| Clipping de Logística Reversa - 21-02-2020 - Ano 4 - Edição 115
| | |
Chamada de Notícias
Logística Reversa
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
| | | | | Esse modelo econômico é uma oportunidade ao melhor uso dos recursos naturais e aumento da competitividade da indústria.
A economia circular associa desenvolvimento econômico ao melhor uso de recursos naturais por meio de novas oportunidades de negócios e da otimização na fabricação de produtos. A ideia é depender menos de matéria-prima virgem, priorizando insumos mais duráveis, recicláveis e renováveis. O conceito de economia circular surge como um contraponto ao modelo econômico linear – de extração de matéria-prima, transformação, uso e descarte de resíduos –, que está atingindo seu limite.
A nova tendência faz com que as empresas não apenas reduzam custos e perdas produtivas, mas criem novas fontes de receita. Por exemplo, ao comercializar resíduos úteis a outros processos produtivos. A economia circular também contribui para promover o desenvolvimento de novos elos na cadeia produtiva, por meio de práticas como otimização de processos, produto como serviço, compartilhamento, extensão da vida do produto, insumos circulares, recuperação de recursos e virtualização.
Mudanças já são inadiáveis
Nos últimos 30 anos, apesar dos avanços tecnológicos e do aumento da produtividade dos processos industriais, que hoje extraem 40% mais valor econômico das matérias-primas, a demanda aumentou 150%. “Isso mostra que não é possível manter o modelo linear no longo prazo, mesmo com maior eficiência no uso de insumos”, avalia Davi Bomtempo, gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Para ele, trata-se de uma mudança de comportamento e também de estratégia. “É preciso revolucionar a forma de pensar os negócios, com uma lógica de longo prazo que combine maior eficiência no uso de recursos com produtos inovadores, mais leves e duráveis e com aproveitamento de resíduos”, complementa.
"Não é possível manter o modelo linear no longo prazo, mesmo com maior eficiência no uso de insumos", diz Davi Bomtempo
A transformação já está em curso em muitas empresas. Pesquisa feita pela CNI em 2019 mostra que 76,5% das indústrias desenvolvem alguma iniciativa de economia circular, embora a maior parte não saiba que as ações se enquadram nesse conceito. Entre as principais práticas estão a otimização de processos (56,5%), o uso de insumos circulares (37,1%) e a recuperação de recursos (24,1%).
O consumidor também está mais exigente
A pesquisa também mostrou que 88,2% dos entrevistados avaliaram a economia circular como importante ou muito importante para a indústria brasileira. Mas a questão transborda a busca por eficiência.
Um levantamento recente sobre o perfil dos consumidores brasileiros, também da CNI, mostra que 38% dos entrevistados sempre verificam ou verificam às vezes se os produtos foram produzidos de forma ambientalmente correta. A pesquisa revela que os brasileiros também têm mais consciência sobre o destino do lixo. O número de pessoas que separa o lixo para a reciclagem cresceu de 47%, em 2013, para 55% no ano passado.
O brasileiro é um consumidor consciente? Veja infográfico especial no site
Atenta ao movimento, há cerca de dois anos a Coca-Cola anunciou o objetivo de coletar e reciclar 100% de todas as garrafas e latas que vender em todo o mundo até 2030. A meta faz parte de um plano da empresa chamado World Without Waste (Mundo Sem Resíduos) e envolve sua rede global de parceiros engarrafadores. Logo em seguida ao anúncio internacional, a Coca-Cola Brasil anunciou o investimento de R$ 100 milhões na criação de um único formato de garrafas PET retornável para todas as suas marcas de refrigerantes.
Assim, cada vez que a garrafa voltar à fábrica, a embalagem 100% reciclável poderá receber o conteúdo de qualquer produto da Coca-Cola Brasil e um rótulo de papel destacável para cada produto. Antes, além de garrafas diferentes, os rótulos eram impressos em tinta, o que prejudicava a reciclagem.
As garrafas retornáveis com rótulo de papel destacável também foram adotadas na Argentina, Chile, Peru e Colômbia. No Brasil, atualmente, cerca de 22% dos produtos comercializados pela Coca-Cola são retornáveis. A meta é chegar a 25% até 2030.
Conheça algumas das práticas de economia circular
- Produto como serviço
Foco na função e nos serviços fornecidos por meio do uso de produto, principalmente com contratos de locação. O negócio é atraente para empresas que tenham custos altos com um produto e que identifiquem fornecedores com a competência para dar suporte e manutenção. Exemplo dessa prática é a Philips Lighting, que migrou da venda de lâmpadas para iluminação como serviço.
- Compartilhamento
Aumento da eficiência de um produto pelo compartilhamento de uso, acesso e propriedade. Essa prática pode ser não-monetizada, por meio da participação dos membros da comunidade para compartilhar bens e serviços; e monetizada, como o aluguel do tempo ocioso de plantas industriais. Cervejarias artesanais têm se beneficiado desse modelo.
- Insumos circulares
Negócios que usam matéria-prima reciclada ou de fonte renovável. Um dos fatores de sucesso dessa prática está relacionado à redução da dependência de recursos naturais finitos e, ao mesmo tempo, estimula a inovação de produtos que possam voltar ao ciclo produtivo após o uso. A Braskem, por exemplo, fabrica o plástico biodegradável à base de cana-de-açúcar.
- Recuperação de recursos
O objetivo é recuperar valor e função dos produtos, componentes e materiais por meio da remanufatura e reciclagem. Essa prática reduz a demanda por recursos naturais e o desperdício de componentes e materiais, além de criar valor para o que já foi considerado descarte. Para a viabilidade dessa prática, é fundamental a implantação de um sistema de logística reversa. Exemplo dessa prática é o da Sinctronics, responsável por recolher equipamentos eletrônicos, desmontá-los e transformá-los em matéria-prima para produtos novos.
- Virtualização
Com o desenvolvimento da capacidade de processamento de componentes eletrônicos, a computação em nuvem e redes de inteligência artificial, muitos serviços e atividades antes feitos por meio físico passam a ser entregues de forma digital. Entre os exemplos desse modelo está a Netflix, que substituiu as locadoras de vídeos.
