| 04 de NOVEMbro de 2019
Segunda-feira
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Em 04/11/2019
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Fonte: BACEN
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| | | | | O faturamento industrial mantém tendência de alta, ao crescer em setembro pelo quarto mês consecutivo, considerando os dados dessazonalizados. Os demais resultados, contudo, sugerem moderação da atividade industrial.
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| CNI | | | | Pela primeira vez desde março e abril de 2018, indústria cresce pelo segundo mês consecutivo
Puxada pela produção de veículos automotores, a indústria registrou o segundo mês seguido de taxa positiva em setembro, com variação de 0,3%, informou nesta sexta-feira (1) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Porém, o crescimento foi na minoria dos setores analisados.
Apesar do segundo mês consecutivo de crescimento na indústria, algo que não acontecia desde março e abril de 2018, os números ainda são puxados por poucos setores, o que não é o ideal, segundo o IBGE.
“Esse crescimento da indústria está concentrado em poucas atividades: 11 das 26 mensuradas pela pesquisa. O ideal é que atinja um número maior de setores”, disse o gerente da pesquisa, André Macedo.
A influência positiva mais importante foi em veículos automotores, reboques e carrocerias, com 4,3% registrados, revertendo um recuo de 2,4% no mês anterior.
A mudança no setor de veículos pode ser explicada pelo aumento da demanda doméstica, após um mês anterior de perda da exportação para a Argentina.
Móveis (9%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (6,6%), produtos de metal (3,7%), bebidas (3,5%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (3,0%) e produtos de borracha e de material plástico (1,4%) também tiveram impactos positivos.
Por outro lado, reduziram a produção os ramos de impressão e reprodução de gravações (-28,6%), produtos do fumo (-7,7%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-4,6%), máquinas e equipamentos (-2,8%), indústrias extrativas (-1,2%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-0,8%) e outros.
Três das quatro grandes categorias econômicas ainda mostraram expansão na produção de setembro.
Registraram expansão as categorias de bens de consumo duráveis (2,3%), bens de consumo semi e não-duráveis (0,5%) e bens intermediários (0,2%).
Em contrapartida, o setor de bens de capitais apresentou queda de 0,5%, a única taxa negativa do período, comportamento que vem desde junho de 2019, com perda de 1,3% no período.
De acordo com o IBGE, nos nove meses de 2019, o setor industrial acumulou queda de 1,4%, mostrando redução na intensidade de perde em comparação com agosto.
No período, os registros mostraram resultados negativos em 1 das 4 grandes categorias econômicas, 15 dos 26 ramos, 44 dos 79 grupos e 54,3% dos 805 produtos pesquisados, de acordo com o IBGE.
Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a indústria cresceu 1,1%, com resultados positivos em 13 dos 26 ramos pesquisados, mas setembro de 2019 teve dois dias úteis a mais.
O crescimento também foi registrado em todas as grandes categorias econômicas, 46 dos 79 grupos e 51,9% dos 805 produtos pesquisados pelo IBGE.
Já na análise referente ao terceiro trimestre de 2019, a indústria recuou 1,2%, mesmo comportamento negativo observado em igual período de 2018, quando registrou queda de 1,3%.
| Folha de S. Paulo (publicado em 01-11-2019) | | | | Economista do IPEA, Fernanda De Negri, sugere que país reavalie as prioridades da agenda estratégica
Indicadores internacionais mostram que um trabalhador norueguês, o mais eficiente do mundo, produz seis vezes mais que o brasileiro. Enquando o profissional do país escandinavo gera US$ 102 por hora trabalhada, no Brasil, o valor médio é de US$ 16,8. Entre os fatores que explicam a ineficiência estão burocracia, baixa escolaridade, falta de infraestrutura, governança inadequada e tecnologia defasada. Para entender melhor o problema e debater soluções que se encaixem na realidade brasileira, a Agência CNI de Notícias entrevistou uma das maiores especialistas no assunto do país.
Fernanda De Negri é pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), economista com mestrado e doutorado em Economia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), pós-doutorada na Universidades de Harvard e no Massachusetts Institute of Technology (MIT). A autora do livro Produtividade no Brasil: desempenho e determinantes tem se dedicado ao tema, sob diversas perspectivas, há mais de uma década.
Na entrevista, a pesquisadora avalia o cenário atual, aponta gargalos que dificultam o ganho de produtividade no Brasil, propõe alternativas e um debate amplo sobre a agenda estratégica prioritária do país. “Enquanto sociedade, temos de pensar quais são os nossos reais problemas. Se a nossa prioridade são questões que estão ocupando a maior parte do debate público ou se o problema é como construir um país mais solidário, mais desenvolvido”, ponderou. Para a economista, se o Brasil realmente quiser encurtar a distância para os mercados mais produtivos, vai ter de avançar em questões estruturais já resolvidas em nações mais desenvolvidas e, simultaneamente, investir em inovação e tecnologia. Confira a seguir os melhores trechos da entrevista.
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – Por que a produtividade do Brasil é tão baixa?
FERNANDA DE NEGRI - Nos anos mais recentes, entramos numa crise econômica que foi uma das piores da nossa história. Nesse contexto, o mercado fica reprimido pela alta taxa de desemprego e pelo baixo crescimento econômico, o que gera uma insuficiência de demanda. Numa análise de longo prazo, são vários os fatores que contribuíram para a defasagem do Brasil em termos de inovação e de produtividade. Mesmo nos anos em que o país estava crescendo, do início dos anos 2000 até 2010, o crescimento foi apoiado basicamente no aumento da demanda. Não houve ganho representativo de produtividade. Temos problemas estruturais, a economia brasileira ainda é muito fechada, a escolaridade é baixa, há muita burocracia e o ambiente de negócio é pouco propício à inovação e à competitividade. Não fomos capazes de resolver essas questões estruturais nas últimas décadas e ficamos muito dependentes dos surtos de crescimento por aumento de demanda, que não são sustentáveis no longo prazo. Pensando no longo prazo, precisamos aliar o crescimento de demanda com crescimento sustentado da produtividade, da inovação, de tecnologias.
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – O que tem nos países mais desenvolvidos que falta no Brasil?
FERNANDA DE NEGRI - Usando os indicadores do Banco Mundial, temos um ambiente de negócio muito burocrático, é muito difícil e demorado abrir e fechar empresas, ter acesso a crédito, resolver pendências jurídicas. Outro importante fator é a educação. Ampliamos o acesso nos últimos 20 anos, mas a qualidade da eduação do Brasil não andou no mesmo compasso.
É preciso apostar, daqui pra frente, numa melhora do nível educacional, para termos efetivamente uma mão-de-obra mais qualificada, uma população capaz de dar condições para o país crescer de uma forma sustentada. O Brasil ainda é um país fechado ao mundo do ponto de vista de inovação e econômico. A nossa ciência ainda é pouco conectada. Ninguém produz conhecimento sozinho, você produz a partir de uma base construída pelos outros. Ou seja, a produção do conhecimento depende da conexão de ponta, depende da integração com o mundo. A desconexão do Brasil afeta muito a nossa capacidade de criar empresas mais competitivas no longo prazo.
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – Como abrir o Brasil para o mundo? Há boas práticas internacionais que podem ser aplicadas à realidade brasileira?
FERNANDA DE NEGRI – Um desafio é a abertura comercial, outro é a integração da nossa academia com o mundo. Do ponto de vista comercial, o Brasil precisa ter uma estratégia de longo prazo de redução de tarifa de importação, uma agenda de longo prazo de acordos comerciais. É importante frisar o longo prazo. O país precisa preparar o tecido econômico para suportar a competição externa, não dá para fazer de uma hora para outra.
A partir do momento que você tiver no horizonte uma estratégia que mostre claramente que, em dez anos, as nossas tarifas serão reduzidas pela metade ou menos da metade, teremos acordos com mais países, você começa a preparar as empresas para trabalharem com um cenário econômico mais competitivo em alguns anos e dar tempo para o ajustamento ocorrer. No aspecto da produção de conhecimento, temos uma série de ajustes que, muitas vezes, são pequenos.
Precisamos mandar mais gente para o exterior para estudar, receber mais pesquisador estrangeiro tanto nas universidades quanto nas empresas. O Brasil precisa de um programa de atração de mão de obra qualificada, partindo do pressuposto que o conhecimento que o país precisa já é produzido lá fora e está na cabeça das pessoas. Para o movimento ocorrer, tem de haver uma estratégia consertada com ações como facilitar o registro de diplomas do exterior.
A maior parte das melhores universidades no Brasil é pública e o professor ou pesquisador precisa fazer um concurso público em português para ser contratdo. Não é razoável esperar que os profissionais aprendam português trabalhar em universidades no Brasil porque o idioma da ciência mundial não é - e não será - o português. A gente tem de preparar uma estrutura nas universidades e nas instituições de pesquisa que seja capaz de receber pessoas que não falam português.
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – E o financiamento público? O volume atual é adequado para alavancar a produtividade no Brasil?
FERNANDA DE NEGRI - O Estado tem um papel fundamental em puxar a estratégia de desenvolvimento, de atacar problemas que o mercado não vai resolver. A redução da desigualdade também é um gargalo importante para o desenvolvimento. Nenhum país com o grau de desigualdade do Brasil conseguiu crescer de forma sustentada. É importante o setor público agir no sentido de gerar igualdade de oportunidades. Atualmente, as pessoas estão partindo de lugares muito diferentes, precisamos equalizar os pontos de partida para gerar uma sociedade um pouco mais igualitária. Tem uma série de falhas de mercado, em várias áreas, que exige uma papel mais forte do Estado. A inovação é uma delas. É um ponto que deveria ter uma política pública muito mais forte que a gente tem, especialmente agora, que estamos experimentando uma redução drástica no volume de recursos para incetivar ciência, tecnologia e inovação no país.
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – Como técnicas de gestão podem impactar na produtividade?
