Edson Campagnolo: "Por que tem de levar seis meses para votar a Previdência?”
Edson Campagnolo: "Por que tem de levar seis meses para votar a Previdência?” | Foto: Gustavo Carneiro

Por não agilizar as reformas das quais o Brasil precisa, o Congresso Nacional é o culpado pela atual situação do País, que pode crescer menos de 1% neste ano. É o que acredita o presidente da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), Edson Campagnolo, que esteve em Londrina nesta segunda-feira (20) para participar de atividades em comemoração ao Dia Nacional da Indústria (25 de maio), realizadas no Aterro do Lago Igapó.

“Se as propostas que o governo manda para o Legislativo não são as ideais, nós deveríamos estar discutindo isso de forma aberta. Não simplesmente com ameaças de apresentar novo projeto (da reforma da Previdência). O país está parando”, declarou ele à FOLHA, em referência a parlamentares que defendem um projeto do próprio Legislativo.

Segundo o boletim Focus desta segunda-feira, a expectativa de alta para o PIB (Produto Interno Bruto) de 2019 recuou pela 12ª semana consecutiva e passou de 1,45% para 1,24%.

Para Campagnolo, o Congresso está promovendo uma “queda de braço” com o governo. Com exceção de um ou outro comportamento dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, o representante da Fiep não tem críticas ao governo. “Não vejo falta de habilidade como estão dizendo.”

Segundo ele, o Congresso “cria ritos que prolongam” por tempo desnecessário as discussões. “Por que tem de levar seis meses para votar a Previdência?”, questionou. Na visão do empresário, também não há motivos para os parlamentares fazerem recesso no meio do ano. “A indústria não para, a imprensa não para. Por que eles têm de parar?”

Questionado sobre os investimentos privados que os empresários prometiam fazer com a eleição de Bolsonaro, o presidente da Fiep justifica que há falta de confiança do setor produtivo. E responsabiliza novamente o Congresso. “É preciso aprovar as reformas para mostrar aos investidores daqui e de fora que o Brasil pode ser um bom lugar para investimentos.”

A aprovação da “nova previdência”, segundo ele, é suficiente para animar os investidores. “Não tenho nenhuma dúvida que aprovando a reforma as coisas voltam a andar.”

Campagnolo diz que há “bilhões de reais”, inclusive no Norte do Paraná, para serem investidos na produção.

CORTES

A única crítica que o presidente da Fiep faz ao governo Bolsonaro é quanto à proposta de corte de verbas do Sistema S, que envolve instituições como a Fiep. “Aí a gente vê uma inabilidade, uma insensibilidade deste governo”, declarou. O ministro da Economia, Paulo Guedes, já falou em um corte entre 30% e 50% dos recursos do sistema. Segundo Campagnolo, o tema tem sido discutido com o governo e não há nada decidido a respeito. “Temos dialogado bastante.”

PROGRAMAÇÃO

As comemorações pelo Dia da Indústria no Aterro do Lago Igapó vão até sexta-feira (24), das 14 às 22h30. Estão no local quatro carretas da Fiep que oferecem cursos, como os de panificação e mecânica, e exames como mamografia e PSA (para detectar câncer de próstata).

Ao final do dia, são realizados shows e contação de história- atividades são gratuitas.