| Clipping Logística Reversa - 02/08/2019 – Ano 3 – Edição 91
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Logística Reversa
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Colocado em consulta pública acordo setorial para implementação de sistema de logística reversa de produtos eletroeletrônicos de uso doméstico e seus componentes
O Ministério do Meio Ambiente (MMA), por meio da Portaria MMA nº 464/2019, colocou em consulta pública até 30/08/2019 a proposta de acordo setorial para implementação de sistema de logística reversa de produtos eletroeletrônicos de uso doméstico e seus componentes.
Os produtos eletroeletrônicos objeto do acordo proposto são os equipamentos de uso próprio ou pessoal, residencial e/ou familiar, exclusivamente por pessoa física, cujo adequado funcionamento depende de correntes elétricas com tensão nominal não superior a 240 volts.
A proposta prevê a implementação do sistema em duas fases. A primeira delas abrangerá, entre outras ações, a adesão das empresas à entidade gestora, a instituição de mecanismo financeiro para assegurar a sustentabilidade econômica do sistema, a aprovação de medidas fiscais de simplificação da operacionalização da logística reversa, com isenção de impostos, e o reconhecimento da não periculosidade dos equipamentos em fim de vida. A segunda fase, por sua vez, consistirá na habilitação de prestadores de serviços para atuar no sistema, na elaboração de plano de comunicação e de educação ambiental não formal, assim como na instalação de pontos de recebimento e/ou de consolidação.
No âmbito das atribuições individualizadas e encadeada dos agentes do ciclo de vida dos produtos eletroeletrônicos de uso doméstico, as obrigações do setor empresarial estão assim distribuídas:
Fabricantes e importadores
• Dar destinação final ambientalmente adequada, preferencialmente a reciclagem, a 100% dos produtos eletroeletrônicos que forem recebidos pelo sistema;
• Informar os critérios objetivos para a realização do cálculo do balanço de massa dos produtos com a estimativa do peso médio unitário de cada um;
• Participar da execução do plano de comunicação e educação ambiental não formal;
• Disponibilizar ao MMA relatório(s) para fins de verificação do cumprimento das ações de sua responsabilidade previstas no acordo setorial, resguardando o sigilo das informações.
Distribuidores
• Fomentar a adesão à(s) entidade(s) gestora(s) ou a participação individual ao sistema de logística reversa dos estabelecimentos varejistas que façam parte de sua cadeia comercial;
• Disponibilizar ou custear, se não possuir espaço físico, os locais para os pontos de consolidação a serem utilizados no sistema;
• Disponibilizar, quando não estiverem associados a uma entidade gestora, relatório(s) para fins de verificação do cumprimento das ações de sua responsabilidade.
Comerciantes
• Informar os consumidores, nos pontos de recebimento, acerca de suas responsabilidades;
• Receber os produtos eletroeletrônicos descartados pelos consumidores nos seus pontos de recebimento, efetuando a devolução dos produtos retornados aos fabricantes e importadores;
• Participar da execução do plano de comunicação e educação ambiental não formal;
• Disponibilizar, quando não estiverem associados a uma entidade gestora, relatório(s) para fins de verificação do cumprimento das ações de sua responsabilidade.
A estruturação e a operacionalização do sistema de logística reversa proposto deverá ocorrer no prazo de 5 anos, com a expectativa de se receber e destinar de forma ambientalmente adequada 17%, em peso, dos produtos eletroeletrônicos comercializados no mercado interno.
Acesse aqui a proposta do acordo setorial e clique aqui para participar da consulta pública e enviar suas contribuições.
Aproveitamos para compartilhar informações sobre a IV turma do Curso de Gestão e Direito de Resíduos a Trevisan Escola de Negócios.
Este é mais um informe do Departamento de Ambiente, Sustentabilidade e Resíduos de Felsberg Advogados.
Atenciosamente,
FELSBERG ADVOGADOS
AMBIENTE, SUSTENTABILIADE E RESÍDUOS
Fabricio Dorado Soler | fabriciosoler@felsberg.com.br
Tasso Alexandre Richetti Pires Cipriano | tassocipriano@felsberg.com.br
A presente publicação possui caráter exclusivamente informativo, não contém qualquer opinião, recomendação ou aconselhamento legal do Felsberg Advogados a respeito dos temas aqui abordados.
| Felsberg Advogados ( publicado em 01/08/2019) | | | |
Reunião foi promovida pela Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e Turismo e teve a participação de prefeitos, representantes do Ministério Público, de associação e cooperativa de catadores e lideranças comunitárias.
A gestão de resíduos sólidos e aplicação da logística reversa no Paraná foram temas da reunião realizada pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo (Sedest), na quarta-feira (31), no Palácio das Araucárias, em Curitiba. Foi a 13ª Reunião Ordinária do Grupo R-20, que é um órgão consultivo, formado por representantes dos 399 municípios paranaenses para a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos e Leis Estaduais de Resíduos Sólidos.
O encontro reuniu cerca de 250 pessoas, entre prefeitos e representantes de municípios, do Ministério Público, de associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis e lideranças comunitárias. Na abertura, o secretário Márcio Nunes afirmou que a solução para os resíduos sólidos deve ser conjunta, com um trabalho de logística reversa a fim de eliminar o mínimo possível. “O conceito moderno é que temos que eliminar o mínimo possível. Para isso, todas as cadeias da corrente têm que estar perfeitamente funcionando”, disse Nunes.
Ele destacou a necessidade de uma logística reversa em nível de excelência. “Temos que ter incentivo grande para a separação, para a reciclagem, um esforço extraordinário para trabalhar na educação, formação e cultura das pessoas, conscientizando-as sobre o fato de que um pequeno problema pode futuramente se agravar e aumentar”, disse ele.
MATÉRIA PRIMA - O resíduo é uma matéria prima que pode ser aproveitada. Quanto maior o aproveitamento e reciclagem menos vão para aterros ou queima. “Temos que deixar de chamar de lixo e passar a chamar de matéria prima que pode ser aproveitada”, enfatizou o diretor de saneamento e recursos hídricos do Instituto Água e Terra, José Luiz Scroccaro.
