Queda na produção de veículos deve chegar a 16,5% em 2020, estima consultoria

Em Live #ABX20, Bright Consulting aponta que pandemia já reduziu vendas em 78 mil unidades

Por GIOVANNA RIATO, AB
  • 31/03/2020 - 19:26
  • | Atualizado há 2 anos, 9 meses
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    Texto atualizado na quarta-feira, 1º de abril

    Há 11 dias, Automotive Business publicou as primeiras projeções de vendas e produção de veículos leves divulgadas desde que a pandemia de coronavírus explodiu no Brasil, elaborada pela Bright Consulting. Na terça-feira, 31, em entrevista exclusiva durante Live #ABX20, Paulo Cardamone, chief strategy officer da consultoria, revisou para baixo as expectativas.



    - Acompanhe aqui a agenda de Lives #ABX20





    Segundo ele, a crise causada pela Covid-19 deve resultar em redução de 13,5% nas vendas, para 2,3 milhões de unidades, e de 16,5% na produção de veículos leves, para cera de 2,3 milhões de unidades em 2020.

    “O segundo trimestre do ano será perdido”, resumiu.

    O especialista avaliou o impacto da pandemia no setor automotivo durante a entrevista, que foi a primeira da série Lives #ABX20, programadas para as próximas semanas de quarentena. As conversas ao vivo acontecem com palestrantes que já tinham os nomes confirmados para o Automotive Business Experience, evento programado inicialmente para 27 de maio e que, por causa da pandemia, teve a data alterada para 13 de outubro.

    A expectativa divulgada pela Bright Consulting há 11 dias era mais contida e previa contração de 4% na produção e de 3% nas vendas. Segundo Cardamone, a perspectiva foi revisada para acompanhar a evolução da pandemia no Brasil. “Tomamos como base o que aconteceu nos outros países e a expectativa de que entre esta e a próxima semana estaremos enfrentando o momento de pico no contágio”, esclarece.

    Ele conta que a projeção leva em conta a expectativa de que a quarentena adotada pelas fabricantes de veículos, com interrupção da produção, dure até o fim de abril e, no máximo, começo de maio. Se este período se estender, as perdas serão maiores.

    “Com certeza vamos perder 30 dias de vendas e produção. Isso é irrecuperável”, avalia.

    Segundo ele, os emplacamentos de carros no Brasil caíram a zero nos últimos dias. “Talvez tenhamos até algumas vendas, mas como o Detran está fechado não há registro”, lembra. Para ele, a expectativa é de um tombo de 11 mil licenciamentos por dia da média diária de antes da crise, para 500 a 1 mil emplacamentos diários ao longo de abril.

    1º TRIMESTRE FECHA COM 78 MIL UNIDADES A MENOS


    Além da queda severa prevista para as próximas semanas, a pandemia de coronavírus já produz legado negativo importante no fechamento do 1º trimestre do ano. Cardamone calcula que 74 mil veículos deixaram de ser vendidos por causa da expansão do contágio da doença. “Iríamos fechar o período com resultado positivo, mas calculamos agora queda da ordem de 8,5% sobre o mesmo intervalo de 2019, para 532 mil unidades.”

    O consultor entende que, pela performance deste início do ano, o setor automotivo do País estava bem posicionado para seguir em trajetória de recuperação. Agora, o abalo já em curso deve durar pelo menos até a segunda semana de maio. Passado o período mais agudo, ele prevê que a aceleração das vendas não será tão rápida, já que o grau de incerteza elevado é pouco convidativo a investimento em bens duráveis.

    “Este ano será um grande desafio, mas se organizarmos as coisas há boas chances de voltarmos à curva de recuperação já em 2021 com crescimento de até 11% nas vendas”, projeta.

    Cardamone diz que, com quebra tão profunda nas expectativas, é esperada uma demanda da indústria automotiva pela revisão de alguns marcos regulatórios ligados à nova legislação de emissões para veículos leves (Proconve L6) e às metas de eficiência energética do Rota 2030. “Em 2022 as empresas precisam entregar uma redução importante do nível de consumo e emissões dos veículos, o que exigiria investimentos pesados justamente agora. Algo inviável”, diz.

    Assista à entrevista completa com Paulo Cardamone, chief strategy officer da Bright Consulting: