Por Daniel Silveira, G1 — Rio de Janeiro


Enquanto o Banco Central aumentou de 0,8% para 0,9% sua previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) manteve em 0,8% sua estimativa de alta para a economia do país. Ambas projeções foram divulgadas na manhã desta quinta-feira (26).

O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos no país, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.

O crescimento previsto pelo Ipea está ancorado na expectativa de efeitos da liberação de saques do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) no consumo das famílias e de um ciclo de redução de juros.

Isso porque, ao analisar a conjuntura econômica do país, os economistas do órgão avaliaram os efeitos negativos advindos do cenário econômico externo, que tendem a pressionar para baixo a economia brasileira.

Do cenário externo, o Ipea destacou as incertezas econômicas e geopolíticas advindas do desfecho do Brexit, da escalada da guerra comercial entre China e Estados Unidos e pelo aprofundamento da crise argentina, além da crise no mercado internacional de petróleo provocada pelo ataque ocorrido na Arábia Saudita.

A crise da Argentina, ressaltou o Ipea, tem efeito direto nos resultados da indústria brasileira, devido às exportações de manufaturados.

A despeito da volatilidade e incertezas do cenário externo, o Ipea considerou que “haverá efeitos positivos advindos principalmente da política de saque do FGTS”. Todavia, reforçou as “evidências de que a recuperação da economia ainda está lenta”.

Na última previsão do Ipea, divulgada em junho, o órgão havia reduzido de 2% para 0,8% a previsão de crescimento da economia no ano. A queda de 1,2 pontos percentuais, disseram os economistas do órgão, se deveu ao desempenho frustrante dos indicadores ao longo do segundo trimestre do ano.

O Ipea ainda apoia sua previsão de retomada da economia brasileira à aprovação da Reforma da Previdência e outras reformas estruturantes. No entanto, enfatizou que “os ganhos da reforma devem se materializar apenas gradualmente, de modo que os dilemas fiscais de curto prazo ainda são desafiadores”.

Para o terceiro trimestre do ano, o Ipea prevê crescimento de 0,7% do PIB na comparação com igual trimestre do ano passado.

Indústria e consumo do governo em queda

A previsão do Ipea considera que, dentre os componentes do PIB, apenas indústria e consumo do governo devem fechar o ano no campo negativo.

Para o instituto, pelo lado da demanda, a economia terá crescimento liderado pelo consumo doméstico. “O consumo das famílias deverá crescer 1,5% apoiado pelos efeitos decorrentes da nova política de saques do FGTS e pela continuidade da reversão do choque no preço de alimentos”, enfatizou.

Pelo lado da oferta, o Ipea destacou que “não houve mudança significativa nas previsões para o PIB dos setores industrial e de serviços”.

A previsão do Ipea para o fechamento do PIB no ano, por componentes, é de:

  • Indústria: -0,2%
  • Serviços: 1,2%
  • Agropecuária: 0,9%
  • Consumo das famílias: 1,5%
  • Consumo do governo: -0,3%
  • Formação Bruta de Capital Fixo: 2,3%
  • Exportações de bens e serviços: 0,6%
  • Importações de bens e serviços: 2,9%

Juros e inflação mais baixos

Na previsão de junho, o Ipea considerava também que “havia razoável grau de incerteza em relação à trajetória da política monetária”. Na atual, considerou “uma trajetória gradual de redução da taxa de juros, com, pelo menos, mais uma redução de 0.5 p.p. na Selic”. O órgão estima que a taxa básica de juros deve ficar em 4,75% ao ano até o fim de 2019, e em 5% em 2020.

Já para a inflação, o Ipea estima que ela encerrará o ano com um acumulado de 3,55%, abaixo da meta central do governo, que é de 4,25%. Para 2020, o instituto prevê que ela fique em 3,90%.

Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!

Mais lidas

Mais do G1

Sugerida para você