| 08 de ABRIL de 2019
Segunda-feira
Câmbio
Em 08/04/2019
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Fonte: BACEN
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| | | | | IRPF
A partir das 9 horas de segunda-feira, 8 de abril, estará disponível para consulta o lote multiexercício de restituição do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, contemplando as restituições residuais referentes aos exercícios de 2008 a 2018.
O crédito bancário para 91.301 contribuintes será realizado no dia 15 de abril, totalizando R$210 milhões. Desse total, R$111.704.628,44 referem-se ao quantitativo de contribuintes de que tratam o art. 16 da Lei nº 9.250/95 e o Art. 69-A da Lei nº 9.784/99, sendo 2.738 contribuintes idosos acima de 80 anos, 17.450 contribuintes entre 60 e 79 anos, 2.183 contribuintes com alguma deficiência física ou mental ou moléstia grave e 6.502 contribuintes cuja maior fonte de renda seja o magistério.
Os montantes de restituição para cada exercício, e a respectiva taxa Selic aplicada, podem ser acompanhados na tabela a seguir:
Para saber se teve a declaração liberada, o contribuinte deverá acessar a página da Receita na Internet (http://receita.economia.gov.br), ou ligar para o Receitafone 146. Na consulta à página da Receita, serviço e-CAC, é possível acessar o extrato da declaração e ver se há inconsistências de dados identificadas pelo processamento. Nesta hipótese, o contribuinte pode avaliar as inconsistências e fazer a autorregularização, mediante entrega de declaração retificadora.
A Receita disponibiliza, ainda, aplicativo para tablets e smartphones que facilita consulta às declarações do IRPF e situação cadastral no CPF. Com ele será possível consultar diretamente nas bases da Receita Federal informações sobre liberação das restituições do IRPF e a situação cadastral de uma inscrição no CPF.
A restituição ficará disponível no banco durante um ano. Se o contribuinte não fizer o resgate nesse prazo, deverá requerê-la por meio da Internet, mediante o Formulário Eletrônico - Pedido de Pagamento de Restituição, ou diretamente no e-CAC, no serviço Extrato do Processamento da DIRPF.
Caso o valor não seja creditado, o contribuinte poderá contatar pessoalmente qualquer agência do BB ou ligar para a Central de Atendimento por meio do telefone 4004-0001 (capitais), 0800-729-0001 (demais localidades) e 0800-729-0088 (telefone especial exclusivo para deficientes auditivos) para agendar o crédito em conta-corrente ou poupança, em seu nome, em qualquer banco.
| Receita Federal | | | | Ao abrir mão de seu status de “país em desenvolvimento” na OMC (Organização Mundial do Comércio), o Brasil se arrisca a criar um precedente e perder outros tipos de vantagens concedidas a essas nações.
Entre as consequências poderiam estar o fim da isenção unilateral de tarifas em exportações, pelo SGP (Sistema Geral de Preferências), do direito a acordos parciais de comércio com outros países em desenvolvimento e de parte dos empréstimos do Banco Mundial.
Na visita do presidente Jair Bolsonaro (PSL) a Washington, entre 17 e 19 de março, o governo conquistou o apoio dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o clube dos países ricos.
Em troca, o Brasil começará a abrir mão de seu “tratamento especial e diferenciado” na OMC, que dá ao país maiores prazos em acordos comerciais e outras flexibilidades.
O Brasil alinha-se aos EUA na guerra para reformar instituições financeiras e comerciais, que, na visão americana, dão vantagens indevidas a países como Índia e China.
Um dos principais objetivos dos EUA é acabar com a possibilidade de países se autodefinirem como “em desenvolvimento”. Os americanos propõem que países que são membros ou estão em processo de acesso à OCDE, além de membros do G20, não possam se autodeclarar nesse status.
O Brasil tem bastante a perder com essa graduação de países, segundo especialistas ouvidos pela Folha.
Tecnicamente, abrir mão do tratamento especial na OMC não tem grandes efeitos práticos no curto prazo.
O Brasil vem usando pouco esse instrumento e, na última grande negociação, de facilitação de comércio, em 2013, renunciou à flexibilidade em quase todos os compromissos —usou apenas para estender alguns prazos.
No entanto, o Brasil pode abrir um precedente e passar a receber tratamento de “país rico” em outros aspectos.
Um dos exemplos é o SGP, por meio do qual países desenvolvidos concedem de forma voluntária isenção tarifária ou redução de sobretaxas sobre importações de países em desenvolvimento.
O programa é unilateral, não exige reciprocidade, como ocorreria em arranjos entre países ricos, e foi idealizado para estimular o desenvolvimento de países pobres.
O Brasil perdeu o acesso ao SGP da União Europeia em 2014 —exportava € 5 bilhões (R$ 21,75 bilhões) com o benefício. Para os EUA, o país exporta cerca de US$ 4 bilhões sem tarifas ou com sobretaxas reduzidas por meio do SGP, renovado até 2020.
“O Brasil abriu mão de algo concreto por uma promessa de Trump [de apoio na OCDE], apoio para algo que não vai se concretizar em quatro anos, nem se sabe o que vai acontecer daqui a quatro anos”, diz Monica de Bolle, diretora do programa de estudos latino-americanos da Universidade Johns Hopkins.
Já Fabrizio Panzini, gerente de negociações internacionais da CNI (Confederação Nacional da Indústria), ressalta que há muitos benefícios no processo do Brasil de entrar na OCDE.
Ele também minimiza o impacto da perda gradual do tratamento especial na OMC. “Vai forçar o país a acelerar reformas, como ajustes regulatórios”, afirma Panzini.
“E, em agricultura, nos interessa que o tratamento especial não seja indiscriminado, pois queremos que países como Índia e Coreia do Sul abram seus mercados.”
Porém, sair do SGP seria muito negativo, diz Panzini. “O sistema ainda é muito importante para certas regiões e setores do Brasil, como o de máquinas”, afirma.
Sem status de país em desenvolvimento, o Brasil perde a possibilidade de fazer acordos de preferências comerciais semelhantes aos fechados com a Índia e o México.
Esses acordos, que reduzem tarifas de apenas parte dos produtos dos países, só são possíveis por causa do tratamento especial e diferenciado para países em desenvolvimento, que os desobriga de eliminar barreiras de mais de 85% de todos os produtos para poder firmar um tratado.
Para Panzini da CNI, isso acabaria com a possibilidade de aprofundar acordos parciais de comércio já existentes, como os firmados com a África do Sul, México e Índia, e de fazer novos que seriam interessantes do ponto de vista da indústria, como com países da América Central.
Outro front da guerra dos EUA para que a China perca vantagens de país em desenvolvimento é o Banco Mundial. Washington vem pressionando para que os países classificados como de renda média-alta, caso da China e do Brasil, deixem de receber grande parte dos empréstimos do banco.
De 2012 a 2017, a China recebeu US$ 86,2 bilhões em empréstimos do Banco Mundial, o segundo maior receptor de crédito. O Brasil foi o quarto, com US$ 77,3 bilhões.
Para Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da FGV (Fundação Getulio Vargas), o Brasil deveria conservar sua flexibilidade de ser país em desenvolvimento e emergente.
“A China usa isso de forma mais inteligente: quando interessa, ela se projeta como país emergente, e, em outras ocasiões, como potência.”
| Folha de S. Paulo (publicado em 07-04-2019) | | | | Entidades se mobilizam contra a desidratação do Sistema S proposta por Guedes
Entidades vinculadas ao comércio e aos serviços buscam apoio de governadores para resistir ao corte que o ministro da Economia, Paulo Guedes, pretende impor ao Sistema S.
Na primeira etapa, o comando da CNC (Confederação Nacional do Comércio) e de federações do comércio estaduais estão apresentando aos governadores os serviços prestados pela rede Sesc e Senac, como atendimentos de saúde e de formação profissional.
Com isso, pretendem que os governadores se mobilizem contra a desidratação do Sistema S, defendida pelo ministro da Economia, caso as entidades não se enquadrem às novas regras.
Em outra frente, essas lideranças também buscam a bancada de deputados federais e senadores de cada estado para convencê-los a rejeitar a proposta de mudança nas contribuições ao Sistema S, caso ela chegue ao Congresso.
Há cerca de três semanas, o presidente da Fecomércio de Mato Grosso, braço da CNC no estado, esteve com o governador Mauro Mendes (DEM).
“A gente já tem um alinhamento porque ele já presidiu a federação da indústria em Mato Grosso”, disse à Folha o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
Segundo Tadros, o governador de Mato Grosso do Sul também é simpático à causa. Ceará, Sergipe e outros estados menores contam com a rede Sesc e Senac para atendimentos da população carente nas áreas de saúde e educação.
Ainda segundo Tadros, em estados como São Paulo e Rio de Janeiro, a CNC está atuando diretamente junto aos deputados e senadores.
Ambos os estados são governados por políticos considerados alinhados ao presidente Jair Bolsonaro (PSL).
A CNC quer evitar cortes de alíquotas de até 50% nas contribuições feitas pelas empresas às entidades nacionais da indústria, comércio e serviços.
No caso da entidade, um corte de 30% nas contribuições representaria uma redução de R$ 1 bilhão nos programas de atendimento gratuito à população por Sesc e Senac em todo o país.
Com isso, 20 mil alunos perderiam suas vagas na rede básica de ensino do Sesc e cerca de 140 escolas do Senac e 64 do Sesc seriam fechadas.
Na área de saúde, haveria uma redução da ordem de 700 mil atendimentos odontológicos em todo o país. No assistencialismo, 400 mil pessoas deixariam de receber doações de alimentos.
O governo considera que o Sistema S é uma caixa-preta, sem transparência na prestação de contas. Também vê desvio de finalidade no uso desses recursos, que deveriam ser mais bem empregados em educação profissional.
Por isso, a equipe de Guedes estuda fazer cortes menores nas contribuições (até 30%) caso a entidade assine um contrato de gestão com a União, se comprometendo a financiar serviços indicados pelo governo federal. Pelo contrário, o corte poderá ser de 50%.
“Não tem caixa-preta [no Sistema S]. Os recursos são privados e equivalem a menos de 1% do bolo de recursos do governo. Além disso, quem usufrui é a população carente nos estados, principalmente os menores”, disse Trados.
Segundo ele, quase 80% dos recursos arrecadados das contribuições de empresas ligadas à CNC são direcionados ao atendimento da população.
Na CNI (Confederação Nacional da Indústria), Guedes emplacou um aliado na presidência do Conselho Nacional do Sesi que está liderando uma auditoria nos contratos.
No Sebrae, o governo está patrocinando a destituição do atual presidente, João Henrique de Sousa, que chegou ao comando da entidade pelas mãos do ex-presidente Michel Temer (MDB).
| Folha de S. Paulo (publicado em 06-04-2019) | | | | Para Richard Baldwin, tecnologias vão impulsionar contratação de estrangeiros e ceifar empregos nos países ricos
Um dos principais especialistas do mundo em comércio, Richard Baldwin, professor do Instituto de Graduação de Estudos Internacionais e do Desenvolvimento, em Genebra, na Suíça, vai na contramão dos seus pares.
Ele não acredita que a globalização esteja retrocedendo, mas entrando em uma nova fase ainda mais polêmica: a imigração virtual.
Em linhas gerais, imigração virtual são profissionais que moram num país, mas trabalham em outro, por meio de novas tecnologias: Skype, Facetime, softwares de trabalho coletivo, sala de reuniões online, equipamentos de tradução instantânea e até telerrobôs.
“A diferença de preços dos serviços entre nações ricas e países emergentes chega a 10 a 20 vezes. Veremos muito profissionais de Brasil, Argentina, Quênia, Ucrânia, Índia trabalhando para empresas em Nova York e Londres.”
Autor de “Globotics Upheaval” (A revolução dos robôs globais), Baldwin diz que a nova onda representará enorme oportunidade para trabalhadores das nações emergentes, mas também vai gerar mais revolta nos países ricos, favorecendo movimentos populistas.
O senhor costuma dizer que o futuro da globalização será muito diferente do que ocorreu nos últimos anos. Por quê? A globalização nada mais é do que uma arbitragem de preços. As empresas exploram as diferenças de preços para produzir ou comprar produtos onde são mais baratos e vender onde são mais caros.
Para lucrar, é preciso levar os produtos de um país ao outro. Por isso, até agora, entendemos a globalização como troca de produtos. Por exemplo: você planta café no Brasil e entrega de navio na Europa.
Vamos focar agora os serviços profissionais. Frequentemente, a diferença de preços de serviços profissionais entre as nações ricas e os países emergentes, como Brasil, Argentina, Quênia, Ucrânia ou Índia é de 10 a 20 vezes.
Até agora não era possível arbitrar esses preços, porque os serviços são vistos como não comercializáveis, pois exigem que as pessoas estejam frente a frente. Só que a tecnologia digital está tornando as pessoas mais próximas.
Como a diferença nos preços do serviços é muito alta e a tecnologia avança muito rápido, a globalização vai ser transformada pelo que chamo de imigração virtual.
O que é imigração virtual?
Comecemos por algo já bastante difundido: trabalhar uma ou duas vezes por semana de casa, sem ter de ir ao escritório. A imigração virtual é a mesma coisa, só que a nível internacional. Profissionais que moram num país e trabalham num escritório que fica em outro país.
Esse trabalho freelancer internacional já é relativamente comum em alguns setores, como desenvolvimento de software ou em grandes bancos. Nessas áreas, pessoas de um mesmo time estão situadas em países diferentes e se comunicam pela internet para fazer um projeto em conjunto.
Tenho um amigo na Suíça que desenvolve sites para empresas. Ele trabalha de casa ao lado de alguns computadores. Em uma das telas, está a imagem de um programador do Paquistão; na outra, um especialista em experiência dos usuários do Canadá; em outra tela, um designer uruguaio.
Eles trabalham juntos por alguns dias para fazer determinado site. Conversam o tempo todo e usam um software colaborativo. Mas, como o paquistanês está satisfeito em receber US$ 10 (R$ 39) por hora, o projeto fica muito mais barato do que se todos morassem na Suíça.
Já faz tempo que as empresas instalaram call centers na Índia ou que há colaboradores estrangeiros em empresas de software. Por que o sr. acredita que o fenômeno será mais generalizado e rápido agora?
Em meu livro, explico em detalhes quatro fenômenos que vão colaborar com o processo. O primeiro é a experiência das pessoas de trabalhar em casa. Nos EUA, isso é muito comum.
As empresas estão se adaptando com a adoção de novos softwares para tornar o trabalho de casa mais fácil. Essas mudanças abrem a porta para a imigração virtual, pois rapidamente as companhias vão perceber que dá para contratar um estrangeiro que vai cobrar muito menos.
O segundo ponto é a melhora das telecomunicações: a qualidade do Skype, do Facetime e de outras tecnologias mais sofisticadas. A possibilidade de reuniões virtuais.
Há outra tecnologia bem divertida chamada de telerrobôs. Conto no meu livro a história de uma jornalista de tecnologia que trabalha no escritório em San Francisco, mas mora em Boston. Ela dirige o robô pela Redação e fala com as pessoas como se estivesse lá.
E as barreiras linguísticas? Nem todos falam inglês. Este é o terceiro ponto: a tradução por máquinas vai quebrar essas barreiras. Nos últimos tempos, tivemos uma revolução nessa tecnologia.
A ONU deixou online milhões de sentenças traduzidas dos debates em seis idiomas nos últimos 40 anos. Isso facilitou a aprendizagem das máquinas, e o algoritmo agora não traduz palavra por palavra, mas frase por frase, o que melhorou muito o resultado.
Dê uma olhada nesse aplicativo. Vamos testar [Ele abre um app do Google que traduz rapidamente uma frase da repórter para o inglês e outra dele para o português. O resultado é muito bom].
Veja também essa tecnologia [Agora com outro app o professor direciona a câmera do celular para o bloco de anotações da repórter e o texto é traduzido automaticamente do português para o inglês].
Provavelmente, a tradução pela máquina nunca vai ser perfeita, mas, como sabemos, executivos americanos têm discussões com executivos estrangeiros que não falam inglês perfeitamente, todos os dias, e isso é suficiente. Não falar inglês não será uma barreira para prestar serviços no exterior.
E o quarto fator? O surgimento de sites que servirão como plataformas de contratação de profissionais. O maior hoje no mundo é o upwork.com, mas há muitos outros.
Esses sites vão tornar mais fácil para as empresas encontrar profissionais estrangeiros. Também vão propiciar o pagamento dos serviços e trazer alguma segurança para quem está contratando.
Gosto de pensar nessas plataformas como um contêiner, que, em vez de produtos, transporta serviços.
Em que profissões a imigração virtual será mais forte? É melhor não focar ocupações, mas tarefas. Todo trabalho é uma lista de tarefas. Algumas podem ser feitas por uma pessoa no exterior, outras não.
No caso de um jornalista, alguém pode remotamente marcar suas viagens, digitar suas anotações, ouvir suas gravações. Essa pessoa certamente não pode escrever seu artigo, mas tem condições de fazer todas essas outras coisas.
Um contador brasileiro não conhece a legislação americana. Contudo, tem muito trabalho em contabilidade que é basicamente analisar um monte de números para ver se batem. Pelo preço de um contador medíocre nos EUA, é possível contratar os melhores no Brasil.
Qual será a direção do fluxo de imigrantes virtuais? Das nações emergentes rumo aos países ricos? Principalmente. Quando pensamos nas nações emergentes avançadas, temos trabalho de qualidade a baixo custo, sejam médicos, enfermeiras, professores.
Globalização sempre representa oportunidades para os cidadãos e as empresas mais competitivas e desafios para os menos competitivos.
Como nos emergentes o custo do trabalho é menor, esses cidadãos serão mais competitivos. Mas existem pessoas nos países ricos que são competitivas globalmente. Alguns engenheiros americanos, por exemplo, vão exportar seus serviços para o Brasil.
A imigração virtual, portanto, vai funcionar em ambos os sentidos, mas a vantagem competitiva dominante será dos emergentes. Mais especificamente na classe média das nações de renda média.
Infelizmente não é para todos. Para se beneficiar desse fenômeno, o trabalhador precisa de computador e internet e de qualificações que exigem alguma educação formal. Não vai atingir os países muito pobres nem todos no Brasil.
Essa mudança, portanto, significa enorme oportunidade de exportação para países como Brasil, África do Sul, Quênia. O milagre dos países emergentes vai se espalhar.
Só que o novo modelo de desenvolvimento vai ser mais parecido com a Índia do que com a China. Todos querem se parecer com a China e exportar carros e celulares, mas esse trem já passou. A Índia também se desenvolveu rápido e exporta poucos produtos.
A insatisfação com a globalização e a imigração facilitou a chegada ao poder de grupos de extrema direita. Qual vai ser o impacto dessa nova onda de globalização na política?
Nos países ricos, vai ser muito disruptivo. Empregos profissionais —os chamados do colarinho branco— serão perdidos rapidamente. Essas pessoas vão se juntar às que perderam seus postos de trabalho na indústria. Será chocante e pode levar a revolta.
Isso dará ainda mais combustível à extrema direita? Vai encorajar movimentos populistas, mas não necessariamente de extrema direita.
Há, porém, um atenuante. As pessoas que se sentiram deixadas para trás pela globalização e ajudaram a eleger Donald Trump ou a aprovar o brexit vivem em cidades pequenas, onde não há novos postos de trabalho.
Essa nova tendência vai atingir as cidades grandes. Portanto, será mais simples para esses trabalhadores se reinventarem e eventualmente conseguirem novas ocupações. Isso pode tornar o fenômeno menos doloroso.
Os governos deveriam fazer algo a respeito? Sim. Nos países ricos, a melhor maneira de reagir é ajudar as pessoas a mudar de trabalho. Alguns políticos defendem que deveria existir uma renda mínima universal, mas não explicam como vão pagar por isso.
Nos países emergentes, como o Brasil, os governos podem auxiliar os trabalhadores a aproveitar essa oportunidade. Um exemplo é oferecer certificações para ajudar as empresas lá fora a saber direito quem você é e o que sabe fazer.
No Quênia e nas Filipinas, por exemplo, os governos estão treinando os profissionais mais jovens, porque acreditam que as novas tecnologias são uma solução para o desemprego entre os mais jovens.
As leis internacionais terão que mudar para se adaptar à nova realidade? Já existe na OMC (Organização Mundial do Comércio) um acordo sobre o comércio de serviços. Também existem regras sobre comércio eletrônico, serviços bancários, etc. Não acredito que será um problema.
A área em que será mais complicado é a taxação. Onde esses trabalhadores vão pagar impostos? Hoje, em lugar nenhum. Os países terão que fazer algo a respeito.
Na reunião de Davos, conversei com o CEO da upwork.com sobre isso. Ele me disse que fornece informações ao governo dos Estados Unidos sobre seus freelancers americanos. Logo, a princípio, as pessoas teriam que declarar essa renda.
