Funcionários da Casa da Moeda fazem nova paralisação por salário

Trabalhadores dizem não receber salários desde dezembro

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Rio de Janeiro

Cerca de 1.900 funcionários da Casa da Moeda fazem, nesta segunda-feira (3), uma paralisação de 24 horas. É um novo protesto de trabalhadores que tem origem na negociação do acordo salarial de 2019.

Funcionários afirmam estar desde dezembro sem receber salário devido a mudanças no calendário de pagamento. Dizem também trabalhar desde 1º de janeiro sem seguro de vida, pedem o retorno do vale-alimentação e queixam-se que o desconto para plano de saúde passou de 10% para 50%.

Segundo o sindicato, o movimento teve adesão total no primeiro turno de fábrica, que opera de meia-noite às 8h. No segundo turno, que é das 8h às 16h, a adesão teria sido praticamente total. A expectativa é que se repita das 16h à meia-noite, período de funcionamento do terceiro turno. A partir daí, os trabalhadores entrarão em estado de greve.

Linha de produção de passaportes na Casa da Moeda - Ricardo Borges - 24.jul.17/Folhapress

Segundo a diretoria da estatal, como a greve aprovada em assembleia na quinta-feira (30) foi de apenas um dia, "a empresa não pretende adotar medidas legais para impedir o movimento, desde que ocorra dentro dos limites previstos na Lei de Greve”.

Casa da Moeda e funcionários vivem impasse relacionado à renovação do acordo coletivo de 2019, processo que chegou a ser mediado sem sucesso pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho). No início deste, a empresa anunciou o corte de benefícios enquanto o dissídio não é julgado pelo tribunal.

O sindicato diz que os cortes representam perda salarial média de R$ 2.500 e que parte dos funcionários virá com contracheque zerado no fim do mês. Eles rejeitaram proposta de acordo provisório com vigência até o julgamento.

A tensão entre sindicato e diretoria se estende há semanas. No dia 10 de janeiro, uma sexta-feira, funcionários da Casa da Moeda pararam as atividades no meio da tarde e invadiram a área administrativa do parque industrial. Sob vaias, o presidente da estatal, Eduardo Zimmmer, foi escoltado por seguranças para deixar o edifício.

Na segunda (13), novos protestos foram realizados, levando a direção a despachar no Museu da Casa da Moeda, no centro do Rio, a cerca de 70 quilômetros de distância da fábrica. Há relatos de brigas entre funcionários de posições políticas divergentes durante os dias de maior tensão.

Na quinta (16), a empresa retomou as atividades. As paralisações não chegaram a afetar a entrega de passaportes, segundo a Polícia Federal. O Banco Central disse que mantém estoque de segurança de cédulas e moedas.

A Casa da Moeda está no programa de desestatização do governo Bolsonaro e vem passando por um processo de mudanças desde 2017, o primeiro de uma série de três anos de prejuízo --causado, naquele ano, pela perda de R$ 1,4 bilhão em receita com o fim dos selos de controle e bebidas alcoólicas.

Escalado pelo ministro Paulo Guedes (Economia) para a tarefa de arrumar a Casa da Moeda, Zimmer substituiu os integrantes do comitê de elegibilidade da empresa para aprovar a nomeação do amigo Saudir Luiz Filliberti para cargo de diretor, após rejeição por "ausência do preenchimento de requisitos" para os cargos.

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