Edag avança mais rápido em meio à disrupção da indústria automotiva

Cosimo de Carlo, CEO da Edag: disrupção é oportunidade de crescimento

Por PEDRO KUTNEY, AB
  • 28/10/2019 - 20:33
  • | Atualizado há 2 anos, 9 meses
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    Quase tudo que está transformando os veículos e seus fabricantes em velocidade nunca antes vista, como digitalização de processos e produtos, sistemas de assistência ao motorista e direção autônoma, eletrificação do powertrain, conectividade e manufatura 4.0, para citar algumas das principais tendências, forma um cenário ideal para a Edag crescer mais rápido em meio à disrupção da indústria automotiva. A evolução é tão grande e tão rápida que montadoras e seus fornecedores não conseguem fazer tudo ao mesmo tempo, precisam recorrer no todo ou em parte à inteligência externa: no caso, os serviços de engenharia fornecidos pela empresa alemã, que incluem projetos de sistemas, arquitetura eletroeletrônica, veículos inteiros e linhas de produção.

    “A disrupção pode ser vista como um desafio ou como uma oportunidade. Estamos no segundo caso, porque a demanda por tecnologia e inovação nunca foi tão grande, os consumidores pagam por isso, nossos clientes precisam atender e não conseguem fazer tudo no espaço de tempo cada vez mais rápido. Por isso nosso negócio está em crescimento, temos competência para gerenciar 360 graus de um projeto no momento que os clientes precisam de nós”, afirma Cosimo De Carlo, CEO global da Edag.



    Nascida como um escritório de engenharia automotiva na Alemanha em 1969, a Edag está completando 50 anos de atividades com 8,6 mil funcionários em 60 endereços pelo mundo para atender 20 fabricantes de veículos e 120 fornecedores diretos (tier 1) – incluindo o Brasil, onde a subsidiária completou 25 anos com cerca de 200 empregados e 10 clientes. Com capacidade para atender um projeto de ponta a ponta, do primeiro risco ao planejamento da produção, a demanda tem crescido ano a ano. Em 2018 o faturamento global foi recorde, chegou a € 792 milhões, 10% acima de 2017, e a tendência é de crescimento para atender aos pedidos cada vez mais urgentes da indústria automotiva.

    De Carlo esteve no Brasil para visitar clientes e participar do Congresso SAE, realizado entre os dias 15 e 17 deste mês em São Paulo. O executivo conta que está entre seus objetivos aumentar o faturamento da Edag fora da Alemanha, onde hoje estão concentrados 70% das receitas. Nesse sentido, ele antevê boas oportunidades de crescimento dos negócios no mercado brasileiro, onde os fabricantes de veículos preparam muitos lançamentos para os próximos anos e necessitam integrar diversas tecnologias aos modelos produzidos aqui. Ele explica que não basta apenas adaptar sistemas, pois ao mesmo tempo que os projetos são globais, existem demandas cada vez mais específicas para cada país.

    “O Brasil está entre os 10 maiores mercados de veículos do mundo, é parte importante dos nossos negócios, quase todos os clientes que atendemos no mundo estão aqui também. As novas tecnologias estão chegando, como conectividade e ADAS (sistemas avançados e assistência ao motorista), o País não poderá ficar isolado, vai precisar de muita engenharia para viabilizar todas as inovações”, pondera De Carlo, que está no comando da Edag há um ano e meio, vindo da concorrente francesa Altran.

    Entre as novas oportunidades que a disrupção da indústria oferece, o CEO da Edag cita as startups, que chegam com ideias novas de mobilidade e muita pressa de colocar soluções no mercado. “Já estamos atendendo algumas, são projetos que surgem com muita rapidez e precisam da experiência de empresas como a nossa para viabilizar processos e produtos. Também é uma oportunidade que temos de pensar ‘fora da caixa’, modificar conceitos e continuar nos renovando. Costumo dizer que não somos bons porque ficamos velhos, mas ficamos velhos porque somos bons no que fazemos”, diz.

    ANTECIPANDO O FUTURO




    O conceito CityBot da Edag apresentado no Salão de Frankfurt: visão de veículo autônomo e elétrico para transportar pessoas e realizar serviços nas cidades do futuro

    Além de atender as demandas dos clientes, a Edag também procura se antecipar a elas, para mostrar sua capacidade de desenvolvimento, sempre lançando conceitos de carros que costumam ser apresentados ao público em exibições internacionais de automóveis. O mais recente movimento dessa estratégia foi no Salão de Frankfurt, em setembro passado, quando a empresa apresentou o CityBot, um projeto próprio de veículo urbano de múltiplas funções, elétrico (com células de hidrogênio) e autônomo, com chassi sobre o qual é possível montar diversos tipos de carroceria, para transporte de passageiros, carga ou até mesmo coleta de lixo e limpeza de ruas.

    “O CityBot pode parecer um simples experimento, mas é mais do que um estudo, porque combinamos nele todas as nossas competências reais de engenharia veicular, eletroeletrônica e soluções de produção”, explica De Carlo. “O modelo oferece tudo que as cidades do futuro vão precisar, é um veículo limpo, seguro, acessível, amigável, silencioso e inteligente. Já fomos contatados por algumas cidades interessadas em implantar conceito parecido com o que estamos propondo”, acrescenta.

    Segundo estimativas da Edag, 100 CityBots em circulação seriam suficientes para atender as necessidades de mobilidade urbana e serviços de mil habitantes de uma cidade, em substituição a 527 automóveis que atendem o mesmo número e levam, em média, 1,5 pessoa por viagem e ficam parados sem uso em estacionamentos a maior parte de sua vida útil.


    Um chassi e múltiplas carrocerias: o CityBot serve para transporte de passageiros ou para serviços como varrição de ruas