| 18 de NOVEMBROde 2019
Segunda-feira
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| | | | | Instabilidade no Chile, Bolívia e Argentina contamina; baixo crescimento também pesa
A convulsão social e institucional vivida por parte da América Latina atrapalha a recuperação da confiança de investidores estrangeiros no Brasil, mas ainda não foi capaz de provocar fuga de capital ou mesmo uma suspensão significativa de aporte de recursos no país.
Segundo analistas ouvidos pela Folha, a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na semana passada, e os protestos populares no Chile são os temas que mais despertam preocupação entre os donos do dinheiro.
A liberdade do petista, baseada em decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), veio acompanhada de perguntas sobre seu impacto no avanço da agenda econômica no Congresso, principalmente em relação às privatizações e à aprovação das reformas administrativa e tributária.
O Chile, por sua vez, chama a atenção porque era considerado pelos investidores uma economia bastante estável até agora, mas há um mês está tomado por protestos que pedem inclusive uma nova Constituinte para o país.
“Sem dúvida seria melhor que não tivesse essa crise na América Latina. É barulho, mas explicamos [aos investidores] que o número da oposição no Congresso não muda com a liberdade do Lula e que a parceria do [ministro da Economia] Paulo Guedes com o [presidente da Câmara] Rodrigo Maia continua”, afirma Will Landers, chefe de renda variável para a América Latina da gestora do BTG Pactual.
De acordo com Alvaro Mollica, estrategista em Nova York para a XP Investimentos, o caos em países latino-americanos impacta fundos menores no Brasil, que abarcam a região como um todo diante de instabilidades locais.
Já os fundos maiores, de investimento em empresas ou infraestrutura, ele explica, são menos sensíveis a esse tipo de movimentação e permanecem à espera do reflexo das reformas nos números de crescimento do Brasil.
Investidores brasileiros estão mais animados e têm colocado mais dinheiro no país em comparação a americanos e europeus, por exemplo —tanto que há uma saída de recursos da Bolsa brasileira, contrariando expectativas de que os estrangeiros voltariam tão logo a agenda liberal de reformas fosse apresentada.
Esses acreditam que só é possível ver novamente um chamariz em terras brasileiras quando índices econômicos, como o PIB (Produto Interno Bruto), apontarem uma melhora significativa do cenário.
O crescimento brasileiro foi de 1,3% em 2017 e de 1,1% em 2018 e, atrelado à queda da produtividade e taxas de juros baixíssimas, não tem entusiasmado os estrangeiros.
“A ‘primavera latina’ não ajuda, claro. Às vezes é difícil para o investidor separar as coisas e alguns colocam o Brasil nesse balaio de ‘grande confusão do continente’. Mas, geralmente, isso acontece com fundos menores, mais imediatos. Os maiores se movimentam de forma mais lenta e são menos sensíveis a isso”, afirma Mollica.
Os analistas avaliam que, mesmo diante da crise em vizinhos como Chile e Bolívia, e da troca de governo na Argentina, é possível manter a projeção de crescimento do PIB na casa dos 2% em 2020.
Isso porque, argumentam, o Brasil ainda é uma economia bastante fechada e o comércio com esses vizinhos representa pouco para o país.
Além disso, a vitória do oposicionista Alberto Fernández, na Argentina, já havia sido incluída na conta dos preços dos ativos pelos investidores que acompanham a crise econômica do país mesmo sob comando do liberal Mauricio Macri, derrotado nas eleições presidenciais do mês passado.
O FMI (Fundo Monetário Internacional), por sua vez, também afirma que as crises recentes no Chile e na Bolívia devem impactar pouco na economia da região.
Em relatório divulgado em outubro, durante seu encontro anual em Washington, o fundo havia revisto para baixo as perspectivas de crescimento da região —e também do Brasil, individualmente.
Essas estimativas não captavam as convulsões sociais no Chile ou na Bolívia, com a renúncia de Evo Morales, nem o resultado da eleição argentina.
Mesmo assim, o órgão não avalia que as crises reverberem no crescimento do restante do continente —apesar de abalarem, claro, as economias locais.
Isso porque Chile e Bolívia são relativamente pequenos e sem grande participação no comércio regional.
Na avaliação de Landers, muito da crise econômica brasileira veio de problemas de condução errática da política econômica do governo nos últimos anos e da queda do consumo do mercado interno.
Quando isso começar a melhorar, ele diz, os investidores estrangeiros voltarão a se sentir confiantes para colocar dinheiro de fato no país.
“A economia do Brasil se defende internamente e precisa crescer por forças próprias para voltar a atrair a confiança do investidor.”
Para ele, taxas de juros e inflação baixas, combinadas com a aprovação das reformas, devem impulsionar o mercado interno e, assim, motivar novamente o estrangeiro a investir no país.
| Folha de S. Paulo | | | |
Argentina e falta de competitividade explicam piora
O déficit da indústria de transformação atingiu US$ 31,5 bilhões nos 12 meses encerrados em setembro. Para 2019, a estimativa é que o resultado fique próximo disso, o que levaria a um rombo quase nove vezes maior que o saldo negativo de US$ 3,2 bilhões registrado em 2017. No ano passado, o déficit do segmento foi de US$ 25,2 bilhões. Os cálculos são do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
Rafael Cagnin, economista do Iedi, diz que o resultado reflete a contribuição quase nula do setor externo para a reativação da economia em 2019. E em boa medida, diz ele, isso se deve à tendência de ampliação do déficit externo da indústria. O saldo negativo, destaca ele, chegou a praticamente zerar nos anos de crise recentes e agora caminha em direção ao nível anterior à recessão.
O déficit em si já era esperado, diz Cagnin. Mas a deterioração, segundo ele, se deu neste ano pelas “razões erradas”. O que se esperava, lembra, era uma retomada mais consistente do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e a recomposição das importações. O que vem acontecendo em 2019, porém, é a expansão do déficit da indústria como resultado de uma queda mais intensa nas exportações, e não de aumento das compras externas.
No acumulado em 12 meses até setembro, os embarques da indústria de transformação caíram 5,3% em relação aos 12 meses anteriores. Na mesma comparação, as importações da indústria ficaram praticamente estáveis, com redução de 0,6%.
Um dos fatores importantes para a queda das exportações, diz Cagnin, é a crise da economia argentina. O total de exportações brasileiras ao país vizinho, de produtos industriais e não industriais, caiu de US$ 12,87 bilhões para US$ 7,5 bilhões de janeiro a setembro de 2017 para igual período deste ano.
Outro fator é o baixo crescimento do comércio internacional, sob influência do conflito entre EUA e China. Depois de ter crescido 5,5% em 2017, o volume de comércio mundial de bens e serviços não deve passar de 1,1% neste ano, segundo projeções mais recentes do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Mas, além de questões conjunturais, o quadro deixou evidente a falta de competitividade estrutural da indústria brasileira. “Os dados mostram que estamos em um longo processo de piora da composição da pauta exportadora de produtos manufaturados”, afirma o economista do Iedi.
Cagnin ressalta que a deterioração do saldo comercial da indústria de transformação brasileira afeta todas as faixas de intensidade tecnológica. O caso mais acentuado, porém, está localizado na indústria de média-alta tecnologia. Esse grupo inclui o ramo de veículos automotores, reboques e semi-reboques, com exportações fortemente afetadas pela crise argentina.
Os embarques do setor de automóveis totalizaram US$ 11 bilhões nos 12 meses até setembro. O desempenho contribuiu para um déficit de US$ 1,98 bilhão no período. Em 2018, as vendas externas do segmento chegaram a US$ 14,2 bilhões. O déficit no ramo de veículos automotores ficou em US$ 752 milhões no ano passado.
Pelo levantamento do Iedi, o déficit do grupo de média-alta intensidade tecnológica se expandiu de US$ 26,3 bilhões em 2017 para US$ 43,1 bilhões em 2019, considerando neste último caso o acumulado em 12 meses até setembro de 2019. No grupo de alta tecnologia, que inclui o ramo aeronáutico, o rombo se ampliou de US$ 17,9 bilhões para US$ 20,8 bilhões na mesma comparação. Os dados, diz Cagnin, mostram recorrente encolhimento da participação de produtos de maior tecnologia nas exportações totais da indústria de transformação.
Em 2000, destaca o economista, as indústrias de alta e média-alta tecnologia respondiam por 43,5% das exportações da indústria de transformação, mas por apenas 31,9% em 2019, considerando os 12 meses até setembro. “Esses são setores importantes, mais dinâmicos, com cadeias mais longas e complexas, com maior capacidade de puxar outros ramos da economia”, avalia Cagnin. E são setores, diz ele, com produtos de maior valor agregado, que poderiam contribuir mais para inserir o Brasil nas cadeias globais de valor.
Ao mesmo tempo, os ramos menos intensivos em tecnologia também têm enfrentado mais dificuldades, segundo Cagnin. A indústria de baixa tecnologia, destaca ele, único grupo a apresentar saldos sistematicamente positivos, viu o seu superávit recuar de US$ 40 bilhões em 2017 para US$ 35,7 bilhões nos 12 meses encerrados em setembro. Com declínio tanto nas exportações como nas importações, esse grupo reúne ramos como alimentos, têxteis e couros e calçados.
| Valor Econômico | | | | Avaliação profissional ajuda companhia a premiar e treinar seus empregados
O investimento na equipe de recursos humanos tem ganhado espaço nas pequenas empresas, para as quais o desempenho dos funcionários é decisivo.
