| 14 de ABRIL de 2020
Terça-feira
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Em 14/04/2020
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| | | | | Valores estariam sendo cobrados para liberar negociações individuais; centrais sindicais dizem que cobrança é criminosa, mas sindicato defende taxa
Empresas que aderiram ao programa do governo federal que permite redução de salário e jornada e suspensão de contratos relatam ter recebido cobranças de até R$ 240 por funcionário para que os sindicatos de trabalhadores dessem o aval aos acordos.
A prática, segundo especialistas, é ilegal. Associações patronais falam também em cobranças de R$ 500 por empresa e de percentuais da folha de pagamento entre 4% e 8%.
A Medida Provisória 936 de 1º de abril permitiu acordos individuais para reduzir salários e jornada e também para supender os contratos de trabalho.
Para Paulo Solmucci, presidente da Abrasel, uma das entidades a acusar a cobrança, a decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), que em liminar na semana passada definiu que os acordos individuais terão validade somente após manifestação do sindicato dos trabalhadores, estimulou a exigência por parte dos sindicatos.
“Ninguém tem dinheiro nem para pagar salário, não fazem nem sentido”, diz.
Na segunda (13), em nova decisão, Lewandowski diz que as negociações individuais de empresas têm efeito imediato, independentemente de posterior manifestação sindical.
As seis centrais sindicais orientaram os sindicatos associados a não fazer qualquer cobrança no momento. Em nota conjunta, CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindicial, CSB (Confederação dos Sindicatos do Brasil), UGT (União Geral dos Trabalhadores), CTB (Confederação dos Trabalhadores do Brasil) e NCST (Nova Central) disseram considerar a cobrança criminosa e que sindicatos serão denunciados ao MPT (Ministério Público do Trabalho) caso insistam na prática.
Além da Abrasel, Alshop (associação dos lojistas de shoppings) também divulgou nota relatando a existência desse tipo de cobrança. Não informou, no entanto, quais sindicatos exigiram pagamento para liberar os acordos.
Em Santa Catarina, o sindicato que representa os funcionários de hotéis, restaurantes, bares e na rede de hospedagem de Florianópolis e dos municípios do entorno, o Sitratuh, decidiu incluir uma cobrança chama taxa negocial.
O advogado Fernando Fávere, assessor jurídico da entidade, defende a cobrança, que varia de R$ 20 a R$ 100 por acordo; o valor muda de acordo com o tamanho da empresa.
“Nós temos que analisar acordo por acordo, não é simplesmente carimbar papel. Já liberamos 400 e ainda temos 300, então todo mundo está fazendo horas extras. É uma operação que tem um custo para o sindicato”, afirma.
Para o professor de direito trabalhista da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) Ricardo Calcini, a cobrança é ilegal. Ele afirma que os sindicatos têm o direito de buscar novas receitas, mas não deveriam cobrar por serviços que são próprios às suas funções. “Além de ilegal, me parece que acaba criando um estímulo à rescisão do contrato”, diz.
A medida provisória definiu que as empresas poderão fazer reduções de jornada e salário em 25%, 50% e 70% por um período de até três meses. Para os funcionários que ganham entre R$ 3.135 e R$ 12.202, esses acordos poderão ser feitos de maneira individual e os sindicatos serão comunicados em até dez dias. Para quem ganha mais de R$ 3.135 e menos do que R$ 12.202, somente a redução de 25% dispensa negociação coletiva.
Solmucci, da Abrasel, diz que, em levantamento realizado na semana passada, a associação identificou a exigência cobranças de até R$ 680 por funcionário em caso de suspensão de contrato, mas que depois de as empresas denuciarem a prática, muitos sindicatos recuaram.
A advogada Priscila Arraes Reino diz que, ainda que algum tipo de taxa negocial seja prevista em convenção coletiva, a cobrança não deveria ser aplicada no momento. “É uma situação muito peculiar e você acaba criando um empecilho às negociações”, afirma.
Para ela, cobrar um valor fixo ou um percentual sobre a folha de pagamento não estão previstos em lei.
Em São Paulo, os sindicatos dos comerciários, dos metalúrgicos e dos trabalhadores de bares e restaurantes informaram que todos os acordos estão sendo analisados e liberados em qualquer tipo de cobrança.
A advogada Caroline Marchi, do Machado Meyer, afirma que não há, na legislação, nada que proíba, de fato, essa cobrança às empresas, mas que a prática é desaconselhada pela OIT (Organização Internacional do Trabalho). Se houvesse uma cobrança, ela não poderia ser aplicada aos funcionários, pois o interesse, nos caso desses acordos, é indireto.
| Folha de S.Paulo | | | |
Medida do governo permitiu acordos em contratos de trabalho durante crise de coronavírus
O governo anunciou nesta segunda-feira (13) que mais de um milhão de trabalhadores tiveram salários e jornadas reduzidos ou contratos suspensos após a edição de MP (Medida Provisória) que autoriza a celebração de acordos entre patrões e trabalhadores durante a pandemia do novo coronavírus.
Segundo o IBGE, o Brasil tinha 33,624 milhões de trabalhadores com carteira assinada no setor privado no trimestre encerrado em fevereiro.
A informação é do secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco. O dado inclui acordos individuais e também acordos coletivos de categorias feitos com intermediação de sindicatos.
"Nesse período, os empresários, confiantes na medida, e os empregados também se uniram e chegaram aos seus acordos individuais e coletivos. Podemos dizer que essa medida provisória já tem frutos, e os frutos são mais de um milhão de empregos preservados", disse.
No dia 1º de abril, o presidente Jair Bolsonaro editou uma MP (Medida Provisória) que autoriza corte salários e jornadas de trabalhadores durante a crise provocada pelo novo coronavírus. As reduções poderão ser feitas em qualquer percentual, podendo chegar a 100%.
Trabalhadores afetados receberão uma compensação do governo que pode chegar a 100% do que receberiam de seguro-desemprego em caso de demissão.
Nas contas do governo, a suspensão dos contratos ou redução de salário e jornada deve alcançar 24,5 milhões de trabalhadores com carteira assinada.
Segundo o IBGE, o Brasil tinha 33,624 milhões de trabalhadores com carteira assinada no setor privado no trimestre encerrado em fevereiro.
O custo total do programa aos cofres públicos é estimado em R$ 51,2 bilhões.
Por acordo individual, o empregador pode fazer cortes de jornadas e salários em 25%, 50% ou 70% por até três meses, a depender da faixa de renda do trabalhador. Nos acordos coletivos, é permitida redução em qualquer percentual.
O governo pagará a esses trabalhadores uma proporção do valor do seguro-desemprego equivalente ao percentual do corte de salário. A compensação será de 25%, 50% ou 70% do seguro-desemprego, que varia de R$ 1.045 a R$ 1.813,03.
A suspensão de contratos, por sua vez, pode ser feita por até dois meses. Nesse caso, o empregado recebe valor integral do seguro-desemprego.O secretário disse que os dados serão atualizados periodicamente. Um site do governo trará uma espécie de "empregômetro", quantificando o número de acordos firmados.
Nesta segunda-feira, o ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), deu nova decisão em que esclarece que acordos individuais de empresas para cortar salários e jornadas de trabalhadores têm efeito imediato, independentemente de posterior manifestação sindical.
Na última segunda-feira (6), o magistrado havia decidido que os sindicatos deveriam ser comunicados do acordo e poderiam iniciar negociação coletiva caso preferissem. O magistrado manteve o entendimento de que a entidade de classe pode iniciar tratativa coletiva após comunicada, mas esclareceu que o acordo individual passa a valer assim que for assinado.
“Esclareço, para afastar quaisquer dúvidas, e sem que tal implique em modificação da decisão embargada, que são válidos e legítimos os acordos individuais celebrados na forma da MP 936/2020, os quais produzem efeitos imediatos”, afirmou Lewandowski.
O texto original da MP previa a comunicação do acordo para a respectiva entidade de classe em dez dias, mas não dava poder para a tratativa ser barrada ou alterada. Lewandowski decidiu na semana passada que os sindicatos poderiam deflagrar negociação coletiva, mas não deixava claro os efeitos do acordo individual.
A decisão desta semana foi tomada após recurso da AGU (Advocacia-Geral da União). O ministro rejeitou o recurso, mas esclareceu pontos do despacho anterior que deixavam margem para interpretações diversas.
Especialistas e membros do governo chegaram a avaliar que a primeira decisão do ministro travaria a validade imediata do acordo individual, exigindo o aval de sindicatos. O entendimento desta segunda aliviou o governo.
“Esta decisão traz segurança jurídica à matéria e garante o direito do trabalhador, o emprego e a sobrevivência de milhares de empresas. Vitória do país”, afirmou o advogado-geral da União, André Mendonça, responsável pela defesa jurídica do governo.
| Folha de S.Paulo ( publicado em 14-04-2020) | | | | Em entrevista ao jornal BR Político, no portal do jornal O Estado de São Paulo, presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, fala sobre os efeitos da pandemia de coronavírus nas exportações do setor industrial
Levantamento empresarial feito pela CNI mostra que em cada 10 empresas 4 estavam com a produção paralisada e outras quatro, ainda que em operação, tiveram queda na produção
Outro setor da economia afetado pela pandemia do coronavírus que pede socorro é o da indústria.
Nesta entrevista concedida pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) ao BRP, Robson Andrade prevê, por exemplo, quedas “recordes” nas exportações para o principal mercado, a China, bem para o restante do mundo. Segundo levantamento empresarial feito em março pela entidade, em cada 10 empresas 4 estavam com a produção paralisada e outras quatro, ainda que em operação, tiveram queda na produção.
No campo propositivo, Andrade defende que “comecemos desde já” a planejar estratégias de retomada gradual das atividades produtivas. A sugestão é que os 9,4 milhões de trabalhadores da indústria sejam submetidos a testes rápidos da doença a cada 15 dias, aumentando a cada mês até atingir a totalidade do contingente.
“A previsão é que a operação dure, pelo menos, seis meses após o fim do isolamento social amplo ou até que a pandemia da covid-19 esteja sob controle”, diz Andrade. Do contrário, se o isolamento social se estender por muitos meses, o desemprego poderá aumentar, apesar “do esforço hercúleo” que o setor industrial tem feito, diz, contra essa possibilidade. Segundo ele, o que tem freado o ritmo das dispensas é a recente Medida Provisória 936, que estabelece redução de salários proporcional à diminuição da jornada de trabalho.
O presidente da CNI inclui no pacote o empréstimo direto do Banco Central (BC) às empresas, uma vez que os bancos, diante do elevado risco de falência das empresas, aumentaram o custo do crédito. “Neste momento, estamos trabalhando na construção de propostas para facilitar a chegada dos recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) às empresas. Embora disponíveis, os recursos não estão sendo liberados com o volume e a rapidez desejáveis”, acrescenta.
Andrade elenca ainda medidas mais emergenciais de socorro ao setor, como a suspensão dos pagamentos de financiamentos com bancos públicos, a criação de linha de financiamento emergencial para pagar dois meses de folha de pessoal e o aumento dos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e BNDES para crédito às micro e pequenas empresas. Ele calcula que o adiamento do pagamento de tributos federais e do FGTS e as medidas na área trabalhista vão representar a redução de custos ou maior liquidez das empresas em cerca de R$ 180 bilhões.
BR POLÍTICO - O que a indústria tem feito para reduzir os impactos da crise desencadeada pela pandemia da covid-19?