- Extensão da vida do produto
Aumento da vida útil de um produto e geração de receitas adicionais pela oferta de serviços, como manutenção e inovação no desenho do produto. Essa prática é apropriada para a maior parte de negócios entre empresas, como é o caso do setor de máquinas e equipamentos.
- Otimização de processos
Redução do desperdício de materiais dentro da própria empresa por meio de aumento da eficiência no uso de matérias-primas, de água e de energia via não-geração, redução ou reaproveitamento de resíduos. Exemplo disso são as empresas de papel e celulose aproveitarem o licor negro que sai da madeira processada para gerar energia na produção.
| CNI ( publicado em 19-02-2020) | | | | Nesta quinta-feira (13), o Ministro Ricardo Salles divulgou em suas redes sociais, a publicação do Decreto Federal nº 10.240. Trata-se do Decreto de implementação do sistema de logística reversa de produtos eletroeletrônicos e seus componentes de uso doméstico, em todo o país.
De acordo com o Ministro Ricardo Salles, a ideia é aumentar os pontos de coletas de resíduos eletrônicos no Brasil. Estão incluídos dentre os produtos eletroeletrônicos citados na legislação, por exemplo, os computadores, televisões, aparelhos de videogame, refrigeradores e telefones celulares.
Primeiramente, os produtos eletroeletrônicos deverão ser descartados, pelos consumidores, em pontos de recebimento. Em seguida, serão desmembrados e os componentes passíveis de reaproveitamento, seguirão para reciclagem. Por fim, os demais, serão descartados adequadamente.
Atualmente, há 173 pontos de coletas de produtos eletroeletrônicos no Brasil. A pretensão é que, até 2025, mais de 5.000 pontos sejam implantados, abrangendo, assim, 400 municípios com mais de 80 mil habitantes.
O Ministro Ricardo Salles destaca a importância da participação da população para o sucesso da implementação das ações propostas na lei. Logo depois, comentou também que a próxima ação do Ministério do Meio Ambiente será relacionada à destinação de medicamentos.
Os medicamentos vencidos e fora de uso não podem, antes de mais nada, serem descartados junto dos resíduos comuns ou na rede sanitária. Desta forma, serão devolvidos ao setor para devido coprocessamento ou destinação a aterros especializados.
| Diário Prime ( publicado em 14-02-2020) | | | | Fabricantes e importadores terão que disponibilizar ecopontos de descarte de eletroeletrônicos
Assinado nesta semana pelo presidente Jair Bolsonaro, o decreto 10.240 de 2020 estabelece as regras para implementação do sistema de logística reversa para produtos eletroeletrônicos. O texto regulamenta o mecanismo previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada em 2010, para que os fabricantes e importadores desses itens se responsabilizem pelo descarte de forma a reduzir os impactos no meio ambiente.
As empresas podem se associar para a criação de entidades gestoras que vão fazer o trabalho de divulgação e operação do sistema de logística reversa. Pelo decreto, cada companhia vai participar do financiamento na mesma proporção do tamanho dela no mercado. Há a possibilidade ainda das empresas criarem seus mecanismos de coleta de produtos de forma individual.
É importante que fabricantes e importadores disponibilizem uma rede para que os consumidores levem os eletroeletrônicos fora de uso para o descarte adequado. Essa destinação final deve garantir que os componentes dos aparelhos não contaminem o meio ambiente. Está prevista a possibilidade de reciclagem desses materiais, uma vez que muitas das matérias-primas tem alto valor e podem ser reaproveitadas.
O decreto estipula que a constituição das entidades que vão fazer a gestão da logística reversa seja feita ainda este ano, até o dia 31 de dezembro. Assim, a partir de 2021, devem começar a ser instalados os pontos de coleta e a divulgação do sistema aos consumidores.
O sistema deve ser implantado, até 2025, nos 400 maiores municípios do país. O cronograma é gradativo. Em 2021, primeiro ano de funcionamento, deve ser atendidas 24 cidades e absorvido 1% do lixo eletrônico. São Paulo é o estado que deverá ter maior participação, com oito dessas localidades, no primeiro ano, e 95 ao fim do calendário de consolidação. A estimativa é que, em cinco anos, 17% dos aparelhos sejam recolhidos.
As cidades deverão ter, no mínimo, um ponto para cada 25 mil habitantes. A previsão é que em 2025 existam cerca de 5 mil pontos de coleta no país. Esses locais vão receber de forma gratuita os aparelhos para serem descartados.
| O Fato Maringá ( publicado em 16-02-2020) | | | | As empresas podem se associar para a criação de entidades gestoras que vão fazer o trabalho de divulgação e operação do sistema de logística reversa
Assinado nesta semana pelo presidente Jair Bolsonaro, o decreto 10.240 de 2020 estabelece as regras para implementação do sistema de logística reversa para produtos eletroeletrônicos. O texto regulamenta o mecanismo previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada em 2010, para que os fabricantes e importadores desses itens se responsabilizem pelo descarte de forma a reduzir os impactos no meio ambiente.
As empresas podem se associar para a criação de entidades gestoras que vão fazer o trabalho de divulgação e operação do sistema de logística reversa. Pelo decreto, cada companhia vai participar do financiamento na mesma proporção do tamanho dela no mercado. Há a possibilidade ainda das empresas criarem seus mecanismos de coleta de produtos de forma individual.
Startup permite trocar lixo reciclável por crédito para produtos e apps de serviço
Você sabia que existe um e-commerce que vende lixo?
É importante que fabricantes e importadores disponibilizem uma rede para que os consumidores levem os eletroeletrônicos fora de uso para o descarte adequado. Essa destinação final deve garantir que os componentes dos aparelhos não contaminem o meio ambiente. Está prevista a possibilidade de reciclagem desses materiais, uma vez que muitas das matérias-primas tem alto valor e podem ser reaproveitadas.
O decreto estipula que a constituição das entidades que vão fazer a gestão da logística reversa seja feita ainda este ano, até o dia 31 de dezembro. Assim, a partir de 2021, devem começar a ser instalados os pontos de coleta e a divulgação do sistema aos consumidores.
O sistema deve ser implantado, até 2025, nos 400 maiores municípios do país. O cronograma é gradativo. Em 2021, primeiro ano de funcionamento, deve ser atendidas 24 cidades e absorvido 1% do lixo eletrônico. São Paulo é o estado que deverá ter maior participação, com oito dessas localidades, no primeiro ano, e 95 ao fim do calendário de consolidação. A estimativa é que, em cinco anos, 17% dos aparelhos sejam recolhidos.
As cidades deverão ter, no mínimo, um ponto para cada 25 mil habitantes. A previsão é que em 2025 existam cerca de 5 mil pontos de coleta no país. Esses locais vão receber de forma gratuita os aparelhos para serem descartados.
| Pequenas Empresas & Grandes Negócios ( publicado em 15-02-2020) | | | | Documento obriga país a ter 5.000 pontos de recebimento de usados até 2025 para coletar 17% do total comercializado
Foi assinado na última quarta (12), decreto que regulamenta a logística reversa de produtos eletroeletrônicos.
O decreto obriga empresas envolvidas na fabricação, importação, distribuição e comercialização a implantarem sistemas de recebimento de máquinas usadas como computadores, TVs, cabos, geladeiras, máquinas de lavar, celulares, games e demais equipamentos eletrônicos pós-consumo e dar uma destinação final ambientalmente adequada.
A indicação do decreto é que devem ser instalados 5.000 pontos de recebimento no país até 2025, nos 400 maiores municípios (aqueles com mais de 80 mil habitantes), e que representam cerca de 60% da população.
De acordo com dados divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente no dia da assinatura do decreto, existem hoje 173 pontos de coleta de eletroeletrônicos no país.
De forma progressiva, em cinco anos, devem ser realizadas a coleta e a destinação adequada de 17%, em peso, dos produtos eletroeletrônicos comercializados no mercado interno de uso doméstico no ano-base de 2018. No primeiro ano, a meta é de 1%.
RESPONSABILIDADES
O decreto sacramenta que é o consumidor que deve levar os seus produtos até essas unidades coletoras. Mas o comitê de acompanhamento da implantação do sistema e das metas não prevê participação de entidades de consumidores.
Aos fabricantes e importadores, a obrigação é dar destinação final ambientalmente adequada, “preferencialmente para reciclagem, a cem por cento dos produtos eletroeletrônicos que forem recebidos pelo sistema”.
Aos distribuidores, cabe disponibilizar ou custear os espaços físicos para os pontos de consolidação a serem utilizados no sistema de logística reversa.
Fica para os comerciantes a responsabilidade de receber, acondicionar e armazenar temporariamente os produtos descartados pelos consumidores nos pontos de recebimento e efetuar a devolução destes aos fabricantes e aos importadores.
Uma nota importante: as empresas prestadoras de serviços de telefonia móvel que comercializam os produtos eletroeletrônicos de que trata o decreto estão sujeitas às mesmas obrigações dos comerciantes.
As cooperativas de catadores só podem participar dos processos de logística reversa se forem formalmente constituídas e contratadas pelas empresas participantes.
PANORAMA
O Brasil é o segundo país que mais gera lixo eletrônico nas Américas, com 1,5 milhão de toneladas por ano. Em primeiro lugar estão os EUA, com 6,3 milhões de toneladas/ano, e em terceiro está o México, com 1 milhão de toneladas por ano.
Os dados fazem parte de um estudo feito pela Universidade das Nações Unidas (UNU), pela União Internacional das Telecomunicações (UIT) e pelo ISWA - International Solid Waste Association (Associação Internacional de Resíduos Sólidos) e publicado em dezembro de 2017.
Segundo o mesmo relatório, só 20% dos resíduos eletrônicos produzidos no mundo foram reciclados. A maior parte do que é descartado vai parar em lixões a céu aberto, contaminando solo, ar e água.
O estudo indica que até 2021, a produção de lixo eletrônico no mundo deve superar as 50 milhões de toneladas ao ano. Na época, a estimativa era de que o desperdício potencial desses materiais seja equivalente a US$ 55 bilhões.
RECICLADORES OTIMISTAS
“Desde a assinatura da Política Nacional dos Resíduos Sólidos, a PNRS, esperamos pela regulamentação fiscal. Com o decreto vem um marco importante para trabalhar”, diz Marcelo Souza, presidente da Indústria Fox.
Fundada em 2009, a Fox foi a primeira fábrica de produção reversa de refrigeradores na América do Sul, com captação de gases. Faz reciclagem, remanufatura e sistemas de eficiência energética na unidade de Cabreúva, interior de São Paulo.
“A expectativa, desde a fundação da empresa, era de que a PNRS fosse imediatamente impulsionar o setor. Agora, planejamos expandir com uma unidade no Nordeste”, afirma Souza.
A demanda, segundo ele, é crescente. Só de geladeiras, a Fox recebe equipamentos de 18 estados, de três tipos de fontes: em maior volume, vinda de consumidores finais (mas através de outras empresas coletoras); em segundo, de bares e estabelecimentos comerciais e, em terceiro, das indústrias.
No último dia 12, foram desmontadas 1.100 geladeiras, nos dois turnos de trabalho atuais.
Depois da desmontagem —chamada de produção reversa– a empresa separa gás, óleo, metal, cobre, alumínio e plástico. O óleo é usado em lubrificantes e os gases (cloro e flúor) são usados na produção de líquidos de limpeza. Segundo Souza, de resíduo na fábrica só sobra “a varrição”.
Pergunto se a meta de 17% do lixo eletrônico em cinco anos não é muito baixa. “Pode parecer pouco, mas operacionalizar 17% não é fácil”, opina.
Mara Gama - Jornalista e consultora de qualidade de texto.
| Folha de S. Paulo ( publicado em 14-02-2020) | | | | A lei veda a distribuição de canudos de plásticos e orienta para que sejam substituídos por canudos de papel reciclável, material comestível ou biodegradável
Lei que proíbe canudos de plástico começa a ser aplicada em São PauloLei que proíbe canudos de plástico começa a ser aplicada em São Paulo
Ontem (17) foi o primeiro dia útil de aplicação da lei de proibição do fornecimento ou venda de canudos plásticos por estabelecimentos comerciais no estado de São Paulo. A fiscalização e autuação são de responsabilidade do Procon-SP e a multa pode chegar a R$ 5,5 mil.
