| 15 de JuLho de 2019
Segunda-feira
- Consulta facilitação de comércio no Mercosul e na Aliança do Pacífico
- Empresas excluídas do Simples que aderiram ao Refis têm até esta segunda para pedir retorno ao sistema
- Portos do Paraná têm crescimento de movimentação em junho
- Atividade econômica tem primeira alta no ano em maio, indica BC
- Mercado reduz estimativa de crescimento da economia para 0,81%, diz BC
- Empreendedor solo deve saber quando é hora de terceirizar
- Empreendedorismo cresce acima de emprego e ocupação
- Artigo: O que nós, empreendedores, precisamos saber sobre blockchain?
- Não saber como Brasil vai crescer atenua animação do investidor estrangeiro
- Reforma tributária pode elevar carga de serviços e ferir autonomia regional
- Aposentadoria sem idade mínima é possível mesmo após a reforma
- Redução da pensão por morte é desafio para mulheres da terceira idade
- Governo quer reduzir de 27,5% para 25% alíquota máxima do Imposto de Renda
- Projeção de alta do PIB de 2019 cai de 0,82% para 0,81% na pesquisa Focus
- IPCA para 2019 passa de 3,80% para 3,82%, prevê Focus
- IBC-Br sobe 0,54% em maio ante abril, com ajuste, revela BC
- JCB investirá R$ 100 milhões em Sorocaba
- Fazendas solares no mar podem neutralizar CO2 emitido por veículos
- Indústria 4.0 eleva produtividade e já afeta emprego
- Construmetal 2019 debate o futuro da construção metálica no Brasil
- Tem início a Câmara Brasileira da Indústria 4.0
- Movimentação de cargas sob a ótica da gestão logística e de risco integradas
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Em 15/07/2019
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Fonte: BACEN
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| | | | | A Confederação Nacional da Indústria (CNI), com o objetivo de contribuir com prioridades para agenda de facilitação de comércio com o Mercosul e a Aliança do Pacífico, lança consulta que servirá de base para as recomendações empresariais ao governo brasileiro.
A consulta deve ser preenchida diretamente por empresas que comercializam produtos com os países do Mercosul e/ou da Aliança do Pacífico.
Todas as respostas serão tratadas de forma sigilosa e de modo não individualizado, preservando a confidencialidade das informações.
Solicitamos aos sindicatos que divulguem o questionário para maior número de empresas para que a consulta tenha grande alcance e impacto.
Prazo de preenchimento: Até 19/07/2019
| CNI | | | | Medida vale para empresas retiradas do regime em 1º de janeiro de 2018.
Micro e pequenas empresas que foram excluídas do Simples Nacional têm até esta segunda-feira (15) para pedir a reinserção no sistema.
A opção só vale para os pequenos negócios que tenham sido excluídos em 1º de janeiro de 2018 e que tenham aderido ao chamado Refis das PMES — o Programa Especial de Regularização Tributária das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte optantes pelo Simples Nacional (Pert-SN).
A volta ao Simples deve ser requerida à Secretaria Especial da Receita Federal, por meio de um formulário. No pedido, deve constar a assinatura do contribuinte ou de seu representante legal e também o documento de constituição da pessoa jurídica.
As empresas que voltarem ao regime terão que cumprir com as obrigações tributárias retroativas a 1° de janeiro de 2018.
A resolução que permite esse retorno foi publicada no último dia 3.
"O Simples Nacional tem impacto direto na sobrevivência da micro e pequena empresa. Estudos realizados pelo Sebrae mostram que, se o modelo de tributação acabasse, 67% das empresas optantes fechariam as portas, seriam empurradas para a informalidade ou reduziriam suas atividades. Por isso, esta Resolução é tão importante, representa uma oportunidade para as micro e pequenas empresas", disse em nota o presidente do Sebrae, Carlos Melles.
Retorno ao Simples Nacional; prazo vai até segunda para micro e pequenas empresas
O Simples Nacional é um regime de arrecadação, cobrança e fiscalização de impostos que unifica oito impostos municipais, estaduais e federais em uma só guia de pagamento: IRPJ, CSLL, PIS/Pasep, Cofins, IPI, ICMS, ISS e a Contribuição para a Seguridade Social destinada à Previdência Social a cargo da pessoa jurídica (CPP).
A Receita Federal estima que aproximadamente 50 mil contribuintes se enquadrem nas regras para o retorno ao Simples.
"Para muitos contribuintes, realizar a opção retroativa pelo Simples Nacional será mais oneroso do que não fazer esta opção. Cada contribuinte deve avaliar se é vantajoso ou não o retorno para o regime", informou o Fisco, em nota.
| G1 | | | | A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina afirma que o Porto de Paranaguá está preparado para receber a demanda de milho do país, que deve se intensificar ainda mais no segundo semestre.
A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina afirma que o Porto de Paranaguá está preparado para receber a demanda de milho do país, que deve se intensificar ainda mais no segundo semestre.
Os Portos de Paranaguá e Antonina apresentaram alta de 15% na movimentação de carga em junho deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado – 5,3 milhões de toneladas contra 4,6 milhões de 2018. A informação é da empresa Portos do Paraná. A exportação de grãos foi uma das principais responsáveis pelos bons números. Ao todo, 3,8 milhões de toneladas de granéis sólidos passaram pelos portos do estado.
“O milho foi um grande diferencial. Em junho de 2018 não movimentamos o produto. Este ano, no mês, exportamos mais de 795 mil toneladas”, explicou o diretor de Operações Luiz Teixeira da Silva Júnior, à Agência Estadual de Notícias. Soja e milho, juntos, registraram movimentação 29% superior agora em 2019.
Em termos gerais, o Porto de Antonina teve números bem mais expressivos, com 119% a mais de movimentação comparando os meses de junho de 2018 e 2019. Foram 79 mil toneladas no mês passado, especialmente açúcar em saca e farelo de soja não transgênico para exportação, além de importação de fertilizantes. Já o Porto de Paranaguá teve aumento de 12%. No acumulado do primeiro semestre, os portos paranaenses ainda mostram queda de movimento: 6% a menos do que no ano anterior.
| Gazeta do Povo | | | |
Indicador aponta avanço de 0,54% na relação abril e maio
Após quatro quedas consecutivas, a atividade econômica brasileira, pela primeira vez no ano, apresentou alta em maio, segundo os dados do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) divulgados nesta segunda-feira (15).
Na relação entre os meses de maio e abril, o indicador apresentou avanço de 0,54%. Já na comparação entre os meses de maio deste ano e o de 2018, a alta chegou a 4,40% –turbinada pela baixa base de comparação do ano anterior, quando a atividade caiu devido à paralisação dos caminhoneiros.
Os números de maio vieram alinhados com a projeção feita pela agência Bloomberg com economistas.
Na semana passada, o IBGE divulgou dados do setor de comércio e serviços do mês de maio. De acordo com o instituto, ambos os segmentos ficaram próximos à estabilidade no período.
No caso dos serviços, o desempenho refletiu os efeitos da crise econômica sobre o segmento de transportes, o único a registrar queda no mês.
No comércio, a pressão negativa veio de outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,4%) e combustíveis e lubrificantes (-0,8%).
| Folha de S. Paulo | | | | A estimativa do mercado financeiro para o crescimento da economia este ano continua em queda. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central (BC) com instituições financeiras, a projeção para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – desta vez foi reduzida de 0,82% para 0,81%. Essa foi a 20ª redução consecutiva.
Para 2020, a expectativa é que a economia tenha crescimento maior, de 2,10%, na semana passada, a estimativa era de 2,20%. A previsão para 2021 e 2022 permanece em 2,50%.
Inflação
A estimativa de inflação, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), subiu de 3,80% para 3,82% este ano. A meta de inflação de 2019, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é 4,25%, com intervalo de tolerância entre 2,75% e 5,75%.
A projeção do mercado financeiro para a inflação em 2020 é 3,90%. A meta para o próximo ano é 4%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Para 2021, o centro da meta de inflação é 3,75% e para 2022, 3,5%, também com intervalos de tolerância de 1,5 ponto percentual. A previsão do mercado financeiro para a inflação em 2021 e 2022 permanece em 3,75%.
Taxa básica de juros
Para alcançar a meta de inflação, o BC usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, mantida em 6,5% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
Ao final de 2019, as instituições financeiras esperam que a Selic esteja em 5,50% ao ano, mesma projeção da semana passada. Para o fim de 2020, a expectativa é que a taxa básica baixe para 6% ao ano e, no fim de 2021 e 2022, chegue a 7% e 7,5% ao ano, respectivamente.
Quando o Copom reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica. Quando o comitê aumenta a Selic, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
A manutenção da Selic indica que o Copom considera as alterações anteriores suficientes para chegar à meta de inflação.
| Agência Brasil ( publicado em 14-07-2019) | | | | Recorrer a freelancers ou a softwares de contabilidade facilita rotina de quem não tem funcionários ou sócios
O empreendedor que trabalha sem sócios ou funcionários tem de se desdobrar para alavancar seu negócio e realizar atividades muitas vezes distantes de sua área de especialização.
É o caso de mais da metade dos empresários brasileiros (53%), de acordo com um levantamento da Global Entrepreneurship Monitor, feito com dados de 49 países e publicado neste ano.
Sem equipe, esses empreendedores também não planejam contratar nos próximos cinco anos, mostra o estudo.
O Brasil é o primeiro da lista em empreendedorismo solo. Esse fenômeno nacional pode ser explicado pelo desemprego alto e pela crise econômica, segundo José Sarkis Arakelian, professor de estratégia de marketing da faculdade de administração da Faap.
Estimuladas pela necessidade, muitas pessoas abrem suas empresas sem planejamento. E enfrentam dificuldades, porque não fazem pesquisa de mercado, têm pouco capital de giro e não conhecem bem seus consumidores e a cadeia de produção, diz Arakelian.
Os problemas, porém, podem ser contornados por meio de capacitação e tecnologia. Como falhas no fluxo de caixa são a principal causa de falência desse tipo de empresa, o primeiro passo é ir atrás de cursos na área de finanças e gestão.
Esse foi o caminho seguido pela nutricionista Júlia Lima, 33, que toca sozinha a doceria Petite Fabrique Pâtisserie, em São Paulo. Sua maior dificuldade, conta, é lidar com assuntos que não têm nada a ver com alimentos, como a burocracia financeira e administrativa e o marketing.
Para suprir lacunas na formação, ela fez cursos de gestão oferecidos pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
"Há muita romantização do empreendedorismo, e dizem que a melhor coisa do mundo é ser o próprio chefe e ter o horário flexível. Mas, no geral, lidar com o negócio é complicado, porque não temos preparo sobre legislação ou conteúdos básicos de economia. Isso faz muita falta", diz Júlia.
Não é preciso virar especialista em todos os setores do negócio: para trabalhos nas áreas em que não domina, o empresário pode contratar serviços pontuais.
