ZF volta a contratar no Brasil e tenta superar gargalos

Fábrica em Sorocaba: recontratações para aumentar a produção de transmissões, eixos e componentes

Por PEDRO KUTNEY, AB
  • 21/10/2020 - 21:00
  • | Atualizado há 2 anos, 8 meses
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    A ZF começou o último trimestre de 2020 com um “bom problema a resolver”, segundo o presidente da empresa na América do Sul, Carlos Delich. Para dar conta de um inesperado e expressivo aumento dos pedidos de montadoras e mercado de reposição de autopeças, que mostram recuperação em velocidade acima do que era esperado, foi necessário reabrir as contratações para todas as fábricas no Brasil – principalmente nas plantas paulistas de Sorocaba, Limeira e São Bernardo do Campo. Este mês foi iniciado o processo para reintegrar 141 pessoas às linhas de produção, com preferência em recontratar parte dos demitidos em agosto, quando a ZF esperava por uma crise mais aprofundada e de lenta dissipação.


    A empresa não revela quantas demissões foram efetuadas há cerca de dois meses, mas somente na fábrica de Sorocaba o sindicato local dos metalúrgicos noticiou o corte de 100 empregados em 5 de agosto. Delich pondera que, apesar do número expressivo de cortes, “demitimos a metade do que todas as projeções nos indicavam até o começo de 2021”, destaca.

    Após os desastrosos resultados do segundo trimestre provocados pela pandemia, com paralisações das linhas de produção interrupção do faturamento, o executivo explica que em julho passado foi tomada a difícil decisão de reduzir o quadro de funcionários olhando para o que indicavam as previsões econômicas para o primeiro trimestre do próximo ano. Contudo, a recuperação veio antes, em ritmo muito superior ao esperado e a ZF precisou reabrir vagas.

    “Depois de utilizar todos os instrumentos de redução de jornada e afastamento temporário, retomamos a produção em todas as plantas, mas precisamos cortar porque não havia indicação de uma recuperação tão rápida. Mas aconteceu e este mês abrimos contratações”, conta Carlos Delich.



    INCERTEZAS E FALTA DE INSUMOS



    De forma geral, a pandemia desorganizou a cadeia de suprimentos do setor automotivo. Primeiro, fechou fábricas e os estoques explodiram. Logo na sequência, as linhas de produção voltaram a operar em velocidade reduzida, a retomada do consumo ocorreu em velocidade superior à projetada e os estoques acabaram, gerando falta generalizada de insumos à produção. Com isso, a falta mão de obra não é o único gargalo no momento.

    Delich confirma a falta de insumos: aço, plásticos “e até papelão para embalagens de peças [para o aftermarket], que estamos produzindo e não podemos faturar sem isso, recentemente precisamos importar papelão da Alemanha para poder atender os pedidos”, conta.

    Para o executivo, esses gargalos devem ser resolvidos nos meses adiante, mas existe a incerteza preocupante colocada à frente de elevar a produção rapidamente agora, sem no entanto saber se o crescimento atual vai persistir ou se existe apenas um pico de consumo que ficou represado durante os meses mais restritivos da pandemia, com a quarentena decretada em várias cidades do País que reduziu a circulação de pessoas e o comércio.