| Clipping de Logística Reversa - 14-11-2019 - Ano 3 - Edição 105
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Chamada de Notícias
Logística Reversa
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| | | | | Redução de resíduos e rejeitos, logística reversa e responsabilidade compartilhada são os focos da PNRS
Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é uma lei (Lei nº 12.305/10) que organiza a forma com que o país lida com o lixo, exigindo dos setores públicos e privados transparência no gerenciamento de seus resíduos.
O constante aumento do consumo nas cidades proporciona grande geração de resíduos sólidos urbanos. Esse crescimento não é acompanhado pelo descarte adequado, o que pode prejudicar o meio ambiente e a saúde humana com contaminação do solo, dos corpos d'águas e da atmosfera. Um grande potencial é desperdiçado, já que muitos objetos poderiam ser reciclados ou reaproveitados, poupando recursos naturais, financeiros e emissões de CO2, que desequilibram o efeito estufa.
Em 2010, a Lei n° 12.305 foi sancionada e a Política Nacional de Resíduos Sólidos foi instituída, regulamentada pelo decreto 7.404/10. A PNRS foi um marco no setor por tratar de todos os resíduos sólidos (materiais que podem ser reciclados ou reaproveitados), sejam eles domésticos, industriais, eletroeletrônicos, entre outros; e também por tratar a respeito de rejeitos (itens que não podem ser reaproveitados), incentivando o descarte correto de forma compartilhada.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos integra poder público, iniciativa privada e sociedade civil.
Objetivos
Existem 15 objetivos na PNRS:
1. Proteção da saúde pública e da qualidade ambiental;
2. Não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos;
3. Estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços;
4. Adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma de minimizar impactos ambientais;
5. Redução do volume e da periculosidade dos resíduos perigosos;
6. Incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados;
7. Gestão integrada de resíduos sólidos;
8. Articulação entre as diferentes esferas do poder público, e destas com o setor empresarial, com vistas à cooperação técnica e financeira para a gestão integrada de resíduos sólidos;
9. Capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos;
10. Regularidade, continuidade, funcionalidade e universalização da prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, com adoção de mecanismos gerenciais e econômicos que assegurem a recuperação dos custos dos serviços prestados, como forma de garantir sua sustentabilidade operacional e financeira, observada a Lei nº 11.445, de 2007;
11. Prioridade, nas aquisições e contratações governamentais, para:
a. produtos reciclados e recicláveis;
b. bens, serviços e obras que considerem critérios compatíveis com padrões de consumo social e ambientalmente sustentáveis;
3. Integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;
4. Estímulo à implementação da avaliação do ciclo de vida do produto;
5. Incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos resíduos sólidos, incluídos a recuperação e o aproveitamento energético;
6. Estímulo à rotulagem ambiental e ao consumo sustentável.
Instrumentos e principais destaques
E como todos eles podem ser cumpridos? Há instrumentos que PNRS prevê, como incentivo à coleta seletiva e à reciclagem, práticas educação sanitária e ambiental, incentivos fiscais e à logística reversa. Dentre tudo o que foi aprovado, dois pontos recebem grande destaque:
Redução de resíduos e fim dos lixões
A Lei propõe a redução dos resíduos gerados, de modo a incentivar reciclagem e reaproveitamento, como veremos no ponto seguinte.
Já os rejeitos devem ser destinados a locais adequados para minimizar os danos ambientais e à saúde humana. Isso se efetivaria com uma das metas, que é a "eliminação e recuperação de lixões, associadas à inclusão social e à emancipação econômica de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis". Assim, os rejeitos não seriam dispostos a céu aberto, e sim levados a locais próprios que poderiam reaproveitá-los para produção de biogás, por exemplo.
Responsabilidade compartilhada e logística reversa
Antes da lei, quando um consumidor descartava um produto em um local inadequado, ninguém sabia de quem era a culpa. Com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, essa responsabilidade é dividida entre os diversos participantes da cadeia, já que é determinada a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.
A análise do ciclo de vida de um item compreende todo o processo do produto, desde a extração da matéria-prima, produção, consumo e descarte final. A responsabilidade sobre o produto que cabe a comerciantes, fabricantes, importadores, distribuidores, cidadãos e titulares de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na logística reversa.
Um dos mecanismos dessa responsabilidade conjunta cabe principalmente ao setor privado, que deve viabilizar a logística reversa, especialmente de agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas fluorescentes e produtos eletroeletrônicos.
Apesar da ênfase nesses itens mais problemáticos em termos ambientais, a lei determina que as medidas de logística reversa devem se estender a produtos comercializados em embalagens plásticas, metálicas ou de vidro, e aos demais produtos e embalagens, considerando, prioritariamente, o grau e a extensão do impacto à saúde pública e ao meio ambiente dos resíduos gerados. Ou seja, as empresas devem se preocupar em saber qual será a destinação que o usuário final deu ao seu produto após ser consumido e oferecer opções para reaproveitá-lo em suas cadeias produtivas ou destiná-lo corretamente. Já o usuário deve devolver embalagens e produtos às empresas, que podem fazer acordos setoriais e termos de compromisso com o poder público para viabilizar medidas.
