Mercado de caminhões vai crescer, índice de nacionalização não

Montadoras esperam aumentar volume de compras, mas é baixa a expectativa de localização de itens

Por MAURO CASSANE, PARA AB
  • 27/05/2019 - 15:15
  • | Atualizado há 2 anos, 9 meses
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    Os departamentos de compras das montadoras de caminhões têm uma certeza em comum: todos vão comprar mais componentes e insumos este ano. Esta foi a conclusão do painel "Do que é feito um veículo pesado: as compras das montadoras e sistemistas”. O debate ocorreu durante o Automotive Business Experience, ABX19, evento realizado segunda-feira, 27, no São Paulo Expo.

    Participaram Carlo Martorano, diretor de compras da CNH Industrial; José Azevedo Júnior, vice-presidente de compras da Scania Latin America; Nelson De Luca, diretor de Supply Chain da ZF; e Silvia Simon, gerente sênior de compras da Mercedes-Benz.

    Martorano considera que este ano o crescimento do orçamento de compras será de 10% na comparação com o ano passado. Azevedo, da Scania, também espera maior volume de produção, mas por causa do aumento das exportações. “No mercado interno possivelmente vamos ficar nos mesmos números do ano passado.” Já Silvia Simon, da Mercedes-Benz, espera que o volume de compras este ano seja cerca de 25% acima do registrado no ano passado.

    “O mercado interno está em expansão e os mercados de exportação também”, diz Silvia.



    De acordo com a executiva, o conteúdo de itens importados da Mercedes gira em torno de 35%.

    Para De Luca, da ZF, “com mais confiança na economia nacional, certamente o índice de nacionalização das empresas se elevará nos próximos anos”. O executivo diz que o desafio é "ter base local fortalecida, o que favorece a viabilidade econômica”.

    Martorano, da CNH Industrial, concorda com De Luca, da ZF: “Precisamos de volume para nacionalizar itens, só contar com o mercado interno não viabiliza o negócio. Por isso temos o grande desafio de exportar tendo como base nossa produção local."

    PREPARAÇÃO PARA O EURO 6


    Instigados a opinar sobre o Rota 2030 e as novas resoluções de emissões previstas para entrar em vigor a partir de 2022, Azevedo foi categórico: “É preciso regulamentação do Rota para termos clareza de como vamos agir.” Azevedo acrescentou que a Scania já fabrica em sua planta em São Bernardo do Campo, SP, motores Euro 6. “Não teremos dificuldade para nos adequarmos às novas regras de emissão.”

    A gerente de compras da Mercedes-Benz disse que o Rota 2030 "trará oportunidades futuras para a nacionalização de novas tecnologias e que a Resolução P8 (semelhante ao Euro 6) será positiva e oportuna para os fornecedores instalados no Brasil”.

    De acordo com Martorano, o desafio para a introdução dos veículos Euro 6 será o mesmo que as montadoras tiveram de encarar quando prepararam os veículos para o Euro 5.

    “É preciso lembrar que haverá um custo adicional elevado e entendemos que até agora as montadoras não conseguiram sequer posicionar os preços dos veículos Euro 5", diz o executivo da CNH Industrial.



    De Luca afirmou que tanto local como globalmente a ZF oferece tecnologias que podem atender as regras Euro 6, bem como normas futuras ainda mais rígidas. Aproveitou para destacar que a nova caixa automatizada TraXon, cuja produção será na planta de Sorocaba, SP, começará a ser comercializada no Brasil no início do ano que vem.