Segundo o presidente do Grupo R-20 e coordenador da Divisão de Resíduos Sólidos da Sedest, Laerty Dudas, o técnico precisa do apoio do prefeito. “Hoje é um novo marco, porque o órgão de fiscalização e licenciamento corre em paralelo. A fiscalização deve ser feita, mas nós precisamos da informação dos munícipios antes de autuar”, explicou.
RURAL - Outra questão levantada foi o saneamento rural, abastecimento de água nas comunidades rurais e o apoio aos municípios para drenagem urbana.
De acordo com o diretor-presidente do novo Instituto Água e Terra, Everton Luiz da Costa Souza, o esgoto, principalmente no meio rural, é uma preocupação. “É preciso evoluir bastante nisso, garantir atendimento a todas as vertentes que o saneamento ambiental precisa para oferecer para a população paranaense melhoras de condições de vida”, disse.
EDUCAR – Fazenda Rio Grande, com 140 mil habitantes, tem problemas com saneamento básico e reciclagem de resíduos. De acordo com o prefeito Márcio Wozniack, é preciso educar os moradores locais e ainda aqueles que trazem a cultura de outro município. “A população muitas vezes não entende o porquê de reciclar, para eles é mais fácil queimar, enterrar do que colocar no caminhão”, disse o prefeito.
Em Fazenda Rio Grande está o maior aterro sanitário do Paraná - o Estre Ambiental, que atende quase 30 municípios. O local recebe cerca de 3 mil toneladas de lixo por dia.
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Encontro ressalta responsabilidade sobre destinação de lâmpadas
293 municípios do Paraná, além da Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, do Procon-PR e a Associação dos Municípios do Paraná (AMP) notificaram a Associação Brasileira da Indústria da Iluminação (Abilux) e a Associação Brasileira de Importadores de Produtos da Iluminação (Abilumi). As associações são responsáveis pela destinação correta de lâmpadas pós-uso em todo o Estado.
Segundo a Lei Federal de Resíduos Sólidos (12.305/2010), compete aos fabricantes, importadores e distribuidores o recolhimento desses produtos, considerados resíduos perigosos, ao fim da sua vida útil, dentro do conceito de logística reversa.
O presidente da AMP, Darlan Scalco, destacou que é responsabilidade das empresas recolherem as lâmpadas e não dos municípios. “Vamos ter que trabalhar juntos com o R-20 para que as empresas realmente façam àquilo que é a sua obrigação, porque o município não aguenta mais ter despesa com aquilo que não é sua obrigação”, conta.
LEVANTAMENTO - Estima-se que cerca de 6 milhões desses resíduos estão aguardando recolhimento em todo o Estado. Em levantamento feito nos 293 municípios que notificaram as associações, aproximadamente 3 milhões de lâmpadas estão estocadas. Muitas dessas lâmpadas estão estocadas em escolas, oferecendo risco para os estudantes.
RESÍDUO PERIGOSO - Caso estes produtos não sejam recolhidos, os municípios correm o risco de serem denunciados pelo Ministério Público do Paraná porque as lâmpadas pós-consumo têm alto potencial de poluição ambiental.
De acordo com a ABNT NBR 10004 (2004), estes produtos são classificados como resíduo perigoso Classe I. Como contêm mercúrio em sua composição, um metal altamente tóxico, seu descarte incorreto pode contaminar o solo e os recursos hídricos.
| SEMA ( publicado em 01-08-2019) | | | |
Proposições legislativas
O lançamento de lixo plástico nas águas a partir de embarcações pode render punição para comandantes marítimos. É o que prevê o Projeto de Lei (PL) 1.405/2019, de autoria do senador Veneziano Vital do Rêgo (PSB-PB), que tramita na Comissão do Meio Ambiente (CMA) e está pronto para entrar em pauta, em decisão terminativa.
A proposta altera a lei sobre a segurança do tráfego aquaviário em águas sob jurisdição nacional (Lei 9.537, de 1997), suspendendo o certificado de habilitação do comandante em caso de lançamento nas águas de lixo plástico. As penalidades serão aplicadas mediante procedimento administrativo, iniciado com o auto de infração, assegurados o contraditório e a ampla defesa.
Segundo o texto, o comandante poderá impor a tripulação sanções disciplinares, bem como comunicar à autoridade marítima acidentes e fatos da navegação ocorridos com a sua embarcação.
“Devemos ter um equilíbrio de forças, de modo a não imputar ao comandante uma responsabilidade desproporcional às suas atribuições”, declarou o relator do projeto, o senador Otto Alencar (PSD-BA).
Otto apresentou parecer favorável à matéria e apresentou algumas alterações, como acrescentar uma multa entre as penalidades previstas na lei; a expansão da composição química dos resíduos para inserir outros materiais, como vidros, papéis, metais ou orgânicos; e a substituição do termo “lixo” por “resíduos sólidos”.
Poluição
Um estudo internacional liderado pela Universidade de Queensland, na Austrália, revelou que mais da metade das tartarugas marinhas do mundo já ingeriram plástico e outros detritos produzidos por humanos.
Monitoramento realizado desde 2012 pelo Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o Instituto Socioambiental dos Plásticos, uma associação que reúne entidades e empresas do setor, revelou que mais de 95% do lixo encontrado nas praias brasileiras é composto por itens feitos de plástico, como garrafas, copos descartáveis, canudos, cotonetes, embalagens de sorvetes e redes de pesca.
O lançamento de resíduos no meio ambiente é considerado crime na Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605, de 1998) e também é alvo de sanções na Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305, de 2010). Contudo, não se observa uma redução significativa dessa conduta, menos ainda no ambiente marinho que é considerado "terra de ninguém", afirmou Otto Alencar.
| Senado Notícias (publicado em 29-07-2019) | | | |
"As agências econômicas calculam que o PIB mundial vai mais que dobrar nos próximos 30 anos. Mas a economia é um subsistema da ecologia e o Planeta está chegando ao limite da sua capacidade de resiliência.Sem ECOlogia não há ECOnomia. Mais cedo ou mais tarde o sobrepeso das atividades antrópicas provocará um colapso ambiental. Então, será impossível continuar antecipando o Dia da Sobrecarga da Terra", escreve José Eustáquio Diniz Alves, doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE, em artigo publicado por EcoDebate, 26-07-2019.
Eis o artigo.