ROBSON BRAGA DE ANDRADE - As entidades que integram o Sistema Indústria – CNI, SESI, SENAI, Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Federações Estaduais e Associações Setoriais – estão todas mobilizadas, cada uma com sua expertise, para ajudar o país a enfrentar e superar os impactos desta grave crise decorrente da pandemia.
Há três semanas, enviamos ao presidente da República, Jair Bolsonaro, um conjunto de propostas, com o objetivo de assegurar a sobrevivência das empresas e, consequentemente, a manutenção dos empregos dos cerca de 9,4 milhões de trabalhadores do setor industrial. As propostas visam reduzir despesas correntes e aumentar o capital de giro das indústrias, bem como a flexibilização das relações de trabalho.
Estamos também monitorando os impactos da crise e das medidas adotadas pelo governo, por meio de sondagens diretamente com empresas e líderes empresariais. Justiça seja feita, 21 das 39 propostas que apresentamos já foram encampadas pelo governo. Entre elas, a facilitação, por parte dos bancos públicos e de desenvolvimento, do acesso a capital de giro; o adiamento da entrega das declarações de Imposto de Renda; a prorrogação automática, por 90 dias, da Certidão Negativa de Débito (CND); e a possibilidade de redução proporcional de jornadas de trabalho e salários. Outras nove propostas foram parcialmente adotadas e apenas nove ainda estão de stand by, como a redução temporária de tarifas de energia elétrica, a liberação de preço de fábrica de medicamentos e a suspensão temporária da cobrança de taxas de registro junto às agências reguladoras federais.
BR POLÍTICO - E com relação ao combate da pandemia em si, como tem sido a atuação da indústria? Quais produtos estão sendo produzidos e qual a destinação deles?
ROBSON BRAGA DE ANDRADE - Uma das principais ações está sendo feita por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), que coordena uma iniciativa, integrada por Federações das Indústrias e por empresas de vários segmentos, para manutenção de respiradores mecânicos, denominada “Mais Respiradores”. Até o momento, já recebemos cerca de 600 respiradores com defeito, de 19 unidades da Federação, em 35 pontos de manutenção distribuídos por todas as regiões do país. Destes, 37 equipamentos já foram consertados e começam a retornar aos hospitais de origem. Outros 63 estão em processo de calibração para serem devolvidos.
Outra iniciativa importante é o Edital de Inovação para a Indústria, uma parceria do SENAI com a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e com a Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), que destinou R$ 30 milhões para o desenvolvimento, com aplicação imediata, de projetos destinados a prevenir, diagnosticar e tratar infectados pelo novo coronavírus.
Na última semana, por meio de uma categoria do Edital, denominada “Missão Covid-19”, já selecionamos nove projetos, que deverão surtir efeito nos próximos 40 dias. Entre eles, estão a utilização de inteligência artificial para controlar a propagação da doença, um monitor de fácil manuseio para diagnóstico rápido de pacientes com deficiência pulmonar, a produção de testes rápidos de detecção do vírus, um sistema de desinfecção para transportes públicos, entre outros.
Além disso, o SENAI disponibilizou a infraestrutura de seus 27 Institutos de Inovação e 60 Institutos de Tecnologia para ajudar na produção de testes rápidos de detecção do novo coronavírus. Na primeira fase do Edital de Inovação, por exemplo, foi selecionado um projeto da empresa Hi Technologies (Hilab), para produção de testes rápidos, em parceria com o Instituto SENAI de Inovação em Eletroquímica, de Curitiba (PR).
A previsão é entregar 15 mil testes em sete dias, 150 mil em 40 dias e chegar a 450 mil testes em até três meses. A empresa MDI Indústria e Comércio de Equipamentos Médicos, por sua vez, foi selecionada para desenvolver testes “padrão-ouro”, recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que permitem a identificação, em tempo real, da presença do coronavírus em amostras coletadas nas narinas e na garganta. A previsão é que será possível o processamento de 200 testes por dia, totalizando, 1.200 testes semanais e 4.800 testes mensais. Este projeto específico está sendo desenvolvido em parceria com o Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Avançados de Saúde, de Salvador (BA).
O SENAI também está oferecendo, gratuitamente, durante os próximos 90 dias, milhares de vagas para cursos de aperfeiçoamento de temas ligados à chamada “Indústria 4.0”, como Blockchain, Lean Manufacturing e Building Information Modeling (BIM). Até 31 de março, foram realizadas 309.013 matrículas gratuitas nos cursos ofertados. Federações Estaduais da Indústria e diversas empresas também têm desenvolvido ações, como a fabricação de ventiladores pulmonares e a doação de equipamentos de proteção profissionais de saúde e cestas básicas, entre outros produtos essenciais.
BR POLÍTICO - Qual o volume dessa produção?
ROBSON BRAGA DE ANDRADE - Não é possível, neste momento, fazer esse dimensionamento, porque as diversas ações têm sido empreendidas, de forma autônoma, pelas Federações as Indústrias e por centenas de empresas e unidades do Serviço Social da Indústria (SESI) e do SENAI localizadas nas 27 unidades da Federação.
BR POLÍTICO - Qual setor industrial foi mais afetado negativamente pela pandemia? Quais insumos têm faltado mais à indústria?
ROBSON BRAGA DE ANDRADE - Com base em pesquisa divulgada no final de março pela CNI e, também, em consulta que fizemos junto a diversas empresas no início de abril, pode-se afirmar que os setores mais afetados negativamente são os produtores de bens de consumo duráveis, em especial vestuário, calçados, eletroeletrônicos e automotivo. A pesquisa, revelou uma queda na demanda por produtos e serviços para 79% das empresas, sendo que 53% relatam queda intensa. Já a consulta empresarial realizada agora em abril revelou que em cada 10 empresas 4 estavam com a produção paralisada e outras quatro, ainda que em operação, tiveram queda na produção. O setor de construção civil, que é um dos que mais geram empregos no país, também está sendo muito afetado negativamente.
BR POLÍTICO - Por outro lado, qual setor industrial tem mais produzido durante essa pandemia?
ROBSON BRAGA DE ANDRADE - Pesquisa da CNI, divulgada no final de março, revelou que cerca de 5% das empresas registraram aumento da demanda e 2%, aumento intenso. Não temos ainda um levantamento atualizado, mas, com base em informações preliminares, podemos afirmar que os setores de alimentos, farmacêutico e de material de limpeza e higiene pessoal são os menos afetados negativamente, podendo até registrar um aumento em suas respectivas atividades.
BR POLÍTICO - A pandemia causou uma queda na demanda por produtos e serviços para 79% das empresas. Qual é o volume dessa queda no faturamento? Quantos trabalhadores já foram demitidos em março e início deste abril?
ROBSON BRAGA DE Não é possível, ainda, dimensionar qual foi, até agora, a queda geral no faturamento das empresas. O indicativo que temos, por enquanto, é a pesquisa realizada pela CNI e divulgada em março, junto a cerca de 800 empresas, segundo a qual, a queda no faturamento é o principal impacto da pandemia do novo coronavírus, apontada como um dos três principais por 70% das empresas industriais consultadas. Em segundo lugar, vem o cancelamento de pedidos e encomendas, escolhido por 49%, seguido por queda na produção, com 33%, e paralisação da produção, com 30%.
Também não temos ainda dados consolidados sobre as dispensas de trabalhadores neste período. O que podemos dizer é que as empresas industriais estão fazendo um esforço hercúleo no sentido de preservar os empregos. As recentes medidas anunciadas pelo governo, muitas delas em atendimento às propostas que apresentamos, como a redução proporcional de jornadas e salários, ajudarão muito neste processo.
BR POLÍTICO - Podemos dar uma proporção de empregos salvos, então, com essas medidas e as demais defendidas pela CNI?
ROBSON BRAGA DE ANDRADE - Essa informação ainda não está disponível. O que podemos dizer é que a possibilidade de as empresas poderem reduzir salários, proporcionalmente à diminuição da jornada de trabalho certamente contribuirá para que o contingente de desempregados venha a ser bem menor. Entretanto, se o isolamento social durar muitos meses ainda, o desemprego poderá aumentar, pela falta de capacidade de produção das empresas e, consequentemente, pela não geração de caixa, podendo obrigar a várias delas a fazer muitas dispensas de trabalhadores.
A Febraban informa que os pedidos de renegociação de empréstimos de 2 milhões de clientes aos bancos chegam a R$ 200 bilhões, mas não informa o valor já negociado. No entanto, há queixas de que os bancos têm elevado o custo das transações. Qual é a dimensão desse cenário para a indústria?
A CNI, juntamente com as associações setoriais a indústria, tem feito uma série de sugestões ao governo, que objetivam mitigar essa questão. O Banco Central adotou algumas medidas para aumentar a liquidez, ou seja, a disponibilidade de recursos para o sistema financeiro. No entanto, o elevado risco de falência das empresas fez com que os agentes financeiros reduzissem a oferta e/ou aumentassem o custo do crédito. Como já está ocorrendo nos países desenvolvidos, uma das saídas é o empréstimo direto do Banco Central às empresas, que é objeto de um projeto que tramita no Senado. A criação de novos fundos de garantia e a ampliações dos existentes são outras medidas fundamentais para reduzir os riscos do emprestador e, consequentemente, aumentar o volume de empréstimos. Neste momento, estamos trabalhando na construção de propostas para facilitar a chegada dos recursos do BNDES às empresas. Embora disponíveis, os recursos não estão sendo liberados com o volume e a rapidez desejáveis.
BR POLÍTICO - Como avalia o contexto em que as pessoas são estimuladas a sair de casa enquanto a indústria vê sua produção reduzida?
ROBSON BRAGA DE ANDRADE - Nós, da indústria, consideramos que a prioridade máxima, neste momento, devem ser as ações para preservar vidas, seguindo as diretrizes do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde com relação à covid-19. A CNI entende que as autoridades públicas estão fortemente engajadas no processo de contenção da escalada de crescimento do número de pessoas infectadas pelo coronavírus em todo o país.
Mas é igualmente fundamental que comecemos, desde já, a planejar e desenvolver estratégias para que, no momento em que as autoridades sanitárias considerar mais adequado, ocorra uma retomada gradual e segura das atividades produtivas. Na última semana, apresentamos a autoridades do Executivo, do Legislativo e do Judiciário um conjunto de propostas nesse sentido. A sugestão é que, durante o período de retomada gradual das atividades industriais, sejam realizados testes rápidos para detecção do novo coronavírus nos trabalhadores a cada 15 dias. A operação seria escalonada, aumentando a cada mês, até que os 9,4 milhões de trabalhadores da indústria retomem as suas atividades.
Nossa proposta tomou como base estudo do Imperial College of London, que analisou a experiência bem-sucedida da Coreia do Sul e da Alemanha no combate à pandemia do novo coronavírus. Esse tipo de estratégia prevê um isolamento social inicial amplo, necessário para diminuir drasticamente a taxa de contaminação do vírus.
O retorno ao trabalho, no momento em que o número de casos se estabilize ou mesmo diminua, com a consequente redução da pressão sobre o sistema nacional de saúde, ocorreria de forma gradual e segura e responsável, para que o coronavírus não se propague novamente de forma acelerada. A previsão é que a operação dure, pelo menos, seis meses após o fim do isolamento social amplo ou até que a pandemia da covid-19 esteja sob controle. A estratégia é complexa, mas possível de ser realizada, além de necessária para que o retorno ao trabalho ocorra de forma responsável.
