Descrição de chapéu Financial Times Apple

Apple procurou Nissan para parceria em projeto de carro autônomo

Contato foi rápido e conversas não avançaram; empresa também já sondou a Hyundai para tocar projeto

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Kana Inagaki Peter Campbell Patrick McGee
Tóquio, Londres e San Francisco | Financial Times

A Apple procurou a japonesa Nissan nos últimos meses para discutir uma parceria em seu sigiloso projeto de carro autônomo, mas as conversas não estão mais ativas, segundo fontes inteiradas do assunto.

O contato foi rápido e as discussões não chegaram ao nível de diretoria sênior, devido a diferenças sobre a marca dos veículos elétricos da fabricante do iPhone, acrescentaram as fontes.

A Apple também suspendeu recentemente negociações com a Hyundai, da Coreia do Sul, e sua afiliada Kia, salientando os desafios de encontrar um parceiro automotivo para sua iniciativa de carros, conhecida como Projeto Titan.

Logo da Apple em escritório em Nova York - Mike Segar/Reuters

A Apple está explorando sua entrada na indústria há alguns anos, com montadoras como a BMW previamente sondadas como sócias potenciais.

Mas empresa mudou de liderança e de estratégia várias vezes em sua equipe do Projeto Titan, enquanto considerava a melhor maneira de entrar no mercado de carros de passageiros, altamente competitivo e de capital intensivo.

As conversas da companhia do Vale do Silício com a Hyundai provocaram um intenso jogo de adivinhação sobre quais outros fabricantes poderiam se associar à Apple, com o mercado enfocado nas oito marcas japonesas.

As ações da Nissan subiram brevemente 5,6% na quarta-feira (10), depois que seu executivo-chefe, Makoto Uchida, indicou sua abertura a trabalhar com grupos tecnológicos durante uma apresentação de rendimentos, quando lhe perguntaram se a companhia foi procurada pela Apple.

Mas uma pessoa bem informada sobre as discussões disse que estas oscilaram depois que a empresa americana pediu que a Nissan produzisse carros com a marca Apple, exigência que efetivamente reduziria a fabricante de automóveis a um fornecedor de hardware.

Muitas montadoras manifestaram o temor de se tornarem "a Foxconn da indústria automobilística", referindo-se ao grupo industrial de Taiwan que monta iPhones.

A Apple não quis fazer comentários.

Ashwani Gupta, principal diretor de operações da Nissan, disse que o grupo japonês "não está" em negociações com a Apple, cujo interesse por entrar na indústria automobilística remonta a 2014.

"Nós temos nossa própria satisfação do consumidor, que vem de carro [sic]. De modo nenhum vamos mudar nosso modo de fazer carros", disse Gupta em entrevista ao Financial Times. "O modo como projetamos, desenvolvemos e fabricamos será como fabricante automotivo, como Nissan."

Gupta disse que a companhia está aberta a explorar parcerias com grupos tecnológicos para [nos] adaptarmos à mudança para veículos conectados e condução autônoma, indicando colaborações com Google e outras empresas startups.

Mas ele acrescentou: "Temos de verificar quem tem a melhor competência para captar o que o consumidor está pensando. Para tanto, podemos fazer a parceria, mas isso é adaptar os serviços deles ao nosso produto, e não o contrário."

Analistas disseram que a Nissan, que tem uma aliança com a francesa Renault e a Mitsubishi Motors, poderia ser um bom parceiro para a Apple.

A companhia japonesa foi pioneira em veículos elétricos com o lançamento do Leaf em 2010. A Nissan também tem capacidade em suas fábricas nos EUA depois que o grupo deficitário mudou seu foco de volume para rentabilidade.

Alguns analistas acreditam que a Apple poderá perturbar a indústria automotiva, embora não esteja claro que tipo de tecnologia poderia oferecer além da força de sua marca.

A Apple vem testando tecnologias de condução de carros sem motorista na Califórnia há anos. A companhia revelou na semana passada que seus motoristas de reserva tiveram de intervir a cada 230 quilômetros de testes. Em comparação, o Waymo, carro autônomo da Alphabet, e o Cruise da GM conseguiram trafegar em média quase 50 mil quilômetros cada um antes de precisar de uma "desconexão".

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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