Mas também me contou que outros países nem sequer pedem os dados. A princípio, a melhor maneira seria trabalhar por meio das plataformas. Solicitar a elas que informem o quanto as freelancers estão ganhando. Nesse caso, o imposto seriam pago onde as pessoas vivem e não onde trabalham.
O senhor acredita que o protecionismo poderá interromper essa tendência? Não acredito. É verdade que algumas medidas, como regulação de privacidade ou restrição de dados, podem desacelerar o fenômeno. Mas, no final das contas, vai escapar pelas frestas.
Os governos têm boas maneiras de controlar o trânsito de produtos e pessoas em suas fronteiras, mas não conseguem fazer quase nada sobre serviços. A não ser que façam como na China e bloqueiem toda a internet.
No entanto, posso lhe dar um exemplo de uma área em que a restrição funciona. Na Suíça, existem leis muita rígidas para sigilo bancário. Se os dados de um cliente deixam o país de propósito, você vai para cadeia. Se acontece por acidente, a multa é de centenas de dólares.
Por causa disso, os bancos suíços não contratam nenhum tipo de serviço no exterior. Neste caso, é uma escolha. Os serviços bancários suíços são excelentes, mas muito caros.
Richard Baldwin - Professor do Instituto de Graduação de Estudos Internacionais e do Desenvolvimento, em Genebra; economista formado pela Universidade de Wisconsin-Madison, fez pós-graduação no MIT sob a supervisão do ganhador do Prêmio Nobel Paul Krugman; é autor de “The Globotics Upheaval” (A revolta dos robôs globais)
| Folha de S. Paulo (publicado em 06-04-2019) | | | | Debates contarão com a presença de empresários como Jorge Paulo Lemann e Frederico Trajano
A partir desta segunda-feira (8), a inovação brasileira é tema debates dentro do Brazil at Silicon Valley —o Brasil no Vale do Silício. O evento, organizado por estudantes brasileiros e ex-alunos da Universidade Stanford, ocorre na Califórnia, no próprio Vale do Silício.
Uma recepção neste domingo (7), no Stanford Faculty Club, abriu a agenda, que se estende até está terça-feira (9) com uma série de apresentações sobre os caminhos da tecnologia no Brasil nos setores financeiro, governamental, educacional e de saúde, por meio das startups.
Para discutir os temas, 63 palestrantes foram escalados, entre eles o empresário Jorge Paulo Lemann, sócio da 3G Capital, Carlos Britto, presidente-executivo da AB InBev; o apresentador Luciano Huck; o governador de Minas Gerais, Romeu Zema; e o presidente-executivo do Magazine Luiza, Frederico Trajano.
As discussões serão realizadas no Museu da História do Computador, na cidade de Mountain View.
Nesta segunda-feira, a programação de debates se inicia às 8h15 (horário local da Califórnia), com o primeiro painel, sobre o “fomento da inovação e a experimentação em grandes empresas”.
Essa sessão contará com a presença do bilionário americano Scott Cook, co-fundador da Intuit, e será mediada por Jorge Paulo Lemann.
No segundo dia, Marcelo Claure, diretor de operações do Grupo Softbank, abre a programação explicando o porquê de este ser um momento importante para investir em inovação na América Latina.
Claure foi anunciado recentemente presidente-executivo do fundo de inovação do Softbank para a região e deve comunicar os primeiros investimentos de US$ 5 bilhões (R$ 19,3 bilhões) nas próximas semanas, de acordo com informações do evento.
Todo o cronograma, com os horários de cada painel, os temas e os participantes, está disponível no site do evento: www.brazilatsiliconvalley.com.
Cada sessão também será retransmitida ao vivo pelo site. Basta clicar na aba “More” e “Streaming”.
| Folha de S. Paulo (publicado em 07-04-2019) | | | |
Dez centrais sindicais brasileiras se uniram este ano para um ato unificado em comemoração ao Dia do Trabalho, em 1º de Maio. Entre elas estão CUT e Força Sindical, que estarão juntas nesta data pela primeira vez. O evento será realizado na Praça da República, no centro de São Paulo, e terá shows de vários artistas, mas sem sorteios de brindes.
A escassez de recursos para bancar festas grandiosas desde o fim da contribuição sindical obrigatória, e a oposição ao projeto de reforma da Previdência são temas que têm unido as centrais em protestos desde o início do ano. Empregos e salários também serão abordados nos discursos do ato, previsto para ocorrer das 10h às 18h.
“Estamos unidos contra a destruição do sistema de seguridade social”, diz João Cayres, secretário-geral da CUT-SP. Segundo ele, nos próximos dias será definido o formato do evento e artistas que participarão.
No 1.º de Maio de 2018, a CUT e outras seis centrais realizaram conjuntamente um ato em Curitiba (PR) focado no pedido da liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso três semanas antes.
Sem sorteios
Neste ano, até a Força Sindical abriu mão de sua tradicional festa na Praça Campo de Bagatelle, zona norte de São Paulo. O evento sempre contava com diversos cantores mais populares na mídia e sorteio de automóveis, e já chegou a atrair 1 milhão de pessoas.
“Desde o começo do ano o movimento sindical amadureceu mais a discussão da necessidade de unidade, de trabalhar em conjunto contra a reforma da Previdência, por empregos e melhores salários”, afirma João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical.
A UGT fará reunião na segunda-feira para definir adesão ao grupo, mas o presidente da entidade, Ricardo Patah, antecipa que defenderá a participação. O único item do qual a central discorda é o da reforma previdenciária, pois tem uma proposta própria para o tema.
Além das três maiores centrais do País, participarão do ato unificado a CGTB, CSB, CTB, CSP-Conlutas, NCST e Intersindical – Central da Classe Trabalhadora, além dos movimentos Povo sem Medo e Frente Brasil Popular.
As diretorias nacionais das entidades estão orientando suas regionais a também unificarem atos em todos os Estados.
| Tribuna PR (publicado em 06-04-2019) | | | | É a 1ª vez que Datafolha capta piora nesse tipo de expectativa no início de um primeiro mandato de presidente da República
O otimismo do brasileiro com a economia e a sua própria situação voltou a cair, mostra pesquisa Datafolha.
Depois de chegar a níveis recordes às vésperas da posse de Jair Bolsonaro (PSL), a porcentagem de pessoas que acreditam que a situação econômica brasileira vai melhorar nos próximos meses caiu de 65%, em dezembro, para 50%. A parcela dos que prevê piora dobrou, de 9% para 18%.
Fenômeno semelhante ocorre com a expectativa sobre a situação do próprio entrevistado. Os que confiam em melhora passaram de 67% para 59%, enquanto os que acham que haverá piora subiram de 6% para 11%.
O Datafolha ouviu 2.086 brasileiros com 16 anos ou mais, em 130 municípios, nos dias 2 e 3 de abril. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
A análise das séries históricas do Datafolha, que pesquisa expectativas em relação à economia do país desde dezembro de 1997 (durante o primeiro mandato do então presidente Fernando Henrique Cardoso), mostra que é comum uma alta no otimismo antes da posse de novos governos.
No entanto, não registra queda do otimismo em relação à economia brasileira após a posse dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, e Dilma Rousseff, em 2011.
Houve queda dessa expectativa após a posse nas reeleições, incluindo na de Fernando Henrique.
Além de esperar piora na situação do país e na sua própria, o brasileiro se mostra pessimista, logo no início da gestão Bolsonaro, com todos os três itens econômicos pesquisados: desemprego, inflação e poder de compra.
Quase metade (47%) dos brasileiros acredita que o desemprego vai aumentar, enquanto 29% tinham essa opinião antes da posse de Bolsonaro. Entre os que creem em melhora, o movimento foi inverso: de 47% para 29%.
Enquanto em dezembro a confiança em uma queda da inflação havia triplicado, para 35% das pessoas, agora ela recuou para 22%. Já os que esperam alta na inflação passaram de 27% para 45%.
As expectativas em relação ao poder de compra dividem entrevistados, com um empate técnico: 34% acham que ele vai aumentar (contra 43% em dezembro), 33% acreditam em piora (contra 18% em dezembro) e 30% esperam estabilidade (eram 36% em dezembro).
Há diferenças claras entre as expectativas dos que elegeram Bolsonaro e as de eleitores de Fernando Haddad (PT).
Entre bolsonaristas, por exemplo, há otimismo expressivo: 68% acham que a economia vai melhorar e 72% esperam progresso em sua vida.
Entre os eleitores de Haddad, 30% acreditam na melhora, 35% que ela vai piorar e 44% são otimistas em relação a seu próprio caso —19% acham que haverá piora.
A polarização é mais evidente em temas específicos.
Para 43% dos eleitores de Bolsonaro, o desemprego vai diminuir; 34% acham que ele vai crescer. Já entre os que votaram em Haddad, 64% esperam aumento no desemprego, e só 13% acreditam em queda.
No caso da inflação, há empate nas opiniões dos eleitores de Bolsonaro: 33% acham que ela vai cair e 31%, que ela vai subir (dentro da margem de erro), enquanto 62% dos que votaram em Haddad preveem alta da inflação e apenas 9% dizem que ela vai cair.
Também em relação à política o humor parece ter amargado. Em dezembro, a maioria dos brasileiros (58%) dizia acreditar que a corrupção iria diminuir. O índice despencou para 35%. Já a parcela dos que acham que ela vai aumentar dobrou, de 19% para 40%.
As opiniões divergem de acordo com a afinidade política dos entrevistados.
A maioria dos eleitores de Bolsonaro (54%) acredita em queda da corrupção, e 25%, aumento. Entre os que votaram em Haddad, a situação se inverte: 59% esperam mais corrupção e 15% acreditam em recuo.
Apesar da piora nas expectativas, houve melhora na imagem que o brasileiro tem de sua nacionalidade e do país: 72% afirmam ter mais orgulho que vergonha de ser brasileiro. Essa parcela vem crescendo desde os 50% registrados em junho de 2017, após a divulgação das gravações da conversa entre o presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista.
Os que sentem mais vergonha que orgulho são 26%, também em queda constante desde os 47% de junho de 2017.
Dois terços da população dizem que o Brasil é um lugar bom ou ótimo para viver —melhora em relação aos 55% que se manifestaram em dezembro do ano passado.
A fatia dos que consideram o país ruim ou péssimo oscilou de 14% para 15%, e os que acham o Brasil regular caíram de 32% para 19%.
