Bancos de montadoras esperam por queda no volume de negócios nos próximos meses

Resultados do primeiro trimestre não refletem o cenário econômico atual

Por REDAÇÃO AB
  • 07/05/2020 - 19:36
  • | Atualizado há 2 anos, 9 meses
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    O crescimento de 13% do total de crédito liberado para o financiamento de veículos no primeiro trimestre, que chegou a R$ 38,5 bilhões, não reflete o cenário econômico atual, fortemente impactado pela crise causada pela pandemia de coronavírus. Em seu balanço divulgado na quinta-feira, 7, a Anef, associação dos bancos de montadoras, indica que essa tendência de alta será revertida nos próximos meses, quando já espera pela desaceleração dos negócios.


    As projeções da entidade indicam quedas abruptas no trimestre atual ao contrário da tendência de aumentos contínuos observados desde 2017 no setor.

    “Os números do primeiro trimestre, infelizmente, não representam a nova realidade pela qual o segmento e a economia como um todo está passando. Mesmo já vendo a diminuição do consumo devido à quarentena, março ainda contou com 20 dias de operações normais, que acompanharam a tendência de alta do mercado de veículos, registrada anteriormente à crise”, comenta o presidente da Anef, Paulo Noman.



    Segundo dados da entidade, os números de março já apontavam para o movimento de retração: com mais de 50%, em média, de representatividade nas modalidades de pagamento, o CDC apresentou queda de 2,4%, fechando o mês com R$ 11,8 bilhões em recursos liberados. O leasing, que tem acumulado perdas na representatividade nos últimos anos, registrou recuo de 31,2% no trimestre, com R$ 305 milhões em recursos.

    Historicamente, o pagamento à vista tem mantido níveis estáveis, representando nos últimos quatro anos cerca de 45% das vendas de veículos e comerciais leves no Brasil. Já para caminhões e ônibus, a média tem girado na casa dos 10% e, no caso das motocicletas, em torno de 30%.

    Segundo o presidente da Anef, a perspectiva é que esses porcentuais de pagamentos à vista diminuam também no médio e longo prazo.

    “Seja pela perda de renda ou insegurança com relação à estabilidade econômica, o consumidor provavelmente não terá a intenção de descapitalizar os recursos para a compra de um automóvel ou veículo de uma só vez. Por isso, a procura por financiamentos e prazos mais longos deve aumentar”, completa.

    A média dos prazos dos planos de financiamento já sugerem uma confirmação dessa previsão: a média subiu de 43,5 meses em março de 2019 para 45,1 no mesmo mês deste ano.