Júlia, por exemplo, recorre a designers para elaborar menus da doceria e fazer manutenção no site. Para não se perder com a papelada, ela paga também pelos serviços de um contador e de uma consultoria financeira.
Aprendeu a lição no ano passado, quando tomou um susto ao receber a ligação de uma empresa que vende serviço de registro.
Foi informada de que outra companhia usava o mesmo nome da sua doceria. Sem conhecimento sobre o assunto, precisou ir atrás de um escritório de advocacia para regularizar a situação –o que resultou em gastos extras.
Para administrar o negócio, a tecnologia também pode ser aliada. A cerimonialista e locutora Malu Pontes, dona da empresa Casa das Vozes, organiza os pagamentos com a ajuda de softwares de gestão financeira.
Além de cuidar da parte artística do negócio, Malu é responsável pela emissão de notas fiscais para controle contábil, pela checagem do CNPJ dos novos clientes e pela elaboração de fichas cadastrais.
Sua rotina é dividida em dois momentos: durante o dia, dedica de seis a sete horas às gravações. À noite, gasta mais três horas para resolver as questões burocráticas.
Por conta desse acúmulo de funções, já se esqueceu de pagar boletos, o que resultou em multas e processos por inadimplência.
Para acabar com esses problemas, Malu passou a investir R$ 250 por mês em uma plataforma que organiza os recebimentos dos trabalhos e os pagamentos dos freelancers, que contrata quando precisa de mais vozes para algum projeto.
Sua empresa presta serviço para 15 a 20 clientes por semana, em média, e fatura de R$ 55 mil a R$ 70 mil por mês.
Ela faz ainda cursos online em diversas áreas. Aprendeu, por exemplo, a dominar o gerenciamento das redes sociais do negócio. "Não adianta você ser muito bom, mas ninguém saber disso", diz ela.
Além da gestão financeira, o empresário não pode descuidar do marketing. Malu diz que posta com frequência nas suas páginas profissionais, tentando manter uma linguagem irreverente, que se conecte com o cliente.
Estar sozinho à frente do negócio também não impede o empresário de pedir ajuda. Na hora de tomar decisões importantes e que exigem alto investimento, a nutricionista Júlia, por exemplo, pede a opinião de familiares e amigos.
Assim como Malu, a empresária prefere contratar freelancers quando aparecem encomendas grandes.
Mas não descarta ter funcionários um dia e deixar de ser empreendedora solo: ela não contrata agora, diz, porque ainda não recebe pedidos suficientes para manter uma folha de pagamento –vende, em média, 5.000 doces por mês e, no ano passado, faturou R$ 190 mil.
81,4%
dos empreendedores em estágio inicial, com menos de 3,5 anos de atividade, não têm funcionários
12,2%
desses empreendedores têm apenas um empregado
3,4%
contam com dois funcionários
2,7%
têm três ou mais pessoas na equipe
Fonte: Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor 2018
| Folha de S. Paulo | | | | Novos negócios tentam inovação e solução de problemas da sociedade
A recém-criada fábrica brasiliense Origem se prepara para entregar, no próximo mês, uma frota de 50 motos elétricas para atender empresas de entrega de encomendas que utilizam serviços de motoboy. As motos terão arranque equivalente a um modelo convencional de 300 cilindradas, mas velocidade limitada a 60 quilômetros por hora (km/h).
A ideia dos empreendedores é alugar as motocicletas, já seguradas, a um custo fixo garantindo o fornecimento e trocas de baterias, uma vantagem em tempos de alta do preço dos combustíveis, como a gasolina. Estações para recarga serão instaladas em percursos usuais. A manutenção mecânica da frota, assim como a telemetria para rastreamento e gestão do uso das motos, será feita pela fábrica fornecedora.
“É um excelente momento para iniciar esse empreendimento”, garante Diogo Lisita, 30 anos, um dos três sócios fundadores da empresa que administram o negócio. “Quando leio notícias de que o país está em recessão, eu enxergo como responsabilidade minha ajudar o país a sair da crise”, disse ao comentar que a linha de produção tem dez engenheiros trabalhando diretamente nas motos e deverá contratar mais gente. A empresa tem autorização fiscal para se instalar na Zona Franca de Manaus.
A fábrica de Lisito e sócios forma o contingente de empresas inovadoras, definidas como startup: iniciativa de baixo custo e de base tecnológica, cujo modelo de negócio tem potencial de ganho de escala. Essas empresas estão surgindo no país em um momento em que muitas pessoas comuns tentam a oportunidade de ter um negócio próprio em época de alta do desemprego.
Segundo o Portal do Empreendedor – MEI, no início do mês de julho, cerca de 185 mil microempresários haviam optado pelo sistema de recolhimento de tributos em valores fixos mensais (abrangido pelo Simples Nacional). O número é 19% acima do verificado em fins de dezembro do ano passado - crescimento bastante superior ao aumento do emprego formal entre dezembro de 2018 e maio de 2019 (0,91).
Entre dezembro e julho, o número total de microempreendedores individuais passou de 7,7 milhões para mais de 8,5 milhões de pessoas (alta de 10,9%). Em período próximo, a taxa de desocupação do IBGE (emprego formal e informal) aumentou de 11,6% (trimestre outubro a dezembro de 2018) para 12,3% (trimestre de fevereiro a abril de 2019). No primeiro trimestre de 2019, a economia teve oscilação negativa (queda de 0,2% do PIB).
Crise e empreendedorismo
Para o assessor especial do Ministério da Economia Guilherme Afif Domingos, o crescimento do número de empreendedores tem a ver com a procura de alternativas para obter trabalho e renda. “Na verdade, são empreendedores que estão trabalhando por conta própria, porque emprego, no sistema tradicional, está raro e vai ser muito raro daqui para frente”, prevê.
Afif avalia que a hora é oportuna para superar dificuldades. “No momento de crise, você encontra pessoas dispostas a arriscar sair da zona de conforto para buscar alternativas para própria sobrevivência. Portanto, a crise é alimentadora de atitudes empreendedoras”.
O diretor-superintendente do Sebrae no Distrito Federal, Valdir Oliveira, concorda com o assessor ministerial e acrescenta: “olhamos para crise e vemos recessão e desemprego. O empreendedor vê oportunidade. O dinheiro não some. O dinheiro muda de mão”.
Para Ênio Pinto, gerente nacional de relacionamento com o cliente do Sistema Sebrae, há uma “onda de interesse pelo empreendedorismo” no Brasil entre pessoas na faixa etária de Diogo Lisita – o empreendedor das motocicletas elétricas. “Essa nova geração deixa claro o interesse em empreender como alternativa que não vimos no passado”, reconhece.
Momento propício
O dirigente do Sebrae avalia que as empresas são criadas para atender demandas das pessoas e da sociedade. “Toda empresa existe para resolver um problema, o problema do cliente. Como alguém que abre uma lanchonete para resolver a alimentação de quem não pode comer em casa”.
Nesse sentido, o momento pode ser bastante propício “Hoje nós temos uma pluralidade de problemas muito grandes. Há muitas oportunidades”, sublinha Ênio Pinto.
A visão do gerente do Sebrae de associar a atividade econômica das empresas à busca de solução de problemas enfrentados pela sociedade é ilustrada na história de algumas iniciativas e na fala de alguns empreendedores em início de carreira entrevistados pela Agência Brasil.
No caso da Mi Petit, pequena empresa que produz comida para crianças, conforme cardápio recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria e pelo Ministério da Saúde, a preocupação é oferecer qualidade nutricional, conforme demanda dos pais.
“É uma demanda das famílias. A obesidade infantil tornou-se pandemia”, descreve Valéria Freitas, que antes de se juntar à nutricionista sócia da empresa para cuidar de alimentação infantil trabalhou no Brasil e no exterior como engenheira da área de telecomunicações.
A empresa, em funcionamento há dois anos, tem duas lojas em áreas nobres do Distrito Federal e contrata nove empregados que preparam e vendem cardápio de 41 pratos para almoço ou jantar, cinco sobremesas e dez tipos de lanches.
A administradora de recursos humanos Roberta Lopes é outra empreendedora que tem as crianças como clientela final. Em vez de comida, no entanto, seu negócio, chamado Mundo de Lívia, cuida do divertimento e desenvolvimento infantil. Ela criou uma pequena empresa para aluguel de brinquedos para crianças na fase inicial de desenvolvimento congnitivo.
Roberta Lopes conta que com o aluguel de brinquedos as mães incorporam espírito de compartilhamento e acabam economizando 70% dos gastos que teriam se a cada etapa de desenvolvimento substituissem o estoque de brinquedos. “As mães compram brinquedos em 10 meses e as crianças usam só por dois meses”, compara.
A pequena empresa, que dispõe de 170 brinquedos para aluguel, ainda funciona na residência de Roberta e já deu emprego a uma pessoa.
A design Jussara Pelicano Botelho e outras duas sócias também já contrataram uma funcionária em um negócio que começa a engatinhar: há mais de um ano, elas criaram um aplicativo para atender mulheres de todas as idades que querem viajar sozinhas, em segurança, e com poucos recursos.
A plataforma liga viajantes e anfitriãs em 75 cidades brasileiras e já reúne uma comunidade com mais de 3 mil mulheres. “Elaboramos um produto que está resolvendo problemas reais”, descreve.
Escassez de crédito
Diego Reis, especialista em tecnologia e segurança da informação, fundou o grupo Afroempreendedor e assumiu como missão o desenvolvimento de produtos e atividades que geram empoderamento e inclusão social. “A gente quer equilibrar o jogo para que os pretos e negros tenham mais espaço na sociedade e, no nosso caso, no empreendedorismo”, resume. “O empreendedorismo é libertador”, defende.
Reis, que toca sete projetos, reclama no entanto da falta de crédito: "não consegui pegar capital de giro de R$ 30 mil em um ano”.
A mesma dificuldade é relatada por Diogo Lisita. “Agora precisamos da grana, mas não temos como dar todas as garantias que os bancos exigem. Quando mais precisa, a economia parece estar menos disposta”, observa.
“Querem oferecer o dinheiro depois que o seu negócio está validado, depois que você passou pela parte mais difícil. O mercado brasileiro tem apetite por inovação, melhoria, eficiência e por lucratividade. Só que não tem um apetite tão grande quanto vemos num ecossistema de startup no Vale do Silício, Europa, Índia e Israel”, compara.
Guilherme Afif Domingos faz coro com os dois empreendedores. “É flagrante a escassez de crédito, principalmente para o segmento de pequena empresa. O microcrédito famoso não chega”, pondera.
O assessor especial do Ministério da Economia é bastante crítico quanto às dificuldades de se obter empréstimos. “O sistema bancário é muito concentrado nas mãos de poucos que arrecadam de todos e emprestam só para alguns – aqueles que têm garantia reais para poder dar. O custo hoje do crédito é de agiotagem”.