Na análise por faixa etária, o pessimismo é uniforme em relação mercado de trabalho. Cerca de metade dos brasileiros entre 16 e 34 anos e de 45 a 59 anos acha que o desemprego vai piorar. A parcela é menor entre os que têm de 35 a 44 anos e mais de 60 (41% e 45%, respectivamente), mas ainda assim supera a dos que acreditam em melhora do emprego.
Os mais jovens são os mais pessimistas em relação à inflação: 52% dos que têm de 16 a 24 anos e 50% dos que têm de 25 a 34 anos esperam alta.
Quando olham para o passado, 29% dos brasileiros dizem que sua situação econômica piorou nos últimos meses, parcela maior que os 20% que relatam melhora. Pouco mais da metade (51%) diz que sua situação ficou estável.
A análise por religião mostra diferença também nas expectativas: evangélicos são mais otimistas que católicos em relação a sua própria situação econômica e a do país.
A economia do Brasil vai melhorar para 57% dos evangélicos contra 48% dos católicos, e a própria situação econômica será melhor no futuro para 67% dos evangélicos, contra 56% dos católicos.
Com a queda do otimismo do brasileiro em relação à economia, caiu também o Índice Datafolha de Confiança. O índice leva em conta os cinco parâmetros (desemprego, inflação, contas pessoais, situação do país e poder de compra) e as avaliações do orgulho de ser brasileiro e do Brasil enquanto país para morar.
Cada índice é calculado subtraindo-se menções negativas das positivas. Para evitar dados negativos, é adicionado no resultado o número cem —dado acima de cem indica otimismo, abaixo, pessimismo.
O índice geral caiu de 148 pontos para 124 —apesar da queda, mostra confiança positiva. Nas pesquisas realizadas em 2017, o índice esteve sempre negativo, e, nas duas primeiras medições de 2018, aproximou-se da neutralidade (99 e 101, em abril e junho).
O nível mais baixo do indicador foi registrado em março de 2015, momento agudo da crise política e econômica que levou ao impeachment da presidente Dilma Rousseff no ano seguinte: 76 pontos.
Houve queda em todos os indicadores econômicos, principalmente nas expectativas de desemprego e inflação, e pequena melhora nas avaliações do orgulho de ser e do brasileiro e do país como lugar para se viver.
| Folha de S. Paulo | | | |
Para sócio da CSN, reforma da Previdência vai passar e 2019 será ano de bom crescimento
A despeito das idas e vindas do presidente Jair Bolsonaro em relação à reforma da Previdência, existe uma convergência com o Congresso que deve levar à aprovação, na opinião de Benjamin Steinbruch, sócio da CSN.
O empresário ainda espera que 2019 seja um ano de bom crescimento e acredita que as discussões públicas em torno da reforma sejam apenas um detalhe superável.
Aos cem dias do governo Jair Bolsonaro, como o senhor avalia o cenário?
O teoricamente impossível, na prática, é possível. Nós vimos [na sexta-feira, em evento do Lide em Campos do Jordão] uma conversa entre os presidentes do Senado, da Câmara e o ministro [da economia] Paulo Guedes, suportado pelos governadores, dentro de uma convergência de um interesse comum. Eu acredito que a coisa vai funcionar. Estou otimista.
O recente bate-boca entre Executivo e Legislativo está superado, na sua opinião?
Isso faz parte. Todo dia, nós, na iniciativa privada, batemos boca. Então, por que no governo não se bate boca? É detalhe, é coisa menor. O que temos que ver é a vontade na busca pela convergência. E a certeza de que o desejo é comum. Você viu isso na prática [o empresário se refere a um painel realizado no evento do Lide na sexta-feira (5), em que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, dividiu o palco com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o ministro Guedes]. Eu acho que vamos chegar lá. Esse negócio todo faz parte do aprendizado.
Quando passar a reforma da Previdência, o que de fato se pode esperar?
Teoricamente, tudo vai melhorar. Eu tenho a impressão de que vai ser surpreendente. Tudo o que eventualmente estamos deixando de ter neste primeiro momento em termos de crescimento vem em dobro após a reforma da Previdência. Eu ainda acredito em um ano bom, de crescimento, de aprovação de outras reformas, de sugestões de medidas por parte do governo, que vão sair logo. Acredito que tenha espaço para redução de juros e para melhora de crédito, melhora de emprego, de consumo. Eu acho que vai vir tudo junto.
Isto se a reforma sair agora no primeiro semestre?
A reforma saindo quando tem que sair.
Se vier no segundo semestre impacta o crescimento?
Com certeza. Eu estou muito otimista.
| Folha de S. Paulo | | | | Quem entrar no mercado após reforma terá de atingir idades maiores do que 62 e 65 anos
Jovens que estão entrando no mercado de trabalho devem se deparar com idades mínimas de aposentadoria de pelo menos 64 anos, para mulher, e 67 anos, se homem, caso a reforma da Previdência do presidente Jair Bolsonaro seja aprovada, apontam projeções do governo.
A proposta que tramita no Congresso prevê um gatilho que corrige as idades mínimas definidas no texto, de 62 anos (mulher) e 65 anos (homem), com base no aumento da expectativa de sobrevida da população.
Pelo cálculo da equipe econômica, que leva em conta estimativas do IBGE, em 2060, as idades mínimas devem estar dois anos e um mês mais altas.
Um jovem que entrar no mercado de trabalho em 2020 aos 25 anos, por exemplo, não poderá acessar nenhuma regra de transição proposta pelo governo e terá de cumprir as exigências de idade mínima e tempo de contribuição.
Em 2060, ele terá exatos 65 anos. Porém, como a idade mínima estará em 67 anos e 1 mês, ele precisará trabalhar mais dois anos e um mês para se aposentar, na comparação com a idade proposta inicialmente pelo governo.
A reforma de Bolsonaro estabelece que, a cada quatro anos, a idade mínima de aposentadoria seja elevada em 75% sobre o aumento apurado na expectativa de sobrevida do brasileiro aos 65 anos. Ou seja, para cada quatro meses de aumento na expectativa, três meses serão adicionados à idade mínima.
Pelas projeções feitas pelo governo, as idades mínimas de aposentadoria vão alcançar 63 anos e 1 mês (mulher) e 66 anos e 1 mês (homem) em 2040, subindo para 64 anos e 1 mês (mulher) e 67 anos e 1 mês (homem) em 2060.
Os cálculos apontam ainda que o trabalhador brasileiro só poderá se aposentar aos 67 anos (mulher) e 70 anos (homem) em 2100.
O dispositivo gerou polêmica durante audiência pública na Câmara com a presença do ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta semana.
Além de reclamações sobre falta de transparência na apresentação das estimativas, ele ouviu críticas pelo fato de a proposta não prever redução da idade mínima em caso de diminuição do tempo de sobrevida do brasileiro. A regra só permite aumento na idade exigida.
Em outra reunião na CCJ (Comissão e Constituição e Justiça), no dia seguinte à ida de Guedes, o advogado e ex-presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Cezar Britto, criticou a proposta e afirmou que o gatilho é uma forma de retirar poder do Congresso.
“[A idade mínima] será estabelecida não mais por lei, mas por um órgão de estatística. Quando o órgão de estatística modificar a idade, poderá haver revisão da aposentadoria, e não mais por meio de debates no Parlamento. Olhem como isso gera uma inconstitucionalidade”, disse.
O economista Paulo Tafner, membro do conselho consultivo que ajudou na elaboração da reforma, defende a implementação do gatilho.
Ele explica que a lógica de elevar a idade em 75% do aumento da expectativa de sobrevida é uma forma de dar um bônus para a pessoa, que vai viver mais, ao mesmo tempo em que colabora com toda a sociedade.
Para o economista, a pessoa “deve” à sociedade, que proporcionou um aumento na expectativa de vida com avanços na medicina. Ao mesmo tempo, o bônus de 25% que ela terá direito será uma espécie de prêmio por vaiáveis pessoais, como redução do tabagismo e melhoria da alimentação.
“No sistema atual, o esforço de todos é apropriado pela pessoa, que não tem alteração na idade de aposentadoria e vive mais. O que está sendo proposto é compartilhar o ganho”, disse.
Na avaliação de Tafner, o gatilho automático é importante porque insere um caráter técnico na definição das idades, reduzindo a chance de interferência política nessa escolha.
Em relação à aposentadoria dos jovens que entrarem no mercado de trabalho, o secretário adjunto de Previdência do ministério da Economia, Bruno Bianco, explicou que as regras de transição valem para quem já está no mercado de trabalho. Ainda assim, mesmo para essas pessoas, é necessário avaliar caso a caso.
“Se a pessoa for muito jovem, talvez a regra transitória não lhe seja muito boa, mas pode ser usada. Se ela for pior, obviamente se pode fazer opção pela regra permanente”, disse.
| Folha de S. Paulo | | | | Medidas, que não estão na reforma, buscam reduzir o volume de benefícios
Enquanto a reforma da Previdência aguarda o aval do Congresso, a equipe econômica trabalha nos próximos passos para cortar gastos com aposentadorias, que representam o maior peso no déficit das contas públicas.
“É a fase seguinte à Nova Previdência”, disse o secretário de Previdência do Ministério da Economia, Leonardo Rolim.
O governo estuda lançar um plano para reduzir as aposentadorias por invalidez.
Hoje, em média, 18% das aposentadorias concedidas por ano são desse tipo. A meta seria baixar para 10%. De acordo com técnicos do ministério, essa proporção é mais adequada à média mundial.
Em janeiro, de 20,4 mil aposentadorias concedidas pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), 3,4 mil foram por invalidez.
O projeto em estudo envolve aprimorar as perícias médicas para que pessoas ainda em condições de trabalhar, mesmo que em função diferente, possam continuar na ativa.
As estimativas iniciais apontam para uma economia de aproximadamente R$ 100 bilhões em dez anos, já considerando que haverá gastos com a capacitação daquelas pessoas que podem ser treinadas para outra atividade.
“Em alguns casos, será possível reabilitar totalmente as pessoas e, assim, o INSS não vai ter custo com benefício. Em outros casos, será possível reabilitar, mas, por causa de uma sequela, o trabalhador não poderá se dedicar 100% e então recebe um auxílio acidente”, explicou Rolim.
O auxílio acidente, cujo valor geralmente é metade da aposentadoria por invalidez, pode ser recebido mesmo por quem ainda está na ativa.
Ele argumenta ainda que, nos casos de aposentadoria por invalidez, a pessoa recebe o benefício por dez anos ou 15 anos a mais do que quem cumpre os requisitos de uma aposentadoria padrão.