Problemas na execução e possível prorrogação de prazo
A PNRS criou metas importantes para a extinção dos lixões e propôs instrumentos de planejamento nos níveis nacional, estadual, intermunicipal, microrregional, intermunicipal metropolitano e municipal, estabelecendo, também, que particulares se preocupem com seus planos de gerenciamento de resíduos sólidos. Entretanto, ainda há poucas adequações, os lixões ainda existem, nem todos possuem um plano de gerenciamento, entre outros. Um projeto de lei está sendo analisado para uma prorrogação no prazo para substituir os lixões por aterros sanitários até 2024.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos é extensa e versa sobre muitas outras coisas, como ordens de prioridade para evitar geração de resíduos, determina que algumas tecnologias podem ser utilizadas para gerar energia a partir do "lixo", mostra as especificidades dos planos de gerenciamento em cada nível, etc. Confira a lei n° 12.305/10 na íntegra.
| ECicle | | | | 3º Seminário Paranaense de Logística Reversa marcou o lançamento da Rota Estratégica de Economia Circular, que preconiza a eliminação de resíduos
Industriais de todo o Paraná participaram nesta terça-feira (12 de novembro), no Campus da Indústria, em Curitiba, no 3º Seminário Paranaense de Logística Reversa. O evento, promovido pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), em parceria com o Instituto Paranaense de Reciclagem (Inpar), reuniu especialistas no tema e entidades que estão promovendo ações voltadas à preservação do meio ambiente por meio da logística reversa.
“Os industriais devem ter um olhar atento sobre tudo o que produz e sobre o pós-uso de seus produtos. Cabe a nós, como industriais, vermos toda a cadeia, incluindo nossos distribuidores, vendedores e consumidores atentando para tudo o que vai voltar após o uso”, disse o presidente da Fiep, Carlos Valter Martins Pedro, na abertura do evento. “Mas a responsabilidade é de todos: governo, indústria, comerciante e o público consumidor”, acrescentou.
O presidente do Inpar, Rommel Barion, explicou que a execução de ações de logística reversa traz benefícios econômicos e ambientais que impactam toda a sociedade. “A logística reversa busca reaproveitar materiais e resíduos por meio de um processo produtivo que tem a capacidade de oferecer maior eficiência operacional, redução de custos e a oportunidade de gerar novos negócios. Isso sem falar nos benefícios ao meio ambiente”, explicou.
O presidente do Instituto das Águas, José Luiz Scroccaro, que representou o secretário de Desenvolvimento Sustentável, Marcio Nunes, lembrou que o Paraná foi um dos primeiros estados brasileiros a iniciar a Logística Reversa e que tem exemplos significativos com o recolhimento de embalagens de agrotóxicos e de pneus.
Economia circular – O 3º Seminário Paranaense de Logística Reversa marcou o lançamento da Rota Estratégica da Economia Circular no Paraná, um estudo desenvolvimento pelo Observatório Sistema Fiep que orienta as indústrias sobre o tema.
“Economia Circular é uma estratégia sustentável que tem como propósito manter produtos, componentes e materiais no seu mais alto nível de utilidade e valor pelo maior tempo possível dentro dos processos produtivos”, explicou Marília de Souza, gerente do Observatório. De acordo com ela, a economia circular pressupõe uma ruptura com o processo tradicional e linear de produção, onde a gente extrai, transforma, usa e descarta. No modelo proposto se prevê a circulação da matéria prima pelo maior tempo possível num mesmo ou em diferentes processos produtivos, com vista a inimizar o impacto sobre o meio ambiente”, observa.
Marília contextualizou a discussão em torno deste tema no cenário mundial informando que o ponto de ruptura foi o Plano de Ação de Economia Circular da União Europeia, lançado em 2015. “Este plano de ação estabeleceu metas e horizontes temporais bastante claros. Para 2035 propõe que 65% dos resíduos municipais e que 70% dos resíduos de embalagens sejam reciclados, por exemplo. “Isso vai mudar completamente a maneira com que nos relacionamentos com a União Europeia em termos de comércio internacional”, alertou.
“O mundo está se movimentando. São criadas regras que podem parecer simples, mas que mudam profundamente a maneira como nossas empresas terão que operar. Ela citou o exemplo dos eletrodomésticos, até então fabricados numa lógica de obsolescência programada, ou seja, eram construídos para durar pouco e serem trocados rapidamente. “Agora é uma outra forma de pensar. Temos que nos adequar, do contrário somos excluídos do processo e ficamos descolados daquilo que o mundo quer”, alertou.
No Brasil, segundo Marília, há algumas iniciativas, mas todas dispersas. Ela informou que está em processo de elaboração uma ISO orientada à economia circular. Na medida em que esta norma passe a vigorar, mudam as condições de controle”, disse.
A indústria na economia circular – O especialista em Políticas e Indústria da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Wanderley Coelho Baptista explicou que hoje as questões ambientais estão entre as principais preocupações globalmente. Segundo ele, o modelo econômico linear de produção-consumo-descarte está atingindo seu limite. “Precisamos olhar para os negócios de maneira sustentável e encontrar soluções para uma utilização mais eficiente dos nossos recursos, com estratégias de atuação que vão desde a extração da matéria prima até a chegada ao consumidor final”, explica.
Ele apresentou algumas ações relacionadas à economia circular que a CNI vem realizando desde 2014, o que incluem estudos sobre a economia circular, a indústria 4.0 e um documento de intenções dirigido aos presidenciáveis em 2018. Em 2019, a entidade divulgou uma pesquisa que apontou que, ainda que 70% das indústrias não soubesse o que é economia circular, 76,4% delas já colocavam em prática ações relacionadas ao tema, como otimização de processos, insumos circulares e recuperação de recursos.