A lei veda a distribuição de canudos de plásticos, além de orientar para que sejam substituídos por canudos de papel reciclável, material comestível ou biodegradável, embalados individualmente em envelopes hermeticamente fechados feitos do mesmo material. A lei não contempla a fabricação de canudos de plásticos, mas sim o fornecimento pelos estabelecimentos comerciais, como bares, restaurantes, padarias, clubes, hotéis, mercados, lojas, entre outros.
Caso haja descumprimento, na primeira autuação, a multa será de 20 Unidades Fiscais do Estado do São Paulo (UFESPs), o que equivale, hoje, a R$ 552,20; a cada reincidência o valor será dobrado podendo alcançar 200 UFESPs (R$ 5.522).
De acordo com o governo do estado, do valor arrecadado das multas, 50% será destinado ao Fundo Estadual de Prevenção e Controle da Poluição, e a outra metade seguirá para o Procon-SP, para aplicação em programas de educação, prevenção e fiscalização relacionados ao consumo sustentável.
Uso desnecessário
Estimativa divulgada pelo Instituto Akatu mostra que, se forem empilhados os canudos consumidos por brasileiros em um ano seria possível construir uma muro de 2,10 metros de altura e 45 mil quilômetros de extensão, o que daria uma volta completa na Terra. A entidade avalia que o canudo de plástico de uso único é totalmente desnecessário e traz custos para o consumidor, para o meio ambiente e para a sociedade.
“Os custos começam com a produção, que retira recursos do meio ambiente, gasta energia, trabalho. Mesmo que haja um pequeno ganho financeiro com a reciclagem, é muito menor que o que foi empenhado na produção de um produto de vida curta. Poucas horas depois de ser usado, o canudo vai para o lixo. Vale lembrar que tudo que é descartado gera também custo de separação, empacotamento, transporte e disposição final”, segundo divulgação do instituto, que trabalha na conscientização e mobilização da sociedade para o consumo consciente.
O Conselho de Sustentabilidade da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) “adverte que os descartáveis menos impactantes para o meio ambiente são os comestíveis e os de papel (sem película plástica) e ainda entende que o consumidor deve preferir os reutilizáveis – como de vidro, inox ou bambu”.
A Lei n°17.110, de 12 de julho do ano passado, proibiu o fornecimento de canudos feitos de plástico no estado. O decreto regulamentando sua aplicação foi assinado em 15 de outubro do ano passado pelo governador João Doria, pelo secretário de Estado de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido, e pelo diretor executivo do Procon-SP, Fernando Capez.
O decreto determina também que caberá à Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, em parceria com o Procon-SP, implementar programas de educação ambiental para orientar consumidores e fornecedores.
| Valor Investe ( publicado em 18-02-2020) | | | | Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram técnica inédita, que possibilita a construção de moléculas de carbono de interesse industrial por meio do aproveitamento do bagaço da cana-de-açúcar.
Essa obtenção em larga escala do carbono através de energia renovável visa à produção de cosméticos, plásticos, medicamentos e diversos outros produtos com menor custo e menos danos ambientais.
O trabalho teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e foi coordenado por Antonio Burtoloso, do Instituto de Química da USP de São Carlos. Parte dos resultados foi divulgada na revista Green Chemistry.
Burtoloso explica que, apesar de o petróleo também ser proveniente de uma fonte natural (fóssil), ele não é renovável. Já a cana-de-açúcar é plantada em abundância no Brasil e o bagaço tem enorme potencial de reaproveitamento.
A tecnologia resultou em um composto que possui 10 átomos de carbono e apresenta potencial para ser usado principalmente na fabricação de plásticos.
Isso foi possível graças à junção de duas moléculas da valerolactona - líquido incolor obtido a partir do bagaço da cana. Cada molécula da substância possui cinco átomos de carbono. O procedimento para a criação do carbono leva apenas um dia.
De acordo com estudo divulgado em 2017 pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), o Brasil gerou 166 milhões de t de bagaço na safra 2015/16. Parte da produção acaba sendo descartada e é neste espaço que o grupo da USP pretende atuar.
“Não precisamos plantar cana-de-açúcar exclusivamente para colher o bagaço. A ideia é aproveitar a parte do resíduo que acaba virando lixo como insumo para a nossa técnica”, diz Burtoloso.
De acordo com o docente, a tecnologia desenvolvida na USP apresenta grande potencial de escalabilidade na indústria, hoje bem mais direcionada ao desenvolvimento de compostos sustentáveis do que em décadas passadas, até porque o mercado para produtos sustentáveis também vem crescendo.
Vários países, inclusive, estipularam como meta para daqui a alguns anos a substituição de 20% a 30% do carbono proveniente do petróleo por fontes consideradas “verdes”.
| Usinagem Brasil ( publicado em 16-02-2020) | | | | Estudos anteriores, encomendados pelas respectivas indústrias, mostraram conclusões favorecendo cada um dos financiadores.
Comparativo entre paletes de madeira e paletes de plástico
Depois de realizar uma série de comparações com um nível de detalhamento sem precedentes, pesquisadores afirmam ter agora todos os elementos para afirmar que os paletes de madeira são um pouco mais ecológicos e mais sustentáveis do que os paletes de plástico.
Segundo Sebastian Anil e seus colegas da Universidade do Estado da Pensilvânia, nos EUA, poucas pessoas se dão conta da significância dessa questão, uma vez que o número de paletes no mundo é contado em dezenas e até centenas de bilhões.
Não é à toa, diz a equipe, que esse é um debate que se arrasta há décadas: há grandes interesses econômicos envolvidos.
Os pesquisadores compararam o desempenho a longo prazo dos paletes de madeira e de plástico através de uma avaliação detalhada do ciclo de vida, da fabricação ao descarte, mensurando os impactos ambientais dos recursos consumidos e das emissões liberadas pelos dois tipos de paletes - até os produtos usados para limpar e matar insetos nos paletes foram considerados.
Os impactos ambientais foram medidos em termos de uma viagem e de 100.000 viagens de cada palete, em cada caso levando em consideração nove categorias de impacto, incluindo influência na camada de ozônio, emissão de produtos orgânicos respiráveis, ecotoxicidade aquática, ecotoxicidade terrestre, ocupação do solo, acidificação aquática, eutrofização aquática, aquecimento global e energia não renovável.
