Vendas em março apontam crescimento, diz Anfavea

Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea: resultados em linha com as expectativas

Por PEDRO KUTNEY, AB
  • 06/03/2020 - 20:00
  • | Atualizado há 2 anos, 9 meses
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    As vendas 394,5 mil veículos no primeiro bimestre do ano registraram leve retração de 1% na comparação com o mesmo período de 2019. Mas o resultado ainda não preocupa a associação dos fabricantes, a Anfavea, que segue sustentando sua projeção de alta de 9,4% para pouco mais de 3 milhões de unidades vendidas em 2020. Segundo o presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes, é normal certa retração nos primeiros meses do ano, especialmente por causa da redução dos emplacamentos durante o feriado de carnaval.



    Moraes aponta que, apesar de mais curto, o mês passado foi o melhor fevereiro desde 2014, com 201 mil unidades emplacadas, o que representa alta de 1,2% ante o mesmo mês de 2019 e crescimento de 3,9% sobre janeiro (quando houve represamento de emplacamentos por causa da adoção da nova placa do Mercosul). Ele destaca ainda que a média diária de vendas pouco acima de 11 mil unidades por dia útil é 12% maior do que a observada em fevereiro do ano passado. Assim o presidente da Anfavea sustenta que o resultado confirma a tendência de elevação das vendas de veículos no País que vem sendo registrada ano a ano desde 2017.

    “Só não passamos das 400 mil unidades vendidas no primeiro bimestre por causa do carnaval em fevereiro, o que é normal acontecer nesta época do ano. Não houve surpresas. Os números estão em linha com nossas projeções para o ano”, afirma Luiz Carlos Moraes.



    Para comprovar a tese, a Anfavea divulgou que nos primeiros cinco dias de março foram emplacados 42.470 veículos, número que já é 18,8% superior ao da primeira semana de fevereiro. Somando o resultado do bimestre com estes primeiros cinco dias deste mês, os 406,7 mil emplacamentos representam crescimento de 7,4% na comparação com o mesmo intervalo de 2019.

    “Essa comparação é mais justa, pois inclui na conta o carnaval dos dois anos, que foi no início de março em 2019 e no fim de fevereiro este ano”, explica Moraes.



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    ANOMALIA NOS JUROS PODE PREJUDICAR VENDAS



    Moraes aproveitou a divulgação dos resultados da indústria no primeiro bimestre para apontar uma anomalia que poderá prejudicar as vendas de veículos nos próximos meses. Apesar da baixa acentuada na taxa básica de juros brasileira (Selic) – hoje estabelecida em 4,25% ao ano e com previsão de corte para baixo de 4% em 2020 –, os juros aplicados ao crédito direto ao consumidor (CDC) para compra de veículos voltaram a subir.

    “Isso é inexplicável. Enquanto a Selic está nos níveis mais baixos da história, a taxa do CDC que estava recuando a 19% ao ano voltou a subir no primeiro bimestre e está perto de voltar a ficar acima de 20%”, apontou Moraes. “É claro que existe algo de errado nisso”, afirma.

    SUGESTÃO DE IOF MENOR



    No encontro que teve esta semana com o ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente da Anfavea disse que sugeriu uma revisão do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) aplicadas no financiamento de bens de consumo. “Como não é um imposto arrecadatório, mas regulador de mercado, é melhor reduzir o IOF para baixar o custo do financiamento e a perda de arrecadação poderia ser compensada com o aumento das vendas e recolhimento de outros impostos”, explica Moraes.

    A Anfavea apresentou uma conta para expor quanto o IOF encarece o valor final da compra de um veículo. No financiamento de um carro de R$ 65 mil com 20% de entrada e 48 parcelas, os R$ 52 mil financiados à taxa de 1,51% ao mês vão se transformar em R$ 79.243 até o fim do pagamento do empréstimo, mas deste total o cliente paga R$ 1.760 só de IOF, hoje fixado em 0,38% do valor da operação. É mais do que uma das 48 parcelas de R$ 1.651 do hipotético financiamento.