Em 2019, o Dia da Sobrecarga da Terra (Earth Overshoot Day) acontece em 29 de julho, a data mais precoce, desde que o planeta entrou em sobrecarga pela primeira vez no início da década 1970. Este dia marca o momento em que o sistema de produção e consumo absorveu todos os insumos naturais renováveis oferecidos pelo planeta, previstos para os 12 meses do ano. Portanto, o dia 02 de agosto é o dia em que a civilização global sai do verde do superávit ambiental para entrar no vermelho do déficit ambiental.
No restante do ano, a civilização estará no cheque especial e terá de recorrer à herança deixada por milhões de anos de evolução da natureza. Significa que as atuais gerações dilapidarão as condições de vidas das demais espécies vivas da Terra e comprometendo o futuro das próximas gerações de humanos.
Pegada Ecológica e Biocapacidade, total, Mundo: 1961-2016.
O cálculo da Sobrecarga é feito a partir de duas medidas realizadas para se avaliar o impacto humano sobre o meio ambiente e a disponibilidade de “capital natural” do mundo. A Pegada Ecológica é uma metodologia de contabilidade ambiental que permite avaliar a demanda humana por recursos naturais, com a capacidade regenerativa do planeta.
A Pegada Ecológica de uma pessoa, cidade, país ou região corresponde ao tamanho das áreas produtivas de terra e mar necessárias para gerar produtos, bens e serviços que utilizamos. Ela mede a quantidade de recursos naturais biológicos renováveis (grãos, vegetais, carne, peixes, madeira e fibra, energia renovável entre outros) que estamos utilizando para manter o nosso estilo de vida.
“Precisamos pegadas menores, mas também precisamos de menos pés” - (Enough is Enough, 2010)
O cálculo é feito somando as áreas necessárias para fornecer os recursos renováveis utilizados e para a absorção de resíduos. É utilizada uma unidade de medida, o hectare global (gha), que é a média mundial para terras e águas produtivas em um ano. A Pegada Ecológica serve para avaliar o impacto que o ser humano exerce sobre a biosfera. A Biocapacidade avalia o montante de terra e água, biologicamente produtivo, para prover bens e serviços do ecossistema à demanda humana por consumo, sendo equivalente à capacidade regenerativa da natureza.
Em 1987, o Dia da Sobrecarga caiu em 19 de dezembro. Em 1995, caiu para 21 de novembro. Em 2007, caiu em 26 de outubro e no ano seguinte para 23 de setembro. Ano passado o Dia da Sobrecarga caiu em 01 de agosto. Agora em 2019, ficou em 29 de julho, conforme mostra a tabela abaixo.
Tabela Dia da Sobrecarga.
Existem várias formas para se reduzir o déficit ambiental. Pode haver equilíbrio ecológico via redução do consumo, via redução da população, ou via redução simultânea dos dois vetores que estão degradando a saúde dos ecossistemas.
Todavia, reduzir a população e o consumo no curto prazo é muito difícil. Mas ao longo do século XXI é possível planejar um decrescimento demoeconômico que coloque as atividades antrópicas em equilíbrio homeostático com a biocapacidade do Planeta, única forma de se evitar um colapso ambiental e civilizacional, como explicou, em entrevista recente, Herman Daly (2018), ao defender o Estado Estacionário.
O ser humano nasceu em um Planeta rico em meios de sobrevivência e generoso ao compartilhar, gratuitamente, toda a biodiversidade natural para o desfrute dos seres vivos existentes. A Terra tinha poucas pessoas e muita água, muita terra, muitas árvores, enfim, uma exuberante flora e fauna.
Mas a espécie humana utilizou a sua inteligência (instrumental) para desenvolver uma cultura egoísta e para se diferenciar do mundo natural. Sem consultar os demais seres vivos, a humanidade se autoproclamou dona da Terra e se disse semelhante à um suposto Deus que tudo criou. Como autodeclarada herdeira do Criador, a humanidade se apropriou de toda a riqueza natural disponível.
Se tudo isto fosse apenas um delírio de uma espécie presunçosa e vaidosa, seria apenas uma pavonice narcísica. Mas o sonho de grandeza fáustica se materializou de fato ao longo dos últimos 12 mil anos, começando com a Revolução Agrícola – desde o início do Holoceno – até a Revolução Industrial e Energética, do final do século XVIII, que deu início ao Antropoceno.
A civilização, literalmente, “passou o trator” sobre a integridade dos ecossistemas. Primeiro criou totens. Em seguida construiu pirâmides, aquedutos e catedrais. Depois espalhou uma miríade de benfeitorias (ou malfeitorias) sobre todos os cantos do Planeta, gerando uma máquina insana e insone de produção de bens e serviços para a satisfação da gula e da ganância humana. A humanidade cresceu e se enriqueceu às custas do encolhimento e do empobrecimento da vida natural.
A população mundial vai aumentar 2 bilhões de pessoas até 2050, segundo as novas projeções da ONU. As agências econômicas calculam que o PIB mundial vai mais que dobrar nos próximos 30 anos. Mas a economia é um subsistema da ecologia e o Planeta está chegando ao limite da sua capacidade de resiliência. Sem ECOlogia não há ECOnomia. Mais cedo ou mais tarde o sobrepeso das atividades antrópicas provocará um colapso ambiental. Então, será impossível continuar antecipando o Dia da Sobrecarga da Terra.
| Instituto Humanitas Unisinos | | | |
A conta não fecha, cada vez mais cedo. O Brasil e o mundo já consumiram no final de julho a quantidade de recursos naturais que a Terra conseguiria repor ao longo de 2019.
Até o fim do ano, operamos no vermelho ao continuar explorando recursos em velocidade superior à da produção biológica no mesmo período. A diferença entre os ritmos de consumo humano e de regeneração natural marca o dia de sobrecarga da Terra.
No Brasil, o cheque especial começa nesta quarta (29) e não se deve a aumento do consumo, mas à redução na capacidade de regeneração natural.
O cálculo da pegada ecológica per capita, medida em hectares, teve pouca variação no Brasil desde 1980, ficando entre 3,1 e 2,8 hectares até 2016. No mesmo período, a biocapacidade per capita despencou de 14,5 para 8,7 hectares.
O cálculo, feito pela organização estadunidense Global Footprint Network, pode ser visto como um orçamento anual de recursos naturais.
Nele, a receita é calculada pela biocapacidade, ou seja, a quantidade de áreas naturais (chamadas de “áreas biologicamente produtivas” no estudo) disponíveis por habitante.
Já a despesa é calculada pela pegada ecológica, termo que alude ao rastro do impacto do consumo sobre o território. O cálculo mede em hectares a quantidade de terra demandada pelo consumo per capita.
O Brasil fica em 1º lugar no ranking dos países com maior biocapacidade total, mas em 17º em biocapacidade per capita, quando o tamanho da população entra na conta.
No ranking da pegada ecológica, feita com dados de 2016, o Brasil ocupa a 5ª posição, atrás apenas de China, Estados Unidos, Rússia e Índia. Já na pegada ecológica per capita, a posição brasileira cai para 89ª.
Aceleração
Na média mundial, o dia de sobrecarga neste ano chegou no último dia 29, apenas dois dias antes da média brasileira.
Em 1973, a sobrecarga chegava no início de dezembro. Chegou no início de outubro em 1997, avançou para setembro em 2007. É a primeira vez que a sobrecarga chega tão cedo, já em julho.
No fim de março, oito países já tinham entrado no cheque especial, incluindo os Estados Unidos, a Dinamarca e a Austrália. Em dezembro, os últimos países a esgotarem suas cota de recursos naturais disponíveis para 2019 serão Nicarágua, Equador, Iraque e Indonésia.
Quantos planetas seriam necessários?
Se todo o mundo adotasse o padrão de consumo brasileiro, precisaríamos de 1,7 planetas Terra para dar conta de suprir a demanda, segundo ranking feito pela mesma pesquisa.
O Brasil fica próximo da média mundial de consumo, que exigiria 1,75 planetas. O padrão de consumo alemão exigiria a existência de 3 planetas e o chinês, 2.2.
Entre os países que estão com o saldo positivo, ou seja, mantêm uma biocapacidade superior ao consumo da população, aparecem países de pequena população ou com significativas reservas naturais, mas também nações com grande desigualdade social, como a Índia, cujo padrão de consumo exigiria apenas 0,7 planeta.
| Folha de S. Paulo (publicado em 31-07-2019) | | | |
Índice é medido desde 1970. A partir desta segunda (29), humanidade entrará 'no vermelho' no uso de recursos naturais, ou seja, usará mais do que a Terra consegue repor.
O Planeta Terra atinge nesta segunda-feira (29) o ponto máximo de uso de recursos naturais que poderiam ser renovados sem ônus ao meio ambiente. Em 2019, a humanidade atingiu a data limite três dias antes que em 2018 – e mais cedo do que em toda a série histórica, medida desde 1970.
Isso significa que, a partir de agora, todos os recursos usados para a sobrevivência (água, mineração, extração de petróleo, consumo de animais, plantio de alimentos com esgotamento do solo, entre outros pontos) entrarão em uma espécie de "crédito negativo" para a humanidade.
Para manter o mesmo padrão de consumo atual, seria necessário 1,75 planeta Terra.
Humanidade "esgota" recursos do planeta nesta segunda-feira (29)
A estimativa é da Global Footprint Network, organização internacional pioneira em calcular a pegada ecológica, que contabiliza o quanto de recurso natural é usado para as necessidades de um indivíduo ou população.
De acordo com a organização, 60% da pegada ecológica da humanidade é causada pela emissão de carbono.
Emissões globais de CO2 crescem e atingem maior alta da história, diz estudo
"Sublinhar que não podemos usar 1,75 Terras por muito tempo quando só temos uma é simplesmente reconhecer o contexto da existência humana", disse Mathis Wackernagel, coinventor da Pegada Ecológica e fundador da Global Footprint Network.
O planeta entrou em déficit de recursos naturais em 1970. Desde então, a humanidade tem consumido mais do que o planeta consegue se regenerar. Nos últimos 20 anos, a data-limite tem chegado mais cedo.
"Os custos este excesso estão se tornando cada vez mais evidentes em todo o mundo, sob a forma de desflorestação, erosão dos solos, perda de biodiversidade e acumulação de dióxido de carbono na atmosfera, levando a alterações climáticas e a secas, incêndios e furacões cada vez mais graves", diz a organização.
Quer saber a sua pegada ecológica?
É possível calcular o impacto que os seus hábitos causam no planeta Terra. No site footprintcalculator.org você pode colocar seus dados e inserir informações sobre o quanto de carne você come, se a comida é processada, se é produzida localmente, entre outras.
| G1 (publicado em 29-07-2019) | | | |
O consumo dos hidroclorofluorcarbonos (HCFCs), uma das principais substâncias responsáveis pela degeneração da camada de ozônio, teve queda de 37,75% no Brasil em relação à linha de base, que é de 1.327 toneladas PDO/ano, equivalente à média dos anos 2009 e 2010. Ao todo, foram reduzidas 501,04 toneladas PDO (Potencial de Destruição do Ozônio).
O percentual de redução ficou a apenas 1,35% da meta de 39,3%, pactuada pelo Brasil para o ano de 2020, conforme cronograma de eliminação do consumo de HCFCs estabelecido pelo Protocolo de Montreal para os países em desenvolvimento (saiba mais abaixo). O cronograma prevê a eliminação completa dos HCFCs no Brasil até 2040.
A destruição da camada de ozônio expõe os seres humanos ao excesso de radiação ultravioleta (UV), o que causa riscos de danos à visão, ao envelhecimento precoce, à supressão do sistema imunológico e ao desenvolvimento do câncer de pele, além de influir no aquecimento global.
Com esse resultado, portanto, o Brasil favorece a saúde das pessoas e contribui, por outro lado, para a redução do aquecimento global, confirmando, desse modo, os seus compromissos internacionais relacionados com a mudança do clima.
PROGRAMA
A queda nos índices é resultado das ações do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). O programa busca sensibilizar os consumidores das Substâncias Destruidoras da Camada de Ozônio (SDOs), principalmente os setores de refrigeração, espuma e serviços associados, a adotarem uma estratégia de controle, redução e eliminação dessas substâncias.
Prevê, também, a difusão de informações para os 74 mil supermercadistas do País sobre os benefícios ambientais e econômicos da substituição dos HCFCs por substâncias não nocivas à camada de ozônio na manutenção de seus freezers, refrigeradores, balcões frigoríficos, ar-condicionados e outros aparelhos de tecnologia obsoleta, que ainda utilizam SDOs.