Custo ambiental dos paletes
Os resultados mostram que, em uma única viagem, os paletes de madeira tratados por aquecimento em forno ou tratamento térmico por radiofrequência ainda incorrem em uma pegada de carbono geral que é ligeiramente menor do que a dos paletes de plástico durante seu ciclo de vida. As diferenças a favor dos paletes de madeira aumentam quando a comparação é feita na base de 100.000 viagens.
Os paletes de plástico moldados têm um ciclo de vida mais longo do que os paletes de madeira porque os paletes de plástico têm menores índice de quebras e danos, e normalmente podem durar mais de 200 viagens de ida e volta antes de serem retirados de serviço, observou o professor Charles Ray, coordenador do estudo.
Contudo, apesar de durarem mais, os paletes de plástico tipicamente são derivados de produtos de petróleo ou gás natural, o que aumenta muito sua pegada de carbono.
"Há mais de uma década, outros estudos foram encomendados pela indústria de paletes de madeira e pela indústria de paletes de plástico e, é claro, esses resultados favoreceram os financiadores. Este é o primeiro estudo acadêmico, revisado por pares, relacionado a paletes, e foi financiado inteiramente pela universidade [do Estado da Pensilvânia], sendo imparcial," garantiu Ray.
| CIMM ( publicado em 20-02-2020) | | | | Câmeras e sensores observam o lixo e um software decide se deve ir para a lixeira amarela, azul, cinza, vermelha, verde ou amarela
Uma lixeira inteligente que funciona com inteligência artificial. A função dela é separar — sozinha —, o material para a reciclagem. Chamada de Trashbot, o projeto é da startup CleanRobotics.
“A ideia nasceu da frustração”, diz Charles Yhap, cofundador e CEO da CleanRobotics. Ele diz que sempre achou confuso separar o lixo nas lixeiras. “Depois de me alimentar, vou despejar as sobras no lixo. Mas nunca tenho certeza se estou jogando os recipientes no local correto", disse à Fast Company.
Daí surgiu a ideia de usar tecnologia nas lixeiras. "Começamos a analisar os custos com sensores e componentes robóticos, a crescente acessibilidade de algoritmos, sistemas de IA e, então pensamos que seria possível construir algo que faça isso [separar o lixo] melhor do que as pessoas", afirma Yhap. E por um preço competitivo aos das lixeiras convencionais. "Por isso, pensamos em construir um robô com preço competitivo e agregar mais valor”, disse Yhap.
Funciona assim: quando uma garrafa ou recipiente entra na lixeira, a tampa se fecha automaticamente e uma câmera junto com sensores enviam informações ao software, que classifica o lixo e direciona para a lixeira interna correta. O processo demora cerca de três a cinco segundos.
“Estamos enfrentando uma crise climática e todo o mundo está pensando em maneiras de reduzir a emissão de carbono e o desperdício. No entanto, as pessoas ainda não conseguem reciclar corretamente", disse Yhap. Embora outras tecnologias possam classificar a reciclagem quando os resíduos chegam às usinas de reciclagem, Yhap diz que a triagem feita nas lixeiras também é necessária para evitar a contaminação dos materiais recicláveis.
A lixeira, projetada para locais de alto volume, como estações de trem e aeroportos, será, em breve, lançada em versões menores para pequenos cafés e escritórios. Atualmente, a empresa está arrecadando fundos para ampliar e explorar novos modelos de negócios que permitiriam instalar suas caixas gratuitamente em alguns locais. Yhap quer tornar as lixeiras tecnológicas disponíveis em quase todos os locais. "Queremos ter uma versão do TrashBot para todas as configurações em que o lixo está sendo gerado", disse Yhap.
| Época Negócios ( publicado em 17-02-2020) | | | | Meta do setor é alcançar 60% da população com pontos nos 400 maiores municípios
Segundo levantamento da Universidade das Nações Unidas (UNU), cerca de 45 milhões de toneladas de lixo eletrônico foram produzidos em todo o mundo em 2016, sendo que 80% dele foi descartado de forma inadequada.
O Brasil foi um dos maiores responsáveis, gerando aproximadamente 1,5 milhão de toneladas. Essa “contribuição” está com os dias contados, uma vez que o País já iniciou seu programa de Logística Reversa no setor. Objetivo é alcançar mais de cinco mil pontos de coleta para que o material seja reciclado ou receba uma destinação ambientalmente correta.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que estabeleceu a obrigatoriedade da Logística Reversa de eletroeletrônicos, foi criada em 2010, mas somente em 2019, quando o Ministério do Meio Ambiente (MMA) assinou acordo com o setor, ações estão sendo colocadas em prática, como explica André França, secretário de Qualidade Ambiental do MMA.
“Quando o atual governo assumiu, eram apenas 70 os pontos de coleta. Em apenas três meses da assinatura do acordo já foram instalados mais cem novos pontos e o número vai aumentar nos próximos anos”, destaca o secretário. “O acordo setorial para a logística reversa prevê metas de estruturação de pontos de entrega de forma a aumentar de 70 pontos para mais de 5 mil pontos até 2025. A previsão é chegar ao fim de 2020 com mais de 420 pontos instalados em todo o Brasil, o que seria quase 10% de uma meta de cinco anos.”
Acelerado – O acordo assinado prevê duas fases, sendo a primeira dedicada à estruturação do sistema e a segunda relacionada à sua implementação e operacionalização, com metas anuais e crescentes, prazos e ações concretas. Segundo André França, o setor está se antecipando, o que pode acelerar os bons resultados.
“O que é interessante nesse acordo firmado em outubro de 2019 é que ele tem uma cláusula que permite antecipar os resultados do cumprimento das metas. O ano de 2020 é de estruturação e as metas são de 2021 para frente, mas essa cláusula está estimulando vários fabricantes a antecipar a instalação de pontos de coleta”, aponta França. “Não à toa foram instalados mais de 100 pontos apenas entre novembro de 2019 e janeiro de 2020. Isso é mais do que feito nos últimos nove anos.”