BR POLÍTICO - Se o retorno for estimulado sem essas condições, que é o que ocorre no momento, a demanda pode comprometer a oferta?
ROBSON BRAGA DE ANDRADE - Obviamente, se não houver produção, a oferta de produtos e serviços ficará comprometida e a maioria dos segmentos da indústria serão afetados, uns mais e outros menos.
BR POLÍTICO - A MP 932 cortou pela metade o dinheiro do Sistema S. Qual é o impacto econômico absoluto dela para o coletivo desses 50%? Qual proposta pretendem lançar para compensar a perda?
ROBSON BRAGA DE ANDRADE - Primeiramente é importante destacar que a MP 932 prevê que a redução das contribuições das entidades que integram o Sistema S é provisória e ocorrerá durante três meses. O impacto da medida, neste período, é estimado em R$ 1 bilhão apenas para o Sistema Indústria – que é composto por CNI, SESI, SENAI , IEL e Federações Estaduais da Indústria. A exemplo do que as empresas estão fazendo, amparadas pela MP 936, essas entidades também estão reduzindo salários de seus colaboradores proporcionalmente à jornada de trabalho. Além disso, estão racionalizando ao máximo os seus gastos.
BR POLÍTICO - Quais são as cifras da demanda por linhas de crédito do BNDES oferecidas ao setor industrial?
ROBSON BRAGA DE ANDRADE - Não temos essa informação.
BR POLÍTICO - Qual é o balanço que a CNI faz hoje das 37 propostas enviadas ao governo em 19 de março? Qual é o gargalo? Poderia citar exemplos de cada uma das áreas de tributação, política monetária, financiamento e legislação trabalhista?
ROBSON BRAGA DE ANDRADE - A princípio, a avaliação é positiva, mas ainda precisaremos avaliar o real impacto das medidas sobre a economia. Conforme já disse, a grande maioria das sugestões da CNI foram atendidas e outras ainda estão em andamento. A questão agora é calibrar a intensidade de cada uma delas e garantir que sejam efetivas. Mas, em termos de efetividade, ainda faltam ações, em especial na disponibilidade de garantias para que as empresas tenham acesso aos novos recursos disponíveis para financiamento.
O adiamento do pagamento de tributos federais (PIS/Cofins, Contribuição Previdenciária e Simples Nacional) e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e as medidas na área trabalhista vão representar a redução de custos ou maior liquidez das empresas em cerca de R$ 180 bilhões. Na nossa avaliação, essas duas medidas estão entre as mais importantes para manter as empresas de portas abertas no pós-crise.
A maior oferta de crédito e a redução dos custos de financiamento são outras ações fundamentais para que as empresas consigam atravessar o período de baixa atividade econômica, provocada pelas ações de combate à pandemia.
Chamo atenção para três ações que, na visão da indústria, fariam a diferença na obtenção de capital de giro para as empresas que terão o faturamento drasticamente reduzido. São elas: a suspensão dos pagamentos de financiamentos com bancos públicos; a criação de linha de financiamento emergencial para pagar dois meses de folha de pessoal; e o aumento dos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para crédito as micro e pequenas.
BR POLÍTICO - Qual é a expectativa da CNI com relação à lei aprovada no Congresso que muda os julgamentos do CARF, dizendo que em caso de empate, a decisão será automaticamente favorável aos contribuintes? Atualmente, o voto decisivo pertence à presidência do colegiado, o chamado ‘voto de qualidade’.
ROBSON BRAGA DE ANDRADE - A CNI é totalmente favorável à Lei aprovada. A alteração estabelecida pela MP 899 determina que, em caso de empate, o voto minerva deixa de ser dado por um representante do fisco, tal como é feito hoje. Nos últimos 20 anos, apenas em 7% dos casos ocorre um empate. Nesses eventos, voto de minerva dado pelo representante da Fazenda dá vitória ao fisco em 60% dos casos e, nos outros, 40% para os contribuintes. É importante observar ainda que não ocorre nesse julgamento o que podemos chamar de “jogo de turma”, ou seja, representantes do fisco votando em favor do fisco e representantes dos contribuintes votando em favor dos contribuintes. Ainda que não tenhamos apoiada medida no Congresso, acreditamos que o fim do voto minerva operacionaliza o princípio que em dúvida pro réu. Não verificamos nenhum risco à estabilidade ou à confiabilidade do CARF como um centro de resolução de disputas administrativas sobre tributação.
BR POLÍTICO - O Índice de Confiança da Indústria da FGV caiu 3,9 pontos em março, para 97,5 pontos, recuando em 14 dos 19 segmentos pesquisados. Qual é a tendência para os próximos meses?
ROBSON BRAGA DE ANDRADE - O Índice de Confiança do Empresário Industrial, elaborado pela CNI, caiu 4,4 pontos em março, na comparação com fevereiro, para 60,3 pontos. A queda observada é a maior desde junho de 2018, quando o ICEI caiu 5,8 pontos em decorrência da paralisação dos caminhoneiros. A perspectiva é que a confiança do empresário deve ter caído ainda mais em abril.
BR POLÍTICO - Como as projeções de retração da economia chinesa, caso confirmado, pode impactar a indústria brasileira?
ROBSON BRAGA DE ANDRADE - Nossas exportações foram afetadas com o auge da crise do coronavírus na China. Por ser a China nosso maior destino de exportações, as quedas nas vendas para aquele país podem ser recordes, embora os preços das commodities estejam se mantendo. Entretanto, nunca vimos uma projeção de PIB da China tão baixo. A previsão anterior de crescimento de 6% deve, na melhor das hipóteses, cair para algo em torno de 1%. É muito significativo. Além da preocupação com o comércio exterior com a China, o Brasil também tem de se preocupar com as exportações para a América Latina, Estados Unidos e, também, para a Europa, onde a participação de nossa exportação de manufaturados é maior.
A recessão europeia que se avizinha, certamente também deverá reduzir drasticamente nossas exportações para aquele continente. Por essas e outras, mais do que nunca, é fundamental que, assim que possível, o Executivo e o Legislativo cheguem a um consenso para aprovar as reformas estruturais indispensáveis para que o Brasil volte a trilhar o caminho do desenvolvimento econômico e social. Um caminho que ficou ainda mais difícil com a eclosão da pandemia da covid-19.
Entrevista ao blog BR Político, do portal do jornal O Estado de São Paulo.
| CNI (publicado em 13-04-2020) | | | | Paralisação atinge quase todas as 65 fábricas do país; algumas só retornarão em junho
As paradas de produção geradas pela pandemia do novo coronavírus deixam cerca de 370 mil funcionários de linhas de produção em casa. São trabalhadores de montadoras e das fornecedoras de autopeças, empresas que estão paradas desde a última semana de março.
De acordo com a Bright Consulting, consultoria focada no setor automotivo, o prejuízo gerado na indústria automotiva brasileira pela crise causada pela pandemia do novo coronavírus deve chegar a R$ 42 bilhões em 2020.
As previsões de retorno à produção têm sido revistas. A Toyota anunciou nesta segunda (13) que as quatro fábricas localizadas no estado de São Paulo só devem retomar as atividades fabris no fim de junho, entre os dias 22 e 24. Funcionários de áreas administrativas seguem trabalhando em home office.
Por meio de comunicado, a montadora de origem japonesa diz que, para preservar os empregos, negociou mudanças temporárias em contratos de trabalho, com pequenas reduções de salários em alguns casos. A estratégia é semelhante à adotada pela General Motors, que também se vale de banco de horas, férias coletivas e planos de redução de custos para contornar a crise.
Todas as fábricas da GM no Brasil estão com produção paralisada e devem permanecer assim pelos próximos dois meses, a depender da evolução da pandemia no país. O programa de layoff (suspensão temporária e parcial do contrato de trabalho) da montadora prevê reduções salariais de 5% a 25%, a depender do cargo e da renda do trabalhador.
A Renault, que emprega 7.500 funcionários no complexo de São José dos Pinhais (PR), prorrogou o período de paralisação para 3 de maio. Na unidade da Ford em Camaçari, a volta está prevista para 30 de abril. Todas as datas estão sujeitas a alterações.
O volume de trabalhadores em casa impressiona. Em agosto de 2016, ano em que a produção de veículos caiu 11,2% em relação a 2015, fábricas localizadas em São Paulo e em Minas Gerais deram férias coletivas ou licença remunerada para 22 mil funcionários ao mesmo tempo, o que então era considerado um assombro. O país se aproximava dos 12 milhões de desempregados naquela época.
Em 1979, no auge dos períodos de greve de metalúrgicos registrados entre 1978 e 1980, cerca de 180 mil trabalhadores ficaram parados por duas semanas na região do ABC (Grande São Paulo).
Hoje, as empresas evitam falar em demissões. A Caoa Chery, que havia previsto o corte de 50 funcionários em Jacareí (interior de São Paulo), voltou atrás e, após negociar com o sindicato de sua região, optou pelo layoff.
As empresas correm atrás de liquidez para manter a saúde financeira. “Acho que essa não é a pior crise só da indústria, é uma das piores crises do mundo”, diz Pablo Di Si, presidente da Volkswagen na América do Sul.
Segundo o executivo, o cenário é de sobrevivência e não permite fazer projeções para o segundo semestre. Ele calcula que o prejuízo causado pela pandemia do novo coronavírus no Brasil deverá equivaler ao valor empregado em três anos de investimento.
O ciclo atual de aportes da montadora, que começou em 2016 e deveria terminar neste ano, prevê R$ 7 bilhões para o Brasil.
“Precisamos olhar o curtíssimo prazo, o problema da liquidez do sistema. Os bancos vão precisar emprestar dinheiro”, diz o presidente da Volks.
Pablo afirma que há bom diálogo com o governo, em reuniões frequentes mediadas pela Anfavea. “Fico mais tranquilo ao ver que existe um claro entendimento de como a indústria funciona”, diz o presidente da Volkswagen.
Mesmo que as montadoras retomem a produção ainda no primeiro semestre, o ritmo levará algum tempo para ser retomado.
“A venda não ocorre de forma imediata no mercado e, neste contexto, os altos estoques impactarão na retomada da produção”, diz Milad Kalume, gerente de desenvolvimento da consultoria Jato. “O desemprego e confiança do consumidor impactarão diretamente a retomada das vendas, o cenário não é dos melhores”.
Milad lembra também que a produção brasileira destinada à exportação depende de mercados sulamericanos, que estão sendo igualmente impactos pela crise.
| Folha de S.Paulo | | | | O Ministério Público do Trabalho no Paraná (MPT-PR) registrou até segunda (13) 530 denúncias de irregularidades trabalhistas relacionadas exclusivamente à Covid-19, ou seja são pelo menos 12 por dia De acordo com levantamento realizado pelo Ministério Público do Trabalho, o estado está em sexto lugar entre as 24 unidades regionais do MPT em número de notificações. Em todo o Brasil, foram registradas mais de 7.565 irregularidades desde o início da pandemia.
Em entrevista ao Bem Paraná Margaret Matos de Carvalho, procuradora-chefe do MPT-PR, dusse que o órgão já estava preparado para a alta da demanda. “Sim, a gente esperava esse aumento não só em relação à flexibilização das leis de trabalho durante a pandemia, mas principalmente em relação ao meio-ambiente de trabalho. São denúncias sobre a falta de equipamentos de proteção individual, a falta de medidas de segurança ao trabalhador dos mais diversos setores”, explicou ela.
Segundo ela, no início da propagação do vírus, o maior número de denúncias no Paraná era relacionado a empresas de call center, em função do grande número de pessoas empregadas em um mesmo espaço físico. Agora, as denúncias são generalizadas – embora ainda com grande número de irregularidades em empresas de telemarketing – e atingem os mais variados setores, como hospitais, clínicas, lojas e também o serviço público.
“Além da segurança, os trabalhadores, de setores essenciais ou não, público ou privado, querem saber se podem fazer trabalho remoto ou tele trabalho, por considerarem mais seguro, como de fato é”, explica Margaret. De acordo com a procuradora, a maioria das denúncias ainda é do setor privado, que é regido da CLT, mas relação ao setor público, grande parte das denúncias são em relação ao não afastamento de servidores de grupos de risco e falta de equipamentos de segurança e até disponibilização de álcool gel nos locais de trabalho.
Tramitação mais rápida em tempos de coronavírus
Por determinação do Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho, o tempo máximo de uma investigação é de três anos, mas segundo Margareth, nos processos relativos ao Covid-19, a tramitação tem sido bem mais rápida:
“Assim que é instalado, o processo é distribuído para um procurador de primeiro grau, que já toma medidas, uma delas é normalmente é ouvir a parte denunciada para que ela se defenda. Em seguida, o Ministério Público propõe uma adequação de conduta, caso seja necessário. Se a empresa assina, o MPT fiscaliza e se estiver tudo certo, o processo é arquivado. Se a empresa não quiser fazer acordo, o processo então vira uma ação civil pública que segue para a Justiça do Trabalho”.
Como fazer denúncias
As denúncias podem ser feitas preferencialmente pelo formulário online disponível em http://prt9.mpt.mp.br/servicos/denuncias
| Tribuna PR (publicado em 13-04-2020) | | | | Setor teme que a redução do preço da gasolina e queda nas vendas provoque quebradeira
O governo estuda reduzir impostos e conceder crédito para ajudar produtores de etanol a enfrentarem a crise gerada pela pandemia do coronavírus. O setor diz temer que a redução do preço da gasolina e a queda nas vendas provoque quebradeira generalizada.
Ainda não há dados fechados sobre a queda nas vendas, mas a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) diz que o movimento começou há algumas semanas, com os sucessivos cortes no preço da gasolina, que minaram a competitividade do etanol.
Há duas semanas, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), abastecer com etanol só era vantajoso em São Paulo e Goiás —a conta considera que etanol só é eficiente se custar até 70% do preço da gasolina.
“A produção de petróleo deu uma encalhada, a cotação foi lá embaixo e [a gasolina] está muito melhor”, diz o gerente de inovação Celso Santi, 31, morador de Maringá (PR).
“Eu gostaria que o governo tivesse uma ação para o etanol acompanhar e também ficar mais barato.”
Na semana passada, segundo a ANP, o preço médio do etanol caiu 5% nas bombas (a gasolina caiu 2,5%), e Mato Grosso entrou na lista dos estados onde o biocombustível é mais vantajoso. Na média nacional, o preço do etanol equivale a 68% do da gasolina.
O diretor técnico da Unica, Antônio Pádua, diz que as usinas já perceberam queda nas vendas em março. Ele espera que os preços retomem a competitividade nas próximas semanas, com o repasse aos postos da queda nas usinas —que soma 28% desde a segunda semana de março.
O ganho, porém, se dará sobre um mercado muito menor. “Agora, na primeira quinzena de abril é que o consumo vai apresentar queda significativa”, afirma. A crise, diz, pega ao menos 30% das empresas com elevado endividamento.
O mercado entende que a isenção temporária da cobrança de PIS/Cofins sobre o produto já é consenso no governo. A alíquota atual é de R$ 0,24 por litro (R$ 0,13 cobrados dos produtores e R$ 0,11 dos distribuidores).
O Ministério da Agricultura diz que detalhes ainda estão sendo discutidos com o Ministério da Economia. As duas partes também avaliam uma linha de crédito para financiar estoques e reduzir o prejuízo do consumidor enquanto o consumo não retoma.
O setor pede ainda aumento da Cide na gasolina, hoje em R$ 0,10 por litro. A medida estaria sendo avaliada pelo Ministério de Minas e Energia, que não respondeu ao pedido de informações sobre o tema.
No início de março, o presidente Jair Bolsonaro se mostrou contrário à elevação da carga tributária sobre o combustível, então proposta pela pasta para formar um colchão e diluir o repasse da volatilidade internacional das cotações do petróleo para as bombas.
“Agora estamos em situação de guerra”, defende Pádua, citando que o setor gera mais de 75 mil empregos diretos.
A redução na demanda por combustíveis abriu discussões também sobre o Renovabio, criado em 2016 para financiar a expansão de biocombustíveis. Distribuidoras pedem o adiamento do início do programa, previsto para 2020.
O Renovabio determina que vendedores de derivados de petróleo comprem dos produtores de biocombustíveis certificados de descarbonização em volume equivalente ao montante de combustíveis que comercializam.
A ideia é penalizar o comércio de combustíveis mais poluentes. As empresas do setor alegam, porém, que as metas individuais de compra de certificados foram calculadas com base no consumo de 2019.
Presidente da distribuidora Rodoil, Roberto Tonietto diz que suas vendas de gasolina caíram 70% e as de diesel, 30%. A empresa tem uma rede de 400 postos e abastece outros 2.000 de bandeira branca.
“É algo que vou ter que passar para o preço, não tem como arcar com isso”, diz. Segundo ele, além da queda de consumo, não há sinais de qual seria o preço dos certificados.
“A gente não sabe se já chegou no pico [da pandemia], quando vai normalizar.”
A Unica é contrária ao adiamento do programa, mas diz que o governo pode calibrar as metas. A pasta de Minas e Energia não respondeu.
| Folha de S.Paulo | | | | Fundo prevê retração de 3% do PIB mundial este ano e recuperação ainda parcial em 2021
O avanço vertiginoso da pandemia do coronavírus fez com que o FMI (Fundo Monetário Internacional) projetasse um cenário econômico sombrio para este ano em todo o mundo.
Segundo relatório divulgado nesta terça-feira (14), a economia global vai sofrer retração de 3% em 2020, a maior desde a crise de 29, e a recuperação deve aparecer somente no ano que vem, ainda de forma parcial e bastante incerta.
No fim de 2019, a projeção do Fundo para o crescimento da economia mundial em 2020 era de 3,4%, ou seja, o tombo de mais de 6% é muito maior do que o registrado na crise financeira de 2008, por exemplo.
"É muito provável que este ano a economia global experimente sua pior recessão desde a Grande Depressão, superando a vista durante a crise financeira de dez anos atrás", diz o documento assinado por Gita Gopinath, economista-chefe do FMI.
"A 'Grande Paralisação' [Great Lockdown], podemos chamá-la, é projetada para encolher dramaticamente o crescimento global", completa o texto que equipara a magnitude da crise deste ano somente com a vivida na depressão que assolou o mundo na década de 1930.
Em seu Panorama da Economia Mundial, o Fundo traça um paralelo entre a pandemia e uma guerra ou crise política, e diz que ainda existe uma "severa incerteza" sobre a duração e a intensidade do choque que esse surto vai provocar.
Com as ponderações à mesa, o FMI afirma que é possível esperar a retomada no crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) mundial na casa dos 5,8% no ano que vem, mas que isso vai depender da implementação de medidas e políticas públicas em cada país.
Os danos econômicos vão atingir de economias ricas a países emergentes e em desenvolvimento, como o Brasil, mas estes serão os mais prejudicados.
Segundo o FMI, a economia brasileira deve ter queda de 5,3% em 2020, com crescimento previsto em 2,9% no ano que vem. Neste domingo (12), o Banco Mundial já havia divulgado projeções para uma baixa brusca do PIB do Brasil, na casa de 5%.
No relatório mais recente do FMI —em outubro de 2019, ainda antes da pandemia—, a previsão era de que a economia brasileira crescesse 2% em 2020. Se comparado a essa última expectativa, o tombo é de 7,3%.
Já a previsão para as economias desenvolvidas deve ser de queda de 6,1%, com recuperação prevista em torno de 4,5% no ano que vem.
Entre as duas maiores economias do mundo, EUA e China, o tamanho da queda será de grandes proporções e também seguem as dúvidas quanto à eficiência na recuperação de cada país.
Nas projeções do fim de 2019, o FMI esperava que os EUA crescessem 2,1% em 2020, enquanto a China chegasse a 5,8%.
Atuais líderes em casos confirmados e mortes por Covid-19, os EUA devem ter retração de 5,9% do PIB e voltarem a crescer no ano que vem na casa dos 4,7%.
Na origem da pandemia, os chineses ainda devem experimentar um crescimento positivo, de 1,2%, após terem alcançado cerca de 6% em 2019. A recuperação deve ser de 9,2% em 2020, segundo o FMI.
Uma das apostas do Fundo para a retomada da economia global após a crise de 2018, a Zona do Euro deve cair 7,5% e voltar com 4,7% em 2021.
A avaliação é que as características dessa crise não são iguais às de nenhuma outra e que, portanto, a reação também não deve ser a habitual, de incentivo a atividades de estímulo econômico, por exemplo.
Dessa vez, diz o Fundo, esse tipo de política é inclusive indesejável em alguns setores por causa das restrições e regras de distanciamento social impostas em diversos países.
Frente ao debate que tem oposto regras de isolamento e retomada econômica, o FMI lança um roteiro objetivo de enfrentamento à crise, com uma fase de contenção e estabilização e outra, de recuperação.
Nas duas etapas, saúde pública e economia têm papeis cruciais a desempenhar e as medidas de distanciamento "são fundamentais para preparar o terreno para a recuperação econômica", diz o órgão.
As projeções do FMI apontam à recuperação parcial no ano que vem considerando que a pandemia arrefeça no segundo semestre de 2020 e que os países consigam normalizar suas economias justamente com o suporte dessas políticas em diversas frentes.
O Fundo alerta, porém, que a recuperação mundial de 5,8% pode acontecer depois de uma queda brusca da atividade econômica, mas os números podem não chegar a tanto e o crescimento do PIB da maior parte dos países ainda vai permanecer abaixo dos níveis pré-pandemia.
Para que os países alcancem melhores resultados, dizem os economistas do FMI, a chave será a colaboração multilateral, e não só compartilhamentos de recursos médicos e conhecimento para o desenvolvimento de tratamentos e vacinas.
"A comunidade internacional também precisará intensificar a assistência financeira a muitos mercados emergentes e economias em desenvolvimento. Para aqueles enfrentando grandes pagamentos de dívidas, moratória e reestruturação podem precisar ser consideradas."
O Fundo afirma que é preciso aumentar as despesas de saúde para fortalecer a capacidade de resposta ao vírus e reduzir o contágio, além de desenvolver políticas econômicas que amorteçam o impacto do declínio das atividades e de uma desaceleração geral, que já é inevitável.
Facilidades de estímulo e liquidez, via bancos centrais, também podem contribuir, num movimento admitido pelo FMI de maior envolvimento do governo e dos bancos centrais na economia neste momento.
Exemplo claro desse tipo de atuação são os EUA. Em campanha à reeleição, o presidente Donald Trump teme que as consequências econômicas da pandemia atinjam seus planos de ser reconduzido à Casa Branca —mais de 16 milhões de americanos pediram acesso ao seguro-desemprego nas últimas três semanas e 73% dizem que a crise já diminuiu sua renda.
