Com venda de ações, lucro do BNDES cresce 10% em 2018

Resultado, porém, sofreu impacto negativo de inadimplência de Venezuela e Cuba

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Rio de Janeiro

O BNDES registrou lucro de R$ 6,7 bilhões em 2018, crescimento de 10% com relação ao verificado no ano anterior. O desempenho do banco, porém, foi prejudicado pelo calote em financiamentos concedidos a Venezuela e Cuba.

Desde 2016, com a melhora do mercado de ações, o BNDES tem vendido fatias de empresas em que tem participação. Em 2018, apenas com papéis da Petrobras e da Vale, o banco lucrou R$ 4,8 bilhões. 

O lucro total com venda de empresas passou de R$ 3,6 bilhões para R$ 6,1 bilhões. Assim, o lucro do BNDESPar, braço de participações do banco estatal, foi de R$ 7,2 bilhões, alta de 90%.

O presidente do BNDES, Joaquim Levy, disse em entrevista que o banco continuará reduzindo sua participação em empresas, também com o objetivo de reduzir os efeitos das volatilidades do mercado em seu balanço.

Sede do BNDES no Rio de Janeiro
Sede do BNDES no Rio de Janeiro - Lucas Tavares/Folhapress

A estratégia no mercado de ações está sendo alterada, para privilegiar empresas nascentes e instrumentos financeiros para financiar investimentos em infraestrutura. “Queremos encontrar aplicações e ativos que diminuam a volatilidade e tenham mais valor adicionado. Carregar Petrobras não traz valor adicionado”, afirmou.

Levy defendeu a atuação do BNDESPar, citando a operação de venda da Eletropaulo para a italiana Enel em junho. “Pegamos uma empresa que estava em crise, que tinha certas dificuldades, fomos melhorando a governança, preparamos para passar para o nível mais alto da bolsa e, no final, em parte pelo mercado, em parte pela melhora da empresa, apareceu um investidor.”.

O BNDES era o segundo maior acionista da distribuidora e lucrou R$ 1,1 bilhão com a venda das ações para a Enel.

O volume de empréstimos do banco permaneceu em queda, refletindo o desempenho da economia e a redução de subsídios na concessão de financiamentos. O BNDES fechou 2018 com uma carteira de R$ 520 bilhões em empréstimos, 7% a menos do que no ano anterior.

Assim, o lucro com a intermediação financeira caiu de R$ 8,3 bilhões para R$ 6,4 bilhões. Com o bom resultado na venda de ações, o banco pagou 62% mais impostos do que em 2017, chegando a um montante de R$ 5,2 bilhões. 

As provisões contra calotes somaram R$ 5,9 bilhões com a inclusão na lista de contratos assinados com empreiteiras para obras na Venezuela e em Cuba, no valor de R$ 2,2 bilhões para cada país. Como os países estão atrasando os pagamentos, os contratos entraram na lista de devedores duvidosos do banco estatal.

Levy frisou, porém, que são contratos garantidos pelo Fundo de Garantia à Exportação, vinculado ao Ministério da Fazenda, que cobrirá eventuais dívidas nos contratos.

O presidente do BNDES disse que o banco está estudando a melhor forma de devolver ao Tesouro recursos emprestados nos governos petistas para subsidiar financiamentos. Ao fim de 2018, esses recursos somavam R$ 307 bilhões, R$ 109 bilhões a menos do que em 2017.

O governo pede R$ 126 bilhões em 2019 para ajudar a reduzir o déficit fiscal. “Acredito [que a devolução] será significativa, muito alinhada com as expectativas do governo”, disse ele, acrescentando que o banco está se organizando e reorientando atividades para devolver os recursos “de maneira bem organizada”.

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