Todo o Brasil – O objetivo do MMA é que os cinco mil pontos de coleta de eletroeletrônicos possam abranger os 400 maiores municípios do país, ou seja, aqueles com população superior a 80 mil habitantes. Isso compreenderia aproximadamente 60% da população.
“Importante ressaltar que 100% dos produtos coletados em todo o país deverão ser enviados para a destinação final ambientalmente adequada, preferencialmente a reciclagem, reinserindo assim os materiais na cadeia produtiva, reduzindo as pressões por novas matérias-primas e os impactos ambientais causados pelo descarte inadequado”, explica França.
A não reciclagem de eletroeletrônicos representa bem mais do que somente um risco ao meio ambiente, significa também dinheiro jogado fora. Segundo levantamento da Universidade das Nações Unidas, as 45 milhões de toneladas de lixo eletrônico gerado em 2016 têm o valor de matéria-prima estimado em 55 bilhões de euros.
Ainda de acordo com a UNU, se as grandes nações do mundo não desenvolverem programas semelhantes ao do Brasil nos próximos anos, teremos em 2050 cerca de 110 milhões de toneladas de lixo eletroeletrônico descartados no meio ambiente.
Previstas na Agenda Nacional de Qualidade Ambiental Urbana, campanhas de comunicação estão entre as ações do MMA em 2020. “Agora é hora de conscientizar a população para a importância do descarte adequado, não só dos eletroeletrônicos como também de todos os resíduos sólidos passíveis de reciclagem”, finaliza André França.
| Ministério do Meio Ambiente ( publicado em 14-02-2020) | | | | Meta é reciclar mais de 155 mil toneladas de chumbo de mais de 16 milhões de baterias automotivas
Em um país onde há um veículo automotivo para cada cinco habitantes, segundo o IBGE, dá para se ter uma ideia de quantas baterias de chumbo ácido são descartadas ao longo dos anos. Em acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída por Lei em 2010, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) iniciou em 2019 a implementação do sistema de logística reversa dessas baterias. O acordo setorial foi fechado com Associação Brasileira de Baterias Automotivas e Industriais (Abrabat), a Associação Nacional dos Sincopeças do Brasil (Sincopeças-BR) e o Instituto Brasileiro de Energia Reciclável (Iber).
O acordo estabelece que fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de baterias integrarão o sistema, composto por pontos de coleta e pelos serviços de coleta, transporte, armazenamento e destinação final ambientalmente adequada de baterias que não têm mais uso. Importante frisar que o consumidor também faz parte do ciclo, uma vez que ele deve voluntariamente entregar as baterias nos pontos de coleta.
A iniciativa tem abrangência nacional e já prevê participação acima de 60% em todas as regiões do Brasil. As metas são progressivas, estimando recolhimento e envio para reciclagem de mais de 16 milhões de baterias automotivas de chumbo ácido. Segundo a Abrabat, o setor de baterias de chumbo ácido gera anualmente cerca de 300 mil toneladas de itens que ficam sem uso.
Perigo – A bateria automotiva é fabricada basicamente com chumbo, solução ácida e polímeros. O chumbo é utilizado como principal substância na fabricação industrial porque possui, entre outras vantagens, baixo ponto de fusão e alta resistência à corrosão. O problema é que se por um lado ele é perfeito para o produto, por outro é prejudicial para o meio ambiente se descartado de maneira incorreta. Metais pesados contaminam solo, lençóis freáticos e até mesmo fauna e flora.
“O acordo de baterias de chumbo ácido vai permitir que ao final de quatro anos de implementação o sistema consiga recolher 16 milhões de baterias todos os anos, o que representa 155 mil toneladas de chumbo reciclados”, ressalta André França, secretário de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Segundo o secretário, além de prevenir a contaminação do solo e das águas, a logística reversa reduz a dependência da importação de chumbo para a fabricação de novas baterias, sendo um exemplo de sustentabilidade. “O Brasil é dependente de chumbo, ou seja, tem de importar esse metal pesado. Depois que esse sistema estiver implementado, ele vai suprir 75% da demanda nacional do setor. Isso é logística reversa, você reinsere na cadeia produtiva um produto que já não tem mais utilidade, como é o caso de uma bateria já exaurida”, aponta França.
Da reciclagem feita com a bateria automotiva de chumbo ácido, além do chumbo recuperado também são extraídas outras matérias primas que voltam à cadeia produtiva ao invés de pararem em um aterro sanitário, como é o caso do plástico e do ácido sulfúrico. “Em uma medida como essa, você tira novos aportes de poluentes do meio ambiente ao mesmo tempo em que aquece a economia gerando novas fontes de emprego e de renda”, lembra o secretário. “Você fecha o ciclo de uma economia circular.”
Iber – O sistema nacional de logística reversa de baterias foi desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Energia Reciclável (Iber), entidade gestora signatária do Acordo Setorial nacional celebrado com o Ministério do Meio Ambiente. Em reunião com a pasta em janeiro de 2020, o IBER apresentou o planejamento para este ano e reforçou a parceria com a maioria dos estados e o Distrito Federal. O objetivo é que o setor possa uniformizar as obrigações de fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes varejistas. Tudo para que o sistema seja implantado de maneira mais célere e benéfica ao meio ambiente.
| Ministério do Meio Ambiente ( publicado em 15-02-2020) | | | | Relatório do WWF revela pela primeira vez quais países terão suas economias mais afetadas nos próximos 30 anos se o mundo não agir com urgência para lidar com a crise ambiental global
O estudo Global Futures, que calculou o custo econômico do declínio da natureza em 140 países, da Índia ao Brasil, mostra que, se o mundo continuar fazendo negócios da forma como sempre fez (business as usual), os EUA sofrerão as maiores perdas do PIB anual em termos absolutos, com US$ 83 bilhões varridos de sua economia por ano até 2050 – uma quantia equivalente a todo o PIB anual da Guatemala. Isso se deve em grande parte aos danos esperados em suas infraestruturas costeiras e terras agrícolas, e devido ao aumento das inundações e erosão como resultado das perdas de defesas costeiras naturais, como recifes de coral e manguezais.
