado no patamar inédito de R$ 5,66 na sexta (24), o recorde do dólar não é real, ou seja, não é o valor máximo da moeda americana no Brasil em termos corrigidos pela inflação. Dessa forma, é chamado de recorde nominal, que se refere apenas ao número em si.
Em 10 de outubro de 2002, entre o primeiro e o segundo turno das eleições que levaram Lula à Presidência, a moeda dos EUA foi ao recorde de R$ 4,00 durante o pregão –fechou a R$ 3,99.
Naquela época, R$ 4 tinham um poder de compra maior do que têm hoje, devido à inflação.
A inflação é a alta contínua no nível geral de preços, ou seja, o quanto o custo das coisas fica maior ao longo do tempo. Como consequência, a moeda perde poder de compra.
Ela é medida por meio de índices de preços, que reúnem diversos bens e serviços de acordo com o gasto médio das famílias de determinada faixa de renda.
O índice mais utilizado é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo IBGE e considerado a inflação oficial do país.
De 10 de outubro de 2002 até março deste ano, o IPCA acumula variação de 179,41%, o que faz os R$ 4 daquela época equivalerem a R$ 11,18 hoje.
"Como temos uma inflação forte no Brasil, ela amplia a desvalorização do real, e, se olharmos só para a cotação nominal, a comparação é limitada. O valor do dinheiro muda conforme a inflação", afirma Joelson Sampaio, coordenador do curso de economia da FGV.
Há também que considerar a inflação americana. Do mesmo modo que o real perdeu valor ao longo dos anos, o dólar desvalorizou, e US$ 1 em 2002 equivalia a US$ 1,42 hoje, uma perda dede 42%, segundo o CPI (Índice de Preços ao Consumidor, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.
Levando em conta a inflação dos dois países de outubro de 2002 a março de 2020 –dado mais recente disponível– , o dólar teria que subir mais 39% e superar os R$ 7,86 para bater o recorde real.
"Pelo andar da carruagem, não é um o recorde difícil de bater", diz Sampaio, da FGV.
Além da pandemia de coronavírus, que gera fortes impactos econômicos, o Brasil vive uma crise política, com a saída de Sergio Moro do governo de Jair Bolsonaro e o atrito do presidente com os demais Poderes.
"É possível bater esse recorde, mas não me arrisco a fazer projeções. Entre economistas, há a máxima de que o câmbio foi feito para nos humilhar, porque é difícil de prever", diz Alan Ghani, professor de finanças do Insper.
Além do cenário de aversão ao risco, no qual investidores procuram ativos mais seguros como o dólar, a Selic em 3,75% ao ano e a perspectiva que ela caia para 3% também aumentam a pressão sobre o real devido ao carry trade.
Nessa prática de investimento, o ganho está na diferença do câmbio e do juros. Nela, o investidor toma dinheiro a uma taxa de juros menor em um país, para aplicá-lo em outro, com outra moeda, onde o juro é maior. Com a Selic na mínima histórica, investir no Brasil fica menos vantajoso, o que contribui com uma fuga de dólares do país, elevando assim sua cotação.
| Folha de S.Paulo ( publicado em 26-04-2020) | | | Na mesma reunião nesta segunda-feira em que decidiu manter a sua taxa básica de juros, a de depósitos, em -0,10%, o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) anunciou que vai quase triplicar as dívidas corporativas em seu balanço para 20 trilhões de ienes (US$ 186 bilhões) para facilitar o financiamento para companhias afetadas pelo novo coronavírus, e projetou uma contração acentuada da economia neste ano fiscal. A meta para o rendimento do JGB com vencimento de 10 anos foi mantida em torno de 0%.
A autoridade monetária estipulou esta nova meta para o portfólio de bônus corporativos e a dívida corporativa de prazo mais curto chamada commercial paper. Antes, a meta combinada total para esses títulos era de 7,4 trilhões de ienes. O BoJ também elevou o limite por emissor de 100 bilhões em ambos os casos para 500 bilhões de ienes em commercial papers e para 300 bilhões de ienes em bônus corporativos.
Na sua reunião de política monetária anterior, em março, o banco central havia elevado as suas metas para dívida corporativa no balanço a proporções menores.
O aumento dá continuidade a uma série de intervenções no mercado de crédito por parte dos grandes bancos centrais do mundo.
O BoJ, além disso, se desfez da sua meta anterior de comprar cerca de 80 trilhões de ienes em bônus do governo japonês (JGBs) anualmente. A sua nova promessa é de comprar tantos bônus quanto forem necessários para manter o rendimento do título de 10 anos em 0%.
As projeções do BoJ para a economia japonesa também sofreram alterações. Para o Produto Interno Bruto (PIB), a estimativa da instituição para o ano fiscal atual, que termina em março de 2021, passou de um crescimento modesto de 0,9% para um encolhimento na faixa entre 3% e 5%. Já no caso do núcleo do índice de preços ao consumidor (CPI) que exclui componentes de alimentos frescos, a projeção passou de avanço de 0,9% para um recuo na faixa entre 0,4% e 0,8%.
| Bem Paraná | | | | O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP) disse que o fim do acordo entre Boeing e Embraer é uma reviravolta na transação marcada pelo "desprezo aos interesses nacionais e dos trabalhadores brasileiros". Em nota, o sindicato, que desde o início das negociações foi contra o acordo entre as duas empresas, disse que a companhia não precisa de aliança com parceiros internacionais para sobreviver.
O sindicato pede que os custos para efetuar a transação sejam ressarcidos pela Boeing. De acordo com o sindicato com base no demonstrativo financeiro da própria Embraer, esse valor chega a R$ 485 milhões.
