Por G1


Nota de US$ 5 dólares — Foto: REUTERS/Thomas White

O dólar fechou em queda nesta quinta-feira (28), após ter chegado a alcançar R$ 4 no início da sessão. Os investidores continuam de olho nas tensões políticas entre Executivo e Legislativo, e nas negociações para a reforma da Previdência.

A moeda norte-americana caiu 1,01%, a R$ 3,9148. Veja mais cotações. Logo na abertura da sessão, chegou a R$ 4,0156, cotação máxima do dia. Na mínima, caiu a R$ 3,9024.

Já o dólar turismo era vendido perto de R$ 4,08, sem considerar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Durante o dia, chegou a ser vendido acima de R$ 4,15.

Variação do dólar em 2019
Diferença entre o dólar turismo e o comercial, considerando valor de fechamento
Fonte: ValorPro

O dólar caminha para fechar o mês em alta, com avanço acumulado de 4,3% até agora. No ano, acumula elevação de cerca de 1% em relação ao real, segundo o Valor Pro.

Temor pelo futuro da reforma da Previdência mexe com a bolsa e o dólar

Temor pelo futuro da reforma da Previdência mexe com a bolsa e o dólar

O dólar fechou em forte alta na quarta-feira (27), subindo 2,27%, a R$ 3,9548. Foi o maior patamar de fechamento desde 1º de outubro, quando encerrou a sessão cotado a R$ 4,0174.

A tensão política que já se prolongava desde a semana passada se deteriorou de vez no fim da quarta-feira, depois que o presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) voltaram a trocar farpas publicamente.

Em entrevista à "TV Bandeirantes" no fim da tarde, Bolsonaro disse que Maia estaria "abalado por motivos pessoais", em possível referência à prisão do ex-ministro Moreira Franco, padrasto de sua esposa, na semana passada.

Maia rebateu, afirmando que "abalados estão os brasileiros, que estão esperando desde 1º de janeiro que o governo comece a funcionar", acrescentando que o presidente está "brincando de presidir o Brasil".

"Estamos num cenário muito ruim de forma geral, o dólar chegando a R$ 4 indica que o mercado coloca em dúvida a possibilidade de uma reforma da Previdência dada essa crise política que foi instalada", afirmou à Reuters a estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte.

"O que vemos desde o meio da semana passada, e o que ficou escancarado nesses últimos dias, é que falta de fato ao governo a articulação política", ponderou a estrategista.

Na véspera, o mercado monitorou a participação do ministro da Economia, Paulo Guedes, em audiência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Guedes afirmou que a "bola" da reforma da Previdência "está com o Congresso".

Guedes disse que não tem apego ao cargo ao ser questionado se deixaria o posto caso a reforma da Previdência trouxesse uma economia menor do que a almejada.

A percepção geral ainda é de aprovação da Previdência, embora já seja aventada a possibilidade de que o texto só chegue ao fim da tramitação no ano que vem, destacou Fernanda à Reuters. "Acho que ainda assim a gente aprova a reforma, mas vai ser muito mais suada do que pensávamos que seria. Imaginava que teria volatilidade, mas de jeito algum da forma que está".

O cenário externo também influencia nas negociações locais, com o dólar avançando cerca de 0,4% ante uma cesta de moedas, diante da maior aversão ao risco.

Cada vez mais bancos centrais estão se unindo ao Federal Reserve em adotar posturas "dovish" (de afrouxamento da política monetária), o que reforça preocupações sobre a saúde da economia global em geral.

Atuação do BC

No início da tarde, o Banco Central realizou leilão de US$ 1 bilhão em operação de venda de moeda com compromisso de recompra, buscando colocar dinheiro novo no mercado e amenizar a pressão no dólar. A taxa de corte foi de R$ 4,000596.

O BC também fez leilão de 14,43 mil swaps cambiais tradicionais, correspondentes à venda futura de dólares, para rolagem do vencimento de abril, no total de US$ 12,321 bilhões.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse ao G1 que não existe nenhuma mudança de estratégia em relação ao câmbio, que é flutuante.

"Vamos sempre fazer as intervenções visando suprir liquidez, sempre entendendo qual é o instrumento mais demandado. Não há estratégia de trocar [leilão de] linha por 'swap'. A gente entendeu que o cupom cambial estava com comportamento disfuncional, e entendemos que o leilão de linha era apropriado. E que o 'timing' era apropriado para fazer isso", afiumou.

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