FERNANDA DE NEGRI - Tem uma literatura econômica extensa nos últimos anos que mostra que a gestão é um elemento muito importante na produtividade das empresas. Considerando outras variáveis iguais, empresas com melhor gestão têm melhor desempenho. Dentro da lista de ações que uma empresa precisa adotar para ser mais competitiva, melhorar a gestão talvez seja a mais barata. O questionamento a se fazer é: por que as empresas não adotam boas práticas de gestão se elas não dependem de muito investimento?
Uma parte por desconhecimento, outra por conta do formato e cultura ou falta de competição no mercado. Empresas familiares tendem a não implementar boas práticas de gestão, porque elas implicam em dar mais transparência à governança, em torná-la menos personalista. Em empresas familiares, o dono geralmente passa o comando para o filho ou neto, mesmo que eles não sejam os mais eficientes. Um terceiro ponto é a falta de competição. Se a empresa já consegue uma lucratividade satisfatória com uma produtividade baixa, porque não existe pressão, a competição é baixa num mercado fechado, para que ela vai concentrar esforços em ganhar competitividade?
Se o lucro começa a diminuir, outro concorrente começa a ocupar o mercado, a empresa é obrigada a se mexer. Os líderes começam a se questionar por que não conseguem baixar o custo ou melhorar a qualidade do produto, reduzir o preço, eles passam a ter motivação para melhorar. Só sei se sou eficiente quando há base de comparação, quando olho para o lado e tem um concorrente fazendo mais e melhor.
fernanda de negri isend
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – Há algum movimento significativo por parte do governo no Brasil em busca de aumento da produtividade?
FERNANDA DE NEGRI – Infelizmente, não. O governo não tem falado de inovação, de educação. Esse é um problema. Enquanto sociedade, temos de pensar quais são os nossos reais problemas. Se a nossa prioridade são questões que estão ocupando a maior parte do debate público ou se o problema é como construir um país mais solidário, mais desenvolvido.
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – Focando em eficiência energética, há nesse campo uma oportunidade para o Brasil se destacar no cenário internacional?
FERNANDA DE NEGRI - Essa é uma área que o Brasil poderia contribuir para o mundo. Temos uma matriz que é relativamente limpa, porque vem de fontes renováveis, a maior parte são fontes hidroelétricas. Já temos uma história de apostar em fontes alternativas como ocorreu, por exemplo, o Pró-alcool. A alta incidência solar também abre possibilidades para o país, mas, para apostar em outros tipos de energia, é preciso desenvolver tecnologia.
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – Nesse campo, você enxerga alguma ação estruturada que abra uma perspectiva positiva para o país?
FERNANDA DE NEGRI - Pelo contrário. A Agência Nacional de energia Elétrica (Aneel) propôs recentemente tributar a geração de energia solar em residências, o que reduziria o estímulo para as pessoas instalarem placas fotovoltaicas e produzirem a sua própria energia, na contramão do que é a tendência mundial. Em educação, ciência, tecnologia e inovação estamos andando para trás.
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – Por falar em energia, qual o impacto da infraestrutura de uma forma geral na produtividade?
FERNANDA DE NEGRI – São temas correlatos e não estou falando apenas de estradas e portos, que é um desafio dos anos 1970. Estamos tratando também de infraestrutura contemporânea, que é rede de dados 5G, capazes de estimular e suportar o desenvolvimento de tecnologias que usem esse tipo de infraestrutura, principalmente para a indústria 4.0. Robôs cirúrgicos, por exemplo. Para avançarmos nesse campo, precisamos de uma rede muito rápida, segura e sem quedas, que permita a comunicação de quem está no comandando e o robô, que pode ser feito inclusive à distância. Esse é um fator importante para sermos mais competitivos no longo prazo.
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – É o paralelo entre inovação e produtividade, correto?
FERNANDA DE NEGRI – Isso. Inovação é um dos principais motores da produtividade no longo prazo. É o que faz os países mais desenvolvidos serem mais produtivos. No Brasil, temos uma série de outros fatores que atrapalham a produtividade das empresas além da inovação, o que dá a impressão de que a inovação é um fator menos importante.
Não é. É o mais importante. Precisamos resolver questões estruturais como burocracia e instituições que não funcionam direito e, ao mesmo tempo, apostar na inovação, porque se deixarmos para investir em tecnologia só após resolvermos os outros problemas, os nossos concorrentes estarão ainda mais na frente e não conseguiremos acompanha-los. Não tem receita fácil. É um conjunto de ações que precisam ser feitas de maneira coordenada para passarmos para um outro patamar de desenvolvimento.
| CNI (publicado em 31-10-2019) | | | | Projeção é que fim do ano seja de sinais positivos para o setor, mas nada que surpreenda
A retomada da economia brasileira traz números trocados mês após mês. Se por um lado a volatilidade é uma característica de análises mensais, por outro, a forte oscilação indica uma dificuldade em engatar uma recuperação vigorosa.
Na indústria isso não é diferente. As trocas de sinais que o setor vem enfrentando são reflexos de sua dificuldade em retomar de forma consistente, segundo especialistas ouvidos pela Folha.
“Os processos de recuperação não são lineares. O ponto é que estamos muito sensíveis às oscilações. Se fosse um ambiente de retomada forte, essas oscilações seriam menores e veríamos crescimento mais consistente, mais contínuo”, afirmou Thiago Xavier, economista da Tendências Consultoria.
“Não tem uma sequência de dados positivos que permita visualizar um cenário melhor daqui para frente. Por ora, ainda tem muita volatilidade. Isso é sinal de que as empresas estão com dificuldade em casar o ritmo de produção com o ritmo de demanda”, disse Rafael Cagnin, economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados nesta sexta-feira (1º) reforçam a tese dos especialistas. Setores relevantes para o avanço de 0,3% da indústria no mês de setembro, em relação a agosto, recuaram na pesquisa anterior.
Foi o caso de vestuário, bebidas e móveis, que avançaram 6,6%, 3,5% e 9,4%, respectivamente, mas que em agosto tiveram retrações de 7,5%, 2,8% e 5,3%. Dos 26 setores pesquisados pelo IBGE, só 11 subiram.
“Ora se espera que a demanda vá reagir um pouco mais, mas ela não reage, e você gera estoque e é obrigado a cortar no outro mês. Aí você consome o estoque e volta a crescer a produção. Essa dificuldade em casar os ritmos ocorre porque o cenário [econômico] ainda é relativamente incerto”, afirmou Cagnin.
Para o especialista do Iedi, discursos do governo federal trouxeram insegurança ao investidor sobre o que fazer em meio a indefinições políticas que afetariam a economia.
“O que vimos com a história do Brasil deixar o Mercosul ou de o bloco expulsar a Argentina é um exemplo. Então a cada momento que você acha que a incerteza está reduzindo, vem uma bomba desse tipo, e o tomador de decisão passa a reavaliar.”
Xavier, da Tendências, também citou a incerteza gerada pelo cenário conturbado no país, mas recordou que, desde 2014, com escândalos políticos, impeachment, greve dos caminhoneiros e eleições, a insegurança atrapalha investimentos de longo prazo.
Além disso, outros dois acontecimentos colocaram a indústria em xeque neste ano: o desastre em Brumadinho (MG) e a crise argentina. Enquanto o primeiro paralisou a indústria extrativa, o segundo derrubou, principalmente, as vendas do segmento automobilístico.
“Nossa indústria é conectada com a da Argentina. Não é só veículos, tem toda uma parte de bens intermediários. No fundo, houve fatores conjunturais e estruturais que seguraram a nossa indústria.”
Sob essas condições, os especialistas dizem que a recuperação que se desenhava no ano passado para o setor no Brasil perdeu seu vigor. Para eles, o final do ano deve trazer sinais positivos comuns ao segundo semestre, mas nada que surpreenda.
“Vemos sinais relativamente melhores no término do ano, mas ainda projetamos queda de 1% em 2019”, disse Xavier.
“Em novembro tem liquidações, com a Black Friday, depois tem [festas de] final de ano. Tudo isso gera um ambiente melhor, só que não acho que vai mudar o cenário de 2019, que é um ano perdido", afirmou Cagnin.
| Folha de S. Paulo (publicado em 01-11-2019) | | | | Conheça a história de Caio Augusto, aluno surdo do SENAI de Jaraguá do Sul (SC), que se tornou motivação para unidade se capacitar e receber outras pessoas com deficiência
O ex-aluno do SENAI trabalha no Grupo Malwee e, no tempo livre, é ator e modelo
Entrar no mundo da moda não é fácil. Além de entender das tendências, do mercado e dos lançamentos, é necessário saber produzir catálogos, desfiles e atuar em meios de comunicação como revistas e sites do ramo. Mas se você acha que isso fez Caio Augusto Araldi, 31 anos, desistir do sonho de ser estilista está muito enganado. Pelo contrário. O catarinense começou cedo a se especializar na área de vestuário. E foi o primeiro aluno surdo do SENAI de Jaraguá do Sul (SC), em 2003.
Há 12 anos, o ex-aluno do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) trabalha no grupo Malwee - uma das principais empresas de moda do Brasil - e, atualmente, exerce diversas funções no setor de estamparia.
O que começou como uma brincadeira de criança fez Caio ir além. “A paixão por desenhos e pela moda está no meu sangue”, afirma Caio. A mãe, Janis Solange Maba Araldi, 55 anos, concorda. “Desde muito pequeno seus companheiros inseparáveis eram o papel, o lápis e muita criatividade”, relata ela, que já ganhou vários retratos feitos pelo filho em datas comemorativas.
Ela foi uma das responsáveis pela entrada dele no SENAI. “Moramos perto da unidade e nossa intenção era colocá-lo na instituição para fazer o ensino médio, mas não foi possível. Mesmo assim, continuei atenta às vagas de cursos oferecidos lá pelos veículos de comunicação como sites locais e jornais, pois sabia que poderiam ser úteis”, conta Janis.