O estudo apontou que, para desenvolver o tema, é necessário investir em políticas públicas específicas, o que inclui um tratamento tributário diferenciado, ações educativas, parcerias entre os poderes público e privado e o financiamento para acesso a recursos. “Nosso objetivo é que a indústria brasileira tenha em sua identidade a característica de ser sustentável. Se os diferentes atores desse processo atuarem de maneira cooperada podemos nos tornar uma referência nesse sentido”, ressaltou.
Para exemplificar como a cooperação já contribui para ações concretas de logística reversa, o gerente de sustentabilidade da ABINEE (Associação Brasileira de Indústria Elétrica e Eletrônica), Henrique Mendes, falou sobre o processo de publicação do Acordo Setorial de Eletroeletrônicos, assinado em 31 de outubro. O acordo prevê duas fases até que se atinja a meta de 17% de coleta de equipamentos e componentes no Brasil. Outra meta é instalar cinco mil pontos de coleta de eletroeletrônicos em 400 municípios do país, visando atingir o consumidor final.
Para que as metas sejam atingidas, as indústrias do segmento criaram a entidade gestora Green Eletron, que visa envolver e conscientizar fabricantes, importadores e distribuidores em torno da questão. A entidade promove ações de conscientização, a instalação de equipamentos coletores, a promoção de parcerias com lojas de varejo e a capacitação de profissionais para a reutilização dos materiais. “Queremos reaproveitar ao máximo os recursos que foram utilizados e garantir que tudo virará matéria-prima. Para isso, procuramos oferecer incentivos às indústrias que participam desse processo”, afirma.
| Sistema Fiep (publicado em 12-11-2019) | | | |
Estratégias para coletar embalagens e resíduos de produtos do consumidor final são essenciais para a sustentabilidade dos negócios
A produção industrial brasileira segue ritmo estável em 2019. Com algumas oscilações para mais ou para menos, a participação do setor no PIB (Produto Interno Bruto) se aproxima dos 22%, de acordo com dados do IBGE. São mais produtos no mercado, mais insumos circulando entre as indústrias e, por consequência, mais embalagens.
O Brasil tem a quinta maior indústria de embalagens do mundo e, somente em 2018, o segmento movimentou R$ 78,5 bilhões, segundo a ABRE – Associação Brasileira de Embalagem. Plásticos, embalagens feitas com celulose e com metal representam a maior fatia desse mercado: 90% do total.
Se por um lado, o segmento movimenta a economia, gerando renda e empregos, por outro, demanda um compromisso cada vez maior com a sustentabilidade e o meio ambiente. Programas de logística reversa já fazem parte da estratégia de muitas empresas, mas o caminho ainda tem desafios. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o índice de recuperação de resíduos plásticos em 2017 ficou em 8,2%. O dado refere-se a todos os materiais plásticos coletados, não somente embalagens.
O que falta para consolidar a logística reversa?
Medidas públicas, sensibilização da população e esforços de toda a sociedade para estruturar e fiscalizar a destinação de resíduos. Para Mauricy Kawano, coordenador de Sustentabilidade do Sistema Fiep, “é preciso estabelecer a responsabilidade de cada um na cadeia da logística reversa. Entender até o papel da indústria na retirada de resíduos nos pontos de coleta e de que forma o comércio, o distribuidor e o consumidor devem fazer o descarte”.
Cabe ressaltar que, mais do que um assunto ambiental, a logística reversa é obrigatória. De acordo com a Lei nº 12.305/2010, “fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e o poder público possuem responsabilidade compartilhada pelos resíduos resultantes do pós-consumo dos produtos”.
No Paraná, a estruturação da logística reversa iniciou em 2012, a partir da convocação de setores empresariais do estado pelo Edital de Chamamento 01/2012 da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado (Sema). “Desde a publicação desse Edital, o Sistema Fiep vem articulando ações com o objetivo de apoiar a indústria paranaense na organização dos sistemas de logística reversa e, assim, contribuir para o desenvolvimento sustentável do Paraná”, destaca Kawano.
Uma dessas iniciativas foi a criação do InPAR (Instituto Paranaense de Reciclagem), em 2017. O instituto reúne representantes sindicais da indústria paranaense para disseminar a cultura da logística reversa no estado. “Para difundir informações relacionadas ao tema e envolver o maior número de indústrias possível nesse processo, o InPAR, além dos projetos desenvolvidos no Paraná, participa da Coalizão Empresarial, que reúne 17 associações brasileiras e que tem o objetivo de ajudar as empresas a cumprir o Acordo Setorial de Embalagens em Geral”, explica Rommel Barion, presidente do InPAR.
Transformação social
A coleta e o tratamento de resíduos recicláveis têm papel de transformação social. Além de reduzirem os impactos ambientais, retirando do espaço comum materiais que podem ser reaproveitados na cadeia produtiva, promovem a geração de trabalho e renda com a inclusão social. Em agosto, o InPAR efetivou a concessão de equipamentos para a Associação de Coletores e Recicladores da Ilha de Valadares – Nova Esperança – em Paranaguá. Foram cedidos uma esteira para a separação de resíduos e conjuntos de carrinhos com big bag, que permitirão o incremento da produtividade da associação, além de garantir melhores condições de trabalho para os catadores.
O Ilog (Instituto de Logística Reversa) também vem ampliando as ações de logística reversa com foco nos catadores. “Este ano estamos abrangendo novas áreas, como coleta de cápsulas de café e uso dos rejeitos triados em cooperativas como material energético. Também estamos buscando maior formalização do processo, de modo a garantir e rastrear os dados que são coletados”, diz o presidente do Ilog (Instituto de Logística Reversa), Nilo Cini Junior.
