Empréstimo de € 6,3 bi à FCA antes da fusão com a PSA levanta críticas na Itália

Isso porque empresa planeja pagar dividendos de € 5,5 bi a acionistas para concluir o negócio

Por REDAÇÃO AB, COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
  • 19/05/2020 - 21:00
  • | Atualizado há 2 anos, 9 meses
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    Vem aumentando o volume das críticas na Itália à negociação da FCA (Fiat Chrysler Automobiles) para levantar linha de crédito de € 6,3 bilhões por três anos, com 80% do valor garantidos pelo governo italiano. Isso porque, ao mesmo tempo em que afirma precisar dos recursos para cobrir o rombo no caixa e passar pela falta de liquidez provocada pela pandemia de coronavírus, a empresa planeja pagar dividendos de € 5,5 bilhões aos acionistas – a maior parte para a família Agnelli –, como parte da negociação de fusão com o Grupo PSA iniciada no fim de 2019, que na semana passada foi confirmada para ser concluída até o fim do primeiro trimestre de 2021.

    A FCA garante que os recursos do empréstimo serão usados para sustentar os negócios da companhia na Itália, onde emprega 55 mil pessoas em diversas fábricas e centros de desenvolvimento. A linha de crédito de € 6,3 bilhões é parte dos € 400 bilhões que o governo italiano está colocando à disposição das empresas do país que foi duramente afetado pela Covid-19.

    Segundo a agência Reuters, fontes dizem que do governo poderá retirar a garantia estatal ao empréstimo para a FCA caso a companhia não reveja o plano de pagar dividendos tão elevados diante da crise de liquidez que as companhias estão passando. Na semana passada, FCA e PSA concordaram em cancelar um pagamento de € 1,2 bilhão que cada uma faria como parte de seu acordo de fusão. Contudo, o desembolso de € 5,5 bilhões previsto para 2021 também faz parte dos planos da FCA para concluir a fusão.

    De acordo com o plano de ajuda do governo italiano, as companhias que acessarem as linhas de crédito especiais com garantia estatal ficam proibidas de pagar dividendos aos acionistas até o fim de 2020. No entanto, a FCA não ficaria legalmente impedida de fazer o desembolso planejado em 2021 – além do que o pagamento não seria feito na Itália, mas pela sede global da empresa estabelecida na Holanda.

    O ministro italiano da Economia, Roberto Gualtieri, declarou que apoia a fusão com a PSA, mas disse que para ter acesso a empréstimos garantidos pelo governo a FCA deve garantir mais investimentos na Itália e evitar transferir polos de produção para fora do país.