Afif Domingos acredita que a macroeconomia vai melhorar após a aprovação da reforma da Previdência e que o ambiente econômico será mais favorável para os empreendedores com a futura reforma tributária, já em discussão no Congresso Nacional, e com o desdobramento de medidas em curso para reduzir a burocracia.
“O Brasil tem que ter um choque de desregulamentação para deixar essa turma livre. Com criatividade, eles vão buscar o caminho para o futuro. Agora é a hora de desburocratizar, simplificar”, promete.
| Agência Brasil ( publicado em 14-07-2019) | | | | As criptomoedas, blockchain e a indústria fintech têm atingido as manchetes de todo o mundo nos últimos dias. Tudo começou a ficar mais intenso depois que o Facebook anunciou para o mundo o lançamento de sua própria bitcoin, a Libra, após uma onda de escândalos de vazamentos de dados de usuários que assombraram a reputação da gigante da tecnologia. Com União Europeia e os Estados Unidos ameaçando retaliações ao projeto, o mercado de moedas digitais vem sofrendo quedas na sua cotação e o tema está no centro das atenções. A maior preocupação está diretamente ligada à privacidade, proteção ao consumidor e estabilidade financeira. Mas que impacto isso poderá causar no mundo dos negócios? O que nós, empreendedores, precisamos entender sobre a importância desse tema?
A tecnologia blockchain surgiu em 2008 para apoiar a comercialização do bitcoin, primeira moeda digital (ou criptomoeda). Nos últimos anos, o uso da ferramenta mostrou ser útil a muitos outros setores, cresceu e, hoje, ela é empregada por fintechs no registro de operações bancárias, na gestão de documentos e na logística, por exemplo. Ela funciona como um grande livro de registros digitais, no qual dados são armazenados de forma descentralizada e protegidos por mecanismos de criptografia, o que, teoricamente, os torna invioláveis e à prova de hackers. Isso explica, em tese, o porquê de o Facebook enveredar por essa área. O fato é que essa tecnologia é o futuro das transações.
Pesquisa da KPMG realizada neste ano revelou que 41% dos líderes tecnológicos são favoráveis à adoção de blockchain nos negócios durante os próximos três anos. A instituição entrevistou mais de 740 líderes globais, de mais de 12 países. A pesquisa também mediu o impacto da tecnologia e 48% dos participantes declararam que o blockchain pode mudar a forma como os negócios serão conduzidos nos próximos anos.
Como exemplo real de utilização dessa tecnologia, podemos citar o Walmart, gigante americana que utiliza o sistema Food Trust para gerir sua cadeia de suprimentos. Quando é detectada contaminação em alimentos, por exemplo, ela permite saber exatamente em qual região o fato ocorreu. O resultado disso: o Walmart reduziu de sete dias para cerca de dois segundos o tempo de rastreamento dos produtos. Portanto, o blockchain significa um novo veículo de infraestrutura fundamentado na confiança.
Mais isso é apenas o início. As empresas estão começando a explorar o impacto potencial do blockchain e de outras tecnologias de contabilidade distribuída, o que para nós, empreendedores, é sinal de oportunidade.
Essa mudança drástica nas transações financeiras automaticamente subsidiam a criação de novos modelos de negócios. Surgirão novas formas de investimento, armazenamento de dados e meios de comunicação. Isso é um movimento natural em uma sociedade que está entrando na era da inteligência artificial e dos dados. Nos próximos cinco anos, aplicativos e máquinas se tornarão menos artificiais e mais inteligentes. E as empresas que não acompanharem esse movimento estarão deslocadas no mercado.
Esta realidade ainda está um pouco longe do nosso cotidiano, pois precisamos construir a infraestrutura necessária para que algumas dessas mudanças aconteçam. Menor ainda é o número de empresas que têm uma estratégia firme e que sabem para onde o blockchain pode levá-las. Mas, da forma como o mundo se movimenta cada vez mais rápido, torna-se importante que nós, empreendedores, estejamos preparados para essa nova era das transações e para tirar o melhor proveito dela para os nossos negócios.
Camila Farani- Presidente no Gávea Angels, primeiro grupo de investidores-anjo do Brasil, e está à frente do MIA (Mulheres Investidoras Anjo)
| Gazeta do Povo (publicado em 14-07-2019) | | | | Ainda que investidores externos passem a olhar para o Brasil com um pouco mais de otimismo, predomina a cautela
Após a surpreendente votação em primeiro turno da reforma da Previdência na Câmara com os 379 votos recebidos, há grande curiosidade em saber como esse avanço está sendo repercutido fora do Brasil.
Não há dúvida de que o considerável apoio recebido tem sido visto com algum otimismo, sobretudo entre os que acompanham o Brasil mais de perto. Afinal, os problemas fiscais de médio prazo e a urgência da Previdência já eram bem conhecidos.
No entanto, há muitos que, como eu, acreditam que a reforma não será uma bala de prata para o crescimento. Portanto, ainda que investidores externos passem a olhar para o Brasil com um pouco mais de otimismo, predomina a cautela.
A cautela se explica tanto pelos problemas que o Brasil ainda haverá de enfrentar para reduzir o desemprego e aumentar o crescimento, quanto pelas incertezas no quadro internacional. Muitas dessas incertezas foram recentemente verbalizadas pelo atual dirigente do Banco Central norte-americano, Jerome Powell, em testemunho para o Congresso.
Disse Powell que o Fed está monitorando de perto vários riscos para a economia dos EUA e para a economia global, como os efeitos da guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, problemas geopolíticos, e indicadores setoriais que mostram alguma fragilidade econômica incipiente, apesar de estarem os EUA ainda com crescimento robusto.
Os riscos destacados pelo dirigente do Fed tem estado bastante presente entre os investidores internacionais, cujo grau de aversão ao risco aumentou nas últimas semanas.
Traduzindo isso para a realidade brasileira, investidores internacionais estão no momento mais preocupados com as tendências dos EUA e do mundo do que com a reforma da Previdência no Brasil.
Além disso, a questão de como o Brasil voltará a crescer é motivo suficiente para atenuar qualquer animação precoce.
Tenho escrito e refletido sobre as possibilidades de crescimento da economia brasileira. Hoje, elas não são aupiciosas mesmo com a aprovação da Previdência. Parece-me que o Brasil vive a versão tropical do que os economistas se acostumaram a chamar de “estagnação secular”, situação em que o país padece do baixo crescimento associado à produtividade estagnada ou em queda, às tendências demográficas adversas, e à perda de dinamismo da economia.
Tal perda de dinamismo fica evidente quando se considera que mesmo com a taxa de juros real —a taxa nominal descontada a inflação— em patamares bastante baixos como temos hoje, a economia não reage ou reage pouco. Em situações normais, níveis mais baixos da taxa de juros real deveriam estimular o investimento privado e, portanto, o crescimento da economia.
O fato de estar a inflação abaixo da meta e de muitos defenderem a queda dos juros pelo Banco Central por esse motivo sublinha a perda de dinamismo do Brasil: afinal, se todos esperam que a taxa de juros real seja ainda menor do que o nível atual, o investimento já deveria estar dando alguns sinais de vida.
Essas constatações, aliadas a um quadro internacional complicado, continuarão a deixar os investidores externos cautelosos em relação ao Brasil. Ou seja, é difícil enxergar como haverá de se materializar o cenário apresentado por Paulo Guedes de uma reforma da Previdência que repentinamente destrava os fluxos de fora para o Brasil, bem como a capacidade de investir das empresas brasileiras.
O cenário mais provável é que todos continuem na espera dos próximos desdobramentos globais – que devem se complicar com as eleições presidenciais norte-americanas em 2020 – e das demais reformas prometidas pelo governo brasileiro.
Em matéria de crescimento econômico, não existe bala de prata. O que existe é muito esforço para aprovar reformas difíceis, muitas vezes politicamente impalatáveis. Ao que tudo indica, a próxima será a reforma tributária, ainda mais complicada do que a reforma da Previdência. Os investidores internacionais estão bastante cientes do tamanho desse desafio.
Monica de Bolle - Economista e pesquisadora do Instituto Peterson de Economia Internacional
| Folha de S. Paulo (publicado em 14-07-2019) | | | | Proposta do deputado Baleia Rossi (MDB), que está na Câmara, deve aumentar custo de negócios intensivos em mão de obra e alta tecnologia, além de interferir na divisão entre entes federativos
Indústria pode se beneficiar da reforma, por poder abater crédito
A reforma tributária encabeçada pelo deputado Baleia Rossi (MDB-SP) já recebe críticas das entidades ligadas aos serviços, cujos estudos apontam elevação de carga tributária para as empresas do setor, principalmente para as que possuem muita mão de obra e processos de alta tecnologia.
O projeto, que se consolidou na Proposta de Emenda Constitucional 45/2019, prevê a centralização da gestão da arrecadação de tributos da União, Estados e municípios em somente um órgão federal que, posteriormente, fará a distribuição dos recursos aos entes. Para uma parte dos especialistas, esse mecanismo pode ferir o princípio federativo de atribuição de funções e poderes, entre as diferentes esferas de governo.
A PEC 45/2019, feita com base em um estudo do economista do Centro de Cidadania Fiscal (CCiF), Bernard Appy, já foi aprovada em maio pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados e tem o apoio do líder da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Diante do adiantamento da Câmara, outras propostas começaram a circular, dentre elas a do próprio governo federal que prefere unificar alíquotas somente a nível federal (ao invés de incluir Estados e municípios), em um único imposto sobre os meios de pagamentos.
Por outro lado, a PEC 45/2019 prevê a unificação de três impostos federais, um estadual e um municipal por um único tributo sobre bens e serviços, o IBS, ao modelo do Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Estes são o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); o Imposto sobre a Circulação de Bens e Serviços (ICMS); Imposto Sobre Serviços (ISS); a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins); e a contribuição para o Programa de Integração Social (PIS).
Aumento de carga
O assessor econômico da Confederação Nacional de Serviços (CNS), Fernando Garcia de Freitas, comenta que a PEC 45/2019 prevê acabar com a cumulatividade do sistema de impostos, ou seja, que a empresa pague vários tributos em “cascata”, pela impossibilidade de abater crédito tributário.
Ele explica que o projeto passará todo o sistema para a não cumulatividade. “As empresas não pagarão imposto sobre o que elas compram de matéria-prima e serviços. Somente sobre o que elas agregaram de valor”, esclarece.
“Isso é muito benéfico para a indústria, por exemplo, que utiliza muita matéria-prima. Porém, os serviços não usam tanta matéria-prima como a indústria. O setor, portanto, não terá como abater créditos tributários”, acrescenta Freitas.
A previsão é de que o IBS tenha uma alíquota de 25%, sendo que, atualmente, as empresas de serviços tributadas pelo Lucro Real, no sistema não cumulativo, costumam pagar uma alíquota de 14,25%, juntando ISS, PIS e Confins.
