Por Alexandro Martello, G1 — Brasília


O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), responsável por fixar os juros básicos da economia estimou que o Produto Interno Bruto (PIB) deve ter apresentado crescimento no terceiro trimestre e que, nos próximos meses, deve registrar "alguma aceleração", reforçada pela liberação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

Na semana passada, o Copom decidiu reduzir de 5,5% para 5% ao ano a taxa básica de juros da economia, a Selic (veja no vídeo abaixo). Com a decisão, a Selic chegou ao menor percentual desde 1999, quando começou o regime de metas para a inflação.

Sobre a inflação, o Banco Central avaliou que as projeções de inflação, e suas medidas subjacentes (que procuram captar a tendência dos preços), estão em "níveis confortáveis", dentro do regime de metas.

"As estimativas e projeções de curto prazo indicam que a inflação acumulada em 12 meses ainda deve ter recuado em outubro, para níveis ao redor das mínimas observadas durante o regime de metas para a inflação, voltando a se elevar ao longo dos últimos meses do ano", acrescentou.

O Copom avaliou que essa trajetória de curto prazo reflete uma inflação abaixo do esperado pelo colegiado em setembro e revisão, também para baixo, da projeção referente ao mês de outubro.

Copom reduz taxa básica de juros de 5,5% para 5% ao ano

Copom reduz taxa básica de juros de 5,5% para 5% ao ano

Definição da taxa de juros

A principal missão do Banco Central é controlar a inflação, tendo por base o sistema de metas. Para este ano, a meta central de inflação é de 4,25%, podendo oscilar de 2,75% a 5,75%. Para 2020, o objetivo central é de 4% (com oscilação de 2,5% a 5,5%).

Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o BC reduz os juros. Quando estão acima da trajetória esperada, a taxa Selic é elevada.

Para definir a taxa básica de juros, o BC já está de olho nas previsões de inflação do ano que vem. Isso porque as decisões levam meses para ter impacto pleno na economia. Para este ano, a previsão do mercado é que a inflação fique em 3,29% e, em 2020, em 3,6%.

Já as projeções do Banco Central, no cenário com juros e câmbio estimados pelo mercado financeiro, são de que a inflação ficará em torno de 3,4% para este ano, de 3,6% para 2020 e de 3,5% em 2021 - em linha com as metas de inflação.

Com base no cenário projetado para a inflação, o Copom já indicou que pretende realizar um novo corte de juros, em dezembro, para 4,5% ao ano. Para as decisões de 2020, o BC informou que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela em eventuais novos ajustes no grau de estímulo.

"O Copom reitera que a comunicação dessa avaliação não restringe suas próximas decisões e enfatiza que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação", informou.

O mercado financeiro estima que o Banco Central reduzirá novamente os juros em fevereiro, para 4,25% ao ano, e que a taxa permanecerá neste patamar até setembro do ano que vem, quando avançaria para 4,5% ao ano – nível em que fecharia 2020.

Reformas econômicas

O Comitê reiterou ainda a visão de que a "continuidade do processo de reformas e a perseverança nos ajustes necessários na economia brasileira são essenciais para permitir a consolidação da queda da taxa de juros estrutural, para o funcionamento pleno da política monetária e para a recuperação sustentável da economia". "O Comitê ressalta ainda que a percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes", acrescentou.

Em contexto de espaço fiscal limitado [para gastos públicos], os integrantes do Copom enfatizaram a relevância da aprovação da Reforma da Previdência pelo Congresso Nacional, mas reforçaram a importância da continuidade do processo de reformas e ajustes que gerem sustentabilidade da trajetória fiscal (contas públicas).

"Ao reduzirem incertezas fundamentais sobre a economia brasileira, essas reformas tendem a trabalhar no mesmo sentido da política monetária e, portanto, estimular o investimento privado. Esse potencial efeito expansionista deve contrabalançar impactos de ajustes fiscais correntes sobre a atividade econômica, além de mitigar os riscos de episódios de forte elevação de prêmios de risco", avaliou o Copom.

O BC avaliou que uma aceleração do ritmo de retomada da economia para patamares mais robustos também dependerá de outras iniciativas e reformas microeconômicas que visam ao aumento de produtividade, ganhos de eficiência, maior flexibilidade da economia e melhoria do ambiente de negócios.

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