Por Laís Lis, G1 — Brasília


A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima uma alta de 4% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2021. O PIB é a soma de todas as riquezas produzidas pelo país. A previsão da CNI para o PIB da indústria no próximo ano é de um crescimento de 4,4%.

As projeções da organização indicam que a economia brasileira terminará 2020 com uma retração de 4,3%, e o PIB da indústria, com uma redução e 3,5%.

A previsões foram divulgadas nesta quarta-feira (16). No documento, a CNI destaca que parte significativa do crescimento do PIB em 2021 é explicada pela base de comparação, o chamado carregamento estatístico.

“Há espaço para crescer mais”, afirmou o gerente de análise econômica da CNI, Marcelo Azevedo.

Segundo a organização, como a recuperação de 2020 foi rápida, o ano terminará com um volume de produção acima da média de 2020. “Desse modo, mesmo se a economia parar de crescer a partir de janeiro de 2021, na comparação com 2020, o PIB do ano seria cerca de 3% maior”, avaliou a CNI.

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Projeções da CNI para 2021

  • PIB: alta de 4%
  • PIB industrial: alta de 4,4%
  • Taxa de desemprego: 14,6% da população economicamente ativa
  • Inflação: 3,55%
  • Câmbio: R$ 4,85 (média do ano) e R$ 4,40 (dezembro)
  • Saldo da balança comercial: superávit de US$ 49,4 bilhões.

Vacinação

O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, afirmou que a indústria está estudando uma negociação com o Ministério da Saúde para adquirir vacinas contra a Covid-19 e imunizar, por conta própria, os trabalhadores do setor.

"Esperamos que possamos negociar com o Ministério da Saúde condições e a possibilidade de vacinarmos os trabalhadores mais jovens da indústria” disse.

Andrade afirmou que a indústria não tem uma posição sobre a obrigatoriedade da vacina contra a Covid-19, mas defende a vacinação em massa para que seja possível voltar à normalidade.

“Defendemos uma vacinação em massa para que possa voltar ao trabalho, para que se possa voltar as atividades de lazer e que o ambiente seja mais seguro para todos [...] É importante para a indústria, para a sociedade, para a população e para os negócios”, afirmou.

Comércio exterior

Durante a coletiva nesta quarta, o presidente da CNI enfatizou a importância de o Brasil negociar acordos comerciais com outros países. Segundo Andrade, a pandemia mostrou que o Brasil não pode ficar dependente de apenas um país como fornecedor de matéria-prima, nem dependente de um país para exportar os produtos.

Sobre as eleições nos Estados Unidos e a confirmação da vitória de Joe Biden, Andrade afirmou que acredita que os acordos comerciais em negociação com os EUA não serão afetados.

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“Não acredito que haja alguma mudança no desenvolvimento dos acordos que temos mantido com os Estados Unidos”, disse.

O presidente Jair Bolsonaro foi um dos últimos chefes de Estado a cumprimentar Biden pela vitória. A mensagem do presidente brasileiro foi enviada apenas nesta terça-feira (15) com a confirmação da vitória pelo Colégio Eleitoral americano, um mês após o anúncio da vitória de Biden.

Robson Braga de Andrade destacou ainda que a CNI acredita no avanço do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Segundo ele, o Ministério das Relações Exteriores tem discutido outros acordos internacionais e citou as negociações com a Ásia e com os Estados Unidos.

O presidente da CNI, afirmou ainda que a vacinação em massa a partir do próximo ano dará um ímpeto para o avanço de acordos comerciais.

“Tenho uma perspectiva de que vamos avançar. Mas para que o Brasil esteja em condições de competir em todos os setores é preciso fazer o dever de casa do ajuste fiscal, da reforma administrativa, da reforma tributária, da manutenção do teto de gastos. Nossa agenda é complexa, mas é possível”, disse.

Desemprego

A CNI estima que a taxa de desemprego média no país em 2021 seja de 14,6%, maior que a estimada para 2020.

Segundo a confederação, a retomada da atividade econômica e o fim do auxílio emergencial de renda farão com que parte dos desalentados – pessoas que desistiram de procurar emprego em 2020 e saíram da estatística – volte a buscar trabalho formal, o que pressionará a taxa de desocupação em 2021.

O presidente da CNI afirmou que o país não tem condições de manter, em 2021, o pagamento de um auxílio emergencial de R$ 600 e defendeu que medidas que podem ser tomadas para incentivar a geração de emprego, o aumento de investimentos e a aprovação das reformas podem ser mais importantes para a população, mesmo a médio prazo, do que a manutenção do auxílio emergencial.

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