Transformação digital exige capacitação de talentos

Montadoras sentem dificuldade para encontrar pessoas com conhecimento técnico e das plataformas digitais

Por EDILEUZA SOARES, PARA AB
  • 28/05/2019 - 17:31
  • | Atualizado há 2 anos, 8 meses
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    A transformação digital e as mudanças pelas quais o setor automotivo está passando exigem capacitação. A dificuldade para achar essa mão de obra qualificada foi um dos temas abordados por representantes da indústria durante o Automotive Business Experience, ABX19,, realizado segunda-feira, 27, no São Paulo Expo.

    “Antes buscávamos especialistas e hoje procuramos pessoas que entendam não apenas de produtos”, disse Emílio Paganoni, gerente sênior de treinamento da BMW.



    Ele foi um dos participantes do painel “Do analógico para o digital: a mudança do modelo de negócio do setor automotivo”, mediado por Márcio Kauffmann, sócio-diretor da consultoria EY.

    Segundo Paganoni, existe uma carência por profissionais que tenham bagagem técnica e que também conheçam as plataformas de serviços e os negócios realizados pela montadora. Luciano Driemeier, gerente de estratégia de produto da Ford, acrescentou que o engenheiro sempre pensou em produto para dentro da fábrica. “Agora o desafio é como ele olha para fora da indústria”, afirma ele, uma vez que o consumidor está mais participativo e dizendo o que quer.

    Os executivos constatam que alguns dos profissionais que precisam estão trabalhando em empresas de tecnologia como o Google. Mas que as montadoras precisam saber como atrair esses talentos da era digital, pois eles podem se sentir estimulados a participar de uma indústria que está passando por uma grande revolução.

    Além do desafio para ter talentos para ajudar no seu processo de transformação digital, executivos do setor automotivo apontaram as barreiras que enfrentam para resolver problemas do dia a dia da operação e inovar na mesma velocidade que os negócios estão pedindo.

    Fábio Rabelo, líder de digitalização e novos modelos de negócios da Volkswagen, disse que leva vantagem por ter liberdade para criar produtos digitais no Brasil pensando no cliente local.

    “Sabemos que o consumidor da América Latina é diferente dos da Europa, Estados Unidos e Ásia”, afirma Rabelo.



    Por ter essa flexibilidade, Rabelo diz que a VW tem avançado na transformação digital. Ele cita como exemplo a criação do selo digital, que substitui o método tradicional das revisões e o livro de bordo baseado em inteligência artificial, que ajuda os motoristas a esclarecerem dúvidas sem que precisem buscar informações em manuais impressos. “São inovações que podemos fazer localmente”, afirmou. Ele sabe que se não agir rápido, seu concorrente sairá na frente.