Os empreendedores estão recorrendo a ferramentas que mensuram os resultados dos empregados, para depois treiná-los e recompensá-los.
Foi o que fez Claudia Vobeto, no início deste ano, quando abriu a Majô Beauty Club, uma rede de franquias de beleza.
“Meu objetivo era estabelecer procedimentos para que uma pessoa fosse atendida da mesma forma em qualquer unidade. É um desafio no setor de beleza, no qual a rotatividade é grande e há profissionais contratados e terceirizados”, diz ela, que conta com 30 unidades no Brasil.
A empresária estabeleceu algumas métricas a serem acompanhadas e registra os resultados numa planilha: o tempo de atendimento de cada profissional, quanto tempo o cliente esperou e quem tem mais produtividade.
“Acompanhamos dados em tempo real e sabemos se as metas estão sendo atingidas ou não, semanal e mensalmente”, diz Claudia.
Faltas injustificadas aos sábados, dia crucial para o negócio, são um indicador ruim, exemplifica. Além do impacto financeiro, pode prejudicar a percepção do cliente.
Os funcionários menos eficientes recebem treinamento, e os que têm melhor desempenho são recompensados. Segundo Claudia, essa valorização ajudou a diminuir o número de demissões.
“Montamos um modelo ideal, que é replicado pelas franquias, e o resultado pode ser medido pela redução do ‘turnover’ nas unidades”, afirma.
Fabio Sant’Anna, diretor de gente e gestão da empresa Dotz, que troca pontos por produtos e serviços, diz que os profissionais se sentem mais respeitados quando são avaliados e têm seu desempenho reconhecido.
Ao analisar a performance de cada funcionário para determinar um bônus no final do ano, a empresa deu um incentivo para que todos trabalhassem melhor, diz ele.
Para chegar a esse resultado, a Dotz adotou uma ferramenta de mensuração chamada OKR, cujo objetivo é detectar o quanto a performance de cada um afeta o negócio.
“Isso abriu espaço não só para o crescimento da companhia como dos próprios profissionais”, diz. Como atua com programa de pontos, a Dotz também dá créditos aos funcionários com bom desempenho para eles trocarem por serviços.
Para Jae Ho Lee, diretor-executivo do Grupo Ornatus, que tem franquias de restaurantes, donos de empresas pequenas encaram um desafio em comum: entregar ao cliente um produto ou serviço de qualidade feito por outras pessoas —os funcionários.
“Você só consegue isso tendo muita comunicação com seu colaborador, que tem de saber o que precisa entregar. Ele não trabalha para a empresa, mas com a empresa”, diz.
No seu negócio, Lee utiliza ferramentas como avaliação 360 graus, que inclui a opinião de colegas e clientes, e do tipo Nine Box —uma planilha na qual o gestor avalia o potencial do funcionário e seu desempenho atual para chegar a uma nota que indica se ele pode crescer na empresa.
Especializada em programas de gestão de pessoas, a mineira Solides aposta no “people analytics”, uma análise de dados que inclui inteligência artificial aplicada à gestão.
Segundo Alessandro Garcia Vieira, cofundador da empresa, que cresce 10% ao mês desde 2015, a plataforma pode ser usada por companhias de vários tamanhos. “A maior parte dos nossos clientes são pequenos e médios da área de serviços, porque nesse segmento as pessoas têm forte impacto nos resultados”, afirma.
Em sua opinião, a gestão de pessoas fica mais precisa quando os líderes se atêm a dados e métricas. “Os gestores passam a ter em mente que não dá para continuar agindo subjetivamente. Um RH atento às informações pode ajudar a melhorar o resultado como um todo”, diz Vieira.
Ele afirma que as economias obtidas são fáceis de ser mensuradas. “Tivemos casos de empresas que reduziram em até R$ 300 mil ao ano os gastos com rotatividade ao reter talentos. Outras elevaram em até 65% a lucratividade com o maior empenho dos colaboradores. Companhias que mensuram dados dos funcionários já valem até 30% mais nas bolsas”, diz.
| Folha de S. Paulo ( publicado em 17-11-2019) | | | | Estudo mostra que, nas empresas nacionais, a maior parte dos ganho se benefícios depende do lucro anual
Quase dois terços da remuneração dos executivos de grandes empresas brasileiras de capital aberto é composta por salário fixo e bônus vinculados a resultados de curto prazo (semestrais e anuais), de acordo com levantamento feito pela consultoria SG Comp Partners.
O dado contrasta com o que ocorre, por exemplo, no mercado norte-americano, em que cerca de 40% da remuneração é composta por salário e incentivos de curto prazo e 60% por benefícios recebidos em prazos superiores a um ano. No Brasil, a relação é de 65% e 35%, respectivamente.
Os principais incentivos de longo prazo utilizados na fórmula de remuneração das empresas, tanto no Brasil como nos EUA, envolvem pagamento com pacote de ações e opções de compra desses papéis.
Para garantir a questão do prazo, é fixada uma carência para que o executivo possa incorporar esse ativo ao seu patrimônio (de três a cinco anos) e há regras para impedir a venda dos papéis antes de pelo menos outros três anos (mecanismo “lock-up”).
A remuneração de curto prazo, além do salário fixo, engloba bônus semestrais ou anuais, vinculados a metas de lucro líquido ou Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).
“O problema, quando se incentiva desproporcionalmente a performance de curto prazo, é que podem surgir efeitos colaterais relevantes. Potencializa-se um quadro em que a direção pode tomar ações visando a aceleração de resultados, podendo até mesmo sacrificar o crescimento futuro”, afirma Paulo Saliby, sócio fundador da consultoria especializada em planos de remuneração.
O especialista afirma que a busca de um crescimento acelerado pode se dar à custa do endividamento dessas companhias, o que não compromete o bônus ao fim do ano, mas amplia significativamente os riscos para os acionistas.
No Brasil, as empresas costumam optar por um sistema que se aproxima de “um terço, um terço, um terço” e tenta equilibrar o peso de cada componente na remuneração (salário fixo, bônus semestral ou anual e incentivos de longo prazo).
Na amostra obtida pelo levantamento da consultoria, a relação é 29%, 36% e 35%, respectivamente, no mercado nacional. Nos EUA, são 18%, 21% e 60%, respectivamente.
Saliby recomenda que o pacote de remuneração da alta direção dê um peso superior a 50% do total dos proventos de longo prazo, como forma de alinhar os interesses de executivos e acionistas.
A mudança também atende aos interesses dos próprios executivos, pois cada uma dessas remunerações tem uma função na geração de riqueza para o executivo.
“O fixo é para viver. O bônus, para viver bem. A remuneração de longo prazo, para formar patrimônio e garantir a aposentadoria”, afirma Saliby.
O levantamento considerou dez empresas privadas de capital aberto com ações negociadas no mercado nacional, entre as 25 maiores, selecionadas por terem até sete pessoas em sua diretoria.
O objetivo foi evitar distorções em relação ao critério de divulgação adotado pelas empresas listadas na Bolsa dos Estados Unidos, que divulgam as cincos maiores remunerações.
No Brasil, as companhias devem divulgar o maior salário e a média do valor pago à diretoria. A amostra americana considerou empresas com valor de mercado em dólar semelhante ao das brasileiras.
Entre as empresas nacionais estão a Bolsa brasileira B3, a Suzano, da área de Papel e Celulose, e o IRB (Instituto de Resseguros do Brasil), as únicas selecionadas com mais de 50% da remuneração dos altos executivos vinculada ao longo prazo. Também são as que dão menor peso aos bônus de curto prazo (participação entre 10% e 20%).
O levantamento mostrou ainda que a remuneração dos executivos de grandes empresas nacionais corresponde a cerca de um terço do valor pago aos gestores de companhias norte-americanas com mesmo valor de mercado em dólares.
Os brasileiros recebem salário equivalente a cerca de 50% do que é pago aos americanos. O valor dos bônus também é cerca de 50% menor. Na renumeração de longo prazo, o pagamento das brasileiras corresponde a cerca de 20% do que é gasto pelas americanas.
O cálculo considera câmbio médio de R$ 3,89. Mesmo se fosse utilizada uma cotação mais baixa, que deixasse os valores fixo e de curto prazo mais próximos, ainda haveria substancial diferença na remuneração em razão dos ganhos com os planos de ações.
O valor médio do pacote de remuneração anual por executivo chega a pouco mais de US$ 4 milhões nos EUA e a US$ 1,3 milhão no Brasil (cerca de R$ 15 milhões e R$ 5 milhões, respectivamente, considerando o câmbio do estudo).
O valor de mercado das empresas selecionadas, tanto brasileiras como americanas, é de cerca de US$ 17 bilhões. Ou seja, proporcionalmente ao valor de mercado, as americanas pagam mais.