Além disso, manter uma pessoa no mercado de trabalho significa estimular a atividade econômica do país.
Para ajudar na elaboração do plano, o governo deve contar com o apoio da agência alemã responsável pela reabilitação dos trabalhadores que sofreram acidentes ou enfermidades no país europeu.
“A ideia é que a pessoa volte ao mercado. E tem que voltar rápido. É assim que funciona nos países mais desenvolvidos”, diz o secretário.
Outra medida em estudo é criar um centro único para gestão do regime previdenciário da União.
Hoje, cada órgão público tem servidores próprios para administrar os benefícios. Isso vale para os ministérios, o Banco Central, o TCU (Tribunal de Contas da União), as universidades etc.
“Isso faz com que benefícios previdenciários sejam concedidos de forma díspares [com base em requisitos diferentes] e, principalmente, ter um número exagerado de servidores envolvidos nisso”, ressaltou o secretário de Previdência.
São 20 mil funcionários da União responsáveis por essa área —quase metade dos servidores do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que atende um número muito maior de pessoas.
Ainda não há previsão de corte de despesas com a maior eficiência da administração do RPPS (Regime de Previdência dos Servidores Públicos).
Mas 9 mil servidores públicos do Executivo poderiam ser realocados e, quando se aposentarem, não seriam substituídos.
“Num primeiro momento, a gente está planejando uma única unidade gestora para o Executivo. Mas a Constituição prevê uma unidade gestora para a União. Por isso, pretendemos discutir com isso com o Legislativo e o Judiciário”, contou o secretário.
Segundo ele, se for necessário aprovar as medidas no Congresso, o governo vai esperar que a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da reforma da Previdência seja aprovada.
“Se chegarmos a uma conclusão de que, para dar maior potência aos resultados, precisaremos de algum projeto de lei, a gente vai encaminhar depois da aprovação da Nova Previdência. Mas, por enquanto, podem ser medidas de gestão e atos do poder Executivo”, afirmou.
A PEC ainda está no estágio inicial no Congresso — na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara.
| Folha de S. Paulo | | | | Divergência entre governo Bolsonaro e Congresso arrefeceu, mas ainda deixa investidores desconfiados
A gangorra pela qual passou o mercado financeiro em março não foi suficiente para mudar o cenário de longo prazo para investimentos. O cenário-base de analistas mantém aprovação da reforma da Previdência neste ano.
“A minha percepção é de uma verdadeira falta de direção de como negociar a reforma da Previdência, mas sou do grupo que advoga que, sem a reforma, o país vai falir”, diz Giacomo Diniz, professor de finanças do Ibmec SP.
Ele cita a divergência política entre o governo Bolsonaro (PSL) e o presidente da Câmara, Rodrigo Mais (DEM-RJ), que fez o Ibovespa zerar os ganhos de março e o dólar se valorizar mais de 4% no mês.
O tom arrefeceu, mas ainda deixa investidores desconfiados. Para eles, o que pode mudar agora é o valor da economia e o período do ano em que a tramitação do projeto será concluída no Congresso.
A crença em uma economia próxima do R$ 1 trilhão em dez anos, como anunciado pelo governo, e uma aprovação entre o primeiro e o segundo semestre alimentam o otimismo.
Expectativa de desidratação para R$ 600 bilhões ou menos e conclusão do projeto no final do ano, indicam otimismo moderado e a percepção de que os ganhos potenciais com investimentos são reduzidos.
Nos dois cenários, pequenos investidores poderiam aproveitar para entrar na Bolsa, que ainda teria viés de alta. Do atual patamar, se a Bolsa fechar o ano em 110 mil pontos, o investidor ainda poderia lucrar 15,8%.
Marcelo Kfoury, coordenador do Centro Macro Brasil da FGV (Fundação Getulio Vargas), projeta que o mercado espera que o Congresso manterá 60% da economia proposta pela reforma. “Se parecer que vai ser pior que isso, a Bolsa pode cair mais e o dólar ir para mais perto de R$ 4”, diz.
No mercado, ainda não há quem trabalhe de forma consistente com a possibilidade de a reforma parar. Mas, se isso entrar nas expectativas, todo o cenário para investimentos muda.
A reforma da Previdência, ao lado da dificuldade de recuperação da economia, mantém a Selic no piso histórico de 6,50% ao ano.
Se a reforma não passar, o mercado vê o colapso das contas públicas, o que obrigaria o Banco Central a elevar os juros. Na prática, isso mudaria o cenário para investimentos em renda fixa.
Os que preveem o caos poderiam, portanto, investir em títulos pós-fixado, como o Tesouro Selic ou mesmo CDBs para se beneficiarem de um eventual aumento de juros.
Hoje, as projeções ainda indicam que a Selic termina o ano no atual patamar.
Outro “botão de pânico” é o dólar: a moeda americana fechou março na faixa de R$ 3,90. Correr para a moeda americana a esta altura tende a ser arriscado.
A máxima que atingiu no ano passado foi de R$ 4,20, quando a crise externa e a incerteza eleitoral chegaram ao ápice. Isso representaria um potencial de ganho de 7,7%, índice modesto na comparação com o rendimento em aplicações seguras de renda fixa.
| Folha de S. Paulo | | | |
O presidente Jair Bolsonaro informou ontem que o governo vai editar uma Medida Provisória com 14 páginas contendo um conjunto de medidas para destravar a economia. A proposta está sendo chamada internamente na área econômica de “MP da liberdade econômica”. São medidas para simplificar a vida das empresas e prevê uma grande desburocratização.
Em café com um grupo de jornalistas e diretores de jornais, entre eles o do jornal O Estado de S. Paulo, o presidente antecipou que a MP foi preparada pela equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes. Bolsonaro contou que já leu o texto da MP durante a viagem que fez para Israel. Segundo o presidente, o texto está agora nas mãos do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, para “polimento” antes de ser editada.
A ideia é editar a proposta no marco de 100 dias de governo, mas ainda não há definição se ficará pronta a tempo.
O presidente não deu detalhes das medidas, mas sinalizou que tratavam também de ações de desburocratização e simplificação. Como antecipou o jornal O Estado de S. Paulo, o governo vai lançar este mês um pacote de medidas com quatro frentes na tentativa de destravar a economia e tirar as amarras das empresas para fazer negócios.
Outras áreas
De acordo com uma fonte da equipe econômica, a MP é parte das medidas de simplificação, mas envolve outras áreas também do governo.
Entre as medidas que serão anunciadas, está uma faxina num cipoal de regras, normativos e instruções que estão hierarquicamente abaixo dos decretos. O trabalho da seleção dessas normas está sendo feito pelo secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Paulo Uebel. A ideia é organizar as normas para evitar situações como ocorrem hoje em que é difícil até mesmo identificar qual regra está valendo.
Com a demora maior da tramitação da reforma da Previdência, o governo decidiu antecipar as medidas diante do quadro de queda das previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
| Tribuna PR (publicado em 06-04-2019) | | | | Mesmo com o “apagão” da articulação política, o governo conseguiu ampliar nas últimas semanas o apoio na Câmara à reforma da Previdência. A dez dias de a proposta passar pelo seu primeiro teste – a votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) -, o Placar da Previdência, feito pelo ‘Estado’, aponta que 198 deputados votariam a favor do texto no plenário. Desses, 69 afirmaram que dariam sim à reforma com o mesmo teor que foi enviado ao Congresso, e 129 condicionaram a aprovação a ajustes.
O número representa um aumento em relação ao levantamento publicado no dia 21 de março, quando 180 deputados se mostraram dispostos a aprovar o texto, desde que fossem feitas mudanças, principalmente nas regras propostas para concessão de aposentadoria rural e do benefício assistencial pago a idosos de baixa renda (BPC). Para que as novas regras de concessão de aposentadoria e pensões comecem a valer, é preciso o aval de três quintos da Câmara (308 votos) e do Senado (49 votos), em dois turnos.
Foram contatados 508 dos 513 deputados nas duas últimas semanas por telefone, e-mail ou assessoria de imprensa. Dos 293 que se posicionaram, 95 disseram que votariam contra, mesmo que haja alterações. Outros 215 preferiram não se manifestar.
Negociação
Em meio às dificuldades de negociação por apoio à reforma da Previdência, o presidente Jair Bolsonaro se reuniu na semana passada com dirigentes do DEM, PSDB, PSD, PP, PRB e MDB que, juntos, representam 196 deputados. Desses, 79 parlamentares (40% do grupo) se declararam a favor da proposta, segundo o Placar da Previdência. O PSL, partido do presidente, agrega outros 34 votos já certos para aprovar o texto, de uma bancada de 54 deputados.
O relatório da reforma da Previdência será apresentado nesta semana na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), primeira etapa do caminho que precisa percorrer no Congresso. A previsão é que o texto seja votado no colegiado no dia 17 de abril.
Bolsonaro também disse que, apesar de defender o texto da maneira como foi enviado, tem certeza de que o Parlamento o modificará. Para o presidente, alguns pontos, como as alterações no BPC (benefício de prestação continuada, o auxílio a idosos carentes) e na aposentadoria rural devem ser retirados pelos deputados. De acordo com ele, se a capitalização (modelo em que as contribuições vão para contas individuais que bancarão os benefícios no futuro) atrasar a tramitação da reforma, o novo regime deve ser suprimido porque não é “essencial no momento”.
| Tribuna PR (publicado em 07-04-2019) | | | | O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, Felipe Francischini (PSL-PR), afirmou ao Estadão/Broadcast neste sábado, 6, que pretende antecipar para o dia 15 de abril a discussão sobre a admissibilidade da reforma da Previdência. Segundo ele, como a discussão promete ser longa, essa seria uma forma de garantir o prazo inicial, de votação no dia 17 de abril.
O deputado emendou que está confiante de que a votação ocorrerá no prazo. “Se não votar no dia 17 é porque houve erro de percurso”, disse. Ele explicou que a ideia de antecipar para o dia 15 é garantir que todos possam falar, “mesmo que a oposição inscreva 100 pessoas”. Mas afirmou que pedirá, em contrapartida, “que eles ajam de maneira mais lúcida em algumas questões”. Se não houver o consenso, no entanto, afirmou que seguirá o regimento interno, que permite encerrar a discussão após a fala de 10 oradores.
Francischini afirmou que não acredita que os parlamentares farão qualquer compensação, dentro do texto da reforma da Previdência, à retirada das mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e na aposentadoria rural.