O presidente americano já anunciou o maior pacote de emergência fiscal da história dos EUA: US$ 2,2 trilhões que, entre outras medidas, conta com pagamento direto de dinheiro aos cidadão americanos, e estuda outros formas de estímulo no país.
As medidas de distanciamento social e bloqueios mais restritos na maioria dos países do mundo provocaram uma onda inicial de demissões e queda na produção cujo impacto e continuidade já foram observados pelos analistas.
No relatório do FMI, há a indicação de que o comércio entre os países, por exemplo, deve cair 11% este ano. Em 2020, voltaria a crescer 8,4%.
A atividade industrial e o preço das commodities também têm despencado —a primeira deve cair de maneira acentuada, em 10,2%, e voltar a crescer em 2021, em torno de 4,2%.
Apesar das projeções, o FMI prefere não ser taxativo sobre o alcance dos danos econômicos da crise. Ou seja, o quadro pode ser pior.
| Folha de S.Paulo | | | | Em reunião virtual nesta segunda (13), Fiesp decidiu coordenar o trabalho
Regresso No fim da reunião virtual do conselho de empresários Diálogo pelo Brasil, na Fiesp, nesta segunda-feira (13), ficou combinado que a entidade vai centralizar a elaboração de um protocolo das medidas de segurança que as companhias adotarão após o retorno à normalidade.
Lupa A ideia é levantar práticas já adotadas na experiência internacional, entre países que foram atingidos pela pandemia antes do Brasil.
Quem dá mais Nos últimos dias, empresários que doaram para o combate ao coronavírus vinham fazendo comparações entre os calibres das iniciativas anunciadas por seus pares, considerando que algumas delas estão incompatíveis com as fortunas dos doadores. Mas após o Itaú anunciar que destinará R$ 1 bilhão para a causa, o assuntou acabou.
| Folha de S.Paulo | | | | A plataforma, disponível no site www.coronavirus.pr.gov.br e no aplicativo Telemedicina Paraná, ajuda a desafogar as unidades de saúde, evita aglomerações e deslocamentos, protege os profissionais de saúde e possibilita que o cidadão possa ser consultado diretamente de sua casa
O governador Carlos Massa Ratinho Junior lançou nesta segunda-feira (13) o Telemedicina Paraná, um serviço de atendimento de saúde online, que vai auxiliar nas medidas de enfrentamento à Covid-19. Além de agilizar o atendimento à população, a plataforma ajuda a desafogar as unidades de saúde, evita aglomerações e deslocamentos, protege os profissionais de saúde e possibilita que o cidadão possa ser consultado diretamente de sua casa.
O serviço pode ser acessado de qualquer localidade paranaense, por este site ou pelo aplicativo Telemedicina Paraná, disponível para os sistemas Androide iOS. O objetivo é contribuir com a proteção dos profissionais de saúde e com o Distanciamento Social Ampliado (DSA), em conformidade com as recomendações das autoridades sanitárias do Sistema Único de Saúde (SUS).
“É mais uma ferramenta inovadora, que vai ajudar a desafogar o sistema de saúde e permite que o Governo do Estado torne a medicina mais próxima do cidadão”, afirmou o governador. “Muitas vezes a pessoa tem algum sintoma e não pode se deslocar até um médico. Com esta ferramenta, ela pode ser atendida por estudantes de enfermagem e medicina que já conhecem o comportamento do coronavírus. Caso precise, eles podem encaminhar o paciente para um médico voluntário”, explicou.
A solução tecnológica foi desenvolvida pela Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar), a partir de uma demanda da Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. A iniciativa conta ainda com o apoio da Secretaria de Estado da Saúde e dos conselhos regionais de Medicina (CRM-PR) e de Psicologia do Paraná (CRP-PR).
INOVAÇÃO – Para o superintendente de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná, Aldo Nelson Bona, a telemedicina reduz as distâncias e conecta pacientes aos especialistas. “É um aparato inovador e tecnológico, que contribui para a resolução de demandas comuns no campo da saúde, como a carência de especialistas e o esclarecimento de dúvidas”, afirmou.
De acordo com João Guilherme Moraes, médico e conselheiro do Conselho Regional de Medicina (CRM-PR), 120 médicos já se cadastraram para atender voluntariamente pela plataforma. “Muitos médicos estão em casa, por não poderem trabalhar ou porque sua especialidade não exige emergência, e gostariam de contribuir de alguma forma com o enfrentamento à pandemia”, disse. “A telemedicina facilita muito para que o paciente não tenha que se locomover, diminuindo a procura direta nos serviços de saúde e desafogando o trabalho daqueles médicos que estão na linha de frente”.
COMO FUNCIONA – Após o cadastro no aplicativo ou no site, o paciente deve preencher um formulário sobre sua condição de saúde. O sistema fará uma triagem inicial por meio da Inteligência Artificial. Se o paciente não for identificado com possíveis sintomas de coronavírus, receberá orientações de como se prevenir.
Se for identificado com algum sintoma, será encaminhado para nova triagem com profissionais da saúde, com atendimento online via WhatsApp. Se os sintomas não forem de Covid-19, ele receberá novas orientações. Caso haja a possibilidade de ser a doença, ele será encaminhado ao atendimento com um médico por vídeo, chat ou áudio.
Na consulta online, o médico dará o diagnóstico, inclusive com possibilidade de encaminhamento para atendimento presencial na unidade de saúde mais próxima do paciente. O médico também pode prescrever medicamentos e emitir atestados.
O presidente da Celepar, Leandro Moura, explicou que toda a plataforma de telemedicina foi criada pela empresa, incluindo o site, aplicativo e os sistemas para os bolsistas fazerem a triagem e os médicos o atendimento remoto, permitindo inclusive a emissão de receita ou atestado. “A plataforma protege o médico e evita as filas nas unidades de saúde, agilizando o atendimento e preservando a população de uma possível exposição ao coronavírus”, ressaltou.
ATENDIMENTO – No última quinta-feira (9), a instrumentadora cirúrgica Simone Amaral Kaminski, de 39 anos, apresentou alguns sintomas da Covid-19 e encontrou o aplicativo do Governo do Estado, que estava em fase de testes. “Respondi algumas perguntas, passei por uma triagem e, devido aos sintomas, me passaram para a teleconsulta com uma médica”, conta.
“A Dra. Camila tirou minhas dúvidas e me encaminhou para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), devido ao quadro de sintomas. Ela foi muito atenciosa, fui muito bem atendida”, diz Simone, afirmando que o acompanhamento continuou na sequência, via Whatsapp.
Como acordou melhor no dia seguinte, a instrumentadora preferiu aguardar em casa. “Caso tivesse alguma piora, iria procurar a UPA com o relatório do teleatendimento que recebi. Hoje estou melhor, sem sintomas, mas em isolamento”, completa.
EXTENSÃO – O novo serviço foi idealizado como parte integrante da Ação de Extensão Contra o Novo Coronavírus (Chamada Pública 09/20). A iniciativa conta com bolsistas das Instituições Estaduais de Ensino Superior (IEES) do Paraná, que desenvolvem projetos voltados a ações de prevenção, cuidados e combate à pandemia.
Além dos estudantes bolsistas, que atuam no atendimento intermediário dos cidadãos, médicos e psicólogos trabalharão voluntariamente no atendimento final dos pacientes.
“Alunos dos últimos anos dos cursos de enfermagem e medicina das universidades estaduais e da UFPR farão a triagem na plataforma, que conecta o Estado todo, com a supervisão dos professores. É uma força-tarefa porque o desafio é imenso”, destaca Paulo Renato Parreira, coordenador de Ciência e Tecnologia da superintendência.
O que é a telemedicina
A telemedicina é um segmento da saúde que utiliza Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) na atenção médica a pacientes e outros profissionais da área, situados em locais diferentes, principalmente casos médicos em que a distância representa fator crítico na oferta de serviços de saúde. O serviço possibilita o suporte diagnóstico clínico de forma remota, permitindo a interpretação de exames e a emissão de laudos médicos a distância.
A especialidade está amparada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), por meio da Resolução CFM nº 1.643/2002, e desde a década de 1990, tem o reconhecimento da Organização Mundial da Saúde (OMS). A telemedicina é exercida por profissionais de saúde devidamente capacitados e habilitados, considerando as áreas de interesse. Desta forma, o responsável pela interpretação e produção de um laudo de telerradiologia, por exemplo, será sempre um Médico Radiologista.
| Agência Estadual de Notícias (publicado em 13-04-2020) | | | | Das 27 capitais do Brasil, 12 já entraram em cenário de emergência, devido ao número de contaminações pelo coronavírus sobre a população total de cada uma dessas capitais. Hoje, o cenário nacional aponta uma incidência média de 111 contaminações para cada 1 milhão de habitantes.
Em 12 capitais, porém, o volume de contaminações está acima dessa média. É o caso de Fortaleza (573), São Paulo (518), Manaus (482), Macapá (391), Florianópolis (345), Recife (339), São Luiz (302), Rio de Janeiro (297), Vitória (279), Porto Alegre (210), Brasília (204) e Boa Vista (175).
Em outras seis capitais, a situação é de "atenção": Curitiba (156), Natal (154), Rio Branco (147), Belo Horizonte (141), Salvador (126) e Belém (113).
As demais nove capitais têm incidência de casos abaixo da média nacional. É o caso de Cuiabá, João Pessoa, Goiânia, Campo Grande, Aracaju, Palmas, Porto Velho e Maceió.
Se for considerado o índice de mortalidade por coronavírus, cinco Estados (Amazonas, São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Ceará) estão acima da média nacional, que é de 6 óbitos para cada 1 milhão de habitantes. O Ministério da Saúde tem alertado para a necessidade de manutenção do isolamento social, principalmente nas cidades de situação mais críticas, como forma de evitar o colapso no sistema de saúde e garantir o atendimentos aos pacientes que precisem de apoio médico.
Outros dados de Curitiba- O novo boletim do coronavírus da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba confirma 34 novos casos na Capital. Agora o total é de 343 casos desde 11 de março, quando foi confirmado o primeiro caso na cidade. São seis óbitos confirmados até o momento. Até agora 110 pessoas precisaram de internamento. No momento, 62 permanecem internados e 26 necessitam de ventilação mecânica em UTIs. A cidade ainda tem 127 casos suspeitos em investigação, 107 pacientes recuperados e 842 descartados.
| Bem Paraná ( publicado em 13-04-2020) | | | | O encontro virtual foi pautado por questões econômicas e pela necessidade de apoio ao projeto que pede o ressarcimento. ICMS e IPVA representam 78% da receita corrente líquida do Paraná.
O governador Carlos Massa Ratinho Junior participou nesta segunda-feira (13) de uma videoconferência com os três senadores que representam o Estado no Congresso Federal, Álvaro Dias, Flávio Arns e Oriovisto Guimarães.
O encontro foi pautado por questões econômicas e a necessidade de apoio ao projeto que pede o ressarcimento da União aos estados pelas perdas de arrecadação de ICMS e IPVA em razão da pandemia da Covid-19. Os dois tributos representam 78% da receita corrente líquida do Paraná.
Uma das propostas do governo federal é a manutenção dos repasses do Fundo de Participação dos Estados (FPE) no mesmo nível de 2019. No Paraná, no entanto, as transferências da União representam de 8% a 12% da receita, o que inviabiliza a reconquista das perdas acumuladas na crise decorrente do novo coronavírus.