Entre as empresas americanas que fazem parte do grupo selecionado estão Walgreens, Best Buy, Pinnacle West Capital, Goodyear e Macy’s.
| Folha de S. Paulo (publicado em 16-11-2019) | | | | Métricas financeiras ajudam empresário a ver sinais de que negócio vai mal
Um dos principais motivos de falência está na falta de planejamento e de atenção aos sinais de que o negócio vai mal.
“O brasileiro tem mentalidade empreendedora, mas tende a ignorar os sinais do mercado”, diz Marco Moreno, consultor do Sebrae.
Para saber a hora de parar, é preciso ter o olhar atento ao fluxo de caixa e fazer cálculos.
Na opinião de Bárbara Kemp, arquiteta fundadora da Kemp Projetos e Gerenciamento, todo empresário precisa fazer um curso de contabilidade e entender a diferença de termos básicos. Lucro é uma coisa, rentabilidade é outra, por exemplo.
Enquanto o lucro líquido é o rendimento real da empresa (o faturamento menos todos os custos), a rentabilidade tem a ver com o capital colocado no negócio. Esse índice é calculado a partir da divisão do valor do lucro em um período pelo valor do investimento realizado.
Lucratividade, por sua vez, é a porcentagem do ganho obtido pela empresa. É calculada dividindo o lucro líquido pela receita e multiplicando o resultado por cem.
Dominados os conceitos e feitos os cálculos, é hora de analisar os números para verificar a situação da empresa. De acordo com Moreno, o mais importante é observar os indicadores de lucratividade e rentabilidade do negócio. “Um índice de lucratividade de 10% é o ideal, enquanto uma rentabilidade a partir de 2,5% é considerada razoável”, afirma.
O empresário que ficar de olho apenas no lucro pode acabar quebrando mesmo com números positivos.
“É comum empresas darem lucro, mas quebrarem por problemas de fluxo de caixa”, diz Leonardo Castelo, fundador e presidente da Ecoville, rede de franquias de produtos de limpeza. “É preciso saber quanto se espera de lucro e ter planejamento estratégico. Não apenas olhar para a receita”, afirma.
Se a rentabilidade da empresa for baixa, diz Bárbara Kemp, o negócio não se paga.
Segundo especialistas, não há fórmula certa para saber por quanto tempo uma empresa deve se manter aberta se os indicadores financeiros estiverem ruins.
Na opinião de Moreno, do Sebrae, no universo das micro e pequenas empresas, índices de lucratividade negativos por um período de três meses são sinal de que é preciso rever processos para reverter o cenário, cortando custos, por exemplo.
Para Walter Cavalcante, diretor-executivo da Sinapse, que faz gestão financeira para pequenas e médias empresas, se o negócio estiver há mais de um ano contraindo empréstimos para pagar gastos fixos, é melhor fechar do que continuar investindo.
Castelo diz ter aprendido na prática que o empreendedor precisa ter uma visão de seis meses do fluxo de caixa, para se prevenir.
Ele começou a empreender com pouco capital de giro, sem planejamento, e em três meses quase teve que fechar. “Acabei com meu capital de giro e fiquei dois anos dormindo no chão do galpão”, conta.
Em casos como esse, Cavalcante recomenda que o empreendedor tente transformar custos fixos em variáveis. Pode-se, por exemplo, tentar renegociar o aluguel e pagar uma porcentagem da receita da empresa em vez de um valor fixo todos os meses.
Foi o que fez Bárbara Kemp, quando sua companhia, fundada em 2006, chegou perto de encerrar suas operações durante o início da crise econômica no país, em 2014.
De 200 funcionários passou a ter apenas 30 e durante o seu pior momento perdeu 95% do seu faturamento. Kemp e o marido decidiram, então, que se não melhorassem até meados de 2017 fechariam o negócio.
“Quando você está com dinheiro, não se preocupa com os custos. Por causa disso, paramos, olhamos os valores e revimos todos os contratos”, conta a empresária.
Uma grande aposta de renovação foi o investimento em tecnologia. A empresa criou um sistema de gerenciamento e apostou em equipamentos, como um escâner a laser para mapear ambientes e melhorar processos de trabalho diminuindo custos.
| Folha de S. Paulo (publicado em 17-11-2019) | | | | Se você já se interessou por investir direto em ações, provavelmente já consultou o YouTube e se deparou com personagens se vangloriando da facilidade de se ganhar dinheiro na bolsa de valores. Entretanto, os números mostram que a realidade é muito diferente.
Estudo publicado por Bruno Giovannetti em conferência na CVM no ano passado apresenta três resultados surpreendentes.
Os resultados deste estudo deveriam mudar o comportamento de todos os investidores. Mas eles não são uma surpresa. Profissionais experientes como o reconhecido investidor Warren Buffett e seu mestre Benjamin Graham já alertaram, mesmo sem ter dados que comprovassem.
Giannetti utilizou informações de negociação todas as pessoas físicas brasileiras que operaram ações entre 2012 e 2017 na B3. Estes números foram disponibilizados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Para a análise abaixo foram excluídas as operações de day trade. Sobre os resultados destas últimas operações, já comentei em artigo no passado.
O pesquisador investigou três questões:
1 – Os investidores individuais de forma agregada conseguem ganhar de um índice amplo como o Ibovespa?
2 – Na média o investidor individual ganha do Ibovespa?
3 – A flexibilidade de comprar em qualquer momento do dia faz com que o investidor compre melhor que o último preço de fechamento do mercado?
O professor analisou as duas primeiras perguntas em relação a um índice de referência como o Ibovespa por dois motivos. Primeiro, o aplicador tem sempre a alternativa de usar um fundo passivo e, sem trabalho algum, de forma mais barata e com menor risco, ter o retorno médio do mercado. Outra justificativa é retirar o viés de ganho ou perda simplesmente porque o mercado subiu ou caiu.
Foram avaliados vários períodos diferentes de manutenção da posição em carteira: 5, 10, 20, 40, 60, 80, 100, 120 e 240 dias.
Na primeira pergunta, ele encontrou que os investidores individuais de forma agregada tomam decisões erradas de investimentos. Estas decisões levaram a perdas de forma agregada entre R$ 230 milhões e R$ 1,3 bilhões. Esta perda foi relativa a um índice amplo, ou seja, em relação ao Ibovespa, por exemplo.
Logo, as pessoas físicas poderiam ter ficado até R$1,3 bilhões mais ricas se tivessem simplesmente aplicado em um fundo de ações passivo em vez de escolher suas próprias ações.
A resposta para a segunda questão não traz alívio a quem deseja fazer seus investimentos na bolsa de forma direta, ou seja, evitando os profissionais que fazem a gestão de fundos.
Na média, os investidores que aplicaram em ações perderam entre 0,3% e 2% em relação ao Ibovespa no período em análise.
As perdas apresentadas não consideraram dois pontos que pioram ainda mais os resultados. Não foram subtraídas as taxas de negociação, como as de corretagem e emolumentos da B3. Também não se considerou os prejuízos pela diferença de preços nas ofertas de compra e venda nas operações.
Uma justificativa que vários investidores argumentam para justificar a preferência em aplicar em ações diretamente em vez de aplicar em fundos de ações é a possibilidade de saber exatamente qual preço está comprando ou vendendo. Nos fundos, o aplicador entra ou sai do mercado pelo preço de fechamento do fim do dia.
A terceira pergunta responde se a possibilidade de decidir o preço realmente traz vantagem. Os resultados mostram que não. Ou seja, na média das operações, o investidor teria feito melhor se tivesse comprado ou vendido no preço de fechamento do que no preço que escolheu. Portanto, na média, o que se supõe ser uma vantagem, na verdade gerou ainda mais prejuízo.
Essa é mais uma falácia que se verifica em vídeos nas redes sociais. Analisando o passado, quando se pode ver ex-post, é fácil ver qual foi o melhor preço para vender ou comprar ao longo do dia. No entanto, a realidade mostra que esta escolha é uma atividade extremamente desafiadora.
Estudos empíricos apresentam que, mesmo para profissionais, ganhar de um índice amplo como o Ibovespa é um desafio. É lógico que para pessoas físicas sem suporte, dedicação e experiência, a perda deveria ser natural.
Se a perda é quase certa, por que muitos ainda se aventuram? Giannetti explica por meio dos vieses de finanças comportamentais. Ou seja, se agissem racionalmente, as pessoas físicas sem suporte, dedicação e experiência não deveriam se aventurar em investir diretamente escolhendo quais ações aplicar.
Portanto, se pretende investir em ações, não perca tempo ou se desgaste emocionalmente, invista por meio de fundos de investimentos em ações. Assim, além de ter mais chances de sucesso, vai poder concentrar seu tempo em atividades que poderão gerar mais dinheiro para poder investir.
Michael Viriato é professor de finanças do Insper e sócio fundador da Casa do Investidor.
| Folha de S. Paulo (publicado em 17-11-2019) | | | | Previsão passou de 3,31% para 3,33%. Foi a segunda semana seguida de aumento. Economistas mantiveram estimativa de crescimento do PIB para este ano em 0,92%.
Os economistas do mercado financeiro elevaram, pela segunda semana seguida, sua estimativa de inflação para este ano.