“Os serviços de alta tecnologia também serão prejudicados. Em uma empresa de TI [Tecnologia da Informação], por exemplo, não há muita aquisição de matéria-prima. O principal impulso na agregação de valor ocorre por meio da inteligência, conhecimento e criatividade das pessoas”, diz Freitas. “As pessoas são o principal investimento em uma empresa de serviços de TI, porém isso não será passível de abatimento nos impostos, segundo a proposta da PEC 45/2019”, acrescenta.
Freitas exemplifica que os serviços que tendem a ser mais impactados são os de saúde (médicos e odontologia), financeiros e educação. O presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis de São Paulo (Sescon-SP), Reynaldo Lima, também critica o projeto que está na Câmara dos Deputados, ressaltando que o maior custo tributário para os negócios de serviços está na folha de pagamentos.
Por conta disso, ele está mais simpático à proposta que está sendo desenhada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, cujo princípio é muito parecido com o que defende o Secretário Nacional da Receita Federal, Marcos Cintra.
O que se cogita na esfera da União é a criação de um imposto único juntando somente tributos federais: IPI, PIS, Cofins, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e contribuição previdenciária sobre a folha de pagamentos. Este novo tributo deve incidir sobre os meios de pagamentos, como os cheques, cartões de crédito e dinheiro vivo, ao modelo da extinta CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
“Essa proposta parece ser mais interessante”, opina o presidente da Sescon-SP. “Se a folha for desonerada, você reduz um percentual relevante dos gastos do setor de serviços”, complementa Lima.
Para o assessor da CNS, esse modelo pode até mesmo incentivar a formalização do trabalho, uma vez que a contribuição das empresas para o INSS não será mais declaratória e, sim, automática – o imposto será cobrado direto nas transações financeiras.
“Muitas empresas optam pela informalidade para não terem de pagar a contribuição sobre a folha. Isso é ruim, porque atrapalha a aposentadoria dos funcionários, por exemplo”, comenta Freitas.
Alexandre Sansone Pacheco, professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP), avalia que a proposta de Guedes é mais “razoável” por não interferir na autonomia dos Estados e municípios. Tanto a PEC 45/2019 como a proposta de reforma tributária do ex-deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB), ressuscitada na semana passada pelo Senado, preveem a criação de um órgão federal para a repartição dos recursos.
A diferença do projeto de Hauly é que este propõe uma junção mais ampla de tributos. São nove ao todo: ISS, ICMS, IPI, PIS, Pasep, Cofins, Cide, IOF e salário-educação.
Centralização
Para Pacheco, transferir a gestão do tributo para a esfera da União pode ferir o artigo 60 da Constituição Federal que estipula que “não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a forma federativa de Estado”. “A ideia do princípio federativo é dividir as funções e a tomada de decisões entre os diferentes entes. Não é prudente unificar a legislação nas mãos do governo federal”, diz Pacheco.
Além disso, ele avalia que, neste momento de déficit fiscal, não somente na União, como nos estados e municípios, não é recomendável uma mudança muito profunda na estrutura de tributação.
Já o sócio Douglas Mota, da Demarest, tem uma preocupação semelhante. Para ele, é importante que se faça uma reforma, mas é preciso calcular bem as perdas. “Nós só ficamos preocupados de que a reforma possa provocar aumento de carga e perdas de direitos. Não podemos criar mais problema”, ressalta Mota.
| | | | | Segurado do INSS que completa exigências mantém direito mesmo sem pedir a aposentadoria
A aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara dos Deputados, na semana passada, tornou concreta a chance de a maior parte dos brasileiros passarem a contar com regras mais duras de aposentadoria já nos próximos meses. Mas certamente haverá trabalhadores em condições de escapar das mudanças.
Até o momento, a reforma atinge principalmente trabalhadores do setor privado, cuja principal alteração para aqueles que não entrarem nas regras de transição será a exigência de idade mínima de aposentadoria de 62 anos, para a mulher, e de 65 anos, para o homem. Professores terão redução de cinco anos na idade mínima.
As regras atuais, porém, continuarão valendo para todos os trabalhadores que completarem os requisitos de aposentadoria até um dia antes da publicação da nova legislação previdenciária.
Desconsiderando os casos de aposentadorias especiais, existem hoje duas possibilidades de aposentadorias básicas pelo INSS.
Uma delas é a aposentadoria por tempo de contribuição, que será extinta pela reforma. Há direito ao benefício para mulheres e homens que, independentemente da idade, completem períodos de recolhimentos ao INSS de 30 e 35 anos, respectivamente.
A outra aposentadoria disponível é a por idade, que requer 15 anos de contribuição e idades mínimas de 60 anos, para a mulher, e 65, para o homem.
Todos os segurados que preencherem esses requisitos antes da reforma terão direito aos benefícios, mesmo que peçam a aposentadoria somente depois que a nova legislação estiver em vigor.
A ideia de que uma mudança na legislação não pode voltar no tempo para prejudicar um cidadão está nos fundamentos da Constituição e, mesmo sendo a reforma uma emenda à Constituição, ela não pode retirar direitos adquiridos.
A manutenção do direito conquistado antes da reforma vale para outros tipos de benefícios que serão afetados pelas mudanças, como a aposentadoria especial por insalubridade.
Segurados que optarem por se aposentar com regras vigentes antes da reforma, porém, precisarão desprezar contribuições realizadas após a reforma, pois a data de início do benefício precisará ser recuada para antes da promulgação do novo sistema de Previdência. Caberá ao INSS conceder o melhor benefício.
REFORMA DA PREVIDÊNCIA | QUEM ESCAPA
A aprovação da reforma não pode atrasar a aposentadoria de quem já tem direito ao benefício;
Confira abaixo como trabalhadores atingidos pela reforma podem escapar da nova legislação:
a) Quem vai escapar
O segurado que já pode se aposentar pelas regras atuais não precisa correr para pedir o benefício
Esse trabalhador deve aguardar o texto final do Congresso para saber qual o impacto no caso dele
Data do pedido
Se o pedido de aposentadoria for apresentado ao INSS após a reforma, o trabalhador deverá avaliar qual das regras é vantajosa para ele
Caso decida se aposentar com a regra anterior à reforma, será preciso pedir que a data de início da aposentadoria seja anterior à nova regra
Nesse caso, o segurado não aproveitará suas contribuições mais recentes no cálculo da renda, mas terá uma aposentadoria mais vantajosa
b) Quem tem chance
O trabalhador que não completou os requisitos para a aposentadoria terá que se aposentar com idade mínima ou em uma regra de transição
Mas há situações em que o segurado pode tentar incluir na contagem da sua aposentadoria períodos que não tinham sido considerados pelo INSS
Trabalho informal
O trabalho informal não é reconhecido pela Previdência. Para não abrir mão do direito, o trabalhador precisará recorrer à justiça. Existem duas opções:
Processar o INSS na Justiça Federal, para que o órgão reconheça o período informal
Processar o empregador na Justiça do Trabalho para exigir o vínculo de emprego
Provas
Quem trabalhou sem registro ou tinha pagamentos extraoficiais precisará reunir indícios de provas da atividade ou do valor do salário. Veja exemplos:
Recibos de pagamentos
Extratos bancários com pagador identificado
Declaração de imposto de renda
Fotos no local de trabalho
Crachás
Uniforme
Formulários de atendimento médico que contenham o nome da empresa
Testemunhas
Serviço público
O período de atividade no funcionalismo pode ser transferido para a Previdência. A operação é interessante para quem já tem condições de se aposentar como servidor.
O período não aproveitado no regime próprio pode ajudar na aposentadoria do INSS. Para fazer a transferência, o servidor deve pedir a CTC (Certidão de Tempo de Contribuição) ao órgão onde trabalha.
Tempo especial
O tempo especial é dado ao trabalhador constantemente exposto a ambiente insalubre. Na maioria dos casos, isso aumenta o tempo contribuído em 20% (mulheres) e 40% (homens). Caso o INSS não reconheça o período, será preciso recorrer à Justiça contra o INSS.
Serviço militar
Quem cumpriu serviço militar pode usar o período na aposentadoria. É necessário entregar o comprovante de serviço militar para o INSS.
Contribuições antigas
Recolhimentos realizados até 1976 podem não aparecer no cadastro do INSS. Nesses casos, a carteira de trabalho e os carnês e guias de recolhimentos são provas do tempo contribuído.
Aluno-aprendiz
O exercício de atividade remunerada na escola técnica entra na aposentadoria. A comprovação se dá por meio da Certidão de Aluno-Aprendiz, emitida pela escola.
| Folha de S. Paulo (publicado em 14-07-2019) | | | | Elas recebem 83% das pensões e serão mais afetadas com a reforma da Previdência pela baixa de 100% para 60% no valor benefício
“Aprendam a fazer o bem, busquem o direito, socorram o oprimido, façam justiça ao órfão, defendam a causa da viúva.”
Foram muitos os deputados, favoráveis e contrários à reforma da Previdência, que recorreram à citação do Livro de Isaías para defender regras menos rígidas na concessão de pensões por morte ao votar na quinta-feira (11) destaques ao texto principal, aprovado na véspera em primeiro turno na Câmara.
A preocupação se justifica. As novas regras para pensões são um dos pontos mais polêmicos da reforma e representam um desafio financeiro para as mulheres, principalmente as idosas.
Viúvas, ex-cônjuges, filhas, irmãs e mães representam 83% dos que recebem pensão por morte do INSS, segundo o Anuário Estatístico da Previdência. Entre as pensionistas, 71% tem 60 anos ou mais.
Sob as novas regras, o pagamento para o principal beneficiário será de 60% do valor original da aposentadoria do INSS, mais 10% por dependente adicional.
A viúva com dois filhos receberá 80% do que era pago a quem morreu. Hoje, o valor corresponde a 100% do benefício, independentemente do número de pessoas na família.
Com a nova regra, ela poderá receber menos de um salário mínimo, algo que não ocorre hoje. O piso será de R$ 598,80 no regime geral.
A reforma também limita o acúmulo de pensão e aposentadoria. Serão pagos 100% do benefício de maior valor, mais a soma dos demais aplicada a limitação de 80% na faixa até 1 salário mínimo; 60% acima de 1 até 2; 40% acima de 2 até 3; 20% acima de 3 até 4; e 10% na faixa acima de 4 mínimos.
Na quinta, os congressistas fizeram uma alteração para permitir que a pensão não seja menor que o salário mínimo (R$ 998) se for a única renda do dependente principal —independentemente da dos demais membros da família.
Essa alteração teve o apoio da bancada evangélica, que se juntou a partidos de esquerda nas 130 citações às viúvas, aos órfãos e à Bíblia. A oposição, aliás, tentou manter as regras atuais, mas foi derrotada.
As pensões por morte previdenciárias representam um quarto dos benefícios do regime geral. O governo estima uma economia em torno de R$ 130 bilhões em dez anos com as mudanças, quase 15% do impacto total da reforma.
Como a Câmara irá votar a proposta em 2º turno em agosto e a reforma também precisa do aval do Senado, as regras podem mudar. Além disso, para especialistas em direito previdenciário, a questão será judicializada.