Caio (sentado à mesa) após fazer o desenho da mãe, colado na parede, em comemoração ao aniversário dela
E foram! Aos 15 anos, Caio entrou no primeiro curso de aprendizagem industrial em Confecção de Moldes e Roupas e, apesar de enfrentar dificuldades na adaptação, seguiu adiante. “Fui o primeiro aluno surdo e, na época, não tinha intérprete na sala de aula. Sou surdo e oralizado, faço leitura labial e me comunico muito bem com pessoas ouvintes. Fomos nos adaptando bem”, conta Caio.
A orientadora pedagógica e interlocutora do Programa de Ações Inclusivas do SENAI de Jaraguá do Sul, Fernanda Vitkoski, garante que o catarinense sempre demonstrou bastante atenção e comprometimento. Ele foi uma peça-chave para mudanças na escola.
“Não estávamos preparados quando Caio chegou. No segundo curso que ele fez, de Modelagem Industrial, já tínhamos uma intérprete para auxiliá-lo e eles até combinavam sinais para simplificar os termos técnicos. A experiência com ele nos abriu muitas portas. Depois, recebemos outros alunos com deficiência”, explica a Orientadora Pedagógica.
E ELE? – Segundo o último Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, 5,1% da população brasileira têm algum tipo de dificuldade para ouvir. E apesar dessa quantidade, poucas pessoas têm acesso à educação com inclusão e ao mercado de trabalho.
Depois dos cursos no SENAI, Caio fez também faculdade de Moda no Centro Universitário Católica de Santa Catarina (SC) e reconhece a importância dos estudos na busca pelo que deseja.
“Para construir uma carreira de sucesso e um futuro, só temos um caminho: o estudo. Foi pensando nisso que tive força e garra para não desistir, apesar de, em muitos momentos, não ter sido fácil. Eu me especializei em algo que está no sangue: moda”, afirma o catarinense.
Atualmente, ele também é ator e modelo fotográfico. Mostrar para os outros as inúmeras possibilidade de socialização que uma pessoa surda tem é um dos planos dele para o futuro. Caio sonha em participar do reality show da TV Globo, Big Brother Brasil.
“Poderia ensinar Libras para os outros participantes. Eu quero mostrar inclusão. Mostrar para a comunidade surda que se tentarmos, conseguimos. Quero diminuir o preconceito”, explica o estilista, que utilizaria o prêmio para ajudar os familiares, viajar o mundo em pesquisa sobre o mercado da moda e depois abrir uma loja de roupas em Santa Catarina.
INCLUSÃO - Um levantamento realizado pelo SENAI mostra que de 2007 até os dias atuais, cerca de 209 mil pessoas com alguma deficiência foram matriculadas no SENAI, aproximadamente 14 mil por ano. Ações como desenhos na parede mostrando ao surdo o passo a passo de um processo de desmonte de motor de um carro e o rebaixamento de mesas de costura para pessoas com nanismo, ajudaram a incluir na escola e no mercado pessoas que nunca tiveram a oportunidade de estudar.
"Trabalhamos com a ideia da construção de uma cultura inclusiva na escola e na indústria. Seguimos as orientações legais e tomamos a decisão de transformar o SENAI em uma escola para todos, sem distinção ou exceção", afirma a gestora nacional do Programa SENAI de Ações Inclusivas (PSAI), Adriana Barufaldi.
Para promover a inclusão cada dia mais, o SENAI criou há pouco tempo um aplicativo que traduz e interpreta diversos termos da educação profissional, dando ao aluno a oportunidade de estudar mesmo sem a presença do intérprete. O SENAI Libras. Ele já está disponível para Android e até o fim de 2019, também estará para o sistema operacional iOS. Saiba mais.
| CNI | | | | Sistema vai atualizar Carteira de Trabalho Digital; trabalhador terá mais informações à disposição
Todas as empresas que aderiram ao eSocial, sistema de escrituração criado pelo governo federal para unificar as informações de contribuições previdenciárias, dados de trabalhadores, como salários, admissões e demissões e comunicação de acidente de trabalho, estão dispensadas de manter o livro ou ficha de registro de seus funcionários.
Com a integração dos sistemas com a Carteira de Trabalho Digital, o lançamento das informações no eSocial já serão consideradas para efeito de registro do empregado e demais atualizações.
Portaria publicada no “Diário Oficial da União” na quinta-feira (31) prevê que, para os novos contratos, as regras já estão valendo; para os que estão em vigor, há um prazo de adaptação.
As medidas têm efeito imediato para novas contratações, que já serão feitas com a Carteira Digital.
Com ela, o empregador não precisará mais pedir a apresentação do documento físico, em papel. O acesso ao sistema será feito com o login ao cadastro geral do governo federal, neste link.
Portanto, quem já foi MEI (Microempreendedor Individual) ou tem acesso ao Meu INSS, usará a mesma senha. Os trabalhadores que não têm terão de registrar uma senha. O login será o CPF.
A assessora jurídica da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de São Paulo), Sarina Manata, explica que, na prática, os empregadores continuarão lançando no sistema o mesmo volume de informações exigidos hoje no abastecimento do eSocial.
Com a carteira digital, no entanto, mais informações estarão disponíveis aos trabalhadores.
A partir do momento em que empregador enviar um dado ao sistema do eSocial, como a data de início das férias ou um reajuste salarial, o trabalhador poderá consultar esses dados no aplicativo da Carteira de Trabalho Digital em 48 horas.
O prazo para a anotação inicial continua tendo de ser feito até o dia anterior ao início da atividade, como é hoje. O Ministério da Economia informou que o prazo vale tanto para o registro no livro de empregados, no caso das empresas que não estão obrigadas a usar o eSocial, quanto para os lançamentos nesse sistema.
A assinatura na carteira de trabalho física teve o prazo alterado de 48 horas para cinco dias úteis antes do início do vínculo, mas se houve a anotação no livro de registro no prazo, o ministério diz considerar que a empresa tenha cumpridos as duas obrigações com uma única prestação de informações, a do livro.
Nessa etapa, o empregador precisa registrar no sistema CPF e data de nascimento do trabalhador, data da admissão, salário fixo e demais informações não específicas do cargo, como CBO (Classificação Brasileira de Ocupações) e natureza da atividade, se urbana ou rural.
Outras informações do empregado, como nome completo, sexo, escolaridade e nacionalidade, dados dos dependentes e detalhes sobre o trabalho, como descrição do cargo e do salário variável têm de ser lançados até o dia 15 do mês seguinte ao início do contrato.
Férias, afastamentos e mudanças no contrato têm de ser informados até o dia 15 do mês seguinte. Se o empregado ficar doente ou sofrer um acidente, o sistema deve ser atualizado no 16º dia de afastamento.
A advogada trabalhista Alessandra Wasserman Macedo, do Melcheds – Mello e Rached avalia que o trabalhador passa a ter acesso a mais informações, que “vão ser de conhecimento do empregado, sendo que alguns deles antes eram anotados somente no livro da empresa ou ficha de registro.”
Esses dados ficam em posse da empresa no modelo atual. Com a digitalização dos dados, o trabalhador poderá consultar as informações no aplicativo da carteira digital.
Hoje, a anotação na carteira de trabalho física traz nome completo do empregado, salário, cargo, CBO, data da admissão e desligamento e os dados da empresa (nome, CNPJ e endereço).
A advogada explica que outros registros também têm de ser feitos na carteira, como reajustes salariais, férias e contribuições sindicais, mas não há um prazo para que essas anotações sejam feitas, ou mesmo fiscalização. Com isso, muitas empresas só regularizavam o lançamento dessas informações na demissão do empregado.
Para os contratos vigentes, as empresas terão um prazo de 90 dias, contados a partir de 1º de janeiro de 2020, para complementar as informações dos funcionários conforme a portaria.
As empresas que não estão obrigadas a aderir ao eSocial terão um ano para acrescentar as informações aos livros de registros. Elas também não precisam usar o modelo digital da carteira de trabalho. Quem for contratado por uma precisará o documento impresso, o “livrinho” de capa azul.
Adesão ao eSocial
Segundo o cronograma de implantação do eSocial, os optantes do Simples Nacional, as entidades sem fins lucrativos e os empregadores e produtores rurais que sejam pessoa física têm até o dia 8 de janeiro do ano que vem para começar a enviar as folhas de pagamento mensais no sistema. Contratos e demissões já devem estar sendo informados desde o mês de abril.
As empresas do Simples ainda não têm data para substituir a Gfip, guia para recolhimento de contribuições previdenciárias e FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). A partir do próximo ano, começam a usar o sistema os órgãos públicos e organizações internacionais.
| Folha de S. Paulo | | | | Nota Econômica da CNI compara os dois países e confirma que a produtividade é crucial para o aumento da renda da população
Os investimentos em ações que promovem o aumento da produtividade foram decisivos para o crescimento econômico e social da Coreia do Sul nos últimos 40 anos. No mesmo período, o Brasil ficou atrás dos demais competidores e enfrenta dificuldades para melhorar o seu nível de desenvolvimento. A conclusão é da Nota Econômica Brasil e Coreia do Sul: duas histórias sobre a produtividade, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O trabalho compara evolução da produtividade, dos salários reais dos trabalhadores e da renda média da população nos dois países.
De acordo com a CNI, em 1980, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita do Brasil equivalia a 39% do PIB per capita dos Estados Unidos, enquanto que o da Coreia do Sul representava 17,5% do norte-americano. “Quase quatro décadas depois (38 anos), o PIB da Coreia do Sul passou a representar 66% do PIB estadunidense, enquanto que o do Brasil representa 25,8%”, diz o estudo.
Além disso, o salário real médio do trabalhador sul-coreano aumentou 4,3% ao ano entre 2000 e 2018, enquanto o Brasil registrou média de crescimento de apenas 0,3% no mesmo período. “O salário real médio do trabalhador industrial sul-coreano mais do que dobrou desde 2000, enquanto que o do brasileiro praticamente não cresceu”, afirma a CNI.
Na avaliação da CNI, o aumento da produtividade foi um dos principais fatores que contribuíram para o desempenho da economia sul-coreana e a melhoria do bem-estar dos seus cidadãos. Prova disso é que, entre 2000 e 2018, a produtividade do trabalho na indústria sul-coreana cresceu, em média, 4,3% ao ano, o mesmo nível de incremento dos salários naquele país. No Brasil, a produtividade do trabalho na indústria cresceu 0,7% em média ao ano entre 2000 e 2018, menos de dois décimos do crescimento da produtividade na Coreia do Sul.