O governador citou a necessidade de entendimento entre a bancada federal para que as contas públicas do Paraná fiquem no “zero a zero” neste ano. As perdas estimadas, a depender a evolução da crise, podem ultrapassar R$ 3 bilhões. “Há uma proposta para auxiliar os estados em cima do FPE, o que, em tese, atenderia todo mundo. Mas a manutenção do FPE para o Sul e Sudeste é medida ineficiente diante da dimensão financeira das nossas contas”, afirmou Ratinho Junior.
Segundo o secretário da Fazenda, Renê Garcia Junior, o ressarcimento é a única possibilidade de manutenção da ordem orçamentária. “O que estamos tentando desenhar junto com os secretários de Fazenda do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud) é uma proposta para que haja tratamento isonômico com estados do Norte e Nordeste no que diz respeito a garantias de receita. O que seria isso? A possibilidade de ressarcimento na base de ICMS perdida, que estaria na faixa de R$ 2,6 bilhões a R$ 3,1 bilhões para o nosso Estado”, disse.
“Queremos mostrar a relevância do Estado e ter tratamento similar. Não é uma aventura fiscal, mas a garantia de que o Paraná não vá ter uma crise estrutural com a passagem da pandemia. O Estado não pode emitir título ou moeda como o governo federal. O texto que o Cosud defende é repasses de R$ 95 bilhões a R$ 120 bilhões”, complementou o secretário.
BALANÇO – Renê Garcia fez um breve relato da situação fiscal do Estado. Ele disse que a chegada do novo coronavírus ao País e a necessidade de paralisação das atividades econômicas atingiram as principais fontes de arrecadação, que são, basicamente, combustível, energia elétrica e comunicações.
“A diminuição com base em análises das notas fiscais será de cerca de 75% em combustível em abril. Em energia elétrica, de 16% a 18%. No comércio, fora os supermercados e as farmácias, haverá queda brusca da atividade, o que impactará ainda mais a nossa situação”, afirmou.
O secretário destacou que a situação do Paraná não é diferente do ponto de vista estrutural do resto do Brasil, mas que decisões políticas podem trazer certa tranquilidade aos estados do Norte e Nordeste com a garantia de manutenção dos repasses do FPE, e intranquilidade aos estados do Sul e Sudeste, onde essa não é a maior fatia do bolo.
“Nesses estados, o FPE e as transferências da União representam de 65% a 70% da receita corrente líquida. No nosso caso é o inverso. Cerca de 78% da receita corrente líquida está associada ao ICMS e ao IPVA, e as transferências da União são de 8% a 12%”, afirmou Renê Garcia. “A nossa vulnerabilidade a uma crise é mais acentuada do que Norte e Nordeste e se iguala em tamanho a São Paulo por causa dessa diferença de arrecadação”.
Ele acrescentou que em 2019 o Paraná conseguiu fazer um ajuste nas contas públicas com redução de custos, o que levou a um superavit financeiro na casa dos R$ 2,6 bilhões. O cenário projetado para 2020 era favorável com a recuperação da economia brasileira e a abertura de empréstimos para financiamento de obras estruturantes.
A perspectiva total era de quase R$ 2 bilhões em empréstimos (R$ 1,6 bilhão de um consórcio de bancos e R$ 400 milhões através de um programa do Banco Interamericano de Desenvolvimento) para direcionar aos municípios para logística, infraestrutura, segurança e agricultura.
Segundo o secretário, o pedido de ressarcimento é uma garantia para a receita que será perdida. “Os estados não vão ficar melhor e nem pior com essa medida. Vamos terminar o ano com zero investimento, apenas para custeio e ainda assim teremos que adotar políticas mais rígidas na máquina pública. É economia de guerra. Não queremos quebrar o Estado e quebrar os municípios do Paraná. É uma medida protetiva”, arrematou.
OUTRAS MEDIDAS – O governador Ratinho Junior fez um balanço das ações de um mês desde que os primeiros casos do novo coronavírus foram detectados no Paraná e citou os pacotes econômico e social, a contratação de novos leitos de UTI e a liberação de crédito com a garantia da manutenção dos empregos.
Ele também encaminhou demandas aos senadores que precisam de intervenção direta em Brasília, como a necessidade de postergar o pagamento de precatórios até 2028 e de suspender o pagamento da dívida com a União por doze meses – o Paraná conseguiu no Supremo Tribunal Federal (STF) uma liminar favorável à suspensão por seis meses, com compromisso de aplicar esses recursos na Saúde.
O governador ainda pediu apoio aos senadores para que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) possa turbinar o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) com mais recursos para repassar crédito para as empresas paranaenses e apoio com a disponibilidade de recursos do Fundo Geral de Turismo (Fungetur) para investir no setor hoteleiro, nos restaurantes e em toda a cadeia de turismo atingida pela quebra da demanda.
PRESENÇAS – Participaram da reunião os secretários Guto Silva (Casa Civil), Beto Preto (Saúde) e João Debiasi (Comunicação e Cultura); o diretor-presidente da Fomento Paraná, Heraldo Neves; o diretor de operações do BRDE, Wilson Bley Lipski; e o deputado estadual Tião Medeiros.
| Agência Estadual de Notícias (publicado em 13-04-2020) | | | | Índices verdadeiros seriam até 12 vezes superiores ao divulgado pelo Ministério da Saúde e poderiam já estar beirando os 300 mil.
Os registros oficiais de Covid19 no Brasil representam apenas 8% do número real de casos, de acordo com projeção do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (Nois), da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), divulgados hoje. Os índices verdadeiros seriam até 12 vezes superiores ao divulgado pelo Ministério da Saúde e poderiam já estar beirando os 300 mil.
O percentual de notificações está ainda mais baixo do que a média nacional em São Paulo (6,5%) e no Rio de Janeiro (7,2%) - os dois estados que reúnem a grande maioria dos casos do novo coronavírus. De acordo com a nota técnica, "o elevado grau de subnotificação pode sugerir uma falsa ideia de controle da doença e, consequentemente, levar ao declínio da implementação de ações de contenção, como o isolamento horizontal".
O objetivo dos pesquisadores é, justamente, alertar para a importância da testagem em massa e do fornecimento de dados mais consistentes.
"O principal problema da subnotificação é que as pessoas que possuem o vírus, mas não foram testadas podem eventualmente ter um relaxamento maior no isolamento social", afirmou o pesquisador do Nois Marcelo Prado, engenheiro da Biz Capital. "À medida que a subnotificação aumenta, um número maior de pessoas pode relaxar na questão do isolamento social e, com isso, aumentar as taxas de contágio da doença."
Além disso, explica, o conhecimento da real dimensão da epidemia é fundamental para as autoridades de saúde dimensionarem os equipamentos necessários (como leitos de UTI, ventiladores, entre outros) e implementarem políticas de isolamento mais eficientes, centradas nos locais de maior prevalência da epidemia.
| Bem Paraná ( publicado em 13-04-2020) | | | | No município de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, o comércio, que estava fechado desde o final de março, voltou a funcionar nesta segunda-feira (13 de abril), após a prefeitura publicar um decreto autorizando o funcionamento de atividades privadas consideradas não essenciais entre 10 e 16 horas, de segunda a sábado.
A liberação, que não se aplica a bares, academias, tabacarias, casas noturnas, quadras esportivas e autoescolas, foi encarada como uma boa notícia pela maioria dos comerciantes, principalmente os donos de micro e pequenas empresas, que são as mais dependentes do giro diário do comércio para manter suas atividades.
O empresário Eliandro Vidz, proprietário da Belle Bijouterias, é um exemplo. Dono de um negócio familiar, ele relata que teve de manter as portas de seu negócio fechada por cerca de 20 dias. “Reabrimos hoje e já melhorou um pouco o movimento. Foram quase três semanas fechados e aqui é comércio pequeno, familiar, aí atrasa tudo as contas. Se não tiver um pouquinho de caixa, não tem como pagar, não aguenta”.
Ainda segundo Eliandro, a notícia de que poderiam reabri o negócio foi recebida com alívio, uma vez que a empresa já estava no seu limite financeiro. “Para nós é tudo [a reabertura do comércio], precisa trabalhar, né. Ficamos contentes que a prefeita viu nosso lado também, porque senão… A gente ia abrir de qualquer jeito, ia ter de abrir, porque não aguentaríamos muito mais tempo, não tem mais como. Precisamos pagar as contas”.
Ele também reclama que nas últimas semanas o movimento nas ruas da cidade já vinha grande, mesmo com o comércio de portas fechadas. “A rua cheia de gente e só o comércio com porta fechada… O movimento ainda está baixo, mas se liberarem, aos poucos vai melhorar.”
| Bem Paraná ( publicado em 13-04-2020) | | | | O governo começará a pagar nesta terça (14) um novo lote do auxílio emergencial de R$ 600 para trabalhadores que ficaram sem renda devido à quarentena de combate à pandemia do novo coronavírus. Além dessa, serão pagas mais duas parcelas do benefício.
Entram neste lote pessoas que estavam no CadÚnico (Cadastro Único) e não tinham conta nos bancos públicos, como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.
Para esses trabalhadores, o pagamento ocorrerá em contas digitais abertas na Caixa. O valor poderá ser transferido sem custo para contas de quaisquer bancos indicadas pelos beneficiários. Se o cliente não tiver conta bancária, poderá usar essa poupança digital para pagar boletos, contas e fazer transferências.
A partir desta terça (14), também ocorrerão os pagamentos para aqueles que se cadastraram pelo aplicativo Auxílio Emergencial da Caixa ou pelo site auxilio.caixa.gov.br e que foram considerados elegíveis ao benefício.
Para esse grupo de beneficiários, o depósito também poderá ser realizado nas contas em bancos privados das quais eles são titulares e que foram indicadas na ocasião da solicitação pelo aplicativo ou pelo site.
Para entrar no lote, o informal precisa ter sido considerado elegível pelo governo (como no critério da renda máxima, por exemplo). O processamento dos dados pelo governo também precisa ter sido concluído. É necessário um prazo de três dias úteis após a validação dos dados pelo governo federal. Para saber quando ocorreu a validação das informações, o trabalhador deve acompanhar o aplicativo ou o site de cadastro.
Nesta segunda (13), o governo dá início ao pagamento para mães responsáveis pelo sustento da família, que, neste caso, receberão o auxílio emergencial em parcelas de R$ 1.200.
Para ser contemplada, é preciso se encaixar nos critérios definidos na lei que criou o auxílio emergencial do coronavírus.
Inicialmente, a previsão era pagar essas beneficiárias também a partir de terça, mas a Caixa informou que, entre segunda e terça-feira, será feito o pagamento para as mulheres do CadÚnico que têm poupança na Caixa e conta no Banco do Brasil.
Pode haver direito a um auxílio de R$ 1.800 (o equivalente a três cotas), se a família for composta por mulher sem cônjuge ou companheiro, com pelo menos uma pessoa menor de 18 anos e com a existência de componente na família que atenda aos critérios de elegibilidade do benefício.
O primeiro lote de pagamentos do auxílio emergencial, liberado no dia 9 de abril, incluiu apenas participantes do CadÚnico com conta na Caixa e no Banco do Brasil. Quem é do CadÚnico e quer verificar se teve o crédito liberado ou não pode ligar para o telefone 111.
Para os trabalhadores que fazem parte do cadastro do governo, a Dataprev faz a avaliação automática para verificar se há direito ou não ao auxílio emergencial, sem a necessidade de fazer um novo cadastro. Por isso, quando o CPF é fornecido no site ou no aplicativo, o sistema informa se a pessoa faz parte do CadÚnico.
