Coronavírus derruba as expectativas da indústria automotiva

Termômetro do Setor indica tombo nas projeções dos 522 profissionais do setor automotivo que responderam ao estudo

Por GIOVANNA RIATO, AB
  • 13/05/2020 - 19:36
  • | Atualizado há 2 anos, 9 meses
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    As expectativas da indústria sofreram tombo entre março e abril com a chegada da pandemia de Covid-19. A ruptura foi captada pelo Termômetro do Setor Automotivo, pesquisa mensal desenhada por Automotive Business em parceria com a Roland Berger para sentir o fôlego das empresas do segmento para atravessar o atual momento.



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    Na primeira medição, feita no início de março, a maior parte dos respondentes (43%), projetavam estagnação das exportações do segmento para 2020, com variação de 0% a -2% em relação aos volumes do ano passado.

    No segundo levantamento, realizado em abril com 522 profissionais, a expectativa encolheu para uma forte retração de mais de 5%. O mesmo aconteceu com as projeções de mercado. Entre março e abril a perspectiva de vendas domésticas para o segundo trimestre diminuiu 21%.

    Em relação ao futuro, cresceu o porcentual de profissionais do setor que esperam que o mercado brasileiro demore mais para voltar ao patamar recorde de 3,6 milhões de unidades, registrado em 2012. Para 67% dos respondentes, este volume só poderá ser alcançado novamente após 2024.

    CAPACIDADE PRODUTIVA REDUZIDA


    A pesquisa também apurou que 70,6% dos respondentes apontam que as empresas programam redução de pelo menos 25% na capacidade produtiva para os próximos três meses, acompanhando a drástica queda da demanda. Parcela minoritária trabalha com cenário de corte dramático de 75% do potencial produtivo.

    Para os entrevistados, os negócios mais afetados pela pandemia são os fornecedores e, em seguida, as concessionárias. Em terceiro lugar aparecem as fabricantes de veículos. Empreendimentos mais ligados ao aftermarket, como lojas de peças e oficinas mecânicas são indicados como menos expostos à crise.

    CRISE REEMBARALHA CARTAS


    Diante de um cenário tão crítico, Marcus Ayres, sócio da Roland Berger, diz que não existe “solução de prateleira” para atravessar a crise. Segundo ele, é importante que cada empresa avalie a própria posição no setor para entender quais medidas tomar.

    “Algumas companhias vão precisar focar 100% na gestão do estresse financeiro, mas há aquelas que podem até florescer após esta crise, encontrar novas oportunidades, crescer no aftermarket, por exemplo”, diz.

    Ayres avalia que a pandemia é devastadora para muitos negócios, mas pode representar também uma “reembaralhada das cartas”, permitindo que alguns empreendimentos ganhem protagonismo no novo normal pós-pandemia.