Seminário de logística reversa em novembro
Em novembro, o Sistema Fiep realiza um evento para compartilhar informações e fomentar o debate sobre o tema. O 3º Seminário Paranaense de Logística Reversa será no dia 12/11 e trará diversas palestras de especialistas, que também falarão sobre a importância da economia circular. Baseada na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais, a prática evita desperdícios e estimula o consumo sustentável.
Para Kawano, a estruturação de projetos completos para descarte, coleta e reaproveitamento de resíduos pode transformar toda a sociedade. “São iniciativas que redirecionam o marketing de algumas empresas e geram oportunidades de novos negócios. Além disso, há um ganho socioambiental muito grande. A economia circular e a logística reversa diminuem a pressão sobre os recursos naturais, a saúde pública e o meio ambiente”, conclui.
| G1 (publicado em 01-11-209) | | | | Uma peça para durar. E mais: quando descartada, nas condições de aterro sanitário, por exemplo, desaparece em até três anos. Essa é a aposta da Revival, marca curitibana de bodies femininos. É que a necessidade de encontrar peças que, além do estilo, trazem consigo uma consciência ambiental, fez a empresária e engenheira de produção Marina Abdala tirar do papel uma ideia que, hoje em dia, é carreira.
"Sou uma ex-consumidora de Zara. Queria fugir do fast fashion. Mas não encontrava nas marcas com bandeiras sustentáveis uma alternativa. Sempre gostei de peças versáteis e minimalistas", explica.
Mas até o hobby virar negócio muita água rolou. Marina trabalhou na indústria automobilística, depois na empresa da família - que produz pisos de borracha com materiais reciclados -, sempre intercalando os afazeres com cursos em moda. Formou-se no Centro Europeu e estudou os processos da indústria têxtil em Londres. "É muito complicado falar de sustentabilidade pensando em calendários da moda", destaca.
Voltou para o Brasil com o plano de negócio estruturado e, na carteira, R$ 150 mil. E foi com esse investimento inicial que ela lançou, em janeiro deste ano, a marca própria. Entre erros e acertos, também foi ao Vale do Silício, berço da inovação, tirar a prova de o que estava trilhando, não era só gosto pessoal, mas necessidade. "A moda é o segundo mercado mais poluente do planeta e 8% de todos os gases emitidos vem desta indústria. Pensar o consumo é mais do que uma demanda do consumidor. É uma demanda do mundo", explicou.
Ninguém faz nada sozinho
As mentorias no Estados Unidos duraram uma semana - "Eram três ou quatro por dia", contou Marina - e validaram as hipóteses da engenheira. De lá para cá muito aprendizado e também uma sócia. "Ninguém faz nada sozinha e voltei ao país disposta a encontrar uma parceira para tocar a empreitada comigo. Foi assim que a Revival ganhou a Martina Seefeld, que é designer, e que trouxe uma nova visão", declarou.
As sócias Marina Abdala e Martina Seefeld. Foto: divulgação. As sócias Marina Abdala e Martina Seefeld.
O marketing da empresa explora a durabilidade dos produtos. O fio é importado da França, trata-se do nylon 6.6 e é o primeiro biodegradável no mundo. Além disso, também tem proteção uv 50+ e não é tóxico para a pele. É tecido em São Paulo - pela Santa Constância - e a confecção das peças é feita na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), em Campina Grande do Sul. “É um material que não dá bolinha, dura muito. Nossa embalagem também é biodegradável. A tag e o lacre são de material reciclado. Também fizemos uma produção inicial única - lote único - de mil bodies, um jeito de fazer o melhor aproveitamento do tecido”, explicou.
Armário inteligente
Outra implementação da Revival é o armário inteligente, o “closet mágico”, no qual através do escaneamento de um QR CODE é possível ter acesso a todos os modelos da marca, com ideias de como combinar em temperaturas e ocasiões diferentes. “Nossa ideia é mostrar que uma mesma peça pode ter muitas funções. Que o nosso body vai acompanhar a cliente para sempre!”, arrematou Marina.
Apesar do site possibilitar um alcance nacional aos produtos, a empresária explica que quem compra Revival ainda está concentrado em Curitiba e região. ”Vimos que o produto está validado. Agora é investir no site e também nas vendas físicas, em pontos espalhados pelo país. É possível aliar qualidade, estilo, durabilidade e tecnologia”, finaliza.
| Gazeta do Povo (publicado em 10-11-2019) | | | | A convite da marca, o artista plástico curitibano usa sua arte para provocar reflexão sobre o destino do lixo
Foto: divulgação
O Boticário convidou o renomado artista plástico curitibano André Mendes para ajudar a provocar uma importante reflexão social: como cada um cuida do seu próprio lixo? A resposta veio em forma de arte e beleza, em uma releitura única e surpreendente da icônica ânfora da marca criada com embalagens de cosméticos vazias. Instalada no shopping Pátio Batel, ao lado do Boticário Lab, a instalação reforça a campanha de sustentabilidade do Boticário e convida os consumidores a participarem do Boti Recicla, maior programa de logística reversa do país.
“Mais do que uma forma sedutora para os olhos, essa escultura é minha contribuição para impulsionar projetos de logística reversa tão relevantes como esse. Sob o meu olhar de artista, quero mostrar que todos temos responsabilidade sobre o futuro do planeta e precisamos participar dessa onda de amor por ele”, diz o artista.
A intervenção, com cerca de 2 metros de altura, fica instalada ao lado da loja pelas próximas semanas como um convite para a reflexão e a participação do programa. Para incentivar as pessoas, quem levar uma embalagem vazia no Boticário Lab vai receber como brinde uma ecobag retornável*, apropriada para acumular os resíduos a medida em que forem usados – para depois serem destinadas para o programa.