Um bom exemplo disso foi a entrada em funcionamento, em abril deste ano, em Curitiba (PR), da primeira linha de envase de propano da América do Sul em maquinários para refrigeração de equipamentos de supermercados, cuja inauguração contou com a presença do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e auxiliares (foto acima).
O propano é um gás inofensivo à camada de ozônio e tem impacto praticamente nulo no aquecimento global. Uma rede de supermercados local já adota essa tecnologia na manutenção de expositores horizontais e verticais, ilhas de congelados e câmaras frigoríficas.
O PROTOCOLO
O Protocolo de Montreal começou a vigorar em 1987 e tem a adesão de 197 países que assumiram o compromisso de eliminar a geração e consumo de substâncias nocivas à camada de ozônio, como clorofluorcarbonos (CFCs), que eram usados em geladeiras, e os HCFCs.
Três anos depois, o Brasil aderiu ao acordo e, em 2010, extinguiu o consumo dos CFCs. Apesar de menos agressivos, os HCFCs também devem ser substituídos por outros compostos que não destruam a camada.
A meta é que até 2040 essas substâncias não sejam mais usadas. Elas são encontradas em equipamentos de refrigeração e ar-condicionado e, também, espumas de colchões, estofados e volantes de carro.
| Ministério do Meio Ambiente ( publicado em 25-07-2019) | | | |
Todos os anos milhões de toneladas de resíduos plásticos entram nos oceanos. Se nada for feito, até 2050 a quantidade de plástico pode ser maior do que a de peixes, segundo a Fundação Ellen MacArthur. Para a startup alemã Biofabrik, a solução está em reaproveitar o lixo marinho para a produção de combustível.
Com a Biofabrik, um quilograma de lixo plástico vira um litro de combustível e cada litro de combustível fornece cerca de 3,5 kWh de energia elétrica. Isso é possível graças ao processo de pirólise, ou seja, na decomposição por meio do calor.
Os compostos de hidrocarbonetos dos resíduos plásticos são quebrados por altas temperaturas com a exclusão de oxigênio. O resultado do processo é um plástico transformado em líquido ou gasoso, que pode ser usado no motor marítimo. Também o combustível em geradores ou turbinas pode ser convertido em energia elétrica.
O sistema de pirólise plástica da startup foi batizado de “WASTX”. A técnica passou por seis anos de desenvolvimento para chegar à versão atual, mas, para chegar até aqui, diferentes reatores foram testados e descartados, sendo o manuseio de plásticos não puros, comuns no gerenciamento de resíduos, o maior desafio encontrado. Hoje, a Biofabrik, que é totalmente automatizada, afirma que é capaz de reciclar tipos de plásticos que antes não eram possíveis.
A fábrica compacta está localizada na cidade de Dresden, capital do estado da Saxónia, às margens do rio Elba, e deve começar a produção em breve. “Estamos orgulhosos de ter chegado a este ponto depois de mais de seis anos de desenvolvimento. Nosso objetivo foi desenvolver uma solução rentável para o problema dos resíduos plásticos que pode ser implantada remotamente”, afirma Oliver Riedel, fundador da startup. O próximo passo é processar até uma tonelada de resíduos plásticos por dia.
Danos
Entre os principais danos do plástico à natureza estão estrangulamento, ingestão e danos ao habitat. A gerente do Programa Mata Atlântica e Marinho do WWF no Brasil, Anna Carolina Lobo, disse que a maior parte do lixo marinho encontrado no litoral é plástico. Nas últimas décadas, o aumento de consumo de pescados aumentou em quase 200%.
“As pesquisas realizadas no país comprovaram que os frutos do mar têm alto índice de toxinas pesadas, geradas a partir do plástico em seu organismo, portanto, há impacto direto dos plásticos na saúde humana. Até as colônias de corais – que são as ‘florestas submarinas’ – estão morrendo. É preciso lembrar que os oceanos são responsáveis por 54,7% de todo o oxigênio da Terra”, disse.
O estrangulamento de animais por pedaços de plástico já foi registrado em mais de 270 espécies animais, incluindo mamíferos, répteis, pássaros e peixes, causando desde lesões agudas e crônicas, até mesmo a morte. Esse estrangulamento é hoje uma das maiores ameaças à vida selvagem e conservação da biodiversidade.
A ingestão de plástico já foi registrada em mais de 240 espécies. A maior parte dos animais desenvolve úlceras e bloqueios digestivos que resultam em morte, uma vez que o plástico muitas vezes não consegue passar por seu sistema digestivo.
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| Editora Expressão (publicado em 24-07-2019) | | | |
O inpEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias) acaba de lançar a versão modernizada do curso virtual do Sistema Campo Limpo (logística reversa de embalagens vazias de defensivos agrícolas). Gratuito, o curso pode ser feito em cerca de três horas e oferece informações fundamentais para os interessados no tema logística reversa, sejam as pessoas diretamente envolvidas no Sistema, sejam estudantes ou profissionais de logística de outros setores, mesmo da zona urbana.
Plataforma - Para acompanhar a evolução da tecnologia, o programa de educação online ganhou nova plataforma com recursos para transmitir o conteúdo de forma mais rápida e interativa. Disponível na internet desde 2007 para permitir ao usuário aperfeiçoar e testar seus conhecimentos sobre destinação de embalagens vazias de defensivos agrícolas, o curso mantém seu conteúdo robusto, incluindo informações sobre legislação, funcionamento do Sistema, responsabilidades de cada elo, entre outras.
Novos mecanismos - “A grande novidade desta versão é a plataforma, que utiliza novos mecanismos para tornar o curso mais interativo, facilitando a absorção do conteúdo”, explica Maria Helena Zucchi Calado, gerente de Sustentabilidade do inpEV. Ela acrescenta que uma outra preocupação foi oferecer um curso responsivo, isto é, está totalmente adaptado para ser feito por celular.
Certificado - Ao finalizar o curso, o participante pode imprimir seu certificado ou salvar versão em PDF. “As mudanças justificam que até mesmo quem já fez o curso faça novamente para ver as novidades e captar conhecimentos de uma maneira nova”, convida a gerente.
Portal - Para participar, é só entrar no portal de educação a distância pelo site do inpEV (www.inpev.org.br).
