Relatora propõe transição para que empresas deixem de publicar balanços em jornais

Proposta, no entanto, pode esgotar o prazo de tramitação da MP, que perderia validade antes da análise pelo Congresso

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

Às vésperas do prazo para vencimento da medida provisória que desobriga empresas de publicar seus balanços financeiros em jornais, a senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) apresentou nesta terça-feira (5), na comissão mista que discute a MP, seu relatório com uma proposta de escalonamento para que as informações deixem de ser publicadas em veículos impressos de grande circulação.

A MP 892, apresentada em 6 de agosto, foi editada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) como uma resposta à cobertura jornalística de seu governo. Ela desobrigou empresas a publicarem seus balanços financeiros nos jornais impressos.

A MP foi suspensa por liminar do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, no dia 18 de outubro. O ministro do STF determinou suspensão até deliberação do Congresso ou até apreciação pelo plenário da corte.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), apresentou ofício à comissão dizendo que a Câmara só receberá a MP até a próxima terça-feira (12). A MP caduca no dia 3 de dezembro.

O texto de Thronicke foi apresentado nesta terça-feira, mas houve um pedido de vista, adiando a discussão para esta quarta (6). A votação ficou para o dia 12, mesma data que Maia estabeleceu como prazo para receber a proposta.

O texto aprovado na comissão tem que passar, obrigatoriamente, pelos plenários da Câmara e do Senado até 3 de dezembro, caso contrário, perde a validade.

Pela proposta apresentada, empresas com faturamento anual de até R$ 1 bilhão terão que fazer a publicação até 31 de dezembro de 2019.

Para as empresas com faturamento anual de até R$ 10 bilhões, o prazo é 31 de dezembro de 2021. Até R$ 20 bilhões, o prazo é 31 de dezembro de 2023. Até R$ 50 bilhões, 31 de dezembro de 2024. E até 50 bilhões, 31 de dezembro de 2025.

Depois desses prazos, as publicações serão feitas gratuitamente na internet seguindo atos do Ministério da Economia e da Comissão de Valores Mobiliários.

As instruções para o acesso às publicações terão que ser publicadas em jornal de grande circulação editado na localidade em que esteja situada a sede da companhia.

Ao apresentar seu relatório, Soraya Thronicke pondera que a adoção imediata do sistema eletrônico de publicações societárias, como prevê a MP, "causará incontornáveis e imediatos prejuízos à indústria da mídia impressa, sem que tais prejuízos pudessem ser equalizados ao longo do tempo, de maneira mais proporcional".

"As empresas prejudicadas acabarão por descumprir compromissos financeiros e em razão disso irão prejudicar consumidores, empregados, terceirizados e colaboradores. Poderão mesmo prejudicar o Fisco, deixando de recolher os tributos devidos. Tudo isso porque a MP não previu regra escalonada para a sua vigência, de modo a minimizar os prejuízos advindos da falta de receita futura", argumenta no parecer.

No texto, a senadora cria o regime especial da sociedade anônima simplificada para empresas de patrimônio líquido inferior a R$ 300 milhões, salvo previsão estatutária em contrário.

"A criação de um novo modelo de sociedade anônima, no caso, a sociedade anônima simplificada, observa, por sua vez, as tendências do mercado legislativo americano, sobretudo em razão de um maior número de start-ups desejarem a adoção do tipo societário da sociedade anônima, considerado mais atraente para investidores do que a sociedade limitada", afirma Thronicke.

O relatório da senadora dispensa ainda proclamas e publicações de editais para casamento.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.