O estudo destaca que a produtividade da indústria brasileira tem crescido acima da média dos principais parceiros comerciais do país nos últimos anos. Em 2016, por exemplo, aumentou 2,3%. Em 2017, cresceu 3,2%. No entanto, em 2018, caiu 1,1%. “O ganho de produtividade contribuirá para a recuperação da competitividade e, consequentemente, para a retomada do crescimento. Mais do que isso, a manutenção do crescimento da produtividade é essencial para o país crescer de forma sustentada, aumentar o salário real e reduzir a distância do padrão de vida das economias desenvolvidas”, afirma a CNI.
Para elevar a produtividade, recomenda a CNI, as empresas precisam investir na inovação e na melhoria das práticas de gestão. Além disso, o governo deve adotar medidas para melhorar o ambiente de negócios, como a redução da burocracia, a melhoria da infraestrutura, o aumento da qualidade da educação e da segurança jurídica.
SAIBA MAIS: Acesse a página de Publicações do Portal da Indústria e conheça a Nota Econômica sobre produtividade no Brasil e na Coreia do Sul.
| CNI | | | | Envio de mensagens corporativas depende de contratos ou termos claros
Mensagens corporativas de WhatsApp fora do horário de trabalho podem gerar processo e já renderam até condenações de empresas, que precisaram arcar com pagamento de horas extras ou danos morais a funcionários.
Embora esteja incorporado à rotina de trabalho dos brasileiros —o país é um dos principais mercados do aplicativo—, o uso corporativo da ferramenta fora do ambiente laboral depende de contratos ou de termos claros entre patrão e empregado, sob o risco de virar prova contra abusos.
O país não tem uma lei específica como a França, que adotou o direito de se desconectar, mas a CLT cita “meios telemáticos e informatizados” ao tratar de trabalho remoto.
Se o empregado receber mensagens de seus superiores via WhatsApp durante o momento de descanso (folga, finais de semana ou férias) sobre assuntos relacionados ao trabalho, poderá pleitear o pagamento de horas extras, segundo Otavio Pinto e Silva, professor da USP e sócio do escritório Siqueira Castro.
“Estamos diante de uma ferramenta tecnológica que pode implicar conexão do trabalhador à empresa. Pedidos feitos pelo empregador fora do horário de expediente podem fazer com que o empregado se ative no horário de descanso, e isso pode significar hora extra.”
Quando o empregado tem de ficar sempre atento ao telefone para verificar se há mensagens da empresa, a situação caracteriza o período de sobreaviso, que também deve ser remunerado, de acordo com Pinto e Silva.
“Nesse caso, mesmo que o empregado não seja chamado ao trabalho, precisa receber por estar em sobreaviso”, diz.
Para o advogado, essa regra geral pode ser flexibilizada. Uma das formas é incluir no contrato de trabalho que o trabalhador pode ser contatado via aplicativo fora do horário de expediente regular.
Outra opção, segundo ele, é a negociação com o sindicato de determinada categoria de acordo ou convenção coletiva sobre o tema.
“A recomendação é que a empresa converse sobre essas situações com o sindicato, de forma coletiva. Essa situação de contato pode ser regulada, e a maior segurança jurídica é quando essa possibilidade do uso [do aplicativo] está no acordo coletivo”, diz.
Pinto e Silva afirma que a reforma trabalhista permitiu que sindicatos fizessem flexibilizações para além do previsto na legislação trabalhista em casos que incluem regime de sobreaviso e teletrabalho.
Dicas de etiqueta de Gloria Kalil para grupos corporativos de WhatsApp
1. Adote regras
O administrador do grupo pode, ao convocar os participantes, mandar com muita objetividade o propósito do trabalho e as regras de funcionamento do grupo
2. Tenha foco
Os participantes devem manter o foco no tema do trabalho
3. Mantenha a seriedade
Grupos de trabalho não são lugar para memes, intimidades e apelidos
4. Respeite o horário
Restrinja suas intervenções ao horário comercial
5. Evite áudios longos
Se mandar áudios (o que é melhor evitar), que sejam curtos e objetivos
6. Cuide o vocabulário
Se usar abreviações, que sejam claras —tenha um pouco de cuidado com a linguagem. Mantenha a conversa em tom profissional
7. Não fale de política
Evite opiniões baseadas em posições políticas
8. Respeite o sigilo
Mantenha o assunto no modo confidencial
Para Rodrigo Nunes, sócio do escritório Cascione, as negociações são possíveis, mas dentro dos limites legais de jornada de trabalho, que não pode superar oito horas diárias, com possibilidade de duas horas extras.
“Mensagens de WhatsApp têm sido aceitas como provas na Justiça do Trabalho, e acessar o empregado fora do horário de expediente é fazê-lo trabalhar”, diz Rodrigo Nunes, sócio do Cascione.
Se o chefe manda uma mensagem eventual com uma dúvida pontual ao empregado, não há caracterização de hora extra, de acordo com ele.
“Se for algo mais demorado e frequente, é trabalho e precisa ser remunerado. A regra é que o empregado precisa ter seu direito ao descanso respeitado e não deve ter folgas e férias interrompidas”, afirma.
Para mitigar riscos, algumas empresas já passaram a incluir o uso do aplicativo em termos aos funcionários, segundo Paulo Sardinha, presidente da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos).
“As empresas dizem que não são culpadas, mas isso nunca as isentará da responsabilidade. O WhatsApp hoje está claramente relacionado às políticas internas e aos códigos de ética das companhias.”
Para ele, o uso do mensageiro precisa seguir o rigor de outras regras cotidianas, e os grupos com colegas e chefes podem ser encarados como “salas de reunião digital”.
“As condenações de empresas e até pessoais, como o caso da administradora de um grupo que foi responsabilizada por não coordenar o comportamento das pessoas, estão chamando a atenção”, diz.
Enquanto a resposta de email fora do trabalho exigia certo dispêndio do trabalhador nos anos 1990, que precisava recorrer ao computador, o WhatsApp se enquadra na comunicação instantânea do smartphone, que trouxe eficiência, e também risco, às relações de trabalho.
Do lado dos colaboradores, uma orientação comum na área de RH, segundo Debora Nascimento, diretora-geral da consultoria Capacitare, é seguir normas e tentar organizar a rotina para o uso do aplicativo, como responder a mensagens não relacionadas ao ofício no intervalo.
As mensagens de trabalho fora do expediente devem ser evitadas. “Muitos ficam preocupados se não responderem e querem mostrar que estão disponíveis. É preciso entendimento claro de que todos estão na mesma página.”
O comportamento em grupos corporativos, segundo ela, pode ser guiar pela conduta esperada dentro da empresa: comentários relativos ao assunto e “sem uso de palavras de baixo calão” —com o adicional de não enviar correntes, memes ou falar de política.
| Folha de S. Paulo (publicado em 02-11-2019) | | | | Trabalhador passou por cinco assaltos; ele pediu R$ 200 mil
A Terceira Turma do TST (Tribunal Superior do Trabalho) condenou a CS Brasil, empresa de transporte público de Mogi das Cruzes (Grande SP), a pagar indenização a um cobrador de ônibus que desenvolveu depressão grave após passar por cinco assaltos durante a jornada de trabalho.
O trabalhador pediu R$ 200 mil, mas o valor ainda será definido no TRT-2 (Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo).
A condenação ocorreu porque os ministros consideraram que a função exercida por ele se enquadra no conceito de atividade de risco e, portanto, havia responsabilidade objetiva da empresa no dano sofrido pelo empregado.
A decisão é um avanço em relação às atividades que recebem esse enquadramento.
A responsabilidade objetiva em caso de atividade de risco já é prevista no artigo 927 do Código de Processo Civil. A norma chamada de teoria do risco define que as empresas têm de “reparar o dano, independentemente da culpa”, nos casos em que, devido à natureza do trabalho, o funcionário fique vulnerável à violência.
O ministro Agra Belmonte afirmou, em relatório na ação no TST, que o trabalhador teria direito à indenização mesmo que não tivesse demonstrado o abalo psicológico. Ele disse também que deve ser atribuída responsabilidade ao empregador quando a atividade ofereça risco à integridade física do empregado.
Para Belmonte, o trabalho no transporte público se enquadra nesse entendimento, pois é “sabidamente visado por criminosos, ante a facilidade de se acessar o dinheiro do caixa.” Além disso, o fato de a segurança pública ser dever do Estado, não exime a responsabilidade da empresa.
O cobrador que foi à Justiça do Trabalho relatou ter sido vítima de cinco assaltos, nos quais sofreu ameaças de morte. Ele foi afastado e laudo médico pericial confirmou o nexo causal, que é a incapacidade decorrente do trabalho. O diagnóstico foi de episódio depressivo grave e transtorno de pânico.
A CS Brasil informou que, embora respeite a decisão da TST, não concorda com a condenação por não desenvolver atividade de risco e, “sobretudo, porque o evento se trata de fortuito externo ao contrato de trabalho.” A empresa vai aguardar o TRT-2.
O advogado Ricardo Calcini, professor de direito do trabalho, diz que o entendimento quanto à responsabilidade das empresas é pacificado, mas que vem aumentando a percepção de que trabalhos como o de cobrador de transporte coletivo é considerado atividade de risco.
“Especialmente em grandes cidades e capitais, é um trabalho que expõe o trabalhador”, explica. “A Justiça vai considerar também se o empregador tomou alguma medida para mitigar os riscos, de modo a reduzir o dano para o funcionário.”
O entendimento de que a empresa tem essa obrigação foi confirmado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em setembro, em recurso especial que discutia se a Protege S/A, empresa de transporte de valores, precisava ou não indenizar um vigilante de carro-forte que sofreu danos psicológicos decorrentes de um assalto.