Danos ocasionados na Zona Costeira são a principal causa dos prejuízos à economia brasileira, que ocupa o sexto lugar no ranking, com perdas de US$ 14 bilhões (ou R$ 60 bilhões no câmbio atual) ao ano até 2050. A destruição da zona costeira irá gerar perdas anuais de US$ 12,382 bilhões (ou R$ 53.243 no câmbio atual), seguida por produção florestal (US$ 1,326 bi ou R$ 5.702 bilhões), polinização (US$ 1,013 bi ou R$ 4.356 bilhões), água doce (US$ 0,69 bi ou R$ 2,967 bilhões) e produção pesqueira (US$ 0,108 bi ou R$ 464 milhões).
A Zona Costeira brasileira, que abriga cerca de 60% da população do país, possui grande vulnerabilidade frente às mudanças climáticas. O aumento do nível do mar e das erosões costeiras, as frequentes e intensas as perdas de bens e pessoas são os aspectos mais visíveis que impactam nas perdas econômicas. Já a produção florestal tem perda da produtividade causada pela mudança das condições climáticas alteradas pelo desmatamento e uso do solo. No último ano o Brasil teve uma taxa de 9.762 km² de desmatamento e as emissões por uso de solo responderam por 44% de toda a emissão do País.
A polinização é outro aspecto apontado pelo estudo. No Brasil cerca de 32 alimentos dependem exclusivamente de polinizadores (BPBES/REPPIB) e com as alterações climáticas este ciclo de produção fica altamente comprometido. Outros elementos como água doce e produção pesqueira também serão afetados à medida que a mudança e intensidade de chuvas alteram o ciclo hidrológico do sistema, impactando na segurança para as comunidades costeiras, na mudança de seu habitat e na reprodução dos peixes além de contar com grandes períodos de estiagem.
No caso específico das commodities agrícolas, são previstas perdas anuais na cultura de cana (US$ 8 milhões ou R$ 34,4 milhões) e na pecuária (US$ 51 milhões ou R$ 219,3 milhões) caso o atual modelo intensivo em carbono persista. Por outro lado, a mudança para modelos mais limpos e sustentáveis permitiria ganhos anuais de US$ 87 milhões ou R$ 374,1 milhões para a cana, e US$ 4 milhões ou R$ 17,2 milhões para a pecuária.
Para a indústria alimentícia, a perda é de US$ 460 milhões ou R$ 1.978 bilhão no cenário de um modelo econômico que desconsidera os serviços ecossistêmicos como atualmente, enquanto a indústria em geral perderia US$ 2,2 bilhões ou R$ 9,46 bilhões. Já uma economia de baixo carbono geraria ganho de US$ 1,5 bilhão ou R$ 6,45 bilhões para a indústria em geral e de US$ 459 ou R$ 1.974 bilhão para a indústria alimentícia. O setor de serviços perde nos dois cenários, porém em proporções totalmente diferentes: US$ 9,3 bilhões (ou quase R$ 40 bilhões/ano) se a economia permanecer como está e US$ 1,6 bilhão (R$ 6,9 bilhões) em uma economia que mantenha os serviços ecossistêmicos.
Outras regiões em desenvolvimento também serão seriamente impactados, com a África Oriental e Ocidental, a Ásia Central e partes da América do Sul sendo particularmente afetadas devido à perda de seus serviços ecossistêmicos que afeta seus níveis de produção, o comércio e os preços dos alimentos. De acordo com o relatório, os três países que mais devem perder PIB em termos percentuais são Madagascar, Togo e Vietnã, que até 2050 deverão ver quedas de 4,2%, 3,4% e 2,8% ao ano, respectivamente.
O estudo Global Futures prevê perdas globais anuais até 2050 de:
US$ 327 bilhões em proteções danificadas contra inundações, tempestades e erosão devido a mudanças na vegetação ao longo da costa e aumento do nível do mar
US$ 128 bilhões com a perda de armazenamento de carbono que protege contra as mudanças climáticas
US$ 15 bilhões em habitats perdidos para abelhas e outros insetos polinizadores
US$ 19 bilhões provenientes da redução da disponibilidade de água para a agricultura
US$ 7,5 bilhões de florestas perdidas e serviços de ecossistemas florestais
O estudo também prevê aumentos de preços globais nos próximos 30 anos para as principais commodities, já que o setor agrícola global será o mais atingido pelo declínio dos serviços ecossistêmicos da natureza, como escassez de água e a diminuição de abelhas e outros insetos polinizadores. Em última análise, isso poderá levar a um aumento dos preços dos alimentos para os consumidores em todo o mundo, com implicações para a segurança alimentar em muitas regiões.
Os aumentos de preços previstos até 2030 para as principais commodities incluem:
Madeira + 8%
Algodão + 6%
Sementes oleaginosas + 4%
Frutas e verduras + 3%
“Este estudo inovador mostra como a natureza perdida não apenas terá um enorme impacto na vida e nos meios de subsistência humanos, mas também será catastrófica para nossa prosperidade futura. Pessoas de todo o mundo já estão sentindo o impacto do aumento dos preços dos alimentos, secas, escassez de mercadorias, inundações extremas e erosão costeira. No entanto, para a próxima geração, as coisas serão muito piores, com trilhões varridos das economias mundiais até 2050”, disse Marco Lambertini, diretor geral da WWF Internacional.
“O mais alarmante é que essas são estimativas conservadoras pois, atualmente, apenas alguns dos muitos benefícios que a natureza nos fornece podem ser modelados. Também não é possível levar em consideração os efeitos multiplicadores de riscos dos pontos de inflexão ambiental, além dos quais os habitats mudam rápida e irreversivelmente, levando à súbita perda catastrófica dos serviços da natureza. Se todas essas questões fossem levadas em consideração, os números seriam ainda mais graves.”
Alexandre Prado, diretor de Economia Verde do WWF-Brasil afirma que “o estudo aponta que economia e conservação têm estreita relação e que é necessário dar ênfase e escala a modos de produção e consumo mais sustentáveis. Os serviços ecossistêmicos não são somente a garantia de nossa sobrevivência em nosso planeta, mas também da geração de oportunidades econômicas e da qualidade de vida para as sociedades humanas”.