Sobre o inpEV - Há 17 anos, o inpEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias) é entidade gestora do Sistema Campo Limpo nas atividades de destinação de embalagens vazias de defensivos agrícolas e promove ações de conscientização e educação ambiental sobre o tema, conforme previsto em legislação. É uma instituição sem fins lucrativos formada por mais de 100 empresas e nove entidades representativas da indústria do setor, distribuidores e agricultores.
Sobre o Sistema Campo Limpo - O Sistema Campo Limpo tem como base o princípio das responsabilidades compartilhadas entre todos os elos da cadeia produtiva (agricultores, fabricantes e canais de distribuição, com apoio do poder público) para realizar a logística reversa de embalagens vazias de defensivos agrícolas. O Brasil é referência mundial na destinação ambientalmente correta do material, encaminhando 94% de embalagens plásticas primárias para reciclagem ou incineração.
Mais informações - Mais informações sobre o inpEV e o Sistema Campo Limpo estão disponíveis no site www.inpev.org.br, no Facebook, Youtube e Instagram
| Sistema Ocepar( publicado em 29-07-2019) | | | |
Apesar de ainda ser uma grande desafio no Brasil, medida traz benefícios para empresas e para o meio ambiente e à economia
O Brasil é um país que tenta aliar seu crescimento econômico às boas práticas ambientais. Desde a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS Lei federal nº 12.305 de 2010, do Ministério do Meio Ambiente), a logística reversa faz parte das medidas para a redução dos impactos ambientais gerados pelos resíduos sólidos.
Mas, na prática, a logística reversa é o recolhimento de produtos (ou suas embalagens) realizado pela empresa fabricante após seu descarte pelo consumidor. Isso deve ocorrer pois muitos materiais têm um impacto gigantesco ao meio ambiente e precisam de um tipo de processamento adequado, diferente da reciclagem de resíduos sólidos comuns, que podem ser feitos por catadores e cooperativas, como alumínio, plástico, vidro e papel, por exemplo.
O que diz a legislação?
Algumas categorias de materiais e produtos precisam, obrigatoriamente, realizar a logística reversa de seus materiais. Entram nessa lista baterias, pilhas, pneus, lâmpadas fluorescentes, eletrodomésticos, peças de computadores e eletrônicos, óleos lubrificantes automotivos e frascos de produtos químicos e agrotóxicos. Esses materiais representam um grande impacto ao meio ambiente e não podem ser descartados em aterros sanitários, por isso devem voltar ao seu fabricante.
O mercado de resíduos sólidos dentro da logística reversa
Para colocar a logística reversa em prática, a empresa tem uma série de custos e medidas a serem tomadas. Além de conscientizar seus consumidores sobre os potenciais danos que o produto pode causar, é necessário criar um canal de atendimento e postos de coleta adequados para receber seus produtos.
Isso envolve um bom planejamento e gerenciamento dos resíduos sólidos, que devem ser acondicionados em locais apropriados e transportados de volta com segurança, através de uma estrutura apropriada e mão de obra qualificada.
Quando o material retorna à empresa, é possível reintroduzi-lo na cadeia produtiva, como pneus que podem dar origem a materiais utilizados em calçados ou mesmo no asfalto.
As empresas que não dispõe de tecnologia para processar seus resíduos sólidos pode experimentar parcerias com tratadores especializados. A experiência está conquistando o mercado, como acontece na plataforma Mercado de Resíduos, da startup VG Resíduos. Nela, os resíduos sólidos podem ser comercializados e destinados ao tratador qualificado mais próximo ou que ofereça o melhor lance pelo material, como em uma espécie de leilão.
Mesmo seguindo lentamente a tendência dos países desenvolvidos, a implantação da logística reversa no Brasil pode ampliar mercados de reciclagem, fomentar cooperativas e reduzir custos de obtenção de matérias-primas, além de reduzir drasticamente o impacto ambiental dos resíduos sólidos como poluidores hídricos ou do solo, tirando de circulação toneladas de materiais que poderiam parar nos lixões. Investir em logística reversa e reciclagem é investir no futuro.
| Agora Vale ( publicado em 29-07-2019) | | | |
Ideia propõe uma logística reversa para embalagens de produtos de beleza e cuidados pessoais que envolve o consumidor final, a empresa onde trabalha e o cuidado com meio ambiente.
A solução criada por uma startup de alunos e ex-alunos da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) ficou entre as cinco melhores em uma competição mundial na área de sustentabilidade, com uma ideia inovadora para a logística reversa de embalagens geradas pelo mercado de beleza e cuidados pessoais.
A ideia da plataforma foi criada em um fim de semana e foi selecionada entre mais de 500 projetos na competição Global Startup Weekend Sustainable Revolution, uma parceria da TechStars com a Google.
“Para nós foi muito gratificante, pois a gente está muito incomodado com essa questão do consumo do mercado de beleza e tinha o desafio de fazer o consumidor, que ainda não está engajado nessa causa de sustentabilidade, se sentir com vontade de participar da reciclagem também”, contou a engenheira de materiais Ligia Frem Di Nardo.
Agora, o grupo está com viagem marcada à França para participar de uma feira com investidores da área de sustentabilidade e receber uma aceleração nos negócios.
A solução
Segundo Lígia, a plataforma batizada como Be.Benefits foi pensada durante o Startup Weekend, uma maratona de empreendedorismo e inovação mundial com duração de 54 horas, que desafia os participantes a transformar uma ideia de negócio em uma startup.
O modelo criado se assemelha ao Gympass, um benefício oferecido por empresas ao colaborador para acesso com desconto a academias. Nesse caso, o foco é o resíduo deixado pelo uso de produtos de beleza e cuidados pessoais.
A empresa participante pagará um valor para a Be.Benefits por cada funcionário interessado em participar do programa e o colaborador terá acesso à plataforma.
Esse cadastro dará ao colaborador a possibilidade de comprar itens exclusivos em lojas online de marcas específicas e multimarcas que vendem produtos de beleza, usando o valor repassado ao mês, ou seja, o colaborador terá acesso a mais produtos de beleza e cuidados pessoais.
A premiada solução virou então um benefício para o colaborador de uma empresa e, dessa forma, a empresa transformou-se no ponto de coleta inteligente para as embalagens.