“Eles não vão fazer isso (compensar). Eles vão retirar BPC e rural e não vão acrescentar em nenhuma outra camada”, disse. O deputado emendou que acha que a oposição está muito mobilizada contra a reforma, mas são em número limitado dentro da Câmara, “cerca de 140”. O que preocupa, disse, são as mudanças que os partidos do centro querem fazer na reforma. “Problema não é aprovar a reforma, é aprovar ela fraca e ter que fazer outra em 4 ou 5 anos”, disse.
Articulação
Felipe Francischini disse ainda que falta “corpo” na articulação política do governo pela reforma da Previdência. “Vejo lideranças correndo de um lado para o outro tentando cobrir várias frentes e posições. Falta espírito de corpo mais organizado que possa auxiliar os líderes”, disse.
No entanto, avalia que esse processo é natural para um governo que foi eleito com base no apoio popular, mas com poucos partidos, e será revertido. “Geralmente (presidentes) se elegiam com 10 a 15 partidos, então quando entrava era fácil fazer essa composição partidária. É um processo natural que vai ser construído”, disse.
Francischini fez ainda um “mea culpa” em relação à confusão que ocorreu entre o ministro Paulo Guedes na CCJ essa semana, que reagiu a provocações da oposição. “O que aconteceu foi lamentável, mas não posso coibir a palavra a nenhuma parlamentar. O parlamentar tem imunidade material das suas opiniões e votos. Ele pode estar falando a coisa mais desnecessária e insignificante, mas não posso tolhê-lo”, disse.
Segundo ele, a participação do ministro na CCJ foi proveitosa e disse acreditar que Guedes respondeu de maneira eficiente aos argumentos contra a reforma. Emendou ainda que a oposição “esgotou sua fala e não tem novos argumentos”. Francischini garantiu ainda que o ministro será defendido pela sua base.
| Tribuna PR (publicado em 06-04-2019) | | | | O Tesouro Direto, programa de venda de títulos públicos do Tesouro Nacional, reduziu os custos para o investidor que possui o papel mais conservador do programa, o Tesouro Selic. O “spread”, nome dado para a diferença entre o preço de compra e venda do papel, caiu de 0,04% para 0,01%. Com isso, o produto passa a ser mais vantajoso do que a caderneta de poupança em quase todos os prazos, a não ser em raras exceções.
A afirmação pode soar estranha até para quem acompanha o mundo dos investimentos. A rentabilidade do Tesouro Selic é a própria taxa básica de juros da economia, que está no patamar de 6,5% ao ano. Já a da poupança, hoje, é de 70% da Selic acrescida da Taxa Referencial (TR), atualmente nula.
O investidor atento pode se perguntar como um produto que possui 70% da rentabilidade de outro poderia ser mais vantajoso. A diferença entre os rendimentos ocorre porque o Tesouro Selic possui alguns custos que não existem na poupança.
O título público é tributado pela tabela regressiva do Imposto de Renda (IR). Isso significa que, nos primeiros seis meses, os lucros são taxados pela alíquota de 22,5%. Além disso, a B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, cobra taxa de custódia de 0,25% ao ano sobre o patrimônio investido e ainda há o spread, que foi reduzido na última semana.
Já a poupança é isenta de IR, e não incidem outros encargos sobre o produto. Esse cenário faz com que, em alguns prazos mais curtos e especialmente próximos ao aniversário da caderneta, o investimento apresente uma rentabilidade maior do que a do título público.
Segundo cálculos do professor de finanças da FIA, Marcos Piellusch, antes da redução das taxas, quem aplicou no Tesouro Selic 2023 em 2 de janeiro de 2018 e fez o resgate em até oito dias sacou menos dinheiro do que aplicou. Com as novas taxas, o produto passaria a ter rentabilidade positiva já no terceiro dia de aplicação.
Ainda que esse fenômeno não ocorra na poupança, especialistas afirmam que ela não pode ser considerada vantajosa frente ao título público. Para eles, o produto possui o lado negativo de ser remunerado em uma única data por mês, a do aniversário. Com isso, caso o investidor precise resgatar antes, fica sem a rentabilidade acumulada no período.
Para Valter Police, diretor de planejamento financeiro da Fiduc, os dois produtos são indicados para compor uma reserva de emergência, ou seja, que precisam ter alta liquidez. “O investidor pode precisar da sua reserva de emergência em qualquer dia do mês e não só no aniversário.”
O diretor comercial da Easynvest, Fabio Macedo, diz que a mudança é bem vinda para os investidores. “Basicamente o Tesouro vai pagar mais para recomprar os títulos.” Ele concorda com Police: para que a poupança seja vantajosa é preciso ter muito controle sobre os prazos e finanças pessoais.
“É a grande pegadinha da poupança. Simplificando: se você ficar 50 dias no Tesouro, vai receber a remuneração dos 50 dias. Na poupança, receberia só 30.”
Custos
Segundo o gerente do Tesouro Direto, Paulo Marques, com as novas taxas, o título público agora “ganha ou pelo menos empata” com o investimento mais comum entre os brasileiros – a caderneta de poupança. Ele afirma que a redução nos custos foi possível por causa de melhorias implantadas pelos servidores e que já vinham sendo desenvolvidas há bastante tempo.
Segundo ele, diminuir os custos para o investidor é um objetivo do Tesouro. Também são estudadas reduções do spread para os outros títulos da plataforma. Ele lembra que, no ano passado, a taxa de custódia dos produtos também caiu de 0,30% ao ano para 0,25% ao ano.
Alternativas
Segundo especialistas, além da poupança e do Tesouro Selic há outros produtos indicados para compor a reserva de emergência. É importante que o investidor fique atento à liquidez e às taxas cobradas. Os investimentos mais indicados são fundos de renda fixa com baixas taxas de administração, Certificados de Depósitos Bancários com liquidez diária e rentabilidade de 100% do CDI.
Police alerta que, pensando no curto prazo, o investidor deve priorizar a segurança e a liquidez do investimento. Para produtos financeiros de longo prazo, o ideal é buscar ajuda de especialistas para orientação adequada.
Segundo o especialista em finanças pessoais da Modal Mais, Conrado Navarro, o objetivo na reserva de emergência não deve ser o de maximizar o lucro ao máximo. “O que você deve fazer é ter um dinheiro próximo, que esteja sempre à mão.”
O Tesouro Selic, ou LFT, é o título público mais indicado para investimentos de curto prazo por ser indexado à Selic. Outros títulos da plataforma têm maior variação de preços e podem apresentar rentabilidades distintas das contratadas caso o investidor faça o resgate antes do vencimento.
| Tribuna PR | | | | A B3, operadora da Bolsa de Valores de São Paulo, ganhou 193 mil novos investidores pessoas físicas em 2018, alta de 31% em relação ao ano anterior. Agora, esses recém-chegados terão até o dia 30 para fazer a declaração do Imposto de Renda e informar as ações, investimentos e títulos negociados em 2018. Especialistas alertam que esses novatos precisam ter cuidado para não fazer declarações duplas, tributar prejuízos ou cair na malha fina por deslizes.
O coordenador do curso de Ciências Contábeis da Universidade Cidade São Paulo (Unicid), Wagner Pagliato, recomenda que o investidor acompanhe mês a mês os rendimentos e prejuízos de cada uma das ações. Para fazer esse cálculo, ele pode usar os informes mensais que as próprias corretoras de ações oferecem aos clientes para saber se o saldo foi positivo ou negativo.
No caso das ações, se houver ganhos acima de R$ 20 mil em um mês, haverá tributação (para quem negociou bitcoins, o mínimo é R$ 35 mil). Caso o rendimento seja inferior a esse valor, há isenção, mas é necessário declarar do mesmo jeito.
Em algumas corretoras, o imposto já é retido no momento do lucro. Pagliato frisa que, nesse caso, é preciso tomar cuidado para não haver dupla tributação: no abatimento mensal e, depois, no ano seguinte, no IRPF. Caso a corretora já tenha feito o desconto, o contribuinte precisará apenas informar quanto lucrou.
Pagliato brinca que, na hora de declarar os rendimentos do último ano, existe sempre um “dedo-duro”: a própria corretora, que repassa as operações de ações à Receita Federal. “Se você não declarar, você fica na malha fina. Não tem saída. Tem de declarar.”
É o caso do militar Rodrigo Amorim, que sempre fez sua declaração sozinho. Sem dependentes ou deduções, ele acredita que entregar o IRPF será mais complicado neste ano, pois comprou ações na Bolsa em 2018. “É a primeira vez que tenho de declarar esses investimentos”, diz, citando a dificuldade do processo. “Só não fiz a minha declaração ainda por causa disso.”
A advogada tributarista Andréa Marco Antonio, do escritório Schneider Pugliese Advogados, explica que as dúvidas são recorrentes quando se trata da tributação de investimentos. “É natural, não é mesmo um processo simples de entender”, diz a especialista. Ela ressalta que, no caso de o contribuinte ter contas em mais de uma corretora e negociar ações em todas elas, os cálculos de ganhos e perdas mensais se tornam mais complexos e é necessário cruzar os dados para evitar que prejuízos deixem de ser abatidos do valor total.
Passos
Além do cuidado com os impostos retidos durante o ano, Andréa cita atitudes para que os novatos na renda variável não se percam. A primeira providência é pedir informe de rendimentos nas corretoras. A partir desses documentos, é preciso preencher no espaço destinado à “Renda Variável” o lucro obtido nas negociações desses ativos durante 2018. Depois, ainda é preciso declarar todos os produtos financeiros no campo “Bens e Direitos”.
Nessa etapa, porém, só devem ser listados os produtos que não foram vendidos e ainda fazem parte do patrimônio do contribuinte. Nessa última etapa, o valor declarado deve ser o de compra das ações ou cotas, e não o valor atual.
| Tribuna PR | | | | Dentre as metas financeiras, a de chegar ao primeiro milhão é a primeira que todos colocam em suas listas de desejos. O que poucos sabem é que há um conjunto de fatores que podem levar mais rápido a este objetivo.
Existem dois grandes desafios na implementação destes fatores. O primeiro é iniciar o processo. Somos procrastinadores por natureza. Adiamos o início de tudo que pode reduzir satisfações presentes em prol de benefícios futuros. Nos enganamos dizendo que no próximo mês começaremos e quando nos damos conta, já se passaram anos.
O segundo e maior desafio é a disciplina. Manter um compromisso contínuo é uma tarefa árdua. Quantos de nós já iniciamos um programa de exercícios, mas, na primeira gripe de cinco dias, paramos de nos exercitar por cinco meses?