Campanha
A ação em Curitiba faz parte de um grande movimento em prol da sustentabilidade, iniciado pelo Boticário em 22 de outubro. Lojas de três cidades: no Barra Shopping, no Rio, no Shopping Ibirapuera, em São Paulo, e no Salvador Shopping, na capital baiana, tiveram suas fachadas totalmente reformuladas para chamar atenção para a causa. Nesses pontos de venda, as vitrines foram tomadas por frascos, potes e bisnagas vazias.
“Temos muito ainda para avançar em termos de reciclagem. Sabemos da força da nossa marca, tão amada pelos brasileiros. Também é nosso papel mobilizar as pessoas para melhorar o mundo em que vivemos. Estimular que elas reflitam e, principalmente, tomem atitudes mais conscientes”, diz o, diretor de Comunicação do Boticário, Gustavo Fruges.
O programa de logística reversa da marca, criado em 2006, destina todo o volume de resíduos para 30 cooperativas de recicláveis em todo o país, contribuindo para a geração de renda de mais de mil famílias. Como forma de incentivar as pessoas a participarem, até 25 de dezembro, quem entrega embalagem vazia na loja, leva 5% de desconto na compra de um produto novo**.
*Enquanto durarem os estoques.
**Promoção não cumulativa e válida na entrega de qualquer embalagem de cosmético vazia, no período de 21/10 à 25/12, em todas as lojas O Boticário do Brasil. Compras realizadas no e-commerce e na venda direta não participam. Desconto não se aplica à itens promocionados, perfumarias das marcas Lily, Elysée, Botica 214, The Blend, Zaad e Malbec e em Kits. Desconto será aplicado no item de maior valor do boleto.
Sobre o Boti Recicla
O Boti Recicla foi criado em 2006 e é hoje o maior programa de reciclagem de embalagens do país em pontos de coleta. Os coletores estão em todas as mais de 3.700 lojas do Boticário em todo país, onde os consumidores podem devolver suas embalagens de cosméticos vazias de qualquer marca. Elas são recolhidas e doadas para cooperativas de reciclagem parceiras, localizadas em vários estados.
Andre Mendes
Renomado artista plástico, André Mendes é curitibano e sua pesquisa e produção são voltadas para desenho, pintura, escultura e instalações. Seu olhar sensível e vanguardista transformou resíduos em uma releitura única e surpreendente da ânfora, ícone do Boticário. https://www.andremendes.work/andr
| Paraíba Total ( publicado em 12-11-2019) | | | | Se a destinação do lixo é um dos principais problemas ambientais da atualidade, as empresas que geram resíduos precisam fazer sua parte. Atenta a isso, a Ruston iniciou uma política de logística reversa neste ano. O objetivo é oferecer uma compensação ao plástico gerado pelas embalagens, com uma meta de tirar 80 toneladas ao ano de resíduos da natureza.
O material é reciclado por meio de uma parceria com a Constata Tecnologia, que idealizou o projeto Fechando Ciclos. A empresa de Jacareí é especializada em logística reversa e trabalha em colaboração com cooperativas da cidade. É ela quem certifica que a Ruston realiza a política de conscientização por meio da reciclagem.
Com a escolha pela empresa de Jacareí, a Ruston pretende fomentar uma cadeia de incentivo às iniciativas locais de reciclagem e de proteção ao meio ambiente. Além do trabalho de reciclagem de parte do lixo gerado pelas embalagens, a empresa ainda realiza políticas internas para diminuir o impacto ambiental. A Sipat (Semana Interna de Prevenção aos Acidentes de Trabalho), por exemplo, passou a se chamar Sipatma (Semana Interna de Prevenção aos Acidentes de Trabalho e Meio Ambiente).
“Criamos uma central de resíduos dentro da empresa, a fim de segregar os diferentes tipos de resíduo: papel, plástico, vidro, madeira e metal. Todo resíduo gerado internamente é vendido ou destinado de forma sustentável”, conta Leandro Honorato, responsável por implementar as ações ambientais dentro da empresa.
Ele ainda conta que o objetivo é engajar os colaboradores da empresa. “O valor captado com a venda dos resíduos retornará em comemorações e brindes para os funcionários (festa de final de ano por exemplo). Nosso foco é provocar todos os funcionários a terem atitudes sustentáveis, estimulando isso na nossa planta, para que seja transmitido também para fora do ambiente de trabalho. Acreditamos que propagando conhecimento, damos a chance de todos os funcionários enxergarem sua responsabilidade para mantermos o planeta vivo (fonte de motivação intrínseca).”
Questão de sobrevivência
De acordo com Honorato, o “insight” para adotar as políticas ambientais na empresas veio junto com a urgência que o tema ganhou recentemente. Para ele, mais do que atender a uma política de resíduos, trata-se, literalmente, de colaborar para a nossa sobrevivência e a de outras espécies.
“Nossas atitudes atuais não podem comprometer as gerações futuras. Preocupados com a sobrevivência da nossa espécie, começamos a atuar em vários quesitos para reestruturar nossa forma de comportamento no âmbito social, dando foco na sustentabilidade. Temos conhecimento da importância das nossas marcas na sociedade, contudo, queremos e devemos propagar sustentabilidade não como um meio comercial, e sim com atitudes inovadoras que protejam nosso planeta”, diz.