Diego Cherulli, diretor do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário), diz que, em muitos casos, mesmo com um filho completando 21 anos, os gastos da família continuam os mesmos. Por isso, para ele, seria mais justo que ao menos parte da cota desse dependente fosse revertida para outros familiares.
“O salário mínimo é o mínimo existencial para o núcleo familiar. A pensão também é um benefício substituidor de renda. Sendo aprovado, provavelmente virão ações de inconstitucionalidade”, afirma.
“Um benefício abaixo do salário mínimo viola um direito fundamental. É um tema para o Judiciário. A pessoa não vai ter uma Previdência mínima, que foi o que o segurado custeou”, diz João Badari, especialista em direito previdenciário e sócio da Aith, Badari e Luchin Advogados.
Ele cita como positiva a exceção criada para pessoas com deficiência ou incapacidade, que receberão o valor integral.
O advogado afirma que outro aspecto negativo é que foram mantidas regras diferenciadas para servidores públicos, o que contraria o discurso do governo de que a reforma acaba com privilégios.
Não se alterou, por exemplo, a regra de pensões de servidores estaduais e municipais. Além disso, há benefícios para funcionários federais.
Embora mantenha a mesma regra do INSS que permite receber menos de 100% do benefício original, o novo texto da reforma excluiu o desconto de 30% da parcela que excede o teto do RGPS (R$ 5.839,45) para o servidor.
No setor público federal, o valor médio do benefício é de R$ 5.195 no Poder Executivo e chega a uma média de R$ 21.167 no Legislativo. No regime geral, é de R$ 1.687.
“Sobrou quase tudo para o regime geral”, afirma Badari ao apontar os trabalhadores do setor privado como os mais afetados pelas mudanças. “É uma reforma que está criando privilégios.”
Benefício menor exigirá planejamento financeiro de famílias
As mudanças que a reforma da Previdência pode trazer para o pagamento de pensões por morte, caso confirmadas, ampliam a necessidade de que famílias mantenham reservas financeiras para adversidades e avaliem a contratação de planos de previdência ou seguros de vida.
A proposta reduz o pagamento para dependentes de segurado aposentado ou de contribuinte que ainda está na ativa.
Letícia Camargo, da Planejar (associação de planejadores financeiros), diz que tratar de temas como morte e herança é tabu quando se fala em finanças, mas o assunto ganha importância com as mudanças nas regras da Previdência. Ela recomenda que as famílias estudem seus gastos mensais e tenham uma reserva para o caso de morte do principal provedor.
Ela destaca que, para começar a guardar dinheiro, talvez seja necessária uma adaptação no padrão de gastos.
Annalisa Dal Zotto, planejadora financeira e sócia da Par Mais, diz que, no caso em que a família depende de uma só pessoa, é importante avaliar a contratação de um seguro de vida que dê fôlego para que ela se reestruture financeiramente no caso de morte.
Para a definição do produto, Dal Zotto sugere que se estude qual o gasto mensal da família e defina o prazo em que seria desejável ter uma renda para a reestruturação dela no novo cenário.
Ricardo Humberto Rocha, professor de finanças no Insper, vê a possibilidade do crescimento da venda de seguros como resultado das mudanças na Previdência.
Em sua avaliação, esse é um produto que sofre resistência no Brasil, mesmo nas classes mais altas. A maior adoção dele poderia diminuir o preço de contratação.
“No Brasil, o seguro é caro, porque um número enorme de pessoas que poderiam ter não contratam, acham que as coisas só podem acontecer com o vizinho”, diz.
Outra opção sugerida pelo professor é um plano de previdência privada que tenha o benefício do pecúlio, um pagamento em parcela única aos beneficiários definidos por quem contrata o plano.
A planejadora Dal Zotto também recomenda que o cônjuge que não trabalha contribua para a Previdência Social mensalmente, pois sua aposentadoria passará a ser mais importante para compor a renda familiar.
Como a pensão é paga por prazo determinado, de acordo com a idade de quem recebe, em muitas situações será preciso que quem estava fora do mercado busque oportunidades de trabalho.
Ricardo Basaglia, diretor-executivo da empresa de recrutamento Michael Page, sugere que a pessoa que busca colocação não olhe como possibilidade apenas o mercado tradicional. “Existem cada vez mais possibilidades de trabalhar por projetos, encontrar oportunidades temporárias ou vender seu trabalho pela internet”, diz.
Em sua avaliação, a maior preocupação de uma empresa quando se depara com um candidato que ficou muito tempo sem trabalhar é entender o motivo de ele ter tomado essa decisão e se há risco de o comprometimento com o emprego ser de curto prazo.
Um trunfo para quem busca uma vaga, avalia o especialista, é demonstrar que procurou durante o período em que esteve sem emprego, inclusive em atividades gratuitas online, e ter realizado projetos pessoais, mesmo que não estejam diretamente relacionados a trabalho.
| Folha de S. Paulo (publicado em 14-07-2019) | | | | Pacote pós-reforma da Previdência também prevê aumentar faixa salarial isenta do tributo
Principal medida após as alterações nas regras da Previdência, a reforma tributária a ser proposta pelo Ministério da Economia vai reduzir a alíquota máxima do Imposto de Renda para pessoas físicas, de 27,5% para 25%, e empresas, de 34% para 25%.
Além disso, o governo vai aumentar a faixa salarial isenta do pagamento do tributo.
As mudanças no IR devem ser propostas em agosto e representarão uma das pernas do tripé da reforma tributária em construção pelo governo. Antes disso, o governo pretende propor a fusão de cinco tributos (PIS, Cofins, IPI, CSLL e IOF) no imposto único federal.
O imposto único representa outra ponta e, segundo as projeções atuais do ministério, precisará ter uma alíquota de 15% (antes, esse número era calculado em 14%).
O secretário especial da Receita, Marcos Cintra, tem analisado como baixar o percentual. Uma das opções é transferir a CSLL para o Imposto sobre Pagamentos (IP), novo tributo a ser aplicado a qualquer transação e que equivale ao terceiro pilar das mudanças.
Com isso, seria aumentada a alíquota do IP do 0,3% estudado atualmente para 0,5% (para cada ponta da transação, pagador e recebedor). Ou seja, uma operação de R$ 5.000 recolheria R$ 50 de imposto. Antes, o percentual era calculado em 0,45%.
A Folha teve acesso ao conteúdo de uma das reuniões sobre reforma tributária feitas na semana passada no Ministério da Economia.
Nesse encontro, a cúpula da pasta considera a opinião pública um componente crucial para as alterações tributárias. A equipe tem feito alertas para a repercussão, que pode ser até maior que a gerada pelas alterações em curso da reforma da Previdência.
Se a reforma nas aposentadorias foi defendida como necessária para combater vantagens de certas classes —como a de servidores—, a tributária é entendida como algo a atingir toda a sociedade —de estudantes a grandes empresários.
Na reunião, Cintra defendeu que a “reforma previdenciária é fundamental para a solvência do país”. Por outro lado, disse que a tributária interessa a todo cidadão, pois “mexe no bolso de todo o mundo”.
A intenção inicial da cúpula do ministério, até do titular da pasta, Paulo Guedes, era uma simplificação radical no sistema tributário. Porém, há temores com a possibilidade de reações a mudanças muito fortes.
Após as primeiras avaliações, a equipe entendeu que não pode comprometer a situação do país com o que chama de “aventuras”. Por isso, a palavra no momento é cautela.
Por causa das preocupações, a estratégia definida neste momento é o ministério iniciar uma reforma nem tão radical nem tão branda.
Enquanto isso, o governo vai medir a reação da opinião pública e fazer ajustes necessários para mudanças futuras mais drásticas ou mais convencionais —principalmente no IR, que virá em um segundo momento.
O cenário da reforma tributária complicou depois de o Congresso começar a discutir dois projetos diferentes.
A visão na cúpula do ministério é que Câmara e Senado tomaram a liderança no processo com projetos próprios de reforma e, agora, o governo terá de encontrar “um caminho” para que sua proposta avance em uma das Casas.
A esperança da equipe é que, como ambos os projetos no Parlamento alteram impostos estaduais e municipais, a tramitação deles trave principalmente por causa do debate com governadores que temem perder arrecadação em um momento de crise fiscal.
A equipe econômica acredita que os dois projetos no Congresso, baseados nos textos do ex-deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB) e do economista Bernard Appy, além de não preverem riscos, representam uma “agressão” à ideia do pacto federativo de Guedes, que defende descentralização de recursos e autonomia para os entes federativos, principalmente os municípios.
Além dos textos no Congresso, outra proposta foi feita pelo grupo Brasil 200, que reúne, entre outros, os empresários Flávio Rocha, da Riachuelo, e Luciano Hang, da Havan.
Eles propõem a extinção de impostos e a substituição pelo imposto sobre pagamentos. Cálculos do ministério indicam que a medida precisaria elevar a contribuição sobre pagamentos a pelo menos 1,16%.
Integrantes do governo consideram que o Executivo poderia abraçar uma das propostas que estão no Congresso. Porém, têm dúvidas sobre a viabilidade, uma vez que os textos apresentam concepções distintas, especialmente no que se refere à fusão dos impostos considerados.
Por isso, a equipe econômica planeja enviar a proposta do Executivo ao Congresso o quanto antes. Ela prevê, em um primeiro momento, concentrar esforços na fusão dos tributos federais.
Com essa engenharia, defende o governo, não haverá alteração da base de arrecadação e ninguém vai pagar um centavo a mais.
A Receita pretende manter apenas algumas isenções vigentes. Entre elas, as previstas na Constituição —como os benefícios voltados ao mercado editorial. Também permanecerão beneficiados templos e representações diplomáticas.
A redução das alíquotas de IR será uma consequência das outras medidas.
Com a extinção da CSLL e da contribuição previdenciária pelas empresas ao INSS, será possível, de imediato, baixar a alíquota do IR para empresas de 34% para 25%.
Para chegar a 20%, será preciso criar outros impostos. Duas ideias estão sendo discutidas, segundo pessoas que participam das conversas.
Uma delas é tributar lucros e dividendos, medida que geraria, no máximo, mais R$ 40 bilhões por ano. Outra é taxar fundos fechados de investimentos, o que renderia no máximo mais R$ 15 bilhões.
No entanto, há reservas porque essas medidas podem prejudicar quem investe em ações para viver de rendimentos no longo prazo e não conseguir lucro rápido. Também prejudica prestadores de serviço.
A equipe de Guedes também tenta buscar uma forma de atender Bolsonaro, que, durante a campanha, prometeu estender a isenção de IR para pessoas que ganham até cinco salários mínimos (hoje, o benefício é válido para quem ganha até R$ 1.903,98 mensais).
Os estudos preliminares indicam que não há recursos para isso e que o país já tem um nível de isenção superior à média de países equiparáveis.