“O mundo perde muito em não agir, principalmente pelo aumento do nível do mar e demais eventos extremos nas costas, mas também pela perda de produtividade agrícola e florestal e o menor volume de água doce disponível. Outro ponto é que as perdas serão muito desiguais: os países-ilha, por exemplo, serão varridos do mapa. Só vamos conseguir manter o crescimento econômico e a prosperidade global em um cenário de conservação”, ressalta Prado.
O estudo Global Futures usou uma nova modelagem econômica e ambiental para avaliar qual seria o impacto macroeconômico se o mundo persistisse no business as usual, incluindo mudanças generalizadas e não direcionadas no uso da terra, aumento contínuo nas emissões de gases de efeito estufa e perda adicional de recursos naturais.
Em um cenário em que o uso da terra é cuidadosamente gerenciado para evitar novas perdas de áreas importantes para a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos, que o estudo chama de cenário de ‘Conservação Global’, os resultados econômicos seriam dramaticamente melhores. O PIB global aumentaria 0,02% ao ano, gerando um ganho líquido de US$ 490 bilhões por ano acima do cálculo da economia como sempre.
Esse método pioneiro de análise foi criado por meio de uma parceria entre o WWF, o Projeto Global de Análise de Comércio da Universidade de Purdue e o Projeto Capital Natural, co-fundador pela Universidade de Minnesota.
Steve Polasky, co-fundador do Projeto Capital Natural, afirma que: “as economias do mundo, as empresas e nosso próprio bem-estar dependem da natureza. Mas, desde mudanças climáticas, condições climáticas extremas e inundações, até falta de água, erosão do solo e extinções de espécies, as evidências mostram que nosso planeta está mudando mais rapidamente do que em qualquer outro momento da história. A maneira como alimentamos, abastecemos e financiamos a nós mesmos está destruindo os sistemas de apoio à vida dos quais dependemos, arriscando a devastação econômica global.”
Thomas Hertel, diretor executivo do Projeto Global de Comércio e Análise, entende que: “a ciência e a economia são claras. Não podemos mais ignorar o forte argumento econômico de restaurar a natureza. A inação nos custará muito mais do que ações para proteger as contribuições da natureza para a economia. Para garantir um futuro global positivo, precisamos alcançar padrões mais sustentáveis de produção e de uso da terra, e reformar os sistemas econômico e financeiro para incentivar a tomada de decisão baseada na natureza.”
Lambertini disse: “A boa notícia é que esses resultados desastrosos podem ser evitados se ao invés de continuarmos no modelo antigo de fazermos negócios os governos agirem urgentemente para deter a perda de natureza e enfrentar a nossa emergência planetária. Não precisamos nada menos que um novo acordo para a natureza e as pessoas, tão abrangente, ambicioso e científico como o acordo climático global acordado em Paris em 2015.”
NOTAS AOS EDITORES
Os números incluídos no estudo Global Futures referem-se ao impacto econômico projetado de formas específicas de perda de natureza, mas não incluem todas as diferentes maneiras pelas quais a degradação ambiental afetará as economias globais entre agora e 2050. O impacto total, quando todos esses fatores sejam em consideração, deverá ser muito maior.
Países mais afetados em termos de perda real do PIB nacional anual (bilhões) em um cenário business as usual até 2050:
1) Estados Unidos da América (- US $ 83)
2) Japão (- US$ 80)
3) Reino Unido (- US$ 21)
4) Índia (- US$ 20)
5) Austrália (- US$ 20)
6) Brasil (- US$ 14)
7) Coréia do Sul (- US$ 10)
8) Noruega (- US$ 9)
9) Espanha (- US$ 9)
10) França (- US$ 8)
Países mais afetados em termos de% de perda do PIB nacional anual em um cenário business as usual até 2050:
1) Madagáscar (-4,2%)
2) Togo (-3,37%)
3) Vietnã (-2,84%)
4) Moçambique (-2,69%)
5) Uruguai (-2,54%)
6) Sri Lanka (-2,48%)
7) Cingapura (-2,31%)
8) Nova Zelândia (-2,29%)
9) Omã (-2,25%)
10) Portugal (-1,95%)
Sobre o WWF
O WWF é uma organização independente de conservação, com mais de 5 milhões de apoiadores e uma rede global ativa em mais de 100 países. A missão do WWF é parar a degradação do ambiente natural da Terra e construir um futuro em que os seres humanos vivam em harmonia com a natureza, conservando a diversidade biológica do mundo, garantindo que o uso de recursos naturais renováveis seja sustentável e promovendo a redução da poluição. e consumo desnecessário.
Sobre o WWF-Brasil
O WWF-Brasil é uma organização não-governamental brasileira e sem fins lucrativos que trabalha para mudar a atual trajetória de degradação ambiental e promover um futuro onde sociedade e natureza vivam em harmonia. Criada em 1996, atua em todo Brasil e integra a Rede WWF. Apoie nosso trabalho em wwf.org.br/doe
Sobre o Projeto Global de Comércio e Análise
Desde o início em 1992, o GTAP (Projeto Global de Comércio e Análise) cresceu e se transformou em uma rede global de mais de 18.000 indivíduos em mais de 175 países. O GTAP construiu um banco de dados comum e uma estrutura de modelagem para avaliar os impactos em toda a economia das políticas comerciais, agrícolas e ambientais. Mais recentemente, o GTAP se tornou um ponto focal para pesquisas sobre questões relacionadas aos recursos hídricos e terrestres do mundo, incluindo a avaliação de impactos climáticos e atividades de mitigação, incluindo produção de biocombustíveis, segurança alimentar, renda e pobreza.
Sobre o Projeto Capital Natural
O objetivo do NatCap (Projeto Capital Natural) é integrar o valor que a natureza fornece à sociedade em todas as principais decisões, com o objetivo final de melhorar o bem-estar das pessoas e da natureza, motivando investimentos maiores e mais direcionados em capital natural. A NatCap desenvolveu o conjunto de ferramentas de avaliação de serviços ecossistêmicos InVEST (Avaliação Integrada de Serviços e Ecossistemas), compreendendo mais de 20 modelos que estimam como o uso da terra e outras formas de gerenciamento e mudança de ecossistemas afetam o fornecimento de uma ampla gama de serviços ecossistêmicos. O InVEST foi aplicado em 185 países até o momento.
| Agência EnvolVerde (publicado em 18-02-2020) | | | |
|
| | |
|
|