“Os colaboradores das empresas não vão precisar levar o produto a algum lugar diferente, mas sim para o trabalho, um lugar aonde ela vai todos os dias. A medida que ele for descartando mais embalagens, nossa plataforma o bonificará adicionalmente, gerando mais um desconto para futuras compras”, disse.
Até o momento, a startup não está em funcionamento e a plataforma para os resíduos do mercado de beleza será o primeiro produto desenvolvido.
Benefícios
Além do benefício que a empresa vai dar ao colaborador, todas as vezes que o funcionário reciclar alguma embalagem no totem digital disponível na empresa, ele ganhará um desconto, que será transferido como saldo para o funcionário e irá acumular ao valor mensal pago pela empresa.
“Nós vamos instalar o ponto de coleta dentro da empresa, mas ele não será uma caixa qualquer e sim um totem inteligente que fará a análise da embalagem e do perfil do colaborador para gerar o desconto. Depois, faremos a gestão dos resíduos e encaminharemos para as recicladoras oficiais”, explicou.
Do ponto de vista da empresa, o projeto irá trazer como benefício o engajamento com o colaborador, pois foge do que já é oferecido convencionalmente, como planos de saúde e vale-alimentação, além de promover a conscientização de um modelo de consumo mais sustentável.
Desafios
Durante o processo de criação da startup, o grupo precisou desenvolver um modelo de solução que pudesse fazer sentido economicamente, por se tratar de uma empresa, como também trazer conceitos de empreendedorismo social e de impacto positivo ao meio ambiente e para as empresas que estão envolvidas.
O grupo realizou uma pesquisa de campo e descobriu que 85% das pessoas entre 18 e 35 anos compram produtos de beleza e cuidados pessoais constantemente. As mulheres ainda dominam o público-alvo com compras semanais, mas os homens passaram a se interessar mais pelo mercado e compram todo mês.
O desafio principal foi desenvolver um modelo que engajasse o consumidor final para a reciclagem. Foi então que as empresas em que essas pessoas trabalham entraram como mediadoras.
“A escolha de instalar o ponto de coleta na empresa é justamente para ser mais cômodo e conveniente para o consumidor”, explicou.
Prêmio
Para o grupo, a premiação representa mais do que reconhecimento da ideia, mas uma oportunidade de tirar a ideia do papel e implementá-la.
“Do ponto de vista da validação da nossa solução é um grande primeiro passo. A gente pretende já levar um protótipo da plataforma para conseguir, durante o evento na França, apresentar a alguns investidores que estarão no local. A gente acredita que isso vai ajudar muito na nossa caminhada”, disse.
Além da oportunidade, o grupo também ganhou seis meses de mentoria com especialistas e uma aceleração para a startup.
“Muito provavelmente, após a aceleração, essa empresa irá funcionar. Nós estamos buscando tanto investidor quanto talentos para trabalhar com a gente”, disse.
Atualmente, a startup conta com a expertise dos estudantes Thaiana Garcia Andrade e Caio Viana, além dos engenheiros Ligia Frem Di Nardo, Fabio Bussacarini Mariano, Alexandre Atilio Naressi e da química Rafaela Montoro.
| G1 (publicado em 25-07-2019) | | | |
Os chamados contaminantes emergentes motivaram laboratório da USP em São Carlos a desenvolver técnica para solucionar o problema
Você sabia que a água que você consome em sua casa pode não estar totalmente livre de impurezas? Esse risco existe quando produtos que utilizamos no dia a dia, como remédios, protetores solares e itens de higiene pessoal são encontrados em rios que abastecem municípios.
As estações de tratamento de água não conseguem remover completamente esses compostos, já que não possuem equipamentos apropriados para a tarefa. Batizados de contaminantes emergentes, essas substâncias desafiam há anos centenas de cientistas brasileiros a buscarem soluções eficientes e a entenderem os impactos que elas podem causar ao meio ambiente e aos seres vivos.
Segundo o professor Eduardo Bessa Azevedo, do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP, o Brasil ainda não possui uma legislação que determine quantidades seguras desses contaminantes na água.
São substâncias encontradas em pequenas concentrações, mas que, se consumidas por anos, podem trazer algum risco”, alerta.
Estudos indicam que o lançamento não controlado de fármacos nos corpos d’água pode, por exemplo, gerar o desenvolvimento de microrganismos resistentes a antibióticos. Caso haja a ingestão dessa água contaminada, seres humanos e animais estão sujeitos a problemas como disfunções no sistema endócrino e reprodutivo, além de distúrbios metabólicos. Diversos compostos químicos são capazes de interferir no metabolismo, entre eles, destacam-se os que estão presentes em hormônios, anti-inflamatórios, antidepressivos, hidrocarbonetos poliaromáticos e pesticidas.
A falta de efetividade no combate aos contaminantes emergentes preocupa os cientistas e acende o sinal de alerta na sociedade. “As estações de tratamento d’água (ETAs), basicamente, trabalham para retirar sua turbidez e torná-la potável. Elas têm uma capacidade limitada de remoção desses contaminantes, pois foram projetadas numa época em que não existia essa demanda”, explica o docente.
De acordo com o Instituto Trata Brasil, quase 35 milhões de brasileiros não têm acesso ao abastecimento de água tratada. Em 2016, uma em cada sete mulheres do País não tinha acesso à água, enquanto 7,5% das crianças e dos adolescentes não possuíam água filtrada ou vinda de fonte segura.
A ciência entra em cena
Há algumas décadas, pesquisas têm chamado a atenção sobre os possíveis danos que os contaminantes emergentes podem causar aos recursos hídricos, fato que impulsionou o interesse da comunidade científica em busca de soluções para identificação, monitoramento e remoção dessas substâncias.
No IQSC, o Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Ambientais (LDTAmb) está envolvido nesse desafio, criando alternativas promissoras. “Diferentemente das tecnologias tradicionais, as quais amenizam o problema da poluição, mas não o resolvem, as pesquisas desenvolvidas em nosso laboratório se preocupam em realmente destruir os contaminantes. Não basta reduzirmos a concentração de determinada substância se ela ainda continua com sua função biológica ativa, podendo trazer algum perigo”, afirma o professor Eduardo, que coordena o LDTAmb.
