Medir desempenho motiva funcionário e traz economia à empresa

Avaliação profissional ajuda companhia a premiar e treinar seus empregados

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Anna França
São Paulo

O investimento na equipe de recursos humanos tem ganhado espaço nas pequenas empresas, para as quais o desempenho dos funcionários é decisivo. 

Os empreendedores estão recorrendo a ferramentas que mensuram os resultados dos empregados, para depois treiná-los e recompensá-los.

Foi o que fez Claudia Vobeto, no início deste ano, quando abriu a Majô Beauty Club, uma rede de franquias de beleza. 

“Meu objetivo era estabelecer procedimentos para que uma pessoa fosse atendida da mesma forma em qualquer unidade. É um desafio no setor de beleza, no qual a rotatividade é grande e há profissionais contratados e terceirizados”, diz ela, que conta com 30 unidades no Brasil.

Claudia Vobeto em unidade de sua franquia de beleza Majô Beauty Club em São Paulo 
Claudia Vobeto em unidade de sua franquia de beleza Majô Beauty Club em São Paulo  - Lucas Seixas/Folhapress

A empresária estabeleceu algumas métricas a serem acompanhadas e registra os resultados numa planilha: o tempo de atendimento de cada profissional, quanto tempo o cliente esperou e quem tem mais produtividade. 

“Acompanhamos dados em tempo real e sabemos se as metas estão sendo atingidas ou não, semanal e mensalmente”, diz Claudia.

Faltas injustificadas aos sábados, dia crucial para o negócio, são um indicador ruim, exemplifica. Além do impacto financeiro, pode prejudicar a percepção do cliente.

Os funcionários menos eficientes recebem treinamento, e os que têm melhor desempenho são recompensados. Segundo Claudia, essa valorização ajudou a diminuir o número de demissões. 

“Montamos um modelo ideal, que é replicado pelas franquias, e o resultado pode ser medido pela redução do ‘turnover’ nas unidades”, afirma. 

Fabio Sant’Anna, diretor de gente e gestão da empresa Dotz, que troca pontos por produtos e serviços, diz que os profissionais se sentem mais respeitados quando são avaliados e têm seu desempenho reconhecido.

Ao analisar a performance de cada funcionário para determinar um bônus no final do ano, a empresa deu um incentivo para que todos trabalhassem melhor, diz ele.

Para chegar a esse resultado, a Dotz adotou uma ferramenta de mensuração chamada OKR, cujo objetivo é detectar o quanto a performance de cada um afeta o negócio. 

“Isso abriu espaço não só para o crescimento da companhia como dos próprios profissionais”, diz. Como atua com programa de pontos, a Dotz também dá créditos aos funcionários com bom desempenho para eles trocarem por serviços.

Para Jae Ho Lee, diretor-executivo do Grupo Ornatus, que tem franquias de restaurantes, donos de empresas pequenas encaram um desafio em comum: entregar ao cliente um produto ou serviço de qualidade feito por outras pessoas —os funcionários.

“Você só consegue isso tendo muita comunicação com seu colaborador, que tem de saber o que precisa entregar. Ele não trabalha para a empresa, mas com a empresa”, diz.

No seu negócio, Lee utiliza ferramentas como avaliação 360 graus, que inclui a opinião de colegas e clientes, e do tipo Nine Box —uma planilha na qual o gestor avalia o potencial do funcionário e seu desempenho atual para chegar a uma nota que indica se ele pode crescer na empresa.

Especializada em programas de gestão de pessoas, a mineira Solides aposta no “people analytics”, uma análise de dados que inclui inteligência artificial aplicada à gestão. 

Segundo Alessandro Garcia Vieira, cofundador da empresa, que cresce 10% ao mês desde 2015, a plataforma pode ser usada por companhias de vários tamanhos. “A maior parte dos nossos clientes são pequenos e médios da área de serviços, porque nesse segmento as pessoas têm forte impacto nos resultados”, afirma.

Em sua opinião, a gestão de pessoas fica mais precisa quando os líderes se atêm a dados e métricas. “Os gestores passam a ter em mente que não dá para continuar agindo subjetivamente. Um RH atento às informações pode ajudar a melhorar o resultado como um todo”, diz Vieira.

Ele afirma que as economias obtidas são fáceis de ser mensuradas. “Tivemos casos de empresas que reduziram em até R$ 300 mil ao ano os gastos com rotatividade ao reter talentos. Outras elevaram em até 65% a lucratividade com o maior empenho dos colaboradores. Companhias que mensuram dados dos funcionários já valem até 30% mais nas bolsas”, diz. 

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