Com a iniciativa, a Ruston se antecipa às exigências da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Outra questão importante é que a direção da empresa vai absorver esses custos – ou seja, o valor investido para realizar tanto as políticas internas quanto todo o processo de logística reversa não será revertido para o consumidor.
Logística Reversa
O conceito de logística reversa está ligado a uma visão de cadeia de valor que une empresa, comunidade e agentes de reciclagem. De acordo com a ideia, a empresa que produz o resíduo é a maior responsável pela destinação desse resíduo após o consumo.
Nesse cenário, a empresa também é encarregada de consolidar uma conscientização dos consumidores. Dessa forma, se valoriza o potencial de produtos que, com destinação correta, podem se transformar em outras oportunidades de negócio ao invés de se tornarem problemas para o meio ambiente.
| Segs ( publicado em 12-11-2019) | | | | Reuso de água e transformação de objetos são algumas das alternativas que a teresinenses encontram para gerar economia e preservar o meio ambiente.
Diferente do que muita gente pensa, investir em sustentabilidade ou em economia sustentável traz muitos benefícios e oportunidades de mercado. O G1 conversou com pessoas que estão empreendendo no setor, sustentando famílias, preservando o meio ambiente e garantindo água para as gerações futuras.
A economia sustentável é um conjunto de práticas que se baseiam no uso inteligente dos recursos naturais, de forma a satisfazer as necessidades atuais, enquanto garante recursos para as futuras gerações.
Em Teresina, tem gente fazendo economia a partir da mudança de hábitos rotineiros dentro de casa, como por exemplo, o reaproveitamento de água.
A revitalização de áreas abandonadas tem proporcionado oportunidade de renda na Zona Norte da capital. Pneus e madeiras velhos que seriam jogados fora e causar doenças viram peças de decoração nas mãos de gente habilidosa.
A água é um recurso fundamental para a sobrevivência do ser humano. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA), o território brasileiro tem mais de 13% da água doce do mundo, mas mesmo sendo um país privilegiado neste quesito, corremos o risco de desabastecimento, pois o consumo elevado somado ao desperdício de água vêm tendo um impacto negativo na população.
A capital do Piauí conta com menos de 20% de coleta de esgoto e perde 44,9% da água tratada, segundo a Águas de Teresina. A concessionária diz que conseguiu reduzir em 30% as perdas em pouco mais de dois anos de atuação. O índice saiu de 64,1% para 44,9%. A meta do contrato de subconcessão prevê que o índice seja de 25% até 2027, décimo ano de operação dos serviços na capital piauiense.
Atualmente, os teresinenses consomem 272.431 litros por dia e desperdiçam 88.848 litros por dia.
No Brasil, o consumo médio de água por pessoa é de 154,1 litros por dia. A dona de casa Ana Cléa e a chefe de cozinha Bruna garantem que não fazem parte destas estatísticas do desperdício, pois praticam o consumo consciente de água em casa e no local de trabalho.
Ana Cléa reaproveita a água da máquina de lavar para limpar a garagem e regar as plantas. Ela conta que quando durante seu pós parto contratou uma pessoa para lhe ajudar com suas atividades domésticas e viu neste período a conta subir de R$ 30 reais para R$ 80.
Você quer saber quantos litros de água você gasta em cada atividade em sua casa? O G1 criou uma calculadora. Clique e descubra qual o seu consumo.
Nos dias de hoje, saber como reduzir o consumo de água é uma questão que está ligada não só às questões financeiras, como às contas domésticas, mas também às questões ecológicas de sustentabilidade.
“No dia a dia, lavo o maior número de louças de uma vez, assim como roupas, duas vezes por semana e uso a água da máquina (de 9kg) para lavar pisos da área de serviço e terraço, às vezes até os banheiros. Rego plantas com balde, porque consigo precisar a quantidade sem desperdícios, tiro o carro e a calçada não lavo, só em grande necessidade", comentou.
A chefe de cozinha diz ainda que banha e escova os dentes com torneira/chuveiro fechado, faz manutenção de torneiras e encanamento periódicos para verificar se há algum vazamento. Além disso, usar as descargas do banheiro com economia de água para xixi e cocô. "Com essas observações nunca paguei mais que a taxa mínima de consumo de água aqui em casa, que não passa de R$35 a R$37 ao mês”, afirmou a chefe de cozinha Bruna.
O modo como Bruna repensa a forma de utilizar água em sua casa é o que os especialistas recomendam que façamos também em nossas residências.
O promotor Francisco de Jesus montou em sua casa um sistema para captação da água. No jardim da casa há canteiros ecológicos feitos com uso de palha capaz de reter a água por maior período de tempo, sem oferecer risco de proliferação dos mosquitos da dengue. Os pneus são furados para evitar o acumulo de água e são usados como forma de brinquedos desde os chafariz.
"Quando eu fui construir minha casa não tínhamos o abastecimento de água em casa e o jeito foi construir uma cisterna para receber a água das chuvas e só depois que conseguimos ter um acúmulo de água começamos a construção. Posso dizer que minha casa foi construída com 40% de água pluviais", lembrou.
Um exemplo de reutilização acontece há sete anos na Zona Norte de Teresina. Onde antes existia mato, lixão, esgoto a céu aberto, deu lugar para a transformação social com a reutilização das áreas ao redor das lagoas do Cabrinha e Lourival, na região dos bairros Matadouro e São Joaquim, através do Projeto Lagoas do Norte. A área de 28 hectares totalmente aberta pode ser utilizada para práticas esportivas, culturais, lazer e renda.