A alternativa, por isso, está praticamente descartada. No entanto, haverá um aumento da faixa de isenção decorrente da revisão das tabelas, que estão defasadas.
Para alcançar o patamar de isenção prometido pelo presidente na campanha, seria preciso criar uma nova alíquota, de 35%, para os mais ricos.
Outra hipótese seria compensar a medida com a definição de um teto para o abatimento do Imposto de Renda com despesas médicas. Hoje não existe limite. A ideia é travar esse desconto ao preço do plano médico mais caro em vigor no país.
A reforma tributária deve ser o carro-chefe de uma série de medidas que estão sendo preparadas pelo Ministério da Economia após a aprovação da reforma da Previdência.
Na lista, estão mudanças nas normas regulamentadoras do trabalho e incentivo a saques do PIS/Pasep como forma de aquecer a economia, que corre risco de sofrer retração por dois trimestres consecutivos.
| Folha de S. Paulo (publicado em 14-07-2019) | | | | A expectativa de alta para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2019 desacelerou de 0,82% para 0,81%, conforme o Relatório de Mercado Focus, divulgado pelo Banco Central. Há quatro semanas, a estimativa de crescimento era de 0,93%.
Para 2020, o mercado financeiro alterou a previsão de crescimento do PIB de 2,20% para 2,10%. Quatro semanas atrás, estava em 2,20%.
No fim de junho, o BC atualizou, por meio do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), sua projeção para o PIB em 2019, de alta de 2,0% para elevação de 0,8%.
No Focus desta segunda-feira, a projeção para a alta da produção industrial de 2019 foi de 0,70% para 0,65%. Há um mês, estava em 0,65%. No caso de 2020, a estimativa de crescimento da produção industrial seguiu em 3,00%, ante 2,80% de quatro semanas antes.
A pesquisa Focus mostrou ainda que a projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2019 passou de 56,10% para 56,05%. Há um mês, estava em 56,10%. Para 2020, a expectativa permaneceu em 58,30%, ante 58,43% de um mês atrás.
Câmbio
O relatório de mercado Focus mostrou manutenção no cenário para a moeda norte-americana em 2019. A mediana das expectativas para o câmbio no fim deste ano seguiu em R$ 3,80, igual ao visto um mês atrás.
Para o próximo ano, a projeção para o câmbio também permaneceu em R$ 3,80, igual ao verificado quatro pesquisas atrás.
Superávit comercial
Os economistas do mercado financeiro alteraram a projeção para a balança comercial em 2019 na pesquisa Focus, de superávit comercial de US$ 51,50 bilhões para superávit de US$ 52,00 bilhões. Um mês atrás, a previsão era de US$ 50,50 bilhões. Para 2020, a estimativa de superávit passou de US$ 46,40 bilhões para US$ 46,60 bilhões, ante US$ 46,00 bilhões de um mês antes.
Na estimativa mais recente do BC, o saldo positivo de 2019 ficará em US$ 46,0 bilhões. Esta projeção foi atualizada no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho.
Conta corrente
No caso da conta corrente, a previsão contida no Focus para 2019 passou de déficit de US$ 22,80 bilhões para US$ 22,00 bilhões, ante US$ 23,00 bilhões de um mês antes. Para 2020, a projeção de rombo passou de US$ 33,00 bilhões para US$ 31,23 bilhões. Um mês atrás, o rombo projetado era de US$ 32,80 bilhões. O BC projeta déficit em conta de US$ 19,3 bilhões em 2019.
Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será mais do que suficiente para cobrir o resultado deficitário nos próximos anos. A mediana das previsões para o IDP em 2019 seguiu em US$ 85,00 bilhões, ante US$ 84,30 bilhões de um mês atrás. Para 2020, a expectativa foi de US$ 84,68 bilhões para US$ 85,56 bilhões, ante US$ 84,36 bilhões de um mês antes. O BC projeta IDP de US$ 90,0 bilhões em 2019.
Déficit primário
O Focus trouxe manutenção nas projeções para o resultado primário do governo em 2019 e 2020. A relação entre o déficit primário e o Produto Interno Bruto (PIB) este ano seguiu em 1,40%. No caso de 2020, permaneceu em 1,00%. Há um mês, os porcentuais estavam em 1,39% e 0,90%, respectivamente.
Já a relação entre déficit nominal e PIB em 2019 passou de 6,20% para 6,30%. Para 2020, foi de 5,99% para 6,00%. Há quatro semanas, estas relações estavam em 6,30% e 6,05%, nesta ordem.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
| Tribuna PR | | | | Os economistas do mercado financeiro alteraram a previsão para o IPCA – o índice oficial de preços – em 2019 e 2020. O Relatório de Mercado Focus divulgado nesta segunda-feira, 15, pelo Banco Central, mostra que a mediana para o IPCA este ano passou de alta de 3,80% para elevação de 3,82%. Há um mês, estava em 3,84%. A projeção para o índice em 2020 passou de 3,91% para 3,90%. Quatro semanas atrás, estava em 4,00%.
O relatório Focus trouxe ainda a projeção para o IPCA em 2021, que seguiu em 3,75%. No caso de 2022, a expectativa também permaneceu em 3,75%. Há quatro semanas, essas projeções já eram de 3,75% para ambos os casos.
A projeção dos economistas para a inflação está abaixo do centro da meta de 2019, de 4,25%, sendo que a margem de tolerância é de 1,5 ponto porcentual (índice de 2,75% a 5,75%). Para 2020, a meta é de 4%, com margem de 1,5 ponto (de 2,50% a 5,50%). No caso de 2021, a meta é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (de 2,25% a 5,25%). Já a meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (de 2,00% a 5,00%).
As projeções mais recentes do BC, considerando o cenário de mercado, apontam para inflação de 3,60% em 2019, 3,90% em 2020 e 3,90% em 2021. Elas constaram no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado no fim de junho.
No Focus agora divulgado, entre as instituições que mais se aproximam do resultado efetivo do IPCA no médio prazo, denominadas Top 5, a mediana das projeções para 2019 passou de 3,72% para 3,87%. Para 2020, a estimativa do Top 5 passou de 4,00% para 3,81%. Quatro semanas atrás, as expectativas eram de 3,84% e 4,00%, nesta ordem.
No caso de 2021, a mediana do IPCA no Top 5 permaneceu em 3,75%, número igual ao verificado há um mês. A projeção para 2022 no Top 5 também ficou em 3,75%, também igual a quatro semanas antes.
Últimos 5 dias
A projeção mediana para o IPCA de 2019 atualizada com base nos últimos 5 dias úteis passou de 3,80% para 3,78%. Houve 44 respostas para esta projeção no período. Há um mês, o porcentual calculado estava em 3,83%.
No caso de 2020, a projeção do IPCA dos últimos 5 dias úteis foi de 3,98% para 3,85%. Há um mês, estava em 3,99%. A atualização no Focus foi feita por 43 instituições.
Outros meses
Os economistas do mercado financeiro mantiveram a previsão para o IPCA em julho de 2019 em alta de 0,20%. Um mês antes, o porcentual projetado já indicava inflação de 0,20%.
Para agosto, a projeção no Focus seguiu em alta de 0,11% e, para setembro, permaneceu em elevação de 0,25%. Há um mês, os porcentuais de alta eram de 0,12% e 0,25%, respectivamente.
O IPCA fechou junho com alta de 0,01%, de acordo com dados anunciados na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No Focus divulgado nesta segunda-feira, a inflação suavizada para os próximos 12 meses passou de 3,68% para 3,71% de uma semana para outra – há um mês, estava em 3,57%.
Preços administrados
O relatório do BC indicou, ainda, manutenção na projeção para os preços administrados em 2019. A mediana das previsões do mercado financeiro para o indicador este ano continuou em alta de 5,00%. Para 2020, a mediana passou de alta de 4,40% para elevação de 4,46%. Há um mês, o mercado projetava aumento de 5,20% para os preços administrados em 2019 e elevação de 4,40% em 2020.
As projeções atuais do BC para os preços administrados, no cenário de mercado, indicam elevações de 3,90% em 2019 e 4,60% em 2020.
Outros índices
O Focus também mostrou que a mediana das projeções do IGP-M de 2019 passou de alta de 6,59% para elevação de 6,56%. Há um mês, estava em 5,98%. No caso de 2020, o IGP-M projetado foi de alta de 4,10% para elevação de 4,13%, ante 4,10% de quatro semanas antes.
Calculados pela Fundação Getulio Vargas (FGV), os Índices Gerais de Preços (IGPs) são bastante afetados pelo desempenho do câmbio e pelos produtos de atacado, em especial os agrícolas.
| Tribuna PR | | | | Após recuar 0,32% em abril (dado revisado), a economia brasileira teve alta em maio deste ano. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) avançou 0,54% em maio ante abril, na série com ajuste sazonal, informou nesta segunda-feira, 15, a instituição. Foi a primeira elevação registrada no governo de Jair Bolsonaro.
O índice de atividade calculado pelo BC passou de 136,28 pontos para 137,01 pontos na série dessazonalizada de abril para maio. Este é o maior patamar para o IBC-Br com ajuste desde fevereiro deste ano (137,11 pontos).
A alta do IBC-Br ficou dentro do intervalo projetado pelos analistas do mercado financeiro consultados pelo Broadcast Projeções, que esperavam resultado entre -0,60% e +1,20%, mas acima da mediana de +0,50%.
Na comparação entre os meses de maio de 2019 e maio de 2018, houve alta de 4,40% na série sem ajustes sazonais. Esta série encerrou com o IBC-Br em 138,28 pontos em maio, ante 132,45 pontos de maio do ano passado.
O indicador de maio de 2019 ante o mesmo mês de 2018 mostrou desempenho acima do apontado pela mediana (+4,20%) das previsões de analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Broadcast Projeções (+3,00% a +5,70% de intervalo). O patamar de 138,28 pontos é o melhor para meses de maio desde 2015 (140,12 pontos).
Conhecido como uma espécie de “prévia do BC para o PIB”, o IBC-Br serve mais precisamente como parâmetro para avaliar o ritmo da economia brasileira ao longo dos meses. A projeção atual do BC para a atividade doméstica em 2019 é de avanço de 0,8%.
Acumulado
O IBC-Br acumulou alta de 0,94% no ano até maio, informou o Banco Central. O porcentual diz respeito à série sem ajustes sazonais. Pela mesma série, o IBC-Br apresenta alta de 1,31% nos 12 meses encerrados em maio.
O Banco Central também informou que o IBC-Br registrou baixa de 0,99% no acumulado do trimestre até maio de 2019, na comparação com o trimestre anterior (dezembro a fevereiro), pela série ajustada.
O BC informou ainda que o IBC-Br acumulou alta de 0,42% no trimestre até maio de 2019 ante o mesmo período do ano passado, pela série sem ajustes sazonais.
| Tribuna PR | | | | Aporte será usado nos próximos 3 anos para ampliação de produção e novos produtos
A fabricante de máquinas e equipamentos JCB anunciou um novo ciclo de investimento de R$ 100 milhões em sua fábrica de Sorocaba (SP). O valor foi divulgado pela companhia durante visita do governador de São Paulo, João Doria, à matriz da empresa, na Inglaterra.