Esse caso foi analisado como repercussão geral, mas a tese a ser aplicada ainda não foi declarada. Quando isso for feito, o entendimento definido pelos ministros do Supremo deve passar a ser usado em todos os processos que discutem o tema.
| Folha de S. Paulo (publicado em 01-11-2019) | | | | Alteração em texto restringe punição a entes que descumprirem regras para equilibrar aposentadorias
O plano do governo para forçar estados e municípios a ajustar as contas com Previdência pode ficar limitado.
A reforma da Previdência, já aprovada pelo Congresso, prevê sanções caso sejam descumpridas regras que visem equilíbrio financeiro dos regimes de aposentadorias de servidores estaduais e municipais.
No entanto, uma alteração feita pelo relator, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), na proposta de complementação da reforma restringe essas punições. Isso foi incluído na chamada PEC (Proposta de Emenda à Constituição) paralela, que reúne mudanças na reforma da Previdência defendidas pelo Senado.
O governo quer ter o poder de suspender transferências voluntárias de recursos e barrar a concessão de garantias a empréstimos e de financiamentos via bancos públicos a estados e municípios que desobedecerem a normas para ajuste nas despesas com aposentadorias e pensões.
O Congresso deu essa autorização ao governo quando aprovou a PEC da reforma da Previdência, cuja tramitação foi concluída em outubro. Muitos parlamentares não perceberam esse trecho quando aprovaram o texto.
Por isso, Jereissati decidiu limitar as punições em artigo incluído na PEC paralela, que será votada pelo Senado e, se aprovada, vai para a Câmara.
As sanções, segundo o novo texto, não poderão ser aplicadas se o estado ou município aderir à reforma da União, mesmo em caso de descumprimento de normas, por exemplo, de uso de recursos, ou ausência de mecanismos para solucionar o rombo.
A decisão do senador desagradou à equipe econômica. Técnicos estão preocupados com os efeitos dessa restrição no plano para incentivar o ajuste na Previdência de estados e municípios, cujo principal projeto é a LRP (Lei de Responsabilidade Previdenciária).
A criação de uma lei com regras para controlar o rombo nos regimes de aposentadorias dos estados e municípios é o próximo passo da equipe do ministro Paulo Guedes (Economia), responsável por políticas na área previdenciária.
Pela proposta, que ainda está em elaboração, os entes terão de formular uma estratégia para equacionar o déficit atuarial, que considera as expectativas futuras de arrecadação e pagamento de benefícios.
O projeto para a LRP, que precisa ser aprovado pelo Congresso, foi confirmado pelo secretário de Previdência Social, Leonardo Rolim, em entrevista à Folha em outubro.
“A lei vai seguramente dar um prazo para os regimes se organizarem, para que sejam sustentáveis. Não pode ser de um dia para o outro. O estado ou município vai ter de comprovar equilíbrio financeiro atuarial”, disse à época.
O plano do governo é conceder recompensas a entes que seguirem as normas e poder aplicar sanções em caso de descumprimento de regras.
Isso, segundo técnicos, é um contraponto à retirada de estados e municípios da reforma da Previdência, como desejava a equipe econômica.
A Câmara decidiu que governadores e prefeitos deveriam também ter o desgaste político de aprovar uma medida impopular que endureça os critérios de aposentadoria e pensões para servidores.
Previdência para estados e municípios
Reforma aprovada pelo Congresso poupa servidores estaduais e municipais
Texto permite, porém, que governo aplique sanções a entes que não tomarem medidas de ajuste nas contas
Transferências voluntárias de recursos da União e empréstimos em bancos públicos podem ser cortados
Senado analisa uma proposta (PEC paralela) com mudanças à reforma da Previdência
A proposta impede a União de aplicar punições a estados e municípios que aderirem à reforma
Mesmo se o ente não cumprir regras a serem estabelecidas em lei, não caberia sanção, segundo a PEC paralela
Governo quer criar a LRP (Lei de Responsabilidade Previdenciária) para forçar estados e municípios a elaborar plano para solucionar o rombo
O objetivo mais relevante da PEC paralela, gestada pelo Senado, é estender o efeito da reforma para estados e municípios, desde que seja aprovada uma lei nas Assembleias chancelando as novas regras para o funcionalismo federal. Isso está mantido na proposta.
O rombo nos regimes previdenciários dos estados vem crescendo e alcançou R$ 101,3 bilhões no ano passado.
Mas, ao perceberem as punições aprovadas no projeto principal da reforma, senadores passaram a articular uma limitação a esse poder quando o estado ou o município adotar os mesmos critérios para aposentadorias de servidores da União.
Por isso, Jereissati incluiu na PEC paralela uma emenda proposta pelo líder do PSD, Otto Alencar (BA), que tem feito duras críticas à reestruturação da Previdência.
“Não é justo que o ente que reforma sua Previdência fique à mercê de burocracias em aspectos tão vitais”, diz Alencar.
Jereissati também criou um dispositivo para que governadores e prefeitos possam revogar a decisão de aderir à reestruturação das regras de aposentadorias e pensões.
A revogação também seria por projeto de lei aprovado nas Assembleias e nas Câmaras Municipais. No entanto, há uma trava para sair da reforma da Previdência.
Isso não pode ser feito quando faltarem 180 dias ou menos para o término do mandato. A ideia é evitar que um gestor deixe uma situação desfavorável para as contas do sucessor.
Diante da grave crise fiscal nos estados, a equipe de Guedes sustenta que esses entes precisam fazer um forte ajuste, principalmente na Previdência. Sem uma mudança nas contas, estados, na avaliação de técnicos, vão acabar pedindo socorro à União.
| Folha de S. Paulo (publicado em 02-11-2019) | | | | Empresa lança modelo Bolt e afirma que gastos com recarga e manutenção são baixos
O Chevrolet Bolt, primeiro carro elétrico da marca no Brasil, chega às lojas com preço sugerido de R$ 175 mil. É dinheiro suficiente para comprar um luxuoso Audi, BMW ou Mercedes —e R$ 50 mil a mais que o pedido pelo Toyota Corolla Hybrid, referência atual em eficiência energética.
Apesar do alto valor, a montadora norte-americana usa a calculadora para afirmar que seu lançamento oferece bom custo-benefício.
De acordo com os cálculos da Chevrolet, o Bolt consome o equivalente a R$ 98 em energia para percorrer mil quilômetros. O valor é 51,5% inferior aos R$ 202 necessários para percorrer a mesma distância com o Corolla Hybrid abastecido com gasolina.
A conta considera o consumo de 20,5 km/l (cidade e estrada) do Toyota aferido pelo Instituto Mauá de Tecnologia. O cálculo se baseia no valor médio de R$ 4,14 para o litro do combustível em São Paulo durante outubro, segundo a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis).
A Chevrolet também diz que os gastos com manutenção são menores no Bolt. Faz sentido: carros elétricos têm menos itens que exigem substituição frequente. Não há troca periódica de lubrificantes e de seus filtros.
Por outro lado, há novas preocupações. Apesar de a autonomia do Bolt chegar a 416 km em condições ideais de uso (trânsito moderado, poucas subidas pelo caminho e velocidade baixa), a escassez de pontos recarga assusta. Há cerca de 170 tomadas para carros elétricos pelo país, número pífio diante dos mais de 40 mil postos de gasolina.
Quem quiser —e puder— recarregar o Chevrolet em casa pode adquirir um aparelho que custa R$ 8.300. Com esse equipamento, a bateria atinge o nível máximo em dez horas. É bem menos que as 40 horas necessárias para completar a carga em um plugue comum de 220V.
Em um uma análise além das cifras, o Bolt tem seus atrativos. É bem equipado e ágil, característica comum aos elétricos. Seu espaço interno lembra o de uma minivan, com folga para as pernas no banco traseiro. A cabine tem acabamento bem cuidado, de plástico cinza.
É curioso ver executivos da Chevrolet, historicamente reconhecida por carros com motor V8, enaltecerem um veículo movido a eletricidade. Na apresentação feita nesta sexta (1°), representantes da marca destacaram a potência de 203 cv, número próximo ao oferecido pela picape S10 2.5 flex (206 cv).
Essa exaltação ao mundo sem queima de combustível se torna cada vez mais comum.
Com a chegada do Bolt, já são 12 as marcas que oferecem veículos híbridos ou 100% elétricos no Brasil: BMW, Chery, Chevrolet, JAC, Jaguar, Lexus, Nissan, Porsche, Renault, Toyota, Volkswagen e Volvo. Por enquanto, nenhum dos veículos disponíveis custa menos de R$ 120 mil.
| Folha de S. Paulo (publicado em 02-11-2019) | | | |
Os equipamentos serão utilizados pela indústria de peças fundidas de Guarulhos na linha de produção de um novo segmento de turbinas que se abre
A LEPE, especializada na fabricação de peças de ferro fundido cinzento, nodular e ligados, além de produtos com valor agregado como usinagem, pintura e montagem, investiu R$ 1 milhão na aquisição de dois equipamentos que serão utilizados no desenvolvimento de uma nova linha de peças que está sendo trabalhada pela empresa. A máquina de usinagem coreana custou à companhia cerca de R$ 700 mil. O restante do valor foi investido na compra de um espectômetro, ou máquina de análise química, de origem alemã.
Os equipamentos serão utilizados na linha de produção de um novo segmento de turbinas que se abre. Nesse mercado a LEPE já atua com outras linhas de produtos. "Em tempos difíceis da economia, temos que aproveitar todas as oportunidades que aparecem. Uma coisa é querer investir, a outra é ter capacidade para fazê-lo. Tudo o que acontecer em 2019 vai refletir em 2020. O céu é o limite e tudo pode acontecer, mas estamos muito otimistas", declara Wilson de Francisco Júnior, diretor Comercial da LEPE.