Uma das pesquisas desenvolvidas no Laboratório da USP é a de Maykel Marchetti, doutorando do IQSC. Após realizar um levantamento, o pesquisador descobriu quais eram os fármacos mais prescritos e consumidos no Brasil e, a partir dessa relação, determinou as quatro substâncias químicas mais prováveis de serem encontradas na água. São elas: paracetamol (analgésico), cetoprofeno (anti-inflamatório), diclofenaco (anti-inflamatório) e o ácido salicílico (utilizado no tratamento da acne).
Com essas informações em mãos, Maykel desenvolveu um método analítico capaz de detectar e quantificar, simultaneamente, todos esses quatro fármacos em água e aplicou uma técnica para degradá-los, que funciona através de uma reação química envolvendo peróxido de hidrogênio (água oxigenada), oxalato de ferro e luz (LED). “Essa técnica nos permitiu fazer o tratamento da água em condições semelhantes às adotadas nas ETAs”, explica.
No laboratório, o pesquisador testou o procedimento de degradação proposto. Após dissolver os quatro contaminantes em água, adicionou à solução o oxalato de ferro e o peróxido de hidrogênio. Em seguida, a água foi colocada dentro de um reator com LEDs, onde ficou por aproximadamente 25 minutos reagindo.
“Nós utilizamos uma concentração de contaminantes até um milhão de vezes maior do que a encontrada nas águas e, mesmo assim, atingimos uma porcentagem de 95% de degradação. No entanto, vale ressaltar que isso não significa que eles foram totalmente removidos, mas sim transformados em outras substâncias que precisam ter sua toxicidade analisada”, afirma o doutorando, que apresentou seu trabalho no 47º Congresso Mundial de Química da União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC), que aconteceu em Paris (França) entre os dias 5 e 12 de julho.
Para validar seu método de detecção e quantificação dos fármacos, Marchetti estudou as águas superficiais de São Carlos, responsáveis pela metade do abastecimento do município, por meio do Córrego Espraiado e do Ribeirão Feijão. Durante um ano, o pesquisador coletou amostras mensais de água dos pontos de entrada e saída da estação de tratamento da cidade e, felizmente, não foi identificado nenhum dos quatro fármacos pesquisados.
Contudo, um estudo realizado pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em 2014 revelou, após três anos de análises, a presença de cafeína, paracetamol, atenolol e dos hormônios estrona e 17-β-estradiol no Rio Monjolinho. Embora ele não seja utilizado para abastecimento público, os pesquisadores se preocupam com a conservação dos recursos hídricos e a proteção da vida aquática.
Planeta afetado
Os contaminantes emergentes já se tornaram um problema global, tendo sido encontrados em dezenas de países, inclusive no Brasil. Em Campinas (SP), amostras de ácido salicílico, paracetamol e cafeína já foram identificadas no Córrego Anhumas.
Além de atuar como um indicador de contaminação por fármacos, a cafeína pode causar, em altas concentrações, problemas aos peixes, como a diminuição da capacidade de locomoção e a morte de embriões. Outra substância encontrada em águas brasileiras foi o diclofenaco, confirmada no Rio Pinheiros, na capital paulista, e no Rio Paraíba, que banha o Estado paraibano. Em âmbito internacional, rios de países como Estados Unidos, Espanha, Suíça e Costa Rica já sofrem com a presença desses contaminantes.
O descuido quanto ao descarte irregular de remédios é uma das principais causas do aparecimento desse tipo de contaminante na água. Despejar produtos vencidos na pia ou em vasos sanitários, por exemplo, faz com que as substâncias cheguem até rios e mananciais.
Embora a mudança de alguns hábitos seja essencial para não acentuar ainda mais o problema, causas naturais também contribuem para essa contaminação. Afinal, parte do remédio que tomamos não é metabolizada pelo nosso organismo, sendo eliminada via urina, fezes ou suor. Situação semelhante ocorre quando tomamos banho após a utilização de protetor solar, ocasião em que o produto é eliminado pelo ralo, podendo chegar tanto a águas superficiais como subterrâneas. Por sua vez, fármacos utilizados na agropecuária também são capazes de contaminar os recursos hídricos.
Esquema mostra possíveis rotas dos contaminantes emergentes no meio ambiente – Arte: Maykel Marchetti, adaptado de Thomas Heberer (clique para ampliar)
Segundo a última Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, realiza pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 71,8% dos municípios brasileiros não apresentavam políticas de saneamento e, em 48,7% deles, não havia órgão fiscalizador da qualidade da água. Já de acordo com o Atlas Esgotos: Despoluição de Bacias Hidrográficas, divulgado em 2017 pela Agência Nacional das Águas (ANA), menos da metade dos esgotos do País é coletado e tratado e apenas 39% da carga orgânica gerada diariamente no Brasil é removida pelas estações de tratamento de esgoto antes dos efluentes serem lançados em rios.
Fazendo o dever de casa
Ações para melhorar a qualidade da água não podem se restringir apenas aos cientistas. Segundo o Instituto Trata Brasil, mais de 3,5 milhões de brasileiros, nas 100 maiores cidades do país, despejam esgoto irregularmente, mesmo tendo acesso a redes coletoras. Pequenas atitudes, se feitas em grande escala, podem ajudar a evitar uma contaminação ainda maior.
Segundo o professor Eduardo Bessa Azevedo, comportamentos que contribuam para a manutenção dos recursos naturais devem começar dentro de nossas casas. Afinal, não existe o “jogar fora”, pois, na verdade, tudo o que descartamos sempre irá para algum lugar, podendo gerar grandes prejuízos se feito de maneira impensada. Por isso, o docente faz um pedido:
“Não descarte produtos em locais incorretos e evite usar água para o que não for necessário, como lavar a calçada. Se puder fazer limpeza a seco, priorize-a. As pessoas pensam que atitudes isoladas não trarão nenhuma melhora, mas imagine se todos resolvessem ajudar.”
Preocupados com o futuro de nossa água, os cientistas da USP continuarão em busca de novas alternativas para combater os contaminantes emergentes e, sem dúvida, motivações não irão faltar. “É uma questão de saúde pública, e trabalhar no desenvolvimento de soluções para o problema nos dá a certeza de que estamos fazendo o nosso papel”, finaliza Marchetti.
| Jornal da USP (publicado 24-07-2019) | | | |
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