Sorocaba é a sede das operações brasileiras da JCB desde 2001. Em 2012 a empresa investiu cerca de R$ 400 milhões em uma nova fábrica na cidade. O novo ciclo de R$ 100 milhões pelos próximos três anos será focado na ampliação das atividades produtivas e lançamento de produtos para os mercados brasileiro e latino-americano.
“Temos uma fábrica de classe mundial no Brasil. O mercado brasileiro cresceu substancialmente nos últimos 18 meses e mostra a tendência de continuar se expandindo”, afirma o CEO da companhia, Gaeme Macdonald.
| CIMM | | | | Parece sensato recuperar o CO2 (dióxido de carbono) do ambiente e usá-lo novamente, assim como já fazemos com papel, latas e vidro.
Reciclagem de CO2
Os combustíveis líquidos baseados no carbono - os conhecidos hidrocarbonetos derivados do petróleo, por exemplo - continuarão a desempenhar um papel importante no futuro, apesar dos esforços internacionais para reduzir seu uso.
Por isso, parece sensato recuperar o CO2 (dióxido de carbono) do ambiente e usá-lo novamente, assim como já fazemos com papel, latas e vidro.
Então, por que não declarar o mais famosos dos gases do efeito estufa também um produto de reciclagem?
Um grupo de pesquisadores da Suíça e da Noruega fez os cálculos necessários para viabilizar essa ideia e mostrou que "ilhas solares de metanol" poderiam produzir combustível suficiente a longo prazo para tornar neutras - em todo o mundo - todas as emissões de CO2 geradas pelos derivados de petróleo usados no setor de transporte.
Ilhas solares de metanol
A proposta é que a energia solar seja utilizada para produzir hidrogênio (H2) a partir da água do mar. O gás seria então convertido em metanol no próprio local usando CO2 também extraído da água do mar. Para isso, os pesquisadores analisaram em detalhes um cenário ainda hipotético, mas que já fornece a base para uma possível implementação.
A ideia se fundamenta em ilhas solares, ou seja, plataformas flutuantes equipadas com painéis fotovoltaicos. Como a energia solar não pode ser armazenada ou transportada de lá de forma viável, uma usina de energia solar no mar não faz sentido. Mas metanol líquido (CH3OH) e metano gasoso (CH4) podem ser produzidos a partir do dióxido de carbono e do hidrogênio. E tudo está disponível no oceano.
Já existem usinas de energia convertendo hidrogênio e CO2 em combustível. Surge, portanto, a questão: por que levar tudo para o mar? Por que não extrair CO2 do ar atmosférico, como estão fazendo vários projetos já em andamento?
A resposta é simples, diz a equipe: O espaço necessário para um suprimento mundial de combustível seria enorme.
Fazendas de energia oceânicas
"Uma área de cerca de 170.000 km2 seria necessária para produzir a demanda anual do setor de transporte de carga global," explica Andreas Borgschulte, do Laboratório Federal Suíço de Ciência e Tecnologia dos Materiais (EMPA). "Isso poderia ser melhor alcançado por sistemas de energia solar no mar, uma área anteriormente não usada que não pertence a ninguém. O CO2 também pode ser extraído do ar no mar, mas uma alternativa atraente - e ainda óbvia - seria usar a concentração aproximada de 125 vezes mais alta de CO2 da água do mar para a 'colheita de dióxido de carbono'."
No entanto, essas "ilhas de metanol" teriam seu preço: A construção de uma usina química no oceano custaria cerca de US$ 90 milhões, segundo os cálculos da equipe. Essa fazenda de energia oceânica consistiria em cerca de 70 ilhas fotovoltaicas com um diâmetro de cerca de 100 m2 cada uma e um navio com as plantas de eletrólise e síntese. Isso resultaria em uma área total de cerca de 550.000 m2.
Mas uma única fazenda solar estaria longe de ser suficiente para alcançar um saldo zero de CO2 no setor de transporte mundial. A equipe calculou isso também, e concluiu que seriam necessárias 170.000 dessas ilhas para reciclar todo o CO2 emitido atualmente pelo setor de transporte.
A equipe concorda que é um objetivo utópico, mas acredita que é uma utopia que vale a pena perseguir. "Grandes ideias são necessárias - pequenas soluções atendem apenas pequenas partes do mundo, mas não todas," disse Borgschulte.
| CIMM | | | | A Romi, indústria brasileira de bens de capitais, tinha pouco mais de 3 mil funcionários no país no início de 2014. Hoje são 1,5 mil funcionários, diz Luiz Cassiano Rosolen, diretor-presidente da companhia. A produção ainda não chegou aos níveis altos de 2010 e 2011, mas está muito próxima, em cerca de 80%. Mesmo percorrendo os 20% restantes, a empresa não demandará o mesmo quadro de funcionários, explica ele. Porque houve mudança não só nos equipamentos oferecidos como também elevação de produtividade.
Reinvenção - "Tivemos de nos reinventar." Parte do ganho de produtividade é creditada à implantação de elementos da indústria 4.0. Um dos avanços tecnológicos implementados, conta Rosolen, foi o chamado "mini load", processo automotizado para estocagem e separação de material. Aplicado a componentes abaixo de 50 quilos, o sistema, explica ele, entende a demanda por cada tipo de peça e faz a separação e organização do estoque durante a noite. Suas operações, explica, estão ligadas a um planejamento de manufatura que considera as diversas fases de produção das várias linhas existentes.
Maior eficiência - Essa mudança, implantada em 2016, trouxe maior eficiência no processo, o que reduziu em R$ 2,5 milhões a demanda da empresa por capital de giro. A companhia também implementou outras tecnologias que são pilares da indústria 4.0, como a manufatura aditiva e o uso de robô autônomo dentro de um sistema de manufatura flexível com três máquinas conectadas entre si e capazes de operar 24 horas tomando decisões para otimizar o fluxo do processo produtivo.
Prioridade - A Romi não está sozinha na onda da indústria 4.0. Segundo pesquisa realizada pela consultoria McKinsey no ano passado com cem empresas brasileiras, 73% dos entrevistados confirmaram que a indústria 4.0 está entre as prioridades da agenda.
Modelos-piloto - A pesquisa mostra ainda que as empresas brasileiras administram 8,9 modelos-piloto da indústria 4.0 contra uma média de 8 projetos quando se leva em consideração indústrias entrevistadas num conjunto de mais seis países: China, França, Alemanha, Índia, Japão e EUA.
Oportunidade de negócios - Carlos José Bastos Grillo, diretor da Weg, vê a indústria 4.0 como uma via de elevação de produtividade nas operações da empresa e também como oportunidade de negócio, já que a atividade da companhia está ligada à automação. "A indústria 4.0 não é uma revolução, mas uma evolução natural" de processos tecnológicos, defende.
Sistemas de monitoramento - Na Weg, diz ele, um dos elementos da indústria 4.0 aplicados envolveu o desenvolvimento de sistemas de monitoramento de motores elétricos da área de esmaltação da produção de fios para motores, transformadores e geradores na fábrica em Jaraguá do Sul (SC). Implantado há um ano e meio, o monitoramento, explica Grillo, permitiu reunir rapidamente diversos dados sobre temperatura, vibração e consumo de energia dos motores. Disponibilizados por meio de um portal a profissionais que lidam com a produção, os dados permitiram planejar processos com otimização do maquinário e realocações para manutenção dos equipamentos de forma a causar o menor impacto na produção.
Ganho - O sistema, diz Grillo, trouxe ganho de produtividade de 18% a 20% nos primeiros meses de implantação, além de ganho adicional de 10% no ano seguinte. O processo foi depois replicado para outras fábricas e linhas da empresa.
Investimento - O executivo da Weg destaca que o investimento para mudança foi relativamente baixo dentro do plano de investimentos da empresa. Ele ressalta que a indústria 4.0 oferece muitas oportunidades de ganhos de produtividade que não necessariamente demandam grandes investimentos.
Concordância - Rosolen, da Romi, concorda com isso. Ele diz que os elementos da indústria 4.0 devem ser analisados como qualquer outro investimento. Ou seja, de acordo com seu retorno. No caso da Romi, diz ele, a indústria 4.0 entrou dentro do banco de investimentos existente.
Desafios - Há, porém, desafios, diz Rosolen. A preocupação da empresa, explica, é com o desenvolvimento de uma infraestrutura adequada de telecomunicações e segurança de dados. A Romi, diz ele, lançou produtos que permitem a interação de máquinas localizadas em diversos clientes, criando uma rede de dados conectados que podem melhorar a capacidade de análise dos equipamentos e possibilitar um melhor planejamento da produção. Para que isso funcione, ressalta ele, é preciso que haja conexão com transmissão rápida de dados e segurança para que as empresas saibam que não haverá vazamento de dados que querem resguardar.
Além das grandes - Paulo Tonicelli, diretor-presidente da Prensas Schuler, chama a atenção para o desafio de levar a indústria 4.0 para além das grandes empresas que possuem mais recursos para desenvolver e implementar as novas tecnologias. Para ele, é preciso que a mudança aconteça na cadeia produtiva, o que envolve também fornecedores. A maior produtividade dos fornecedores, diz ele, significa maior competitividade para a indústria.
Porte menor - A Schuler, conta o executivo, tem cerca de 250 fornecedores, sendo que 85% deles são empresas de porte menor, com menos de cem funcionários. Tonicelli diz que a empresa deve implantar até o fim do ano um sistema que permite acompanhamento de qualidade e prazos de produção em parte dos fornecedores de matérias-primas e componentes. Isso possibilitará, diz ele, ganhar tempo na organização da produção, evitando erros e garantindo maior qualidade.
Situação conjuntural - Um dos desafios atuais, diz ele, é a situação conjuntural que atinge os fornecedores, o que dificulta o investimento na implantação da indústria 4.0. Ele lembra que muitas empresas fecharam durante a crise que se estendeu de 2015 a 2017 e há por isso um trabalho de desenvolvimento de fornecedores.
Incentivo à exportação - Para Tonicelli, um caminho para incentivar as empresas é uma política pública de incentivo à exportação, já que o mercado internacional demanda um padrão maior de qualidade e competitividade, o que reforça a necessidade de melhoria e eficiência. A Schuler, diz ele, aumentou o foco na exportação como estratégia de negócios e também em razão da baixa demanda doméstico no período de crise. Segundo ele, a parcela de produção voltada ao mercado externo chegou a 70% no período de 2016 a 2018. Pouco antes disso, diz, oscilava entre 40% a 60%.