Para os trabalhadores do CadÚnico que não têm conta poupança na Caixa ou não são clientes do Banco do Brasil, vai ser aberta uma conta poupança digital. O trabalhador terá, então, que instalar o aplicativo Caixa Tem para movimentar os recursos.
Segundo a Caixa, quem tiver a conta digital poderá pagar boletos, contas de água, luz e telefone, além de fazer transferências entre contas de outros bancos, inclusive para uma conta em nome de outra pessoa. Serão permitidas três transferências para outros bancos de graça por mês, durante três meses.
Segundo o vice-presidente da Caixa, Paulo Henrique Angelo, o sistema está preparado para não fazer o desconto de dívidas que o cliente tenha em sua conta bancária. Ou seja, os R$ 600 não podem ser usados para abater dívidas ou tarifas.
| Tribuna PR (publicado em 13-04-2020) | | | | Presidente da Volkswagen América Latina fala dos desafios de direcionar a organização e equilibrar a visão de longo prazo com as entregas imediatas
“Quem é que vai respeitar uma liderança que diz saber de tudo?” A pergunta é de Pablo Di Si, presidente da Volkswagen na América Latina desde o fim de 2017. É assim que ele resume a necessidade de seguir curioso, aprendendo constantemente, apesar de ocupar a mais alta posição da hierarquia da fabricante de veículos alemã no Brasil.
Esta entrevista é parte do especial Liderança do Setor Automotivo, que trará nas próximas semanas as principais conclusões da pesquisa e os comentários de grandes profissionais do segmento.
Clique aqui para baixar o relatório completo do estudo e acompanhar todos os conteúdos sobre o tema.
Ainda no fim de 2019, antes da inesperada pandemia de coronavírus, o executivo falou com exclusividade a Automotive Business sobre um tema ainda mais essencial em tempos de crise: liderança. Na entrevista, ele comenta alguns resultados da pesquisa Liderança do Setor Automotivo, feita por AB em parceria com a Mandalah e com a MHD Consultoria.
Segundo ele, grandes gestores precisam ter suas ações coerentes com o discurso: “Com autenticidade as pessoas vão te respeitar ainda que não concordem com você. Este é um problema do setor automotivo: algumas lideranças têm autenticidade, outras não. O mundo fica cada vez mais político.”
Na entrevista a seguir ele fala do desafio de promover uma transformação cultural na Volkswagen, da busca por desenhar boas estratégias sem perder de vista a excelência na execução e da necessidade de desenvolver no Brasil soluções interessantes para o setor automotivo no mundo.
Segundo a pesquisa Liderança do Setor Automotivo, 93% das pessoas em posição de alta gestão nas empresas do segmento são homens e 87% são brancos. A maioria é formada em engenharia. Que leitura você faz deste perfil tão homogêneo?
Obviamente temos um problema na indústria. Os números não mentem e, na minha avaliação, isto não acontece porque as pessoas são contra a mulher, o negro, ou o homossexual. O que falta são as políticas para incluir estas pessoas, para entregar o que estes grupos precisam no trabalho, as coisas que permitem que todos se sintam à vontade em estar na empresa.
No ano passado, por exemplo, nos programas de trainees começamos a contratar mais de 50% de mulheres. Foi a primeira vez em que selecionamos um grupo composto em 55% por mulheres e em 45% por homens. Eu acho que essa parte é a mais fácil. A mais difícil é mantê-las porque elas só ficarão na Volkswagen se estiverem confortáveis no ambiente de trabalho predominantemente branco de meia idade.
Muitos estudos apontam que empresas mais diversas têm também performance melhor. A sua experiência reflete isso?
Com certeza. Na Volkswagen temos muitas mulheres, negros e homossexuais. Muitas pessoas têm medo de se mostrarem, mas incentivo todo mundo a se posicionar e se sentir confortável na Volkswagen. As pessoas precisar ter orgulho de ser quem são.
Para o lançamento de um carro, reunimos representantes de concessionárias, agência de publicidade e funcionários da Volkswagen em um grupo muito diverso de discussão. Estas pessoas que não necessariamente têm intimidade com a nossa indústria, muitas vezes nos ajudam a abrir a mente ao dar sugestões valiosas. Então, sim, a diversidade adiciona valor à nossa empresa.
Na pesquisa pedimos para as lideranças indicarem quais palavras descrevem o atual momento da indústria automotiva. A maioria apontou que o setor passa por uma transformação. Na sua visão, qual palavra descreve este momento?
Hoje estamos passando por um momento-chave, um antes e depois da nossa indústria. Sempre falo que nós temos a sorte de estar trabalhando aqui e agora. O carro é praticamente a mesma coisa há muitas décadas. Evoluímos em qualidade, segurança e emissões, mas nunca tivemos um período tão grande de mudança do modelo de negócio, de outras indústrias entrarem no setor automotivo, de transformação do pensamento e da necessidade de gerar outras receitas para não desaparecer.
Este modelo gera incertezas e dúvidas, mas sou otimista. É preciso assumir que faremos algumas coisas corretas e que vamos errar em outras. Esse nosso hábito de ter que acertar sempre muda agora. Precisamos de outro modelo mental.
Em um contexto de abertura comercial do setor automotivo no Brasil, a maioria das lideranças entende que o país seguirá como protagonista apenas de alguns projetos locais, sem grande influência no desenvolvimento de novas soluções globais. Você concorda?
Vou fazer uma analogia do futebol: quando você está com 10kg a mais e pretende jogar contra o Barcelona, o Liverpool ou o Bayer, é bom que você treine, perca um pouco de peso e se prepare para jogar contra clubes preparados. Nós, como empresas, desejamos o mercado aberto, livre, mas fazer isso de um dia para outro não é uma solução recomendável para o Brasil porque temos muitas ineficiências.
Essas mudanças que temos discutido como previdência, reforma tributária e reforma administrativa precisam estar prontas em um período de 5 a 10 anos - o que não vai ser fácil. Precisamos ficar mais leves e não podemos continuar exportando impostos e ineficiência.
Quando nós olhamos o mundo Volkswagen, do ponto de vista de eficiência de nossas fábricas, estamos com o Brasil entre os mais eficientes, mas depois você começa a agregar IPI, PIS COFINS, o ISMS e todo este conjunto traz ineficiência quando comparamos com países como Alemanha, Inglaterra ou França que não têm toda essa burocracia.
O setor automotivo tem o desafio de manter a relevância e fazer entregas no contexto da nova mobilidade. Desse ponto de vista, qual você acha que pode ser a grande contribuição do Brasil globalmente? Qual competência temos a oferecer?
Olha, estou na contramão do que responderam na pesquisa (que o Brasil só será polo de desenvolvimento de soluções locais). Há casos recentes na Volkswagen em que exportamos soluções que desenvolvemos localmente, como as concessionárias digitalizadas e sitemas de infoentretenimento para os carros.
O profissional brasileiro é muito capacitado. As tantas dificuldades que existem aqui levam as pessoas a serem mais rápidas, criativas e trabalhadoras. Somar estas coisas com o foco em projetos bem estruturados, geram bons resultados.
O Brasil também tem um histórico de pesquisa e desenvolvimento com motores flex que não pode ser jogado fora. Nos próximos anos, a maioria do mundo vai migrar para as propulsões alternativas. Se não fizermos nada para acompanhar, ficaremos fora do jogo. Precisamos mudar estrategicamente de direção.
Os desafios entendidos pelas lideranças ainda estão muito ligados ao curto prazo. O que impede empresas automotivas de terem equilíbrio melhor entre curto e longo prazo?
Primeiro precisamos ter uma visão macro para depois olhar o micro. Há três anos a Volkswagen montou uma estratégia de longo prazo que envolve tanto veículos a combustão, quanto elétricos e serviços. É algo sólido, mas que pode mudar e se adaptar.
Entendo que é essencial ter uma estratégia, mas o desafio real é a execução – se ela não for bem feita, a estratégia vai ser questionada. Colocando em números, estamos investindo no Brasil R$ 7 bi em uma estratégia fantástica e o acionista espera um retorno sobre isso, que é a execução.
E como garantir a boa execução?
No Brasil, o grande desafio é a complexidade porque você acorda um dia e aparecem oito leões para matar. Nós executivos muitas vezes somos consumidos no dia a dia. Para evitar que isso aconteça, é essencial ter um bom time de gestão, uma primeira e segunda linha fortes para que os problemas sejam resolvidos mais próximos da ponta. Precisamos evitar que todas as questões terminem na mesa da diretoria. Este é um problema cultural.
Na Volkswagen estamos longe de ser uma empresa perfeita, mas desde o dia em que cheguei aqui tenho trabalhado nessa transformação cultural. As pessoas precisam ter senso de urgência e entender que trabalham em uma empresa que tem de gerar resultados para poder garantir empregos e pagar impostos. A liderança precisa ter estabilidade mental para lidar com isso, senão pode deixar de ser saudável.
Como fazer as pessoas sentirem esse pertencimento dentro de uma multinacional como a Volkswagen?
As pessoas se motivam, geralmente, quando têm autonomia. Então precisamos dar autonomia para que elas se sintam responsáveis por entregar resultados.
Segundo a pesquisa, a maior parte da liderança sente estar bem preparada para entregar bons resultados neste momento. Você concorda? Como manter relevância intelectual para liderar em um negócio em transformação?
É preciso ser curioso. No momento que você acha que já sabe o suficiente, acabou. Tem várias formas de aprender e, do ponto de vista formal, a cada dois anos vou fazer um curso fora do Brasil. Já informalmente, aprendo o tempo todo: quando visito uma concessionária, converso com jornalistas ou faço outras atividades do meu dia a dia.
Estive em Pernambuco pouco tempo atrás e percebi como as pessoas pensam diferente. Só de ouvir eles, consegui ver ter outra visão sobre mobilidade, renda e trabalho. Cada conversa é um aprendizado que serve para a vida profissional.
Essa liderança que acha que sabe de tudo já acabou. Quem é que vai respeitar um cara que diz saber de tudo?
Os respondentes da pesquisa disseram que a principal característica de uma boa liderança é empatia. Você concorda?
Acho que a palavra mais importante é autenticidade porque não existe um líder igual ao outro. Para mim, ser autêntico é mais importante do que ser inteligente, do que ter carisma. É preciso falar e agir de acordo. Com autenticidade as pessoas vão te respeitar ainda que não concordem com você. Este é um problema do setor automotivo: algumas lideranças têm autenticidade, outras não. O mundo fica cada vez mais político.
O conceito de Candura Radical aponta que a boa liderança é capaz de alcançar o equilíbrio entre desafiar as pessoas da equipe e, ao mesmo tempo, ser empático e importar-se pessoalmente com cada colaborador. Esta é uma preocupação para você?
Para mim é uma trajetória difícil. Sou uma pessoa apaixonada, muito para cima. Quando comecei a minha carreira era bruto, muito mais duro. Com o tempo fui mudando e tentando equilibrar. Alguns dias eu consigo, em outros não.
Meu desafio diário é levar a pessoa até o máximo que ela consegue entregar. Às vezes passo um pouquinho e, quando isso acontece, peço desculpas. Mais tarde, quando estas pessoas olharem para trás, quero que percebam que valeu a pena.
