FCA reduz dividendo a sócios antes da fusão com PSA na Stellantis

Pagamento previsto de € 5,5 bilhões era criticado na Itália e foi cortado a € 2,9 bilhões

Por REDAÇÃO AB
  • 15/09/2020 - 17:11
  • | Atualizado há 2 anos, 9 meses
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    Para viabilizar a fusão entre os grupos FCA e PSA na Stellantis, anunciada no fim de 2019 e marcada para ser concluída no primeiro trimestre de 2021, as empresas informaram que fizeram alguns ajustes financeiros em seu acordo de associação em partes iguais. A principal alteração foi um substancial corte nos dividendos previstos para serem pagos aos acionistas da FCA antes da fusão, que foram reduzidos de € 5,5 bilhões para € 2,9 bilhões.

    Com a alteração, a Stellantis terá € 2,6 bilhões adicionais em seu balanço inicial. Segundo comunicado conjunto, as modificações no acordo de união foram feitas “para fortalecer a estrutura de capital da Stellantis na sua abertura” e “preservar o valor econômico” da nova empresa, levando em conta o impacto de liquidez causado pela pandemia de Covid-19 na indústria automotiva.

    O pagamento de dividendos programado para fechamento do negócio aos controladores da FCA, especialmente à família Agnelli na holding Exor, vinha sofrendo críticas na Itália, onde o governo ameaçava retirar sua garantia a uma linha de crédito emergencial de € 6,3 bilhões para cobrir o rombo aberto no caixa da companhia.

    Outra alteração financeira feita no acordo de fusão é sobre a participação de 46% do Groupe PSA na Faurecia (fabricante de componentes de chassi e interiores do grupo francês), que será distribuída meio-a-meio a todos os acionistas da Stellantis imediatamente após o fechamento do negócio. Com isso, considerando a associação em partes iguais dos dois grupos, os acionistas da FCA e PSA receberão cada o equivalente a 23% do capital da Faurecia, que em 14 de setembro tinha valor cotado em bolsa de € 5,87 bilhões.

    Adicionalmente, também foi negociado que os conselhos dos grupos PSA e FCA vão considerar a aprovação da distribuição potencial de € 500 milhões aos acionistas de cada empresa antes do fechamento da fusão. Alternativamente, € 1 bilhão poderão ser pagos a todos os acionistas da Stellantis após concluída a fusão. Segundo as duas empresas, essa decisão será tomada levando em consideração o desempenho de ambas as corporações e as condições de mercado.

    SINERGIAS POTENCIAIS ELEVADAS A € 5 BILHÕES



    Os futuros sócios informaram ainda que as equipes que trabalham na modelagem da fusão reavaliaram para cima as sinergias potenciais da nova empresa, com ganhos acima dos inicialmente previstos. A estimativa é que o aumento de escala de produção – a fusão cria o quarto maior fabricante de veículos do mundo em volume de unidades – e eliminação de custos cruzados serão capazes de garantir economias estimadas em € 5 bilhões por ano, contra a estimativa inicial de € 3,7 bilhões. Contudo, para alcançar essas sinergias, também haverá um custo não recorrente maior, que aumentou de € 2,8 bilhões para cerca de € 4 bilhões.

    Carlos Tavares, presidente do Groupe PSA e já indicado futuro CEO da Stellantis, comemorou os ajustes do acordo que garantem a continuação do processo de fusão conforme estava previsto: “Com este novo marco decisivo, caminhamos todos juntos rumo ao nosso objetivo nas melhores condições possíveis e com perspectivas ainda melhores para a Stellantis. Gostaria de aproveitar esta oportunidade para agradecer calorosamente às equipes que têm conseguido construir relacionamentos de confiança mútua, inclusive durante o período de confinamento devido à Covid-19. O fator humano está no centro da dinâmica de tal projeto, assim como o apoio dos nossos acionistas que, mais uma vez, demonstram seu compromisso para a criação da Stellantis”, destacou.

    PSA e FCA informaram que todas as alterações no acordo de fusão foram “aprovadas por unanimidade pelos conselhos de ambas as empresas com o forte apoio de seus principais acionistas”, incluindo a Exor, o grupo da família Peugeot (EPF/FFP), da Bpifrance e da chinesa Dongfeng Motor Group (DFG). Permanece inalterado o prazo para o fechamento do negócio e início de operações da Stellantis, marcado para o fim do primeiro trimestre de 2021.