A LEPE esperava fechar 2019 com um crescimento da ordem de 20%. Contudo, a previsão foi revisada para 10%. "Tivemos o primeiro semestre de queda, mas o segundo apontou melhora. Para 2020, pelos números que enxergamos das programações futuras, teremos um crescimento relativo a 2019 de 10%, ou seja, o ano que vem está em média 10% maior do que este ano", explica Wilson. Mas o crescimento, como aponta o executivo da companhia, pode ser até um pouco maior, na faixa dos 15%, em razão de negócios que sendo finalizados e que vão agregar novos itens à carteira da empresa.
A LEPE opera hoje com cerca de 50% de sua capacidade total de 1.500 toneladas mensais, cuja produção de 95% é absorvida pela indústria nacional. O restante dos produtos, como coletores, alavancas, suportes, polias, tampas, pedais, carcaças e volantes, é exportado para Estados Unidos, China, Tailândia e Argentina. "E, em um universo de rápidas transformações, avaliamos também novos negócios, setores e mercados que despontam com muita atratividade e podem, no futuro, gerar bons resultados para a companhia", diz o diretor.
SOBRE LEPE INDÚSTRIA E COMÉRCIO
Fundada em 1949, a LEPE Indústria e Comércio, instalada no bairro Porto da Igreja, em Guarulhos, é uma empresa especializada na fabricação de peças de ferro fundido cinzento, nodular e ligados, além de produtos especializados, especialmente para o setor automotivo. Os produtos da LEPE são desenvolvidos com base nos projetos dos clientes, obedecendo às mais rigorosas especificações de materiais e dimensões, amplamente reconhecidas com as certificações ISO TS 16949 (IATF 16949) e ISO 14001.
| CIMM | | | | Desde que o mundo passou por sua primeira Revolução Industrial, trazendo desenvolvimento, inovação e novos conhecimentos, os processos industriais não pararam de evoluir e cada vez mais as máquinas ocuparam seus lugares nas fábricas. Com isso, uma nova demanda surgiu: a manutenção de máquinas e equipamentos, já que para garantir um bom funcionamento e alta produtividade, a prevenção de falhas e correções torna imperativo o advento da manutenção.
Jornada de evolução dos sistemas de manutenção
Pode-se dizer que o homem desde os tempos das cavernas já desenvolve meios de correção para seus utensílios diários, mas foi a partir de 1914, com a Primeira Guerra Mundial, que as técnicas de manutenção se tornaram mais aprimoradas. A cada revolução industrial, com as novas tecnologias de produção surgem também novas abordagens de manutenção. Conceitualmente, pode-se classificar em quatro os tipos de manutenção praticadas pela indústria.
Manutenção reativa ou corretiva: também conhecida como run to failure -- ou, traduzindo, funcionando até a falha -- é aquela em que nenhuma análise é feita e a manutenção só acontece após a falha do equipamento. Apesar de ser uma abordagem dita primitiva, por vezes é justificada dada baixíssima criticidade do ativo dentro do processo produtivo e relativo baixo custo em sua manutenção;
Manutenção preventiva: quando o sistema operacional é interrompido de tempos em tempos para corrigir o que for (ou não) necessário e trocar peças que têm uma validade pré-determinada pelo fabricante, independentemente se a máquina apresenta falhas ou não. É uma abordagem muito utilizada que pode ser demasiadamente dispendiosa, pois pode-se substituir partes e peças na metade de sua vida útil e substitui-las por outras com defeitos e/ou vícios em sua fabricação, por exemplo;
Manutenção preditiva: é monitoramento das condições de funcionamento. Rotas de verificações frequentes são traçadas para se saber o real estado momentâneo do equipamento e, a partir dos resultados e tendências destas medições, são tomadas decisões de reparo ou continuidade;
Manutenção prescritiva: conhecida como o futuro da manutenção. Nessa abordagem a medição e a análise ocorrem remotamente e em tempo real, não havendo a necessidade do técnico ir até o local onde está o equipamento apenas para avaliá-lo.
Também não é preciso consultar os dados ou o histórico daquela máquina, já que o próprio sistema terá uma inteligência artificial tomadora de decisões, que integrando todas as informações da concepção do equipamento, do seu histórico de funcionamento e falhas, comparando estes com históricos de diversas outras máquinas similares em seu banco de dados, somadas às condições ambientais de temperatura e humidade, por exemplo, decidirá pela manutenção e/ou continuidade da operação. Desta forma, o técnicos poderão dedicar-se aos trabalhos de reparo e substituição de ativos.
Manutenção prescritiva: o futuro da manutenção
Ao pensar na jornada de evolução dos sistemas de manutenção, a prescritiva está no ponto mais alto. Nela, por meio de tecnologias, como machine learning, é possível acessar todos os dados registrados sobre a máquina, bem como todos os comportamentos de ativos semelhantes. Além disso, a maior vantagem da manutenção prescritiva é a tomada de decisão totalmente automatizada, com rapidez e exatidão.
Quando pensamos na quantidade de dados do sistema e na estratégia da manutenção, a prescritiva está muito à frente. Por meio da utilização de multidados, os técnicos têm um número de informações muito maior e a chance de tomar uma decisão mais assertiva e embasada aumenta, ao invés de gastar tempo avaliando o equipamento e fazendo plano de manutenção.
As empresas que adotam uma estratégia da manutenção mais próxima a prescritiva podem transferir o esforço e tempo que seus técnicos geralmente gastam analisando dados para outra atividade que demande uma dedicação tão ou mais importante. Já na abordagem preditiva e com maior eficiência na prescritiva, tudo funciona como uma triagem médica, na qual a doença -- ou no caso, a falha -- é definida de acordo com sua criticidade, sendo assim definida a necessidade de ser consultada, ou não, por um clínico geral ou por um especialista. Portanto, a otimização do serviço de manutenção é vantajosa para o cliente que não pode permanecer com seu equipamento quebrado, e para o profisisonal, cuja rotina e equipe cada vez mais enxuta, o obriga a ir direto ao ponto principal do problema, já com uma solução definida.
De acordo com a pesquisa da Confederação Nacional da Indústria -- CNI, até 2016, 63% das empresas utilizavam novas tecnologias digitais, e apenas 48% pretendiam adotar as inovações tecnológicas. A partir de 2018 houve um aumento significativo do interesse das empresas pela chamada “Indústria 4.0”, -- e o número passou de 63% para 73%. Ou seja, hoje, pelo menos 7 em cada 10 grandes indústrias pretendem ou utilizam tecnologias digitais em seu dia a dia - o que mostra avanço e uma maior preocupação dos setores industrial e empresarial. No entanto, é importante pontuar que até 2018, apenas 21% das empresas utilizavam tecnologias de coleta, processamento e análise de grandes quantidades de dados (big data), e somente 9% adotaram tecnologias de sistemas inteligentes de gestão, como a Inteligência Artificial.
A pouca utilização de tecnologias ligadas ao mesmo sistema que opera a manutenção prescritiva ocorre porque a maioria dessas empresas ainda estão em um estágio inicial da Indústria 4.0, mas em contrapartida, existe um aumento da procura por tecnologias digitais e esse cenário tende a mudar. A manutenção prescritiva está firmando-se como uma das novas tecnologias digitais mais eficientes e trazendo resultados mais positivos para o setor.
Em 2017, o ARC Advisory Group realizou um estudo sobre a aplicação da manutenção prescritiva em turbinas. O resultado mostrou que essa aplicação reduziu em 50% o tempo de inatividade por manutenção corretiva, além da redução de 35% de acidentes graves, e o tempo de resposta ficou 25% mais rápido do que antes. Esse é apenas um exemplo dos benefícios adquiridos ao adotar esta modalidade de manutenção.
Quando pensamos nesse sistema totalmente integrado, com dados na nuvem, tomada de decisão automatizada, sensores que deixam o fluxo de trabalho mais rápido e os equipamentos de teste e medição funcionando com maior facilidade, é possível vislumbrar o futuro do setor industrial. O processo passa a ser mais inteligente e simples, atingindo assim a melhor funcionalidade das máquinas. Por mais que pareça algo ainda distante, essa tecnologia cada vez mais é uma realidade e está na hora das empresas atentarem-se a este cenário para não correrem o risco de serem deixadas para trás. A manutenção prescritiva é de fato o futuro da manutenção.
| Ind4.0 (publicado em 02-11-2019) | | | | A Indústria 4.0 provoca mudanças no modo como as empresas se relacionam com os seus funcionários, parceiros, comunidade e clientes. Ela também está criando um novo modelo de negócio em que as organizações precisam cada vez mais adequar seus produtos e serviços às necessidades do cliente. Mas essa mudança não deve ser apenas para trazer automação e produtividade, é preciso estar atento à sustentabilidade. Para além dos ganhos financeiros, a implantação de tecnologias no processo produtivo também deve atender os outros pilares da sustentabilidade: o social e ambiental.
Pela imensa importância nos dias atuais, o uso consciente de recursos em processos produtivos deve estar no centro da nova revolução industrial pela qual passamos. Portanto, não há como falar de ambientes inteligentes se estes não tiverem preocupação com os efeitos da atividade industrial nas pessoas do entorno e no meio ambiente. Para que as indústrias sejam parte da solução no desenvolvimento sustentável as tecnologias devem ser viáveis economicamente, contribuir com a minimização de impactos ao meio ambiente e proporcionar impactos positivos na qualidade de vida das pessoas envolvidas.
Aqui no Brasil, felizmente, a Indústria 4.0 já é uma realidade. Realizada durante o primeiro semestre deste ano pela Allonda Ambiental, uma pesquisa inédita sobre prioridades ambientais, com 80 empresas de diferentes portes, aponta que a tecnologia 4.0 já é usada para monitoramento do processo produtivo por 70% das Indústrias, 38% das empresas de Serviços e 24% das empresas de Infraestrutura. E 59% planejam investimentos nessa área em 2019.
Naturalmente, ainda há espaço para avançar nesse sentido. Mas, se levarmos em consideração que o país há alguns anos passa por uma grave crise econômica e que o seu processo de recuperação tem sido bem mais lento do que se esperava, o fato de contarmos com empresas atuando nesse cenário e outras com planos de investir em tal, nos permite acreditar que estamos conscientes das necessidades impostas pelos momentos atuais. Hoje, mais do que nunca, a busca por soluções sustentáveis deve fazer parte da estratégia de negócio de qualquer organização.