A projeção consta no boletim de mercado conhecido como relatório "Focus", divulgado nesta segunda-feira (18) pelo Banco Central (BC). O relatório é resultado de levantamento feito na semana passada com mais de 100 instituições financeiras.
De acordo com a instituição, os analistas do mercado financeiro elevaram a estimativa de inflação para 2019 de 3,31% para 3,33%.
A expectativa de inflação do mercado para 2019 segue abaixo da meta central, de 4,25%. O intervalo de tolerância do sistema de metas varia de 2,75% a 5,75%.
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic).
Para 2020, o mercado financeiro manteve em 3,60% sua previsão. No próximo ano, a meta central de inflação é de 4% e terá sido oficialmente cumprida se o IPCA oscilar entre 2,5% e 5,5%.
Produto Interno Bruto
O mercado financeiro também manteve, na semana passada, a previsão de crescimento da economia brasileira neste ano em 0,92%. Para o ano que vem, a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) subiu de 2,08% para 2,17% – na segunda alta seguida.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos no país, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.
Para 2019, a previsão do Banco Central e do Ministério da Economia é de uma alta de 0,9%.
Outras estimativas
Taxa de juros - O mercado manteve em 4,5% ao ano a previsão para a taxa Selic no fim de 2019. Atualmente, a taxa de juros está em 5% ao ano. Com isso, o mercado segue prevendo queda nos juros neste ano. Para o fim de 2020, a projeção passou de 4,5% para 4,25% ao ano, de modo que o mercado passou a estimar corte nos juros também no ano que vem.
Dólar - A projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2019 permaneceu em R$ 4 por dólar. Para o fechamento de 2020, continuou em R$ 4 por dólar.
Balança comercial - Para o saldo da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações), a projeção em 2019 recuou de US$ 47 bilhões para US$ 46,40 bilhões de resultado positivo. Para o ano que vem, a estimativa dos especialistas do mercado caiu de US$ 42,95 bilhões para US$ 42,50 bilhões.
Investimento estrangeiro - A previsão do relatório para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil, em 2019, ficou estável em US$ 80 bilhões. Para 2020, a estimativa dos analistas permaneceu também em US$ 80 bilhões.
| G1 | | | | Em cenário inconstante, investidores buscam mais proteção
A alta volatilidade da cotação do dólar no Brasil é fruto da falta de estabilidade institucional, política, jurídica e econômica do país e pode afastar investimentos estrangeiros, afirmam especialistas.
Nos últimos 100 dias, dentre os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o real é a segunda divisa menos estável, logo atrás do rand sul-africano. No período, o valor do dólar no Brasil variou entre R$ 3,74 e R$ 4,20.
Segundo Daniel Miraglia, sócio da Quasar Asset Management, esse padrão não é de hoje. “Na China, o governo controla o câmbio impondo uma variação máxima diária de 2%, para mais ou menos, e a conta de capital é praticamente fechada. A Índia e a Rússia têm ambientes políticos e institucionais mais estáveis e o crescimento da economia se acelerou muito nos últimos anos”, afirma.
A África do Sul, por sua vez, tem o ambiente político e institucional mais instável e um mercado financeiro menos líquido. O risco-país, medido pelo CDS (Credit Default Swap) de cinco anos reflete isso a 181 pontos, maior que o do Brasil, que está ao redor de 122 pontos.
“A instabilidade institucional, jurídica e política no Brasil ainda é um dos grandes motivos que explicam a maior volatilidade do nosso câmbio dentre o Brics. A América Latina, no geral, tem se mostrado uma região muito instável”, aponta Miraglia.
“A volatilidade do dólar assusta [o estrangeiro], mas outras coisas assustam mais, como a incerteza quanto a reformas e o ambiente político”, afirma Joelson Sampaio, coordenador do curso de economia da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Além dos protestos nos países vizinhos e da instabilidade interna, com saída de Jair Bolsonaro do seu partido, o PSL, e falta de uma base governista sólida no Congresso, a alta do dólar no Brasil reflete um cenário negativo para ativos de risco no exterior, com guerra comercial entre China e Estados Unidos e a desaceleração da economia global.
Neste cenário, investidores buscam mais proteção. Os estrangeiros retiram seus recursos e emergentes e os domésticos investem em dólar, um dos ativos mais seguros do mundo.
No ano, há saída de mais de R$ 30 bilhões em investimento estrangeiro da Bolsa de valores brasileira. Este é o pior saldo desde 2008, ano da crise financeira.
Segundo o relatório de movimento de câmbio contratado do Banco Central (BC) da última quarta (13), o déficit de dólares na balança financeira em 2019 é de R$ 152 bilhões, superior ao total retirado no mesmo período de 2018.
Outra explicação para a saída de dólares é a queda dos juros no Brasil. Com a Selic na mínima histórica, a 5% ao ano, o carry trade perde força.
| Folha de S. Paulo | | | | A Caixa Econômica Federal anunciou a redução dos juros do cheque especial para 4,99% ao mês – o que representa a melhor taxa para a modalidade em todo o mercado brasileiro. Anteriormente, os juros do cheque especial na Caixa variavam entre 8% e 13% ao mês.
A nova taxa é destinada a correntistas que possuem relacionamento com a instituição, ou seja, que possuem cartão de crédito, cesta de serviços e também recebem salário na Caixa. As novas condições estarão disponíveis a partir de 1.º de dezembro.
Apesar do corte, o cheque especial segue sendo uma das piores opções para quem precisa de crédito. Enquanto a taxa do produto na Caixa está em cerca de 79,3% ao ano, os juros médios do crédito não consignado da instituição eram de 45,3% ao ano na última semana de outubro, de acordo com dados do Banco Central.
Isso significa que um rombo de R$ 2 mil no cheque especial representa uma dívida de R$ 3.587,52 ao fim de 12 meses. Se o cliente solicitasse um empréstimo não consignado para arcar com a dívida, o montante chegaria a R$ 2.905,02 no mesmo período – a simulação não representam o chamado custo efetivo total, que inclui, além da taxa nominal de juros, seguros e eventuais tributos como o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
A situação pode ser ainda pior para quem busca crédito em outras instituições. A taxa média do cheque especial em setembro, segundo o Banco Central, ficou em torno do 307% ao ano.
Os juros do Santander são os mais elevados entre os cinco grandes bancos e chegam a 420% ao ano. Entre outubro de 2016 – quando começaram os sucessivos cortes na taxa Selic, a taxa básica de juros da economia – e setembro de 2019, a média de juros do cheque especial passou de 328,52% para 307,58% ao ano.
De acordo com Annalisa Dal Zotto, planejadora financeira e sócia da Par Mais, a suposta falta de garantia de pagamento do cheque especial não explica as altas taxas, especialmente se comparadas a outras modalidades como o crédito não consignado. “Não tem nada que justifique. Existem alguns fatores que oneram, como impostos e depósito compulsório, mas é um lucro muito alto dos bancos.”
Para Ricardo Teixeira, coordenador do MBA de Gestão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV), ao não considerar o risco de inadimplência individual as instituições financeiras acabam punindo os bons pagadores com altas taxas. “Quem concede o cheque especial, que já está pré-aprovado, é o próprio banco. Se houver uma melhor gestão de concessão, essas taxas podem cair muito.”
Para ele, o cadastro positivo deveria ser a ferramenta utilizada para medir o risco de inadimplência de cada cliente.
| Tribuna PR | | | | O capital de investidor estrangeiro não dá sinais de que vá voltar com força tão cedo à Bolsa brasileira. Em 2018, depois de episódios como a greve dos caminhoneiros e as incertezas no período de eleições, o ano fechou com saldo negativo de R$ 5,6 bilhões desses recursos.
A expectativa para 2019 era de retomada desses investimentos, fundamentada principalmente na aprovação da reforma da Previdência, que foi promulgada na última terça-feira. Mas o ano tem tido recordes de saídas: no acumulado até 11 de novembro, segundo dados da B3, o saldo está negativo em R$ 5,9 bilhões.
Em meados de agosto, o acumulado superou as perdas no mesmo período de 2008, ano da crise econômica global. Em outubro, o saldo foi pior do que no mesmo mês de 2018, período eleitoral: R$ 8,4 milhões no vermelho ante R$ 6,2 milhões de um ano atrás.
Alguns dos efeitos desse desinteresse estrangeiro pelo Brasil são a desvalorização cambial e a espera adiada de uma valorização mais intensa dos ativos. Para o economista-chefe da corretora Necton, André Perfeito, a espera da volta do capital que vem de fora do País ainda pode demorar e frustrar expectativas.
"As reformas empolgaram o investidor local.
Além disso, os juros mais baixos empurraram esse cliente para a Bolsa em busca de rentabilidade, o que levou à valorização do Ibovespa. Nesse processo, teve gente que comprou na esperança de vender os papéis na alta para o estrangeiro. Mas o estrangeiro não é bobo, não vai comprar o ativo mais caro em um momento em que a América Latina está tão confusa", diz Perfeito. Ele comenta ainda que o investidor estrangeiro está mais reativo. "Eles vão esperar os resultados das reformas e não apostar nas expectativas."
