Por Daniel Silveira e Darlan Alvarenga, G1 — Rio de Janeiro e São Paulo


A produção da indústria caiu em 9 dos 15 locais pesquisados em março, na comparação com fevereiro, afetada principalmente pelos resultados do Pará e de São paulo, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada nesta quarta-feira (8).

No mesmo período, a produção industrial nacional caiu 1,3%, o pior resultado mensal desde setembro, conforme divulgou o IBGE na última sexta-feira (3).

As quedas mais intensas em março foram registradas nas indústrias do Pará (-11,3%) e na Bahia (-10,1%). Já a produção da indústria paulista recuou 1,3%, mesmo índice da média nacional. Na outra ponta, os estados do Espírito Santo (3,6%), Rio de Janeiro (2,9%) e Goiás (2,3%) tiveram as maiores altas.

No acumulado nos últimos 12 meses, 9 dos 15 locais pesquisados também acumulam queda, com Goiás (4,1%) e Espírito Santo (-2,3%) registrando os maiores recuos na produção.

"O resultado da indústria está sendo determinado pelo alto nível de desemprego e pelo ambiente político, que acarretam cautela na decisão de investimento por parte dos empresários e no consumo por parte das famílias”, disse o gerente da pesquisa, Bernardo Almeida.

Queda na produção industrial em março foi disseminada regionalmente, aponta IBGE

Queda na produção industrial em março foi disseminada regionalmente, aponta IBGE

Veja os estados que tiveram queda na produção industrial em março:

  • Pará: -11,3%
  • Bahia: -10,1%
  • Região Nordeste: -7,5%
  • Mato Grosso: -6,6%
  • Pernambuco: -6,0%
  • Minas Gerais: -2,2%
  • Ceará: -1,7%
  • São Paulo: -1,3%
  • Amazonas: -0,5%

Veja os locais que tiveram alta na produção industrial em março:

  • Espírito Santo: 3,6%
  • Rio de Janeiro: 2,9%
  • Goiás: 2,3%
  • Paraná: 1,5%
  • Santa Catarina: 1,2%
  • Rio Grande do Sul: 1%

Produção industrial brasileira cai 1,3% em março e chega a níveis de 2009

Produção industrial brasileira cai 1,3% em março e chega a níveis de 2009

Queda na produção de SP e PA pressiona indústria em março

O maior impacto na indústria nacional em março partiu do Pará, cuja produção registrou queda de 11,3%, a mais intensa desde fevereiro de 2018, quando o recuo foi 11,5%. Segundo Almeida, o intenso resultado negativo foi provocado pela paralisação de uma unidade da indústria extrativa do estado.

O pesquisador enfatizou que 86% da indústria paraense é extrativa. Assim, “oscilações ou paralisações na produção afetam consideravelmente o desempenho da indústria paraense como um todo”.

Já em São Paulo, segundo o IBGE, a indústria de veículos automotores mostrou queda devido às chuvas de março que alagaram os pátios das empresas localizados na região do ABC paulista, atrapalhando a produção, e por conta da ocorrência de greves. "Além disso, houve greve no setor e antecipação da produção de março para fevereiro”, explicou o pesquisador, ressaltando que a região de São Paulo representa 34% da indústria nacional.

Na comparação com março do ano passado, São Paulo registrou queda de 7,3%. Foi o pior resultado para um mês de março desde 2016, quando teve queda de 12,8%. Além disso, foi a queda mais intensa desde abril do ano passado, quando recuou 9,2%.

Segundo o IBGE, o patamar de produção da indústria paulista está 21,6% abaixo de seu ponto mais alto, alcançado em março de 2011. Na indústria nacional, essa distância é de 17,6% - o pico da produção brasileira ocorreu em maio de 2011.

No ponto oposto, a indústria fluminense registrou o maior impacto positivo no mês. Com alta de 2,9% na comparação com fevereiro, ela eliminou parte da perda acumulada de 3,2% nos dois meses anteriores. “Esse aumento da produção no Rio de Janeiro foi devido a uma influência positiva do setor extrativo e de derivados de petróleo”, disse o porta-voz do IBGE.

Tragédia em Brumadinho faz indústria de Minas ter o pior março em 4 anos, diz IBGE

Tragédia em Brumadinho faz indústria de Minas ter o pior março em 4 anos, diz IBGE

MG tem pior resultado em 4 anos

Pelo segundo mês consecutivo, a indústria mineira registrou queda de sua produção. Na comparação com fevereiro, o recuo foi de 2,2%. Já em relação a março do ano passado, a queda foi de 8,2%. “Foi o pior março desde 2015, quando houve queda de 8,8%”, destacou o analista do IBGE, Bernardo Almeida.

O baixo resultado em Minas tem relação direta com o rompimento da barragem de Brumadinho, ocorrida no dia 25 de janeiro. No primeiro trimestre, a produção industrial no estado acumulou queda de 2,5%. Nos últimos 12 meses, a queda acumulada foi de 1,3%

Devido ao rompimento da barragem, Minas teve várias unidades de sua planta paralisadas por questões ambientais e de segurança. Essas plantas abasteciam outros setores, não apenas o extrativo”, explicou o pesquisador.

A Vale informou que sua produção de minério de ferro caiu 11,9% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo a empresa, o resultado é justificado pela tragédia em Brumadinho, já que a produção teve de ser suspensa em diversas unidades.

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!