Fenabrave culpa placa Mercosul por queda de emplacamentos

Assumpção Jr., presidente da Fenabrave: aposta no crédito para vender mais veículos em 2020

Por PEDRO KUTNEY, AB
  • 04/02/2020 - 18:11
  • | Atualizado há 2 anos, 9 meses
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    A Fenabrave confirmou na terça-feira, 4, a queda de 3,4% nos licenciamentos de veículos leves zero-quilômetro em janeiro, na comparação com o mesmo mês do ano passado, conforme já divulgado por fontes extraoficiais na segunda-feira. Os 184.125 automóveis e utilitários emplacados no primeiro mês do ano representaram o menor volume em 23 meses. Segundo a entidade que reúne os concessionários, não houve retração das vendas, mas sim queda de emplacamentos, causada pelo atraso nos procedimentos de lacração da nova placa do Mercosul.



    Pelas estimativas da Fenabrave, o problema do atraso com a nova placa paralisou os emplacamentos na última semana de janeiro e reduziu o número de lacrações em cerca de 9 mil unidades – que ficaram represadas e devem se somar aos licenciamentos de fevereiro. Se esses carros que deixaram de ser emplacados fossem somados ao total do mês, o resultado seria de crescimento em torno de 1% sobre o ano passado.

    Na comparação com mês anterior a queda das vendas foi mais pronunciada, de 27%. Apesar de janeiro ter um dia útil a mais, o volume de vendas em dezembro é sempre maior, por ser um dos meses mais aquecidos do ano. Mas o problema da redução de emplacamentos aumentou essa diferença.

    “Acreditamos que em janeiro tivemos um problema pontual, que não deve prejudicar o resultado do resto do ano. Continuamos confiantes que 2020 será melhor do que 2019”, avalia Alarico Assumpção Jr., presidente da Fenabrave.





    APOSTA NO CRÉDITO



    Os dirigentes da Fenabrave apostam todas as suas fichas na maior disponibilidade de crédito para aquecer as vendas este ano. “Juros e inadimplência estão muito baixos e com isso os bancos estão mais dispostos a financiar. Em anos recentes, de cada dez pedidos de financiamentos de carros, só três eram aprovados, hoje essa proporção já é de dez para sete, porque houve um aumento da qualidade do cadastro de quem quer financiar”, explica Assumpção Jr.

    Ele reconhece que o desemprego ainda está muito elevado (em torno de 11% com 12 milhões de desempregados), mas considera que a retomada de geração de empregos que vem acontecendo desde o ano passado, ainda que lenta, já coloca de volta ao mercado número expressivo de consumidores, perto de 1 milhão de pessoas nos cálculos da entidade, que na opinião dele podem voltar a tomar crédito.

    Apesar do elevado número de desempregados e subempregados no País, existe também bom volume de consumidores de maior poder aquisitivo que estão sustentando o crescimento do mercado nos últimos anos – e não têm problemas para aprovar crédito. Prova disso é que, segundo números da Fenabrave, no início da última década os carros de entrada, mais baratos, que custavam em torno de R$ 30 mil representavam 85% das vendas, hoje esse mesmo veículo aumentou para R$ 60 mil e corresponde a apenas 12% do mercado. Daí o “aumento da qualidade do cadastro” citado por Assumpção.

    Com a expectativa de que a maior concessão de crédito e a redução do desemprego levem ao aumento das vendas de varejo (nas concessionárias), Assumpção Jr. avalia que o porcentual de vendas diretas deve recuar em 2020, depois de terminar 2019 com recorde de 45% do total. Em janeiro esse índice já baixou para 38,6%, como é comum nesta época do ano, mas ainda assim está mais alto do que o registrado em janeiro de 2019, quando o faturamento direto de veículos das montadoras ao consumidor final representou 36% dos negócios.

    O estoque de veículos nas concessionárias somou 200 mil unidades em janeiro, volume pouco menor que as 207 mil unidades de dezembro.



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