O descolamento entre as altas e quedas do Ibovespa e as entradas e saídas de recursos estrangeiros no País podem ser observadas desde as eleições de 2018. Com a maior presença de pessoas físicas investindo na Bolsa de Valores e a crescente alocação de fundos de investimento em renda variável, a confiança local tem sustentado recordes de valorização do Ibovespa.
Até outubro, eram mais de 1,5 milhão de CPFs cadastrados na B3, e o índice chegou à marca histórica de 108 mil pontos - mais tarde, no último dia 7, fechou acima dos 109 mil pontos. "O mercado está um pouco decepcionado com a saída do estrangeiro. O fluxo interno tem contribuído para as altas da Bolsa. Agora, seria melhor com investidor de fora colocando dinheiro", diz Luís Sales, analista da Guide Investimentos.
Para além da expectativa adiada de um "boom" dos ativos com entrada de capital estrangeiro, o câmbio também sofre pressão da saída dos recursos. "Entre 2011 e 2012, os estrangeiros tinham 22% da dívida brasileira, hoje têm cerca de 11%. Isso se reflete no risco país e na alta do dólar", explica o economista do BTG Digital, Álvaro Frasson. Segundo ele, nesse contexto, novas altas da Bolsa não devem ser motivadas pela política monetária (mais cortes na taxa básica de juros da economia): "Os juros já estão precificados na Bolsa."
A Selic está em seu nível mais baixo - 5% ao ano - e é esperada mais uma redução em dezembro.
Para ele, o otimismo do estrangeiro em relação ao Brasil deve aumentar quando os indicadores de crescimento do País voltarem a avançar. Frasson afirma ainda que os recordes registrados na Bolsa são frutos de uma visão local: "O Ibovespa, para quem olha os valores em dólar, está longe das máximas."
Compensação
A falta de empolgação com o mercado brasileiro ficou evidente em eventos recentes, nos quais se esperava maior participação do capital externo. Na última semana, a oferta secundária de ações ("follow on") do Magazine Luiza, que tinha expectativa de vender 60% dos papéis para estrangeiros, terminou com apenas 40% nas mãos de aplicadores externos. O restante ficou com investidor local.
É justamente no aumento de demanda interna e no fato de que o brasileiro ainda investe pouco em ativos de renda variável que está a grande aposta de quem tem expectativas positivas para o mercado local, mesmo sem recursos de fora do País.
Para Michel Viriato, coordenador do laboratório de Finanças do Insper, ainda há espaço de crescimento para os ativos locais apenas com o fluxo doméstico. "Se o estrangeiro não voltar em um horizonte tão próximo, a força motora vai ser a realocação do investidor local. Esse investidor de fora não precisa voltar tão logo, mas também não pode sair com força", diz.
Para o diretor comercial da Easyinvest, Fábio Macedo, tentar prever o momento da volta dos recursos estrangeiros para fazer preço nos ativos pode ser uma cilada. "Isso não tem data certa para acontecer. É difícil acertar esse momento. As reformas estruturais que vêm sendo feitas pelo governo federal contribuem para essa volta, mas a verdade é que, se o investidor tentar acertar o momento em que esses recursos vão voltar e afetar os preços, esse momento pode passar", afirma.
Cenário internacional
O receio de uma desaceleração global e a guerra comercial entre China e Estado Unidos, que se arrasta desde 2018, já seriam razões suficientes para diminuir o apetite por risco do investidor internacional. Além disso, o cenário vivido na América Latina, com suspeitas de fraude eleitoral na Bolívia, protestos no Chile e a eleição de Alberto Fernando e Cristina Kirchner na Argentina, contribuem ainda mais para a falta de confiança no mercado brasileiro.
"A situação da economia mundial andou de lado. A percepção de risco não mudou. De longe, o gringo vê a América Latina e os emergentes de uma forma só, parecida", diz o economista da corretora BTG Digital, Álvaro Frasson.
Para o professor do Insper, Michel Viriato, o medo de recessão global é menor hoje do que há um ano, mas não pode sair do radar do investidor. "Se surgir uma tempestade internacional, o Brasil, que não se recuperou completamente, sofreria muito.
O carry trade é uma estratégia de investimento em que o ganho está na diferença do câmbio e do juros. Nele, se toma dinheiro a uma taxa de juros menor em um país para aplicá-lo em outro, com outra moeda, onde o juro é maior.
Em 2016, com a Selic a 14,25%, o diferencial entre a taxa brasileira e a americana ficou ao redor de 13,75% ao ano. Hoje, com a Selic a 5% e o juro americano a 1,5%, esse diferencial fica ao redor de 3,5%.
“O carry do real nunca esteve tão baixo, o que cria um piso natural para qualquer queda no dólar, além de ser mais um vetor de compra da moeda americana no Brasil”, diz Miraglia, da Quasar.
Além de afetar o carry trade, o juro baixo deixa o hedge cambial —proteção contra oscilação do dólar— mais barato.
Para se proteger da alta volatilidade do real, o investidor geralmente compra um contrato de dólar futuro na B3. Neste caso, o diferencial entre o preço à vista e futuro do dólar fica muito próximo do diferencial de juros entre as duas moedas, de 3,5%.
Considerando que a volatilidade nos últimos 100 dias foi de 12%, um custo anual de 3,5% é vantajoso, já que, para o estrangeiro, o que vale é o retorno em dólar dos seus investimentos.
Ao entrar no mercado brasileiro para fazer uma aplicação ele vende dólares e compra reais e, se o dólar estiver mais caro na hora de sair, ou remeter lucros, isso diminui o retorno de seus investimentos.
Para os que pretendem investir em infraestrutura e ter um retorno a longo prazo, o baixo juro do hedge é ainda mais atrativo. No entanto, estrangeiros não voltaram a fazer grandes apostas no Brasil nesse aspecto.
Um dos aportes mais esperados para o ano era o megaleilão do pré-sal, realizado em 6 de novembro. A operação foi um fracasso e só teve uma pequena participação de chineses após um pedido do governo Bolsonaro.
Para Victor Cândido, economista-chefe e sócio da Journey Capital, a fuga dos estrangeiros é muito mais um efeito global, do que característico do Brasil.
“Temos o erro de achar que particularidades do Brasil impactam estrangeiro. Ainda somos um mercado periférico. Estamos em uma cesta de emergentes latinos com outros países e o cenário global não está favorável para nós. A volatilidade do dólar é um efeito da saída dos estrangeiros”, afirma.
| Bem Paraná | | | | A demonstração do drone-robô fabricado por engenheiros chineses pode parecer simples e trivial, mas a realidade é bem outra.
O manipulador pode ser configurado para realizar diferentes tarefas.
Basta um robô para trocar uma lâmpada
A demonstração do drone-robô fabricado por engenheiros chineses pode parecer simples e trivial, mas a realidade é bem outra.
Xiangdong Meng e seus colegas conseguiram fazer com que um drone manipule mecanismos estáticos de forma autônoma.
O robô voador foi projetado para que toda a força de contato dele próprio com mecanismos externos ou superfícies possa ser controlada com precisão sem sensores de força.
E controlar a força de um robô voador, totalmente sujeito às forças externas, não é tarefa trivial.
A solução encontrada por Meng foi fazer o robô voador operar com um sistema de controle de circuito fechado que faz com que ele se comporte como um sistema de molas comum.
O coeficiente elástico da "mola" pode ser facilmente alterado ajustando os parâmetros de controle do voo automatizado. "Isso significa que podemos usar o robô como um sistema de molas, para que o processo de contato [com as superfícies ou objetos] seja seguro o suficiente," disse Meng.
Robô para manutenção de edifícios
O primeiro teste de demonstração incluiu trocar uma lâmpada e ligar e desligar interruptores.
Em outro experimento, o robô se moveu suavemente ao longo de uma parede de vidro, exercendo pressão fixa. O robô então usou uma caneta presa ao seu manipulador para escrever "SIA" (sigla de Shenyang Institute of Automation) na parede de vidro.
Mas os objetivos de longo prazo são muito mais ambiciosos, a começar por substituir os operários trabalhando em gôndolas para trabalhos de inspeção e manutenção em edifícios.
| CIMM (publicado em 17-11-2019) | | | | Como uma empresa da chamada "economia real" lida com as mudanças de um mundo cada vez mais digital? "É quase uma questão de sobrevivência", diz Gustavo Werneck, presidente executivo da Gerdau, uma das maiores siderúrgicas do Brasil. Com 118 anos de história, o grupo começou a implementar em 2016 um amplo processo de mudança cultural para pavimentar essa transformação digital.
Da gestão - Werneck foi o primeiro executivo de fora a assumir o comando da companhia, que sempre esteve nas mãos da família Gerdau Johannpeter - à maneira de ver o negócio, tudo foi repensado. "A Gerdau do futuro vai ser menos commodity de aço."
Em meio aos desafios de colocar em prática essas mudanças, o grupo Gerdau começou do zero o processo de formação de sua equipe de analistas e cientistas de dados para ajudar a empresa se perpetuar. Há dois anos, criou uma escola para formar esses profissionais. A inteligência artificial, que dá resultados em áreas administrativas, também já ajuda a companhia na área industrial. Sensores em equipamentos coletam dados e ajudam na melhora de desempenho das fábricas.
Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:
Como uma empresa como a Gerdau, tão associada à chamada 'economia real', vem lidando com as novas exigências do mundo digital?
Para a Gerdau, essa transformação digital é quase uma questão de sobrevivência. Vemos várias empresas tradicionais centenárias desaparecendo. Então, a companhia acredita que, se não passar por transformações importantes dentro de casa e na maneira como gera valor para os clientes, vai desaparecer. Essa reflexão começou há alguns anos e tem sido parte muito presente em nosso dia a dia, porque temos 118 anos de história. Entendemos que a base nas empresas é a cultura. Fizemos uma revisão do que nos ajudou a contar os primeiros 100 anos de história e eliminamos o que não estava ajudando mais.
O que ficou e o que foi eliminado?
Um dos pontos importantes foi manter essa chama empreendedora que faz parte de nossa história. O que saiu? A gente percebeu que não tinha mais aquela abertura entre nós para tratar de temas difíceis, para ouvir os colegas da forma legítima e que estávamos dando pouca autonomia para as pessoas e não estávamos utilizando todo o potencial criativo. E mudar a cultura das empresas é muito difícil: estamos nesse processo, que já trouxe avanços enormes, mas também enfrentamos dificuldades. A gente trocou quase 40% dos nossos líderes nos últimos 5 anos.
Por quê?
Muitos não quiseram participar dessa transformação. Fomos pragmáticos em entender que, se a gente não tiver pessoas capazes de operar numa nova cultura que não tenha hierarquia e um altíssimo nível de colaboração, no qual possa tolerar o erro e entender que isso faz parte do aprendizado, a empresa não muda. Nem todo mundo se adapta.
Como a transformação digital se encaixa nesse processo?
O primeiro passo é a mudança da cultura. Se empresas tradicionais não passam por isso, não conseguem se digitalizar. É pré-requisito. Temos quatro grandes pilares. Além da cultura, o uso intenso da tecnologia. O terceiro é utilização intensa de dados. Desde os 1990, o grupo vem acumulando muitos dados no sistema. Só que muitos deles a gente não imaginava que iria usar mais à frente. E tem a questão de como a gente garante que esses dados são de qualidade. Como criar a ciência de dados apoiando as decisões de negócios? Como não achávamos, decidimos há dois anos criar uma escola interna de formação de cientista de dados. O outro pilar são as novas formas de se trabalhar, sem silos, sem hierarquia vertical, com decisões ágeis.
Como foi o processo de criação da equipe de cientistas de dados?
Pegamos colaboradores que têm aptidão por matemática, física e estatística para se engajarem neste pilar. Converso com outras empresas para incentivar a criação mais estruturada de cientistas de dados. Se isso não acontece, ocorre o que eu chamo de rouba monte: a gente forma e outras empresas tiram.
Já tem formados? Qual o perfil deles?
A gente tem cerca de 30 cientistas de dados - 10 deles estão formados. São colaboradores internos. A gente não busca mais um trainee com formação de engenharia, que saiba falar inglês e que tenha uma experiência fora do País. Abrimos para todas as profissões. A gente trouxe um que não tinha formação como engenheiro, mas trabalhou com o pai dele na confecção de sapatos. Esse rapaz tem uma visão de cliente que a gente nunca teve.
Quais as mudanças da transformação digital nos negócios da Gerdau?
Com metodologias ágeis, começamos a ver resultados em nossos balanços. Quando se começa a transformação digital, é muito legal usar drones, óculos de realidade virtual, mas a gente não conseguiu no primeiro ano traduzir essas iniciativas em resultados.
Quando começou a ficar palpável?
No primeiro ano de implementação, em 2016, encontramos algumas dificuldades. Daí, a gente parou para se organizar melhor. E os resultados começaram a aparecer há dois anos.
O que o balanço já mostrou?
Me assustei com o resultado financeiro que essa transformação pode trazer. Em alguns setores, o potencial do Ebtida (geração de caixa) poderia crescer até 20%. A transformação virou oportunidade adicional de capturar coisas que a gente não enxergava.
Em quais áreas?
Há um item no balanço, o de despesas gerais de vendas e administrativas. Em dois anos, reduzimos em R$ 1 bilhão as nossas despesas.
Onde mais?
Integração cadeia de suprimentos. Tradicionalmente, a Gerdau faz uma grande compra de carvão uma vez por trimestre. Decidimos criar uma plataforma digital com uma enormidade de informações que o mercado divulga, que inclui previsão do tempo em países produtores e estoques de carvão em importantes mercados, como Índia e China. Com essas variáveis, a plataforma nos diz exatamente quando fazer pedido.
E na área industrial?
Na área industrial podemos utilizar cada vez mais a internet das coisas, da indústria 4.0. No Brasil, colocamos 10 mil sensores em mil equipamentos mais importantes para que eles coletem informações de performance. Com isso, os dados vão para uma plataforma e criam um gênio digital, que simula o que está acontecendo com a operação real. Dá para prever a quebra de um rolamento de uma determinada máquina e organizar uma parada de produção. O nosso desafio é melhorar a experiência aos nossos clientes.
Como se faz isso?
Há dois anos, estamos fazendo uma profunda limpeza nos dados. No caso dos clientes, analisamos quando ele compra, quando quer receber. Se atrasamos ou antecipamos a entrega, ou se teve problema logístico no meio do caminho.
Como vai ser a Gerdau do futuro?
Vai ser menos commodity de aço e muito mais uma empresa de serviço. Por muitos anos, a gente vendia perfis metálicos usados na construção civil para uma empresa que fazia fundação. Agora estamos testando uma empresa que criamos aqui para vender a fundação pronta para o cliente. Outra iniciativa foi com a Votorantim e a Tigre. Criamos uma empresa nova, a Juntos Somos Mais, para promover um programa de fidelidade no varejo de materiais de construção.
E a relação da Gerdau com startups?
Temos inúmeras startups nos apoiando. Temos escritório no Vale do Silício para conexão as startups americanas. Recentemente, aprovamos no conselho a criação de um fundo de venture capital para investir em startups no Brasil e nos EUA, ligados à construção civil e ao setor automobilístico. A gente não teria avançado em transformação digital, se a gente não tivesse conectado neste ecossistema.
| Bem Paraná ( publicado em 17-11-2019) | | | | Motoristas dizem terem sido traídos após retorno de tabela do frete suspensa em julho
De novo, o governo colocou em vigor a tabela do frete, suspensa desde julho. A resolução, publicada na terça-feira (12), agitou os grupos de WhatsApp formados por caminhoneiros.
Entre mensagens de motoristas que afirmam se sentirem traídos, o líder Marconi França enviou áudios aos colegas dizendo que foram tratados como trouxas e que o governo só tinha suspendido a tabela para ganhar tempo. O caminhoneiro já fala em greve neste ano.
Ronaldo Lima divulgou nos grupos mensagens endereçadas por ele ao ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas dizendo que houve covardia e falta de interesse em negociar do governo.
A nova resolução do governo põe em vigor novamente os pisos da tabela do meio do ano, que foram considerados baixos pelos caminhoneiros, mas agora com a premissa de que os valores apontados contemplam apenas os custos do transporte e uma margem de lucro deve ser negociada entre os autônomos e as empresas que contratam o frete.
O caminhoneiro Marcelo da Paz disse que a volta da tabela é inadmissível. Sem falar ainda em paralisação, o autônomo afirma que o caminho para melhorar a situação da categoria é a participação em audiências públicas que tratam dos pisos com o objetivo de conseguir um melhor cálculo na atualização deles em 2020.
O caminhoneiro Wanderlei Alvez, o Dedeco, que participou da articulação da paralisação de 2018, tem opinião diferente. Segundo ele, a retomada da tabela significa o fim do impasse entre governo e categoria.
"Está na hora de paz no transporte. A gente não pode ficar travado em uma pauta que já tem mais de um ano. Com o crescimento do Brasil, vamos esquecer esse assunto e conseguir carregar acima do valor mínimo da tabela."
| Folha de S. Paulo | | | | Índice caiu de 52%, registrado em 2018, para 32%,
O piloto sumiu No ano passado, 52% dos consumidores confiavam em montadoras tradicionais para desenvolver veículos autônomos, mas agora o índice despencou para 32%, de acordo com levantamento da Deloitte.
Elas foram superadas por empresas de tecnologia, que avançaram de 28% para 35%. Nas especializadas em autônomos, o número saltou 18% para 32%.
Tempo livre Se pudessem ser transportados pela tecnologia, 69% dos entrevistados aproveitariam o tempo para acessar o email ou falar ao telefone. Tirar o atraso na leitura é uma opção para 55%. Metade das pessoas assistiriam a filmes e séries ou ainda trabalhariam no período.
| Folha de S. Paulo (publicado em 16-11-2019) | | | | Segundo pesquisa, 36% dos millennials se interessam por híbridos e elétricos
Um estudo conduzido neste ano pela consultoria financeira Duff&Phelps mostra que os jovens ainda desejam comprar um automóvel próprio, principalmente na América Latina.
O público-alvo da pesquisa são os nascidos entre 1980 e 1996 —a geração millennial, que, no começo da década, era vista como avessa aos carros particulares.