* Por Leo Cesar Melo, CEO da Allonda Ambiental, empresa de engenharia com foco em soluções ambientais sustentáveis
| Ind4.0 | | | |
Na indústria 4.0, a eficiência dos processos de produção é posta à prova a cada novo sensor instalado em uma máquina e a cada novo sistema que passa a controlar uma parte da operação. A cada etapa de adoção de novas tecnologias, sistemas e soluções, existem riscos que podem ser minimizados com a implantação da metodologia ágil.
Desenvolvida inicialmente na indústria de software e depois aplicada a outros setores, a metodologia ágil é uma alternativa à gestão tradicional de projetos, e permite aprimorar processos, aumentar a produtividade e encurtar os ciclos de entrega com o envolvimento de equipes cada vez mais multidisciplinares e focadas, resultando em melhor qualidade.
Escrito em 2001 e endossado por 17 desenvolvedores de software, o Manifesto Ágil surgiu da observação de pontos comuns de projetos que tiveram sucesso em suas metodologias e também visava evitar falhas de desenvolvimento, como a que resultou a explosão do foguete Ariane-5, em 1996, que causou um prejuízo de US$ 370 milhões.
Investigações da Agência Espacial Europeia sobre o acidente identificaram que a explosão na hora do lançamento não havia sido provocada por falha mecânica ou mesmo sabotagem. Um simples erro de software, que fez cálculos errados na hora do lançamento, causou o desastre.
Esse episódio também trouxe uma grande lição que foi observada com atenção pela indústria: era preciso ter mais agilidade e eficiência nas entregas e na execução de um projeto como um todo, garantindo um resultado final de alta qualidade. Afinal, imagine se o software que controla a operação de um alto forno em uma siderúrgica errar algum cálculo que leve a uma falha mecânica? O resultado pode ser uma grande explosão, causando, além dos prejuízos financeiros, a morte de funcionários.
Alinhando a Indústria 4.0 e a metodologia ágil
Tornar a Indústria 4.0 uma realidade exige a adoção de um conjunto de tecnologias e automação industrial, com intensa digitalização de informações e comunicação direta entre sistemas, máquinas, produtos e pessoas. A jornada rumo à Indústria 4.0 vai muito além de software e hardware, passando pela construção da estratégia, processos, metodologias e a mudança da abordagem em relação à gestão de projetos.
A metodologia ágil vai de encontro a essa flexibilidade, rapidez e segurança exigidas pela Indústria 4.0, oferecendo a capacidade de realizar ajustes no projeto e no produto conforme eles evoluem. Ao considerar as mudanças rápidas do ambiente – como os clientes, a tecnologia e os concorrentes – a gestão de projetos vai se adaptando de forma flexível, gerando aprendizado durante o processo. Isso garante o melhor resultado possível, de forma eficiente e sustentável para a empresa, ao mesmo tempo que maximiza a experiência do cliente em cada etapa.
A jornada rumo à Indústria 4.0 não é uma opção e os líderes de negócio devem aproveitar a oportunidade e transformar inovadoras tecnologias em aliadas. Assim, a metodologia ágil, implantada a partir de um projeto bem estruturado, com a presença de parceiros com expertise comprovada, se encaixa perfeitamente nesse novo cenário, otimizando os resultados finais, poupando tempo e recursos na gestão de projetos.
* Por Gilberto Strafacci, Diretor do SETEC Consulting Grou
| CIMM (publicado em 03-11-2019) | | | | A Toyota lança o primeiro veículo híbrido com motor flex do mundo. Enquanto isso, o mercado brasileiro se adequa ao programa governamental Rota 2030. Tanto para atender suas exigências quanto para fazer bom uso das isenções fiscais e alavancar P&D automotivo no Brasil.
Esse cenário e a relevância do tema devem estimular a engenharia a discuti-los ante as tendências mundiais de propulsores muitas vezes baseadas em conveniências diferentes das nossas. Qual seria a melhor tecnologia para um país de dimensões continentais, desigualdades estruturais e farto em variadas fontes de energia como o nosso? Que implicações haveria a partir da definição de uma única solução? São tão diversos quanto importantes os aspectos que podem influenciar essa resposta. Dentro deste cenário, os principais temas serão discutidos no Simpósio SAE BRASIL de Powertrain, de 4 a 5 de novembro, em Sorocaba, São Paulo, e que destaco aqui.
Motores e lubrificantes de veículos híbridos. Embora o motor seja muito parecido com o de um veículo convencional, seu uso deve ser bem diferente já que as baixas rotações e cargas serão motorizadas pelo motor elétrico, cabendo ao de combustão interna sair do desligado/frio a um regime de alta solicitação. Ao lembrar que a viscosidade do óleo a 25°C é quase 10 vezes maior que a 90 °C (habitual para o óleo num veículo convencional, dá para prever que novas soluções serão exigidas para um bom funcionamento do motor de combustão no seu uso em veículos híbridos. Vale lembrar a entrada de novos lubrificantes, como os SAE 0W-16, que chegam por aqui.
Rota 2030. O extinto Inovar Auto acelerou a introdução de motores 3 cilindros, blocos de alumínio, uso de turbocompressor etc. O atual programa Rota 2030 deve trazer mudanças semelhantes e muito mais abrangentes, já que cobre não só as montadoras, mas toda a cadeia de fornecedores. O que podemos esperar? Desafios, oportunidades e inovação.
Manufatura avançada. Pilar para o aumento da competitividade brasileira, tanto internamente quanto para aumentar a exportação, a manufatura avançada, a indústria 4.0 e a manufatura aditiva, não podem ficar fora desse contexto. Estamos falando aqui também das novas competências e habilidades que a evolução tecnológica requer para que os profissionais possam lidar com o crescimento exponencial do volume de dados no espaço cibernético gerados por ela, que transformam a tomada de decisões nas organizações. Falamos de grandes mudanças, de uma cultura totalmente nova de aprendizado em relação à que conhecemos até hoje. De uma transição que requer a formação de futuros profissionais e a requalificação dos atuais nessa nova cultura.
Emissões é outro tema que não pode faltar na discussão tendo-se em vista o que vem pela frente: “Real Drive Emissions” (RDE), maior controle sobre emissões a frio do etanol, como medir, como controlar?
Esses e outros assuntos que desafiam a engenharia serão debatidos no 17º Simpósio SAE BRASIL de Powertrain, que reunirá profissionais em apresentações simultâneas dedicadas a motores ciclo Otto e sistemas de transmissões.
* Eduardo Tomanik é doutor em engenharia mecânica e membro da Comissão Técnica de Motores Ciclo Otto da SAE BRASIL
| CIMM | | | | Conselhos das empresas aprovam sociedade 50/50 que cria quarta maior fabricante de veículos do mundo
Os conselhos da FCA e PSA aprovaram a fusão dos dois grupos, confirmando as notícias veiculadas na imprensa nesta semana. Em comunicado conjunto divulgado na manhã da quinta-feira, 31, as empresas informaram que será formada uma sociedade dividida em partes iguais (50/50) entre os acionistas controladores das corporações, avaliada inicialmente em € 40 bilhões. O negócio criará o quarto maior fabricante de veículos do mundo, com potencial de produzir cerca de 9 milhões de unidades/ano de 13 marcas com ampla gama de produtos, incluindo automóveis de passageiros em todos os segmentos, bem como modelos de luxo, premium, SUVs, picapes e comerciais leves.
Os conselhos de ambos os grupos “outorgaram poderes a seus respectivos times para concluir as discussões e para firmar um memorando de entendimento vinculativo nas próximas semanas”, diz o comunicado, que também informa como será a configuração acionária da companhia e adianta quem vai encabeçar sua diretoria.
Carlos Tavares, atual CEO do Grupo PSA, segue no comando, será nomeado para mandato inicial de cinco anos como CEO do novo grupo. Ele também terá assento no conselho de administração, a ser presidido por John Elkann, que hoje ocupa a mesma posição na FCA como herdeiro da família de controladores da companhia. O conselho terá 11 membros, cinco indicados pela FCA (incluindo Elkann) e cinco pela PSA, que nomeará o diretor sênior independente e o vice-presidente, além do próprio Tavares.
A rapidez dos conselhos na divulgação dos detalhes da fusão surpreendeu os analistas de mercado, que esperavam por alguma oposição do governo francês, que tem participação de 12% na PSA e há seis meses foi o principal responsável por barrar a negociação de união entre a mesma FCA e outra francesa, a Renault, da qual é o maior acionista individual, com 15% das ações. Os bons resultados apresentados pela PSA nos últimos anos e a menor participação de seu sócio estatal devem facilitar o novo negócio. Neste caso também não houve interferência de sócio de fora da Europa preocupado em perder relevância na corporação, como ocorreu com a Nissan em relação à Renault. Até agora não houve manifestação contrária da chinesa Dongfeng, que detém pouco mais de 12% do Grupo PSA.
Ganhos financeiros
A união das duas empresas tem potencial para aumentar os ganhos financeiros de ambas nos próximos anos. As receitas anuais combinadas das operações automotivas de FCA e PSA somam hoje € 170 bilhões e o lucro operacional recorrente estimado fica acima de € 11 bilhões – já excluindo do balanço as divisões de autopeças Faurecia da PSA e Magneti Marelli, vendida pela FCA este ano ao grupo japonês Calsonic Kansei.
Os grupos estimam que terão custo total único de € 2,8 bilhões para alcançar sinergias que podem economizar aproximadamente € 3,7 bilhões por ano, sem necessidade de fechar plantas, garantem – o que era a principal preocupação de sindicatos e dos governos da Itália e França, que já haviam se manifestado contra qualquer fechamento de fábricas.
A expectativa é que 80% dessas reduções de custos poderão ser alcançados após quatro anos da fusão, por meio de maior eficiência na alocação de grandes somas de recursos para investimentos em plataformas de veículos, motores e transmissões, novas tecnologias como eletrificação e sistemas de segurança e direção autônoma, além da melhoria da capacidade de compras resultante da nova escala combinada do grupo.
