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Cesta básica sobe 8,12% em abril e chega a R$ 862,87 na capital paulista

Segundo pesquisa do Procon-SP em parceria com o Dieese, houve aumento de R$ 64,77 em relação a março, quando começou a quarentena em SP

São Paulo

A cesta básica do paulistano teve alta de 8,12% em abril e passou a custar R$ 862,87, segundo pesquisa mensal da Fundação Procon-SP em convênio com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

O aumento é de R$ 64,77 em relação a março, mês em que teve início a quarentena imposta pelo coronavírus em São Paulo e quando o preço médio da cesta básica estava em R$ 798,10.

Os preços maiores já são sentidos no bolso dos consumidores. O auxílio emergencial de R$ 600, pago pelo governo federal a informais e famílias carentes em virtude da Covid-19, por exemplo, não cobre todos os itens que compõem a cesta.

Dos 39 produtos pesquisados, 36 apresentaram alta e três diminuíram de preço. Por grupo, o que mais pressionou o bolso foram os itens de higiene pessoal, com aumento de 11,09%. Em segundo lugar vieram os produtos de limpeza, com alta de 9,68% e, por final, os itens de alimentação, que subiram 7,73%.

Entidade faz a doação de cestas básicas para os servidores que estão sem receber salário - Ricardo Borges/Folhapress

Segundo a pesquisa, entre os fatores que colaboraram para a alta de preços estão as mudanças provocadas pela quarentena, a variação cambial, os problemas climáticos e os custos maiores dos produtos de época.

Em abril, os itens que mais subiram foram cebola (kg), com alta de 31,28%, papel higiênico (+27,74%), feijão-carioca (kg), com aumento de 19,30%, batata (kg), que teve elevação de 17,56%, e sabão em barra (unidade), com aumento de 17,27%. Já os três itens que sofreram queda nos valores foram frango resfriado inteiro (kg), com redução de 3,24%, açúcar refinado (5 kg), que caiu 1,04%, e creme dental (tubo 90 g), com queda de 0,75%.

Chama a atenção ainda o aumento de alguns itens básicos como carne de primeira (kg), que custava R$ 28,28 em março e passou para R$ 32,49 em abril, leite UHT (litro), que era vendido por R$ 2,95 e passou para R$ 3,40, e arroz (5 kg), que aumentou de R$ 13,37 para R$ 14,40.

Por grupo, os itens de alimentação subiram de R$ 687,97 para R$ 741,14, os de limpeza, tiveram alta de R$ 43,68 para R$ 47,91, e os de higiene pessoal aumentaram de R$ 66,45 para R$ 73,82. A variação no ano é de 10,04%, com base nos valores de dezembro de 2019.

Coronavírus mudou hábitos de consumo

André Braz, coordenador do IPC (Índice de Preços ao Consumidor), do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia)/FGV (Fundação Getulio Vargas), lembra que, no mês da pesquisa, houve alterações no câmbio, com forte alta do dólar e desvalorização do real. Além disso, o início da quarentena na cidade e mudanças bruscas em um curto espaço de tempo acabaram afetando os preços dos itens da cesta básica.

"O coronavírus provocou mudança nos hábitos alimentares das pessoas. As compras de mercado passaram a ser reforçadas e feitas em grande quantidade, já que todas as refeições estão sendo feitas em casa por conta da quarentena", afirma ele.

"Nos primeiros dias de abril, houve ainda a criação de um estoque pelas pessoas, que tiveram medo de um desabastecimento diante da pandemia. Essas demandas geraram a alteração dos preços, que aumentam conforme a procura", diz o especialista.

Braz explica que a desvalorização do real e a alta do dólar refletem em itens como milho, soja e trigo, vendidos e comprados em dólar. "Produtos derivados desses itens (pão, macarrão, farinhas etc) sofreram aumento significativo. Além disso, são itens que influenciam a produção das proteínas, pois também são alimento dos animais, elevando assim os valores das carnes, por exemplo."

O economista acredita que o aumento prosseguirá enquanto houver incerteza diante da pandemia e do câmbio brasileiro, desvalorizado por conta do coronaviríus e da política nacional.

"A expectativa, no entanto, é que não seja um aumento tão brusco quanto o sentido no último mês. Certamente não haverá queda. Isso é importante, pois não é somente um alimento que está mais caro, são quase todos. Não tem como trocarmos um produto, como quando acontecia antes da pandemia. Famílias com rendas baixas ou que tiveram rendas afetadas por conta da quarentena sentirão muito no bolso e na mesa. Estamos falando do aumento de itens essências, alimentação básica mesmo", ressalta.

Variação mensal do custo médio da cesta básica | Março/abril 2020

Produtos Preços médios em março (em R$) Preços médios em abril (em R$) Variação (em %)
Arroz (5 kg) 13,37 14,44 8
Feijão-carioca (kg) 5,75 6,86 19,3
Café em pó (500 g) 6,92 7,35 6,21
Farinha de trigo (kg) 3,08 3,36 9,09
Batata (kg) 4,5 5,29 17,56
Cebola (kg) 3,9 5,12 31,28
Ovos brancos (dúzia) 7,28 7,99 9,75
Óleo de soja (900 ml) 3,87 3,95 2,07
Leite UHT (litro) 2,95 3,4 15,25
Pão francês (Kg) 12,18 12,35 1,4
Macarrão com ovos (500g) 2,28 2,52 10,53
Carne de primeira (kg) 28,28 32,49 14,89
Carne de segunda sem osso (kg) 23,46 24,64 5,03
Queijo mozarela fatiado (kg) 29,36 29,81 1,53
Açúcar refinado (5 kg) 12,48 12,35 -1,04
Farinha de mandioca torrada (500 g) 4,09 4,24 3,67
Alho (kg) 32,04 34,81 8,65
Margarina (250 g) 2,13 2,25 5,63
Extrato de tomate (340/350 g) 3 3,29 9,67
Pão de forma (500 g) 4,51 4,79 6,21
Leite em pó integral (400 g) 9,62 10,49 9,04
Biscoito maisena (pacote 200 g) 2,15 2,3 6,98
Biscoito recheado (pacote 130/150 g) 1,5 1,66 10,67
Biscoito água e sal (pacote 200 g) 2,05 2,22 8,29
Frango resfriado inteiro (kg) 7,71 7,46 -3,24
Salsicha avulsa (kg) 10,4 10,92 5
Linguiça fresca (kg) 15,03 15,42 2,59
Presunto fatiado (Kg) 23,82 24,81 4,16
Sabão em pó (kg) 6,21 7,24 16,59
Sabão em barra (unidade) 1,39 1,63 17,27
Água sanitária (litro) 2,56 2,6 1,56
Amaciante (2 l) 5,07 5,18 2,17
Detergente líquido (500 ml) 1,52 1,57 3,29
Limpador multiuso (500 ml) 2,96 3,13 5,74
Papel higiênico fino branco (com 4 unidades) 3,93 5,02 27,74
Creme dental (tubo 90 g) 2,68 2,66 -0,75
Sabonete (unidade 90 g) 1,36 1,39 2,21
Desodorante spray (90/100 ml) 5 5,63 12,6
Absorvente aderente (com 10 unidades) 4,04 4,41 9,16


Fontes: Fundação Procon-SP e Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos)

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