O Programa Lagoas do Norte envolve 13 bairros da capital e está sendo executado em duas fases. Conforme a Prefeitura de Teresina, a primeira fase já finalizada visou a requalificação do espaço urbano e ambiental, além de desenvolver a região de forma socieconômica.
Já a segunda etapa, em andamento, prevê a revitalização das lagoas e suas margens, estruturação da drenagem para evitar alagamentos, retirada do lixo, limpeza da lâmina d’água e implantação de parques lineares dotados de espaços para lazer e prática esportiva, urbanizando a região de forma integrada com a área já construída na primeira fase do programa, possibilitando, a preservação da fauna e da flora locais. Além disso, prevê ainda a melhoria da acessibilidade e mais segurança para a população.
Dona Antônia da Silva mora no bairro Matadouro. Sua casa fica de frente para uma das lagoas, mas é em um dos quiosque que ela conta para a equipe de reportagem sobre a satisfação em morar e trabalhar perto de casa.
Antigamente, eu morava perto de bueiro a céu aberto. Não tínhamos acessibilidade, pois quando alguém precisava passar para lado de cá tinha apenas uma ponte de madeira. O mato e lixo tomavam de conta das margens das lagoas. As crianças estavam sempre doentes. No período do inverno vivíamos com medo de enchentes. — Comerciante Antônia da Silva
Para ela, a transformação da região trouxe saneamento, saúde, cultura, religiosidade, educação, esporte, renda, lazer e moradia digna. “Mudou muito e em muitos aspectos. Minha casa recebeu fachada nova e valorização imobiliária. Tenho este quiosque onde vendo comidas e roupas de bazar. As pessoas usam o local para fazer ensaios fotográficos. Virou um ponto turísticos da cidade. Sou muito feliz”, finalizou.
Jogamos muitas coisas no lixo que poderiam ser reutilizadas para outros fins. A água usada para lavar a roupa pode ser reutilizada para lavar o quintal. Outros materiais e objetos podem e devem ser reutilizados. A reutilização evita a contaminação dos solos, mananciais e proliferação de doenças.
Os pneus velhos quando descartados de forma errada pode poluir o meio ambiente e ser foco de diversas doenças, como a dengue. No bairro Mocambinho, na Zona Norte de Teresina, um homem resolveu pegar os pneus usados na borracharia do pai e transformou eles em artesanato.
Roberto Ximenes transforma os pneus em motocicleta, objetos de decoração e ainda constrói brinquedos e móveis. Ele ainda participa de eventos em escolas falando sobre sustentabilidade.
“Antes eu fazia as peças como renda extra, no entanto, o negócio cresceu e fui me dedicando cada vez mais a reciclagem, porque o retorno financeiro era maior. Comecei fazendo algumas peças simples e, com passar do tempo, consigo elaborar artigos mais trabalhados”, afirmou o artesão.
Elisângela Silva é artesã e no ano passado abriu uma fábrica de móveis no quintal de casa. A matéria prima são os paletes. Para ela, a sustentabilidade é fonte de renda e de sobrevivência.
“O palete é um novo nicho de mercado, pois as pessoas perceberam que além do reaproveitamento, durabilidade e beleza existe nos moveis rústicos e de madeiras, o que antes eram considerados antigo passou a ser moderno”, afirmou.
O ambientalista Vinicius Campos afirma que o reaproveitamento tem diversos benefícios como: a redução do desmatamento de florestas nativas ou zero desmatamento dessas áreas quando a madeira utilizada é de reflorestamento e a economia da água e de energia utilizada para tratamento e beneficiamento da madeira usada para confeccionar o palete novo.
“Além desses benefícios para o meio ambiente, a recuperação de paletes resulta ainda em benefícios econômicos, uma vez que a reutilização reduz custos com a compra de novos equipamentos e com o descarte correto. Também garantem empregos diretos dentro nas oficinas de restauração”, finalizou.
O Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro Brasileira luta para manter vivo os costumes africano através dos cursos que ministra na comunidade. Através de doação de material reciclado, eles confeccionam seus instrumentos musicais. Em julho, eles receberão uma grande doação de canos da empresa Água de Teresina e 40 alunos divididos em quatro turmas aprenderam a confeccionar o instrumento.
“O que antes eram canos velhos viram tambores. Esta parceria foi muito importante, porque o cano é o material fundamental para a produção dos instrumentos, além de ser o mais caro. Então, com esse apoio, vamos conseguir atender mais pessoas, porque a grande intenção é capacitar os jovens gerando emprego e renda”, finaliza.
| G1 (publicado em 11-11-2019) | | | | Com sede em Nairóbi, capital do Quênia, o negócio reaproveita sandálias velhas e outras peças de borracha encontradas nas praias do país.
Passeando pelas praias da costa leste da África, você pode se deparar com esculturas coloridas de elefantes, javalis, rinocerontes, leões e girafas, algumas em tamanho real, feitas com chinelos de borracha velhos encontrados no mar.
A transformação desses materiais em peças de arte e moda é ideia da empresa Ocean Sole. Com sede em Nairóbi, capital do Quênia, o negócio reaproveita sandálias velhas e outras peças de borracha encontradas nas praias do país. O resultado do trabalho são criações lúdicas que chegam a ser vendidas para jardins zoológicos, aquários e lojas de nicho de 20 países.
“A poluição em todos os nossos cursos de água é um grande problema”, diz Church, nascida e criada no Quênia. “Os rios estão entupidos com plástico e borracha”, ela acrescenta. “Quando as pessoas dizem que o oceano é uma sopa de plástico, é porque o plástico não vai embora – ele só se decompõe em partes menores”.
