Montadoras poderão ajudar na vacinação contra coronavírus

Ambulatório montado na Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo para atender funcionários durante a pandemia: vacinação no horizonte

Por PEDRO KUTNEY, AB
  • 08/12/2020 - 17:00
  • | Atualizado há 2 anos, 9 meses
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    Baseados a experiência que acumularam nos últimos meses no enfrentamento à pandemia de coronavírus e diante dos anúncio do início de aplicações das primeiras vacinas contra a Covid-19, os fabricantes de veículos estudam agora como poderão ajudar e participar nos programas de vacinação que deverão ser lançados pelo governo, provavelmente ao longo de 2021 e 2022. Presidente da Anfavea, associação que reúne as montadoras no País, Luiz Carlo Moraes confirma que há interesse das empresas do setor tanto para oferecer o imunizante aos funcionários como dar apoio às entidades públicas que tratam do tema.

    “Ainda não sabemos como será o plano do governo nem quais vacinas serão autorizadas, mas estudamos como podemos ajudar para acelerar o processo. Podemos trazer a vacinação para dentro das fábricas, como já fazemos com a vacina da gripe, ou mesmo oferecer algum suporte com veículos de distribuição, por exemplo”, diz Luiz Carlos Moraes.



    CAMPANHA CONTRA ELEVAÇÃO DE CONTÁGIOS DE COVID-19



    Enquanto a vacinação não chega e com a nova alta do nível de contaminações e mortes por Covid-19 nos últimos dois meses, a Anfavea anunciou que vai patrocinar uma nova campanha de conscientização contra a doença entre seus associados, para reforçar que a pandemia está ativa e segue forte no País, o terceiro no mundo em número de casos. “Esse é um risco que não pode ser subestimado”, alerta Moraes.

    O objetivo da campanha, informa o dirigente, é preservar a saúde das pessoas e evitar que tenham de ser feitas novas paralisações de linhas de produção, o que pode prejudicar resultados e desencadear demissões. Apesar dos rigorosos protocolos adotados pelas fábricas, nos últimos meses vem crescendo o número de contágios em montadoras e fornecedores – um deles teve até problemas para cumprir prazos de entregas por falta de funcionários que foram contaminados. “Houve um relaxamento da prevenção por parte das pessoas, que voltaram a se reunir em aglomerações e estão transmitindo a doença para dentro do ambiente de trabalho”, alerta Moraes.

    EXPERIÊNCIA CONTRA A PANDEMIA



    Todos os fabricantes de veículos e os maiores fornecedores do setor já ganharam alguma prática no enfrentamento da crise sanitária que abalou o País a partir de março passado. No auge do contágio e mortes causadas pela Covid-19, as empresas e seus funcionários se envolveram em programas de reparo e produção de respiradores, produziram e distribuíram máscaras, participaram da construção de hospitais de campanha, emprestaram carros a serviços de saúde, arrecadaram donativos e fizeram doações. Na volta ao trabalho, foram adotados protocolos que até agora garantiram baixos níveis de disseminação do coronavírus. “Podemos usar essa experiência para ajudar na vacinação”, sugere Moraes.

    Como as grandes empresas do setor têm milhares de funcionários em cada fábrica, a maioria também possui rede de saúde própria com ambulatórios, médicos e enfermeiros com experiência em campanhas internas de vacinação, que poderão aplicar as vacinas contra a Covid-19 quando isso for possível. Exemplo disso já ocorreu entre 2009 e 2010, época em que a gripe causada pelo vírus H1N1 chegou ao País e muitas montadoras compraram o imunizante para aplicação nos empregados.

    Na época, o surto e a doença eram bem menos graves do que o novo coronavírus, mas foi mais barato imunizar os colaboradores do que enfrentar o absenteísmo e possível queda da produção que uma epidemia provocaria. Por enquanto, ao que tudo indica, as vacinas contra a Covid-19 serão 100% direcionadas a programas públicos de imunização. Após o início dessas campanhas, é certo que muitas empresas vão querer vacinar sua força de trabalho.