A fusão de 13 marcas de automóveis agrega à PSA presenças significativas da FCA nos mercados da América do Norte com Jeep, Dodge e Ram, e na América Latina com Fiat e Jeep. Também incluem no pacote o alto valor agregado trazido por Alfa Romeo e Maserati, marcas premium da FCA com maior margem de lucro que têm potencial de desenvolvimento global. Na mão contrária, a FCA ganha maior participação na Europa, onde as marcas Peugeot, Citroën e Opel fazem do Grupo PSA o segundo maior fabricante da região.
As corporações ratificaram a percepção de que só grandes grupos terão capital suficiente para fazer frente aos enormes investimentos necessários para atender às profundas transformações do ambiente de negócios nos próximos anos, envolvendo desafios em mobilidade conectada, eletrificada, compartilhada e autônoma. “A companhia combinada vai alavancar sua forte presença em pesquisa e desenvolvimento e ecossistemas globais para estimular a inovação e vencer esses desafios com rapidez e eficiência de capital”, diz o comunicado dos grupos.
Segundo as empresas, os aspectos da fusão foram objeto de “intensas discussões entre a alta gestão das duas companhias”. O plano para combinar os negócios resulta da “convicção de que há lógica convincente para esse movimento ousado e decisivo, que criará um líder na indústria com a escala, capacidades e recursos suficientes para capturar com sucesso as oportunidades e gerenciar de forma efetiva os desafios da nova era em mobilidade.”
“Essa convergência traz valor significativo para todas as partes envolvidas e abre um futuro brilhante para a entidade combinada. Estou satisfeito com o trabalho já feito em conjunto com Mike Manley (atual CEO da FCA) e ficarei muito feliz em trabalhar com ele para construirmos uma grande companhia”, afirmou Carlos Tavares, CEO do novo grupo.
“Estou muito feliz com a oportunidade de trabalhar com Carlos e seu time nessa combinação com potencial para mudar a indústria. Temos uma longa história de cooperação bem-sucedida com o Groupe PSA e estou convencido de que juntos com nossos times podemos criar uma companhia de mobilidade global de nível mundial”, disse Mike Manley, que foi chefe das marcas Jeep e Ram e há pouco mais de um ano assumiu o comando da FCA após o falecimento de Sergio Marchionne. Não foi informada qual será a posição ou função de Manley no novo grupo.
Divisão de poder
Os acionistas de cada companhia terão 50% do patrimônio do novo grupo e os lucros e dividendos decorrentes da combinação serão compartilhados igualmente entre eles. A fusão de PSA e FCA será efetivada por meio de uma companhia controladora (holding) com sede na Holanda, mas terá ações listadas na Bolsa de Milão (Itália), na Euronext de Paris (França) e na Bolsa de Valores de Nova York (EUA). A governança da nova companhia será equitativa entre os acionistas e a maioria do conselho de administração será composta por membros independentes. A estrutura administrativa global continuará sediada nos atuais escritórios centrais da França, Itália e Estados Unidos.
A proposta para o estatuto da nova empresa é que nenhum acionista individual tenha mais de 30% dos direitos de votos nas assembleias gerais, para diluir o poder de decisão dos controladores. Nenhuma minoria poderá barrar decisões, todas serão tomadas por maioria simples (acima de 50% dos votos). Também está previsto que não haverá transferência dos direitos de voto duplo existentes, mas que novos direitos de voto duplo serão concedidos após três anos da fusão.
Ficou acertado que os controladores do Grupo PSA (Bpifrance Participations S.A., a chinesa Dongfeng e a Família Peugeot) e da FCA (a holding Exor N.V.) vão manter o atual nível de participação acionária por um período de sete anos, seguindo a conclusão da fusão. Exor, Bpifrance Participations e Família Peugeot estarão sujeitos a um bloqueio de três anos para aumentar suas participações, exceto a Família Peugeot, que terá permissão para elevar sua parte em até 2,5% durante os primeiros três anos após o fechamento, mas apenas por meio da aquisição de ações da Bpifrance Participations e da DFG.
Antes do fechamento da fusão, a FCA informa que vai distribuir aos seus acionistas dividendo especial de € 5,5 bilhões e repassará sua participação acionária na Comau (fabricante de linhas de produção e robôs). Por sua parte, a PSA vai distribuir aos acionistas a sua parcela de 46% na Faurecia.
A proposta de fusão será submetida ao processo de informação e consulta aos órgãos representantes dos empregados e estará sujeita às condições habituais de fechamento da operação. Ainda estão pendentes as aprovações finais do Memorando de Entendimentos pelos conselhos de administração dos dois grupos e acordo sobre documentação definitiva.
| CIMM | | | | A MWM, fabricante de motores a diesel, anunciou o fechamento da planta de produção na Argentina. Controlada pela americana Navistar, a unidade está localizada em Jesús María, na província de Córdoba.
A empresa possui sede no Brasil e é responsável pela fabricação de motores a diesel para veículos comerciais e automóveis de médio porte. A unidade que será fechada é uma das três que a MWM possui.
Segundo informações da empresa à mídia local, manter a unidade tornou-se inviável. Devido ao fechamento, cerca de 100 demissões serão efetuadas.
Com o fechamento da unidade, toda a produção local de motores a diesel e componentes será transferida para o Brasil, em uma fábrica localizada na Zona Sul de São Paulo.
Entre as montadoras que recebiam motores da unidade estão Ford, General Motors e Mercedes-Benz. A fábrica da Argentina havia sido inaugurada em 1995 junto com a planta de Canoas, no Rio Grande do Sul, que também teve as atividades encerradas.
A Navistar International passou a ser responsável pela MWM em 2013, quando a empresa deu início à produção de geradores e motores elétricos.
| CIMM (publicado em 02-11-2019) | | | | Nas últimas semanas as siderúrgicas brasileiras começaram a observar uma mudança no humor do mercado. Depois de meses de atividade monótona, o número de pedidos feitos pelos clientes começou a crescer. Passada a sazonalidade de fim e início de ano, a aposta é de crescimento para 2020, depois de um longo período em que a economia do País andou a passos de tartaruga deixando as vendas de aço a desejar. O começo dessa retomada começará com a demanda vinda da construção civil, depois chegando à indústria e setor automotivo.
“Começamos a observar no final do terceiro trimestre uma entrada maior de pedido de aço para a construção e olhando para 2020 a perspectiva é positiva”, disse o presidente da Gerdau, Gustavo Werneck, em teleconferência, após a siderúrgica gaúcha abrir seu desempenho trimestral. O executivo disse que mesmo que os volumes de vendas de aço longo nos primeiros nove meses do ano ainda sejam de queda na relação anual, no terceiro trimestre a Gerdau observou um crescimento de 17% na venda de concreto armado no comparativo trimestral, demonstrando aumento de demanda.
O presidente da Gerdau comentou que o setor imobiliário residencial e comercial vem divulgando indicadores positivos, com queda de estoques e anúncios de novos lançamentos, além de contratação de mão de obra pelo setor, para novas construções. “Isso abre uma perspectiva de crescimento. Tem um período de sazonalidade de dezembro e janeiro, mas diferente de outros anos começaremos fevereiro e março em ritmo superior ao de outros anos”.
Com um crescimento da economia na casa de 2% no próximo ano, o consumo aparente de aço deverá se expandir 4%, projeta o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro. Segundo ele, depois da construção civil já mostrar sinais de aquecimento, o juro baixo no País, atualmente em 5%, funcionará como uma alavanca para a melhora do setor automotivo, importante consumidor de aço.
O analista da casa de análise independente Eleven Financial, Tasso Sousa, destaca que o quarto trimestre para as siderúrgicas deve ser mais fraco, como ocorre em todos os anos, mas que a partir do ano que vem a visão é positiva. “Já há dados que indicam melhora da demanda para o ano que vem”, comenta.
A demanda em ritmo lento neste ano, contudo, deixou em compasso um plano de investimento da Usiminas, o de sua nova linha de galvanizados. O projeto, esperado para passar pelo crivo do Conselho de Administração até o fim de 2019, poderá levar mais 12 meses antes dessa deliberação. Apesar da economia não ter ajudado até aqui, mantendo a capacidade ociosa da siderúrgica bastante elevada – em torno de 50%, o presidente da Usiminas, Sergio Leite, está otimista de que o crescimento virá em 2020, de mais de 2%.
“A economia ainda não mostrou tração de crescimento. Em que pese que logramos fechar a reforma da previdência, isso se trata apenas de uma condição necessária, mas longe de ser suficiente para garantir um crescimento sustentável. Muita coisa ainda precisa ser feita. Para 2020, se assumirmos um cenário sem ventos de proa do exterior, talvez o Brasil logre crescer entre 1,6% a 1,8% em 2020”, destaca o economista e professor do Ibmec e Insper, Roberto Dumas.
Dentre as siderúrgicas de capital aberto, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) foi a que teve resultado mais fraco no terceiro trimestre do ano. Além do mercado fraco, a companhia foi afetada pela parada de seu alto-forno em Volta Redonda (RJ). Pesa ainda contra a empresa sua dívida. Dentre as três a CSN é a única que não endereçou esse problema e viu sua alavancagem crescer no trimestre.
A mensagem passada, no entanto, é de que os números caminham para a melhora. “Os volumes de vendas de aço devem se recuperar ao longo dos próximos meses, sendo que alguns setores, tal qual a construção civil, já começam a dar sinais de recuperação, disse o diretor executivo de relações com investidores da CSN, Marcelo Ribeiro.
“Todas as questões negativas no trimestre são auto-explicáveis”, disse o presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, ao comentar o desempenho da empresa. O executivo disse que no quarto trimestre do ano a empresa recuperará o terceiro trimestre e que está pronta para captar o crescimento do mercado, esperado para acontecer ano que vem. “Estamos otimistas em relação à economia brasileira em 2020”, comentou.
| Tribuna PR (publicado em 03-10-2019) | | |
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