Entre uma série de assuntos indicados no estudo, inovação aparece como a prioridade para os entrevistados. Ainda assim, temas como diversidade, engajamento dos colaboradores e fortalecimento cultural, que têm forte intersecção com inovação, têm baixa relevância para a liderança. Na sua análise, o que provoca esta percepção distorcida?
A maior parte das pessoas são sufocadas pelo dia a dia. Para mim, a transformação cultural da Volkswagen é prioridade. Porque se você não muda a cultura, não consegue avançar em nenhum desses outros temas.
Dos meus maiores desafios, o primeiro é a transformação cultural, o segundo é inovação e novos produtos, o terceiro é simplificar a burocracia, o quarto é a conexão com o steakholders internos e externos e o quinto é a sustentabilidade financeira do negócio.
Não consigo fazer nada disso sem a transformação cultural, que é onde está a diversidade, o compliance, o treinamento de lideranças e uma série de outros aspectos.
Nesta edição da pesquisa, 36% dos entrevistados disseram que a companhia em que trabalham tem um propósito definido, claro e capaz de orientar as estratégias. Como a Volkswagen tem trabalhado este aspecto?
O nosso propósito é ser a empresa líder em mobilidade sustentável. Mas no fim do dia, esse é o guarda-chuva e dentro disso você tem uma série de estratégias alinhadas a este objetivo. Muitas vezes as pessoas não fazem a conexão entre o macro e o micro e ficam perdidas no dia a dia. A empresa ter um propósito, um objetivo e uma comunicação eficiente disso é importante. E se eu não acreditasse pessoalmente nesse propósito, estaria na organização errada. Entendo que este é o caminho certo.
| Automotive Business ( publicado em 13-04-2020) | | | | Presidente do conselho, conselheiros e CEO aceitaram cortar 25% dos ganhos no segundo trimestre
Em reunião extraordinária na semana passada, o Conselho de Administração da Renault decidiu que não irá propor o pagamento de dividendos na Assembleia Geral Anual dos Acionistas, que foi adiada de 24 de abril para 19 de junho.
No mesmo comunicado, foi informado que o colegiado decidiu por unanimidade reduzir em 25% os vencimentos do presidente do conselho, Jean-Dominique Senard, e dos conselheiros. A CEO interina Clotilde Delbos também decidiu reduzir em 25% sua remuneração. A redução valerá por todo o segundo trimestre e será reavaliada depois.
O comunicado informa que as decisões foram tomadas diante dos efeitos da pandemia de coronavírus, “em um espírito de responsabilidade junto a todos os stakeholders do grupo, que estão realizando esforços ou sofrendo os efeitos de uma crise sem precedentes”, diz o texto.
Segundo a Renault, “as economias realizadas serão revertidas para o Fundo de Solidariedade implementado no âmbito do Contrato de Solidariedade e de Futuro, firmado em 2 de abril de 2020.
| Automotive Business ( publicado em 13-04-2020) | | | | Funcionários farão manutenção dos aparelhos de forma voluntária na fábrica Anchieta, em SBC
A Volkswagen é mais uma montadora que passa a integrar a rede de empresas e instituições no Brasil para consertar respiradores mecânicos ou ventiladores pulmonares, que são essenciais no tratamento de pessoas que contraíram o novo coronavírus.
A empresa utilizará sua fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP) para fazer a manutenção dos aparelhos a partir desta semana. O serviço será feito por funcionários de forma voluntária que passaram por capacitação técnica do Senai de como consertar os respiradores.
A estimativa é que cada equipamento recuperado possa atender até dez pessoas em um período de cinco meses. Dados do Ministério da Saúde estimam que mais de 3,6 mil aparelhos precisam de reparo no Brasil atualmente. A força-tarefa conta com montadoras como Honda, Toyota, GM e Scania.
“Este é o momento de doar e não de pedir. Vejo muitos empresários brasileiros doando seus produtos, seus serviços e seu tempo. A Volkswagen e os nossos empregados voluntários agora também irão contribuir com o conserto de equipamentos tão cruciais para o combate à Covid-19”, ressalta Pablo Di Si, presidente e CEO da Volkswagen para a América Latina.
| Automotive Business ( publicado em 13-04-2020) | | | | Empresa faz parcerias com organizações sociais para ajudar no combate à pandemia do coronavírus no Brasil
A Volvo informou que colocou toda a sua frota corporativa de cerca de 200 carros no Brasil à disposição de profissionais de saúde, voluntários e pequenos negócios locais. Os veículos serão emprestados ao longo dos próximos 30 dias (que podem ser prorrogados) por meio de parcerias com organizações sociais, com o objetivo de ajudar nas diversas frentes de combate à pandemia de coronavírus.
Até o momento, segundo a Volvo, já foram feitas parcerias com a Cruz Vermelha Brasileira, a CUFA (Central Única das Favelas) e o Instituto Dharma, que vão usar os carros para tornar o trabalho dos seus profissionais e voluntários mais ágil e seguro. Também serão emprestados veículos a pequenos empresários do Mercadão das Flores de São Paulo, para que eles possam realizar entregas de pedidos e salvar a produção.
“Além destas, outras iniciativas estão sendo avaliadas para destinar o máximo de carros para uso solidário”, afirma em nota Camila Mateus, diretora de marketing da Volvo Car Brasil.
“Nos próximos 30 dias (com possibilidade de prorrogação) toda a frota destinada ao atendimento dos profissionais de imprensa, comunicadores de maneira geral e parceiros, será mobilizada para viabilizar a nossa contribuição nessa ação humanitária”, resume.
| Automotive Business ( publicado em 13-04-2020) | | | | Medida foi possível pela suspensão dos contratos de trabalho em suas quatro fábricas no País
A Toyota adiou por mais dois meses o retorno das atividades de suas fábricas. A volta está prevista agora para 22 de junho nas unidades de Indaiatuba, Porto Feliz e São Bernardo do Campo. Em Sorocaba o regresso deve ocorrer no dia 24 de junho. Todas as fábricas ficam no Estado de São Paulo.
O adiamento é consequência da adesão pela Toyota à Medida Provisória 936. Em acordo com os sindicatos responsáveis por cada uma das fábricas, os colaboradores terão os contratos de trabalho suspensos por dois meses a partir de 22 de abril.
O acordo aprovado impacta colaboradores horistas e administrativos de todas as áreas e níveis e preserva os salários líquidos entre 75% e 100% do seu valor, conforme a faixa de remuneração.
Trabalhadores que ainda precisem ir à fábrica e funcionários administrativos não relacionados com a suspensão de contrato continuam atuando em regime regular ou em home office.
Na unidade de Sorocaba, onde são produzidos o Etios e o Yaris, tudo indica que os nove fornecedores instalados ao redor seguirão caminho semelhante ao adotado pela montadora.
A Toyota informa que continuará avaliando a evolução da Covid-19 no Brasil e admite a possibilidade de retomada das atividades antes do prazo previsto, sempre atendendo orientações das autoridades na prevenção e combate ao coronavírus.
| Automotive Business ( publicado em 13-04-2020) | | | | Entre as ações estão doações de máscaras e cestas básicas e apoio na produção de respiradores
O Grupo CNH Industrial adotou diversas ações para ajudar a minimizar os impactos causados pela pandemia do novo coronavírus. As medidas incluem a doação de máscaras e equipamentos de proteção individual (EPIs) e também de cestas básicas e refeições para hospitais, asilos e caminhoneiros. A companhia também emprestou geradores de energia para os governos no Brasil e na Argentina.
Foram mais de 20 mil máscaras e óculos de proteção enviados ao Servas, Hospital Regional de Contagem e para a Fundação Hospitalar São Francisco de Assis, Hospital Nossa Senhora das Graças de Sete Lagoas e Hospital Municipal de Sete Lagoas, todos em Minas Gerais. Para São Paulo, a empresa doou o item para o Conjunto Hospitalar Regional de Sorocaba, Irmandade Santa Casa de Sorocaba e Piracicaba e Hospital dos Fornecedores da Cana de Piracicaba, além de fornecer ainda para a Secretaria Estadual de Saúde do Paraná.
As doações de cestas básicas para foram feitas para a Pastoral de Sorocaba e as de refeições para os hospitais públicos e asilos de Contagem, Sete Lagoas e para caminhoneiros. A empresa também emprestou alguns caminhões para ajudar associações e entidades na logística do transporte desses materiais.
Ainda no Brasil, emprestou um gerador de energia e se juntou à ONGs sociais a fim de contribuir com o isolamento de crianças e idosos assistidos, fomentando ações online conjuntas para conscientização dos cuidados de prevenção da Covid-19. Na Argentina, participa de iniciativas para expandir a produção de respiradores que serão entregues a hospitais em Córdoba, cidade onde possui fábrica. Por lá, também emprestou três geradores de energia a governos locais.
“Vivemos uma crise mundial sem precedentes, que sobrecarregou o sistema de saúde e impactou diretamente todos os outros setores. Mas o momento pede união, compreensão e solidariedade por parte de todos, empresas e cidadãos.
Como empresa, temos uma responsabilidade social em meio à pandemia e vamos contribuir nas comunidades aonde atuamos. Seguimos trabalhando para garantir a segurança de nossos funcionários e a continuidade dos negócios, considerados essenciais para a sociedade, concentrando a atenção em nossos revendedores e clientes”, afirma Vilmar Fistarol, presidente da CNH Industrial para a América do Sul.
| Automotive Business ( publicado em 13-04-2020) | | | | Tecnologia de filtragem automotiva será aplicada em equipamentos para profissionais de saúde
A Cummins e a DuPont se uniram para fornecer matéria-prima para máscaras respiratórias N95, utilizadas sobretudo por profissionais de saúde. As duas empresas pretendem reduzir a escassez desses equipamentos nos Estados Unidos e em outros países, inclusive o Brasil.
A Cummins está colocando à disposição o material NanoNet de seus filtros. “Os principais fabricantes de máscaras do mundo precisam de materiais para montar esses equipamentos e lutam para atender à demanda. A Cummins usará sua tecnologia de filtragem em parceria com a DuPont para ajudar com o fornecimento”, afirma Amy Davis, vice-presidente da Cummins Filtros.
As tecnologias NanoNet e NanoForce da Cummins Filtration, em complemento a uma membrana híbrida da DuPont, são encontradas em filtros de ar, combustível e lubrificante e também podem ser usadas nas máscaras N95 utilizadas pelos profissionais de saúde. São capazes de filtrar as partículas transportadas pelo ar que podem espalhar o coronavírus e causar a Covid-19.
A Cummins recorda que a designação N95 significa que a máscara pode impedir que pelo menos 95% das partículas entrem pelo nariz e a boca do usuário. Quando o NanoNet foi testado, ele excedeu os requisitos de desempenho para a designação N95. Desde então, as instalações da Cummins forneceram amostras do material para os fabricantes em todo o mundo verificarem sua eficácia.
Embora os produtos com a tecnologia Cummins ainda precisem da aprovação pelo Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional (Niosh), nos Estados Unidos, a empresa já se prepara para fornecer o material para a produção das máscaras.
Os primeiros protótipos de máscara com o material filtrante doado pela Cummins foram montados pelas equipes da Universidade de Minnesota em março, como parte de uma iniciativa para fornecer máscaras à M Health Fairview e outros sistemas de saúde baseados em Minneapolis.
A tecnologia da DuPont presente no material fornecido pela Cummins utiliza fibras contínuas que permitem boa capacidade de filtragem sem comprometer a respiração do usuário da máscara.
| Automotive Business ( publicado em 13-04-2020) | | | |
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