De acordo com o estudo, 70% dos jovens ouvidos na América Latina possuem um carro e 92% pretendem trocá-lo nos próximos cinco anos. É o maior percentual registrado entre todas as regiões cobertas pelo levantamento global, que ouviu 2.150 pessoas.
O número surpreende diante de tantas opções de mobilidade disponíveis hoje nas grandes cidades, áreas em que residem os entrevistados.
Apesar das restrições da amostragem, o resultado confirma que aversão aos produtos não é o maior problema das montadoras. O desafio é se adequar às novas exigências ambientais, o que implica a eletrificação.
O estudo revela também que, globalmente, 36% dos millennials se interessam por híbridos e elétricos. Contudo, a simpatia por essas tecnologias nem sempre se converte em compra.
Enquanto isso, as empresas investem bilhões na transformação de fábricas de motores em fábricas de baterias. Fornecedores adequam seus negócios para entregar novas tecnologias e aguardam por um futuro com menos componentes. Carros elétricos demandam um número bem inferior de peças em comparação aos carros a combustão.
O cálculo é complexo e o modelo ideal ainda não foi atingido. Ao se considerar toda a cadeia de produção, que vai da matéria-prima utilizada até o descarte da sucata, há dúvidas de quão limpos são os carros que não queimam gasolina ou diesel.
Mas há uma transição em marcha, que envolve altos investimentos. Do outro lado estão os cortes de custos, que levam à redução do número de vagas em uma indústria que responde por boa parte dos empregos no mundo.
Ao menos resta o interesse pelos carros, embora não se tenha clareza sobre quais tipos de veículos serão o objeto do desejo dos jovens nos próximos cinco anos.
| Folha de S. Paulo ( publicado em 16-11-2019) | | | | Profissional que projeta, desenvolve, constrói e testa dispositivos mecânicos em geral
O Engenheiro Mecânico atua diretamente nas indústrias de base mecânica, mineração, alimentos, eletrodomésticos e veículos, entre outras, e segue contribuindo de forma ativa para o desenvolvimento econômico e sustentável do Brasil.
É o profissional que projeta, desenha, desenvolve, constrói e testa dispositivos mecânicos como motores, máquinas e também ferramentas. Os engenheiros mecânicos trabalham com maquinário em indústrias automobilísticas ou áreas que envolvem mecatrônica e eletroeletrônica e também são muito requisitados nas indústrias têxtil, petroquímica, na fabricação de celulose e em fábricas de açúcar, álcool e gás.
A engenharia mecânica como conhecemos hoje passou por inúmeras mudanças tecnológicas, mas foi só a partir do século 18 que a revolução industrial mudou de vez a fabricação de máquinas, inaugurando uma nova era para as engenharias.
Em 1847 surgiu o primeiro Instituto de Engenheiros Mecânicos da Inglaterra. Foi então que governos da Europa e dos Estados Unidos passaram a investir cada vez mais em pesquisas na área, o que permitiu a criação dos motores movidos a combustível. O primeiro automóvel surgiu em 1885 na Alemanha, e em 1893 foi patenteado o primeiro motor a diesel. Logo em seguida surgiram os primeiros aviões e desde então o cotidiano nunca mais foi o mesmo: as máquinas passaram a fazer parte de quase tudo à nossa volta.
A data comemorativa aos profissionais da engenharia mecânica – 5 de junho - foi reconhecida pelo Sistema Confea/Crea recentemente e refere-se ao nascimento do industrial Delmiro Gouveia (Ceará, 1863 - Alagoas, 1917), um dos pioneiros da industrialização do país e do aproveitamento do seu potencial hidroelétrico, tendo construído a primeira fábrica de linhas de costura e a segunda usina hidroelétrica brasileira, a de Paulo Afonso, entre Alagoas e Bahia.
O primeiro curso de Engenharia Mecânica do Brasil e da América do Sul foi fundado em 1913 em Minas Gerais, no Instituto Eletrotécnico e Mecânico de Itajubá – IEMI, instituição que objetivava a formação de engenheiros mecânicos e eletricistas.
Em Santa Catarina, o curso de Engenharia Industrial Mecânica da UFSC foi criado em 1960, nascendo depois a Escola de Engenharia Industrial (EEI), futuro Centro Tecnológico. A primeira turma formou-se em 1966, ano em que foi inaugurado o pavilhão da Mecânica no campus e chegaram os primeiros equipamentos, avaliados em cerca de U$ 1 milhão, por meio do Convênio do Café. No ano seguinte, a Escola de Engenharia Industrial tinha cerca de 100 alunos, e o estágio obrigatório entrou no currículo – assim, foram dados os primeiros passos na relação com a indústria.
Em 1999, os alunos da UFSC realizaram pela primeira vez o Exame Nacional de Cursos, aplicado pelo MEC. O curso recebeu o conceito máximo (5), confirmando sua posição entre os melhores do Brasil – hoje está em 4º lugar no ranking nacional.
Especializações:
• Automobilística – Área que estuda, projeta e cria veículos, desde automóveis e motocicletas até caminhões. Realiza testes mecânicos, eletrônicos e de segurança.
• Maquinários e equipamentos – Coordena a fabricação de moldes para ferramentas, máquinas e dispositivos para testes de resistência mecânica.
• Mecatrônica – Área que une mecânica, eletrônica e tecnologia da informação para produção de equipamentos e produtos com alta tecnologia.
• Pesquisa e desenvolvimento – Cria e projeta protótipos de máquinas, realiza testes de produtos e determina modificações em futuros equipamentos.
• Processos – Realiza constantes pesquisas no desenvolvimento de produtos e equipamentos para gerenciar todas as etapas de fabricação.
• Robótica – Une conhecimentos da Mecânica e Informática para projetos e criação de robôs para os mais diversos fins, como indústria, medicina, entretenimento, entre outros.
O futuro se constrói agora – Em homenagem aos profissionais da engenharia e geociências, o CREA-SC lançou no dia 20.09 a campanha: O futuro se constrói agora. O objetivo é enfatizar a importância da atuação dos profissionais da área tecnológica para a retomada do crescimento e posicioná-los como agentes do desenvolvimento econômico, qualidade de vida e segurança da sociedade, tanto no meio urbano quanto rural.
“Ressaltar a importância, representatividade e força dos nossos profissionais e profissões são compromissos importantes da nossa gestão, refletidos nesta campanha”, assinala o presidente do CREA-SC, Eng. Agr. Ari Geraldo Neumann.
“Muito se espera do nosso futuro. Que ele seja próspero e traga um novo período de oportunidades. Mas o que determina o futuro são as nossas ações de hoje. Para o CREA-SC, o tão sonhado projeto de um novo país já começou. A sociedade pode contar com a autoridade técnica dos profissionais da engenharia, agronomia e geociências para viver uma nova era de desenvolvimento. Porque se a economia é uma roda, não há ninguém mais capacitado para fazer a engrenagem girar”.
| CIMM | | | | Kuka Roboter e IMI Precision Engineering são algumas das empresas que já confirmaram presença; feira acontecerá em setembro de 2020 junto com congresso da SAE
A AMTS Brasil (Automotive Manufacturing Tecnology & Material Show) tem como objetivo buscar soluções inteligentes em tecnologias, serviços e produtos com a meta de tornar a cadeia automotiva mais produtiva e sustentável. Entre as grandes empresas que o evento deverá reunir estão a Kuka Roboter do Brasil Ltda e a IMI Precision Engineering. Realizada desde 2004 em Xangai, na China, onde é sucesso absoluto, a AMTS ganhou versão brasileira pela Reed Exhibitions Alcantara Machado. O evento acontece de 8 a 10 de setembro de 2020, no Pavilhão 3 do São Paulo Expo.
“Estamos com uma grande expectativa em participar desta primeira edição da AMTS no Brasil, pois sabemos da importância e relevância deste evento internacionalmente. A IMI Precision Engineering é uma das líderes mundiais em automação industrial pneumática, com grande presença nos segmentos de manufatura para a indústria automotiva, foco da AMTS Brasil, e também em outros setores chaves como Rail, Life & Science, Energy, Food & Beverage e Fabricantes de Máquinas em geral. Será uma grande oportunidade para apresentarmos nossos produtos e soluções e também recepcionarmos os nossos clientes e parceiros de negócios”, afirma Rodrigo Portes, diretor comercial da empresa.
Segundo Edouard Mekhalian, diretor-geral da Kuka Roboter do Brasil Ltda, a robótica vem conquistando cada dia mais espaço na indústria automobilística e, segundo ele, a importância da AMTS está em também abordar esse tema estendido para toda a cadeia de fornecedores.
“Muitos países como a China e Índia estão alavancando as suas indústrias de autopeças fortemente, como já ocorreu no passado com esse setor em todos os países desenvolvidos. E, num momento como esse, em que as empresas precisam atender de forma mais competitiva, vai depender cada vez mais de automação, robotização, digitalização e assim precisamos fazer com que o setor de autopeças no Brasil apresente avanços em tecnologias de manufatura que os coloquem em igualdade de condições com a concorrência mundo afora”, afirma.