"Defendemos que o governo brasileiro cumpra o seu papel em favor da nossa soberania e reestatize a Embraer para que, diante dos efeitos colaterais a serem provocados pela ruptura do acordo, agravados pelas consequências econômicas causadas pela pandemia do coronavírus, os empregos e direitos dos trabalhadores sejam preservados integralmente", diz a nota do sindicato.
| Bem Paraná ( publicado em 25-04-2020) | | | | Núcleo fardado do Planalto vê setor de tecnologia aeroespacial como estratégico
O cancelamento da compra pela Boeing da área de avião civil da Embraer não foi considerado catastrófico por todo o governo federal.
A cúpula militar, que nunca foi unânime sobre o acordo, avalia que a desistência é uma oportunidade para que o presidente Jair Bolsonaro adote mais cautela na atual política de privatizações.
No sábado (25), a Boeing anunciou a suspensão do acordo, de US$ 4,2 bilhões (R$ 23,5 bilhões na sexta) –era o maior negócio da indústria aeroespacial brasileira.
Segundo a empresa americana, a Embraer não teria cumprido todas as obrigações para executar a separação da linha de aviões regionais. Houve troca de acusação entre as companhias.
Para o núcleo fardado do Palácio do Planalto, o setor de tecnologia aeroespacial é estratégico para a proteção do país. Por isso, o compartilhamento de tecnologia poderia fragilizar a defesa aérea.
Os militares ouvidos pela Folha ponderam, no entanto, que a quebra do acordo em meio a uma crise econômica causada pelo novo coronavírus não é animador.
O cenário, para eles, demonstra que outras empresas brasileiras correm o risco de perder grande valor de mercado ao longo da pandemia. Para alguns militares, o não prosseguimento do acordo fortalece o discurso de parcela do governo sobre a necessidade de uma flexibilização do ajuste fiscal e de um aumento do investimento público enquanto perdurar o alastramento da doença.
Apesar do discurso de parcimônia com o plano de privatizações da ala liberal do governo, os militares não defendem a reestatização da empresa, vendida em 1994.
Neste sábado, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos aproveitou o negócio frustrado para emitir uma nota pedindo a reestatização da Embraer.
A rescisão do acordo de compra da Embraer pela Boeing, anunciada neste sábado (25) pela empresa norte-americana, é uma reviravolta em uma transação marcada pelo desprezo aos interesses nacionais e dos trabalhadores brasileiros", diz trecho do comunicado enviado pelo sindicato.
A entidade também diz que se posicionou contrário à venda. "A Embraer é um patrimônio nacional estratégico para o país e não precisa de aliança com parceiros internacionais para sobreviver."
A gestão Jair Bolsonaro, ao contrário dos representantes da empresa, aprovou o negócio.
Esse aval foi necessário porque o governo detém a chamada "golden share" que lhe permitiria vetar qualquer tratativa. A ação era um resquício do processo de privatização da Embraer.
O acordo teve o apoio do Planalto sob Michel Temer (MDB). Ele foi ratificado por Bolsonaro no começo de 2019.
O negócio entre Boeing e Embraer começou a ser costurado em 2017, quando a maior rival da fabricante americana, a europeia Airbus, comprou a linha de jatos regionais C-Series, da canadense Bombardier.
No começo da tarde de sábado, a Embraer divulgou nota com acusações contra a Boeing. "A Embraer acredita firmemente que a Boeing rescindiu indevidamente o MTA (Acordo Global da Operação) e fabricou falsas alegações", diz o texto.
A decisão foi tomada, segundo a nota, "como pretexto para tentar evitar seus compromissos de fechar a transação e pagar à Embraer o preço de compra de U$ 4,2 bilhões".
"A empresa acredita que a Boeing adotou um padrão sistemático de atraso e violações repetidas ao MTA, devido à falta de vontade em concluir a transação, sua condição financeira, ao 737 MAX e outros problemas comerciais e de reputação", afirma a Embraer, que disse ter cumprido todas as condições necessárias para o negócio.
A fabricante brasileira afirmou que irá tomar "todas as medidas cabíveis contra a Boeing pelos danos sofridos como resultado do cancelamento indevido e da violação do MTA".
O próprio CEO da empresa, Francisco Gomes Neto, gravou um vídeo dando essa versão dos fatos.
"Vamos buscar compensação", disse, afirmando que "lamenta a decisão", mas que a Embraer já superou crises no passado. "Seguimos firmes e fortes", disse.
As dificuldades financeiras da Boeing citadas são conhecidas, embora a empresa negue que sejam o motivo da rescisão.
São uma crise interna, com a paralisação da produção do best-seller 737 MAX por problemas técnicos que geraram acidentes fatais, e a queda de demanda mundial de aeronaves pela pandemia do novo coronavírus.
| Folha de S.Paulo ( publicado em 26-04-2020) | | | A Petrobras confirmou informação neste sábado, 25, de que o preço do litro do óleo diesel automotivo - S10 e S500 - vai ficar em média 10% mais barato nas refinarias a partir da próxima segunda-feira.
Inicialmente, a informação havia partido da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a partir de comunicado feito pela estatal às suas clientes, as distribuidoras.
A queda do diesel e de outros derivados de petróleo acompanham a derrocada do preço do petróleo desde o início da pandemia do coronavírus, que afetou drasticamente a demanda global. No Brasil, a queda de consumo do diesel é da ordem de 22% desde o início da pandemia. O último ajuste do combustível havia sido na segunda-feira passada, 20, com queda de 4%.
| Bem Paraná ( publicado em 25-04-2020) | | | |
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