Ghosn acusa diretores da Nissan de traição e complô contra ele

Executivo volta a dizer que é inocente em vídeo divulgado após sua segunda prisão no Japão

Por REDAÇÃO AB
  • 09/04/2019 - 19:33
  • | Atualizado há 2 anos, 9 meses
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    Em vídeo (veja mais abaixo) divulgado na terça-feira, 9, Carlos Ghosn alega ser inocente e acusa diretores da Nissan de traição e complô para que ele fosse detido pelas autoridades japonesas. Descendente de libaneses nascido no Brasil e cidadão francês, o executivo foi CEO da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi até ser preso no Japão em 19 de novembro passado, sob a acusação inicial de sonegação de rendimentos e desvio de dinheiro da empresa para benefício pessoal.

    Ghosn ficou na prisão por 108 dias, até 6 de março, quando pagou fiança de quase US$ 9 milhões para responder ao processo em liberdade vigiada, em seu apartamento em Tóquio, onde ficou menos de um mês até ser novamente preso na semana passada, sob o peso de uma quarta denúncia feita pela promotoria japonesa. Desta vez ele é acusado de ter desviado US$ 15 milhões da companhia, dos quais usou US$ 5 milhões para comprar um iate e pagar empréstimos pessoais.

    A nova prisão – considerada um caso raro no Japão após liberação sob fiança – aconteceu dias depois de Ghosn usar o Twitter para dizer que estava “se preparando para dizer a verdade sobre o que está acontecendo” em uma entrevista coletiva marcada para o dia 11, quinta-feira próxima. Ao que parece o executivo esperava que podia ser detido novamente, pois deixou o vídeo gravado para ser veiculado caso ele não pudesse comparecer: “Se vocês estão me ouvindo por meio deste vídeo hoje, significa que eu não consegui fazer a conferência de imprensa que planejei para 11 de abril”, diz ele logo no início da gravação.



    “Sou inocente de todas as acusações que fazem contra mim... Não é uma história de ganância, de ditadura de um homem. É uma história de complô, de conspiração, traição”, declarou Carlos Ghosn no vídeo.



    Ghosn destacou também que sua prisão “não muda em nada o amor que sinto pela Nissan e pelo Japão, ninguém passa 20 anos em um país e na liderança de uma empresa sem ter esse comprometimento”. Para ele, alguns dos membros da diretoria da empresa japonesa que comandou por duas décadas armaram um “complô” para provocar sua prisão, porque “havia medo de que na próxima etapa da Aliança a autonomia da Nissan seria ameaçada, mas sempre fui um ferrenho defensor dessa autonomia”, pontuou.

    No entanto, no vídeo o ex-CEO não acusa ninguém nominalmente. Os advogados de Ghosn admitiram que essa parte foi cortada da gravação divulgada, para evitar possíveis novos processos. O executivo já tinha sido formalmente afastado da presidência dos conselhos de administração que tinha nas três empresas da Aliança. Nesta semana, reunião de acionistas da Nissan aprovou a retirada de Ghosn do conselho consultivo e assim derrubou o último vínculo formal que restava dele com a companhia. Ele ainda permanece empregado no conselho da Renault.

    O principal advogado de Ghosn, Junichiro Hironaka, anunciou que apresentará nesta quarta-feira, 10, um recurso à Suprema Corte para solicitar a libertação de seu cliente.