Pequenas empresas podem melhorar processos com tecnologia sem gastar muito

Fazer parcerias com instituições de ensino, procurar ferramentas gratuitas e buscar linhas de crédito são opções

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São Paulo

Investir em tecnologia parece difícil para os pequenos e médios empresários. Com recursos limitados, eles têm de tomar cuidado para não se endividar tentando otimizar processos.

Antes de fazer um investimento do tipo, o consultor do Sebrae-SP Leonardo Paiva recomenda que o empreendedor procure saber se o que ele quer comprar lhe será útil.

“Quando se fala em tecnologia, as pessoas costumam pensar sempre no produto que é o suprassumo do setor, mas muitas vezes a empresa não precisa disso”, afirma. Ele sugere começar com aplicações mais simples e acessíveis.

Carlos Vidal, gerente da Lustres Yamamura, em uma das quatro unidades da empresa em São Paulo 
Carlos Vidal, gerente da Lustres Yamamura, em uma das quatro unidades da empresa em São Paulo  - Jardiel Carvalho/Folhapress

Foi isso que a Nogueira Brinquedos fez. A empresa, que tem 60 empregados e fabrica equipamentos de entretenimento para áreas de lazer, estava quase falindo em 2016.

Sem dinheiro para grandes mudanças e precisando modernizar seus processos internos, a companhia investiu pontualmente: contratou um serviço de consultoria para ensinar os funcionários a lidar com programas e ferramentas de gestão já disponíveis no mercado.

“O consultor criou planilhas de controle e nos ensinou a usar. São programas simples, mas que ajudaram bastante nos nossos processos. Não precisamos de um software caro para vender mais”, diz o sócio David Gaspri Júnior, 39. 

“Podia ter o melhor programa, mas pensei: ‘O que há de barato e disponível?’.”

Ele conta ter gasto cerca de R$ 100 mil no processo, que levou mais de um ano.

Quando a empresa voltou a crescer —numa média de 30% ao ano desde 2016—, sobrou dinheiro para aplicar em outras tecnologias, essas embutidas em maquinário mais moderno para a fábrica.

A Lustres Yamamura, companhia de médio porte com quatro lojas em São Paulo e ecommerce, também investiu pontualmente para melhorar com tecnologia um de seus gargalos.

Toda vez que vendia algo  para outro estado brasileiro, era necessário destacar algum funcionário para lidar com a guia de recolhimento de impostos, já que cada unidade federativa tem suas alíquotas.

“Tinha funcionário que ficava o dia inteiro aqui só fazendo isso manualmente”, afirma Carlos Vidal, 57, gerente da empresa.

A Yamamura aplicou o dinheiro a conta-gotas: contratou uma empresa especializada nesse serviço, chamada Dootax, que, por meio de um software, lê os dados da venda, emite a guia, paga-a e envia as informações ao cliente. 

O dinheiro gasto anualmente pelo serviço, que solucionou o problema e liberou os funcionários para outras atividades, é menor que 0,5% do faturamento da companhia, conta Vidal.

Há ainda outras opções para atualizar processos tecnológicos gastando pouco. Se o empresário quer começar a vender online, por exemplo, uma alternativa é buscar os marketplaces —sites que, em troca de comissão por cada venda, permitem que empresas anunciem seus produtos.

Dessa forma, explica Cesar Caselani, professor de finanças da FGV, o empreendedor não precisa contratar alguém para desenvolver uma página de compras online só sua.

André Duarte, professor de operações no Insper, diz que uma outra opção é procurar linhas de crédito específicas para a área tecnológica, com taxas mais atraentes.

Esse tipo de financiamento, conta, existe no BNDES, na Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e no Desenvolve SP.

Além disso, pode-se firmar parcerias para que instituições de ensino desenvolvam uma tecnologia específica para o seu negócio. 

“Na parceria com escolas, a empresa não tem praticamente nenhum custo. O que tem de ser alinhado é o ‘timing’, porque às vezes o empreendedor precisa do produto logo e  as pesquisas para desenvolvê-lo levam tempo”, diz Duarte.

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