Segundo os cientistas, o tempo de decomposição desses resíduos varia de 100 a 600 anos. Em grandes quantidades no fundo dos oceanos, são alguns dos principais vilões da vida marinha, responsáveis pela morte de peixes, crustáceos e outras espécies.
Como tudo começou
Em 1997, Church trabalhava num projeto de preservação de tartarugas marinhas na ilha de Kiwayu, na fronteira do Quênia com a Somália.
Na época, Church ficou chocada com uma cena desoladora: praias inundadas por objetos de plástico que obstruiam a chegada das tartarugas aos seus locais de desova.
Mas foi lá também que ela viu crianças da região fazendo brinquedos com o lixo retirado do mar. Nesse dia, ela decidiu fundar uma empresa focada na solução de um problema ambiental grave.
Church pensou que poderia ajudar a limpar as praias e, ao mesmo tempo, impulsionar o desenvolvimento econômico e social daquela comunidade, incentivando moradores locais a recolher, lavar e processar materiais recicláveis para terem uma renda.
| Razões para Acreditar | | | | Em 14 anos já foram produzidas cerca de três mil peças com matéria-prima reciclada. Claudinei Roberto Nanzi usa de 300 a 500 garrafas pet todo mês.
O que você tem feito para contribuir com o meio ambiente? Consciente de sua responsabilidade como cidadão, há 14 anos o artesão Claudinei Roberto Nanzi, de Jundiaí (SP), passou a transformar garrafas pet que seriam descartadas nas ruas em obras de arte.
Após mais de 40 anos trabalhando com madeira, Nei decidiu trocar de matéria-prima motivado pelo que definiu como "um pouco de indignação misturado com culpa".
"Uma época fiquei um ano em Rondônia e lá eu vi as atrocidades que eram feitas para se extrair a madeira. Hoje tem manejo, selo verde. Ainda está longe do ideal, mas há 30, 40 anos era terrível, muito ruim. Voltei com muita culpa e com vontade de mudar de lado", conta.
Foi então que o artesão, hoje com 63 anos, começou a reparar na quantidade de garrafas pet jogadas dentro de rios e galerias pluviais por falta de consciência das pessoas e pelos baixos valores pagos a quem vende o material.
Para ajudar a reverter a situação, Nei começou a fazer artesanato com pet como forma de brincadeira, mas, aos poucos, foi pegando gosto pela coisa e as pessoas passaram a entender a proposta dele. Tanto é que, de lá para cá, já foram produzidas cerca de três mil peças.
Além das garrafas recuperadas pelo próprio artesão em dias de coleta de lixo, algumas são deixadas na casa dele por outros moradores. "Os vizinhos antigamente me chamavam, agora jogam no meu jardim. Eu ouço o barulho, vou lá e tem um monte de garrafa no quintal", brinca.
"As que me dão mais prazer de transformar são aquelas que eu chamo de 'garrafas de área de risco', porque elas estão prestes a cair dentro de uma galeria de água pluvial ou dentro de um córrego. Quando vão virar um problema, eu faço a captação e transformo em arte."
Processo de criação
O processo de criação das obras começa com a ideia do que será reproduzido. Nesta etapa, Nei tenta aproveitar a anatomia da garrafa e a personalidade do fabricante. "Cada modelo me inspira em algum animal, santo, objeto ou símbolo", comenta.
Para estilizar as peças são utilizados uma tesoura, um ferro de solda que vai na tomada, um pincel e uma bomba manual, além de algumas ferramentas criadas pelo próprio artesão. Tinta, purpurina, papel camurça e cola complementam o trabalho.
Ao G1, Nei conta que usa de 300 a 500 garrafas pet todo mês. Para fazer uma coruja, por exemplo, são necessárias duas garrafas, enquanto um Dom Quixote leva de quatro a cinco garrafas e uma Nossa Senhora Aparecida precisa de basicamente duas garrafas.
Segundo o artesão, o custo de material é quase zero e o que define o valor das peças é o tempo gasto para produzi-las.
"Uma coruja custa R$ 20, porque consigo fazer seis ou mais em um dia, Nossa Senhora de R$ 50 a 60, dependendo dos detalhes e da complexidade, Dom Quixote R$ 80 e máscara de teatro R$ 15", lista.
Consciência socioambiental
Ainda este ano, Nei afirma que vai participar de uma feira cultural em Santana do Parnaíba (SP) e pretende fazer uma oficina de artesanato em Barueri (SP).
Além de trabalhar por conta própria, ele faz parte de um grupo de artesãos de São Paulo, que realiza oficinas, workshops e exposições para conscientizar a população.
"Mais do que a ideia da arte e da reciclagem, eu uso o meu trabalho como material didático, como facilitador para tentar convencer as pessoas a reciclarem, a se preocuparem mais com o meio ambiente, gerando consciência socioambiental", diz.
"As garrafas não são tão descartáveis assim, dá para se produzir muita coisa com elas. A ideia é justamente agregar valor e também gerar habilidade manual, emprego e renda."
As obras são vendidas em feiras de artesanato que a prefeitura promove e na própria casa do artista, que fica na Avenida Nações Unidas, 329, na Vila São Paulo.
"Eu falo que eu ganho dinheiro 'no mole', porque eu me divirto, me distraio e ainda vendo. A nossa arte é sustentável, porque a nossa matéria-prima são os resíduos da atividade humana nas áreas urbanas. Nós pegamos esses resíduos abandonados nas ruas e transformamos em arte", completa.
| G1 (publicado em 10-11-2019) | | | |
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