O primeiro fator a seguir é a quebra de um paradigma. O desejo de ter liquidez maior que a necessária.
Evite investimentos de liquidez diária
Valorizamos muito a liquidez e, sabendo disto, o mercado cobra caro por ela. A liquidez é a capacidade de monetizar um ativo, ou seja, transformá-lo em dinheiro sem perda financeira. Quanto maior a liquidez, mais fácil e mais rápido vendemos um ativo e com menor redução de seu valor atual.
Empresas, instituições financeiras e o governo precisam de recursos para financiar suas atividades. No entanto eles usam o dinheiro captado para investimentos que só geram resultado no longo prazo. Portanto, eles precisam garantir que você não vai pedir o dinheiro no curto prazo e pagam mais por isso.
Tendemos a desejar que todos os nossos investimentos sejam líquidos e acabamos perdendo um grande ganho.
Aplicações com prazo de vencimento de um ano tendem a render até 10% a mais que similares com liquidez diária. Aquelas com vencimento superiores a 4 anos podem proporcionar retorno 20% superior a uma de mesmo risco mas de liquidez em todos os dias.
Considerando o rendimento de 0,52% ao mês do CDI atual que remunera as aplicações de alta liquidez, um acréscimo de 10% significa elevar o retorno psra 0,57% ao mês, e 20% a mais no CDI representa uma rentabilidade de 0,62% mensais.
Uma aplicação única de R$100 mil com rentabilidade de 100% do CDI leva 37 anos para chegar a R$1 milhão. Se a rentabilidade for de 110% do CDI (0,57% ao mês), você vai levar 34 anos para atingir seu objetivo. Já se o retorno for de 120% do CDI (0,62% ao mês), sua meta será alcançada em 31 anos.
Assim, se quer reduzir o tempo para alcançar sua meta, reduza o montante que mantém em liquidez, deixando apenas o que é necessário, ou seja, o que pode utilizar no mês seguinte.
Aproveite os prêmios de crédito privado
Você já entendeu pelo primeiro fator que a rentabilidade é importante. Assim, vou te dar mais uma dica de como elevar o retorno com baixo risco.
Muitos investidores se prendem aos títulos públicos, pois possuem mais segurança e por serem bastante populares pela simplicidade da plataforma do Tesouro Direto. No entanto, os títulos bancários podem produzir um retorno superior em até quase 15% em relação aos títulos similares de mesmo prazo emitido pelo governo. Mas não é qualquer título bancário.
Os CDBs de grande bancos não vão produzir este ganho. Precisa ser CDBs, LCI, LCA, ou LC de instituições financeiras de médio porte. Elas pagam esse prêmio e você tem a vantagem de contar com a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), se investir até R$ 250 mil por emissor.
Assim, além de elevar os ganhos aplicando por prazos maiores, pode adicionar uma valorização por aplicar em CDBs de bancos médios. Seu rendimento pode subir a 130% do CDI com essa estratégia.
Com um ganho de 130% do CDI, sua rentabilidade mensal será de 0,68%. Desta forma, nas mesmas condições do exemplo utilizado acima, você atingirá sua meta em 28 anos.
Você também pode distribuir em títulos privados emitidos por empresas como debêntures, CRIs e CRAs. No entanto, a análise de crédito aqui é mais relevante, pois você não tem o seguro do FGC. Portanto, nestes casos, é importante dividir bastante.
Assim, abordamos duas formas de elevara rentabilidade e encurtar caminho para sua meta, mas o verdadeiro atalho para seu objetivo ocorre pelo próximo fator.
Corte suas despesas e invista
Vimos que a rentabilidade é um fator fundamental para que sua fortuna cresça mais rápido. No entanto, no início do processo de investimento, sua capacidade de poupança é muito mais relevante.
Quando iniciamos nossa poupança, perdemos muito tempo buscando fórmulas mirabolantes para ter mais rentabilidade. Com o tempo, você vai descobrir que a imensa maioria não funciona. Não é a toa que especialistas com grandes equipes, gerindo fundos multimercados, penam para conseguir entregar rentabilidade e muitas vezes não conseguem.
Ou seja, gastamos tempo com algo que tem baixa probabilidade de trazer retornos. No entanto, há algo que pode trabalhar e que vai trazer grandes ganhos. É cortar suas despesas mensais.
Imagine que você tem um salário de R$ 5 mil mensais e que poupa 10% do que ganha, ou seja R$ 500. Poupando isso e ganhando 120% do CDI, você vai acumular ao final de um ano o valor de R$ 6,2 mil.
Quer saber como ter o dobro no final do ano?
Corte suas despesas mensais em 10% e guarde 20% de seu salário. Ao final de 12 meses, terá R$ 12,4 mil.
Portanto, no início de seu caminho para o primeiro milhão, gaste mais tempo buscando formas de elevar seu salário e de cortar custos, pois isso vai produzir mais resultado que uma das “mágicas” que são propagandeadas nas mídias sociais.
Como percebeu, não há milagres. Para manter um baixo risco e buscar a meta, vai demorar. Daí vem a relevância do próximo fator.
Paciência
Responda à seguinte pergunta. Se seus investimentos dobram a cada 7 anos e você iniciou suas aplicações hoje com R$ 62,5 mil, quanto você terá após 21 anos? E em 28 anos?
Um dos grandes empecilhos para não se conseguir atingir suas metas financeiras é a falta de paciência, pois demora muito para fazer o portfólio crescer.
Você vai demorar 21 anos para acumular metade do que alcançará após 28 anos. Logo, terá R$125 mil após os primeiros sete anos, R$ 250 mil depois de 14 anos, R$ 500 mil quando completar 21 anos de poupança e finalmente atingirá seu primeiro milhão com 28 anos de investimentos.
Perceba que demorou 28 anos para atingir o primeiro milhão, mas se você tem rendimentos que dobram o capital a cada sete anos, o segundo milhão será muito mais rápido. Com 35 anos, ou seja apenas sete anos depois do primeiro milhão, alcançará o segundo.
Evite ativos que não geram renda
Um comportamento comum entre investidores é adquirir bens que geram pouca ou nenhuma renda. Isso costuma ocorrer nos períodos em que os recursos guardados começam a alcançar montantes mais consideráveis, ou seja, após 7, 15 ou 20 anos de aplicações. Para aqueles que iniciaram poupança aos 20 anos de idade, isso ocorre quando eles chegam aos 30 ou 40 anos de idade.
Nesse momento, já acumularam bastante e estariam no caminho de alcançar o primeiro milhão como vimos anteriormente. Mas se desvirtuam da trilha e compram algum bem que não gera renda, mas apenas despesas como um automóvel ou um imóvel de veraneio.
Mesmo o imóvel residencial pode ser um atraso, pois muitas vezes usam o valor guardado para a entrada e financiam a maior parte, mas acabam por pagar dois apartamentos devido às taxas de juros do financiamento.
Assim, se sua meta é chegar ao primeiro milhão, evite a aquisição de bens geradores de despesas ou que rendem pouco.
Essas cinco dicas podem te levar com segurança e de forma mais rápida ao seu primeiro milhão.
Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.
| Folha de S. Paulo (publicado em 07-04-2019) | | | | Para economistas e políticos, Bolsonaro precisa reunir apoio e ceder para evitar erros passados
Sem uma articulação muito bem costurada pela Presidência da República com os partidos, especialistas e políticos veem dificuldades para uma reforma da magnitude da previdenciária avançar.
Não à toa o presidente Jair Bolsonaro (PSL) já dá sinais de alteração de rota na condução de sua relação com o Congresso Nacional.
Ele tem recebido críticas por se ausentar da linha de frente dessa articulação e, até no sentido contrário, trocar farpas em público com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Bolsonaro tenta se afastar do que chama de “velha política”, uma referência ao loteamento de cargos públicos. Prefere negociar pautas com bancadas temáticas —do agronegócio, da segurança pública— a lidar com lideranças de partidos.
Para o economista Fabio Giambiagi, especialista em Previdência, essa estratégia já se mostrou insuficiente.
“Não há outra forma [de aprovar a reforma] que não seja negociar com os 513 deputados. Eles precisam ser agrupados de alguma forma. Já se viu que o denominador comum das bancadas temáticas se esgota no tema da bancada. A forma mais razoável é negociar com partidos”, diz.
Aprovar uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) como a da Previdência exige ao menos três quintos de votos favoráveis (308 deputados e 49 senadores) em dois turnos na Câmara e dois no Senado.
Os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, em menor grau, Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB) já encabeçaram negociações similares.
A grande diferença entre as reformas de FHC, em 1998, e Lula, em 2003, se comparadas ao processo atual, é a ausência de uma base aliada, aponta José Roberto Ferreira Savoia, professor da FEA-USP.
“As outras reformas foram apresentadas quando já havia uma base. No atual governo, ela ainda não se formou.”
Ele diz que há tempo hábil para o governo construir essa blindagem —muitos analistas projetam que a reforma só sai do meio para o fim do segundo semestre deste ano.
“Medidas como a de conversar com as lideranças partidárias estão no caminho certo”, afirma Savoia. Ele se refere à bateria de reuniões com presidentes de partidos como PSDB, MDB e DEM que Bolsonaro teve na última semana.
A tarefa não é fácil, já que a multiplicidade de partidos ajuda a tumultuar a negociação. Hoje, o Brasil tem 41 siglas, de acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Em 1998, eram 23, e, em 2003, 30.
“Você discutia com os líderes o que era para fazer e formava maioria no Congresso. Hoje está muito pulverizado. Além disso, era um quadro completamente diferente, imagine o FHC se recusando a se reunir com liderança”, diz Arnaldo Madeira, que foi líder do governo FHC na Câmara e o relator da versão final da reforma do ex-presidente.
Ainda assim, FHC demorou mais de três anos para ver sua PEC aprovada. “É um exemplo de tudo o que queremos evitar: uma negociação infernal, cheia de idas e vindas e que desgastou extremamente o governo”, diz Giambiagi.
O texto não incluiu o cerne da proposta: a idade mínima. Antônio Kandir, à época deputado do PSDB por São Paulo, votou errado e se absteve.
Antes de passar com Madeira, a reforma de FHC teve relatoria do então deputado Euler Ribeiro, do MDB-AM, cujo texto substitutivo considerado desastroso foi derrubado na Câmara. Depois, foi para as mãos de Michel Temer, que era líder do MDB na Casa.
“É preciso prestar atenção nos interesses que cercam os relatores e quais são suas bases, porque é daí que vem pressão. Quando chegou para mexer na aposentadoria do Judiciário, o Temer abriu mão da relatoria”, diz Jorge Felix, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, relembrando a formação em direito do ex-presidente.