Combinação - Para Rafael Oliveira, sócio da McKinsey que lidera a área de manufatura no Brasil, o desenvolvimento da indústria 4.0 demanda uma combinação entre políticas públicas e iniciativa das empresas. Essa atuação conjunta pode permitir que as novas tecnologias sejam aproveitadas como oportunidade para que o Brasil avance em produtividade, indicador no qual o país está muito atrás. Nos últimos 20 anos, diz ele, a produtividade do trabalhador brasileiro cresceu em média 1,3%, enquanto a do chinês avançou 8,8%, e a do indiano, 5%.
Isolamento - O desafio, diz Oliveira, é que a indústria nacional vença o "purgatório-piloto", no qual fábricas implantam sistemas da indústria 4.0, mas de forma isolada. Entre 70% a 80% das empresas, diz ele, essas tecnologias de forma pontual e não integradas a um plano estratégico de médio prazo, num alcance de três a cinco anos, deixando de ter ganhos potenciais mais expressivos de produtividade.
PIB - E há muito a perder, destaca Oliveira. Pesquisas da McKinsey apontam que a indústria 4.0 traz oportunidade de aumentar o PIB em até 6% nos próximos dez anos se as soluções tecnológicas forem amplamente utilizadas.
Políticas públicas - Cristina Helena Pinto de Mello, economista da ESPM, defende que políticas públicas são necessárias para o maior desenvolvimento da indústria 4.0. Além de uma política macroeconômica com câmbio e preços que criem condições de competitividade para as empresas, diz Cristina, é preciso um marco legal que facilite às empresas a criação de tecnologias, com menor burocracia para redesenhar a forma de atuação. Outra medida necessária, defende, é a qualificação de mão de obra, que, em sua maioria, não está preparada para as novas formas de trabalho.
| CIMM | | | | Maior congresso latinoamericano dedicado ao setor já tem data e local marcados para ocorrer: será de 14 a 16 de agosto, em São Paulo (SP), com atrações exclusivas
Visando recuperar o ritmo de negócios na indústria da construção metálica que, entre 2005 e 2013 cresceu 10,5% ao ano, segundo a Associação Brasileira da Construção Metálica (ABCEM), e alcançou dois milhões de toneladas produzidas em 2014, um recorde no segmento, empresários e players do setor se reúnem em São Paulo (SP) para o debate a respeito do futuro deste mercado no País.
O encontro já tem data marcada e acontece no maior congresso latinoamericano dedicado ao setor, o Construmetal, que chega à 8ª edição, agendada para ocorrer de 14 a 16 de agosto deste ano, das 13h30 às 18h, no São Paulo Expo. Organizado pela própria ABCEM – em parceria com a Informa Markets, a maior promotora de eventos Business to Business do Brasil e do mundo – o evento tem como um de seus principais objetivos a divulgação deste sistema construtivo, exatamente com a ideia de mostrar as diversas oportunidades de investimentos e o potencial de negócios que possui para uma recuperação significativa.
"Para voltar a crescer é preciso retomar os investimentos, sejam eles públicos, privados, nacionais ou estrangeiros. O fato de a demanda ter enfraquecido nos últimos anos não quer dizer que a recuperação não ocorrerá, mas o recomeço depende da confiança. O Construmetal tem como intuito ajudar a trazê-la de volta ao seu patamar mais alto, mostrando as tendências na arquitetura metálica, os problemas e as soluções na engenharia do setor, as tecnologias que visam a produtividade e a sustentabilidade, entre outros benefícios que este sistema oferece", afirma o presidente da ABCEM, Marino Garofani.
Por conta disso, o assunto principal do congresso será "Construção em Aço: Soluções para o Desenvolvimento Sustentável" que, de acordo com Garofani, harmoniza-se com a agenda dos executivos da construção, "de quem se poderá ouvir os objetivos em relação à promoção da competição e à desburocratização do setor, para estimular a economia e gerar mais valor", diz.
Baseado nessa pauta, o evento vem repleto de palestras, com temas atuais e relevantes do segmento, além de nomes consagrados do mercado para dissertar sobre eles. No primeiro dia, por exemplo, às 14h, será realizado o painel "Novidades e Tendências em Edificações de Múltiplos Pavimentos", com a presença de arquitetos como Nivaldo Vieira (presidente da direção nacional do Instituto de Arquitetos do Brasil). Mais tarde, às 15h30, será a vez do seminário "Panorama Nacional da Construção em Aço", com arquitetos como Edison Lopes (presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura).
No segundo dia, 15, painéis como "Construção em Aço: Problemas e Soluções em Projetos e Obras – Como Definir Prioridades e Implementá-las", às 15h, com a participação de engenheiros como Eduardo Ferreira Lafraia (presidente do Instituto de Engenharia); e "Estrutura Metálica – Produtividade e Inovação", às 17h, com João Vendramini (presidente da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural) norteiam as discussões.
No terceiro e último dia, 16, temas como "Tecnologia e Qualidade: Adoção do BIM – Opção ou Necessidade?", com participação da subsecretária de desenvolvimento produtivo de rede industrial do Ministério da Economia, Talita Saito; "Infraestrutura – Desafios e Oportunidades na sua Ampliação e Renovação", com as presenças do secretário de desenvolvimento de infraestrutura do Ministério da Economia, Diogo Faria; e do secretário de infraestrutura e meio ambiente do Estado de São Paulo, Marcos Penido; e "Perspectivas de Retomada da Economia Brasileira – A Construção em Aço nessa Retomada", com o secretário especial de produtividade, emprego e competitividade do Ministério da Economia, Carlos Da Costa, encerram a rodada de debates.
"Para nós, é uma honra organizar e promover, junto à ABCEM, um evento tão importante para a indústria da construção metálica do País, como o Construmetal, que reúne as mais relevantes autoridades e especialistas do setor em um único local, com o objetivo de fomentar o constante desenvolvimento deste mercado em solo nacional", ressalta a gerente geral do portfólio de infraestrutura da Informa Markets, Márcia Gonçalves.
Mais Novidades – Outros atrativos exclusivos aguardam os profissionais do setor durante os três dias de evento, como as Contribuições Tecnocientíficas, das 14h às 18h40, sob o comando do professor Henrique Campelo Gomes, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Da mesma forma, cursos qualificatórios, com renomados professores nacionais, também integram a grade de conteúdos únicos do Construmetal 2019.
Ao todo, serão quatro disponíveis, das 9h às 19h. No dia 14, o curso "Vibrações em Estruturas de Aço", com o professor Zacarias Martin Chamberlain, da Universidade de Passo Fundo, abre a programação. Dia 15, as aulas sobre "Estabilidade Estrutural: Abordagens Teórica, Computacional e Normativa" e "Projetos de Pontes em Aço", com os professores Walnório Ferreira, da Universidade Federal do Espírito Santo; e Fausto Muñoz, da Engenharia Projetos Consultoria S/A, respectivamente, ganham espaço. O curso de Muñoz, aliás, continua no dia 16, mesma data da aula "Ações e Efeitos do Vento em Estruturas de Aço", sob coordenação do professor Acir Mércio Loredo, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Por fim, em paralelo a essa rica grade de conteúdos, o evento oferece ainda uma exposição especial, onde os profissionais do setor poderão conferir, em primeira mão, as últimas novidades e tecnologias deste mercado, com as principais empresas e marcas do segmento.
| CIMM | | | | Na última quarta-feira (03), os ministérios da Economia e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações lançaram a Câmara Brasileira da Indústria 4.0 com o objetivo de integrar as políticas públicas do governo federal de fomento à indústria 4.0, manufatura avançada e internet das coisas reunirá atores do setor público, privado, entidades de capacitação e desenvolvimento tecnológico e academia.
O intuito da Câmara é concentrar esforços, otimizar recursos financeiros e profissionais. A iniciativa integra as políticas públicas do governo federal de fomento da manufatura avançada e da internet das coisas.
De acordo com Caio Megale, secretário de Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação (Sepec/ME), a Câmara será uma instância de governança de iniciativas e contará com um Conselho Superior, de caráter deliberativo, composto pelo Ministério da Economia, MCTIC e representantes da ABDI(Agência Brasileira de Desenvolvimento Industria), CNI (Confederação Nacional da Industria), Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento), Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial).
| CIMM (publicado em 14-07-2019) | | | | Soluções desenvolvidas pela Opentech melhoram a eficiência no transporte de mercadorias, reduzem perdas logísticas e ajudam a prevenir acidentes e roubo de cargas
As rodovias são o principal meio para a distribuição de mercadorias no Brasil. Quase 70% dos produtos que circulam no país dependem das estradas para chegar ao destino. Gerenciar a operação, do embarque à entrega, não é tarefa fácil. Por isso, o setor de transporte e logística vem apostando na contratação de empresas especializadas para gerenciar a eficiência da operação, desde aspectos logísticos, fluidez e visibilidade até questões ligadas à prevenção de acidentes e roubos.
Uma das alternativas é contar com parceiros experientes para gerenciar os riscos e fazer a gestão dos processos. Com soluções para atender embarcadores, transportadores e operadores logísticos, a Opentech oferece tecnologia e gestão para auxiliar em todas as etapas da movimentação de cargas, além de ajudar na prevenção de acidentes rodoviários e na redução dos índices de roubo de mercadorias e de perdas logísticas geradas pelos custos com estadias, devoluções e problemas com atraso nas entregas.
De acordo com um estudo da BSI Supply Chain Services and Solutions, no primeiro semestre de 2018 o Brasil concentrou 90% das ocorrências de roubos de cargas entre os países da América do Sul. Apesar das estatísticas preocupantes, há boas notícias para as empresas que utilizam o serviço de gerenciadoras de risco.
Em 2018, a Opentech obteve queda de 25% no índice de roubos em comparação ao ano anterior. Em relação aos roubos que não puderam ser evitados, quase 60% das cargas foram recuperadas. Neste ano, entre os meses de janeiro e junho, a empresa já impediu inúmeros roubos de cargas com produtos cosméticos, farmacêuticos, defensivos agrícolas, alimentos, eletrônicos, pneus e outros bens de consumo, ultrapassando R$ 30 milhões em valor de cargas recuperadas.
Assim como a ação das quadrilhas, os acidentes também preocupam e demandam investimentos em prevenção e em ações de gerenciamento de risco. Entre as operações monitoradas pela Opentech, mais resultados positivos com clientes de diferentes segmentos. Entre os exemplos, no setor automobilístico, projetos há 5 anos sem acidentes e uma multinacional de cimentos com redução de 30% nos indicadores de falhas operacionais nos últimos 2 anos.
Segundo Duani Reis, CEO da Opentech, as empresas querem enxergar seus desafios operacionais em uma plataforma única, integrando gestão de risco e logística. “A visibilidade é fundamental para o sucesso e a eficiência das operações no setor de transporte.
Em ambientes competitivos, a diferenciação vem dos detalhes. Buscamos equilibrar novas tecnologias, pessoas de alto nível e bons processos em uma combinação única. Aqui dizemos ‘Sua carga, nossa missão’ porque queremos que os clientes tenham a certeza do nosso compromisso e zelo com o sucesso das suas operações”, afirma.
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