Primeira fabricante de robôs industriais elétricos do mundo, a Kuka já participa da feira realizada em Xangai. Para Mekhalian, a formatação da feira no Brasil permitirá não apenas a exibição dos produtos, mas também como ele pode ser aplicado em soluções de manufatura, principalmente para o setor de autopeças. “Com isso, o setor de autopeças estará num ambiente bastante interessante para encontrar soluções e planejar seus futuros investimentos”, diz o executivo.
Ainda segundo o executivo, a robótica vem conquistando cada dia mais espaço na indústria automobilística e, segundo ele, a importância da AMTS está em também abordar esse tema. “Muitos países como a China e Índia estão pensando em alavancar as suas indústrias de autopeças. E, num momento como esse, em que as empresas precisam atender melhor, vai depender cada vez mais de automação, robotização e precisamos fazer com que o setor de autopeças no Brasil apresente tecnologias que possam elevar a concorrência com seus pares no mundo”, afirma Mekhalian.
No último dia 17 de outubro, a Reed Exhibitions Alcantara Machado promoveu uma demonstração da feira dentro da Fenatran (Salão Internacional de Transporte Rodoviário de Cargas). Executivos de multinacionais dos setores de automação, medição, corta a laser, logística, rastreabilidade, robótica, sensores, tecnologia de controle de movimentos e fluídos estiveram presentes.
“A recepção da parte de todos foi excelente. O know-how da Reed, que atua há mais de 25 anos organizando as maiores feiras voltadas ao setor automobilístico no Brasil, conta muito para tomadas de decisão. Estamos confiantes de que a AMTS será uma excelente oportunidade para toda cadeia exibir seus serviços, tecnologias e produtos”, afirma Ricardo Barbosa, Gerente de Produto da Reed Exhibitions.
A AMTS
O evento é focado no upgrade de tecnologia de fabricação de automóveis e autopeças, reunindo os principais players do setor, OEMs (original equipment manufacturer) de automóveis, integrantes de sistemas, fornecedores de nível 1 ao 3, P&D de veículos de componentes e instalações de fabricação. A expectativa é a de reunir mais de 80 expositores e cinco mil visitantes qualificados.
Além de ser uma oportunidade única para visitantes estabelecerem networking e conferirem cases, a AMTS Brasil pretende mostrar que é possível um ganho de escala e melhora na produção sem a necessidade de investimentos vultosos.
A feira reunirá empresas ligadas às áreas de automação, inteligência artificial, controle e gerenciamento virtual, IoT (internet das coisas), eletrificação, engenharia e serviços, robótica, integração de tecnologias, software e hardware.
Elas poderão apresentar soluções, tendências e inovações tecnológicas para toda a cadeia, que engloba desde as montadoras, passando pelos grandes fabricantes de autopeças até os de menor porte, formando um ambiente ideal para desenvolvimento de negócios e encontro com fornecedores. Outro diferencial é o de reunir visitantes que vão desde operadores de máquinas que lidam no dia a dia da produção, passando por supervisores, engenheiros e diretores industriais.
A AMTS Brasil tem o apoio da Anfavea, Sindipeças, Anfir e Abimei. A SAE fará a edição 2020 de sua mostra tecnológica e congresso junto com a AMTS Brasil. O espaço de quase 9 mil m2 do Pavilhão 3, onde ocorrerá o evento, será dividido pela Reed e SAE. Além dos painéis e palestrantes da sociedade dos engenheiros, a AMTS Brasil também promoverá debates para discutir as melhores práticas para otimização de processos e plantas industriais, desafios do cotidiano da indústria automobilística e principais tendências do setor no Brasil e na América Latina. A configuração mais enxuta permite que empresas interessadas possam participar com investimentos otimizados.
Congresso e Mostra Internacionais SAE Brasil
A SAE BRASIL e as atividades por ela desenvolvidas são importantes fontes de conhecimento e atualização tecnológica da indústria, focadas em inovações e tendências da mobilidade brasileira e internacional.
Por meio de simpósios, colóquios, cursos e eventos técnicos promovidos anualmente, a associação se tornou um ícone presente e ativo para o mercado, que gera e dissemina conhecimento para os profissionais da mobilidade brasileira. Anualmente ela organiza o Congresso e Mostra Internacionais SAE Brasil de Tecnologia de Mobilidade. Só em 2018 os dois eventos juntos reuniram 12 mil pessoas, que puderam conferir painéis temáticos do setor que reuniram 65 palestrantes, e produtos de 52 empresas do segmento automotivo.
Serviço:
AMTS Brasil 2020
Data: 8 e 10 de setembro de 2020
Horário: das 11h às 19h
Local: São Paulo Expo
Endereço: Rodovia dos Imigrantes, Km 1,5 - Água Funda - São Paulo, SP
Mais informações: https://www.amtsbrasil.com.br
| CIMM | | | | Consultoria fez estudo que projeta expansão do uso de energias alternativas ao diesel em veículos comerciais
Recente estudo The Future of Commercial Vehicles (O Futuro dos Veículos Comerciais) elaborado pelo Boston Consulting Group (BCG) conclui que até 2030 ao menos 30% dos caminhões novos no mundo vão usar eletricidade ou gás como fonte de energia alternativa ao diesel. Considerando veículos elétricos, a bateria ou com células de hidrogênio, e abastecidos com gás natural liquefeito (GNL), pela previsão da consultoria, as vendas desses modelos vão crescer ao ritmo constante de 2% ao ano na próxima década e a maior parte será vendida na China (33% de participação), Europa (31%) e Estados Unidos (25%).
O BCG ouviu mais de uma centena de fabricantes de veículos e seus fornecedores para elaborar o estudo (veja aqui a íntegra). A divisão e o nível de adoção das novas tecnologias de propulsão adotadas dependem da região, tipos e tamanhos de veículos e principalmente sua aplicação, em entregas urbanas com caminhões leves ou rotas de longa distância com extrapesados.
A projeção é que até 2030 pouco mais de 40% dos veículos comerciais leves novos que rodam nas cidades serão elétricos na China e na Europa. Essa taxa cai para 31% nos EUA, onde as distâncias para entregas são mais longas. No ambiente urbano, os pequenos caminhões e furgões rodam por distâncias curtas durante o dia e usualmente ficam parados à noite, quando suas baterias podem ser recarregadas. Por isso modelos 100% elétricos têm maior potencial de penetração para este tipo de aplicação.
O cenário é oposto para a categoria de caminhões pesados acima de 15 toneladas de peso bruto total (PBT) usados em rodas longas. Para esses modelos a eletrificação por baterias é mais complicada por causa do peso excessivo e baixa autonomia. Nesses casos a preferência de propulsão alternativa recai sobre os motores a GNL ou elétricos alimentados por células de hidrogênio, uma usina eletroquímica que transforma o gás e ar em eletricidade, emitindo apenas vapor d’água na atmosfera.
Por sua facilidade de abastecimento, tecnologia dominada e autonomia similar ao diesel, o BCG estima que o GNL será a alternativa preferencial para cavalos mecânicos pesados vendidos nos EUA (13% em 2030 ) e na Europa (8%), mas apenas 7% na China, onde as células de hidrogênio deverão estar bem à frente do metano veicular, sendo a fonte energética escolhida para 20% desses veículos. Na Europa e nos EUA a eletrificação baseada no hidrogênio deverá ser introduzida em 6% e 7% dos pesados, respectivamente.
Veículos comerciais autônomos
O estudo do BCG também faz projeções sobre o mercado de veículos comerciais autônomos na próxima década. Segundo a consultoria, em média, 10% dos automóveis comerciais vendidos na China, Estados Unidos e Europa serão autônomos. Destes, a maior parte será de caminhões médios e pesados, que corresponderão a cerca de 20% do total das vendas dessa categoria nos três mercados.
O BCG destaca que dois fatores favorecem a maior presença de veículos pesados autônomos: a condução na estrada a maior parte do tempo e a redução maior do custo total de operação, devido à economia de combustível e esperada diminuição de acidentes.
| CIMM (publicado em 17-11-2019) | | | | Aquisição amplia competitividade da fabricante de freios pertencente à Randon
A divisão Master Sistemas Automotivos, pertencente às Empresas Randon, adquiriu a Ferrari Indústria Metalúrgica, de Flores da Cunha (RS). O valor da transação foi de R$ 14 milhões. O negócio foi formalizado a partir da assinatura de um contrato para compra integral das ações da empresa. A conclusão da operação deve ocorrer no primeiro trimestre de 2020.
Com a compra, a Master amplia sua competitividade ao adicionar itens fundidos em alumínio sob pressão ao seu portfólio. “Com essa aquisição estamos promovendo a integração da cadeia produtiva e avançando na estratégia de crescimento da Master, potencializando também a atuação no mercado externo”, afirma o COO da divisão de autopeças das Empresas Randon, Sergio Carvalho. O executivo recorda que a operação faz parte do ciclo de expansão das Empresas Randon.
A Ferrari foi fundada em 1987 e iniciou suas atividades realizando fundição por gravidade. Dez anos depois inaugurou uma linha de injeção e se especializou na fundição sob pressão de alumínio. A Master produz freios para caminhões, ônibus, reboques e semirreboques. Surgiu em 1986 a partir de uma joint venture entre a Randon e a Meritor.
| CIMM (publicado em 17-11-2019) | | | |
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