Anos depois, em um livro com seus diários, FHC disse que Temer desfigurou a reforma. Ainda assim, foram feitas mudanças como a substituição do critério de tempo de serviço na solicitação da aposentadoria pelo de tempo de contribuição ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Lula demorou menos —cerca de sete meses de tramitação em seu primeiro ano de mandato— para alterar o regime dos servidores, um grupo com o qual FHC não conseguiu negociar. Contou com “a ajuda bem republicana de uma oposição responsável da época”, segundo Giambiagi.
Na Câmara, por exemplo, o PSDB encaminhou voto favorável à reforma. “Fomos buscar senadores no cafezinho e até nos toaletes do plenário”, disse à época o senador Tião Viana, líder do PT no Senado e relator da reforma.
Para o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), a aprovação de uma mudança do tipo exige três noções: convicção do presidente da República, articulação com os partidos e convencimento dos deputados.
“A convicção, a meu ver, não existe. A reunião com os líderes ficou no protocolo de intenções. E os deputados com instinto de sobrevivência não foram convencidos”, diz.
Teixeira exercia mandato quando Dilma passou sua medida provisória com a regra 85/95, uma alternativa ao fator previdenciário que soma em pontos a idade do segurado e seu tempo de contribuição.
| Folha de S. Paulo (publicado em 07-04-2019) | | | | O atual presidente da Renault, Jean-Dominique Senard, deve assumir o cargo
Os acionistas da Nissan decidiram destituir o ex-presidente Carlos Ghosn do conselho de administração da montadora, cortando os seus últimos laços com a empresa.
A decisão foi tomada após votação realizada em uma reunião de emergência nesta segunda-feira (8).
Na reunião, também foi destituído Greg Kelly, ex-diretor próximo a Ghosn, e nomeado o atual presidente da Renault, Jean-Dominique Senard, como membro do conselho de administração da Nissan.
O desligamento acontece após um tribunal de Tóquio aprovar na sexta-feira (5) pedido de promotores para deter Carlos Ghosn por dez dias para interrogatórios.
O ex-chefe da montadora japonesa está preso desde quinta-feira (4) por acusações de má conduta financeira. Ghosn foi preso pela quarta vez. Ele é suspeito de tentar se enriquecer com uma quantia de US$ 5 milhões às custas da Nissan.
O escândalo envolvendo Ghosn abalou a indústria automobilística global e desgastou os laços entre a Nissan e sua parceira global Renault. Também colocou um foco sobre o sistema judicial do Japão.
A prisão de quinta-feira (4) aconteceu 30 dias depois que Ghosn foi libertado com fiança de US$ 9 milhões de um centro de detenção de Tóquio.
| Folha de S. Paulo | | | | Promoção vale até o fim de abril para financiamento de caminhões em até 24 meses
Até o fim do mês, o comprador de caminhões Mercedes-Benz terá condições de financiamento especiais, com taxas a partir de 0,90% ao mês em até 24 meses para autônomos e frotistas. A ação é válida até o dia 30 de abril pelo banco da própria montadora em todo o País.
Os modelos Accelo (leves e médios), Atego (médios e semipesados), Axor e Actros (extrapesados) fazem parte da lista de caminhões beneficiada pela promoção. A montadora ressalta que o Banco Mercedes-Benz tem outras opções de plano de financiamento, além das modalidades BNDES Finame, leasing e leasing operacional. Também trabalha com seguros.
A fábrica oferece outras facilidades, como planos de consórcio e negócios com troca de seminovos por sua divisão SelecTrucks, dedicada à captação e revenda de caminhões usados.
| Automotive Business (publicado em 05-04-2019) | | | | Vice-líder, VWCO perde participação e amplia distância da concorrente líder
A Mercedes-Benz liderou com folga o mercado de caminhões no primeiro trimestre: com mais de 6,6 mil unidades emplacadas, a fabricante abocanhou quase um terço das vendas totais do segmento durante o período, cujo volume total chegou a 21,4 mil unidades. Em comparação com mesmo período do ano passado, a empresa viu seu volume aumentar expressivos 61,7%, ao mesmo tempo em que elevou sua participação em mais de dois pontos porcentuais.
A vice-líder Volkswagen Caminhões e Ônibus foi na direção contrária: suas vendas tiveram crescimento abaixo do mercado, 21,2% em um segmento que cresceu mais de 47%. Além disso, a marca diminuiu sua participação em mais de 5 p.p., para 23,3%, ampliando a distância com a concorrente líder. Em três meses, a VWCO emplacou pouco mais de 5 mil caminhões.
Na terceira posição, a Volvo consolida seu avanço no mercado: suas vendas quase que dobraram de um ano para o outro, sempre considerando o resultado do primeiro trimestre. Os emplacamentos superaram os 3,2 mil caminhões e a participação aumentou para 15%.
A Ford, que assegurou a quarta colocação entre as marcas de caminhões mais vendidas no trimestre, parece não ter sido afetada pela sua própria decisão de fechar a fábrica de caminhões em São Bernardo do Campo (SP), conforme anunciou em 19 de fevereiro. Seus emplacamentos cresceram acima dos 50%, para mais de 2,5 mil unidades. Por ora, a unidade montará os caminhões até meados do ano, com volume previsto em 843 unidades, provavelmente já encomendados, segundo informações do sindicato do ABC Paulista.
Scania e Iveco também perderam participação de mercado, embora suas vendas tenham crescido nos primeiros três meses de 2019 em comparação com igual período do ano anterior.
Por outro lado, a DAF aumentou expressivamente o volume licenciado em um ano, com salto de 75% das vendas na mesma base de comparação.
Caoa Hyundai e Agrale fecham a lista com volumes baixos, mas que para ambas, representam crescimento do comparativo anual.
[Ranking 1º trimestre 2019] -
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| Automotive Business (publicado em 05-04-2019) | | | | A ruptura do modelo atual do setor automotivo e a ascensão da nova mobilidade são assuntos que ganham espaço nos mais diferentes palcos pelo mundo: desde os salões do automóvel até feiras de bens de consumo, como a Consumer Electronic Show (CES), que acontece em Las Vegas, nos Estados Unidos. A história se repetiu na Hannover Messe, maior encontro do mundo sobre tecnologia indústria, com soluções de máquinas e equipamentos, tecnologias de conectividade e Internet das Coisas (IoT) além, claro, de novidades na área de mobilidade.
Quase um pavilhão inteiro do imenso evento alemão foi dedicado a soluções nessa área, incluindo carros elétricos, veículos com potencial para automação, drone de passageiros e muita discussão sobre eletromobilidade. O evento contava, inclusive, com uma área de test drive de veículos com novas opções de propulsão.
ELETROMOBILIDADE NO CENTRO DO DEBATE
O Grupo Volkswagen garantiu presença relevante no evento. Audi, Porsche e a marca Volkswagen tiveram participações. A primeira fez no evento demonstração da tecnologia 5G em parceria com a Ericsson. Segundo a organização, a conexão mais rápida é essencial para viabilizar tanto a indústria quanto a mobilidade do futuro, garantindo que dados fluam rápido.
A Porsche mostrou na Hannover Messe suas soluções de recarga de carros elétricos, disputando a atenção com companhias que também são suas fornecedoras, como a ABB e a Siemens, que apresentaram soluções próprias de abastecimento destes carros. O assunto é um dos debates mais relevantes na Alemanha hoje quando se trata de mobilidade, já que o país vem trabalhando para expandir a sua infraestrutura de carros elétricos e, em paralelo, na ampliação da frota destes modelos para cumprir o cronograma de eliminar automóveis a combustão a partir de 2030.
Uma das soluções apresentadas pela Siemens é oferecida em parceria com a startup Ubitricity, startup que recebeu aporte do Next47, fundo de capital de risco da companhia alemã. A ideia é oferecer tecnologia que permite implementar pontos de recarga para veículos elétricos em postes de luz pela cidade – alternativa já adotada em Londres e Berlim. Juntas as cidades já fecharam a instalação de 3,2 mil eletropostos neste sistema.
A vantagem, aponta a companhia, é reduzir o custo de instalação dos pontos, que custam a partir de € 1 mil. As próprias empresas de distribuição de energia podem implementar e, quando o consumidor faz a recarga, a cobrança vem direto na conta de luz. Um resultado da colaboração entre a indústria tradicional, o ecossistema de startups e o setor de energia.
CARRO AUTÔNOMO COMO BASE PARA NOVOS NEGÓCIOS
O estande da marca Volkswagen mostrou a plataforma MEB (de modular electric drive system), que servirá de base para os carros elétricos e com alto nível de automação da marca. A fabricante optou por não mostrar nenhum automóvel, apenas a nova arquitetura, além de brincar com maquetes que indicam como a novidade pode ser aproveitada e dar espaço a novos modelos de negócio.
Entre os exemplos, está um modelo de consultório de telemedicina em que o próprio banco do carro mede pressão, temperatura e ritmo cardíaco. Outra ideia é o automóvel-loja, que leva até o cliente algumas roupas, já no tamanho dele, para que ele prove e faça a compra enquanto se desloca. Outra abstração da montadora era um ponto de recarga móvel para carros elétricos. Ficou sem bateria? É só chamar por aplicativo que o posto vai até você.
CARRO QUE VOA? TEVE TAMBÉM
A startup holandesa PAL-V, fundada em 2008, mostrou na Hannover Messe um drone de passageiro que pode ser usado para rodar nas estradas, como um carro, ou levantar voo, como um helicóptero. A ideia, aparentemente futurista, está bem próxima da realidade Alemã. “Já vendemos a nossa primeira unidade, que deve começar a operar em 2020”, contou Joris, Wolters, especialista da área de marketing e vendas da companhia.
Segundo ele, a inusitada versatilidade do veículo faz com que ele se adeque à legislação existente no país, sem demandar uma mudança nas regras para começar a operar. O drone tem motor a combustão que garante autonomia de até 400 quilômetros em terra ou no ar. O preço atual da novidade é pouco convidativo ao público em geral: US$ 500 mil. Ainda assim, a empresa avalia que há um bom potencial de mercado. “Nosso foco está em empresários que viajam e poderiam ganhar tempo com a solução, agências de turismo que usariam em passeios e até em organizações sem fins lucrativos que precisam de agilidade para chegar em áreas de risco, por exemplo”, diz, convicto de que o carro voador tem muitos horizontes a desbravar.
| Automotive Business (publicado em 05-04-2019) | | | |
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